Buscar

Portifolio IV SEMESTRE

Prévia do material em texto

Sistema de Ensino Presencial Conectado
tecnologia em gestão ambiental
Jandir da Silva de jesus
título do trabalho:
Subtítulo do Trabalho, se Houver
CEMITÉRIOS: potencialmente, UMA AMEAÇA À SAÚDE pÚblica.
Wanderley- BA
2018
Trabalho de Tecnologia em Gestão Ambiental apresentado à Universidade Norte do Paraná - UNOPAR, como requisito parcial para a obtenção de média semestral nas disciplinas de Cartografia e Geoprocessamento Ambiental; Fundamentos da Geomorfologia e Geologia; Estatística e Indicadores Ambientais; Responsabilidade Social e Ambiental; Recuperação de Áreas Degradadas; Seminário de Projeto Integrado IV.
Orientador: Prof.ª Tais Cristina Berbet; Prof.ª Jamile Ruthes Bernardes; Prof.º Carlos Roberto da Silva Júnior; Prof.ª Flávia da Silva Bortoloti; Prof.ª Luciana Andréa Pires; Prof.º Maurilio Cristiano Batista Bergamo. 
Jandir da Silva de jesus
CEMITÉRIOS: potencialmente, UMA AMEAÇA À SAÚDE pÚblica.
Wanderley - BA
2018
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO..............................................................................................4
2. DESENVOLVIMENTO..................................................................................6
3. CEMITÉRIOS: potencialmente, UMA AMEAÇA À SAÚDE pÚBLICA.....8
3.1. ANALISE - LOCAL PARA IMPLEMENTAÇÃO DE NOVO CEMITERIO.......8
3.2. O NECROCHORUME – DEFINIÇÃO..........................................................9
3.3. NECROCHORUME - PODE ATINGIR A POPULAÇÃO LOCAL.................10
3.4. LEGISLAÇÃO - INSTALAÇÃO E PREVENÇÃO.........................................10
3.5. TIPO DE INDICADOR A SER UTILIZADO NESSE MONITORAMENTO...11
3.6. LEGISLAÇÃO PERTINENTE À IMPLANTAÇÃO DE CEMITÉRIOS RESOLUÇÕES CONAMA - 335/2003- 368/06 ALTERAÇÕES 402/08..............12
3.7. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA - PRINCIPAIS IMPACTOS NEGATIVOS DA IMPLANTAÇÃO DE UM CEMITÉRIO.................................................................13
3.8. RESTAURAÇÃO E REMEDIAÇÃO.............................................................14
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................16
5. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................18
1. INTRODUÇÃO
Desde os tempos imemoriais, o solo tem sido utilizado pelo homem para disposição de seus resíduos, incluindo o seu próprio corpo após a morte. Em geral, em função de sua constituição mineralógica, condições intempéricas e conteúdo microbiológico, a camada de solo reúne condições de degradar a matéria orgânica enterrada, de maneira discreta e fora da visão humana. Onde o solo tem uma capacidade de depuração natural incontestável, em condições normais de aeração, na porção acima do nível das águas subterrâneas.
O crescimento populacional tem gerado a necessidade de construção de mais cemitérios, sendo que existem locais totalmente inadequados utilizados com tal finalidade. Devido à falta de planejamento e metodologia adequada, cemitérios que se situavam em locais distantes das cidades, hoje fazem parte dela, propiciando o aparecimento de áreas de risco potencial ao meio ambiente.
Sabe-se que os cemitérios são fontes potenciais de contaminação das águas subterrâneas, pelo simples fato de serem laboratórios de decomposição de matéria orgânica, durante a qual está presente uma infinidade de microorganismos. Denota-se desta forma a importância da preocupação com os mananciais subterrâneos, pois durante os últimos anos, este recurso começou a ser utilizado como forma complementar no sistema de abastecimento de água na maioria das grandes cidades (ROMANÓ, 2010). A solução para o destino final dos cadáveres não basta ser sanitária e ambientalmente correta, deve ser também moral, social, religiosa e eticamente aceitável pela sociedade.
Uma das grande preocupação é o impacto que o Necrochorume causa ao meio ambiente. Pois antigamente os cemitérios eram construídos sem planejamento e em locais onde o subsolo é vulnerável, ocorrendo assim a inundação dos túmulos devido a drenagem precária. Isso ocorre quando a água da chuva, após atravessar os túmulos, cai na rede pluvial urbana e consequentemente indo para corpos d’água, contaminando assim, as águas superficiais com as substâncias presentes no necrochorume.
