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Economia e Mercado UNIDADE 3 1 Economia e Mercado Unidade 3 palavras do professor Conforme estudamos nas unidades anteriores, a teoria econômica é dividida em macroeconomia e microeconomia, que é o estudo das relações entre a oferta e a demanda, consumidores, firmas e produção, para obter o equilíbrio em mercados específicos. Nesta unidade vamos analisar a macroeconomia, estudando a economia como um todo, especialmente de um país, ou região. A macroeconomia estuda o comportamento dos agentes econômicos como um todo, analisa vários indicadores como nível de emprego, produção e renda e tem como principais objetivos o controle da inflação, o pleno emprego e o crescimento da economia. Bom, vamos lá! UNIDADE III • AGREGADOS MACROECONÔMICOS; • PRODUTO INTERNO BRUTO E PRODUTO NACIONAL BRUTO; • POLÍTICAS MONETÁRIAS E CAMBIAIS; • OS CUSTOS DE PRODUÇÃO: TIPOS DE CUSTOS; • FUNÇÕES: RECEITA, CUSTO E LUCRO; Inicialmente, vamos assimilar uma abordagem do economista americano do norte, Thomas Sowell, (1930 -) sobre a importância fundamental das instituições que definem as relações humanas. AS instituições são as “regras do jogo”, aceitos como verdade incontestável pela sociedade, que formam uma base para a sociedade funcionar. Uma institui- ção importante em nossa sociedade é o conceito de PROPRIEDADE, que garante o direito de uso fruto e extração de benefícios de um bem ou serviço. Os direitos à propriedade privada garantem esse benefício apenas para o dono a propriedade que pode vender ou alugar esse bem, conforme sua vontade. Constitui a proteção que um indivíduo tem contra a possibilidade de outra pessoa definir uma forma de uso, alheio à minha vontade, para um bem “aceito como meu”. Essa instituição é a base do sistema capitalista e visa garantir o melhor uso possível ao emprego dos fatores de produção, uma vez que o dono do bem vai arcar com o custo de oportunidade de escolher um uso específico em detri- mento de todos os outros usos possíveis para aquele recurso. A propriedade privada associa a responsabilidade com o direito de controle, ou seja, o dono responde pelo uso de sua propriedade. Há limitações sobre esse uso, pois eu não posso usar minha propriedade de modo a ameaçar o direito à propriedade de outros. Numa economia de mercado, a propriedade privada visa garantir o uso eficiente dos recursos. Esse uso vai, necessa- riamente, passar pelo crivo do dono do bem, a quem caberá selecionar o melhor uso possível para sua propriedade, visando o melhor retorno. Esse direito está baseado em três aspectos fundamentais: 1. o direito exclusivo de uso; 2. garantias legais contra invasores; e 2 Economia e Mercado 3. o direito de vender ou alugar o bem, sem a necessidade de autorização de terceiros. o papel do GoverNo Durante a crise de 1929, uma importante premissa do sistema liberal foi posta em cheque. A não intervenção do governo na economia foi questionada pelo economista britânico John Maynard Keynes (1887 – 1982), cujo trabalho serviu de base para a divisão do estudo da economia e estruturação da macroeconomia moderna. Na década de 1930, Keynes iniciou uma revolução no pensamento econômico, questionando as ideias da economia neoclássica que de- fendia que os mercados, livres de interferência do governo, ofereceriam empregos aos trabalhadores que estivessem dispostos a ser flexíveis na sua procura salarial, ou seja, aceitassem trabalhar ganhando pouco. Nas décadas de 1950 e 60, as maiorias dos governos ocidentais já empregavam suas recomendações. Tornando-o um dos economistas mais influentes do século XX. O que caracteriza o governo é a sua exclusividade no poder de forçar a mudança de ações de pessoas adultas, por meio da força ou ameaça do uso da força (uma lei, por exemplo). Nenhuma firma ou indivíduo tem esse direito. Se uma empresa aumenta o preço de seu bem, qualquer consumidor pode deixar de comprá-lo, e procurar outro fornece- dor que melhor lhe pareça. Mas se o governo institui um novo imposto ou