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apostila adm I Unidade V atos adm

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FACULDADE CAMBURY pág. 8
 PROFESSOR LEONARDO CRUVINEL
ATOS ADMINISTRATIVOS
FATO JURÍDICO E FATO ADMINISTRATIVO
Quando um acontecimento atinge a órbita do direito, de forma a criar, modificar ou extinguir relações jurídicas, torna-se fato jurídico(lato sensu). 
De forma semelhante, quando um acontecimento atinge a ADMINISTRAÇÃO, trata-se de fato administrativo. No entanto, o conceito deste último é mais abrangente, pois não necessita que ocorra a interferência na esfera de direitos. 
Se no fato jurídico há uma manifestação de vontade, torna-se um ATO jurídico. 
Se esse ato jurídico atingir a órbita do Direito Administrativo é um ato administrativo, excluindo a manifestação de vontade de atos privados, que como veremos a seguir, não entram no conceito de ato administrativo. 
FATO ADMINISTRATIVO E ATO ADMINISTRATIVO
Ato que atinge o mundo jurídico e também o direito administrativo, é ato administrativo. Manifestação de vontade que atinge o jurídico é ato jurídico, se atinge mais especificamente o direito administrativo é ato administrativo. 
As condutas administrativas que não têm manifestação de vontade, ou seja, não produzem efeitos jurídicos específicos, não são consideradas como atos administrativos. Tais condutas se configuram somente como fatos administrativos. Tais atos, apesar de não se dirigirem a um fim específico, podem por consequência interferir em relações jurídicas. 
Ato Administrativo: Manifestação da vontade da Administração.
ATO DA ADMINISTRAÇÃO E ATO ADMINISTRATIVO
Se o ato for praticado pela administração, é ato da administração, e se for praticado pela administração e for de regime público, será ato administrativo.
Então, encontramos atos administrativos no regime público que não foram praticados pela administração.
Resumindo:
a) O ato é praticado pela administração e o regime é privado = Ato da administração (mas não ato administrativo).
b) O ato é praticado pela administração e o regime é público = é ao mesmo tempo ato da administração e ato administrativo. Ato da administração (porque quem pratica é administração) e Ato administrativo (está sujeito ao regime público).
c) O ato não foi praticado pela administração, está fora da administração (concessionárias, permissionárias de serviços públicos), porém é regido pelo regime público. Ato administrativo (regime público, mas fora da administração). Exemplo: Atos praticados por concessionárias ou permissionárias – corte de energia elétrica.
ATO ADMINISTRATIVO -Manifestação de vontade do Estado (Ato da Administração) ou de quem o represente (concessionárias, permissionárias etc.), criando, modificando ou extinguindo direitos, na busca do interesse público, sujeito ao Regime Jurídico de Direito Público; sendo complementar e inferior à lei, ficando sujeito ao controle pelo poder judiciário (apenas quanto à legalidade, não quanto à conveniência e oportunidade). Entram aí quase todos os tipos de atos (unilateral, bilateral, punitivo, normativo etc.).
ELEMENTOS OU REQUISITOS DO ATO ADMINISTRATIVO:
“SEM O FAUSTÃO MORRERIA FELIZ”
1. SUJEITO/COMPETÊNCIA
2. FORMA
3. OBJETO
4. FINALIDADE
5. MOTIVO
*obs: Estão enumerados na Lei nº 4.717/65 - Ação Popular.www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L4717.htm
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1. SUJEITO/COMPETÊNCIA: Somente o agente público no exercício de função administrativa, ou seja, todo aquele que exerce uma função pública administrativa, estando dentro da Administração (agentes da Administração) ou fora dela (agentes delegatários). Conceito bem amplo (funcionários de concessionárias, mesários, jurados). Com vínculo permanente ou temporário, função remunerada ou não. Por tratar apenas daqueles que exerçam função administrativa, excluem-se os magistrados e parlamentares, quando do exercício de suas funções típicas.
Não basta ser agente público, deve ser agente com competência definida em lei para realizar determinado ato. Essa definição de competência deve estar na lei ou na CF.