São enfatizados no trabalho os riscos de saúde pública representados pela contaminação química das águas subterrâneas de áreas de cemitérios, especialmente pelos altos índices de produtos nitrogenados. São feitas recomendações sobre os critérios de ordem geológica e hidrogeológica que devem ser levados em conta quando da implantação de cemitérios. São ainda apresentados aspectos da incompleta legislação existente sobre o assunto.	No entanto, para que um empreendimento com esse potencial de contaminação não cause problemas físicos e sociais ao ambiente, é imprescindível que a equipe responsável pelo projeto execução e monitoramento conheça e respeite essas leis, como também, conheça os passivos, causas e os efeitos que o contaminante pode causar. 
Com base nas normas do CONAMA e a partir de uma revisão bibliográfica sobre os contaminantes e outros problemas relacionados a cemitérios, este trabalho aponta os indicadores e os procedimentos que colaboram na elaboração de EIA/RIMA para esse tipo de empreendimento. As etapas salientadas nesse trabalho discutem a definição de áreas de influência para cemitérios, métodos de avaliação de impactos e principais indicadores ambientais para cemitérios.O cemitério é um empreendimento indispensável a toda sociedade, mas por ser um ambiente de alto risco de poluição e grande impacto psicológico, sempre foi motivo de preocupação, e até mesmo de polêmica. 
Os cemitérios são considerados atividades urbanas potencialmente contaminantes, pois através do necrochorume transportado pela água das chuvas infiltradas nas covas ou pelo contato dos corpos com a água subterrânea, podem provocar problemas hidrogeoambientais, ou seja, a contaminação do solo e das águas subsuperficiais (lençóis freáticos).
Portanto, a implantação de cemitérios sem levar em consideração os critérios geológicos (características litológicas e estrutura do terreno) e hidrogeológicos (nível do lençol freático), constitui mais uma das causas de deterioração da qualidade das águas subterrâneas, pois substâncias provenientes da decomposição de cadáveres podem ter acesso às mesmas, representando um risco do ponto de vista sanitário e higiênico.
2. DESENVOLVIMENTO
 Avaliação de Impactos Ambientais: Estudo de caso no Cemitério Público do Município de São João dos Quatro Ventos – MG. Cemitérios são áreas que geram alterações no meio físico e por isso devem ser consideradas fontes sérias de impacto ambiental. No Brasil, a maioria dos cemitérios é muito antiga e, exatamente por isso, descompassados em termos de estudos técnicos e ambientais. deverão ser submetidos ao processo de licenciamento ambiental. Os cemitérios são depósitos de corpos humanos que necessitam de uma destinação correta, pois a degradação dos mesmos pode se constituir em focos de contaminação.
A decomposição dos corpos depende das características físicas do solo onde o cemitério está implantado ou será implantado. Portanto, é preciso que se façam estudos de impacto ambiental e se criem sistemas de gestão ambiental para os cemitérios, para que possamos evitar os riscos de saúde e degradação do meio ambiente. Assim, áreas destinadas à implantação de cemitérios geralmente são escolhidas entre as de baixa valorização econômica, quase sempre em regiões de reduzido desenvolvimento socioeconômico. Essas áreas muitas vezes têm características geológicas e hidrogeológicas não avaliadas devidamente, o que pode levar a problemas sanitários e ambientais de enorme complexidade. 
É sabido que esses líquidos são potenciais contaminadores do ambiente, provenientes dadecomposição cadavérica, em especial no que diz respeito aos mananciais hídricos que por ventura estejam próximos destes locais. Dessa forma, os cemitérios geram impactos ambientais, principalmente no que se refere a alterações químicas, físicas e biológicas, no solo e principalmente em águas subterrâneas e superficiais. Como consequência disso, a construção de cemitérios exige maior atenção dos órgãos governamentais nas esferas municipal, estadual e federal e também de toda sociedade na tentativa de minimizar os problemas ambientais e não afetar negativamente a qualidade de vida das populações urbanas.
