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Processos costeiros

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Capítulo 1
INTRODUÇÃO
O litoral é a zona que se estende entre os limites superiores e inferiores de alcance da ação das ondas. É, portanto, uma zona de transição entre o continente e o meio marinho. O litoral está caracterizado pela sua morfologia, distribuição dos sedimentos e a presença de ecossistemas biológicos próprios, assim como a ocorrência de uma série de processos relacionados com a onda, o vento, as marés, as correntes litorâneas e a influência dos continentes (descargas fluviais).
Durante as últimas décadas se tem desenvolvido um grande esforço de investigação da zona costeira. Ele se deve principalmente a concentração de população e a atividade econômica que tem lugar na referida zona. A maior parte dessas investigações surgem como resposta a problemas reais que requerem uma solução concreta. Por este motivo, os estudos sobre o litoral tendem a avançar paralelamente em duas direções: por uma parte, a compreensão e quantificação dos processos e fatores que intervem no desenvolvimento e evolução costeira, e por outro lado, a aplicação desses conhecimentos para solucionar os problemas encontrados. A evolução morfológica do litoral (centrada principalmente na evolução dos processos de erosão e sedimentação) é o fator mais analisado nos estudos costeiros.
A zona litorânea está cada vez mais solicitada, dando lugar a projetos e obras dos mais diversos tipos. Isto exige dos profissionais que atuam nesta área (principalmente engenheiros civis, geólogos e arquitetos), um conhecimento cada vez mais aprimorado dos problemas com os quais irão se deparar. 
A disciplina Obras de Proteção do Litoral visa suprir uma lacuna existente no currículo dos alunos de engenharia civil e outros cursos, nesta área específica, que é o conhecimento e a compreensão dos fenômenos que ocorrem no mar, na interface mar/praia e na costa, tornando possível o planejamento e execução de projetos dentro das normas de segurança, economia e técnica específica.
Capítulo 2
ZONA COSTEIRA
A zona costeira caracteriza-se por um espaço de grande valor ambiental, que exerce um importante papel econômico, turístico e social no contexto de desenvolvimento destas áreas.
Segundo Pérez (1995), de acordo com diversas recomendações internacionais, em função da sua extrema importância, a zona costeira deve ser objeto de uma gestão integral, realizada com políticas estáveis de alto nível. Esta gestão deve integrar as distintas políticas setoriais e sua atuação deve-se levar em consideração a sua realidade física, sem deter-se a divisão administrativa e política do território.
Atualmente cerca de 60% da população mundial habitam cerca de 60 km da costa. Este número tende a crescer em função da combinação do aumento de população, migração e urbanização.
Definir de forma unívoca a zona costeira, do ponto de vista da sua morfologia, constituição litológica e classificação, é uma tarefa bastante difícil. Alguns autores, entre eles destacamos Bloom (1969), Bates & Jackson (1987), Kennett (1982), Suguio (1969) já o fizeram, porém ainda não existe consenso na formulação de uma definição clara e que atendam as características individuais de cada setor da referida área.
O conceito sobre zona costeira que adotamos e que julgamos ser o mais adaptável as nossas condições morfológicas, foi o de Bates & Jackson (1987), que definem zona costeira como uma faixa de terra de largura variável que se estende da linha de maré baixa à primeira grande mudança nas feições da paisagem no interior do continente.
A Zona Costeira brasileira, que compreende uma faixa de 8.698 km de extensão e largura variável, contempla um conjunto de ecossistemas contíguos sobre uma área de aproximadamente 388 mil km². Abrange uma parte terrestre, com um conjunto de municípios selecionados segundo critérios específicos, e uma área marinha, que corresponde ao mar territorial brasileiro, com largura de 12 milhas náuticas a partir da linha de costa.
Essa faixa stricto sensu concentra quase um quarto da população do País, em torno de 36,5 milhões de pessoas (segundo a Contagem da População de 1996) abrigadas em cerca de 400 municípios, com uma densidade média de 87hab/km², cinco vezes superior à média nacional (17 hab./km²). O número de habitantes em áreas urbanas correspondia, em 1991, a 87,66% do total, destacando-se que treze das dezessete capitais dos estados litorâneos situam-se à beira-mar. As atividades econômicas costeiras são responsáveis por cerca de 70% do PIB nacional.
A Zona Costeira brasileira pode ser considerada uma região de contrastes, constituindo-se, por isso, um campo privilegiado para o exercício de diferentes estratégias de gestão ambiental. Por um lado, são encontradas nessa região, áreas onde coincidem intensa urbanização, atividades portuária e industrial relevantes e exploração turística em larga escala (casos das metrópoles e centros regionais litorâneos, em grande parte, localizadas em áreas estuarinas e baías, centros difusores dos primeiros movimentos de ocupação do Brasil, por constituírem, naturalmente, áreas abrigadas).
2.1 Compartimentação da Costa
Neste curso, será adotada a classificação de Silveira (1964), modificada por Martins & Coutinho (1981) e Villwock (1994), que baseia-se principalmente na morfologia da costa, clima, parâmetros oceanográficos, cobertura sedimentar e largura da plataforma (Fig. 2. 1).
Desta forma, a costa brasileira pode ser dividida em cinco grandes setores:
Costa Norte (Cabo Orange -Baia de São Marcos);
Costa Nordeste (Baia de São Marcos -Baia de Todos os Santos);
Costa Leste ou Oriental (Baia de Todos os Santos -Cabo Frio);
Costa Sudeste (Cabo Frio -Cabo Santa Marta);
Costa Sul (Cabo Santa Marta -Arroio Chuí).
Fig. 2.1 – Subdivisão da costa brasileira em cinco setores propostos por Silveira (1964) modificado por Villwock.
2.1.1 Costa Nordeste
Este setor da costa brasileira pode ser subdividido em duas partes: a Costa Semi​Árida, que se estende da Baia de São Marcos (MA) até o Cabo Calcanhar (RN); e a Costa Nordeste Oriental ou das Barreiras. que vai do Cabo Calcanhar até a Baía de Todos os Santos (BA).
A Costa Semi-Árida, caracterizada por pequenos aportes fluviais, é mais ou menos retilínea, com um clima semi-árido, favorecendo a formação de dunas costeiras móveis, além da presença de lagunas e salinas.
Ocorrem tabuleiros costeiros da Formação Barreiras, cortados por rios de pequeno porte, com o desenvolvimento de planícies costeiras com sistemas de laguna/barreira de pequena extensão Lagunas e estuários mostram manguezais instalados ao longo de suas margens, enquanto que as barreiras arenosas mostram cristas de praia quase sempre remobilizadas pelos fortes e persistentes ventos de NE, responsáveis pelo crescimento de campos de dunas, como é o caso dos famosos Lençóis Maranhenses Merece destaque, também, a planície costeira do Rio Parnaíba.
A Costa Nordeste Oriental, ou das Barreiras, do Cabo Calcanhar até a Baía de Todos os Santos, é caracterizada pela presença dos sedimentos da Formação Barreiras Estes depósitos desenvolvem uma superfície mais ou menos plana, dissecada pela drenagem e suavemente inclinada para o oceano, podendo alcançar o mar, formando falésias.
Ocorrem, ainda, os recifes de arenitos de praia (beach rocks) em alinhamentos paralelos á costa, constituindo importantes feições de proteção e modelagem para este trecho do litoral.
Nas imediações dos principais rios, ocorrem sistemas múltiplos laguna/barreira pleistocênicos e holocênicos Também aí, as lagunas e estuários, afetados por um regime de mesomarés, são ocupados por manguezais e as cristas de praia são remobilizadas pelos ventos de SE, gerando campos de dunas Destaca-se, neste trecho, a planície costeira do Rio São Francisco, sendo também significativo o fato de que a pluma de sedimentos em suspensão originária desse rio, dirigida para o sulpelas correntes litorâneas, inibe o desenvolvimento de construções recifais e mantém águas turvas ao longo do litoral de Sergipe, ao contrário do que acontece com o litoral de Alagoas, mais ao norte.
Capítulo 3
Ambiente Praial
	
As praias são depósitos de sedimentos constituídos geralmente por areias, cascalhos, conchas, etc., acumulados predominantemente por ação das ondas que, por apresentar mobilidade, se ajustam às mudanças das condições hidrodinâmicas. Representam por essa razão, um importante elemento de proteção costeira, ao mesmo tempo em que são amplamente usadas para turismo e lazer.
A zona de praia se estende desde o nível de baixa-mar (profundidade de interação das ondas com o substrato), até a linha de vegetação permanente (limite das ondas de tempestade), ou onde há mudança na fisiografia, como zona de dunas ou de falésias marinhas. Quando esta zona não apresenta material inconsolidado e sim substrato rochoso, têm-se os terraços de abrasão por ondas.
O ambiente de praia estende-se a locais permanentemente submersos, situados além da zona de arrebentação, onde as ondas de maior altura já não selecionam nem mobilizam material, até a faixa de dunas e/ou escarpas que ficam na retaguarda do ambiente.
3.1 - Origem do material e balanço sedimentar
	
As areias que constituem as praias têm origens diversas e podem ser transportadas pelas ondas e pelas correntes de deriva litorânea. A maior contribuição de material para as praias é de origem continental, transportada pelos rios. Outra parte que atinge as praias vem do domínio marinho, transportado da face litorânea, representada por material principalmente biodetrítico. A erosão das falésias constitui outra fonte de sedimentos que alimenta as praias. Localmente, os ventos que sopram do continente, podem fornecer material às praias. 
Os ventos que sopram do mar são capazes de retirar sedimentos da praia e acumular campos de dunas que avançam para o interior do continente. 
Komar (1983) apresenta os tipos mais comuns de ganhos e perdas de areia que desempenham papel importante no balanço do estoque arenoso litorâneo. São eles:
	Créditos
	Débitos
	Aporte por deriva litorânea
	Retirada por deriva litorânea
	Aporte fluvial
	Retirada pelo vento
	Erosão de falésias
	Suprimento para a plataforma
	Suprimento a partir da plataforma
	Deposição em "canyons" submarinos
	Deposição biogênica
	Dissolução e abrasão
	Deposição química
	Mineração
	Aporte eólico
	
	Alimentação artificial de praia
	
 Variações Sazonais nos Perfis de Praia
O perfil de uma praia (Figura 3.1 anexa ) é continuamente modificado para se adaptar às condições hidrodinâmicas que não cessam de mudar. Ele diminui com a redução do estoque de sedimentos e pela erosão do estirâncio, que é atacado pelas ondas.
	
