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1 AULA 2 – PRINCÍPIOS CONTÁBEIS APLICADOS NA CONTABILIDADE DE CUSTOS CONTABILIDADE DE CUSTOS AULA 2 PRINCÍPIOS CONTÁBEIS APLICADOS NA CONTABILIDADE DE CUSTOS Autor: Prof. 2 AULA 2 – PRINCÍPIOS CONTÁBEIS APLICADOS NA CONTABILIDADE DE CUSTOS 2.0 INTRODUÇÃO ocê já se deu conta de que a Contabilidade de Custos e outras ciências são sempre reguladas por algumas normas ou teve a curiosidade de saber por que alguma regra da contabilidade é feita de uma forma e não de outra? Tem a mínima ideia do que seja custeio por absorção ou de por que uma empresa deve adotá-lo ao invés do custeio variável? Esses assuntos serão detalhados nesta unidade, que possui por objetivo abordar os mais importantes princípios contábeis aplicados na contabilidade de custos. Nesse contexto, você conhecerá os principais regulamentos contábeis, que têm a função de organizar as ações da contabilidade no tocante à apuração e à apropriação dos custos no contexto empresarial e de desencadear a sua correta destinação nesse complexo sistema. Além disso, esta unidade irá abordar o custeio por absorção, metodologia derivada dos princípios contábeis de apuração de custos e a única aceita pela legislação contábil e tributária no Brasil. É um método no qual todos os custos de produção são atrelados aos bens elaborados em determinado período, eliminando-se os gastos não envolvidos diretamente nela. Também será descrita a margem de contribuição, que é muito usada como forma de expor valores financeiros que derivam do preço de venda dos produtos, pelos quais, ao se subtrair os custos variáveis, tem-se o que “sobra” do preço de venda de cada produto. Desse modo, o valor da margem de contribuição mostra quais são os valores financeiros que foram obtidos pela empresa na venda de seus produtos e qual foi o ganho que a mesma teve com cada um após eliminar os custos variáveis. Como complemento ao uso da margem de contribuição há o conceito de ponto de equilíbrio, que ilustra qual o montante de produtos comercializados para que a empresa consiga cumprir com todos os seus compromissos financeiros. Por fim, esta unidade irá expor os conceitos e a utilização da alavancagem operacional no contexto da contabilidade de custos. Espera-se que, após você conhecer todos esses temas, tenha capacidade de: definir principais princípios contábeis utilizados na contabilidade de custos; descrever conceitos do custeio por absorção; enumerar tópicos sobre análises custo-volume-lucro, ponto de equilíbrio e margem de contribuição; descrever conceitos da alavancagem operacional. v 3 AULA 2 – PRINCÍPIOS CONTÁBEIS APLICADOS NA CONTABILIDADE DE CUSTOS 2.1. Principais Princípios Contábeis Aplicados na Contabilidade de Custos Neste tópico você conhecerá os princípios contábeis que são aplicados na contabilidade de custos, através da exposição e detalhamento das principais normas e regras no tocante ao processo de contabilização dos custos, despesas, receitas, ganhos e lucros. Nesse contexto, para cada ação que a contabilidade de custos deve realizar são previstos princípios contábeis que precisam ser seguidos, como forma de atendimento aos objetivos que a mesma se propõe a alcançar. Assim, ao seu final, você deve ter condições de: definir principais princípios contábeis utilizados na contabilidade de custos. 2.1.1. Princípios da Contabilidade de Custos Figura 1 – Imagem indicativa dos princípios contábeis aplicados aos custos. Fonte: Shutterstock (2014). A contabilidade de custos é um ramo da contabilidade que se preocupa em apurar e alocar todos os custos empresariais dos diversos negócios existentes, como forma de atingir alguns objetivos, de acordo com o foco dado em cada análise, que pode ser, por exemplo, o perfeito cumprimento da legislação tributária brasileira ou a tomada de decisão gerencial pelos donos e acionistas de empresas. 4 AULA 2 – PRINCÍPIOS CONTÁBEIS APLICADOS NA CONTABILIDADE DE CUSTOS Assim, para atender a todos os objetivos a que se propõe, a contabilidade de custos precisa seguir alguns princípios, que são determinados por órgãos competentes e que servem como direcionador para que todas as ações dessa ciência sejam desempenhadas adequadamente por cada empresa. Confira, a seguir, quais são os principais princípios aplicados na contabilidade de custos. PRINCÍPIO DA REALIZAÇÃO DA RECEITA Figura 2 – Gráfico indicativo do custo e da receita. Fonte: Shutterstock (2014). Esse princípio reconhece que o resultado do exercício de uma empresa só é obtido pela realização de uma receita, ou seja, essa precisa ter um ganho financeiro, também chamado de faturamento, para conseguir os resultados esperados. Além disso, as receitas somente podem acontecer quando há uma entrega de produtos ou serviços para algum cliente consumidor que os adquira em troca do valor correspondente. Esse fato gera alguns conflitos entre as várias ciências (Contabilidade, Economia, Sociologia, Administração e Direito, entre outras, que abordam esse assunto), visto que em cada uma o conceito de lucro pode surgir de forma 5 AULA 2 – PRINCÍPIOS CONTÁBEIS APLICADOS NA CONTABILIDADE DE CUSTOS diferente. As indústrias, por exemplo, somente reconhecem a realização da receita no momento da efetiva transferência do bem elaborado para o cliente, enquanto que a contabilidade financeira e a econômica preveem o lucro no momento da produção, visto que já existe um potencial de elaboração do produto e de entrega ao consumidor e consideram a sua existência mesmo antes do seu recebimento em dinheiro ou entregas futuras. Da mesma maneira acontece com os custos, que são analisados como estoques ao longo do processo de elaboração dos produtos e serão contabilizados no momento futuro. PRINCÍPIO DA COMPETÊNCIA OU DA CONFRONTAÇÃO ENTRE DESPESAS E RECEITAS Aborda como devem ser reconhecidas as despesas e em qual momento isso acontece. Desse modo, logo após uma receita ter sido produzida também deve- se computar todas as despesas e custos que foram atribuídos a essa geração, ou seja, aqueles que estão relacionados à fabricação do produto ou à prestação do serviço vendido. O custo do produto vendido (CPV) só existirá quando esse for negociado, no momento em que gerou receita. Assim, a receita é reconhecida no momento de sua realização, ou seja, quando acontece a venda, mesmo que não tenha existido o efetivo pagamento financeiro pelo produto ou serviço. As despesas, teoricamente, devem ser deduzidas logo após a geração de receitas, pois são deduzidos todos os valores representativos desses esforços de produção e comercialização dos produtos entregues aos consumidores. Dessa maneira, existe uma sequência atribuída a esse princípio, que consta, primeiramente, da apropriação das receitas em função de sua ocorrência ou realização, e, em um segundo momento, da realização das despesas e custos relacionados ao processo de obtenção de receitas. Por fim, deve-se fazer a devida apropriação das despesas dos processos que não estiverem relacionados com a geração das receitas. 