Os cemitérios já existentes devem se adaptar às mencionadas resoluções. Caso seja constatado passivo ambiental nos cemitérios em funcionamento, os estudos técnicos deverão conter ações que minimizem os impactos gerados. Tais estudos podem acarretar medidas como a interdição das áreas críticas do ponto de vista ambiental, implantação de redes de drenagem de águas superficiais, calagem no solo, se for o caso (dependendo dos estudos). Podem ser também solicitadas a recuperação dos túmulos como, por exemplo, impermeabilização do túmulo ou outra técnica aprovada pelo órgão ambiental, como medidas que evitem a saída de necrochorume da câmara tumular.
A cultura do sepultamento está disseminada pela sociedade ao redor do mundo. Os cemitérios são fontes poluidoras e de contaminação do solo e mananciais. Suas consequências afetam a saúde da população que vive próxima ou não a cemitérios, devido à capacidade de advecção do contaminante. Dada a necessidade do aumento do número de locais para enterro em países que apresentam limitações territoriais, é preciso identificar mais precisamente os impactos nocivos para o meio ambiente e saúde pública. Para a minimização dos impactos ambientais gerados pela decomposição do corpo, é necessária uma preocupação maior com a escolha do local de implantação e métodos de construção de cemitérios. 
 Porém, Devem ser evitados solos muito permeáveis como areia, cascalho e rochas permeáveis. O solo mais aconselhável para maximizar a retenção dos produtos de degradação é uma mistura de argila e areia de baixa porosidade e um pequeno percentual de grãos de textura fina. 
3. CEMITÉRIOS: potencialmente, UMA AMEAÇA À SAÚDE pÚblica.
A população cresce sem parar e o número de óbitos também. Do ponto de vista científico, há um desconhecimento por parte da população sobre a influência ambiental que os cadáveres têm quando dispostos em um cemitério. Observando o cenário brasileiro, é alarmante a forma como as necrópoles vêm sendo gerenciadas. Em muito se pode assemelhar um cemitério com um aterro sanitário, visto que em ambos são enterrados materiais orgânicos e inorgânicos. Tendo com exemplo de contextualização a cidade São João dos Quatro Ventos Fundada em 1829 é um município do interior do estado de Minas Gerais. 
A Cidade de 60.000 habitantes está passando por uma revitalização, de acordo com o prefeito da cidade, um dos problemas enfrentados no projeto de revitalização é o cemitério municipal, que fica ao lado da igreja matriz e foi inaugurado em 1939 e hoje está completamente lotado, com muitos túmulos em péssimo estado de conservação. Segundo a vigilância sanitária, a decomposição dos corpos gera produtos que podem contaminar o solo e o lençol freático (necrochorume). O município encontra-se numa região de planalto e o cemitério está localizado numa área mais alta, enquanto que o centro da cidade fica 20m abaixo do mesmo. 
O solo é bastante arenoso e sua contaminação é uma preocupação para a cidade, pois todo o abastecimento de água do município é feito através de um poço artesiano, que fica na região central, a 500 metros do cemitério, e da captação de água de mananciais de abastecimento que estão circundam a região. De acordo com as autoridades locais, análises de solo e da água do poço artesiano estão sendo feitas e mostram níveis de contaminação importante
3.1 ANALISE - LOCAL PARA IMPLEMENTAÇÃO DE NOVO CEMITERIO.
 Após observação dos mapas geográficos da cidade, ponto importante é a diferença de altitude entre o cemitério e a área circundante. Um cemitério não deve ser localizado na parte mais baixa de uma área, para onde as águas pluviais convergem. A água potencializa a velocidade de infiltração do necrochorume pelo solo e reduz seu potencial de degradação. 
A implantação de cemitérios deve ser realizada de forma criteriosa para garantir a manutenção da qualidade ambiental. São necessários estudos geológicos e sanitários das áreas dos cemitérios e a verificação das possibilidades de contaminação do solo e da água subterrânea. É possível selecionar um local mais adequado para ser instalado um novo seminário que atenda a legislação em vigor e não venha causar danos ao meio ambiente, como poluição do solo e reservatório subterrâneo de água que abastecem o município. Por esta razão é fundamental o estudo do solo abaixo do local onde será implantado o novo cemitério. No caso em questão o novo Cemitério deverá ter uma distancia razoável da Bacia Hidrográfica que bastece o município, mais ao leste do municipio, coordenadas -5842000 e -2771000, com solo argiloso e declive suave ondulado.