A figura 3.1 mostra as variações sazonais do perfil de praia. (Fonte: Komar, 1983).
O perfil é o resultado de uma adaptação que ocorre, de um lado pelas características das ondas e das correntes de deriva litorânea, e de outro, pelo volume dos sedimentos e de sua granulometria.
No inverno, quando as ondas atingem maiores amplitudes e as ressacas são mais freqüentes, há retirada de sedimentos do estirâncio ou até mesmo da duna frontal e deposição na face litorânea. Deste modo, formam-se barras arenosas submersas, as quais provocam a arrebentação das ondas antes de atingir a praia, evitando uma erosão mais intensa.
No verão, as ondas são mais fracas e menos esbeltas, sendo mais construtivas. Os sedimentos migram da face litorânea para a antepraia, alcançando a pós-praia. As barras tendem a desaparecer, enquanto que o perfil do estirâncio tende a aumentar e a pós-praia a se reconstituir, estabelecendo um novo perfil de equilíbrio.
Capítulo 4
PROCESSOS COSTEIROS
A movimentação dos sedimentos e a conformação morfológica das praias estão intimamente associadas à atuação de processos oceanográficos físicos conhecidos por processos costeiros. Esses processos envolvem basicamente a ação das ondas, marés e ventos, além das correntes geradas por cada um desses fatores, os quais serão tratados resumidamente a seguir:
4.1 – Ondas
As ondas são entre os fenômenos naturais um dos mais conhecidos e estudados. Desde a antiguidade, (Aristóteles, 384 ‑ 322 A.C., observou a relação direta entre os ventos e a geração das ondas) o homem procura explicar o seu funcionamento mecânico, com o intuito de prever o seu comportamento, tanto em águas profundas, quanto em águas rasas, através de desenvolvimentos matemáticos mais ou menos complexos.
4.1.1 – Elementos da onda
Figura 4.1
Os elementos de uma onda são (Figura 4. 1):
Altura (h) - a distância vertical entre o cavado e a crista da onda 
Amplitude (a) - distância vertical entre o nível médio e o cavado ou a crista, ou seja, metade da altura 
Período (T) - intervalo de tempo decorrido na passagem de duas cristas (ou cavas) sucessivas 
Comprimento (L) - é a distância em linha reta entre duas cristas (ou cavas) sucessivas 
4.1.2 – Classificação de ondas
As ondas podem ser classificadas como (Figura 2): 
Ondas Capilares - (H<= 2 mm, L>2 cm, 0< T <0.2 s) são geralmente eliminadas pela tensão superficial da água. 
Ondas de Gravidade - ondas de vento e swell (H< 50 m, L > 1000 m, 0.2< T <15s)  o swell é uma onda de vento que está distante da zona de formação, e não mais recebe energia. 
Ondas de Infragravidade (infragravity) - (H< 1.0 m, L < 100 m, 20< T <10 min.)   formadas pela interação de ondas, possuindo baixa frequência e pouca amplitude. 
Ondas de Longo Período - (H< 1 m, L > 1000 m, 10 min.< T <dias )  geradas por eventos de baixa frequência, tanto periódicos (marés) como aperiódicos (tempestades). 
Período e Comprimento de Algumas Classes de Onda
	Classe
	Período (T)
	Comprimento (L)
	Ripples ou ondas capilares
	0 - 0.2 s
	Centímetros
	Ondas eólicas
	0.2 - 9 s
	101   m
	Swell
	9 - 15 s
	102  m
	Infragravidade
	20 s - minutos
	101 - 102  m
	Tsunamis
	Minutos a horas
	102  km
	Marés
	12.5 - 25 horas
	103   km
As ondas que se observam nos oceanos são geradas pelos ventos que sopram sobre a superfície da água. Existem também as ondas geradas por abalos sísmicos, os maremotos, de efeito catastrófico.
As ondas geradas pelos ventos atuam como importantes agentes modificadores de energia. Elas obtêm sua energia a partir dos ventos, transferem-na através da superfície dos oceanos, descarregando-a nas zonas costeiras, onde se constituem na principal causa de erosão, gerando diversos tipos de correntes e diferentes padrões de transporte de sedimentos. As ondas significativas são geradas durante tempestades e dependem fundamentalmente da velocidade dos ventos, da duração da tempestade e do "fetch" (corredor de ventos, ou seja, a pista sobre a qual a tempestade atua). Quanto maior a duração e o “fetch”, maior a quantidade de energia potencial obtida pelas ondas (Komar, 1983).
As ondas geradas nos locais de tempestade mostram um amplo espectro. Por processos de dispersão acabam originando uma seqüência regular de ondas, conhecidos como "swell" ou, simplesmente, ondulação. A ondulação viaja pelos oceanos perdendo muito pouca energia. Deste modo, as ondas que promovem erosão em uma determinada linha de costa podem, em muitos casos, ter sido geradas em áreas de tempestades situadas a milhares de quilômetros de distância.
Atingindo as zonas mais rasas, as ondas têm seus comprimentos de onda diminuidos em contraposição ao aumento da altura das cristas, adquirindo elevada esbeltez. Este processo avança com a diminuição da profundidade até que a onda se desestabiliza e quebra, produzindo a arrebentação. Os principais tipos de arrebentação segundo Galvin (1986) são: deslizante ("spilling"), mergulhante ("plunging"), ascendente ("surging"),e frontal. Este último é mais raro.
Como as ondas que chegam à costa têm alturas diferentes, as mais altas quebram a profundidade maiores do que as mais baixas, gerando assim o que se conhece como zona da arrebentação. Em praias de baixa declividade, depois da arrebentação, as ondas se transformam em pequenas vagas que viajam pela zona de surfe até espalhar-se na face da praia, denominada zona de espraiamento.
É nas zonas de arrebentação, surfe e espraiamento, uma faixa relativamente estreita, que se dissipa a energia trazida pela ondulação oceânica. Da quantidade de energia aí liberada, função do regime das ondas e do tipo de arrebentação, dependem o perfil de praia e o tamanho dos grãos dos sedimentos praiais.
Como conseqüência direta deste fenômeno, as regiões submetidas a diversos regimes de ondulação relacionados com diferentes estações do ano, inverno e verão, por exemplo, ou submetidas periodicamente a tempestades, mostram variações cíclicas no perfil de praia, através da movimentação de enormes volumes de areia. Em condições de alta energia as ondas erodem a praia, retirando dali a areia que se deposita em bancos construídos na zona de arrebentação.
As linhas de recifes modificam a energia das ondas incidentes sobre a costa, não somente pela perda de energia através da arrebentação ao encontrarem os recifes, mas também pela modificação do espectro de ondas resultante que é substituído por ondas de baixa freqüência.
Além da simples transformação e atenuação da energia das ondas através da arrebentação, as barreiras de recifes tendem a concentrar a energia das ondas do lado interno da barreira de recife e a depositar material através dos processos de refração e difração.
As ondas que incidem sobre uma linha de recifes contínua ou interrompida, apresentam conseqüências sobre a geometria da linha de praia adjacente. As mudanças são causadas pelos efeitos combinados da difração e refração das ondas. Quando a linha de praia moderna prograda rumo à barreira de recife, geralmente, há tendência para formação de um cúspide, semelhante a um tômbolo. Quando a linha de recife apresenta interrupções, pode-se formar um embaíamento na linha de praia em frente ao canal. O efeito geral resultante é a produção de uma linha de costa altamente irregular, com alternância de pequenas enseadas e pontais arenosos, como encontrado principalmente no litoral sul de Pernambuco.
As ondas são o principal fator de modelagem das zonas costeiras, e tem significativa importância quando da realização de obras de engenharia tais como; portos, marinas, canais, quebra‑ondas, molhes, muros, diques e emissários submarinos.
4.1.3 - Refração e Difração 
A partir do momento que as ondas passam a sentir o fundo sua velocidade de propagação se altera, como visto acima. Se estas se aproximam em um angulo menor ou maior que 90o em relação ao contorno batimétrico do fundo, a parte do trem de ondas que estiver mais próximo à costa passará a sofrer primeiro os efeitos do fundo e ter sua velocidade diminuída. A redução da velocidade associada à mudança de direção da propagação é denominada de refração (Figura 4. 2). 
Figura 4.2 -  Padrão de refração de um trem de ondas aproximando-se de um promontório rochoso com batimetria mais rasa à sua frente. 
A refração tende a promover o parelhamento das cristas em relação ao contorno submerso. Isto promove a concentração de energia em determinados pontos como promontórios, e dissipação em outros como embaiamentos. No caso de ondas se aproximando, em ângulo, de costas retilíneas com contorno batimétrico paralelo, a refração tende a reduzir a energia das ondas, pois uma mesma quantidade de energia é distribuída ao longo de um comprimento maior de praia - estiramento da onda. 
A difração ocorre quando um obstáculo impede repentinamente a propagação da onda, sem que haja redução gradual da profundidade. Neste processo a energia da onda é transferida lateralmente ao longo da crista. 
4.2 – Mares
As máres são o movimento periódico de elevação e declíneo das águas do mar devido às forças atração gravitacional do Lua e do Sol. A superfície da Terra é constituída de parte sólida que chamamos crosta terrestre e uma parte líquida, rios, mares, etc. A região do nosso planeta que está mais próxima da Lua e do Sol sofrerá uma força maior, com isso a água será "puxada" mais fortemente que a crosta, formando uma protuberância de água nessa região.
Para entender a formação das máres observe a figura acima que representa a Lua em seu movimento em torno da Terra. A água do mar, em A, está mais próxima da Lua, sendo, então, atraída por ela por uma força maior do que nos demais pontos. Por isso essa água sofre uma elevação neste ponto, dando origem a uma maré alta na posição A. 
No ponto C, oposto, a força gravitacional da Lua sobre a água é menor do que nos outros pontos. Então, em C, por inércia, a água tende a se afastar da Terra, dando origem neste ponto também a uma maré alta. Nos pontos B e D o nível do mar é mais baixo à altura média, dando origem à maré baixa nesses pontos.
A atração gravitacional do Sol provoca um efeito semelhante nas águas do mar, se sobrepondo ao efeito produzido pela Lua. Por isto, quando o Sol, a Lua e a Terra estão alinhados, são observadas marés mais elevadas, pois nesta situação os efeitos se somam.
(Mudança do nível da água em um ponto da Terra num período de 24 horas)
À medida que a Terra gira em torno de seu eixo, as marés alta e baixa se sucedem numa dada região.
A amplitude das máres, isto é, a diferença de nível entre a preamar e a baixa-mar, varia muito de um lugar para outro. Uma das maiores marés do mundo é a que ocorre na baía do Monte Saint-Michel, na França, podendo chegar a 14 metros. No Brasil, as maiores marés acontecem no litoral do Maranhão.
Segundo a classificação de Hayes (1979), pode-se distinguir as seguintes classes de marés: regime de micromaré (0-1m), regime de mesomaré fraco (1-2m), regime de mesomaré forte (2-4m), regime de macromaré fraco (4-5m) e regime de macromaré (>5m).
O "Shore Protection Manual" (1984) menciona elevações do nível de água que podem atingir mais de sete metros sobre uma costa aberta, em uma baía ou estuário. A este fenômeno está associada uma forte erosão na costa.
O fenômeno das marés ocorre em todas as superfícies de água da Terra, e não apenas nos oceanos. Embora menos evidente, as marés existem em rios e lagos.
O entendimento das marés permitiu compreender a razão pela qual a Lua volta sempre a mesma face para a Terra. Outrora o nosso satélite encontrava-se provavelmente no estado líquido. A rotação desta esfera líquida em torno da Terra era acompanhada por um muito forte atrito de marés que tinha por efeito reduzir gradualmente a velocidade da rotação da Lua. Finalmente, cessou essa rotação em relação à Terra, as mares desapareceram e a Lua escondeu-nos metade da sua superfície.
4.3 - Ventos
Os ventos são os grandes responsáveis pela dinâmica costeira. Caracterizam-se principalmente pela sua direção e velocidade, tendo um papel importante na sedimentação litorânea. Sobre a superfície aquosa, são responsáveis pela formação das ondas, contribuindo, também, para a geração das correntes litorâneas.
Seu papel não se restringe ao de originar as ondas e por conseqüência as correntes litorâneas. O transporte de sedimentos que ocorre na costa é também influenciado pelos ventos que incidem sobre esta, e podem produzir importantes depósitos para o equilíbrio de uma praia, como os campos de dunas, que constituem uma das principais fontes de suprimento de areia para a praia.
		