6 AULA 2 – PRINCÍPIOS CONTÁBEIS APLICADOS NA CONTABILIDADE DE CUSTOS PRINCÍPIO DO CUSTO HISTÓRICO COMO BASE DE VALOR Figura 3 – A busca e o uso de valor é o objetivo das empresas. Fonte: Shutterstock (2014). Esse princípio expõe que os valores de entrada dos ativos (iniciais) devem ser contabilizados de forma original, ou seja, aqueles com que foram adquiridos. Esses são chamadosde custo histórico. Isso gera alguns conflitos, como na avaliação dos estoques pelo método da média ponderada, que atualiza os valores de entrada dos produtos. Outra forma de conflito diz respeito ao ambiente inflacionário, visto que em momentos de alta inflação os produtos estocados são desvalorizados em função desse contexto e, como o lançamento necessita ser feito pelo custo histórico, essas atualizações, via de regra, não são realizadas. Figura 4 – Efeitos da inflação nos negócios. 7 AULA 2 – PRINCÍPIOS CONTÁBEIS APLICADOS NA CONTABILIDADE DE CUSTOS Fonte: Shutterstock (2014). Imagine, por exemplo, que um determinado produto é adquirido por R$ 4.500, fica estocado por um determinado período para depois ser vendido por R$ 5.500 e a inflação, nesse tempo, tenha sido de 10%. Veja o que acontece! na hipótese de valor puramente histórico: Venda = R$ 5.500; (-) Custo do produto vendido (CPV) = R$ 4.500; Lucro bruto = R$ 1.000. Custo histórico do produto vendido corrigido: Venda = R$ 5.500; (-) Custo do produto vendido (CPV) = R$ 4.500,00 x 1,1 = R$ 4.950,00; Lucro bruto = R$ 550. PRINCÍPIO DA CONSISTÊNCIA OU UNIFORMIDADE O princípio da consistência ou uniformidade prega que sempre que um determinado critério contábil for adotado pela empresa para fazer certas ações expostas no processo empresarial, esse precisa ser seguido em todos os momentos. Se a empresa, por exemplo, adota o método PEPS (primeiro que entra, primeiro que sai) para movimentação dos estoques, essa metodologia também deve ser usada em outros exercícios. PRINCÍPIO DO CONSERVADORISMO OU DA PRUDÊNCIA Figura 5 – Um dos princípios da contabilidade de custos é a prudência. 8 AULA 2 – PRINCÍPIOS CONTÁBEIS APLICADOS NA CONTABILIDADE DE CUSTOS Fonte: Shutterstock (2014). Esse princípio expõe que sempre devem ser analisadas as várias opções existentes em todos os trabalhos contábeis, bem como a utilização de seus mecanismos e ferramentas. Além disso, prega a adoção da alternativa mais pessimista, como forma de se defender de potenciais erros que possam existir, principalmente no tocante aos custos, despesas, lucros e receitas. Se, por exemplo, em determinado momento for preciso tratar algum gasto como ativo ou redução do patrimônio líquido, deve se fazê-lo pela forma mais pessimista, ou seja, como redução do patrimônio líquido. Da mesma forma, se for preciso avaliar o custo de aquisição ou de fabricação de um determinado produto que está em estoque e esse esteja excedendo o valor de venda, então é preciso reduzi-lo, atribuindo os valores de custos ou os de mercado, geralmente aquele que for menor. PRINCÍPIO DA MATERIALIDADE OU DA RELEVÂNCIA Aborda quais itens da empresa que possuem valor irrisório devem ter um tratamento contábil de menor valor, ou seja, não é preciso se dar tanta importância para a contabilização desse produto pela sua baixa relevância. A intenção é focar e dirigir esforços para os itens de maior expressão. Para Refletir... para ampliar seus conhecimentos, veja os vídeos Contabilidade na TV - Programa 79 - Princípios Contábeis - parte 4, disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=9S5qNXZpYCI>, Contabilidade na TV - Programa 83 - Regime de Competência ou de Caixa?, disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=5sJzdh1eBB8>, Contabilidade - Aula 04 - Princípios contábeis, disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=9KK3CtQPBwQ>, e Contabilidade 04 Princípios Contábeis Entidade e Competência Parte 1, disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=NImc8H_1MEk 9 AULA 2 – PRINCÍPIOS CONTÁBEIS APLICADOS NA CONTABILIDADE DE CUSTOS 2.2. Custeio por Absorção Você já pensou se é possível, no Brasil, apurar os custos com diferentes critérios ou se a contabilidade de custos é feita de apenas uma maneira? E se há mais de uma metodologia, como escolher a melhor? Este tópico vai abordar o custeio por absorção, único método de apuração de custos aceito pela legislação contábil e tributária, com exposição de seus procedimentos de forma teórica e prática, através do detalhamento de alguns exemplos. Dessa forma, ao seu final, espera-se que você consiga: descrever conceitos do custeio por absorção. 2.2.1. Como Funciona o Custeio por Absorção O custeio por absorção é uma forma de apurar os custos empresariais que tem como base que todos os custos de produção são atrelados aos bens elaborados em determinado período, com a eliminação dos gastos que não foram utilizados para fazer o produto. Portanto, fique atento a um detalhe importante desse tipo de apuração: devem ser separados os custos efetivos das despesas operacionais, para que seus lançamentos sejam feitos de forma diferente no momento de desenvolver o resultado do exercício. Além disso, os custos são efetivamente atrelados à quantidade de produtos elaborados que foram comercializados em determinado período, enquanto que aqueles que não foram negociados (estoques) somente serão contabilizados em um momento futuro, quando ocorrer a venda desses. Assim, para exemplificar, suponha que uma empresa produziu 2.000 unidades de um determinado produto, com custos totais na ordem de R$ 18.000,00, despesas operacionais de R$ 6.000,00 e que tenham sido comercializados apenas 1.600 itens, ao preço unitário de R$ 25,00, como é mostrado pela Figura 6. Produção Vendas 2.000 1.600 Preço de Venda (unitário) R$ 25,00 CUSTOS DESPESAS R$ 18.000,00 R$ 6.000,00 Figura 6 – Dados iniciais do exemplo. Fonte: Marcomini (2014). 10 AULA 2 – PRINCÍPIOS CONTÁBEIS APLICADOS NA CONTABILIDADE DE CUSTOS Com essas informações, você deve elaborar o demonstrativo do resultado do exercício, a começar pelo cálculo da receita de vendas, que é encontrada pela multiplicação entre a quantidade vendida e o preço unitário. Como a empresa vendeu 1.600 unidades ao preço unitário de R$ 25,00, a receita total de vendas será de R$ 40.000,00. A parte seguinte consiste em encontrar o custo dos produtos vendidos (CPV), que é obtido pela multiplicação entre a quantidade comercializada e o custo unitário total. Desse modo, como foram vendidas 1.600 unidades, o custo unitário total é encontrado pela divisão entre os custos totais e a quantidade de produtos elaborados, que, nesse caso, foi de 2.000. Ao se fazer os cálculos, tem-se que a empresa teve custos na ordem de R$ 18.000,00, que devem ser divididos por 2.000 unidades produzidas, o que gera um custo unitário de R$ 9,00 (18.000 / 2.000 = 9,00). Assim, para encontrar o CPV, basta multiplicar a quantidade vendida, de 1.600 unidades, por R$ 9,00, o que resulta em R$ 14.400,00. O próximo passo é calcular o lucro bruto, que é a diferença entre a receita de vendas e o custo dos produtos vendidos. Para isso, basta subtrair o valor de R$ 14.400,00, do CPV, da receita de vendas, de R$ 40.000,00, para se chegar ao resultado de R$ 25.600,00 como lucro bruto. Para, enfim, encontrar o lucro líquido, basta deduzir do lucro bruto os valores das despesas operacionais. Desse modo, do lucro bruto de R$ 25.600,00 é preciso subtrair as despesas operacionais, de R$ 6.000,00, o que dará R$ 19.600,00. Confira na Figura 7 todo o desenvolvimento do demonstrativo do resultado do exercício do exemplo: EMPRESA Vendas Preço unitário Receita de vendas 1.600 R$ 25,00 R$ 40.000,00 Custo dos produtos vendidos (CPV) 1.600 R$ 9,00 R$ 14.400,00 Lucro bruto R$ 25.600,00 Despesasoperacionais R$ 6.000,00 Lucro líquido R$ 19.600,00 Figura 7 – Resultados do exemplo. Fonte: Marcomini (2014). 