3.2 O NECROCHORUME - DEFINIÇÃO.
O Necrochorume como um líquido percolado resultante do processo de decomposição de cadáveres. Esse líquido (viscoso) formado pelo processo de decomposição possui uma cor castanho-acinzentada, sendo formado por: Sais Minerais; Água; Substâncias Orgânicas Degradáveis; Elevada quantidade de vírus e bactérias; e outros Patógenos. O corpo humano depois de morto é decomposto, assim como qualquer outro ser vivo. Passa então a servir de ecossistema para outros organismos como artrópodes, bactérias, microorganismos patogênicos e destruidores de matéria orgânica e outros, podendo pôr em risco o meio ambiente e a saúde pública. Durante o processo de decomposição do corpo é liberado um líquido chamado pelo CONAMA de “produto da coliqüação”, conhecido também como necrochorume. Este líquido é o responsável pela contaminação do solo e aqüíferos subterrâneos. 
O necrochorume é viscoso, de cor castanho-acinzentada, forte cheiro e grau variado de patogenicidade. (ALMEIDA e MACÊDO; 2005) [16]. Apresenta densidade média de 1,23 g/cm3 (mais denso que a água), e a relação entre o volume de necrochorume produzido e o peso do corpo é igual 0,60 L/Kg (LOPES, [200-]) [15]. Segundo Almeida e Macedo (2005) [16], a decomposição das substâncias orgânicas do corpo pode produzir diaminas como a cadaverina (C5H14N2) e a putrescina (C4H12N2), que ao ser degradadas geram NH4 + , substância que apresenta toxicidade em altas concentrações. A cadaverina e putrescina são danosas também por serem responsáveis pela transmissão de doenças infecto-contagiosas como a hepatite e a febre tifóide. Essas substâncias podem se proliferar em um raio superior a 400 metros de distância do cemitério, a depender da geologia da região.
3.3 NECROCHORUME - PODE ATINGIR A POPULAÇÃO LOCAL. 
Os cemitérios podem causar poluição ambiental nos aqüíferos subterrâneos e no solo da região não somente em virtude da toxicidade do necrochorume e dos microorganismos patogênicos presentes. O aumento da concentração natural de substâncias orgânicas e inorgânicas presentes anteriormente ou no solo já é um fator que deve ter seu risco analisado. Alterações em um ambiente natural devem ser consideradas importantes e acompanhadas de perto pelos órgãos ambientais pois podem tornar o solo ou o aqüífero inutilizáveis. Há um agravante: a matéria orgânica enterrada no cemitério tem a possibilidade de carregar consigo bactérias e vírus que foram a causa da morte do indivíduo, podendo colocar em risco o meio ambiente e a saúde pública. 
A contaminação de mananciais de água foi estudada e constatada na história por pessoas que ingeriam água de fontes próximas a locais de enterro como Igrejas e cemitérios. Essa contaminação ocorre pelo necrochorume, líquido liberado na decomposição do corpo por microorganismoscomo vírus e bactérias. Além das doenças transmitidas pela água, os cemitérios são um grande potencial na proliferação do mosquito Aedes aegypti, que é o vetor da dengue e da febre amarela.
3.4 LEGISLAÇÃO - INSTALAÇÃO E PREVENÇÃO. 
 	A Resolução CONAMA 368/06 já expõe este pensamento ao obrigar que a distância do lençol freático às covas precisam ser maiores para solos mais permeáveis, como a areia e o cascalho. Os caixões também são importantes no processo de manutenção da qualidade ambiental do sistema. Eles devem ser construídos de materiais que se decompõem rapidamente e não liberam subprodutos químicos persistentes no ambiente. 
Os cemitérios podem causar poluição ambiental nos aqüíferos subterrâneos e no solo da região não somente em virtude da toxicidade do necrochorume e dos microorganismos patogênicos presentes. O aumento da concentração natural de substâncias orgânicas e inorgânicas presentes anteriormente ou no solo já é um fator que deve ter seu risco analisado. Alterações em um ambiente natural devem ser consideradas importantes e acompanhadas de perto pelos órgãos ambientais pois podem tornar o solo ou o aqüífero inutilizáveis.