Para entender fenômenos complicados, muitas vezes é útil imaginar situações idealizadas, hipotéticas, simplificadas. Este procedimento facilita a compreensão e análise de situações muito complexas. É amplamente empregado em experimentos de laboratório e em problemas matemáticos cujas equações se tornam impossíveis de resolver.Simplificar, idealizar, é uma prática comum em ciência.
Vamos primeiro entender o significado de espectro de energia: quando você olha o mar, algumas vezes aparecem ondas vindas de todas as direções e em vários comprimentos. Embora não pareça, o estado caótico das ondas do mar é formado por uma porção de ondas, cada uma individualmente bem comportada. Uma onda bem comportada entendo por aquela ondinha sozinha que vemos na piscina, ou em um lago, quando arremessamos algum objeto. Existem métodos matemáticos que conseguem decompor o estado do mar em componentes simples, individualmente bem comportadas. Um indivíduo, ou componente, tem uma velocidade de propagação (chamada de velocidade de fase), um comprimento de onda (distância entre duas cristas) e um período (tempo entre a passagem de duas cristas sucessivas, medido em uma localização fixa).
Se a agitação for decomposta em componentes identificadas por períodos e direções, teremos para cada indivíduo uma altura. O conjunto das alturas, sendo cada uma delas referente a uma direção e a um período, é chamado de espectro. 
Suponha agora uma situação idealizada: um mar totalmente parado, sem nenhuma onda. A superfície totalmente lisa. Daí suponha que um vento uniforme, isto é, sem nenhuma variação no tempo e no espaço, e com velocidade constante, comece a soprar sobre o mar. 
Começam a surgir pequenas ondas no mar, que irão crescer, até atingirem um estado estável após vários dias , quando o conjunto das ondas não muda, isto é, isto é, obtém-se um espectro constante.
Vamos examinar algumas características destas ondas. Primeiro a direção de propagação. Você acha que só aparecem ondas propagando-se na direção do vento? A resposta é não. A maior energia ou as maiores ondas estão com direção igual a do vento, mas nem todas ondas estão com esta direção. Elas se propagam em todas direções desde 90 graus à esquerda do vento até 90 graus à direita. Por exemplo, se o vento sopra para norte, surgirão ondas de leste, passando por nordeste, norte, noroeste e oeste. A distribuição de energia nas direções segue a figura abaixo:
E quanto ao período? Quais períodos são ativados pelo vento? A resposta depende do valor do vento. Quanto maior o valor do vento, maior o valor do limite superior do período. A regra é muito simples: ondas que possuem velocidade de fase menor ou igual a velocidade do vento, são ativadas. A velocidade de fase de uma onda depende do período. Para águas profundas, a figura abaixo mostra a velocidade de fase para cada período. 
Então por exemplo, analisando a figura, um vento de 10 m/s constrói ondas com período máximo de 6,5 s.
 
4.4 - Correntes litorâneas e transporte de sedimentos
As ondas que chegam à praia acabam por gerar uma série de correntes, cujo padrão depende do ângulo de incidência que fazem com a linha de praia.
As correntes litorâneas transportam os sedimentos que foram postos em movimento pela ação das ondas ao longo de amplos trechos da costa. Este movimento de areia é denominado de deriva litorânea e constitui-se num importante processo de transporte de sedimentos ao longo de costas arenosas.
.
Próximo ao litoral, a influência de vários fatores torna as correntes bastante complexas, necessitando de estudos detalhados sobre o modelo de circulação, que resulta principalmente da ação dos ventos, das marés, das descargas de água doce do continente e da interação entre esses fatores e a morfologia do ambiente.
Capítulo 5
METODOS DE INVESTIGAÇÃO – ONSHORE E OFFSHORE
5.1 – Amostradores diretos
O objetivo dos amostradores é coletar amostras de material superficial do fundo. São vários os tipos existentes, que possuem em comum o fato de "morderem" uma fatia do fundo (quando constituído por material inconsolidado -areia e lama). O amostrador é lançado do navio com as "mandíbulas" abertas e travadas, que se destravam após atingirem o fundo, quando então o aparelho é içado novamente ao barco. 
A textura do sedimento de fundo pode variar bastante em uma pequena região (poucos metros quadrados) dependendo da natureza do sedimento e do regime hidráulico ao qual este é submetido. Sendo assim, é conveniente poder contar com informações extras sobre a
natureza do fundo, que podem ser adquiridas através de filmagem ou fotografia. 
Dragas são amostradores que, puxados por uma embarcação, raspam o fundo para coletar sedimentos. Apresentam a conveniência de permitir coletas rápidas, pois a embarcação não precisa permanecer estacionada. No entanto, podem ser problemáticas em regiões caracterizadas por variações texturais no fundo, pois ao serem rebocadas varrem uma área relativamente grande, podendo permitir a contaminação da amostra. As figuras abaixo mostram anostradores pontuais e não pontuais de superfície.
5.1.1 - Amostradores pontuais superficiais
	Amostrador
	Volume (l)
	Peso (Kg)
	Limite prof.
	Ti po de Sedimento
	Dietz La Fonde
	0.5 – 1.0
	15
	200 – 300
	Areia e Lama
	Shipeck
	3.0 – 5.0
	40
	500 – 800
	Areia,Lama e Cascalho
	Van Veen
	30 - 40
	40
	500 – 800
	Areia, Lama e Cascalho
	Ekman
	40
	30
	500 – 800
	Lama
					 
5.1.2 - Amostradores não Pontuais
								
	Amostrador
	Volume (l)
	Peso (Kg)
	Limite prof.
	Ti po de Sedimento
	Gibbs
	0.5 – 1.0
	5 – 10
	200
	Areia e lama
	Draga arasto
	30 - 40
	5 – 10
	200
	Areia lama e nódolos calc.
5.1.3 - Sondagem por Gravidade ("gravity corer") e Sondagem a Pistão ("piston corer") 
São utilizados tubos de metal com diâmetro de até 70 mm e comprimento de 0,5 m ("gravity corer") e 6,0 m ("piston corer") que, lançados do barco, penetram no subsolo por efeito de gravidade (levam um peso ao topo). Nas sondagens a pistão, uma sonda de gravidade serve como gatilho para liberação do pistão e retenção de rolha interna (Figuras B e C, abaixo) que auxilia na formação de vácuo interno, sucção dos sedimentos e poder de penetração da sonda. 
 