# Características desta competência:
- Obrigatória; (poder/dever)
- Irrenunciável; art. 11 da Lei nº 9.784/99 www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9784.htm
- Imodificável; (somente pela lei)
- Não se presumi;
- Imprescritível; (somente por lei)
- Improrrogável; (falta de uso não se transfere).
- delegabilidade: art. 13 da Lei nº 9.784/99 
“a incompetência fica caracterizada quando o ato não se incluir nas atribuições legais do agente que o praticou”
2. FORMA: Deve ser pela forma prevista em lei. Será exteriorizado cumprindo as formalidades específicas.
Obs: regra princípios da Solenidade. 
Obs: principio do informalismo. 
Obs: Silêncio administrativo
Obs: vicio quanto a forma IRREGULARIDADE/ SANÁVEL/ INSANÁVEL
“o vício de forma consiste na omissão ou na observância incompleta ou irregular de formalidades indispensáveis à existência ou seriedade do ato”
3. OBJETO:O objeto deve ser lícito, possível e determinado.
Objeto lícito do ato administrativo: é aquele conforme o ordenamento jurídico. Critério de subordinação à lei. 
Objeto possível: objeto faticamente possível. 
Objeto determinado: precisa ser claro e preciso. 
“a ilegalidade do objeto ocorre quando o resultado do ato importa em violação de lei, regulamento ou outro ato normativo”
4. FINALIDADE: Finalidade é o elemento que represente a busca pelo interesse público. Sempre é uma razão de interesse público. Pode até atender mais de uma finalidade pública (saúde pública e proteção a bens públicos, por exemplo), mas não pode ter outro fim que não seja o interesse público.
Exemplo: Dissolução de passeata tumultuosa. 
Motivo (passado): É o tumulto (elemento que provoca a prática do ato). 
Objeto (presente): Dissolução da passeata (resultado prático). 
Finalidade (futuro): Ordem pública, proteção dos bens públicos (interesse público que quer se proteger com ato).
Obs: desvio de finalidade ou “desvio de poder” ou Tresdestinação.
“o desvio de finalidade se verifica quando o agente pratica o ato visando a fim diverso daquele previsto, explícita ou implicitamente, na regra de competência.”
5. MOTIVO:É a situação de fato ou de direito que levam à prática do ato. Diferente da motivação, que é toda explicação e fundamentação da decisão no texto do ato. O motivo do ato pode “estar fora do ato”, a justificativa, a motivação não.
- Motivo de direito: Quando a situação fática que conduz à prática do ato é prevista em norma legal, nesse caso só cabe ao administrador aplicar o que a lei prevê. Ocorre aqui a prática de um ATO VINCULADO.
- Motivo de fato: A situação fática não é prevista em lei, cabendo ao administrador delineá-la através dos critérios de conveniência e oportunidade. É o próprio administrador que elege a situação fática geradora da vontade, praticando assim, um ATO DISCRICIONÁRIO.
Obs: Teoria dos Motivos Determinantes - Uma vez declarado o motivo, ele deve ser cumprido, o administrador está vinculado a esse motivo. Uma vez declarado o motivo, o administrador deve obedecê-lo.
“a inexistência dos motivos se verifica quando a matéria de fato ou de direito, em que se fundamenta o ato, é materialmente inexistente ou juridicamente inadequada ao resultado obtido;”.
MÉRITO ADMINISTRATIVO
CONCEITO - Mérito administrativo é o juízo de valor que o administrador possui ao praticar um ato discricionário. É a análise de conveniência e oportunidade do ato que o administrador faz na busca do melhor interesse coletivo.
Como já vimos no estudo dos elementos dos atos, os únicos que podem ser valorados, ou seja, que não são necessariamente vinculados ao que a lei determina, são os motivos e o objeto do ato (no ato discricionário, obviamente).
Portanto, o MÉRITO do ato administrativo, presente apenas nos atos discricionários, significa a análise de conveniência e oportunidade quanto à escolha do motivo e do objeto do ato administrativo.
Poder judiciário pode rever o mérito do ato administrativo?
O poder judiciáriopode fazer apenas o chamado controle de legalidade dos atos. No entanto, a legalidade tem sido entendida em sentido lato, ou seja, abrangendo não só a lei como os princípios constitucionais.
