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IMUNOLOGIA VETERINÁRIA AULA 2 IMUNIDADE INATA E O RECONHECIMENTO DE INVASORES CONSTITUIÇÃO DO SISTEMA IMUNE BARREIRAS FÍSICAS A pele intacta representa uma eficiente barreira contra a infecção microbiana. Micróbios podem invadir o corpo através de uma lesão cutânea, entretanto a cicatrização garante que essa barreira seja rapidamente reparada. Em outras superfícies corporais, como nos tratos respiratório e gastrointestinal, simples mecanismos de defesas físicas incluem os processos de “autolimpeza”: tosse, espirro e o fluxo de muco no trato respiratório; vômito e diarreia no trato gastrointestinal; e o fluxo de urina no sistema urinário. A presença de uma imensa população de bactérias comensais na pele e no intestino também elimina muitos invasores em potencial. Os microrganismos comensais bem adaptados à sobrevivência nas superfícies corporais podem facilmente competir com os patógenos pouco adaptados. (TYZARD, 2014) CONSTITUIÇÃO DO SISTEMA IMUNE IMUNIDADE INATA: componentes celular e componentes molecular Celular é constituído por células sentinelas que possuem a função de reconhecer e responder a micro-organismos invasores. São células sentinelas: macrófagos, células dendríticas, mastócitos, granulócitos*, mas também, células epiteliais, células endoteliais, e fibroblastos. As células sentinelas recrutam outras células para eliminar a maioria dos micro-organismos invasores. (TYZARD, 2014) CONSTITUIÇÃO DO SISTEMA IMUNE Componente molecular da imunidade inata: constituído pelo sistema complemento; e substâncias moleculares produzidas pelas células sentinelas ativadas: citocinas, quimiocinas, e enzimas específicas. Sistema complemento (da imunidade inata ): conjunto de complexas vias enzimáticas que matam micro-organismos invasores. Citocinas: Fator de necrose tumoral α (TNF- α), interleucina 1(IL-1), interleucina 6(IL-6), interferon (IFN). (TYZARD, 2014) CONSTITUIÇÃO DO SISTEMA IMUNE (TYZARD, 2014) A função das citocinas é recrutar todo o sistema imunológico para destruir o micro-organismo invasor e após reparar as lesões teciduais (cicatrização). Quimiocinas: produzidas por macrófagos e mastócitos. São citocinas quimiotáticas que possuem a função de coordenar a migração de células de defesa e assim determinam a progressão de respostas inflamatórias e imunes. Enzimas: como a óxido nítrico sintetase 2 (NOS2) e ciclo- oxigenase 2 (COX-2). Induzem a produção de óxido nítrico e mediadores inflamatórios, respectivamente. CONSTITUIÇÃO DO SISTEMA IMUNE IMUNIDADE ADAPTATIVA Sistema de defesa complexo, sofisticado e eficiente. Possui memória: aprende após cada atuação contra o micro-organismo invasor. Realizado pelas células de defesa chamadas linfócitos. Componente celular e componente humoral; celular: resposta de defesa realizada pelos linfócitos T; humoral: resposta de defesa realizada pelos linfócitos B. (TYZARD, 2014) IMUNIDADE INATA E O RECONHECIMENTO DE INVASORES (TYZARD, 2014) ATIVAÇÃO DO SISTEMA IMUNE INATO (TYZARD, 2014) O sistema imune inato é ativado quando o corpo percebe estar sob ataque. Essa percepção envolve o reconhecimento de sinais de alarme gerados por duas vias: microrganismos invasores (sinais exógenos) - PAMPs lesão ou morte celular (sinais endógenos)- DAMPs. SINAIS DE ALARME DOS MICRORGANISMOS INVASORES (TYZARD, 2014) São compostos por moléculas produzidas pelos microrganismos invasores e são chamados coletivamente de padrões moleculares associados a patógenos ou PAMPs. São sinais exógenos ao organismo. SINAIS DE ALARME DE LESÃO TECIDUAL (TYZARD, 2014) São sinais endógenos do organismo. Sinais compostos por moléculas liberadas por células danificadas ou por morte celular. Essas moléculas são chamadas coletivamente de padrões moleculares associadas a morte celular ou DAMPs. COMO OCORRE O RECONHECIMENTO DE PAMPS E DE DAMPS? (TYZARD, 2014) RECONHECIMENTO DE PAMP E DE DAMP O reconhecimento de padrões moleculares associados a patógenos (PAMPs) e de padrões moleculares associados a morte celular (DAMPs) ocorre através da interação destas moléculas com receptores de reconhecimento de padrões moleculares (PRRs) que se encontram em células sentinelas localizadas por todo o organismo e por receptores PRRs solúveis no plasma. (TYZARD, 2014) RECONHECIMENTO DE PAMP E DE DAMP Após o reconhecimento de PAMPs e de DAMPs pelos receptores de reconhecimento de padrões moleculares (PRRs) há ativação do sistema