3.5 TIPOS DE INDICADOR A SER UTILIZADO NESSE MONITORAMENTO.
Este trabalho baseia se em análise dos impactos causados por cemitérios, com enfoque no cemitério público de São João dos Quatro Ventos – MG. Amostras de água foram coletadas para determinação dos parâmetros físico-químicos de pH, turbidez, cor, nitrato, nitrito, nitrogênio amoniacal, dureza, cálcio e magnésio. Através das coletas e análises, dados apontam para uma alteração nas análises físicoquímicas, o que leva a pensar que é preciso uma atenção maior no sentido de regulamentar a instalação de novos cemitérios e providenciar o acesso ao saneamento básico. 
Conclui- se também que a conscientização da população e o reconhecimento do cemitério como fonte de impacto ambiental é de fundamental importância para a proteção da saúde pública e do meio ambiente. Após a concessão do licenciamento, deve-se fazer a implantação dos sistemas ou equipamentos de amenização de impactos mais apropriados para cada situação, como: filtros biológicos, poços de monitoramento das águas, malhas de drenagem superficial, dentre outros.
Os micro-organismos normalmente utilizados como indicadores de contaminação da água recomendados pela legislação brasileira vigente são os coliformes totais e fecais. Outros micro-organismos têm sido propostos por entidades internacionais tais como a Organização Mundial de Saúde – OMS, para determinar a potabilidade e as condições de balneabilidade da água. Dentre estes estão os estreptococos, cryptosporidium, giárdia lamblia, stafilococcus e pseudomonas, sendo que alguns deles já são utilizados no Brasil, mesmo sem a recomendação da lei.
3.6 LEGISLAÇÃO PERTINENTE À IMPLANTAÇÃO DE CEMITÉRIOS RESOLUÇÕES CONAMA - 335/2003- 368/06 ALTERAÇÕES 402/08.
A Resolução 335/2003 denomina os cemitérios horizontais e os cemitérios verticais, e explica que estes deverão ser submetidos ao processo de licenciamento ambiental, conforme determinado pela própria resolução, sem prejuízo de outras normas aplicáveis à espécie, veda a instalação de cemitérios em Áreas de Preservação Permanente – APP, ou em outras que exijam desmatamento de Mata Atlântica primária ou secundária, em estágio médio ou avançado de regeneração, em terrenos predominantemente cársticos, que apresentam cavernas, sumidouros ou rios subterrâneos, bem como naquelas que tenham seu uso restrito pela legislação vigente, exceto quando a lei expressamente prevê. 
Outro aspecto importante a ser observado na Resolução é que os corpos sepultados poderão estar envoltos por mantas ou urnas constituídas de materiais biodegradáveis, não sendo recomendado o emprego de plásticos, tintas, vernizes, metais pesados ou qualquer material nocivo ao meio ambiente. E, proíbe o emprego de material impermeável que impeça a troca gasosa do corpo sepultado com o meio que o envolve, exceto nos casos específicos previstos na legislação. Conforme prevê a Resolução, a critério do órgão ambiental competente, poderá ser adotado no licenciamento o procedimento simplificado, após aprovação dos respectivos Conselhos de Meio Ambiente, desde que atendidas as seguintes condições: cemitérios localizados em municípios com população inferior a trinta mil habitantes; cemitérios localizados em municípios isolados, não integrantes de área conurbada ou região metropolitana; cemitérios com capacidade máxima de quinhentos jazigos. 
As Resoluções CONAMA 335/03 e a 402/08 salientam que não é permitida a implantação de cemitérios em terrenos sujeitos à inundação permanente ou sazonal nem em locais em que a permeabilidade dos solos e produtos de alteração possa estar modificada e/ou agravada por controles lito-estruturais, como por exemplo: falhamentos, faixas de cataclasamento e zonas com evidências de dissolução (relevo cárstico). Esta resolução também dispõe que em Áreas de Influência Direta dos reservatórios destinados ao abastecimento público (Área de Proteção de Manancial – APM), bem como nas Áreas de Preservação Permanente (APP) também não é permitido a instalação de cemitérios.
A instalação também fica proibida em áreas de manancial para abastecimento humano e naquelas que tenham seu uso restrito por legislação. O perímetro e o interior do cemitério deverão ser providos de um sistema de drenagem superficial adequado e eficiente, além de outros dispositivos destinados a captar, encaminhar e dispor de maneira segura as águas pluviais e evitar erosão, alagamentos e movimentos de terra
3.7 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA - PRINCIPAIS IMPACTOS NEGATIVOS DA IMPLANTAÇÃO DE UM CEMITÉRIO. 
