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Botânica Aplicada à Farmácia Aula 4: Nomenclatura Botânica, Classificação e Identificação de Plantas Medicinais Ref. Cap. 09 – Farmacognosia, da planta ao medicamento INTRODUÇÃO • Reino Plantae: Cerca de 300.000 espécies de seres vivos fazem parte do Reino Plantae (Bold et al., 1987), destas, 235.000 são angiospermas (Raven et al., 1996). Prance et al., 2000, sugere que exista 380.000 espécies de plantas sendo 320.000 angiospermas. •Identificação: comparação com uma espécie já descrita em uma coleção ou na comparação de suas características com descrições e lustrações encontradas na literatura. •Classificação: coloca ou agrupa um determinado ser vivo em uma categoria específica dentro de uma hierarquia, portanto, é feita uma só vez para cada ser vivo. AMOSTRAS VEGETAIS • Coleta: processo de se retirar uma ou mais plantas inteiras ou parte delas da natureza. •Levantamento etnobotânico e etnofarmacológicos: reunir o maior n° de espécies de interesse medicinal, o primeiro no sentido de conhecimento popular mais amplo e o segundo buscando plantas com determinada atividade (analgésica, antiinflamatório, etc.). •Levantamento fitoquímico ou farmacognóstico:coleta de plantas de uma família específica com atividade conhecida para fazer o screening de princípios ativos em potencial da droga vegetal coletada. AMOSTRAS VEGETAIS • Coleta: cuidados que devem ser observados no momento da coleta: •Disponibilidade da espécie no ambiente: analisar se há risco de extinção. Coletar partes, cultivar sementes. A coleta de drogas vegetais para análise de seus extratos demanda uma grande quantidade a ser coletada, por exemplo, para se obter 50mg de um composto puro encontrado com rendimento de 0,001% é necessário 5Kg de planta seca, para cada Kg de planta seca são necessários 10Kg de planta fresca. AMOSTRAS VEGETAIS • Herborização: processo de preparação do material coletado para preservá-lo em uma coleção de plantas denominada herbário. Esta coleção tem objetivo de manter testemunhos que servirão de referência para possíveis comparações. A amostra de planta herborizada chama-se exsicata, que vem do grego exsicco, que significa secar. •Plantas de grande porte procura-se coletar as estruturas reprodutivas para caracterização, ervas menores coleta-se a planta inteira com raízes. •Registro de dados: anexo à exsicata, contém o nome científico, nome popular, local e data da coleta, nome do coletor, atualmente utiliza-se as coordenadas por GPS do local da coleta. IDENTIFICAÇÃO DE ESPÉCIES • Herbários: •Os principais herbários estão ligados a universidades e Jardins Botânicos. Em ecossistemas muito ricos e diversificados podem haver coleções específicas como Floresta Amazônica, Mata Atlântica, Cerrado Brasileiro. •Flora Neotropica (inclui o Brasil) •Flora Brasiliensis (a 1° a ser feita, escrita entre 1840 e 1906. •Flora Ilustrada de Santa Catarina •Flora Ilustrada de entre rios e Flora de la Província de Buenos Aires CLASSIFICAÇÃO • Definições: •Táxon: unidade taxonômica de qualquer hierarquia (família, gênero, espécie, subespécie, tribo, etc.) •Sistemática: tem por objetivo agrupar os seres vivos dentro de um sistema, sendo mais aceito aqueles que levam em conta o maior n° de caracteres evolutivos: morfológicos externos, internos, embriológicos, genéticos e químicos. •Taxonomia: tem um sentido mais restrito, sendo caracterizada por abranger a identificação (=determinação) dos seres vivos em seus táxons respectivos, sem preocupação de inserí-los em um sistema. CLASSIFICAÇÃO • Conceito de espécie: grupo de populações que têm semelhanças relativamente grandes entre si. Se ainda houver grupos diferentes dentro desta espécie pode ser sub-dividida em sub-espécies. •Cultivares: plantas obtidas através de cruzamentos genéticos com objetivo específico de desenvolver espécies produtoras de características de interesse determinado. •Raças químicas: encontradas dentro de uma espécie, quando uma população se caracteriza por apresentar uma determinada substância química inexistente em outra população da mesma