taxa, não há como fugir, a menos que nos mudemos do território influenciado por esse governo. A principal função de um governo para a economia é proteger os indivíduos e suas propriedades contra agressões, Jonh Locke, um filósofo inglês, já afirmava isso faz três séculos. Outra função importante do governo é a manutenção de um sistema financeiro e um ambiente monetário estável, para que o mercado possa funcionar melhor e conquistar a confiança de investidores. O protecionismo é uma prática bastante comum de muitos governos, inclusive capitalis- tas atualmente. Trata-se da prática de restringir a entrada de produtos estrangeiros e sobretaxá-los a fim de beneficiar a produção nacional. Isso acontece com alguns produtos agrícolas na Europa e nos EUA. MACROECONOMIA O estudo da economia da perspectiva macro aborda questões relacionadas a agregados, é fundamentalmente o estudo dos agregados macroeconômicos de determinado país ou região. Alguns dos principais agregados estudados são RENDA, PRODUÇÃO, PREÇO. A produção, por exemplo, agrega as informações de cada análise microeconômica efetuada em um único número que abrange todos os mercados. O índice que mais usamos para falar do agregado produção no Brasil é o PIB (produto interno bruto), tanto que se ouve com muita frequência na mídia, o uso desse termo para indicar um bom ou mau desempenho da economia do país. O PIB é calculado pela soma de toda produção, de toda economia, somando cada setor onde a produção é calculada separadamente através do cálculo da oferta, efetuada pela análise microeconômica. Então se somar o valor (em reais) de toda produção de sapatos, toda produ- ção de remédios, toda produção de automóveis, assim como todos os serviços prestados, seja ele de saúde, lazer, transporte ou outro qualquer. Somam-se tudo, agregam-se tudo, em um único número que vai representar a produção bruta do país. O mesmo acontece com a renda, agregando-se as informações sobre a renda média dos trabalhadores de cada setor econômico, tem-se a renda nacional. Com o preço, analisa-se a variação, quanto subiu ou baixou o preço de cada setor econômico, podendo assim, haver a constatação de inflação, que é o aumento persistente e generalizado dos preços dos bens e serviços em uma economia. Vamos tratar de cada um desses agregados de forma mais aprofundada ainda nesta unidade. 3 Economia e Mercado prodUTo INTerNo BrUTo e prodUTo NaCIoNal BrUTo Começar falando de produção é mais fácil, pois todos nós escutamos sempre falar de PIB. Se o PIB cresceu pouco ou muito de um ano para outro, isso determina o conceito sobre como anda a economia do país. O Brasil vem enfrentando oscilações em sua taxa de crescimento, em relação ao nível de seu produto, o que não o torna diferente de quase todos os países do mundo. Da mesma forma que uma firma registra seu balanço contábil para saber sobre seu desem- penho, um país usa o sistema de contas nacionais para registrar informações sobre toda a economia. O Produto Interno Bruto é o valor de mercado dos bens finais e de serviços produzidos dentro de uma região (normal- mente um país) durante um determinado período de tempo (normalmente um ano). O órgão responsável pelo registro estatístico primário de atividades econômicas e sociais no Brasil (veja em http://www.ibge.gov.br/). O conceito de PIB segue a ideia de um fluxo, assim, medindo o valor de mercado da produção que flui pelas fábricas e lojas da economia até chegar ao consumidor final, por ano, ou por trimestre. Mas é preciso saber olhar para esse indicador com um pou- co mais de atenção, para evitar más interpretações. Afinal, para que serve o cálculo do PIB? De fato, através desse índice se pode comparar o crescimento de uma economia em diferentes períodos e também comparar o desempenho de diferentes países num mesmo período, analisandoo crescimento ou recessão (que é o crescimento negativo). Em primeiro lugar, apenas os bens finais e serviços devem ser considerados na soma do PIB. Por BENS FINAIS, se considera todos os bens e