11 AULA 2 – PRINCÍPIOS CONTÁBEIS APLICADOS NA CONTABILIDADE DE CUSTOS Perceba que o custo dos produtos vendidos (CPV) da empresa foram apropriados à quantidade efetivamente vendida e também deduziu-se as despesas operacionais, mas fez-se esse processo de forma separada. Desse modo, veja alguns passos para fazer as operações adequadas para a apuração do custeio por absorção: separação de custos e despesas; apropriação dos custos diretos e indiretos à produção realizada no período; cálculo e apuração do custo dos produtos vendidos; apuração do resultado. A fim de que você grave essa sequência, acompanhe um segundo exemplo da contabilização dos custos por absorção! Suponha que uma empresa tenha produzido 14.000 unidades de um determinado produto, com custos totais na ordem de R$ 431.337,00 e despesas operacionais de R$ 220.000,00. Dessas unidades, foram comercializadas apenas 10.000, ao preço unitário de R$ 80,00, como é mostrado pela Figura 8. Produção Vendas 14.000 10.000 Preço de Venda (unitário) R$ 80,00 CUSTOS DESPESAS R$ 431.337,00 R$ 220.000,00 Figura 8 – Dados iniciais do segundo exemplo. Fonte: Marcomini (2014). Note que nesse caso são fornecidos os valores dos custos e despesas apropriados no processo de produção no período em destaque, conforme é exposto na Figura 9, abaixo: Para Refletir... no custeio por absorção, o cálculo do CPV considera apenas a quantidade vendida de produtos e não o valor total produzido no período 12 AULA 2 – PRINCÍPIOS CONTÁBEIS APLICADOS NA CONTABILIDADE DE CUSTOS CUSTOS DIRETOS Matéria-prima R$ 152.000,00 Embalagem R$ 23.000,00 Mão de obra direta R$ 112.000,00 TOTAL R$ 287.000,00 CUSTOS INDIRETOS Materiais indiretos R$ 44.677,00 Mão de obra indireta R$ 48.000,00 Energia elétrica-fábrica R$ 23.000,00 Combustíveis R$ 2.700,00 Manutenção de máquinas R$ 4.800,00 Telefone da fábrica R$ 7.660,00 Depreciação e seguros (fábrica) R$ 9.000,00 IPTU R$ 4.500,00 TOTAL R$ 144.337,00 DESPESAS Despesas administrativas R$ 70.000,00 Despesas de marketing R$ 44.000,00 Despesas de vendas R$ 56.000,00 Outras despesas operacionais R$ 50.000,00 TOTAL R$ 220.000,00 Figura 9 – Custos e despesas do segundo exemplo. Fonte: Marcomini (2014). Comece a elaborar o demonstrativo do resultado do exercício pelo cálculo da receita de vendas, que é encontrada pela multiplicação entre a quantidade vendida e o preço unitário. Assim, se a empresa vendeu 10.000 unidades a R$ 80,00, essa será de R$ 800.000,00. O passo seguinte é encontrar o custo dos produtos vendidos (CPV), que é obtido pela multiplicação entre a quantidade de itens comercializados e o custo unitário total. Desse modo, já que foram vendidas 10.000 unidades e o custo unitário total é achado pela divisão entre os custos totais e a quantidade de produtos elaborados, de 14.000, tem-se que a empresa teve custos na ordem de R$ 431.337,00, que devem ser divididos por 14.000 unidades produzidas, o que gera um custo unitário de R$ 30,81 (431.337,00 / 14.000 = 30,81). Assim, para encontrar o CPV, basta multiplicar a quantidade vendida de 10.000 unidades por R$ 30,81, o que resulta em R$ 308.100,00. A próxima etapa é calcular o lucro bruto, que é a diferença entre a receita de vendas e o custo dos produtos vendidos. Para tanto, basta subtrair o valor de R$ 308.100,00, 13 AULA 2 – PRINCÍPIOS CONTÁBEIS APLICADOS NA CONTABILIDADE DE CUSTOS que é o CPV, da receita de vendas, de R$ 800.000,00, para se chegar ao resultado de R$ 491.900,00 como lucro bruto. Na continuação, deve-se encontrar o lucro líquido, ao qual se chega após deduzir do lucro bruto as despesas operacionais. Desse modo, do lucro bruto de R$ 491.900,00 subtrai-se os valores das despesas operacionais, que são de R$ 220.000,00, para se chegar ao lucro líquido, de R$ 271.900,00. Confira na Figura 10 todo o desenvolvimento do demonstrativo do resultado do exercício do exemplo: EMPRESA Vendas Preço unitário Receita de vendas 10.000 R$ 80,00 R$ 800.000,00 Custo dos produtos vendidos R$ 308.100,00 Lucro bruto R$ 491.900,00 Despesas operacionais R$ 220.000,00 Lucro líquido R$ 271.900,00 Figura 10 – Resultados do segundo exemplo. Fonte: Marcomini (2014). Com essa explanação, tem fim este tópico sobre custeio por absorção. Para Refletir... o custeio por absorção também é chamado de “custeio integral” e é um método derivado do sistema desenvolvido na Alemanha no início do século 20 conhecido por RKW (Reichskuratorium für Wirtschaftlichtkeit) Para Refletir... para aprofundar seus conhecimentos, confira os vídeos Custeio por absorção, rateio, exercícios resolvidos, disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=d03gjsnxt60>, Contabilidade de Custos - Custeio por Absorção e Variáveis, disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=JKQ8cG7_1Hk>, Custeio por Absorção 1, disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=h0BB51ecpRA>, e Análise de Custos - Exemplo de custeio por absorção, disponível em https://www.youtube.com/watch?v=2GuH3R7Egz4 14 AULA 2 – PRINCÍPIOS CONTÁBEIS APLICADOS NA CONTABILIDADE DE CUSTOS 2.3. Análises Custo-Volume-Lucro: Ponto de Equilíbrio Operacional, Econômico e Financeiro e Margem de Contribuição Você já ouviu falar em margem de contribuição e em ponto de equilíbrio? Sabe por que é preciso aprender sobre esses conceitos que parecem tão estranhos para a utilização na contabilidade de custos? Este tópico irá abordar esses dois componentes, que apesar da estranheza que possam causar à primeira vista, são muitos importantes, em especial a margem de contribuição, que demonstra o que “sobra” do preço de venda de cada produto depois de feitos todos os descontos relacionados aos custos variáveis, que como fora abordado na Unidade 1, são aqueles que oscilam em função da quantidade produzida de produtos em uma empresa. No mesmo contexto, a definição de ponto de equilíbrio ilustra qual o montante de produtos é necessário comercializar para que a empresa consiga cumprir com todos os seus compromissos financeiros. Dessa forma, ao final deste tópico, após ter conhecimento da teoria e da prática desses métodos, através de exemplos, você deve ser capaz de: enumerar tópicos sobre análises custo-volume-lucro, ponto de equilíbrio e margem de contribuição. 