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Trabalho Final Janaina

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA A DISTÂNCIA CEDERJ
Monografia II 
Questões étnica-raciais na Educação Infantil e seus reflexos no processo de ensino aprendizagem da criança
Orientador: deixar em branco por enquanto! (Antes do fim do semestre ou início do próximo enviaremos uma lista de professores da UERJ para serem os respectivos orientadores)
Nome do Aluno: Janaina Ramos Euzébio
Matrícula: 14212080438 Pólo: Itaguaí
RESUMO
O tema escolhido é “Questões étnica-raciais na Educação Infantil e seus reflexos no processo de ensino aprendizagem da criança”. A finalidade deste trabalho é estimular uma reflexão para saber se intervenções pedagógicas podem diminuir o racismo na Educação Infantil e promover o pertencimento positivo na etnia da criança negra. Sendo princípio básico compreender a cultura e o saber como elementos da produção sócio-histórica da sociedade brasileira, assim tornando problemático os valores sociais e culturais, transformando os cidadãos conscientes e respeitosos e conquistando um mundo mais justo. Sabemos que a Educação Infantil é a primeira fase da educação da criança, e inserir a temática da educação étnico-racial desde cedo possibilitará às mesmas a absorver conteúdos e práticas que levem-nas a desenvolverem habilidades que as tornem capazes de se relacionarem com a diversidade sem preconceito. A pesquisa pode ser considerada de caráter analítica descritiva com uma abordagem qualitativa, apoiada na Pesquisa Bibliográfica e Documental. Também pode ser apontada como uma pesquisa de levantamento já que tem o objetivo de examinar o conhecimento e relatar o fato na sua existência. As ferramentas utilizadas para coleta de dados in lócus: questionário, entrevistas e observação baseada no registro visual. Com os resultados da pesquisa esperamos contribuir para mostrar à importância de se trabalhar as questões étnico-raciais ao combate ao preconceito desde os anos iniciais. O estudo foi feito tendo como base documentos como Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, e Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais, utilizando autores como Gomes (2003); Tozoni-Reis (2010) e Lima (2005).
Palavras-chave: Etnia Racial, Educação Infantil, Cultura, Práticas Pedagógicas.
INTRODUÇÃO
Durante o curso de Pedagogia, a identificação com algumas matérias despertaram o interesse em pesquisar um pouco mais sobre seus temas. Dentre as matérias, uma se destacou: Questões Étnicas e de Gênero, que propiciou um entendimento melhor sobre essas questões.
Trabalhar com Educação Infantil há dezoito anos colaborou para pesquisar mais sobre o tema, e daí surgiu um questionamento sobre o posicionamento que nós professores, temos adotado com nossas crianças, se temos ou não valorizado o pertencimento étnico-racial positivo, especificamente da criança negra.
Muitos profissionais da educação parecem ter receio quando o assunto é diversidade, chegando a omitir o seu papel, quando esbarram em circunstâncias relacionadas ao tema no cenário escolar. Para corroborar com isso, Munanga (2005) aponta que os educadores:
Na maioria dos casos, praticam a política de avestruz ou sentem pena dos “coitadinhos”, em vez de uma atitude responsável que consistiria, por um lado, em mostrar que a diversidade não constitui um fator de superioridade e inferioridade entre os grupos humanos, mas sim, ao contrário, um fator de complementaridade e de enriquecimento da humanidade em geral; e por outro lado, em ajudar o aluno discriminado para que ele possa assumir com orgulho e dignidade os atributos de sua diferença, sobretudo quando esta foi negativamente introjetada em detrimento de sua própria natureza humana. (MUNANGA, 2005, p.15)
Sendo assim, qual o papel das Instituições de Educação Infantil na vida das crianças?
Santos e Costa (2014) escreveram um artigo tendo como objetivo, repensar o papel da escola na formação da identidade, tomando como referencial a Educação Infantil nas relações étnico-raciais. Os autores destacaram a necessidade de formação de educadores preparados para lidar com a diversidade em sala de aula
Lima (2005) afirma que é na Educação Infantil que são formados os primeiros embriões de valores humanos, costumes e princípios éticos e, assim, qualquer indício de discriminação poderá ser discutida e combatida na raiz.
Com isso, surgem algumas problemáticas que o presente estudo pretende responder: por que há uma resistência tão grande dos educadores com relação à diversidade étnico-racial? Será a falta de conhecimento ou suporte teórico? Uma dificuldade em dar visibilidade a essas questões que historicamente foram esquecidas? Será o padrão eurocêntrico que prevalece ainda?
Objetivo Principal
Estimular uma reflexão para saber se intervenções pedagógicas podem diminuir o racismo na Educação Infantil e promover o pertencimento positivo na etnia da criança negra.