5.1.4 - Testemunhador a Vibração ("vibra-corer") 
Nesta testemunhagem, um tubo penetra no subsolo por meio de vibrações de alta freqüência. As vibrações podem ser produzidas de diversas formas, como por exemplo através de um pistão pneumático ou um mangote utilizado no assentamento de lajes de concreto (figura a seguir). Tubos de alumínio ou PVC com 6 m de comprimento são normalmente utilizados (maior penetração pode ser conseguida emendando-se 2 tubos com arrebites), e a profundidade de sondagem fica na dependência do comprimento das mangueiras que transmitem a força para funcionamento do vibrador (limitado a poucas dezenas de metros).
Sondagem com testemunhador a vibração na planície costeira. Neste caso a vibração é produzida através de rotações (geradas por um motor - canto inferior esquerdo) de uma barra de ferro dentro de um mangote, que é preso ao tubo de sondagem por uma braçadeira. Aqui a retirada do tubo é feita com o auxílio de uma talha presa ao tripé
5.2 – Amostradores Indiretos
5.2.1 - Vídeos e Fotografias Submarinas 
Imagens detalhadas de pequenas seções do fundo marinho podem ser feitas câmaras de vídeo e câmaras fotográficas, fornecendo informações sobre a natureza dos sedimentos os processos de sedimentação que ocorrem no local (através da análise das formas de fundo). As câmeras podem ser puxadas próximo ao fundo, acopladas em submersíveis (Figura abaixo) ou então operadas por veículos com controle remoto. 
Esquema de um submersível equipado com câmeras de vídeo e fotográfica
A saga do homem em desvendar os segredos dos oceanos não tem tido limites, e não se contentando em investigar apenas a superfície, desceram a grandes profundidades já no começo deste século. Dotados de veículos rudimentares, mas que eram os mais avançados para a época, venceram os grandes desafios que existem nos mergulhos muito profundos. 
Felizmente os sucessos foram maiores doque os fracassos e os equipamentos passaram por uma grande evolução até os dias de hoje.
Estes veículos são equipados com vários dos instrumentos de medição descritos anteriormente, como, profundímetros, termômetros, salinômetros, eco-batímetros, correntômetros, câmaras de foto e vídeo, etc. 
Em 1934, Otis Barton e William Beebe desceram a quase 1000 m de profundidade com esta cápsula de aço, cujas paredes tinham 3 cm de espessura (abaixo). As experiências desta batisfera assinalaram o início da moderna oceanografia. Em 1960, Jacques Piccard e Don Walsh, a bordo do Trieste, descem a 10.910 m, na fossa Challenger, no Vale das Marianas (Reader's Digest 1980). 
A fim de investigar locais de difícil acesso, como o interior de navios naufragados, e de permanecerem submersos por maiores períodos de tempo, a indústria 
oceanográfica criou e desenvolveu pequenos veículos operados por controle remoto (ROVs - figura a seguir), que podem trabalhar em profundidades elevadas. Podem ser também equipados com vários instrumentos de medição, além de possuírem braços articulados para que possam coletar amostras ou mesmos realizar concertos em estruturas industriais submarinas. São também utilizados para o desarme de minas explosivas e resgate de naufrágios. 
5.2.2 - Sonar de varredura lateral
Este aparelho (figura abaixo), rebocado atrás do navio, emite dois fachos de ondas sonoras de varredura (um de cada lado do aparelho). Assim como as ecosondas, trabalham em diferentes freqüências capazes de fornecer vários graus de resolução da topografia de fundo. Os mais sofisticados sonares são capazes de imagear trechos de até 70 km de cada lado do aparelho. 
Sonar de varredura lateral, central de processamento de dados e monitor de visualização das imagens. 
Esta figura a seguir, do Serviço de Geologia Norte-Americano (USGS), ilustra a forma de operação do sonar de varredura lateral, sendo rebocado por um navio, e a zona de cobertura dos sinais emitidos, 
O imageamento do fundo resultante é mostrado abaixo. Se o fundo do mar é rugoso, a onda sonora será espalhada em todas as direções, e algumas retornarão ao receptor. Superfícies que favorecem o retorno de um forte sinal (saliências de pedras e outras rugosidades) são marcadas em branco, enquanto que reflexões fracas causadas por sedimentos finos e zonas de sombra são marcadas por em tons de cinza. 
Ao equacionar a amplitude dos ecos registrados a diferentes tonalidades de cinza e mostrando o resultado na sua posição correspondente ao sonar (bandas dispondo-se lado a lado), pode se obter uma imagem da textura do fundo muito parecida com uma fotografia preto e branco. O processamento das várias passagens do sonar de varredura, necessárias para se mapear uma área, gera um foto mosaico do fundo submarino.
A figura acima mostra uma imagem de alta resolução obtida através da composição computadorizada de várias faixas imageadas com o sonar de varredura lateral (fonte: Pratson & Haxby.
5.2.3 - Sísmica de Múltiplos Canais 
Este sistema utiliza baixa freqüência e grande potência na geração de ondas (de choque ou sonoras) para alcançar maior penetração em subsuperfície (figura abaixo). As ondas produzidas pelo transdutor (rebocado pela embarcação) penetram nas camadas sedimentares retornando com freqüências diferentes cada vez que encontram um substrato de natureza diferente. O retorno dos sinais é captado por hidrofones (rebocados também à retaguarda da embarcação) e enviados a um aparelho no barco para processamento. 
Técnicas acústicas de investigação submarina. A embarcação é equipada com uma ecosonda de alta freqüência para investigação da batimetria, uma ecosonda de baixa freqüência para investigação em alta resolução da camada lamosa subsuperficial, e um "Sparker" ou "Air Gun" para investigação de alta penetração para resolução da estratigrafia profunda. Em B observa-se um sonar de varredura lateral puxado pela embarcação e o imageamento resultante do fundo (fonte: C.H. Nelson, Marine Techniques, In: SEPM Short Course no. 14, pg. 9). 
5.2.4 – Batimetria
O levantamento batimétrico tem como finalidade mostrar, com precisão, a configuração superficial do fundo marinho. Para exemplificar na prática, apresentaremos a seguir um levantamento batimétrico realizado pela ESTEIO – Engenharia e Aerolevantamentos - PA
Batimetria - Lagoa da Conceição - Florianópolis/SC
Para a execução deste Levantamento Batimétrico, a ESTEIO utilizou o ecobatímetro da marca ODOM, modelo SDH-13A, que utiliza ondas ultra-sônicas para a determinação da profundidade. De acordo com as especificações técnicas do equipamento, podem ser obtidas medidas de profundidade compreendidas no intervalo de 0,5 a 120 metros.
Os dados coletados são registrados graficamente e de forma digital pelo DIGITRACE. Este equipamento possibilita a entrada de dados relativos à velocidade de propagação do som na água e da profundidade do TRANSDUTOR (sonda que emite e recebe o som, pelo qual a profundidade é determinada). 
Ecobatímetro utilizado nos levantamentos 
Lancha percorrendo trajetoria na Lagoa. 
Diariamente, antes de iniciar as atividades de coleta de dados, era realizada a calibração do ecobatímetro, mediante a introdução na água de uma corda graduada com um peso amarrado à sua extremidade. Este procedimento permitiu que as leituras do ecobatímetro fossem comparadas com as leituras da corda, e as correções fossem feitas no valor da velocidade de propagação do som na água. Neste caso, devido às características da água, foi utilizada a velocidade de 1.500m/s. Vale observar que a velocidade da embarcação quando da coleta dos dados foi sempre inferior a 3 nós. 
Desenhos obtidos no levantamento batimétrico
Para o posiciosamento planimétrico (bidimensional) da embarcação foram utilizados receptores GPS da marca TRIMBLE, recebendo correções diferenciais (DGPS). A antena GPS foi instalada centrada em relação a sonda, minimizando assim o erro de posicionamento da embarcação devido ao ângulo de inclinação da mesma.
A execução dos serviço foi realizada conforme o planejamento acima, em que o posicionamento das seções foram obtidos por meio do programa HYPACK, desenvolvido pela Coastal Oceanographics, Inc.. Uma vez definidas as seções, realizou-se o levantamento propriamente dito, que consiste em coletar e unir os dados provenientes do GPS (formato NMEA, com mensagens GGA e VTG) e do ecobatímetro (profundidade), utilizando como interface um microcomputador a bordo. Estes dados foram coletados em coordenadas WGS-84 em tempo instantâneo com o registro das profundidades realizadas pelo ecobatímetro a cada 20 a 30 centímetros percorridos na seção. Para a realização do levantamento foi necessário que a embarcação percorresse cada uma das seções planejadas. 
Trajetória percorrida pela lancha 
Detalhe dos Dados Obtidos 
 
5.3 – Oceanografia Física
Talvez o primeiro homem que utilizou procedimentos científicos, no Ocidente, para avaliar os oceanos foi Benjamin Franklin que, entre 1775 e 1785, em três viagens entre a América do Norte e a Europa, tirou de três a quatro medidas de temperatura por dia com um simples termômetro, da então mal conhecida Corrente do Golfo. Ele queria determinar os limites laterais de temperatura entre as águas transportadas por esta corrente e as águas mais frias circunvizinhas (Figura abaixo). 
Apesar do grande interesse no mar existir já há vários séculos, a pesquisa oceanográfica começou realmente a se desenvolver com velocidade a partir da Primeira Guerra Mundial, quando equipamentos eletroacústicos passaram a ser utilizados para medição de profundidades. Atualmente, uma grande variedade de instrumentos mecânicos, eletro-eletrônicos, acústicos, óticos e térmicos, já existem para medir, direta ou indiretamente, de dentro d’água, embarcados em navios, a partir de estações costeiras ou do espaço, os diversos parâmetros físicos dos oceanos.5.3.1 - Correntometria
	