serviços adquiridos pelo consumidor final. É preciso retirar da soma do PIB os BENS IN- TERMEDIÁRIOS, que são bens comprados para revenda ou para ser utilizados na produção de outros bens e serviços. Esse cuidado visa evitar a dupla contagem no PIB, uma vez que muitos bens passam por vários estágios de produção antes de chegar ao consumidor final. O valor das vendas de bens intermediários não pode ser incorporado ao PIB porque representaria uma dupla contagem, uma vez que o valor será incorporado no preço do bem a ser adquirido pelo usuário final. Por exemplo, se um agricultor compra sementes de milho (digamos R$50) para cultivar seus campos, esse valor vai ser considerado custo de sua produção e será computado no preço que ele venderá as espigas que colher. Se esse agricultor colheu dois mil quilos de milho e os vende para uma indústria por, digamos cinco mil reais, será que esse é o valor que entrará para o PIB? Não. Porque a indústria não tem intenção de consumir o milho, mas sim usá-lo no pro- cesso produtivo, digamos para produzir farinha de milho, vamos dizer num valor de quinze mil reais. Se essa farinha for vendida para o consumidor final preparar seu cuscuz (pão de milho) para consumo doméstico, então esse é o valor que será computado para o PIB. Se, por outro lado, uma padaria pagar todo o valor para usar a farinha como insumo para produção de Broas, só esse produto final será computado como acréscimo para o PIB. Outro ponto importante sobre o PIB é que ele computa apenas o valor da produção ocorrida dentro do território nacio- nal e no período corrente. Se uma empresa brasileira, por exemplo, a Petrobrás, esteja extraindo gás natural de um país vizinho nosso, essa produção entrará para o PIB do país em questão. Do mesmo modo, qualquer empresa situada no Brasil, sendo ela nacional ou estrangeira, terá sua produção computada para o PIB de onde estiver acontecendo a produção, independente da nacionalidade da empresa. Também existe outro índice chamado PNB, Produto Nacional Bruto. Ele computa a produção de todas as empresas e indivíduos de uma nação, independente de onde essa produção aconteça. No caso dos Estados Unidos da América, o valor do PIB é muito maior que o do Brasil, contudo, o seu PNB ainda é muito maior que o PIB. Isso porque eles possuem muitas empresas que operam em outros países e acabam enviando parte do lucro obtido na produção em territórios estrangeiros de volta ao seu país. No Brasil, o PNB é bem menor que o PIB, isso porque no PIB brasileiro computasse a produção de muitas empresas multinacionais que têm fábricas estabelecidas aqui. Os dois índices apresentam um perfil da economia, em relação ao agregado produção, através de um único número que abrange toda a produção do país, no caso do PNB e no país, no caso do PIB. Para reduzir toda produção em um 4 Economia e Mercado único número, faz-se necessário utilizar o Real como o denominador comum. Todos os produtos têm um preço de mercado e embora não se possa somar casas com goiabas, o valor de cada bem pode ser agregado para se ter uma boa noção da produção como agregado. Vale salientar ainda, como limitação do uso do PIB para medir o crescimento de uma economia, que nesse cálculo não é feito nenhum juízo de valor a respeito da qualidade do produto, exceto seu valor de mercado. Assim, não importa se o produto alimentício é orgânico ou transgênico, se é poluente ou não, se gera resíduos tóxicos ou se o produto ajuda a salvar vidas... todos eles tem o mesmo peso, de acordo com o seu valor de mercado. Precisamos ser críticos ao assistir no jornal da TV que diz que a economia brasileira cresceu ou diminuiu usando apenas o PIB como base, pois ele não indica melhoria na qualidade de vida da população, ou nível de escolaridade ou acesso ao sistema de saúde. Para isso veremos outros índices, mais à frente. forMas de se CalCUlar o pIB O Produto Interno Bruto pode ser calculado de três formas distintas. A primeira é através da produção, como estive- mos falando até agora, considerando