Objetivos Específicos
Discutir as relações étnico-raciais na Educação Infantil;
Apresentar sugestões que possam contribuir para a construção do pertencimento positivo da etnia da criança negra;
Sugerir aos professores novos caminhos em direção á construção do pertencimento positivo da etnia da criança negra pequena, envolvendo a construção de sua identidade e um novo olhar do professor.
Assim, ao longo desse trabalho de pesquisa, o foco da investigação estará diretamente ligado ao seguinte problema, “quais caminhos nós professores devemos seguir, para proporcionar à criança da Educação Infantil elementos para construção da identificação positiva, e que considere de forma não excludente os diferentes grupos que compõem a sociedade brasileira”? 
Para atender os objetivos do tema será usada uma metodologia de trabalho que abrange os profissionais da educação, comunidade escolar, ong's, movimentos sociais e demais interessados, observando esta como sendo uma oportunidade singular e ímpar para a idealização de relações humanas mais inclusivas e solidárias.
A presente pesquisa terá uma abordagem qualitativa, porque terá como base a investigação no intuito de compreender e interpretar determinados comportamentos, opiniões e expectativas.
Segundo Tozoni-Reis (2010), a educação como instrumento de transformação da sociedade refere-se á educação crítica, aquela que tem como finalidade principal a instrumentalização dos sujeitos para que esses tenham uma prática social crítica e transformadora.
Com base nessa visão realizaremos oficinas com professores e crianças, no sentido de discutir a educação nas relações étnico-raciais. As oficinas contarão com um grupo de professores que atuam em Educação infantil na Creche Sonho Feliz.
Debateremos temas específicos à educação das relações étnico-raciais, a importância das questões étnicas-raciais na história brasileira e as influências da democracia racial com a construção da "falsa ideia de igualdade racial", aspectos subjetivo presentes no cotidiano da educação infantil como nas brincadeiras por exemplo, a disponibilidade e o uso adequado dos recursos didáticos direcionados à Educação infantil.
Para Gomes (2001), os estudos devem iniciar-se entre o professorado. A discussão sobre questões étnico-raciais, a importância assim como o porque de se trabalhar com elas, devem ficar bem definidas compreendidas entre os educadores. É necessário que os professores adquiram conhecimentos em relação à cultura e tradição Africana no Brasil, para estarem embasados no decorrer do trabalho pedagógico com a referida temática, para que não venham reproduzir ideias equivocadas e preconceituosas.
Quanto à coleta de dados, parte-se inicialmente da fala do professor que, através de uma entrevista semi-estruturada, externa suas concepções a respeito do seu ensinar e do aprender de seus alunos, em particular, e dos processos cognitivospresentes no aprendizado, em geral.
Na sequência, faz-se observação em sala de aula, seguindo um roteiro pré- estabelecido e, finalmente tomam-se depoimentos de alunos, via entrevista a fim de caracterizar, com maior abrangência e fidelidade, tanto as concepções etnológicas como a ação didático pedagógica de cada docente pesquisado.
No que se refere à análise dos dados coletados, foi usada uma metodologia em que ela se dá em momentos distintos, constituindo-se dessa forma em diferentes aproximações do objeto de estudo. Um primeiro momento se constitui na análise individual das falas de cada professor, com base no referencial teórico pesquisado. Essa análise é complementada com as observações de sala de aula de cada professor. Em um segundo momento, faz-se uma análise comparativa das falas dos professores a partir do que se extraem as opiniões convergentes. A mesma aproximação feita sobre as falas dos professores é repetida ao analisar as falas dos alunos, isto é, faz-se inicialmente uma análise individual das falas e, na sequência, uma análise comparativa entre as falas à procura de regularidades nas opiniões externadas.
No que se refere especificamente às entrevistas com os professores, a intenção da pesquisa foi de investigar, basicamente, os seguintes aspectos:
A questão do conhecimento - as concepções do professor sobre a construção do conhecimento em geral e sobre a construção do conhecimento na sua área de atuação em particular;
A questão do ensino - as concepções do professor sobre a aprendizagem, sua visão sobre o papel do professor e do aluno no processo de ensino-aprendizagem, como é a construção do pertencimento positivo da etnia da criança negra e como são trabalhadas as questões étnico-raciais em sala de aula.
Na sequência, serão entrevistados os alunos destes professores e feitas observações em sala de aula, visando identificar e compreender a possível dicotomia ou convergência entre o pensamento do professor e sua prática docente.
O questionário que será elaborado será de caráter exploratório, semiestruturada, tendo como público-alvo professores e alunos da Educação infantil na Creche Sonho Feliz .