2.3.1. Margem de Contribuição e Ponto de Equilíbrio Operacional, Econômico e Financeiro A margem de contribuiçãoé muito usada como forma de expor valores financeiros que derivam do preço de venda dos produtos após a subtração dos custos variáveis. Ela mostra quanto a empresa obteve na comercialização de seus produtos e qual foi o ganho com cada um deles unitariamente. Dessa forma, pode-se calcular a margem de contribuição (MC) pela seguinte fórmula: MC = preço de venda unitário – custo variável unitário 15 AULA 2 – PRINCÍPIOS CONTÁBEIS APLICADOS NA CONTABILIDADE DE CUSTOS Fique atento a um detalhe importante! A margem de contribuição não corresponde ao lucro de um produto ou serviço vendido, pois ainda é necessário apurar os valores de todos os custos fixos, que não fazem parte desses cálculos. Portanto, a margem de contribuição serve para demonstrar qual é a relação entre o preço de venda dos produtos e seus custos variáveis, bem como para demonstrar o valor que irá sobrar para a apuração dos custos fixos e o lucro desejado. Suponha, por exemplo, que uma empresa tenha um produto que é vendido pelo preço de R$ 1.200,00, como uma televisão ou outro qualquer. Agora confira, na figura 11, os seus custos para produzi-lo e como se calcula a margem de contribuição. Cálculo da margem de contribuição (-) Despesas com vendas R$ 150,00 (-) Custos indiretos R$ 260,00 (-) Mão de obra R$ 315,00 (-) Serviços terceirizados R$ 84,00 Figura 11 – Exemplo de cálculo de margem de contribuição. Fonte: Marcomini (2014). Perceba que a empresa possui despesas com vendas de R$ 150,00, além de R$ 260,00 com custos indiretos, R$ 315,00 com funcionários e R$ 84,00 com serviços terceirizados, o que gera o valor total de R$ 809,00, que são todos os custos variáveis. Desse modo, para se encontrar o valor da margem de contribuição, é preciso aplicar a fórmula abaixo: MC = preço de venda unitário – custo variável unitário MC = 1.200,00 – 809,00 MC = 391,00 A margem de contribuição desse produto é de R$ 391,00, mas esse não é o lucro da empresa obtido na venda televisão, mas sim o valor financeiro resultante depois do pagamento dos custos variáveis. Para encontrar o lucro é preciso descontar também os custos fixos. Assim, imagine que a empresa tenha, por exemplo, custos fixos no valor de R$ 250,00 por unidade vendida. De forma geral, o seu lucro será de R$ 141,00, que é obtido pela subtração do valor da margem de contribuição pelos custos fixos (R$ 391,00 – R$ 250,00 = R$ 141,00). Essa suposição é apenas ilustrativa, pois os custos fixos são obtidos de forma total, tendo que se fazer o devido rateio pela quantidade produzida. 16 AULA 2 – PRINCÍPIOS CONTÁBEIS APLICADOS NA CONTABILIDADE DE CUSTOS Já o ponto de equilíbrio é um índice que mede a relação entre os custos totais e as receitas totais, indicando a quantidade física de produtos que uma empresa deve produzir (e vender) para que consiga cumprir com todas as suas obrigações financeiras, tanto as relacionadas aos custos variáveis quanto aos fixos. A apuração do lucro bruto da empresa surgirá pela diferença da quantidade de produtos realmente vendidos para a quantidade demonstrada no cálculo do ponto de equilíbrio. Se a quantidade vendida for maior do que os valores do ponto de equilíbrio, a empresa obteve lucro. No entanto, se a quantidade produzida e comercializada for menor do que o valor do ponto de equilíbrio, expõe que essa não obteve lucro e nem conseguiu arcar com todos os seus compromissos financeiros. Nesse contexto, pode-se calcular o ponto de equilíbrio de três formas, que são o ponto de equilíbrio contábil, o ponto de equilíbrio financeiro e o ponto de equilíbrio econômico. O ponto de equilíbrio contábil é a relação entre os custos fixos e a margem de contribuição e é dado pela fórmula: PE contábil = CF MC Para o ponto de equilíbrio financeiro, é necessário que sejam incluídos no cálculo dos custos os valores relacionados à depreciação e às possíveis dívidas que a empresa possa ter no período de análise. A fórmula é: PE financeiro = (CF – depreciação + dívidas) MC Por fim, para o cálculo do ponto de equilíbrio econômico são considerados os custos fixos e mais o valor desejado dos lucros, ou seja, é exposta a quantidade de produtos que precisam ser comercializados para que a empresa possa cumprir com as suas obrigações financeiras e mais o lucro pretendido. Esses valores devem ser divididos pela margem de contribuição, que expõe os custos variáveis e o preço de venda. Assim, o ponto de equilíbrio econômico considera todos os custos da empresa, inclusive a produção de lucros aos acionistas. É dado pela seguinte fórmula: Para Refletir... perceba que no cálculo da margem de contribuição é utilizado apenas o custo variável, desconsiderando-se qualquer tipo de custo fixo 17 AULA 2 – PRINCÍPIOS CONTÁBEIS APLICADOS NA CONTABILIDADE DE CUSTOS PE econômico = (CF + Lucro Desejado) MC Confira, agora, um exemplo prático desses cálculos para que você compreenda todos esses conceitos: Uma empresa fabrica três tipos de produtos de beleza. A linha de produção da mesma realiza o processo produtivo para xampu, condicionador de cabelos e perfumes. As quantidades anuais e o preço de venda unitário de cada um estão mostrados na Figura 12, logo abaixo. A empresa possui um empréstimo de R$ 100.000,00, que é dividido entre os produtos de forma igualitária, e os acionistas pretendem obter um lucro de 10% sobre o faturamento bruto total. Considere que não existem estoques e calcule a margem de contribuição de cada produto e os respectivos pontos de equilíbrio (contábil, econômico e financeiro). Produtos vendidos Produção anual (em unidades) Preço venda unitário XAMPU 212.355 R$ 12,00 CONDICIONADOR 97.355 R$ 18,00 PERFUMES 112.004 R$ 38,00 Figura 12 – Dados iniciais do exemplo. Fonte: Marcomini (2014). Veja que as quantidades produzidas de cada produto e os preços de venda são diferentes. Desse modo, a empresa fabricou 212.355 unidades de xampu e comercializou toda a sua produção ao preço de R$ 12,00 cada. Fez 97.355 frascos de condicionador, comercializados por R$ 18,00 a unidade, e, por fim, também produziu e vendeu 112.004 unidades de perfumes, ao valor unitário de R$ 38,00. Para facilitar o entendimento desse assunto, confira os devidos custos fixos, já rateados por cada produto. Veja que esses são expostos em valores financeiros anuais. Para saber o valor total dos custos fixos é preciso somar os custos dos três produtos em separado. Perceba também que os custos fixos são compostos apenas de três itens, que são a mão de obra, a depreciação e a manutenção, em valores anuais, expostos pela Figura 13: Custo fixo - XAMPU Mão de obra R$ 440.000,00 Depreciação (ano) R$ 72.000,00 Manutenção (ano) R$ 60.900,00 Custo fixo - XAMPU R$ 572.900,00 18 AULA 2 – PRINCÍPIOS CONTÁBEIS APLICADOS NA CONTABILIDADE DE CUSTOS Custo fixo - CONDICIONADOR Mão de obra R$ 280.000,00 Depreciação (ano) R$ 108.000,00 Manutenção (ano) R$ 91.350,00 Custo fixo - CONDICIONADOR R$ 479.350,00 Custo fixo - PERFUMES Mão de obra R$ 80.000,00 Depreciação (ano) R$ 60.000,00 Manutenção (ano) R$ 50.750,00 Custo fixo - PERFUMES R$ 190.750,00 Figura 13 – Custos fixos totais de cada produto do exemplo. Fonte: Marcomini (2014). Do mesmo modo, acompanhe os valores dos custos variáveis dos produtos,com cada um dos seus constituintes, que são apenas três (matéria-prima, energia e materiais indiretos), expostos de forma unitária. Pode-se verificar que o xampu possui o total de custos variáveis por unidade no valor de R$ 7,75, enquanto o do condicionador é de R$ 10,57 e o dos perfumes é de R$ 32,08, como mostra a Figura 14: Custo variável unitário - XAMPU Matéria-prima (unitário) R$ 2,50 Energia (unitário) R$ 1,80 Materiais indiretos (unitário) R$ 3,45 Custo variável unitário - XAMPU R$ 7,75 Custo variável unitário - CONDICIONADOR Matéria-prima (unitário) R$ 4,90 Energia (unitário) R$ 1,55 Materiais indiretos (unitário) R$ 4,12 Custo variável unitário- CONDICIONADOR R$ 10,57 Custo variável unitário - PERFUME Matéria-prima (unitário) R$ 18,00 Energia (unitário) R$ 2,20 Materiais indiretos (unitário) R$ 11,88 Custo variável unitário - PERFUME R$ 32,08 Figura 14 – Custos variáveis totais de cada produto do exemplo. Fonte: Marcomini (2014). 