Os cemitérios são considerados fontes poluidoras por serem construídos sem qualquer preocupação de revestimento da camada inferior do solo para que o necrochorume liberado na decomposição dos corpos não atinja o solo e aqüífero subterrâneo. 
A contaminação por necrochorume pode ser pelo aumento da carga orgânica no meio ambiente, que desencadeia uma série de alterações prejudiciais à harmonia do ecossistema, ou pode ser ainda pela disseminação de microrganismos patogênicos como vírus e bactérias. Por ser mais denso que a água, o necrochorume quando atinge o aqüífero subterrâneo migra para sua parte inferior até atingir a camada impermeável. A partir daí, parte dele pode seguir o fluxo da água ou pode escoar por gravidade sobre o substrato impermeável do aqüífero. Esta contaminação do aqüífero é mais problemática de ser remediada já que geralmente encontra-se a grandes profundidades. 
Além disto, para descontaminar o aqüífero é necessária a construção de barreiras hidráulicas para retirar a água contaminada, de forma que o tratamento da mesma ocorra ex situ, reduzindo a carga hidráulica do aqüífero. Quando o necrochorume atinge o aqüífero subterrâneo é carreado para locais mais distantes. Se o necrochorume ao chegar no aqüífero, ainda contiver contaminante, o manancial estará comprometido. Vírus e bactérias mais resistentes contaminam a água e a tornam imprópria para consumo humano.
 
3.8 RESTAURAÇÃO E REMEDIAÇÃO. 
Assim como em aterros sanitários, pode ser estudada a implantação de uma manta subterrânea que funcione como barreira que impede a contaminação do solo e conseqüentemente do lençol freático pelo chorume produzido na decomposição do lixo. Como forma de proteção do lençol freático, a Resolução CONAMA 368/06 recomenda a existência de uma distância entre o fundo da cova e o lençol freático, a depender da permeabilidade do solo. Para auxiliar na retenção dos contaminantes do chorume, podem ser plantadas árvores que retêm microorganismos e consomem o excesso de matéria orgânica que chega ao meio. A distância até o nível d’água (zona não saturada) auxilia na degradação efetiva dos vírus e bactérias pelos microorganismos naturais do solo, pela absorção, pela ação das raízes das árvores e pela adsorção nas partículas do solo que servem como um filtro. Quanto maior esta distância, maistempo o necrochorume permanecerá no solo e assim será mais degradado. 
O monitoramento contínuo dos solos, das águas superficiais e da subsuperfície dos cemitérios são essenciais para evitar a contaminação do meio. Os sistemas de poços de monitoramento deverão ser implantados conforme a norma ABNT NBR 13.895, que prevê o monitoramento e amostragem estrategicamente localizados a montante e a jusante da área do cemitério, com relação ao sentido de escoamento freático. Em casos de indícios de contaminação, deverão ser analisados novamente os parâmetros de qualidade da água estabelecidos pela Portaria nº 1469/2000 do Ministério da Saúde, efetuando a descontaminação do mesmo.
Além disto, para descontaminar o aqüífero é necessária a construção de barreiras hidráulicas para retirar a água contaminada, de forma que o tratamento da mesma ocorra ex situ, reduzindo a carga hidráulica do aqüífero. Quando o necrochorume atinge o aqüífero subterrâneo é carreado para locais mais distantes. Se o necrochorume ao chegar no aqüífero, ainda contiver contaminante, o manancial estará comprometido. Vírus e bactérias mais resistentes contaminam a água e a tornam imprópria para consumo humano. Para isto é imprescindível o conhecimento profundo dos mesmos (WHO, 1998) [1]. 
Por outro lado, estudos relatados pelo WHO (1998) [1] confirmam locais onde a pluma de contaminação diminui rapidamente com a distância da sepultura, provavelmente pela degradação biológica feita pelos microorganismos presentes no solo. Brasil foi constatada a contaminação do aqüífero subterrâneo por microorganismos como coliformes totais e termotolerantes, estreptococos fecais, clostrídios sulfito redutores e outros – oriundos da decomposição dos corpos sepultados por inumação no solo (PACHECO et al.;(1991) [18]. 
A pesquisa de maior impacto sobre contaminação de águas subterrâneas por cemitério no Brasil é de PACHECO et al. (1991) [18] que estudou três cemitérios dos municípios de São Paulo e de Santos e constatou a contaminação do lençol freático por microrganismos – coliformes totais, coliformes fecais, estreptococos fecais, clostrídios sulfito redutores e outros – oriundos da decomposição dos corpos sepultados por inumação no solo. O risco de contaminação microbiológica com a construção de cemitérios em meio urbano é presumível. 