O referido documento levantará questões atinentes a:
- Perfil dos envolvidos;
- Composição por sexo e faixa etária do quadro docente e discente;
- Participação do aluno em questões étnico-raciais;
- Trabalhos elaborados no universo escolar referente ao tema.
Capítulo 1 - A Educação Infantil e Políticas Públicas
1.1 - A Educação Infantil Contemporânea
Perante as mudanças que o mundo contemporâneo atravessa, a formação do docente reflexivo, como opção às dificuldades decorrentes da formação inicial e continuada, começa a surgir nas práticas profissionais. Portanto, esse capítulo se propõe a explorar o processo reflexivo dos professores mediante suas práticas pedagógicas, levando em consideração os impactos e transformações que esta reflexão causa no exercício docente. 
Sabe-se que a crise histórica da educação brasileira, que se declara nos elevados índices de evasão e revés escolar, na falta de recursos destinados à educação e numa visível incapacidade de implantação de uma educação de qualidade, tem sido alvo de sucessivas investidas. Para Oliveira et al. (2004, p.13):
A maioria das reformas educacionais propostas e colocadas em prática no Brasil é caracterizada por enfatizar o processo, recorrendo a novos recursos da tecnologia educacional e por condicionar os fins da educação às necessidades da produção e do desenvolvimento econômico do país. Nessa perspectiva, o professor aparece como um mero técnico, aplicador de regras, planos e normas concebidas por especialistas e, como tal, não é ouvido nem considerado com relação às mudanças possíveis no seu campo de trabalho, além de muitas vezes ser culpabilizado pelo fracasso da escola e do sistema. 
Ao contrário dessa filosofia, algumas correntes, em nível acadêmico, acreditam na transformação como processo interno, provocado pela reflexão, participação e autoconscientização dos envolvidos. Portanto, as buscas se voltam para a figura do professor, para o seu conhecimento e sua experiência, para sua história e seus planos, suas ações e crenças, seus valores e ideais, com o intuito maior de encorajar a atuação do docente nas políticas educacionais e na estruturação do coletivo nas instituições escolares. 
... observa-se a importância de redirecionar o olhar dos educadores para as necessidades emergentes de aprofundar os conhecimentos e mecanismos que tragam subsídios para a pedagogia da formação. E ainda, para atender ao potencial transformador da reflexão, torna-se necessário um trabalho contínuo e sistemático de orientação, que poderá ser feito de diferentes maneiras abrangendo a reflexão sobre a prática docente (OLIVEIRA et al, 2004, p.16)
Sabe-se que a sociedade pós-moderna é sinalizada por diversos avanços na comunicação e na informática, bem como, mudanças tecnológicas e científicas. Libâneo (2001) afirma que essas evoluções têm efeito diretamente na condição econômica, social, política e cultural, influenciando ainda no papel da escola e o exercício profissional da docência.
No campo socioeconômico pode ser evidenciado uma expressiva exclusão (3/4 da população brasileira) quanto aos direitos básicos de sobrevivência, emprego, saúde e educação. Já no plano cultural e ético-político o neoliberalismo prega o individualismo e exclusão social como aspecto natural fazendo esse, parte do processo de modernização e globalização da sociedade. Por fim, no campo educacional a educação passa de direito de todos para produto e mercadoria, acentuando um dualismo em sua proliferação (FRIGOTTO apud LIBANEO, 2001, p.23)
Neste cenário é que se salienta a necessidade de se investir mais na educação, com a finalidade de encarar os desafios e o contínuo progresso da ciência e da tecnologia, da transformação dos processos de produção, do relativismo moral, e do consumismo.
Libâneo (2001) afirma que, mesmo havendo pouca incidência de pesquisas a respeito de indicadores de qualidade de ensino, há um consentimento entre os pesquisadores de que o objetivo da educação em um processo crítico sugere uma construção apresentando a totalidade do indivíduo nas suas dimensões físicas, afetivas, cognitivas, não se limitando a dimensão econômica. 
Segundo Veiga (2000, p34), “os desafios da educação são sociais, apresentando, primordialmente e principalmente, a necessidade de mudança da sociedade ao invés de apenas mudar a educação em si. Esses desafios resultam numa definição quanto ao objetivo da educação”.
Sendo assim, Libâneo (2001, p.24) sugere a discussão de uma gama de objetivos para uma educação básica de qualidade que constitui: 
- Preparação para o mundo do trabalho em que a escola se organize para atender às demandas econômicas de emprego; - Formação para a cidadania crítica, formando um cidadão-trabalhador capaz de interferir criticamente na realidade para transformá-la; - Preparação para a participação social fortalecendo os movimentos sociais com o objetivo de viabilizar o controle público não estatal sobre o Estado. - Formação ética que explicita valores e atitudes por meio das atividades escolares, para uma formação quanto a exploração que se mantém o capitalismo contemporâneo.