A circulação de ambientes estuarinos e costeiros é complexa e resulta principalmente da ação dos ventos, da marés, das descargas de água doce do continente e da interação entre esses fatores e o relevo e a morfologia do ambiente. A circulação condiciona não só o transporte e o padrão de distribuição de sedimentos, como também a dispersão de organismos e de poluentes.
O padrão de circulação, por exemplo, poderá ser alterado por dragagem, aterros, construções de molhes e piers, retificação de leitos de rios e construção de barragens, entre outras obras.
Os estudos de correntometria, visam inferir um padrão geral de circulação do sistema. Esses dados permitem identificar áreas mais sujeitas a eventos erosivos e deposicionais. 
Os levantamentos incluem medições instantaneas da intensidade e direção das correntes com utilização de correntômetros que obtem séries temporais das correntes com 13 h de duração ao longo da zona costeira e fora da área de arrebentação.
Os correntômetros, quando equipados com mecanismos de registro são comumente chamados de correntógrafos. De acordo com seus mecanismos de medição, podem ser subdivididos em mecânicos e eletrônicos. 
Correntômetros mecânicos 
 Lemes de Corrente ("Current Vanes")
Em formato de "X" (mais antigo) ou em "V", é utilizado para medir velocidades médias
instantâneas. O modelo mais usado, em "V" (Figura abaixo), consta de um artefato de acrílico, com um peso na parte de baixo. 
Especificações:
Velocidade mínima: 0,1 m/s
Velocidade máxima: 1,6 m/s
Desvio 0,04 e 0,06 m/s
Este artefato é baixado na profundidade desejada por um fio de náilon ou aço. O fluxo da água arrasta-o, fazendo com que o cabo de sustentação forme um ângulo com a vertical. Este ângulo é medido com um inclinômetro e aplicado a uma equação de reta obtida durante a calibração do instrumento (comparação dos ângulos às velocidades medidas com um outro correntômetros). 
2 - Correntômetros eletrônicos
Correntômetros eletrônicos medem a velocidade e a direção da corrente em dois ou três eixos (2 horizontais - x e y - e um vertical, z). As velocidades aferidas nestes três eixos podem ser fornecidas de forma individual ou então como uma corrente resultante, sendo a direção determinada com o auxílio de uma bússola interna ao aparelho. Têm a vantagem de não interagirem fisicamente com o ponto medido e a desvantagem de exigirem manutenção técnica complexa e constante (Emery & Thomson, 1998).
1 - Acústicos 
Este tipo de correntômetro mede a diferença no tempo de trânsito de ondas sonoras de alta freqüência, que se propagam dentro do meio líquido, entre dois ou três pares ortogonais de transdutores-emissores (figuras A e B) dispostos a uma distância fixa conhecida (Emery & Thomson, 1998). 
	(A)
	
Correntômetro acústico 3D-ACM Coastal Current Meter fabricado pela Falmouth Scientific.
	(B)
	
Detalhe dos sensores
Quanto maior a velocidade da corrente na direção de propagação do som, menor o intervalo de tempo entre emissão e recepção do pulso sonoro. Estes tipos de correntômetros são capazes de registrar variações em freqüências bastante elevadas (até 25 Hz), e se tornam ideais para investigação da turbulência e estrutura do fluxo próximo à camada limite. Algumas de suas características são (variam a depender do modelo): 
Amplitude de medição : 1 mm/s a 5 m/s
Freqüência de medição: 0.1 a 25 Hz
Resolução: < 1cm/s
Devido à sua sofisticada tecnologia, juntamente com um elevado nível de ruído e um natural desalinhamento físico dos sensores, estes correntômetros necessitam de manutenção técnica e calibração bastante freqüente (Emery & Thomson, 1998)
Capítulo 6
EROSÃO E PROTEÇÃO COSTEIRA
6.1 – Introdução
A linha de costa é sem dúvida uma das feições mais dinâmicas do planeta. Sua posição no espaço muda constantemente em várias escalas temporais (diárias, sazonais, decadais, seculares e milenares). A posição da linha de costa é afetada por um número muito grande de fatores alguns de origem natural e intrinsecamente relacionados à dinâmica costeira (balanço de sedimentos, variações do nível relativo do mar, dispersão de sedimentos, storm surges etc), outros relacionados a intervenções humanas na zona costeira. 
Como resultado da interação entre estes vários fatores, a linha de costa pode avançar mar adentro, recuar em direção ao continente, ou permanecer em equilíbrio. Quando a linha de costa recua em direção ao continente, fala-se que a mesma está experimentando erosão.
O fenômeno de erosão torna-se um problema para o homem (risco natural - natural hazard) quando este constrói algum tipo de referencial fixo (estrada, prédio ou outro tipo de construção permanente) que se interpõe na trajetória de recuo da linha de costa. Deste modo o problema de erosão, conforme apontado por vários autores, é de certa maneira causado pelo homem, pois se ninguém morasse próximo à linha de costa este problema não existiria. Deve-se ressaltar que o problema de erosão não se restringe apenas às linhas de costa oceânicas, podendo também ocorrer em praias associadas a corpos d’água interiores. 
É importante esclarecer que o fenômeno da erosão não implica em destruição da praia arenosa, como o termo à primeira vista parece sugerir. A posição da praia simplesmente recua continente adentro durante este processo. Deste modo alguns autores sugerem que em vez de erosão, seja utilizado o termo "recuo da linha de costa", visto que este último traduz de maneira mais fiel o que realmente acontece. O desaparecimento da praia arenosa, usada para fins recreativos, ocorre quando o homem interfere no processo de recuo da linha de costa, tentando estabilizar a posição da linha de costa através de obras de engenharia. 
 