imune inato. A ativação do sistema imune inato irá iniciar uma sequência de reações bioquímicas de sinalização que desencadeará a produção moléculas pró-inflamatórias como citocinas, quimiocinas e enzimas específicas. (TYZARD, 2014) CÉLULAS SENTINELAS As células cuja função primária é reconhecer e responder a micróbios invasores são denominadas células sentinelas. As principais são os macrófagos, as células dendríticas e os mastócitos, mas ainda as células epiteliais, as células endoteliais e os fibroblastos podem atuar como sentinelas quando necessário. (TYZARD, 2014) CÉLULAS SENTINELAS Um equipamento encontrado nas células sentinelas responsáveis pelo reconhecimento de micro-organismos invasores são os receptores de reconhecimento padrão (PRRs) para moléculas de patógenos (PAMPs) e também para moléculas associadas a morte celular (DAMPs). Esses receptores associados às células sentinelas podem ser encontrados tanto nas membranas citoplasmáticas dessas células, quanto no interior de seu citoplasma, ou ainda no interior de suas vesículas citoplasmáticas. (TYZARD, 2014) (TYZARD, 2014, P. 29) PRINCIPAIS RECEPTORES DAS CÉLULAS SENTINELAS PARA PAMPS E DAMPS (TYZARD, 2014) PRINCIPAIS RECEPTORES DE RECONHECIMENTO DE PADRÃO (PRRS) Receptores Toll (TLR)- superfície celular, interior da célula Receptores RIG-1- encontram-se no interior da célula. Receptores NOD – encontram-se no interior da célula. Receptores de lectina C – encontram-se em superfícies celulares (TYZARD, 2014) (TYZARD, 2014, P. 29) RECEPTORES TOLL (TLR) Estes receptores toll encontram-se parte localizados em superfícies das células sentinelas onde são responsáveis pelo reconhecimento de invasores extracelulares como bactérias e fungos. Detectam principalmente PAMPs relacionadas a proteínas, lipoproteínas e lipolissacarídeos. (TYZARD, 2014) RECEPTORES TOLL (TLR) Estes receptores Toll também podem estar localizados no interior de células sentinelas onde são responsáveis pela detecção de invasores intracelulares como vírus. Esses receptores de reconhecimento de padrões detectam PAMPs intracelulares relacionados a ácidos nucleicos virais e bacterianos. (TYZARD, 2014) (TYZARD, 2014) RECEPTORES RIG-1 A denominação desse tipo de receptor é “receptores similares ao gene induzido por ácido retinóico”, resumidamente RIG-1. São receptores de reconhecimento de padrão (PRR) encontrados no interior do citoplasma das células sentinelas. Esses receptores reconhecem RNA viral, ativam as caspases e desencadeiam vias de sinalização que levam a produção de interferon-1 (IFN-1) pelas células sentinelas. (TYZARD, 2014) RECEPTORES NOD (NLR) “Receptores similares ao domínio de oligomerização ligante de nucleotídeo” ou NOD ou NLR. Possui localização intracelular, no citoplasma (ou citosol). Ativa a via do NF-ƙB desencadeando a produçãode citocinas pró-inflamatórias. NOD – 1: reconhece peptidoglicanos bacterianos. NOD – 2: reconhece o muramil dipeptídio (componente de bactérias Gram-positivas e Gram-negativas) e atua como um sensor geral de bactérias intracelulares. (TYZARD, 2014) RECEPTORES DA LECTINA C Receptores de reconhecimento de padrão molecular (PRRs) de carboidratos associados ao 𝐶𝑎+2. Alguns são de superfície celular que podem reconhecer carboidratos de bactérias, fungos, e alguns vírus. Já a dectina 1 e 2 e a DEC205 (tipos de lectina C) reconhecem beta-glicanas em paredes celulares fúngicas desempenhando destruição intracelular de fungos. Receptor de manose (outro tipo de lectina C intracelular) de macrófagos reconhecem leveduras como Candida albicans, protozoários como a Leishmania e vírus como vírus da BVD (diarréia viral bovina) (TYZARD, 2014) (TYZARD, 2014, P. 29) PRINCIPAIS PAMPS (PADRÕES MOLECULARES ASSOCIADOS AOS PATÓGENOS) (T Y Z A R D , 2 0 1 4 ) PRINCIPAIS MOLÉCULAS ASSOCIADAS A PATÓGENOS (PAMPS) (TYZARD, 2014) Lipopolissacarídeos bacterianos Peptidoglicano bacteriano DNA bacteriano Ácidos nucleicos virais (TYZARD, 2014, P. 29) LIPOPOLISSACARÍDIOS BACTERIANOS * São PAMPs componentes estruturais da parede celular de muitas bactérias (*Gram- negativas). São exemplos de lipopossacarídios bacterianos: os lipoarabinomananas de micobactérias, polímeros de ácido manurônico de Pseudomonas.