Baseado nesses objetivos acima, é possível afirmar que manifesta-se a necessidade de uma nova escola. Segundo Libâneo (2001, p. 85) [...] a escola precisa deixar de ser meramente uma agencia transmissora de informação e transforma-se num lugar de análises críticas e produção da informação, onde o conhecimento possibilita a atribuição de significados à informação [...].
1.2 - Políticas e Práticas Pedagógicas
A política pública de Educação no Brasil vem avançando gradativamente, porém, não para totalidade da classe trabalhadora e dos sujeitos sociais que ao longo da construção do país alavancaram bandeiras históricas e demandasao Estado e a burguesia.
Atualmente, diversas são as iniciativas do Estado de ampliar o acesso de todos à Educação, tais como: PROUNI, Universidade Aberta, FUNDEB, Piso Salarial Nacional do Magistério, IDEB, REUNI, IFET, entre outras iniciativas. Mas, segundo a perspectiva histórica de Saviani, ele diz quê:
“Enquanto para os educadores alinhados com o movimento renovador o plano de educação era entendido como um instrumento de introdução da racionalidade científica na política educacional, para Getúlio Vargas e Gustavo Capanema o plano se convertia em instrumento destinado a revestir de racionalidade o controle político-ideológico exercido pela política educacional”. (SAVIANI, 2010, p. 392)
Pelo autor, podemos refletir que esta política social já em Vargas, vem se concretizando sobre grande influência do Estado, numa forma de controle e ajustamento dos indivíduos e não numa perspectiva de superação, transformação da realidade. Ele ainda apresenta um norte, a seguir, dizendo que:
 “(...) é preciso atuar de modo sistematizado no sistema educacional; caso contrário, ele tenderá a distanciar-se dos objetivos humanos, caracterizando se especificamente como estrutura (resultado coletivo inintencional de práxis intencionais individuais). Esse risco é particularmente evidente no fenômeno que vem sendo chamado de “burocratismo” (SAVIANI , 2010, p. 388)
Este mesmo autor apresenta uma compreensão acerca do Sistema Nacional de Educação, e demonstra que atualmente, o governo ainda conduz esta política levando em conta, não a emancipação dos sujeitos, mas a manutenção do mesmo sistema que explora e oprime que exclui e segrega, ao afirmar: 
“ (...) a terceira oportunidade nos foi dada pela elaboração da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em decorrência da atual Constituição Federal, promulgada em 5/10/1988. Dessa vez, a organização do Sistema Nacional de Educação foi inviabilizada pela interferência governamental, que preferiu uma LDB minimalista para não comprometer sua política educacional, que promovia a desresponsabilização da União pela manutenção da educação, ao mesmo tempo que concentrava em suas mãos o controle por meio de um sistema nacional de avaliação do ensino em todos os seus níveis e modalidades (SAVIANI, 2010, p.392)
Sabemos que a estrutura político-econômica do país, a crise mundial rebatendo sob o financiamento de recursos públicos, dentre outros fatores, influenciam o trato do Estado para com a política social, remodelando as prioridades. Um Estado mínimo, uma política de cunho focalista, impactando inclusive sobre o trabalho do assistente social junto a Educação e sua concepção de sociedade emancipada. 
1.3 - Educação Escolar, educação social e intervenção preventiva
Sabe-se que o ambiente escolar acabou se tornando um aliado no enfrentamento ao racismo, com a inclusão da história e cultura afro-brasileira e africana em seus currículos. Sendo assim, um novo modelo passou a ser cobrado dos educadores, além de formar cidadãos que irãi exercer variados papéis na sociedade, formarão também indivíduos conscientes das suas ações, e indivíduos que valorizem a cultura e a identidade do outro, afastando o preconceito e qualquer tipo de exclusão contra os diferentes grupos encontrados em nossa sociedade.
Dessa maneira, a escola tem uma função social, e essa função deve ser exercida como uma contribuição para a formação de cidadãos pensantes, de respeito e sem prejulgamentos e preconceitos. Os docentes tem a missão de repassar os saberes sobre diversidade, etnicidade, valores, sempre expondo uma relação de respeito entre todos. 