espécie. Carolus Linnaeus, em português Carlos Lineu, foi um botânico, zoólogo e médico sueco, criador da nomenclatura binomial e da classificação científica, sendo assim considerado o "pai da taxonomia moderna". Foi um dos fundadores da Academia Real das Ciências da Suécia. Lineu participou também no desenvolvimento da escala Celsius (então chamada centígrada) de temperatura, invertendo a escala que Anders Celsius havia proposto, que tinha 0° como ponto de ebulição da água e 100° como o ponto de fusão. Lineu era o botânico mais reconhecido da sua época, sendo também conhecido pelos seus dotes literários. É ainda o cientista da área das ciências naturais mais famoso da Suécia e a sua figura pode ser encontrada nas actuais notas suecas de cem kronor. Lineu nomeou os táxons em formas que lhe pareciam pessoalmente do senso-comum, por exemplo, seres humanos são Homo sapiens (de "sapiência"), mas ele também descreveu uma segunda espécie humana, Homo troglodytes ("homem das cavernas", nome dado por ele ao chimpanzé, hoje em dia mais comumente colocado em outro gênero, Pan). A classe Mammalia foi nomeada por suas glândulas mamárias porque uma das definições de mamíferos é que eles amamentam seus filhotes. CLASSIFICAÇÃO • Designações taxonômicas: cada unidade taxonômica apresenta um sufixo próprio que identifica o mesmo • Exemplo de classificação taxonômica da batata inglesa (Solanum tuberosum) e milho (Zea mays) CLASSIFICAÇÃO Categoria taxonômica Sufixo Batata inglesa Milho Divisão PHYTA Magnoliophyta Magnoliophyta Classe OPSIDA Magnoliopsida Liliopsida Subclasse IDAE Asteridae Commelinidae Ordem ALES Solenales Cyperales Família ACEAE Solanaceae Poaceae Subfamília OIDEAE Solanoideae Panicoideae Tribo EAE Solaneae Andropogoneae Subtribo INAE Solaninae Tripsacinae Gênero Solanum Zea Subgênero Solanum Seção Pelota Espécie Solanum tuberosum Zea mays CLASSIFICAÇÃO • Nomenclatura científica: formada por um binômio que deve obedecer as regras: 1. Escrito em latim ou nomes latinizados 2. 1° palavra refere-se ao gênero com a inicial em maiúscula e a 2° refere-se à espécie e com a inicial minúscula. 3. Vem acompanhado com o nome do autor da classificação, a pessoa que descreveu a espécie, podendo ser abreviado. 4. Quando houver mais de 1 epíteto específico segue-se a ordem de prioridade vindo primeiro o mais antigo. Ex: Homo sapiens sapiens 5. Deve ser sublinhado (quando manuscrito) ou em itálico (quando digitado), servindo apenas para gênero e espécie Quando um novo autor reclassificar para outro gênero ou espécie, mantem-se o nome do primeiro autor e do novo autor. CLASSIFICAÇÃO • Nomes populares, comuns ou vulgares: •São úteis em trabalhos etnobotânicos, servem como fonte de informação sobre a cultura ou vocabulário de uma população. •O problema da nomenclatura popular é que um mesmo nome popular pode designar diversas espécies diferentes (Ex: camomila – Chamaemelum nobile, Chamomilla recutita, ou erva-cidreira – Aloysia citrodora, Lippia alba, Melissa officinalis e Cymbopogon citratus) ou diversos nomes populares diferentes, conforme a região, designam a mesma espécie (Ex: Casearia silvestris – chá-de-bugre, erva-de-bugre, guaçatonga, língua-de-lagarto) •Nomes de alguns medicamentos designam plantas medicinais como penicilina, iodo, melhoral, infalivina, etc. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICASIMPORTANTES NA IDENTIFICAÇÃO DE PLANTAS Existem várias sistemáticas de classificação dos seres vivos conforme seu porte (ervas, arbustos, árvores), analisa-se geralmente em ordem primeiro os caracteres macroscópicos, depois caracteres específicos como flores e frutos, e depois caracteres microscópicos e cortes histológicos. •Chaves dicotômicas: existem chaves exclusivas para identificação de famílias, além de outras específicas para cada família, tribo ou gênero. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS IMPORTANTES NA IDENTIFICAÇÃO DE PLANTAS •Quanto a semente: 1 a. Sementes nuas, não contidas dentro de um fruto, inseridas sobre folhas carpelares abertas ou na extremidade de ramos.....................................................................Gymnospermae. 