19 AULA 2 – PRINCÍPIOS CONTÁBEIS APLICADOS NA CONTABILIDADE DE CUSTOS De posse de todos os dados, o primeiro passo é realizar o cálculo da margem de contribuição de cada produto, que é a base para se encontrar o ponto de equilíbrio. Para isso, aplique a fórmula abaixo: MC = preço de venda unitário – custo variável unitário Desse modo, comece calculando a margem de contribuição para o produto xampu: MC = preço de venda unitário – custo variável unitário MC = 12,00 – 7,75 MC = 4,25 Em seguida, parta para o cálculo da margem de contribuição do produto condicionador: MC = preço de venda unitário – custo variável unitário MC = 18,00 – 10,57 MC = 7,43 Por fim, descubra a margem de contribuição para o produto perfumes: MC = preço de venda unitário – custo variável unitário MC = 38,00 – 32,08 MC = 5,92 A condensação desses cálculos está na Figura 15, a seguir: MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO XAMPU R$ 4,25 CONDICIONADOR R$ 7,43 PERFUMES R$ 5,92 Figura 15 – Resultados da margem de contribuição dos produtos. Fonte: Marcomini (2014). Agora, que já se sabe o valor da margem de contribuição, pode-se passar para as contas do ponto de equilíbrio. Serão calculados os três tipos diferentes de ponto de equilíbrio, com as peculiaridades de cada um Em primeiro lugar, você fará o cálculo do ponto de equilíbrio contábil, que utiliza a seguinte fórmula: PE contábil = CF MC Não esqueça que é preciso fazer esse cálculo para cada um dos três produtos da empresa. Aplicando a fórmula para o xampu, tem-se: 20 AULA 2 – PRINCÍPIOS CONTÁBEIS APLICADOS NA CONTABILIDADE DE CUSTOS PE contábil = CF MC PE contábil = 572.900 4,25 PE contábil = 134.800 Em seguida, faça as contas para o condicionador: PE contábil = CF MC PE contábil = 479.350 7,43 PE contábil = 64.515 Por fim, repita o procedimento com o produto perfumes: PE contábil = CF MC PE contábil = 190.750 5,92 PE contábil = 32.221 Os resultados obtidos pelo ponto de equilíbrio contábil dos três produtos você vê abaixo: Ponto de equilíbrio contábil CF/ MC XAMPU 134.800 CONDICIONADOR 64.515 PERFUMES 32.221 Figura 16 – Ponto de equilíbrio contábil dos produtos do exemplo. Fonte: Marcomini (2014). Isso significa que a empresa precisa produzir e comercializar 134.800 unidades de xampu somente para poder cumprir todas as suas obrigações financeiras no tocante aos custos fixos e aos variáveis atribuídos a esse produto. Nesse caso, ela produziu e vendeu 212.355. Da mesma forma, para o produto condicionador a empresa precisa produzir e comercializar 64.515 unidades somente para poder cumprir todas as suas obrigações financeiras no tocante aos custos fixos e aos variáveis. Nesse caso, ela fabricou e vendeu 97.355 unidades de condicionador, das quais 64.515 foram para cobrir os custos. Por fim, para o produto perfumes a empresa precisa fazer e comercializar 32.221 unidades para cumprir todas as suas obrigações financeiras em relação aos custos fixos e aos variáveis. Nesse caso, produziu e vendeu 112.004. O passo seguinte é calcular o ponto de equilíbrio financeiro, que é obtido através da fórmula abaixo: PE financeiro = (CF – depreciação + dívidas) MC 21 AULA 2 – PRINCÍPIOS CONTÁBEIS APLICADOS NA CONTABILIDADE DE CUSTOS Perceba que o ponto de equilíbrio financeiro subtrai do total de custos fixos a depreciação e acrescenta os valores de dívidas, se existirem. De novo, é preciso fazer as contas para cada um dos três produtos da empresa que se analisa. Aplicando a fórmula para o xampu, tem-se: PE financeiro = (CF – depreciação + dívidas) MC PE financeiro = (572.900 – 72000 + 33.333,34) 4,25 PE financeiro = (533.900) 4,25 PE financeiro = 125.624 Para o segundo produto da empresa, o condicionador, tem-se: PE financeiro = (CF – depreciação + dívidas) MC PE financeiro = (479.350 – 108.000 + 33.333,34) 7,43 PE financeiro = (404.350) 7,43 PE financeiro = 54.421 Por fim, para o produto perfumes, ao aplicar a fórmula, tem-se: PE financeiro = (CF – Depreciação + Dívidas) MC PE financeiro = (190.750 – 60.000 + 33.333,34) 5,92 PE financeiro = (163.750) 5,92 PE financeiro = 27.660 Os resultados do ponto de equilíbrio financeiro dos três produtos da empresa podem ser conferidos na Figura 17: Ponto de equilíbrio financeiro (CF - D + DÍVIDAS)/MC XAMPU 125.624 CONDICIONADOR 54.421 PERFUMES 27.660 Figura 17 – Ponto de equilíbrio financeiro dos produtos exemplificados. Fonte: Marcomini (2014). Isso significa que a empresa precisa produzir e comercializar 125.624 unidades de xampu para poder cumprir todas as suas obrigações financeiras no tocante aos custos fixos e aos variáveis, debitadas a depreciação e incluídas as dívidas relacionadas ao produto. Nesse caso, ela fabricou e vendeu 212.355. Da mesma forma, para o produto condicionador a empresa precisa produzir e comercializar 54.421 unidades para cumprir todas as suas obrigações financeiras no tocante aos custos fixos e aos variáveis, debitadas a depreciação e incluídas as dívidas relacionadas ao produto. Nesse caso, ela produziu e vendeu 97.355. 22 AULA 2 – PRINCÍPIOS CONTÁBEIS APLICADOS NA CONTABILIDADE DE CUSTOS Por fim, para o produto perfumes a empresa precisa produzir e comercializar 27.660 unidades somente para poder cumprir todas as suas obrigações financeiras no tocante aos custos fixos e aos variáveis, debitadas a depreciação e incluídas as dívidas relacionadas ao produto. Nesse caso, ela fabricou e vendeu 112.004. Em seguida, faz-se o cálculo do ponto de equilíbrio econômico, através da fórmula abaixo: PE econômico = (CF + lucro desejado) MC Perceba que o ponto de equilíbrio econômico considera os valores totais de custos fixos e introduz os de lucros desejados. Os cálculos, novamente, tem que ser feitos para cada um dos três produtos. Aplicando a fórmula para o produto xampu, tem-se: PE econômico = (CF + lucro desejado) MC PE econômico = (572.900 + lucro desejado) 4,25 PE econômico = (CF + lucro desejado) 4,25 PE econômico = 194.759 Para o segundo produto, o condicionador, encontra-se:PE econômico = (CF + lucro desejado) MC PE econômico = (479.350 + lucro desejado) 7,43 PE econômico = (CF + lucro