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Osteologia da Face

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UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES
MARCELA LAVOURA DA CUNHA
VANESSA PEREIRA DIAS
OSTEOLOGIA DA FACE
Mogi das Cruzes, SP
2018
UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES
MARCELA LAVOURA DA CUNHA RGM 11152100061
VANESSA PEREIRA DIAS RGM 11152501189
OSTEOLOGIA DA FACE
Trabalho apresentado ao curso de Odontologia da Universidade de Mogi das Cruzes para obtenção de nota parcial na disciplina de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial.
Mogi das Cruzes, SP
2018
Introdução
O viscerocrânio ou esqueleto da face corresponde aos dois terços inferiores do crânio, é constituído por ossos que circundam a cavidade bucal, cavidade nasal e contribuem para a arquitetura das órbitas (cavidades orbitais). É chamado de viscerocrânio porque é nele que se localizam as aberturas do sistema digestório, respiratório e os órgãos do sentido.
O esqueleto da face é composto por 14 ossos que podem ser estudados separadamente dos ossos do crânio, estes podem ser classificados como ossos pares como no caso das maxilas, conchas nasais, ossos zigomático, ossos palatino, nasais e lacrimais; ou ossos impares como no caso do osso vômer e da mandíbula que é o único osso móvel da face. 
O esqueleto da face forma a região anterior do crânio contendo orbitas, cavidades nasais, maxila e mandíbula e pode ser delimitada da fronte até o mento, e de uma orelha externa até a outra. O formato básico da face é determinado pelos ossos adjacentes. 
Os ossos que compõem o viscerocrânio são ossos irregulares e tem seu crescimento mais demorado do que os da calvária, são unidos por articulações fibrosas (suturas) com exceção da mandíbula que é móvel e se liga ao crânio através de uma articulação sinovial de amplos movimentos (Articulação Temporomandibular) e todos eles se articulam com as maxilas que vem a ser a porção mais central e importante do esqueleto facial.
Ossos da face
Nasais
Os ossos nasais são pequenos, pares, regulares e articulam-se com quatro ossos, sendo eles o frontal, o etmóide, as maxilas e o nasal do lado oposto. O osso nasal se conecta com o osso frontal através da sutura frontonasal e com a maxila através da sutura nasomaxilar. 
Os ossos nasais ligados entre si formam o dorso do nariz e a margem livre dos ossos nasais de ambos os lados inicia o contorno superior da abertura piriforme (abertura óssea da cavidade nasal), que é completado pelas maxilas e delimitam a espinha nasal anterior. 
O músculo da mímica prócero tem origem no osso nasal e cartilagem nasal lateral.
Os ossos nasais, maxilas e cartilagem constituem o esqueleto do nariz. 
Lacrimais
Os ossos lacrimais são os menores e mais frágeis da face, são pequenos, pares e se localizam na região anterior da parede medial interna da cavidade orbital e se articulam com quatro ossos, sendo eles o frontal, etmóide, maxila e a concha nasal inferior, pelas suturas frontolacrimal, lacrimozigomática, lacrimomaxilar e a nasolacrimal respectivamente. 
Tem uma concavidade que quando se articula com o sulco lacrimal da maxila, forma a fossa do saco lacrimal, que aloja o saco lacrimal (pequena câmara para qual ás lágrimas são drenadas). Essa fossa se comunica com a cavidade nasal por meio do ducto lacrimonasal, o que permite a drenagem de secreções lacrimais para a cavidade nasal. 
O osso lacrimal apresenta duas faces e quatro bordos, sendo que a face externa apresenta a crista lacrimal posterior que se continua inferiormente por uma pequena apófise, o hámulo lacrimal. Já a face interna desse osso corresponde as fossas nasais.
O músculo da mímica orbicular do olho tem a origem no osso lacrimal.
Conchas nasais 
As conchas nasais são ossos pares localizados ao longo da parede lateral da cavidade nasal e articulam com quatro ossos, o etmóide, as maxilas, os lacrimais e os palatinos. 
É uma lâmina de osso esponjoso que tem uma concavidade voltada para baixo, delimitando dessa forma o meato nasal inferior, por onde passa o ar. As conchas dão forma à cavidade nasal, e seu formato favorece a passagem de ar. 