tudo o que é produzido para o consumidor final nos três setores da economia: o setor primário, que trata da agricultura, da pecuária e do extrativismo; o setor secundário, que abrange as indústrias, construção e tudo o que processa e beneficia o que foi produzido pelo setor primário; e o setor terciário, que inclui os serviços como médicos, de hospedagem, de educação etc. Além dessa forma de olhar o PIB, também se pode calculá- -lo sob a ótica da RENDA. A produção de bens envolve o uso dos fatores de produção. Trabalho humano remunerado (mão de obra), uso e desgaste de máquinas e equipamentos (capital) e, ainda, uso de recursos naturais, cujos proprietários precisam ser remunerados para que sejam induzidos a empregar seus recursos no processo produtivo. A renda consiste assim, na remuneração de todos os fatores de produção utilizados para a fabricação de produtos, e prestação de serviços. A soma de todas as remunerações pagas aos que possuem fatores de produção resulta na renda nacional, considerada equivalente ao Produto Interno Bruto. O PIB também pode ser calculado sob a ótica da despesa (ou dispêndio, como preferem alguns autores), sendo uma medida de valor de bens e serviços comprados pelos governos, pelas famílias, por investidores e por estrangeiros. Esse método também é conhecido como despesa nacional, que é a soma de todos os gastos dos agentes econômicos com o PIB. Para esse cálculo, soma-se todo o consumo das famílias, todo investimento das empresas, mais os gastos públicos, mais as exportações brasileiras, subtraindo-se as importações. Concluímos assim que o fluxo em reais da despesa com bens finais equivale ao valor do PIB, assim como também ao fluxo (em reais) da renda gerada na produ- ção de bens finais. INFLAÇÃO E O PIB REAL Para calcular o Produto Interno Bruto de forma mais precisa, é necessário levar em conta a variação dos preços dos bens e dos serviços em uma economia. Uma vez que pretendemos comparar o desempenho da economia do país de um ano para o outro, comparando a produção agregada, o valor dos produtos precisa ser atualizado. Os índices de preços apontam como está o nível geral de preços e suas variações, os dois índices mais utilizados são o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) e o deflator implícito do PIB. No caso do IPC, trata-se de um índice “desenhado para medir o impacto de mudanças de preços no custo de uma cesta típica de bens e serviços comprados pelas famílias” (CARVALHO et al. 2008; p. 254). Esse índice, calculado de acordo com os hábitos de consumo de cada cidade, verifica a variação do preço da popularmente chamada “cesta 5 Economia e Mercado básica”, de acordo com a realidade de cada cidade estudada. Já o deflator do PIB, é um índice que abrange mais que o IPC, pois inclui os preços dos bens de capital e outros bens e serviços que não são comprados por famílias normalmente, mas por empresas e pelo governo, principalmente. Considera-se o preço do ano base (ano anterior) como 100 e calcula-se a variação no preço, se, por exemplo, o preço de um bem subiu 20%, o novo valor do bem para o ano corrente, passa a ser de 120. Seja pelo uso de um ou de outro índice, o cálculo do PIB real se dá, descontando o valor da inflação da variação do PIB. A inflação pode ser considerada como o aumento persistente e generalizada no nível geral de preços. Assim, se em um ano o PIB de um estado foi de 30 bilhões, e no ano seguinte o PIB da mesma cidade foi calculado em 33 bilhões, tem-se 10% de aumento no PIB nominal, sem descontar a inflação. Porém, se a inflação do período foi de 6%, para calcular o PIB real, é preciso descontar esse valor, chegando-seentão, a um crescimento do PIB real de 4%. Bem diferente do PIB nominal, sem o desconto da inflação. É claro que teoricamente pode acontecer a deflação, que é a “inflação negativa”, quando os preços gerais têm uma queda generalizada e persistente, daí o valor do PIB real subiria. Mas isso fica mais para a teoria, na prática é muito raro acontecer. efeITos da