desejado) 7,43 PE econômico = 88.101 Finalmente, para o terceiro da empresa, o perfumes: PE econômico = (CF + Lucro Desejado) MC PE econômico = (190.750 + Lucro Desejado) 5,92 PE econômico = (190.750 + Lucro Desejado) 5,92 PE econômico = 104.116 Confira os resultados obtidos pelo ponto de equilíbrio econômico dos três produtos da empresa na figura abaixo: Ponto de equilíbrio econômico (CF + L)/MC XAMPU 194.759 CONDICIONADOR 88.101 PERFUMES 104.116 23 AULA 2 – PRINCÍPIOS CONTÁBEIS APLICADOS NA CONTABILIDADE DE CUSTOS Figura 18 – Ponto de equilíbrio econômico dos produtos do exemplo. Fonte: Marcomini (2014). Nesse caso, do ponto de equilíbrio econômico, os resultados mostram que a empresa tem que produzir e comercializar 194.759 unidades de xampu somente para poder cumprir todas as suas obrigações financeiras no tocante aos custos fixos e aos variáveis, além de garantir o lucro desejado aos acionistas. No fim, o total fabricado e vendido foi de 212.355. Da mesma forma, para o produto condicionador, a empresa precisa produzir e comercializar 88.101 unidades para cumprir todas as suas obrigações financeiras no tocante aos custos fixos e aos custos variáveis, além de garantir o lucro desejado aos acionistas. A empresa fez e vendeu 97.355. Por fim, para o produto perfumes a empresa precisa fabricar e comercializar 104.116 unidades para alcançar o ponto de equilíbrio econômico, ou seja, pagar todos os compromissos decorrentes dos custos fixos e dos variáveis, além de garantir o lucro desejado aos acionistas. A empresa produziu e vendeu 112.004 unidades. Com essas explanações sobre as análises de margem de contribuição e ponto de equilíbrio, chega ao fim este tópico. 2.4. Alavancagem Operacional Você já ouviu falar em alavancagem operacional, tem ideia de como é feita, quais são os seus resultados ou o que ela tem a ver com a contabilidade de custos? Este tópico vai tratar especificamente dela, que é uma estratégia financeira que as empresas utilizam para conseguir obter melhores resultados e, consequentemente, maiores lucros aos seus acionistas. Esse processo inclui ações de risco ao capital investido, mas que trazem bons retornos. Desse modo, quanto maior a alavancagem desejada, maior é o risco e vice versa. Portanto, este tópico vai expor os métodos dessa estratégia, de forma teórica e prática, e espera-se que ao final você consiga: Para Refletir... : aperfeiçoe seus conhecimentos com os vídeos Contabilidade Gerencial - Ponto de Equilíbrio, disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=HXhOzkAmlTg>, e Ponto de Equilíbrio e Margem de Contribuição - Sevilha Contabilidade, disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=q-JRlgrAiEA 24 AULA 2 – PRINCÍPIOS CONTÁBEIS APLICADOS NA CONTABILIDADE DE CUSTOS descrever conceitos da alavancagem operacional. 2.4.1. Estratégia da Alavancagem Operacional A alavancagem operacional é usada para aumentar os efeitos das vendas sobre o lucro operacional, ou seja, o impacto que o resultado do faturamento da empresa ou as suas receitas possuem sobre o lucro operacional ou LAJIR (Lucro Antes dos Juros e Imposto de Renda). O risco dessa estratégia consiste na incapacidade de a empresa conseguir cumprir com todas as obrigações financeiras que possui. Nesse contexto, para calcular a alavancagem operacional é preciso que se tenha algumas informações triviais fornecidas pela contabilidade, que são: quantidade vendida; preço de venda; receitas totais; custos variáveis totais e unitários; custos fixos totais e unitários. Assim, de posse desses dados, usa-se o seguinte raciocínio: Receitas totais (-) custos variáveis (-) custos fixos (=) Lucros Antes dos Juros e do Imposto de Renda (LAJIR). Desse modo, confira na Figura 19 um exemplo no qual uma empresa obteve, em determinado período de três anos, as seguintes vendas: ANO 1 ANO 2 ANO 3 VENDAS (unidades) 500 1.000 1.500 Preço unitário de vendas R$ 90,00 R$ 90,00 R$ 90,00 Figura 19 – Dados iniciais do exemplo. Fonte: Marcomini (2014). 25 AULA 2 – PRINCÍPIOS CONTÁBEIS APLICADOS NA CONTABILIDADE DE CUSTOS Assim, no ano 1 a empresa comercializou 500 unidades ao preço de R$ 90,00, obtendo uma receita de vendas totais de R$ 45.000,00. No ano 2, vendeu 1.000 unidades por R$ 90,00, atingindo R$ 90.000,00, e, no ano 3, 1.500 unidades a R$ 90,00, ganhando R$ 135.000,00, como é mostrado abaixo: ANO 1 ANO 2 ANO 3 VENDAS (unidades) 500 1.000 1.500 Preço unitário de vendas R$ 90,00 R$ 90,00 R$ 90,00 Receitas totais R$ 45.000,00 R$ 90.000,00 R$ 135.000,00 (-) Custos variáveis R$ 32.500,00 R$ 32.500,00 R$ 32.500,00 (-) Custos fixos R$ 12.500,00 R$ 12.500,00 R$ 12.500,00 (=) LAJIR R$ - R$ 45.000,00 R$ 90.000,00 Figura 20 – Resultados do exemplo. Fonte: Marcomini (2014). Do mesmo modo, verifique que a empresa teve custos fixos (de R$ 12.500,00) e variáveis (de R$ 32.500,00) de igual monta nos três anos. Ao se fazer os cálculos, obtém-se que os Lucros Antes dos Juros e do Imposto de Renda (LAJIR) foram zero no ano 1, de R$ 45.000,00 no segundo ano e de R$ 90.000,00 no terceiro. Com a devida análise, percebe-se que a empresa teve um bom aumento nas vendas ao longo de todo o período, no qual ela obteve um crescimento de 50% no ano 2 sobre o ano 1, de 500 para 1.000 unidades, bem como em relação ao terceiro com o ano anterior, quando também comercializou 50% a mais – 1.500 a 1.000. Ao se decompor o resultado financeiro através do LAJIR, também se observa que a empresa obteve um crescimento significativo do segundo para o ano inicial, de zero para R$ 45.000,00, enquanto que no ano 3 o incremento foi de 100%, de R$ 45.000,00 para R$ 90.000,00. Assim, pode-se afirmar que houve uma alavancagem operacional pelo aumento das vendas, pois a empresa as elevou em 50% nos anos dois e três e conseguiu um acréscimo de 100% no LAJIR no mesmo período. Dessa forma, confirma-se a teoria da alavancagem, na qual um uso menor de ativos produz um maior retorno financeiro aos acionistas ou proprietários. Outro exemplo expõe como ocorre o processo de alavancagem operacional entre duas empresas. Uma delas se utiliza do capital de terceiros, ou seja, possui empréstimos e financiamentos, e a outra usa apenas recursos financeiros provenientes de capital próprio. Os dados preliminares das empresas são mostrados abaixo: 26 AULA 2 – PRINCÍPIOS CONTÁBEIS APLICADOS NA CONTABILIDADE DE CUSTOS EMPRESA A EMPRESA B sem capital de terceiros com capital de terceiros Ativo R$ 16.000.000,00 Ativo R$ 16.000.000,00 Patrimônio líquido R$ 16.000.000,00 Patrimônio líquido R$ 8.000.000,00 Passivo R$ - Passivo R$ 8.000.000,00 Quantidade de ações 800.000 Quantidade de ações 400.000 Valor de cada ação R$ 20,00 Valor de cada ação R$ 20,00 Figura 21 – Dados das empresas do segundo exemplo. Fonte: Marcomini (2014). Perceba que as duas possuem o mesmo valor de ativo (R$ 16 milhões), mas a empresa A possui patrimônio líquido de R$ 16 milhões e nada de passivos, ou seja, não possui dívidas, enquanto que a B tem R$ 8 milhões de patrimônio líquido e igual valor de passivo (dívidas). Também é mostradooutro detalhe importante, que é a quantidade