Dessa forma, um ato desproporcional ou irrazoável é considerado ilegal, podendo sofrer o controle do poder judiciário, o que de certa forma acabaria por atingir o mérito do ato.
Sendo assim, tem-se que como regra geral o mérito não pode ser controlado, mas de forma reflexa isso acaba ocorrendo com o controle de legalidade referente à proporcionalidade e razoabilidade do ato.
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ATRIBUTOS DO ATO ADMINISTRATIVO
Os atributos do ato administrativo são os seguintes:
a) Presunção de legitimidade;
b) Autoexecutoriedade;
c) Imperatividade;
d) Tipicidade
A) PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE OU LEGALIDADE OU VERACIDADE:
Trata-se de ato emanado do poder Público, que tem como objetivo fundamental o interesse público, o que autoriza que se presuma serem VERDADEIROS os atos por ele praticados. Devido ao fato de o poder da administração ser calcado na CF, presume-se ser este legítimo, e estar de acordo com o fundamento de validade de todo ordenamento.
Vale lembrar que se trata de presunção relativa, que admite prova em contrário (iuris tantum). O ônus da prova cabe a quem alega a ilegitimidade, normalmente o administrado. Por sinal, essa inversão do ônus da prova é um dos notáveis efeitos da presunção iuris tantum.
B) AUTO-EXECUTORIEDADE:
Segundo esse atributo, o ato, tão logo seja praticado, está apto a ser executado e produzir efeitos, independentemente de intervenção do poder judiciário. O fundamento jurídico da auto-executoriedade é a necessidade de salvaguardar com rapidez e eficiência o interesse público.
obs: exigibilidade X executoriedade (nem todos tem).
Exigibilidade - Poder de aplicar sanções administrativas, como multas, advertência e interdição de estabelecimentos comerciais.
Executoriedade – execução judicial.
C) IMPERATIVIDADE (“PODER EXTROVERSO”)
Imperatividade significa coercibilidade, obrigatoriedade. Esse atributo é presente nos atos que tem em seu conteúdo uma obrigação independentemente da anuência destes.
Não havendo obrigação, não há que se fala em imperatividade. Exemplos desses atos são os atos enunciativos, como o parecer e certidões, que não possuem conteúdo decisório.
D) TIPICIDADE
Atributo corolário do princípio da legalidade, segundo o qual para cada finalidade que a Administração pretende alcançar há um ato previsto em lei, vedando-se, assim, a prática de atos inominados.
Conforme Maria Sylvia, a tipicidade é presente apenas nos atos unilaterais, sendo que nos contratos pode haver a convenção de acordo inominado, se assim for do interesse público e particular.
Cada ato é ligado a um motivo previsto em lei: Revogação=Ato inoportuno; Anulação=Ato ilegal;
# CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS
- QUANTO AOS DESTINATÁRIOS
A) Atos gerais (normativos): Destinatários indeterminados. Atos aplicados à coletividade como um todo. Efeito erga omnes a todos que estiverem na situação prevista. Exemplos: Decretos, instruções normativas.
B) Atos individuais (específicos ou concretos): Destinatário determinado. Divide-se em:
a) Singular: Dirige-se a um destinatário determinado. Exemplo: Nomeação.
b) Plúrimo: Mais de um destinatário determinado.
- QUANTO AO ALCANCE DO ATO (DENTRO OU FORA DA ADMINISTRAÇÃO)
A) Ato interno: Produz efeitos dentro da Administração, atingindo diretamente apenas órgãos e agentes. Ex: Determinar o uso de uniforme. Como não atinge os administrados, não precisa obedecer à publicidade, bastando a mera comunicação interna.
B) Ato externo: Produz efeitos também para fora da Administração, ou seja, atingem os administrados, mesmo não deixando de produzir efeitos dentro. Exemplo: Determinar horário de funcionamento de órgão público.
Os atos externos, por sua vez, para terem eficácia perante os administrados, necessitam de publicação (princípio da publicidade).