INflaÇÃo O primeiro e mais evidente efeito da inflação é a perda do valor da moeda. Isso acontece, pois os preços sobem de forma generalizada, e normalmente, os rendimentos (salários, juros) não necessariamente sobem na mesma propor- ção, assim R$1,00 passa a comprar cada vez menos, na medida em que os preços (de tudo!) sobem. Quem mais sofre com isso são as pessoas assalariadas, cujos reajustes acontecem em períodos pré-estabelecidos, como é o caso dos que recebem o salário mínimo. Mas não é só isso, a inflação, especialmente em períodos de inflação muito alta (hiperinflação) o consumidor perde a noção dos preços das coisas, a inflação distorce a informação fornecida pelos preços e o consumidor não tem como saber qual o real valor de um produto, uma vez que a moeda está se desvalorizando muito depressa. Outro efeito é que a inflação alta dificulta a capacidade de se planejar o orçamento, das famílias, empresas ou mesmo do governo. Por exemplo, no início da década de 1990, com a inflação altíssima no Brasil, era impossível se comprar bens parcelados em parcelas fixas, como se faz hoje, quando temos uma inflação mais aceitável. MerCado de TraBalHo As diversas flutuações do PIB real, ao longo de nossa história influenciaram e ainda influenciam a demanda por traba- lho e emprego. No entanto, nem todo trabalho é levado em conta. Apenas as atividades que envolvam transações de mercado são contadas para cálculo da População Economicamente Ativa (PEA). Trabalhos domésticos como levar os próprios filhos na escola, lavar seu carro ou concertar sua roupa não são contadas, pois nelas não há qualquer adição ao PIB. Se contadas poderiam influir significantemente no PIB, numa ordem de até 15% em alguns países. As atividades econômicas informais e clandestinas também deixam de ser contabilizadas para fins de calculo do PIB, sendo elas ilegais como tráfego de drogas e armas ou mesmo legais, apenas exercidas “sem nota fiscal”. Daí a razão do governo incentivar a formalização do empreendedor individual, mesmo pagando um imposto baixo, essas ativida- des passam a contribuir para a contabilidade do PIB, deixando a informalidade. A qualidade de vida e o lazer também representam uma limitação na significância do cálculo do PIB, pois não faz diferença se uma pessoa trabalha 20 ou 60 horas semanais para receber o mesmo valor, ambas têm igual valor para o PIB. 6 Economia e Mercado Para fins de cálculo, uma pessoa é considerada em idade ativa a partir dos dez (10!) anos de idade. Porém, só é considerada desempregada, aquela pessoa que está efetivamente procurando emprego ou esperando para iniciar um trabalho. A taxa de desemprego é calculada dividindo-se o número de pessoas desempregadas pelo total de PEA, pessoas economicamente ativas, multiplicado por 100. Como vimos na primeira unidade, o conceito da curva de possibilidade de produção nos trás a ideia de “pleno em- prego”, ou seja, o uso eficiente dos recursos, aproveitando 100% sem desperdiçar nada. Analisando essa ideia no caso do emprego, há uma razão simples para que nunca operemos no pleno emprego, no que diz respeito ao mercado de trabalho. Empregar toda a população economicamente ativa daria aos trabalhadores um poder muito grande, en- tende? Imagine se todos estivessem empregados, ninguém procurando trabalho. Seria bom, né! Para o proletariado seria sim! Mas para os donos dos meios de produção, como empresas, por exemplo, sairia muito caro. Vejamos. Se não houver pessoas desempregadas, cada patrão teria de “zelar” seus empregados muito melhor do que fazem hoje. Provavelmente ninguém trabalharia pelo salário mínimo, pois cada empresa precisaria atrair trabalhadores, já que esse fator de produção estaria escasso. Caso um trabalhador fosse demitido, a empresa teria dificuldades de achar alguém para substituí-lo e o salário seria valorizado, aumentando. O poder de barganha do trabalhador aumentaria significativamente, possibilitando aos sindicatos lutar por melhores condições de trabalho e outros benefícios. polÍTICas