Combater o racismo, trabalhar pelo fim da desigualdade social e racial, empreender reeducação das relações étnico-raciais não são tarefas exclusivas da escola. As formas de discriminação de qualquer natureza não têm o seu nascedouro na escola, porém o racismo, as desigualdades e discriminações correntes na sociedade perpassam por ali. Para que as instituições de ensino desempenhem a contento o papel de educar, é necessário que se constituam em espaço democrático de produção e divulgação de conhecimentos e de posturas que visam a uma sociedade justa. A escola tem papel preponderante para eliminação das discriminações e para emancipação dos grupos discriminados, ao proporcionar acesso aos conhecimentos científicos, a registros culturais diferenciados, à conquista de racionalidade que rege as relações sociais e raciais, a conhecimentos avançados, indispensáveis para consolidação e concerto das nações como espaços democráticos e igualitários (BRASIL, 2004, p. 14-15)
Sendo assim, podemos afirmar que a comunidade escolar é um espaço privilegiado para a propagação da igualdade e a eliminação de toda forma de discriminação e racismo.
Capítulo 2 - Relações Raciais na infância
2.1 - Identificação cor-raça e identidade racial na Educação Infantil
Sabe-se pela vivência que a identidade racial está entre os assuntos mais falados pelo movimento negro brasileiro. A complexidade do indivíduo negro numa comunidade em que essa circunstância apresenta associação com a miséria, inferioridade, incompetência, e atraso cultural, tornam a concepção da identidade racial um grande desafio, que Sousa (1983) defini como o encadeamento de tornar-se negro.
No caso específico da atuação do movimento negro, o significado da identidade racial é muito importante, pois a consciência que um negro tem de seu pertencimento racial é elemento fundamental para seu engajamento na luta política. As experiências de vida dos negros com o patrimônio cultural de seu grupo e com o do “outro”, do grupo branco, o grau de miscigenação e a presença de traços negróides em seu fenótipo, as experiências de discriminação racial que vivenciou, a consciência de seus direitos enquanto povo fundante do Brasil, estão entre os elementos centrais que definirão a maneira como vai reconhecer ou não. Também o influenciarão a manifestar seu pertencimento racial – muitas vezes afastando-se ostensivamente do movimento negro, dado o grau de tensão que esse processo provoca, e noutras, levando-o a envolver-se na luta política pela igualdade racial (BENTO, 2018, p. 99)
Podemos dizer que identidade está ligada à cidadania, ao direito ao bem-estar e à saúde plena. 
Um primeiro componente relevante que devemos considerar, quando abordamos a construção da identidade da criança pequena, é a respeito dos impactos da desigualdade racial na educação infantil. Enquanto a educação de crianças pobres, dentre as quais predomina a presença de negras (Abramovich, 2009, p.12), “deveria receber mais recursos, na realidade, constatamos que, ao longo do tempo, recebeu financiamento e recursos insuficientes, tornando o sistema de educação uma expressão de desigualdade”. Como resultado, a capacidade do processo educacional vem sendo prejudicado, pois as instituições frequentadas por esses alunos muitas vezes estão sucateados, os materiais são insuficientes e inadequados e os currículos acabam sendo simplificados e reduzidos. 
A desigualdade pode ser percebida na preparação, qualidade e número de professores. O tratamento diferenciado é ainda manifestado pelas atitudes, percepções e expectativas dos professores, que carregam os mesmos preconceitos da sociedade mais ampla.
Abordando uma pesquisa bibliográfica de artigos sobre identidade racial na educação infantil com alguns autores como (Carter & Goodwin, 1994; Cavalleiro, 2003; Dias, 1997 e 2007; Fazzi, 2004; Godoy, 1996; Trinidad, 2011), segue alguns conceitos que se repetem: 
- muito cedo elementos da identidade racial emergem na vida das crianças; diferentes autores, destacam que, entre 3 e 5 anos a, criança já percebe a diferença racial e, ao percebê-la, interpreta e hierarquiza; 
- crianças pequenas são particularmente atentas ao que é socialmente valorizado ou desvalorizado, percebendo rapidamente o fenótipo que mais agrada e aqueleque não é bem aceito; 
- crianças pequenas brancas se mostram confortáveis em sua condição de brancas e raramente explicitam o desejo de ter outra cor de pele ou outro tipo de cabelo. Com frequência explicitam que branco é bonito e preto é feio (apontando bonecas, personagens de livros, colegas, professoras); 
- crianças pequenas negras se mostram desconfortáveis em sua condição de negras, porém raramente reagem à colocação de que preto é feio. Quando reagem e pedem ajuda ao professor, este não sabe o que fazer e/ou silencia. 
- Crianças negras revelam o desejo de mudar o tipo de cabelo e a cor da pele; a criança negra parece mais agudamente atenta à diferença racial do que a branca.
Um objeto relevante a ser levantado é, como em tão pouca idade as crianças já podem estar tão ligadas às ideias de características físicas e comportamentais de outras crianças e adultos, bem como os valores que informam essas proporções.
2.2 - As relações raciais na Educação Infantil
Podemos dizer que, mesmo sendo o nosso país formado por uma parte considerável de pessoas negras, as instituições escolares não têm incluído da forma correta em seu currículo ou em suas propostas pedagógicas a cultura africana. 