- QUANTO AO GRAU DE LIBERDADE:
A) Ato vinculado: São os atos onde inexiste liberdade do administrador em sua prática, ou seja, o administrador fica adstrito ao que a lei expressamente prevê no que se relaciona à prática do ato.
B) Ato discricionário: O ato é discricionário quando o administrador tem liberdade para realizá-lo, ou seja, pode escolher, dentre as opções legais, aquela que julgar mais conveniente e oportuna para o caso concreto.
- QUANTO À FORMAÇÃO DO ATO:
A) Ato simples: Ato perfeito e acabado com UMA simples manifestação de vontade.
B) Ato complexo: Para ser ato perfeito e produzir efeitos depende de DUAS ou MAIS manifestações de vontade de órgãos distintos, sendo essas manifestações autônomas e em patamar de igualdade (mesma força e importância).
C) Ato composto: Para produzir efeitos depende de DUAS ou MAIS manifestações de vontade no mesmo órgão, sendo uma autônoma e outra meramente instrumental. A primeira manifestação é a principal e a segunda é secundária, normalmente só confirmando a primeira.
- QUANTO ÀS PRERROGATIVAS: ATO DE IMPÉRIO E DE GESTÃO:
A) Ato de Império: São aqueles que a Administração impõe coercitivamente (imperatividade) aos administrados, que só têm a opção de cumprir.
B) Ato de gestão: São aqueles atos que a Administração não impõe sua vontade de forma coercitiva, mas há uma espécie de negociação com o administrado, assemelhando-se a uma relação privada. Como exemplo os negócios contratuais de alienação ou aquisição de bens.
QUANTO AOS EFEITOS:
A) Atos constitutivos: São aqueles que alteram uma relação jurídica, criando, modificando ou extinguindo direitos do destinatário. Exemplo: Nomeação de servidores (cria), alteração de horário de funcionamento do órgão (modifica), cassação de uma licença (extingue).
B) Atos declaratórios: Apenas declaram uma situação jurídica preexistente, visando a resguardar um direito do destinatário. Exemplo: Expedição de certidão.
C) Atos enunciativos: Têm como característica a indicação de um juízo de valor, tão somente, dependendo, portanto, de outros atos de caráter decisório. Exemplo: Pareceres.
QUANTO À FORMA DE EXTERIORIZAÇÃO: 
Rememorando...podem ser:
1. Decretos e regulamentos;
2. Resoluções, deliberações e regimentos;
3. Instruções, circulares, portarias, ordens de serviço, provimentos e avisos;
4. Alvarás;
5. Ofícios;
6. Pareceres;
7.Certidões, atestados e declarações;
8. Despachos.
-QUANTO AO CONTEÚDO:
A) Licença: Ato vinculado por meio do qual a administração confere ao interessado consentimento para o desempenho de certa atividade. Poder de polícia. Ato de consentimento estatal vinculado. Em tese é definitivo. Mas no caso de licença para construir é precário.
*O direito preexiste à licença, mas a atividade só se legitima com o consentimento do poder público.
B) Permissão:
1. Permissão de uso de bem público: ato administrativo unilateral, discricionário e precário (podendo ser condicionado, caso em que, terá caráter vinculado)
2. Permissão de serviços públicos: contrato administrativo, bilateral, e resultante de atividade vinculada do administrador por conta da exigência de licitação para escolha do contratado.
C) Autorização: Discricionário. Permite que particular exerça atividade ou utilize bem público no seu próprio interesse. Autoriza quando não há prejuízo ao interesse público, exemplo: autorização para porte de arma.
*Aqui o direito nasce com o ato administrativo da autorização.
D) Admissão: Ato vinculado, na qual a administração confere ao individuo, desde que preenchidos os requisitos legais, o direito de RECEBER o serviço público. Exemplo: admissão em escolas.
E) Aprovação, homologação e visto
a) Aprovação: discricionário do administrador a respeito de outro ato. Prévia ou posterior.
b) Homologação: vinculada. Somente posterior.
c) Visto: verificação da legitimidade formal de outro ato.
F) Atos sancionatórios: Sanções internas e externas. Supremacia geralou especial.
G) Atos funcionais: Provenientes da relação estatutária.

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