Estudos recentes, conduzidos a nível internacional, têm demonstrado que as praias, em escala mundial, apresentam uma tendência à erosão e ao recuo. Costas arenosas apresentando sinais de progradação constituem exceção.
Como explicar esse período de crise que sofrem atualmente as praias? Os estudos têm revelado que a erosão não começou ao mesmo tempo em todas as praias do planeta e afeta, tanto litorais pouco urbanizados, como aqueles com grandes concentrações humanas e com grandes obras de engenharia. Uma vez que a velocidade da erosão não é a mesma, pode-se pensar em causas naturais e causas induzidas pela ação antrópica.
6.1.1 - Causas naturais
As praias representam formas de acumulação do litoral em equilíbrio, enquanto o processo de erosão representa uma modificação deste equilíbrio, enquanto o processo de erosão representa uma modificação deste equilíbrio, que de positivo passa a ser negativo. É esta inversão de tendência que sofrem as praias, em escala planetária, que é preciso compreender.
O primeiro fato que chamou a atenção dos pesquisadores foi o grande contraste existente entre a grande acumulação de areia nas praias e a pequena quantidade de areia transportada atualmente pelos rios, que são os principais fornecedores de sedimento (areia) para as praias. Nossos rios praticamente só transportam lama (silte+ argila), que fica retida nos estuários, constituindo os manguezais tão comuns na zona costeira.
Esse fato leva à conclusão de que a grande quantidade de areia acumulada nas praias constitui uma herança quando as condições geológicas e climáticas eram mais favoráveis.
O nível de mar ao se estabilizar, por volta de 7.000 anos A.P. (Antes do Presente), apresentou ligeiras oscilações em relação a sua posição atual, possibilitando a acumulação de grande quantidade de material no ambiente praial, com formação de amplas praias e vastos campos de dunas.
Esse período de acumulação abundante dura até que o equilíbrio litoral seja atingido, às expensas da reserva submarina de sedimentos.
Começa em seguida o que Paskoff (1985) chamou, por analogia, períodode déficit de material, uma vez que os aportes limitaram-se apenas aos materiais resultantes do produto da erosão marinha e continental. Esta situação é caracterizada pela grande falta de sedimento para alimentar as praias.
Os estudos mareográficos, em escala global, têm mostrado que o nível relativo do mar atualmente apresenta uma tendência à elevação lenta, da ordem de 1,2 a 1,5 mm/ano.
Foi constatado que uma elevação do nível do mar pode interferir no estado de equilíbrio das praias, através da perda de sedimento e recuo das mesmas. O perfil da praia migra em direção à terra devido à erosão do estirâncio superior ou da pós-praia e o material vai se acumular na antepraia, de tal sorte que a espessura da lâmina d´agua permanece constatnte.
Um lento crescimento da frequencia e da força das ondas tem sido invocado por alguns autores como agentes que favorecem a erosão das praias.
Uma nítida diminuição da quantidade de sedimento (areia) sobre a costa, uma lenta elevação do nível do mar, são causas que, isoladamente, não têm capacidade suficiente para explicar a erosão generalizada sofrida atualmente pelas praias. Mas, agindo conjuntamente, elas podem criar condições desfavoráveis que ameaçam a estabilidade, permitindo um recuo das praias, muitas vezes acelerado pelos efeitos das intervenções humanas.
Como sabemos, os parâmetros modeladores da morfologia recente da costa do Nordeste foram responsáveis pelo sistema de praias vulneráveis à erosão. O fornecimento de sedimento pelos rios permaneceu sempre pouco expressivo, pelo menos a partir do Holoceno, e o fraco material trasportado ficou retido nos estuários formando os manguezais. Outro fator que contribui para acentuar a erosão costeira é a ausência de dunas, que funcionam como importante fonte de sedimentos para as praias.
6.1.2 - Causas antrópicas
Os trabalhos realizados nos rios geralmente reduzem consideravelmente seu papel de principal fornecedor de material sólido à costa. Neste sentido, as barragens, através do efeito de represamento (“dam effect”) representam armadilhas eficazes na retenção de sedimentos.
A exploração indiscriminada de areia das dunas, pós-praia e antepraia, para construção civil e aterros, agrava seriamente o déficit de sedimentos nas praias e acelera o seu processo erosivo.
Trabalhos portuários no litoral, como aqueles decorrentes da construção ou ampliação dos Portos de Recife e de Suape, afetam a corrente de deriva litorânea e o transporte do material, modificando a evolução da linha de praia. Processos de assoreamento ocorrem contra o molhe que freia a corrente costeira, enquanto que nos setores situados a sua jusante ocorrem erosão e recuo de linha de costa, como está ocorrendo na área de influência do Porto de Suape.
Grande concentração de obras civis no domínio litorâneo, tais como edifícios, passeios, estradas, diques, entre outros, sobre as dunas frontais e a pós-praia, além de agredir a paisagem, contribuem para aumentar o déficit de sedimentos e, conseqüentemente, causar a erosão das praias.
Por outro lado, reduzindo-se a largura do estirâncio, diminui-se o poder dissipador das ondas, causando erosão mais intensa das praias. Deste modo, torna-se necessário proteger do ataque do mar, as construções imprudentemente implantadas muito próximas da linha de praia.
Essas obras, como será visto a seguir, geralmente não atacam a raiz do problema, que é a falta de sedimento. Muitas vezes têm o inconveniente de, ao fim de certo tempo, necessitar de novas intervenções, que vão interferir no equilíbrio e muitas vezes provocar o completo desaparecimento das praias, que, por sua vez, necessitarão de novas obras, criando-se, assim, um ciclo vicioso.
6.2 – Defesa das praias
Obras para defesa de costa são amplamente utilizadas em todo o mundo. Na França, por exemplo, para um litoral de 4.471 Km, existem cerca de 97 m de comprimento de obras por quilômetro. No Japão, para 31.000 Km de costa, encontram-se mais de 8.000 Km de muros de proteção, cerca de 1.500 quebra-mares e mais de 10.000 espigões, além das estruturas de proteção associadas aos mais de 4.000 portos do país (Paskoff, 1985).
A seguir serão descritos, resumidamente, os tipos de obras mais comumente usadas, suas características, vantagens e desvantagens.
6.2.1 – Espigões ( Groins)
São obras dispostas mais ou menos perpendicularmente à linha de costa, com o objetivo de reter o sedimento transportado pela corrente da deriva litorânea conforme figura abaixo:
Esse tipo de intervenção é recomendado para praias que apresentam grande volume de transporte litorâneo. Nesses casos eles podem estabilizar trechos de praia que passam a apresentar um aspecto segmentado.
A grande desvantagem deste tipo de intervenção é provocar um agravamento da situação à jusante do setor protegido e de deslocar o problema, muitas vezes ampliado, para outro local que passa a apresentar um recuo da linha de praia devido à erosão . É um tipo de obra muito comum, tendo sido usado, por exemplo, para proteção do litoral de Olinda - PE.
A figura 6.1 mostra os efeitos negativos resultantes da construção de espigões. (Fonte: Paskoff, 1985).
6.2.2 - Muros de proteção ( Sea-Walls) 
São obras de defesa geralmente dispostas paralelamente à linha de praia, muitas vezes associadas a enrocamentos. São construídas com o objetivo de proteger do ataque frontal das ondas. Tais construções são geralmente instaladas, de forma imprudente, muito próximas ao mar, sejam sobre duna frontal ou pós-praia, ver figura abaixo:
��
Se os muros forem bem construídos e com boa manutenção, podem assegurar a proteção das praias ameaçadas. Entretanto, eles apresentam o grande inconveniente de impedir todas as trocas de areia entre a duna e o estirâncio, as quais são necessárias ao bom equilíbrio do sistema. Com a redução da largura da praia (estirâncio), ocorre uma concentração de energia de arrebentação das ondas que vai provocar um aumento da turbulência da água e conseqüente aceleração da erosão da praia .
Esta situação é muito comum na Região Metropolitana do Recife, onde as construções avançando sobre a praia, sofrem ação das ondas e para sua proteção são feitas intervenções que vão tornar as praias impróprias ao lazer.
A figura 6.2 mostra os efeitos negativos resultantes da construção de um muro com enrocamento sobre a praia. (Fonte: Paskoff, 1985).
6.2.3 - Quebra-mares (Backwash)
São obras longitudinais em relação à linha de praia, que diferem dos muros de proteção por serem implantadas a uma certa distância da praia como mostra a figura abaixo :
Os quebra-mares têm perfíl trapezoidal construídos com material de grande tamanho (blocos de rocha, concreto, tetrápodes) e têm como objetivo principal amortecer o ataque das ondas antes que elas atinjam a praia.
Para se proteger uma praia, pode-se dispor de várias estruturas de quebra-mares, cujos espaçamentos e distâncias da linha de praia devem ser calculados de modo a permitir que as ondas ao penetrarem através de seus espaços sejam igualmente amortecidas quando atingirem a praia. Esse tipo de intervenção foi empregado na praia da Casa Caiada (Olinda).
Esse tipo de obra é mais indicado para costas de baixa amplitude de marés e têm a vantagem de criar entre os quebra-mares e a linha de praia, uma zona de sombra onde se produz um assoreamento, mas apresentam o inconveniente de provocar o processo de erosão no setor adjacente à jusante da corrente .
	
Os quebra-mares podem ser projetados para permanecerem submersos, amortecendo o ataque das grandes ondas permitindo a passagem das pequenas ondas, evitando uma interrupção total do transporte litorâneo, impedindo que ocorram sedimentos lamosos tão prejudiciais à balneabilidade das praias.
A figura 6.3 mostra o efeito da construção de um quebra-mar sobre o comportamento morfológico de uma praia. (Fonte: Paskoff, 1985)
6.2.4 - Alimentaçãoartificial das praias
Diferente das obras anteriores, essa intervenção tem por finalidade corrigir o déficit sedimentar da praia, injetando areia para restabelecer o perfil de equilíbrio, sem perturbar os processos naturais atuantes no litoral.
	