Para Oliveira (2004, p. 19 e 31), a instituição escolar tem desenvolvido um currículo fundamentado na cultura etnocêntrica, ou seja, na cultura branca, excluindo as outras culturas, principalmente a africana, fazendo com que as crianças negras não se sintam representadas no ambiente escolar. Sendo assim, para introduzir a cultura africana no planejamento escolar, seria necessário uma construção de um novo currículo, assim como um novo ambiente escolar.
...desde pequenas as crianças já têm uma concepção sobre as diferenças, sendo construídas a partir das suas vivências com os diversos ambientes e grupos de convivências, como a família, a comunidade, a instituição escolar, entre outros, que contribuem para a construção de uma ideia do que é ser branco e do que é ser negro na sociedade (OLIVEIRA, 2004). 
Cavalleiro (2010, p.34), por intermédio do seu acesso ao Núcleo de Pesquisas e Estudos Interdisciplinares do Negro Brasileiro, da Universidade de São Paulo, junto ao seu conhecimento prático numa creche municipal de Educação Infantil por quatro anos, com crianças de quatro a seis anos de idade, verificou que nessa fase o prejulgamento já se faz presente entre as crianças nas recreações, entre os docentes em relação a elas, mediante a tratamentos diferenciados, em momentos de cuidados e afeto.
Para a autora, grande parte dos docentes não identificava esse prejulgamento presente nessa idade, defendendo a tese de que nessa fase as crianças não conseguem perceber as divergências entre elas, e quando identificavam não davam a referida relevância, tornando indispensável trabalhar essa temática. Ficou evidente também que certos docentes usavam comparações entre as diferentes espécies de plantas para trabalhar a desigualdade na escola, pois acreditavam que a relação entre pessoas era repetitivo, assim como, também não davam relevância ao uso de livro para a formação das crianças, pois confiavam que elas não prestavam atenção em particularidades como, por exemplo, a cor dos personagens.
Houveram relatos também em que os alunos negros se sentiram agredidos verbalmente e acabavam afrontando fisicamente, tendo como consequência punições pelos docentes, sem que o caso fosse analisado como deveria. 
Silêncio, seguido de reação violenta. O que se pode ver naquele parque infantil é nada mais que uma pequena representação da própria historia do negro em nosso país. Impotente diante da pressão racista, ele parte para a violência e, consequentemente é penalizado (CAVALLEIRO, 2010, p.48)
Mediante a pesquisa da autora, ficou entendido que as crianças brancas possuíam liberdade para manifestar prejulgamentos contra as outras, e que as crianças negras se tornavam vitimas e não tinham ideia de como se defender de uma agressão como essa e permanecem em silêncio e acabam se afastando, motivando que essas atitudes preconceituosas continuem sem que sejam repreendidas. Contudo, ficou provado que um dos motivos que dificultam a percepção do racismo na escola, é o fato de que tais ocorrências se davam no horário do recreio, longe dos olhares dos docentes e coordenadores.
Podemos fechar esse capítulo reiterando a ideia de que os alunos na idade de quatro a seis anos já entendem o prejulgamento que sofrem e a sua causa, compreendendo o tratamento diferenciado que é dado a ela e a uma criança branca, sentindo-se, muitas vezes, excluída pelos docentes e demais indivíduos com quem convivem. Como consequência, acaba nascendo um desejo nessa criança de se tornar branca, rejeitando seu próprio grupo racial, na intenção de querer ser mais desejada, mais bonita e aceita.