Superiormente a concha nasal inferior esta a concha nasal media e concha nasal superior. Ela tem duas superfícies, duas bordas e duas extremidades. 
A cavidade nasal tem então três pares de conchas nasais, superior, médio e inferior, mas as conchas superiores e medias fazem parte do osso etmoide, enquanto as inferiores são ossos distintos. 
Vômer
O vômer é um osso ímpar, pequeno, situado na região inferior face, central, que se localiza no assoalho da cavidade nasal e forma as porções posteriores e inferiores do septo nasal. Esse osso se articula com mais seis ossos, o esfenóide, o etmóide, os maxilares e os palatinos.
Na sua porção superior se articula com a lâmina perpendicular do etmóide e com a face inferior do corpo do esfenóide. O vômer forma a parte inferior do septo nasal ósseo, a partição que divide a cavidade nasal em lado direito e esquerdo.
Sua margem posterior constitui o limite mediano das coanas que são a aberturas posteriores da cavidade nasal. 
Palatinos
Os ossos palatinos são pares, irregulares e constituídos por uma lâmina horizontal, um processo piramidal e uma lâmina perpendicular, e juntos formam a parte posterior do palato duro (que separa a cavidade nasal da cavidade oral) e as paredes laterais da cavidade nasal. 
A lâmina perpendicular localiza-se medialmente ao processo pterigóideo do esfenóide na parte mais posterior da cavidade nasal e sua face superior contribui com uma pequena parte do assoalho da órbita, limitando o canal óptico. As duas lâminas horizontais articulam-se com os processos palatinos da maxila por meio da sutura palatina transversa construindo a parte óssea do palato duro.
Na parte lateral da lâmina horizontal, medialmente ao último molar, esta o forame palatino maior. Este representa a abertura do canal palatino maior (um canal de trajeto descendente, lateralmente a lâmina perpendicular do palatino), proveniente da fossa pterigopalatina, de onde vem nervos e vasos palatinos maiores, que nele emergem. Na parte anteromedial da fossa pterigopalatina, existe o forame esfenopalatino que da acesso a cavidade nasal.
Atrás do forame palatino maior estão os forames palatinos menores, onde emergem nervos e vasos palatinos menores, também provenientes da fossa pterigopalatina. A frente do forame palatino maior existe o sulco palatino, pelo qual surgem nervos e vasos palatinos maiores de uma direção póstero-anterior. 
Na margem posterior do palato ósseo as lâminas horizontais dos ossos palatinos formam uma projeção posterior mediana chamada espinha nasal posterior.
Zigomático
O osso zigomático é um osso par, de forma irregular, de ossificação intramembranosa e é considerado o osso da ‘’maçã do rosto’’ por ser mais saliente na face. 
“O osso zigomático forma a maior parte da bochecha. Fornece local para a fixação do masseter” (Netter, 2007,37).
O osso zigomático é dividido em três partes: processo frontal, processo temporal e processo maxilar. O processo frontal do zigomático que em sua extremidade articula-se com o osso frontal, superiormente através da sutura frontozigomática, o processo temporal do zigomático articula-se com o osso temporal através da sutura temporozigomática constituindo assim parte do arco zigomático e o processo maxilar do zigomático articula-se com a maxila anteroinferiormente através da sutura zigomaticomaxilar.
Voltada para a fossa temporal está a face temporal do osso zigomático, cuja borda se articula com o osso esfenóide. Na face temporal encontra-se o forame zigomaticofacial por onde emerge o nervo homólogo. A face lateral do osso é convexa e lisa, apresentando os forames zigomaticofaciais por onde emerge o nervo homólogo. Sua face orbital constitui parte do assoalho e da parede lateral da cavidade orbital. Nela se encontra o forame zigomáticoorbital, por onde penetra o nervo zigomático, ramo do nervo maxilar. 
"Há três forames no zigomático: forame zigomáticoorbital, foramezigomaticofacial, forame zigomaticotemporal” (Netter, 2007,37).
O músculo da mastigação masseter tem sua origem no osso zigomático.
“Parte superficial: da margem inferior, 2/3 anteriores (tendíneo). Parte profunda: terço posterior da margem inferior e da face interna” (Sobotta, 2000,71)
Os músculos da mímica zigomático maior e zigomático menor têm sua origem no osso zigomático. 