1b. Sementes inseridas dentro de um fruto.............Angiospermae. •Quanto aos feixes vasculares: 2 a. feixes vasculares do caule dispersos. Folhas paralelinérveas com bainha. Flores trímeras. Embrião com 1 cotilédone ..........................................................................Monocotyledoneae. 2 b. feixes vasculares do caule dispostos concentricamente, formando um cilindro. Folhas com nervação reticulada sem bainha. Flores tetrâmeras ou pentâmeras. Embrião com 2 cotilédones...............................................................Dicotyledoneae CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS IMPORTANTES NA IDENTIFICAÇÃO DE PLANTAS •Banana (Musa acuminata): • Fruto composto formado a partir de inflorescência assim como o abacaxi. Fruto partenocárpico onde os ovários das flores se desenvolvem sem a fecundação do óvulo, por isso não possui sementes. •Laranja ( Citrus arantium): •Fruto carnoso tipo baga •Kiwi (Actinidia deliciosa): •Fruto carnoso tipo baga •Berinjela (Solanum melongena): •Fruto simples formado a partir de um único ovário •Maracujá (Passiflora alata) •Fruto carnoso do tipo baga com sementes com arilo carnoso CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS IMPORTANTES NA IDENTIFICAÇÃO DE PLANTAS •Classificação das folhas quanto: • divisão do limbo • formato das bordas (denteada, serrilhada, crenada, ondulada) • ápice (agudo, obtuso, acuminado) • folhas simples (1 folha por nó) ou composta (paripenadas, imparipenadas, palmadas) • nervação (paralilenérvea, curvinérvea, univérvea, peninérvea, palminérvea) • quanto a textura • presença de apêndices, etc. lâmina: Parte expandida da folha; o mesmo que limbo. pecíolo: parte da folha que prende o limbo (lâmina) ao caule, diretamente por meio da bainha. bainha: parte basilar e alargada da folha, que abraça o caule. foto - bainha ocreiforme (Hedyosmum brasiliense). estípulas: cada um dos apêndices, geralmente laminares e em número de dois, que se formam de cada lado da base foliar. foto - exemplo de estípulas foliáceas na base de uma folha composta (Calliandra foliolosa). nervuras - conjunto de elementos condutores mecânicos e outros que se distingue, em geral com grande nitidez nas folhas, em especial na sua face inferior. foto - nervação reticulada saliente na face inferior do limbo (Campomanesia guazumifolia). Tipos de folhas compostas Unifoliada: com apenas 1 folíolo. A folha composta unifoliolada diferencia-se de uma folha simples pela presença de uma pequena articulação em sua base, no ponto em que se une com o pecíolo. Bifoliolada: com 2 folíolos Trifoliolada (ou ternada): com 3 folíolos Penada: com folíolos saindo dos dois lados em toda a extensão do pecíolo principal ou ráquis. paripenada: folhas terminando em um par de folíolos imparipenada: folhas terminando em um folíolo terminal Palmada: com 3 ou mais folíolos saindo do ápice do pecíolo principal ou ráquis. Bipinada (ou recomposta): folhas duplamente compostas, acontece quando os folíolos são também compostos. Exemplos de folhas compostas MARGEM inteira: liso, sem deformação ou divisão. aculeada:com pontas agudas e rígidas na margem do limbo. Ex. abacaxi. crenada: com dentes obtusos ou arredondados. Ex. folha-da-fortuna. dentado: com dentes regulares não inclinados. Ex. roseira. serrada: dentes como os da serra, inclinados para o ápice. lobada: limbo dividido em lobos mais ou menos arredondados. Lobos menores que a metade do semilimbo (nas folhas peninérveas) ou do limbo (nas folhas palminérveas). Subdividem-se em pinatilobadas (bico-de-papagaio) ou palmatilobadas (guaxima). sinuosa: incisões entre projeções marginais de qualquer tipo - lobos, dentações, serrações ou crenações. espaçada: intervalos entre pontos nos dentes ou crenações. seriada: dentes separados em grupos. revoluta ou enrolada: margem virada para baixo ou enrolada sobre si mesma, como um pergaminho. Aplica-se para margens inteiras ou não-inteiras. irregular: margem irregular, como se fosse mastigada.
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