* Receptores específicos para essa molécula são receptores de reconhecimento de padrão (PRR): Receptor toll das células sentinelas com ajuda de outras proteínas. (TYZARD, 2014) PEPTIDOGLICANOS BACTERIANOS (TYZARD, 2014) São os principais componentes das paredes celulares de bactérias Gram-positivas e Gram-negativas. Diversos receptores de reconhecimento de padrão (PRRs) podem reconhece-los: Receptores toll, receptores NOD das células sentinelas. DNA BACTERIANO (TYZARD, 2014) Há grandes diferenças entre o DNA bacteriano (procariontes) e o DNA animal (eucariontes) e por isso o dna bacteriano são PAMPs importantes. Os receptores de reconhecimento de padrão do DNA bacteriano são: Receptor toll que irá desencadear a produção pelas células sentinelas de citocinas TNF-alfa (fator de necrose tumoral alfa), IL-6 (interleucina-6) e IL-12 (interleucina-12). ÁCIDO NUCLEICO VIRAL (TYZARD, 2014) Os ácidos nucleicos virais são estruturalmente diferentes dos ácidos nucleicos animais, sendo portanto um PAMPs. 01 Os receptores de reconhecimento padrão (PRRs) dos ácidos nucleicos virais são receptores toll intracelular, e receptores RIG-1 intracelular nas células sentinelas. 02 Há produção de IFN e citocinas inflamatórias. 03 PRINCIPAIS DAMPS (PADRÕES MOLECULARES ASSOCIADOS A LESÃO OU MORTE CELULAR) (T Y Z A R D , 2 0 1 4 ) MOLÉCULAS ASSOCIADAS À LESÃO OU MORTE CELULAR (TYZARD, 2014, P.35) MOLÉCULAS ASSOCIADAS A MORTE OU LESÃO CELULAR DAMPs origem intracelular Mitocôndrias de células lesionadas ou que morreram; Proteínas HMGB-1 DAMPS de origem extracelular Elastina Fibronectina São detectadas por receptores Toll. (TYZARD, 2014) (TYZARD, 2014, P. 35) RECEPTORES SOLÚVEIS (MOLÉCULAS CIRCULANTES) DE RECONHECIMENTO DE PADRÃO (TYZARD, 2014) RECEPTORES SOLÚVEIS DE RECONHECIMENTO PADRÃO ➢ Não estão associados às células sentinelas e sim dissolvidos no plasma sanguíneo. ➢ São proteínas solúveis encontradas no plasma e em líquidos extracelulares e reconhecem padrões de moleculares associados a patógenos (PAMPs). ➢ Servem como moléculas efetoras do sistema imunológico inato. Sistema complemento, Pentraxinas Galectinas, Colectinas Lectina ligante de manose, Langerina (TYZARD, 2014) SISTEMA COMPLEMENTO (TYZARD, 2014) O sistema complemento consiste em várias proteínas plasmáticas que são ativadas pelos microrganismos e promovem a destruição desses microrganismos e a inflamação. Reconhecimento de microrganismos pelo sistema complemento resulta na lise das células microbianas. PENTRAXINAS São proteínas plasmáticas que reconhecem estruturas microbianas e participam da imunidade inata. As pentraxinas são formadas por cinco subunidades proteicas dispostas em anel. Duas delas são importantes proteínas da fase aguda da inflamação: Proteína C reativa Amiloide sérico P Essas moléculas são denominadas proteínas de fase aguda porque seus níveis sanguíneos sobem muito durante infecções ou após traumas. (TYZARD, 2014) PENTRAXINAS As funções das pentraxinas incluem: Ativação do sistema complemento; Estimulação de leucócitos. Essas moléculas ligam-se a carboidratos microbianos como o lipopolissacarídio de maneira dependente do cálcio e ativam a via clássica do sistema complemento ao interagir com a subunidade C1q do sistema complemento; também interagem com neutrófilos, monócitos – macrófagos e células NK aumentando suas atividades. (TYZARD, 2014) GALACTINAS E COLECTINAS Galactinas: receptores específicos para galactosídios, moléculas que participam da inflamação ao ligar os leucócitos à matriz extracelular. Colectinas: interagem com o sistema complemento e a carboidratos PAMP ou DAMP (TYZARD, 2014) LECTINA LIGANTE DE MANOSE Liga-se a carboidratos PAMPs como N-acetilglicosamina, manose, glicose, galactose e N-acetilgalactosamina. PAMPs de bactérias como Salmonella enterica, Listeria monocytogenes, Escherichia coli, leveduras como Candida albicans e Cryptococcus neoformans, vírus Influenza A, parasitas Leishmania. (TYZARD, 2014) DÚVIDAS?? (TYZARD, 2014) REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Tizard IR. Imunidade inata: o reconhecimento de invasores. In: Tizard IR. Imunologia veterinária. 9 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014. p 28-37. Abbas AK, Lichtman AH. Imunidade inata a defesa inicial contra as infecções. In: Abbas AK, Lichtman AH. Imunologia básica funções e distúrbios do sistema imunológico. 3 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. p. 23-43. Abbas AK, Lichtman AH, Pillai S. Imunidade natural. In: Abbas AK, Lichtman AH, Pillai S. Imunologia celular e molecular. 6 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. p 19-46.
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