Capítulo 3 - A abordagem da temática étnico-racial na Educação Infantil
3.1 - A prática pedagógica e a questão racial como objeto de pesquisa constante
Diante de tal declaração e entendendo que problematizar com as crianças como ocorrem as relações raciais no país não seja algo fácil, avaliamos como essencial para abordar a temática com as crianças oferecer situações que possam expressar e refletir, com a ajuda da professora, suas opiniões a respeito das diferenças. As professoras, ao oferecerem tais oportunidades, que podem se manifestar em atividades e materiais pedagógicos usuais à educação infantil nos quais estejam contempladas as diferenças presentes na sociedade, dão oportunidade para que as crianças construam seu próprio entendimento das diferenças, no entanto pautadas não mais num único exemplo, mas em vários. Dias (2006) aponta como possibilidade para abordar o racismo com crianças o desenvolvimento de projetos, e cita a metodologia54 desenvolvida na ocasião de sua pesquisa de mestrado:
Essa metodologia tem servido de base às professoras da educação infantil que desejam iniciar um trabalho com essa temática e não sabem como fazê-lo. A metodologia tem como pressuposto [...] o reconhecimento da diferença, com o objetivo de inverter o processo que tende a associar tal reconhecimento aos estereótipos negativos. Ou, em outras palavras, o reconhecimento da diferença deve ser construído no sentido da “valorização” e posterior “naturalização” dessa diferença, para que a igualdade subjacente seja ressaltada. [...]. A aplicação da metodologia, a fim de atender seu pressuposto, prevê a utilização dos seguintes materiais: flores de mesma espécie e cores diferentes, animais da mesma espécie e cores diferentes, papel e lápis de cor e o livro de Ana Maria Machado, “Menina Bonita do Laço de Fita”. A apresentação é feita em forma de surpresa, levam-se as flores e os bichos que são apresentados separadamente. Primeiro, as flores, que devem estar embrulhadas para que as crianças adivinhem o que o pacote contém. Depois, as crianças devem identificar semelhanças e diferenças (tamanho, cores, tipo etc.). Exploram-se todas as possibilidades de uso das flores e suas necessidades para viver (água, terra, sol etc). O procedimento com os animais é o mesmo tanto para apresentar, como no momento de explorar semelhanças e diferenças e necessidades para viver. A ideia é que as crianças compreendam que independente da cor das flores as possibilidades de uso e as necessidades para viver são as mesmas, assim como os animais (DIAS, 2006, p.10, grifos da autora).
Acreditamos que a atividade pode colaborar para que os professores coloquem a igualdade racial como pauta de suas reflexões e ações nas atividades do cotidiano escolar. Com isso podemos supor que estava tentando construir a igualdade entre as crianças com base no ideal de democracia racial, que sustenta, além do referido mito, o ideal de branqueamento.
Para as crianças negras, mas não somente para elas, os efeitos do branqueamento incidem diretamente sobre a construção da identidade e da autoestima, pois aprendem e vivenciam, principalmenteno ambiente escolar, um dos principais espaços de socialização, que são suas características as consideradas diferentes e desprovidas de beleza, aprendem que tipo de atitudes são destinadas ao grupo racial a que pertencem e, desse processo derivará parte de sua identidade social. Nesse caminhar, tendem a adquirir preconceitos raciais, pois as ideias preconceituosas presentes na sociedade em relação à raça são transmitidas da mesma maneira que todos os valores sociais: por gestos, palavras, atitudes cotidianas e, em geral, dos mais velhos para os mais jovens.
Cavalleiro (2007) ressalta que:
O processo de socialização constitui uma relação dialética na qual o indivíduo ao mesmo tempo em que internaliza o mundo que lhe é mostrado, pode agir para transformar e intervir em seu meio, pois esse processo não é simplesmente ensinado: a criança mostra-se um parceiro ativo, podendo procurar novas informações em outros lugares [...]. Descarta-se, sobretudo, a possibilidade de um desenvolvimento puramente espontâneo. Ele está diretamente ligado às influências externas a que as crianças são submetidas, visto que é ela um ser social que reproduz o mundo de acordo com as suas experiências (CAVALLEIRO, 2007, p. 2).
Nesse sentido, as crianças negras, ao terem referenciais negativos de seu grupo e de suas características físicas, por perceberem que seus corpos as fazem sofrer e não encontrando apoio para se fortalecerem, iniciam a negação de suas características e começam a desejar o que é visto como belo: o branco, o corpo branco, o cabelo liso etc.
3.2 - Diversidade étnico-racial por uma prática pedagógica na Educação Infantil
A finalidade dos que atuam na perspectiva de uma educação multicultural e antirracista é que esta seja de fato emancipatória. Nossa intenção é de assegurar para todos a possibilidade de encontrar nos ambientes educacionais um lugar no qual se aprenda de forma sistemática, planejada e organizada que as diferenças raciais e culturais são construídas socialmente, para desconstruir a ideia de inferioridade atribuída a determinados grupos. Estamos na luta para construir uma educação na qual as pessoas possam compreender suas diferenças e se posicionarem contrárias à hierarquização e inferiorizarão entre os seres humanos a partir de qualquer tipo de marca.
No ambiente educacional, há várias situações nas quais é possível identificar a discriminação racial. Quando, por exemplo, uma professora escolhe uma criança branca para ser carinhosamente tocada, em detrimento de uma criança negra, ela pratica uma ação de discriminação racial, porque faz uma distinção a partir de caracteres identitários para beneficiar uma criança em detrimento de outra. Nos depoimentos de professoras entrevistadas por Dias (2007, p.42), elas relatam ações ocorridas nos seus locais de trabalho que são exemplares.