É um método muito utilizado em várias praias e menos agressivo do que as intervenções anteriormente descritas. O material a ser utilizado deve estar o mais próximo possível da obra e ser muito semelhante ao que constitui a praia que se quer reconstruir. Geralmente é dragado da plataforma continental interna adjacente, mas em alguns casos pode ser retirado do campo de dunas mais afastado. Em ambos os casos, antes de proceder a retirada do material, deve-se efetuar um estudo integrado para identificar os possíveis impactos ambientais decorrentes da extração de areia.
6.3 – Metodologias para avaliação da Erosão Costeira 
Dentre os métodos que podem ser utilizados para se compreender as tendências de comportamento da linha de costa nas suas várias escalas temporais e espaciais pode-se mecionar.
1. Análise das tendências de erosão de longo prazo da zona costeira com base no conhecimento de evolução da linha de costa durante o Quaternário.
2. Comparação de fotos aéreas verticais obtidas em épocas distintas. Observar que estas fotos deverão estar disponíveis em escalas adequadas para a análise do fenômeno; 
3. Monitoramento através de sobrevôos e execução de perfis de praia;
4. Conhecimento com detalhe da morfologia (batimetria) da plataforma continental interna ;
5. Conhecimento da hidrodinâmica (onda e correntes) na zona de arrebentação e plataforma continental interna
6.4 – Erosão Costeira no NE do Brasil
Para entender as causas da erosão no Nordeste tem-se que se considerar a evolução costeira do Quaternário, pelo menos a partir do Pleistoceno. A costa mostra evidencias de erosão e uma reduzida progradação, evidênciada por: 
1 - numerosas falésias dos sedimentos da Formação Barreiras;
2 - ausência ou reduzida presença de terraços pleistocenicos; 
3 - numerosas linhas de recifes que evidenciam um recuo da linha de costa. Os campos de dunas, quando presentes, atuaram como zonas de deposição de sedimento.
A erosão no Nordeste atinge níveis elevados conforme dados disponíveis, que podem resultar da: 
1 - reduzida contribuição de sedimentos pelos rios; 
2 - captura dos sedimentos pelas flexas arenosas;
3 - processos dinâmicos nas desenbocaduras dos rios retendo o sedimento; 
4 – recifes de arenitos e algálicos; 
5 - barragens nos rios; 
 6 - mudanças seculares no regime de ondas resultantes das mudanças na circulação atmosférica
 7 - obras de engenharia.
Capítulo 7
ESTUDO DE CASOS
7.1 – Praia de Boa Viagem
Em agosto de 1994, intensificou-se um processo erosivo, devido às fortes ressacas decorrentes da combinação de ventos mais fortes, gerando ondas maiores, com marés de sizígia.
Tendo em vista os danos materiais causados pela erosão, como a destruição parcial do “calçadão” (foto 1), de quadras de vôlei e derrubada de coqueiros, a Prefeitura da Cidade do Recife, através da Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana – EMLURB, firmou um convênio com o Laboratório de Geologia e Geofísica Marinha – LGGM/DEMI/UFPE, com o objetivo de identificar as causas do problema (naturais e/ou antrópicas). 
O referido monitoramento constatou o seguinte:
a) Primeiramente, foi constatado, através da restituição topográfica da variação da linha de costa, que o fenômeno erosivo persiste há, pelo menos, vinte anos: o recuo verificado desde 1974 totaliza, aproximadamente, 20 m.
b) O perfil praial, segundo a classificação de Wright & Short (1984), indica uma praia de caráter intermediário, levemente refletivo, com tendência erosiva. Esta tendência é corroborada através de perfis topográficos realizados, observando-se uma diminuição do volume,chegando a atingir mais de 500 m3 em um deles.
c) Os sedimentos que compõem o trecho estudado apresentam grande homogeneidade, formados por uma areia1 média fina,com diâmetro médio de 0,30 mm.
d) Os dados de altura significativa das ondas na zona de arrebentação registraram uma variação de 0,2 a 1,4 m, com predominância no intervalo 0,6-0,8 m. O período oscilou entre 4 e 12 s, com uma concentração entre 6 e 8 s.
e) As correntes de deriva litorânea são praticamente ausentes devido à incidência frontal das ondas sobre a linha de praia, provocando um transporte de fluxo e refluxo.
Quando ocorrem, as correntes apresentam-se, preferencialmente, no sentido N-S, com velocidade entre 0,1 e 0,2 m/s.
f) As direções predominantes de ventos são ESSE (130º Az), com percentuais elevados de E (70 a 92º Az), justificando, desta forma, a grande incidência de ondas frontais observadas na área. As velocidades variam de 0 a 6 m/s, sendo que a maio concentração situou-se no intervalo 3-4 m/s.
7.2 – Praias do Litoral do município de Olinda
O Monitoramento do Litoral de Olinda realizado pelo Prof. Paulo da Nóbrega Coutinho, identificou que os principais problemas do litoral do município de Olinda resultaram da falta de um conhecimento científico detalhado dos processos costeiros atuantes por ocasião do dimensionamento de obras portuárias, de projetos iniciados e não concluídos, de obras de proteção que se mostraram ineficientes para regeneração das praias e a pressão da urbanização desordenada das praias.
Destaca também que a morfologia da faixa costeira é fortemente influenciada pela geometria das linhas de recife, clima de ondas e outros parâmetros físicos que permitiram identificar quatro setores com graus de vulnerabilidades diferentes aos riscos costeiros, os quais estão resumidamente comentados abaixo:
SETOR 1 – representado pela praia do Istmo, apresenta uma estrutura estabilizada e uma faixa de praia com tendência à progradação. O maior risco desse setor é representado pela poluição que atinge a praia, que poderá se transformar na melhor opção de lazer para a população de Olinda.
SETOR 2 - do enraizamento do istmo de Olinda até o início da bateria de trinta e oito espigões, incluindo as praias dos Milagres, do Carmo e de São Francisco. È caracterizado pela ausência de praias e representa o trecho do litoral de maior vulnerabilidade à erosão.
SETOR 3 – corresponde à praia de Bairro Novo, caracterizado por uma defesa constituída por uma sucessão de trinta e oito espigões curtos e pouco espaçados, ligados por uma muralha de blocos rochosos soltos.
SETOR 4 – do espigão da praia de Casa Caiada até a foz do rio Doce, o litoral apresenta vários problemas que devem ser estudados de modo integrado. 
7.3 – Praias do Litoral do município de Paulista
A morfologia do litoral de Paulista apresenta um traçado sinuoso com setores côncavos e convexos, função direta da presença ou não de recifes paralelos à costa. Em conseqüência disto, na área litorânea do referido município foram identificados 05 (cinco) setores com características ambientais próprias e com graus de erosão diferenciados.
Setor 1
O Setor 1 localiza-se na porção sul da área entre a foz do rio Doce e a rua Ingazeira. Este setor representa cerca de 3.5 Km, apresentando-se como o trecho mais afetado pelo processo erosivo do litoral do Município de Paulista e onde concentram o maior número de intervenções realizadas nos últimos anos.
 