de ações das duas. A empresa A possui 800.000 e a B tem 400.000. O valor da cada ação, em ambas, é de R$ 20,00. Assim, na Figura 22, pode-se visualizar que ocorrem três movimentações, com a alteração do lucro operacional das empresas e do retorno dado ao acionista. EMPRESA A EMPRESA B sem capital de terceiros com capital de terceiros Lucro operacional R$ 800.000,00 Lucro operacional R$ 800.000,00 Despesas financeiras R$ - Despesas financeiras R$ 400.000,00 LAIR* R$ 800.000,00 LAIR R$ 400.000,00 LPA R$ 1,00 LPA R$ 1,00 Retorno sobre o patrimônio líquido 5% Retorno sobre o patrimônio líquido 5% Lucro operacional R$ 1.200.000,00 Lucro operacional R$ 1.200.000,00 Despesas financeiras R$ - Despesas financeiras R$ 400.000,00 LAIR R$ 1.200.000,00 LAIR R$ 800.000,00 LPA R$ 1,50 LPA R$ 2,00 Retorno sobre o patrimônio líquido 8% Retorno sobre o patrimônio líquido 10% Lucro operacional R$ 2.400.000,00 Lucro operacional R$ 2.400.000,00 Despesas financeiras R$ - Despesas financeiras R$ 400.000,00 27 AULA 2 – PRINCÍPIOS CONTÁBEIS APLICADOS NA CONTABILIDADE DE CUSTOS LAIR R$ 2.400.000,00 LAIR R$ 2.000.000,00 LPA R$ 3,00 LPA R$ 5,00 Retorno sobre o patrimônio líquido 15% Retorno sobre o patrimônio líquido 25% Figura 22 – Ampliação dos dados das empresas do exemplo. LAIR: lucro antes do Imposto de Renda. Em algumas situações é usado LAJIR, que é lucro antes dos juros e do Imposto de Renda. Fonte: Marcomini (2014). Note que quando o lucro operacional das duas é de R$ 800.000,00, a empresa A obtém um LAIR de R$ 800.000,00, pois essa não possui nenhum tipo de empréstimo ou financiamento como despesas financeiras. Desse modo, como ela tem 800.000 ações, ao se dividir o LAIR por essa quantidade, tem-se um lucro por ação (LPA) de R$ 1,00. Para calcular o retorno sobre o patrimônío liquido, divide-se o valor do LAIR (R$ 800.000,00) por aquele, de R$ 16 milhões, o que dará 5%. Verifique que, na empresa B, o seu lucro operacional também é de R$ 800.000,00 e essa obtém um LAIR de R$ 400.000,00, pois possui um empréstimo ou financiamento como despesas financeiras no valor de R$ 400.000,00. Desse modo, como a empresa tem 400.000 ações, ao se dividir o LAIR por essa quantidade, tem-se um lucro por ação (LPA) de R$ 1,00. Para calcular o retorno, é preciso dividir o valor do LAIR (R$ 400.000,00) por R$ 8 milhões, que é o do patrimônio líquido, o que dará 5%, como é mostrado pela Figura 23: EMPRESA A EMPRESA B sem capital de terceiros com capital de terceiros Lucro operacional R$ 800.000,00 Lucro operacional R$ 800.000,00 Despesas financeiras R$ - Despesas financeiras R$ 400.000,00 LAIR R$ 800.000,00 LAIR R$ 400.000,00 LPA R$ 1,00 LPA R$ 1,00 Retorno sobre o patrimônio líquido 5% Retorno sobre o patrimônio líquido 5% Figura 23 – Resolução do primeiro momento das empresas do exemplo. Fonte: Marcomini (2014). 28 AULA 2 – PRINCÍPIOS CONTÁBEIS APLICADOS NA CONTABILIDADE DE CUSTOS No segundo momento, perceba que quando o lucro operacional das duas empresas é de R$ 1.200.000,00, a A obtém um LAIR de R$ 1.200.000,00, pois não possui nenhum tipo de empréstimo ou financiamento. Desse modo, como a empresa possui 800.000 ações, dividindo-se o LAIR por essa quantidade, tem-se um lucro por ação (LPA) de R$ 1,50. Para calcular o retorno, divide-se o valor do LAIR (R$ 1.200.000,00) por R$ 16 milhões, que é o valor do patrimônio líquido, o que dará 8%. Da mesma forma, na empresa B, veja que o seu lucro operacional também é de R$ 1.200.000,00 e essa obtém um LAIR de R$ 800.000,00, pois possui um empréstimo ou financiamento (despesas financeiras) no valor de R$ 400.000,00. Desse modo, como ela tem 400.000 ações, divide-se o LAIR por essa quantidade para se chegar ao lucro por ação (LPA), de R$ 2,00. Para calcular o retorno, divide-se o valor do LAIR (R$ 800.000,00) por R$ 8 milhões, que é o patrimônio líquido, o que dará 10%, como é mostrado pela Figura 24. EMPRESA A EMPRESA B sem capital de terceiros com capital de terceiros Lucro operacional R$ 1.200.000,00 Lucro operacional R$ 1.200.000,00 Despesas financeiras R$ - Despesas financeiras R$ 400.000,0 0 LAIR R$ 1.200.000,00 LAIR R$ 800.000,0 0 LPA R$ 1, 50 LPA R$ 2, 00 Retorno sobre o patrimônio líquido 8% Retorno sobre o patrimônio líquido 10% Figura 24 – Resolução do segundo momento das empresas exemplificadas. Fonte: Marcomini (2014). Por fim, no terceiro momento, note que quando o lucro operacional das duas é de R$ 2.400.000,00, a empresa A obtém um LAIR de R$ 2.400.000,00, pois a mesma não possui nenhum tipo de empréstimo ou financiamento como despesas financeiras. Desse modo, como ela tem 800.000 ações, ao se dividir o LAIR por essa quantidade tem-se um lucro por ação (LPA) de R$ 3,00. Para saber o retorno, divide-se o valor do LAIR (R$ 2.400.000,00) por R$ 16 milhões, que é o patrimônio líquido, o que dará 15%. Na empresa B, perceba que o seu lucro operacional também é de R$ 2.400.000,00 e essa obtém um LAIR de R$ 2.000.000,00, pois possui um empréstimo ou financiamento 29 AULA 2 – PRINCÍPIOS CONTÁBEIS APLICADOS NA CONTABILIDADE DE CUSTOS como despesas financeiras no valor de R$ 400.000,00. Assim, como ela tem 400.000 ações, ao se dividir o LAIR por essa quantia chega-se ao lucro por ação (LPA), de R$ 5,00. Repete-se o mesmo procedimento já realizado para calcular o retorno: divide-se o valor do LAIR (R$ 2.000.000,00) por R$ 8 milhões, que é o patrimônio líquido, o que dará 25%, como você pode verificar na Figura 25. EMPRESA A EMPRESA B sem capital de terceiros com capital de terceiros Lucro operacional R$ 2.400.000,00 Lucro operacional R$ 2.400.000,00 Despesas financeiras R$ - Despesas financeiras R$ 400.000,00 LAIR R$ 2.400.000,00 LAIR R$ 2.000.000,00 LPA R$ 3,00 LPA R$ 5,00 Retorno sobre o patrimônio líquido 15% Retorno sobre o patrimônio líquido 25% Figura 25 – Resolução do terceiro momento das empresas do exemplo. Fonte: Marcomini (2014). Dessa maneira, perceba que conforme aumenta o valor do lucro operacional, que está diretamente relacionado com as vendas, o retorno sobre o patrimônio líquido da empresa que possui dívidas, na forma de empréstimos e financiamento, ou seja, está financiando o seu processo empresarial com capital de terceiros, cresce ao ser comparado com a que financia seus negócios com capital próprio. Assim, chega ao fim essa ilustração básica da alavancagem operacional, na qual a empresa utiliza capitais de terceiros para poder aumentar o seu retorno. Caso 1: Reaçãodo mercado à alavancagem operacional: um estudo empírico no Brasil Para Refletir... para entender ainda melhor o funcionamento dessa estratégia que você acabou de estudar, assista aos vídeos O que é alavancagem operacional? -- Sevilha Contabilidade, disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=-Bva7N_2fpI>, Alavancagem e seus efeitos, disponível em https://www.youtube.com/watch?v=QIcvug4gPPM, e Alavancagem Operacional e Financeira, disponível em https://www.youtube.com/watch?v=5ZswCGZb5eU 30 AULA 2 – PRINCÍPIOS CONTÁBEIS APLICADOS NA CONTABILIDADE DE CUSTOS Este estudo consta de um artigo científico desenvolvido por três autores que desejavam