A água subterrânea é mais atingida pela contaminação por vírus e bactérias. Nascentes naturais ou poços rasos conectados ao aqüífero contaminado podem transmitir doenças de veiculação hídrica como tétano, gangrena gasosa, toxi-infecção alimentar, tuberculose, febre tifóide, febre paratifoide, vírus da hepatite A, dentre outros. 
A população carente e de baixa renda está mais propícia a ser infectada por essas doenças. Geralmente vivem em regiões onde não existe acesso à rede pública de água potável e possuem sistema imunológico natural baixo. De todas as contaminações provocadas pelos cemitérios, os maiores problemas estão relacionados ao vírus, devido sua grande capacidade de sobrevivência, mobilidade, adaptação ao meio adverso, mutação e permeação através até de meios semipermeáveis. Foram encontrados vetores de contaminantes de vírus em lençol freático há quilômetros de distância dos cemitérios. 
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
É inegável a importância do cemitério para a sociedade, seja do ponto de vista cultural, espiritual, sanitário, entretanto, por se tratar de um empreendimento que oferece alto risco de poluição ao meio ambiente e impacto psicológico à população é motivo de polêmica e preocupação por parte de vários setores da sociedade, é necessária a adoção de uma Política Ambiental que vise a proteção do solo, subsolo, recursos hídricos superficiais e subterrâneos, e a proteção da saúde pública e da sadia qualidade de vida da população, o respeito às práticas e valores religiosos e culturais da população.
Considerando critérios técnicos para a implantação e/ou regularização de cemitérios destinados ao sepultamento de cadáveres humanos ou não, no que tange à proteção e à preservação do ambiente, em particular do solo e das águas subterrâneas. Os cemitérios horizontais e verticais deverão ser submetidos ao processo de licenciamento ambiental, nos termos de Resolução e dos demais dispositivos legais cabíveis.
	A constituição do necrochorume é importante de ser conhecida para prever seu comportamento no solo e na água subterrânea, não apenas contamina o ambiente com microorganismos patogênicos que podem alcançar o ser humano, como também insere compostos atípicos ao meio em que percolou, em outras palavras, uma carga grande de materiais orgânicos e outros compostos presentes no corpo humano alcança o meio que não está preparado para receber isto, podendo sofrer danos irreparáveis. A solução para o destino final dos cadáveres não basta ser sanitária e ambientalmente correta, deve ser também moral, social, religiosa e eticamente aceitável pela sociedade.
Contudo, percebe-se a gestão ambiental dos cemitérios como um grande problema nos centros urbanos, pois pesquisadores já provaram que as bactérias patogênicas e os vírus presentes nos corpos em decomposição, podem provocar a contaminação de mananciais hídricos em cemitérios cuja localização e operação são inadequadas. Além das doenças transmitidas pela água, os cemitérios são um grande potencial na proliferação do mosquito Aedes aegypti, que é o vetor da dengue e da febre amarela. Outro aspecto possível, que deveria fazer parte da gestão ambiental dos cemitérios, é o cuidado com os resíduos sólidos, como os restos de roupas dos cadáveres, as próteses e os marca-passos, que deveriam ser separados do lixo comum e serem destinados para a coleta seletiva como resíduos perigosos.
Acreditamos que para evitar os impactos causados pelos cemitérios as legislações deveriam ser mais rígidas e os governos deveriam investir mais em fiscalização. Algumas pessoas defendem os crematórios como uma possível solução, porém entraremos num outro embate: As emissões provenientes dos crematórios serão adequadamente controladas? As religiões e seus adeptos apoiarão a cremação?
Muitos são os impasses que permeiam esta discussão, no momento, sendo que o mais urgente seria aumentar a divulgação e o acesso às informações referentes aos impactos ambientais e sanitários decorrentes dos cemitérios, para que desta forma possam surgir mais pesquisas e a população possa pressionar os governos a proporem alternativas para mitigar esses impactos.