fIsCaIs e MoNeTÁrIas No cerne da política macroeconômica moderna, estruturada por John Maynard Keynes, em resposta à grande crise norte-americana ocorrida a partir de 1929, estão as políticas fiscais e monetárias. Essas medidas foram apresentadas pelo autor negando e rompendo parcialmente uma importante premissa do pensamento neoclássico do liberalismo ortodoxo que o antecedeu. O sistema liberal, como vimos, defendia a não intervenção do Estado nas relações econô- micas, alegando que o próprio mercado possuía meios de “auto regulação” e que assim funcionaria melhor. O que aconteceu na crise, conhecida como CRASH da bolsa de Nova Iorque (ver, por exemplo) foi fruto, justamente da falta de regulação do Estado nas operações da bolsa de valores, dando oportunidade para pessoas de mau caráter tirar proveito e ganhar dinheiro de forma ilícita. Como resultado, a taxa de desemprego do país subiu assustadora- mente e, com parte da população sem renda, o consumo também caiu e com ele a produção despencou. Foi um “salve- -se quem puder”, porém, a teoria econômica (liberal) hegemônica na época pregava como dissemos, que o governo não deveria se meter e deveria deixar o próprio mercado se equilibrar de forma autônoma. E como você pensa que o mercado reagiu a uma taxa de desemprego beirando os 30%? O “equilíbrio ruim”, como Keynes chamou, se deu baixando os salários, uma vez que muitos estavam desempregados e no desespero, dispostos a trabalhar por cada vez menos. O problema gerado com isso foi uma diminuição ainda maior no consumo e consequente nova queda na produção, causando um efeito de “espiral negativa”, rumo ao fundo do poço econômico. A proposta de Keynes para essa situação foi de, parcialmente, desdizer a base da política não intervencionista liberal, afirmando que o Estado deveria agir de modo a ajudar a transpor a crise. Falo parcialmente, pois no âmbito microe- conômico, de mercados específicos, Keynes mantinha a ideia liberal e mandava o Estado deixar a livre concorrência desenvolver o mercado. Contudo, numa perspectiva macroeconômica, o Estado precisava intervir, mas apenas através de políticas fiscais e de políticas monetárias. Por POLÍTICA FISCAL, entende-se a alteração na prática da tributação de modo a incentivar ou restringir o desenvol- vimento de algum setor econômico. Por exemplo, sobretaxar os cigarros ou as bebidas alcoólicas, de modo a diminuir o custo com leitos hospitalares usados por pessoas que sofrem, ou sofrerão efeitos desses vícios. Assim o governo diminui seu prejuízo. Do contrário, o Estado pode isentar os tributos de certos bens ou serviços de modo a incentivar o desenvolvimento desses setores, considerados benéficos para a política macroeconômica. Como exemplo podemos 7 Economia e Mercado lembrar aqui mesmo no Brasil, da redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) implementado a partir de 2009, com o intuito de alavancar a indústria automobilística, de construção civil e de eletrodoméstico da “linha branca” (geladeiras, fogões etc.). Por POLÍTICA MONETÁRIA, temos o controle deliberado da oferta de moeda, como na forma de concessão de crédito, como houve no mesmo período aqui no Brasil, também para incentivar a construção civil e ajudar que muitos cidadãos pudessem comprar ou construir suas casas próprias. É o caso do programa “minha casa, minha vida” do governo federal brasileiro, através da Caixa Econômica Federal. e Na prÁTICa do MerCado... Numa perspectivade mercado, um empreendedor precisa estar atento às tendências. Perceber para onde “está indo” a economia, quais as oportunidades e ameaças que existem no contexto onde a empresa está atuando. Quais os prin- cipais concorrentes e seus melhores diferenciais e quais os fornecedores que são chave para que seu negócio possa se desenvolver. Lembre-se que um empreendedor tem que sempre pensar do ponto de vista do cliente. Quais são os diferenciais que o seu cliente mais valoriza? Não adianta um produto ser excelente em algo que é irrelevante para seu público-alvo