 “Músculo zigomático menor tem sua origem próximo a sutura zigomáticomaxilar. Músculo zigomático maior tem sua origem próxima da sutura zigomaticotemporal” (Sobotta, 2000,76)
Maxila
A maxila é um osso par, pneumático, de ossificação intramembranosa e de forma irregular que se localiza na região mais central do esqueleto da face, articulando-se com todos os ossos do viscerocrânio com exceção da mandíbula. A maxila tem maior proporção de osso esponjoso do que compacto, o que a caracteriza como osso pouco denso.
“A maxila articula-se com a maxila do lado oposto e com o osso frontal, esfenóide, nasal, vômer e etmóide; concha nasal inferior; ossos palatino, lacrimal e zigomático e com as cartilagens do septo nasal e cartilagens nasais.” (Netter, 2007,43).
Uma maxila se conecta com a outra através da sutura intermaxilar, com o osso frontal é através da sutura frontomaxilar, com o osso nasal é através da sutura nasomaxilar, com o osso zigomático é através da sutura zigomáticomaxilar e com o osso lacrimal através da sutura lacrimomaxilar.
A maxila é dividida em cinco partes: corpo da maxila, processo frontal, processo zigomático, processo palatino e processo alveolar.
Corpo da maxila é a maior parte do osso e tem o formato de pirâmide além de conter os seios nasais, o corpo da maxila também da origem a quatro diferentes regiões: face orbital, face nasal, face infratemporal, face anterior.
O processo frontal estende-se superiormente para articular com os ossos nasal, frontal, etmóide e lacrimal. Forma o limite posterior da fossa lacrimal.
O processo zigomático estende-se lateralmente para articular-se com o processo maxilar do osso zigomático.
Processo palatino estende-se medialmente para formar grande parte do palato duro. Articula-se com o processo palatino do lado oposto e com a lâmina horizontal do osso palatino. O forame incisivo localiza-se na porção anterior.
 O processo alveolar é a parte da maxila que suporta todos os dentes superiores. Projeta-se inferiormente na maxila. Cada maxila contém cinco dentes primários e oito dentes permanentes 
Músculos da mímica bucinador, levantador do lábio superior, levantador do ângulo da boca e levantador do lábio superior e asa do nariz se originam na maxila. 
“Músculo bucinador tem origem na parte inferior do processo alveolar da maxila. Músculo levantador do lábio superior tem origem na margem infraorbital e parte adjacente do processo zigomático da maxila. Músculo levantador do ângulo da boca tem origem na fossa canina da maxila. Músculo levantador do lábio superior e asa do nariz têm origem no processo frontal da maxila” (Sobotta, 2000,76)
Na maxila também temos o forame infraorbital que é o caminho por onde o nervo infraorbital se exterioriza. 
Mandíbula
A mandíbula é um osso ímpar, irregular, de ossificação intramembranosa e o único do crânio com mobilidade, e nela se inserem todos os músculos da mastigação.
“tem formato de ferradura e todos os músculos da mastigação se fixam a mandíbula” (Netter, 2007,46)
A mandíbula tem um corpo com disposição horizontal e dois ramos, dispostos verticalmente. Entre o corpo e os ramos, de cada lado, está o ângulo da mandíbula e ela pode ser dividida em cinco partes: corpo da mandíbula, ramo da mandíbula, processo coronóide, processo condilar, parte alveolar.
 Corpo da mandíbula:
A delimitação inferior do corpo é denominada base da mandíbula, onde em cada lado na linha média desta se encontra a fóvea digástrica. Na face lateral do corpo encontram-se os seguintes acidentes anatômicos:
 - linha oblíqua que representa a inserção o m. bucinador.
 - forame mental, que representa a saída o canal mandibular e por onde emergem vasos e nervos mentuais.
 - protuberância mentual, que se localiza na região de sínfise mentual e na sua lateral encontra-se a fossa mentual e o tubérculo mentual.
Na face medial do corpo encontramos os seguintes limites anatômicos:
 - linha milo-hióidea, onde se insere o músculo homólogo, e o limite posterior dessa linha fornece fixação para a rafe pterigomandibular.
 - fóvea submandibular, onde se aloja a glândula submandibular.
 - fóvea sublingual, onde se aloja a glândula sublingual.