Fica evidente a importância de avaliações e monitoramentos dos lençóis freáticos próximo aos cemitérios. A contaminação dos solos e águas freáticas provenientes de micro-organismos derivados do processo de decomposição dos corpos pode atingir regiões do entorno da área e comprometer a qualidade das águas captadas através de poços rasos com riscos à saúde da população. Esses processos ocorrem principalmente quando os cemitérios são implantados em áreas classificadas como de extrema e alta vulnerabilidade. 
Para que um empreendimento com esse potencial de contaminação não cause problemas físicos e sociais ao ambiente, é imprescindível que a equipe de profissionais responsável pelo projeto, execução e monitoramento conheça e respeite essas leis, como também, conheça os passivos, causas e os efeitos que o contaminante pode causar.
5 - REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS. 
CASAGRANDE, E. O que é Necrochorume e quais são os seus impactos ao meio ambiente? Disponível em: http://2engenheiros.com/2018/05/15/o-que-e-necrochorume-e-quais-saoos-seus-impactos-ao-meio-ambiente/ Acesso em 20 Out 2018 
Cemitérios como Fonte de Contaminação Ambiental Infraestrutura superada dessas unidades pode afetar recursos hídricos e disseminar microrganismos ameaçadores para a saúde
Disponível em: https://www2.uol.com.br/sciam/artigos/cemiterios_como_fonte_de_contaminacao_ambiental.html Acesso em 20 de Out 2018.
CEMITÉRIOS: UMA AMEAÇA À SAÚDE HUMANA?
Disponível em: http://www.crea-sc.org.br/portal/index.php?cmd=artigos-detalhe&id=2635#.W8t7bHthnMxAcesso em 20 de out 2018.
CEMITÉRIOS E SEUS IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS NO BRASIL - Disponível em:
http://amigosdanatureza.org.br/publicacoes/index.php/forum_ambiental/article/viewFile/681/705 acesso em 20 Out 2018
Cemitérios precisarão de licenciamento ambiental - Disponível em: http://www.mma.gov.br/informma/item/1260-cemiterios-precisarao-de-licenciamento-ambiental.html Acesso em 17 Out 2018
CONTAMINAÇÃO DO AQÜÍFERO LIVRE EM CEMITÉRIOS: ESTUDO DE CASO
Disponivel em: https://aguassubterraneas.abas.org/asubterraneas/article/viewFile/22290/14633 Acesso em 17 Out 2018
Conama modifica normas para a construção de cemitérios - Disponível em: http://www.mma.gov.br/informma/item/3070-conama-modifica-normas-para-a-construcao-de-cemiterios.html Acesso em 17 Out 2018 
Estudo indica que cemitérios contaminam as águas subterrâneas.Disponível em: https://ufal.br/ufal/noticias/2012/06/estudo-indica-quecemiterios-contaminam-as-aguas-subterraneas Acesso em 20 Out 2018.
KEMERICH, P. D. da C, et al. A questão ambiental envolvendo os cemitérios no Brasil. Disponível em: https://periodicos.ufsm.br/remoa/article/download/14506/pdf Acesso em 20 Out 2018 
LELI, Isabel & ZAPAROLI, Fabiana C. M.; DOS SANTOS, Vanessa; OLIVEIRA, Meyre & REIS, Fabio. 2012. Estudos ambientais para cemitérios: indicadores, áreas de influência e impactos ambientais. Boletim de Geografia. v30. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/270085907 Estudos_ambientais_para_cemiterios_indicadores_areas_de_influencia_e_impactos_ambientais. Acesso em 20 Out de 2018.
RESOLUÇÃO CONAMA nº 368/2006 – licenciamento ambiental de cemitérios - Disponível em: http://funerarianet.com.br/legislacao/resolucao-conama-no-3682006-licenciamento-ambiental-de-cemiterios/ Acesso em 20 Out 2018
SANTOS, A.G da S; MORAES, L.R.S; NASCIMENTO, S.A.M. Qualidade da água subterrânea e necrochorume no entorno do cemitério SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM GESTÃO AMBIENTAL do Campo Santo em Slavador-BA. In:GESTA, v. 3, n. 1, p.39-60, 2015. Disponível em: https://rigs.ufba.br/index.php/gesta/article/view/12456 Acesso em 20 Out 2018. 
O que é Necrochorume e quais são os seus impactos ao meio ambiente?
Disponível em: http://2engenheiros.com/2018/05/15/o-que-e-necrochorume-e-quais-sao-os-seus-impactos-ao-meio-ambiente/ Acesso em 20 de out 2018.

Continue navegando