e fraco em relação aos aspectos fundamentais. Essa sensibilidade que o empresário tem que ter, se colocar na visão do cliente, continuadamente, pois tudo muda o tempo todo, entender suas reais demandas atuais, as necessidades e desejos que os motivaram a comprar, é fundamental para um sucesso prolongado do negócio. Fica a dica! Outro ponto importante é ter cuidado com os principais CUSTOS de um empreendimento. Como vimos anteriormente, para se produzir, faz-se necessário possuir os três fatores de produção. Lembra quais são? Vamos precisar pagar pelo trabalho, pela mão de obra empregada. Esse custo é bastante relevante no balanço de uma empresa, pois são elevados por incluir taxas e impostos previstos em lei. Além disso, outro fator importante é toda gama de recursos naturais e insumos necessários à produção. Os dois somados são chamados os CUSTOS DIRETOS, pois para cada unidade produzida, a quantidade de mão de obra e de insumos utilizados sobe proporcionalmente. Também entram nessa conta os serviços subcontratados e aplicados diretamente nos produtos ou serviços. Há também os CUSTOS INDIRETOS, que não estão diretamente ligados à produção, mas que são fundamentais para o funcionamento da empresa como aluguéis, o salário do vigilante, a manutenção dos bens de capital, como máquinas e equipamentos. Como os custos indiretos não estão relacionados com a produção de cada bem separadamente, mas são necessários ao conjunto, usa-se um critério de rateio pra cobrir esses custos, dividindo-os no preço do total de peças produzidas ou de serviços prestados. É fundamental o equilíbrio entre a receita e a soma das despesas em uma organização de modo a garantir uma margem de lucro pelo menos mínima para a manutenção do empreendimento. A taxa de LUCRO vai ser calculada, subtraindo o montante de CUSTOS diretos e indiretos, da RECEITA obtida. Esse percentual deve ser largo o suficiente para garantir o estímulo ao empresário continuar no ramo, mais um percentual reservado para futuros INVESTIMEN- TOS para ampliação da estrutura e melhoria da qualidade ou ainda CRESCIMENTO do negócio. Em um mercado competitivo, o equilíbrio é dinâmico, ou seja, o que é verdade hoje não necessariamente será ama- nhã. Os concorrentes também estão se movendo, se desenvolvendo e basta uma empresa não crescer para que ela diminua em relação aos concorrentes que estejam crescendo. Atenção e visão de mercado, antever oportunidades e ameaças pode ser o diferencial entre a prosperidade empresarial e a perda de clientes para outras empresas do setor. 8 Economia e Mercado eQUIlÍBrIo MaCroeCoNÔMICo O equilíbrio da economia como um todo é o principal objetivo das políticas macroeconômicas. Em mercados especí- ficos, o equilíbrio se dá quando os interesses da demanda e da oferta são satisfeitos simultaneamente. Quer dizer, quando o preço do bem no mercado estimula a produção de uma quantidade de produto,s equivalente à quantidade que as pessoas (a demanda) estão dispostas a comprar. Não sobrando produtos sem vender, nem faltando produtos para comprar. Ajustes pontuais são operados com o objetivo que a economia flua de forma a crescer e se desenvolver. Outros objetivos são o pleno emprego dos fatores de produção, ou ao menos chegar próximo dele, melhorar a renda agregada, promover o crescimento e o desenvolvimento da economia e da sociedade. Na próxima, e última unidade, veremos esses conceitos de CRESCIMENTO ECONÔMICO e DESENVOLVIMENTO ECO- NÔMICO, de modo a usar a ciência econômica para servir ao melhor interesse de toda a sociedade. Como veremos, esse desafio passa pelo seu empoderamento! Precisamos vencer essa barreira, que muitos acreditam existir, em agir de forma pró-ativa economicamente e podermos efetuar escolhas mais conscientes, sobre aquilo que consumimos e quais empresas financiamos com nosso suado dinheirinho. Não deixe de ler a unidade 3 de seu Livro texto, assistir nossa vídeoaula, participar do fórum e das atividades. Até lá.
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