 - processos genianos, onde se insere os músculos gênio-hióideos e gênio-glosso.
Também na face medial, em sua linha media encontramos a espinha geniana superior e a espinha geniana inferior, bem como a fossa digástrica.
O canal mandibular atravessa o corpo da mandíbula e é nele que contém vasos e nervos alveolares inferiores até a região dos dentes pré-molares. 
Ramo da mandíbula:
O ramo encontra-se com o corpo da mandíbula no ângulo da mandíbula. A parte superior divide-se em um processo coronóide anteriormente e um processo condilar posteriormente, separados pela incisura da mandíbula.
Na face lateral e ângulo da mandíbula encontra-se a tuberosidade massetérica. Na face medial no ângulo da mandíbula, esta a tuberosidade pterigóidea. Entre borda anterior do ramo da mandíbula está à fossa retromolar. Na face medial do ramo se encontra o forame mandibular, por onde passa o canal mandibular. A frente do forame tem a língula e abaixo do forame esta o sulco-milo-hióideo por onde transitam vasos e nervos homólogos em direção ao assoalho da boca. 
 Processo coronóide:
É uma saliência que fica anteriormente ao processo condilar, separado pela incisura mandibular, e nas suas bordas e face medial se insere o músculo temporal. Medialmente ao processo coronóide se tem a crista temporal.
 Processo condilar:
O processo condilar é comporto pela cabeça da mandíbula que se articula com a fossa mandibular do osso temporal na articulação temporomandibular, colo da mandíbula superiormente e fóvea pterigóidea. 
 Parte Alveolar:
A parte alveolar se projeta superiormente a partir do corpo da mandíbula e é formada por lâminas ósseas, e é a parte da mandíbula que suporta os dentes inferiores. Cada lado da mandíbula contém cinco dentes primários e oito dentes permanentes. 
Inserção dos músculos da mastigação:
 -M. temporal: inserção no ápice e face medial do processo coronóide da mandíbula.
 -M. masseter: parte superficial se insere no ângulo da mandíbula, tuberosidade massetérica. Parte profunda se insere na face externa do ramo da mandíbula.
 -M. pterigóideo medial: inserção na face medial do ângulo da mandíbula, tuberosidade pterigóidea.
 -M. pterigóideo lateral: inserção na fóvea pterigóidea do processo condilar da mandíbula, disco e capsula da articulação temporomandibular. 
Origem e inserção dos músculos da mímica:
 -M. bucinador: origina-se na rafe pterigomandibular; parte inferior do processo alveolar da mandíbula.
 -M. abaixador do lábio inferior: origina-se medial a base da mandíbula por baixo do forame mentual. Inserção no lábio inferior e protuberância do mento.
 -M. mental: originam-se nas eminências alveolares dos dentes incisivos laterais inferiores.
 -M. abaixador do ângulo da boca: origina-se na base da mandíbula por baixo do forame mentual.
 -M. platisma: origina-se na base da mandíbula, fáscia parotídea.
 
 
Conclusão
Tendo em vista os aspectos observados, os 14 ossos da face (seis pares e dois ímpares) articulam-se harmonicamente promovendo uma arquitetura favorável para o funcionamento do sistema respiratório e digestório, além de oferecer suporte para a passagem de nervos, artérias e vasos.
São nos ossos da face que também se originame inserem alguns dos músculos da mastigação e da mímica. Os músculos da mastigação são de extrema importância para realizarmos tarefas cotidianas como mastigar um alimento. Esses músculos são responsáveis por fazer o movimento de protrusão, abertura da boca e fechamento. Os músculos da mímica que se originam nos ossos da face têm grande relevância para a expressão facial, e fazem diferentes tarefas como assoprar, fechar as pálpebras além de auxiliar na mastigação.
 
Referências bibliográficas 
SOBOTTA, Johannes. Atlas de Anatomia Humana. 21ed. 2000.
NETTER, Frank H. Atlas de Anatomia Humana, volume único. 2007.
MADEIRA, M. C. Anatomia da face: bases anátomo-funcionais para a prática odontológica. 5.ed. 2006.
ROSSI, Marcelle A. Anatomia Craniofacial Aplicada a Odontologia. 2.ed 2017.
TORTORA, Gerard J. Principios de Anatomia Humana. 12.ed. 2013

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