medir a influência da alavancagem operacional sobre o retorno de ações na bolsa de valores, analisando empresas de capital aberto. Eles iniciaram o estudo com a seguinte dúvida: a alavancagem operacional influencia no comportamento do retorno das ações negociadas na Bovespa? Os autores selecionaram uma amostra de companhias de capital aberto que possuem ações disponibilizadas na Bovespa, através do banco de dados da Economática. As empresas listadas pertencem aos setores de petróleo e gás, materiais básicos, bens industriais, construção e transporte e bens de consumo. O procedimento utilizou diversas ferramentas econométricas e estatísticas para análises dos resultados e possíveis conclusões sobre a relação da alavancagem operacional no processo de retorno financeiro de ações negociadas na bolsa. A conclusão a que chegaram é de que existe uma associação positiva entre a alavancagem operacional e o retorno das ações das empresas pesquisadas, em função dessa estratégia incorporar uma dimensão do lucro operacional, que é uma das medidas determinantes do risco sistemático das ações. Extraído de artigo: Reação do mercado à alavancagem operacional: um estudo empírico no Brasil. DANTAS, J.A.; MEDEIROS, O.R.; LUSTOSA, P.R.B. Apresentado no XXIX EnANPAD – Brasília, 2005. Publicado em Revista de Contabilidade e Finanças da USP, nº 41, p.72-86. Mai/ago. 2006. São Paulo. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/rcf/v17n41/v17n41a06.pdf Acesso em 24 nov. 2014. RESUMO DA UNIDADE Nesta unidade, foram abordados os princípios contábeis que são aplicados na contabilidade de custos, com exposição e detalhamento das principais normas e regras no tocante ao processo de apuração dos custos, despesas, receitas, ganhos e lucros. Nesse contexto, para cada ação que a contabilidade de custos deve realizar são previstos caminhos que precisam ser seguidos, como forma de atendimento aos objetivos que essa se propõe a desempenhar. Em um segundo momento, você conheceu o custeio por absorção, metodologia derivada desses princípios obrigatória no Brasil, por determinação da legislação contábil e tributária. Nesse método, todos os custos de produção são atrelados aos bens elaborados em determinado período, com a eliminação dos gastos não envolvidos diretamente na feitura desses. 31 AULA 2 – PRINCÍPIOS CONTÁBEIS APLICADOS NA CONTABILIDADE DE CUSTOS Desse modo, nesse tipo de apuração deve-se separar os custos efetivos das despesas operacionais e se fazer os lançamentos de cada um de forma diferente no momento de desenvolver o resultado do exercício. Além disso, os custos são atrelados à quantidade de produtos elaborados que foram negociados em determinado período, ficando aqueles que não foram comercializados (estoques) para ser contabilizados em outro momento futuro, quando ocorrer a venda desses. Em seguida, foi detalhada a margem de contribuição, muito utilizada como forma de expor valores financeiros que derivam do preço de venda dos produtos após a subtração dos custos variáveis. Assim, a margem de contribuição serve para ilustrar qual é o valor unitário de cada produto vendido depois do pagamento de todos os custos variáveis, ou seja, ela é a diferença entre o preço de venda e esses custos. No mesmo contexto, você viu o que é ponto de equilíbrio, que ilustra qual o montante de produtos que precisam ser comercializados para que a empresa consiga cumprir com todos os seus compromissos financeiros. O último tema abordado foi a alavancagem operacional, estratégia financeira que as empresas utilizam para conseguir obter melhores resultados e, consequentemente, melhores retornos aos seus acionistas. A alavancagem operacional é usada para aumentar os efeitos das vendas sobre o lucro operacional, ou seja, é o impacto que o resultado do faturamento da empresa ou as suas receitas possuem sobre o resultado do lucro operacional ou LAJIR (Lucro Antes dos Juros e Imposto de Renda). É um processo que traz riscos ao capital investido, e quanto maior for a alavancagem desejada, maior esse risco será. Assim, chega ao fim esta unidade, que abordou os mais importantes princípios contábeis aplicados na contabilidade de custos. 32 AULA 2 – PRINCÍPIOS CONTÁBEIS APLICADOS NA CONTABILIDADE DE CUSTOS REFERÊNCIAS ASSAF NETO, A. Finanças Corporativas e Valor. Editora Atlas, 6ª Edição, São Paulo, 2012. HOJI,M. Administração Financeira e Orçamentária. Editora Atlas, 11ª Edição, 2014. MARTINS, E.: Contabilidade de Custos - Livro-texto - 10ª Edição. Editora Saraiva, São Paulo, 2010 Vídeo do Youtube: O que é alavancagem operacional? -- Sevilha Contabilidade. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=-Bva7N_2fpI Acesso em 19 nov. 2014. Vídeo do Youtube: Alavancagem e seus efeitos. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=QIcvug4gPPM Acesso em 19 nov. 2014. Vídeo do Youtube: Alavancagem Operacional e Financeira. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=5ZswCGZb5eU Acesso em 19 nov. 2014. Vídeo do Youtube: Contabilidade Gerencial - Ponto de Equilíbrio. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=HXhOzkAmlTg Acesso em 18 nov. 2014. Vídeo do Youtube: Ponto de Equilíbrio e Margem de Contribuição- Sevilha Contabilidade. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=q-JRlgrAiEA Acesso em 18 nov. 2014. Vídeo do Youtube: Custeio por absorção, rateio, exercícios resolvidos. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=d03gjsnxt60 Acesso em 18 nov. 2014. Vídeo do Youtube: Contabilidade de Custos - Custeio por Absorção e Variáveis. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=JKQ8cG7_1Hk Acesso em 18 nov. 2014. Vídeo do Youtube: Custeio por Absorção 1. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=h0BB51ecpRA Acesso em 18 nov. 2014. Vídeo do Youtube: Análise de Custos - Exemplo de custeio por absorção. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=2GuH3R7Egz4 Acesso em 18 nov. 2014. Vídeo do Youtube: Contabilidade na TV - Programa 79 - Princípios Contábeis - parte 4. Disponível em: 33 AULA 2 – PRINCÍPIOS CONTÁBEIS APLICADOS NA CONTABILIDADE DE CUSTOS https://www.youtube.com/watch?v=9S5qNXZpYCI Acesso em 23 nov. 2014. Vídeo do Youtube: Contabilidade na TV - Programa 83 - Regime de Competência ou de Caixa? Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=5sJzdh1eBB8 Acesso em 23 nov. 2014. Vídeo do Youtube: Contabilidade - Aula 04 - Princípios contábeis. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=9KK3CtQPBwQ Acesso em 23 nov. 2014. Vídeo do Youtube: Contabilidade 04 Princípios COntábeis Entidade e Competência Parte 1. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=NImc8H_1MEk Acesso em 23 nov. 2014. DANTAS, J.A.; MEDEIROS, O.R.; LUSTOSA, P.R.B. Reação do mercado à alavancagem operacional: um estudo empírico no Brasil. Apresentado no XXIX EnANPAD – Brasília, 2005. Publicadona Revista de Contabilidade e Finanças da USP, nº 41, p.72-86. Mai/ago. 2006. São Paulo. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/rcf/v17n41/v17n41a06.pdf Acesso em 24 nov. 2014.
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