Diante desta constatação tomamos de empréstimo a análise de Schucman (2014) para o processo de formação dos psicólogos para pensar a realizada, também, nos cursos de licenciatura:
Apesar das preocupações e da luta contra a discriminação racial serem fundamentais para uma sociedade mais justa e humana, a Psicologia pouco se debruçou sobre a questão das relações raciais no Brasil. Nos currículos dos cursos de psicologia brasileiros, raramente encontramos qualquer menção ao tema da raça e do racismo nas disciplinas obrigatórias. A formação de psicólogos ainda está centrada na ideia de um desenvolvimento do psiquismo humano igual entre os diferentes grupos racializados. Assim como as categorias de classe e de gênero são fundamentais na constituição do psiquismo humano, a categoria raça é um dos fatores que constitui, diferencia, hierarquiza e localiza os sujeitos em nossa sociedade. (p.83)
De fato nem os cursos de psicologia e nem os de licenciatura, especialmente os de Pedagogia que formam profissionais para atuarem na educação infantil estão dando a devida importância às questões relativas a identidade racial.
De fato, tanto este traço de superioridade estética quanto o padrão de beleza de nossa cultura não é algo natural ou dado aos brancos. Mesmo assim, essa imagem de belo produz significados compartilhados, os quais os sujeitos se apropriam, singularizam, produzem sentidos e atuam sobre eles, de alguma forma reproduzindoos ou contrapondo-os. Na teia dialética em que a realidade social e o sujeito individual implicam-se mutuamente, a mediação semiótica exerce um papel fundamental. A linguagem e os significados compartilhados culturalmente funcionam como determinantes no processo de constituição de cada sujeito. Desta forma, os conteúdos racistas de nossa linguagem, bem como a ideia de superioridade racial branca construída no século XIX são ainda apropriados pelos sujeitos. E, nesse movimento da constituição da consciência individual, os significados alheios se tornam sentidos próprios. (SCHUCMAN, 2014, p.90)
A realidade brasileira constrói um ideal de branquitude como o desejável e isso acaba por incidir nas práticas pedagógicas com os bebês, como pudemos constatar na continuidade do exercício.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A experiência com o projeto confirmou o cenário atual das relações raciais, das dificuldades dos educadores articularem um trabalho pedagógico sem formação adequada, que o mito da democracia e o discurso da igualdade ainda persistem nas falas de alguns profissionais o que acaba por diluir a problemática racial a outras questões de discriminação. “A medida que os agentes pedagógicos não reconhecem o direito `a diferença, acabam mutilando a particularidade cultural de um segmento importante da população negra” (GONÇALVES, apud OLIVEIRA, 2004, p. 95).
A reprodução da cultura das continuidades ritualizadas, inclusive os docentes tem estudado para aperfeiçoar os saberes e os processos que formam a mente humana. A docência pode ser um exercício de tomada de consciência, mediação da cultura, a escola é um lugar facilitador, que trava o desenvolvimento intelectual. 
O ensino deve ser significativo, estando planejado nos PCNs Parâmetros Curriculares Nacional trazem debates teóricos e políticos, concretizam estratégias e políticas de governo e de interesses sociais e políticos, traduzindo sobre a função social e cultural da escola. Como princípio educativo, a diversidade cultural está em constante reflexão, reconstituir os valores políticos, sociais e culturais de compreensão do indivíduo. Apropriar-se desse princípio significa, proporcionalmente, entender o saber e a cultura como parte da produção sócio-histórica de determinada sociedade e também problematizar os ditos valores sociais e culturais universais. 
A compreensão de que “toda educação é cultura”, desafia a assimilação e a acomodação da noção do saber, poder e identidade que têm sido emitido e produzidos na instituição escolar, pois, a realização de práticas pedagógicas que têm na diversidade étnico-racial seu princípio educativo passa necessariamente pela revisão e (re) construção dos valores sócio-históricos, políticos e culturais das relações étnicos - raciais na sociedade atual.
Para tanto, o compromisso em criar uma nova política social que promova o combate à discriminação e o fomento à diversidade, combatendo contra o que ocorre nas escolas públicas e particulares existentes no país na atualidade, a aprendizagem da e com a diversidade exige, então, uma postura ética, moral, estética e educativa diante do outro. Este envolvimento participativo transforma as práticas para a diversidade em momentos prazerosos e adequados as novas relações com as questões étnico-raciais. 
Educação é um direito aos sujeitos de aprendizagens o acesso à história de lutas, resistências e conquistas dos povos negros no Brasil por meio das práticas pedagógicas pode ser um bom passo para reflexão. Iniciar desde cedo esta reflexão projeta um grande valor para a Educação Infantil e suas possibilidades diante das relações étnico-raciais e as adequações necessáriaspara um desenvolvimento emancipatório da sociedade.
REFERÊNCIAS
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