Neste setor, constata-se em sua grande maioria, um nível de ocupação urbana alto, com uma área de erosão intensa e presença maciça de obras de engenharia costeira, representando 82,5% do seu comprimento total. 
Este setor apresenta a maior concentração de intervenções antrópicas neste dez últimos anos, os quais destacam-se: um guia corrente no foz do rio Doce; nove espigões perpendiculares e seus respectivos quebra-mares, além de varios trechos com enrocamentos de pedras aderentes. 
O guia corrente e os espigões formam um conjunto de dezcélulas com diferentes respostas às ações hidrodinâmicas que atuam na área, e apresentam resultados diferentes dentro de cada um delas.
SETOR 2
O Setor 2 localiza-se entre a rua Ingazeira e imediações da rua Alvenópolis, ocupa cerca de 3,2 Km de extensão do litoral do Município de Paulista, é constituído pelo trecho mais saliente da área pesquisada, associada a uma concavidade da linha de costa (entre o Forte de Pau Amarelo e a Igreja de Nossa Senhora do Ó), reflexo direto da abertura do cordão de recifes na plataforma continental adjacente (Barra de Pau Amarelo).
No trecho mais saliente deste setor, a praia apresenta uma declividade intermediário (3º a 6º) e é composta por areias quartzosas de granulação média. O setor da pós-praia apresenta-se fixada com vegetação típica, na maioria de seu trecho. 
Na parte côncava, observa-se praias com areia média, declividade baixa, a presença de cúspides praiais incipientes e a existência de uma pós-praia preservada com vegetação típica fixada.
No final deste setor é apresenta uma ocupação antrópica mais evidente na pós-praia e do estirâncio com bares, onde observa-se um pequeno processo erosivo com a destruição de algumas edificações em alvenaria, presença de estruturas artificiais de defesa, tais como, troncos de coqueiros enterrados e perfilados, sacos de areia, entre outros.
Este setor apresenta um linha de costa estável (56,57%) ou em acresção (20,68%) nos últimos 24 anos, e apenas 22,79% apresenta erosão do seu comprimento total.
SETOR 3
O Setor 3 localiza-se entre as imediações da rua Alvenópolis até a altura da bifurcação da PE-20 com a PE-01.
Este setor apresenta acresção da linha de praia correspondendo a 100% do seu comprimento total. Observa-se o desenvolvimento de uma extensa pós-praia, bem fixada pela vegetação, com pouca interferência antrópica. 
A praia é constituída por areia fina a média, com perfil mais suavizado (2( a 4(). 
SETOR 4
Este setor apresenta sua praias bem preservadas, ou seja, com a pós-praia, estirâncio e a antepraia em equilíbrio. 
Apresenta as mesmas características do setor anterior (Setor 3), apenas com a presença de obras de contenção, enrocamento com aproximadamente 150 m de extensão nas imediações da casa de praia da fábrica Poty de cimento. 
SETOR - 5
O Setor-5 estende-se da Rua Antônio Parente ate o Pontal de Maria Farinha, apresenta erosão moderada em 80% do comprimento total do setor, e um processo de acresção localizado no seu extremo norte, correspondendo a 20% do seu comprimento.
Neste setor constata-se, na área de praia uma intensa intervenção antrópica, desordenada e constituída por obras de contenção do tipo espigão e enrocamento de pequeno porte, rampas aderentes e cercas de madeiras. A praia é de equilíbrio instável, composta por sedimentos de granulometria variando de fino a grosso, presença de bioclásticos (carapaça de conchas) e com declividade muito baixa variando de 1( a 2(.
7.4 – Modelo de Projeto : Estudo da Erosão Costeira na Praia de Tamandaré - PE
1 - INTRODUÇÃO
A intensificação do uso de áreas costeiras nos últimos anos, aliada a sua extrema fragilidade, tem se constituído numa preocupação crescente quanto ao futuro destas áreas.
A erosão marinha representa um grave problema que afeta quase todo litoral do Estado de Pernambuco, o que torna praticamente impossível prever uma proteção para toda extensão da costa. Por esta razão a reação mais comum consistiu em não fazer nada e aprender a conviver com a erosão. Porém estudos específicos podem indicar diversas técnicas de estruturas, utilizando diferentes materiais, que podem minimizar ou resolver um problema particular de erosão.
O importante é indentificar os fatores que devem ser levados em conta na escolha de uma solução mais adequada entre as várias possibilidades.
O controle da erosão marinha constitui um importante alvo no contexto de um eficiente gerenciamento de áreas costeiras.
O rápido desenvolvimento que vem sofrendo o litoral sul de Pernambuco, tem como consequências alterações no comportamento dos agentes naturais que controlam o frágil equilíbrio da zona costeira.
O equilíbrio de uma praia depende basicamente da relação entre o aporte de sedimento e a capacidade de transporte litorâneo. Se a quantidade de areia disponível no sistema é maior do que aquela que pode ser transportada pelos agentes litorâneos, a praia tenderá a acumular areia; em caso contrário, a praia será erodida.
O suprimento de sedimento pode ser assegurado pelos rios, pelos cordões litorâneos ou pela plataforma continental interna, dependendo dos agentes dinâmicos que controlam os processos de transformação nessas áreas.
Compreender as diversas formas de atuação desses agentes, das características físicas e ambientais das áreas litorâneas e suas consequências, constitui objeto principal do estudo ora proposto.
Esses problemas têm merecido a preocupação de alguns setores do poder público, principalmente as prefeituras dos municípios mais afetados e da população atingida, que têm adotado medidas emergenciais e descontínuas, de efeito duvidoso no longo prazo. De um modo geral as obras de contenção como muros de proteção, diques, gabiões, etc, construídas para solucionar um problema local, passam a induzir o processo de erosão em área próxima, levando a um “efeito dominó”, já experimentado a norte de Olinda.
É propósito deste Projeto realizar, através das técnicas adequadas, observações sistemáticas das variações produzidas sobre o trecho compreendido entre a Praia do Forte e a Igreja de São Pedro a norte da área e que alimentarão um banco de dados de ondas, ventos, correntes litorâneas e das características geológicas e evolutivas da zona costeira da região de Tamandaré. De posse do conhecimento dos condicionantes do processo erosivo, serão consideradas a suscetibilidade do meio físico e a vulnerabilidade do ambiente para a avaliação e hierarquização do risco geológico envolvido, considerando-se os cenários futuros das tendências de subida do nível do mar mais aceitas para a região.
Atualmente a Praia de Tamandaré encontra-se bastante alterada, do ponto de vista da sua expansão urbana, onde encontramos no mesmo espaço, a presença de núcleos de pescadores (vila) , casas de veraneio e alguns condomínios de luxo. A praia é formada por duas baías, a principal denominada de “Baía de Tamandaré”, com uma vegetação predominantemente formada por coqueirais. 
A seguir serão descritas, resumidamente, as atividades propostas e a respectiva medodologia.
2 - METODOLOGIA
2.1 - Localização da área
A área a ser estudada compreende um trecho de aproximadamente 2 km na área urbana da cidade de Tamandaré, zona costeira do município de Tamandaré, litoral sul do Estado de Pernambuco. Localiza-se mais precisamente a 97 km ao sul da cidade de Recife e seu acesso é feito através da BR-101 sul e PE-60-78.
2.2 - Base Cartagráfica
A base cartográfica a ser utilizada será, em princípio, na escala de 1: 25.000, complementada com estudos de fotografias aéreas, imagens de satélite, que serão adequadamente tratadas, e terá por finalidade apoiar as interpretações aerofotogramétricas. Nesta base serão lançados todos os dados levantados, bem como outros existentes. Nos estudos serão utilizadas orfofotocartas na escala de 1:2000, obtidas no CONDEPE.
2.3 - Sobrevôos na área
Devido ao intenso dinamismo da área, especialmente no trecho aqui considerado, será necessário a realização de sobrevôos para documentação fotográfica, por ocasião de preamar e baixamar de sizígia, a fim de acompanhar, com detalhe, o desenvolvimento e deslocamento dos trens de ondas para o estudo de refração e difração da onda e ângulo de incidência, entre outros.
Inicialmente serão propostos 02 (duas) missões de vôos, uma no início dos trabalhos e outra 03 meses após o início. 
2.4 - Deslocamento da linha de costa
A partir daanálise de fotografias aéreas atuais e pretéritas, utilizando técnica de sensoriamento remoto de forma generalizada, obtem-se a definição do comportamento espacial e temporal da linha de costa, bem como de outras feições litorâneas presentes na área de estudo, e que associadas permitirão um melhor conhecimento dos parâmetros responsàveis pelos processos de erosão e ou/ acumulação (formação de bancos de areia na plataforma continental interna. Estas informações também fornecerão, com maior precisão, informações indispensáveis para o cálculo do deslocamento da linha de costa e o seu consequênte recuo.
Para agrupar as informações acima mencionadas, será elaborado um mapa planialtimétrico de detalhe, posicionando aspectos relevantes. Para tal,será utilizado o programa MAXICAD que utilizando mesa digitalizadora DIGI-PAD e um plotter HP propiciarão a elaboração totalmente automática dos mapas.
2.5 - Perfil do Ambiente Praial e Hidrodinâmica
Praias são depósitos de sedimentos constituídos por areias, cascalhos, fragmentos de conchas, acumulados pela ação das ondas e ajustados às condições hidrodinâmicas.
O ambiente praial apresenta três setores distintos: pós-praia, praia e antepraia, que possuem características próprias.
O transporte de sedimentos pela ação das ondas ocorre tanto na direção paralela como perpendicular à praia. Em ambos os casos, verifica-se uma seleção natural do material em função do tamanho das partículas e dos agentes hidrodinâmicos, especialmente a onda. Esses agentes são responsàveis pelas constantes modificações do perfil praial.
Durante as condições de mar mais agitado, as ondas provocam erosão na pós-praia e a deposição na antepraia. Ao contrário, durante o período de bom tempo os bancos de areia formados na antepraia são erodidos e o material é depositado na praia e pós-praia.
É importante se conhecer o mecanismo para melhor interpretar as variações sazonais da praia, que se traduz pelo aumento ou diminuição da face de praia.
Com esse objetivo, serão realizados 05 perfis de praia (perfis morfodinâmicos) com frequência mensal durante 6 meses e nas mares de sizígia, assim localizados (Figura 1): Perfil 01, no extremo sul da área, no início da Praia do Forte ; Perfil 02, na Praia do Forte, nas imediações do Forte de Tamandaré ; Perfil 03, no Pontal do Lira; Perfil 04, nas imediações da Igreja de São Jose e o Perfil 05 no extremo norte da área, mais precisamente na Praia de Campas. 
Para a avaliação dos agentes hidrodinâmicos, foram escolhidos os perfis 02-03 e 04 nos quais serão realizadas observações sobre parâmetros da onda ( período, altura, angulo de incidência e tipo de arrebentação), velocidade da corrente superficial na zona de arrebentação,declividade da zona de estirâncio e velocidade e direção dos ventos. Essas observações serão efetuadas uma vez por mês durante seis meses, por ocasião de baixa-mar e preamar de sizígia. Esses parâmetros são de fundamental importância no estudo da evolução morfodinâmica da área.
2.6 - Levantamento Ecobatimétrico
O levantamento batimétrico tem como finalidade mostrar, com precisão, a configuração superficial do fundo marinho da área. Para a sua consecusão serão realizados perfis de sondagens perpendiculares a linha de costa na plataforma continental interna adjacente, em continuidade aos perfis praias citados anteriormente, atingindo a isóbata de 4 metros aproximadamente ou até atingir os recifes existentes. Um perfil transversal de controle aos perpendiculares será realizado. Todas estas sondagens ecobatimétricas, serão rigorosamente posicionadas com GPS. O equipamento a ser utilizado será um ecobatímetro de impulso contínuo Raytheon 3.5 .
2.7 - Correntometria
A circulação de ambientes estuarinos e costeiros é complexa e resulta principalmente da ação dos ventos, da marés, das descargas de água doce do continente e da interação entre esses fatores e o relevo e a morfologia do ambiente. A circulação condiciona não só o transporte e o padrão de distribuição de sedimentos, como também a dispersão de organismos e de poluentes.
O padrão de circulação, por exemplo, poderá ser alterado por dragagem, aterros, construções de molhes e piers, retificação de leitos de rios e construção de barragens, entre outras obras.
Serão realizados estudos de correntometria, visando inferir o padrão geral de circulação do sistema. Esses dados permitirão identificar áreas mais sujeitas a eventos erosivos e deposicionais. 
Os trabalhos incluirão medições instantaneas da intensidade e direção das correntes com utilização de correntômetros tipo “V” e a obtenção de série temporais das correntes com 13 h de duração ao longo da zona costeira, fora da área de arrebentação.
Essas séries serão obtidas com uso de correntômetros tipo SD2000. Os correntômetros serão programados para coletar informações sobre a direção e intensidade das correntes a uma taxa de amostragem de 12 minutos durante um ciclo completo de maré. Os dados obtidos serão empregados na determinação do padrão de circulação líquida, e ainda como subsídio para a interpretações geológicas.
2.8 - Estudos sedimentológicos
Para se conhecer a distribuição textural dos sedimentos da área e suas relações com o material encontrado na praia, além de fornecer subsídios para a localização de futuras jazidas de areia com especificações adequadas para o engordamento das praias, serão realizadas coletas na plataforma continental interna.
Na plataforma continental interna o material será coletado em estações, localizadas nos prolongamentos dos perfis praiais (perfil 01 a 04), estendendo-se até a profundidade de 7 metros.
Todas as amostras serão coletadas com auxílio de uma draga cilíndrica do tipo Gibbs e posicionadas através de GPS.
Todas as amostras coletadas serão levadas à estufa a uma temperatura de 70oC e, a seguir, toma-se 100 gr de cada amostra para efetuar o peneiramento úmido, separando o material em cascalho, areia e lama. Posteriormente, com a fração areia, serão feitas análises granulométricas, que permitirão elaborar as curvas acumuladas e a determinação dos parâmetros estatísticos. Será realizada também a determinação do teor de carbonato de cálcio para se conhecer as percentagens de material de origem continental e marinha. 
3 - ELABORAÇÃO DO RELATÓRIO FINAL
Ao término dos trabalhos e com todos os dados analisados e interpretados será elaborado o relatório final, contendo : 
a - Mapa batimétrico na escala de 1:10.000, mostrando o relevo do fundo e suas principais feições em toda área estudada;
b - Mapa de circulação geral da área, mostrando o modelo do sistema de correntes responsáveis pela dinâmica local;
c - Caracterização morfodinâmica e hidrodinâmica das praias identificando os processos responsáveis pela dinâmica local e indicando taxa de erosão e sedimentação;
d - Caracterização morfodinâmica das praias quantificando a variação de volume de areia por m3/m/dia ;
e - Mapa planialtimétrico detalhado, escala 1:2000 , mostrando a evolução da linha de costa; 
f - Finalmente a análise integrada de todos esses parâmetros possibilitará, através de modelagem numérica, a indicação do tipo de obra de engenharia mais adequada para proteção do litoral da área.
Os estudos propostos seguem a metodologia clássica e são perfeitamente adequados para compreender os problemas decorrentes da erosão marinha e seus impactos, propondo, através de modelagem numérica, soluções mais indicadas para proteção da área.
4 - DESENVOLVIMENTO
O projeto será desenvolvido ao longo das seguintes fases de trabalho:
	Fase 1 - Levantamento bibliográfico e fotointerpretação ;
	
	Fase 2 - Trabalhos de campo ;
	
	Fase 3 - Análises de laboratório ;
	
	Fase 4 - Interpretação dos dados e confecção de relatório final ;
7 - PRAZO
O prazo para a execução dos trabalhos propostos é de 8(oito) meses a partir da autorização do serviço

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