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AULA 11 Iter Criminis

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AULA 11 Iter Criminis. 
 
Iter Criminis: é o caminho percorrido pelo crime, suas fases, etapas para então se 
chegar a um fato previsto em lei como infração penal, buscando neste sentido a 
punição do agente. 
O Iter Criminis divide-se duas fases: uma interna e outra externa. Na fase interna, está 
a cogitação. Já na fase externa, estão preparação, execução e consumação. É 
importante perceber que nem todo crime percorre o iter criminis completo. 
Atos de cogitação, preparação e execução - distinção 
 
Cogitação: Na cogitação não existe ainda a preparação do crime, o autor apenas 
mentaliza, planeja em sua mente como vai ele praticar o delito, nesta etapa não existe 
a punição do agente, pois o fato dele pensar em fazer o crime não configura ainda um 
fato típico e antijurídico pela lei, sendo irrelevante para o direito penal. 
Preparação: como o próprio nome indica, ocorre quando o agente começa a tomar 
as medidas necessárias para que o crime possa ocorrer.Comprar a arma do crime, 
dispor os elementos necessários, estudar o local ou a pessoa, comprar equipamentos 
diversos e quaisquer outros atos que sejam voltados especificamente para o 
cometimento daquele crime fazem parte desta etapa. 
Execução: é o momento em que o crime é, de fato, praticado. É importante levar em 
conta que a separação entre a preparação e a execução nem sempre são estabelecidas 
de forma muito clara. 
Consumação: a consumação é o momento de conclusão do delito, reunindo todos 
os elementos do tipo penal. 
A consumação se dá quando o agente pratica todas as elementares que compõe o 
crime. Exemplo: no crime de homicídio o crime se consuma quando a vítima morre 
devida a provocação de outra pessoa. 
Exaurimento: Também chamado de crime exaurido ou crime esgotado, é o 
delito em que, posteriormente à consumação, subsistem efeitos lesivos derivados da 
conduta do autor. 
Tentativa (conatus): tentativa é o início de execução de um crime que somente 
não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. 
 
É também conhecida por outros rótulos como: conatus, crime imperfeito ou ainda, 
como define Zaffaroni, crime incompleto. 
 
A tentativa é composta de três elementos: (1) início da execução; (2) ausência de 
consumação por circunstâncias alheias à vontade do agente; e (3) dolo de 
consumação. 
 
Natureza Jurídica: Com relação à sua natureza jurídica, a tentativa trata-se de uma 
norma de extensão ou ampliação da conduta, uma vez que não goza de autonomia 
dentro das definições do Código Penal. Ela reclama um tipo penal específico, na 
modalidade consumada, em combinação com o art. 14, II, antecipando a tutela penal 
em relação aos atos executórios prévios à consumação do resultado naturalístico 
intentado. 
 
• TEORIA SINTOMÁTICA: Idealizada pela escola positiva: pune-se pela 
periculosidade revelada pelo agente, a mera manifestação de periculosidade já 
pode ser vista como tentativa e por isso ser punido. 
• TEORIA OBJETIVA, REALÍSTICA, DUALÍSTICA: A tentativa é punida em face do 
perigo proporcionado ao bem tutelado pelo direito penal. A tentativa deve 
receber pena inferior ao crime consumado. 
• TEORIA DA IMPRESSÃO OU OBJETIVO-SUBJETIVA: Representa um limite à 
teoria subjetiva. Somente quando comove a segurança da norma penal[5] é 
que a tentativa será punida. 
 
OBS: E qual teoria o Brasil adotou. A regra no Brasil é a teoria OBJETIVA. Pois o art. 
14 II determina que a pena da tentativa deva ser inferior ao do consumado. 
 
Formas: 
 
a) Tentativa branca (incruenta): é a modalidade onde o objeto material não é 
atingido pela conduta criminosa. 
 
b) Tentativa vermelha (cruenta): neste espécie, o objeto material é atingido pela 
atuação do agente, porém, a consumação não ocorre. 
 
c) Tentativa perfeita, acabada (crime falho): nesta tentativa, o agente esgota todos 
os meios executórios que estavam à sua disposição, e mesmo assim não sobrevém a 
produção do resultado naturalístico, por circunstancias alheias à sua vontade. Pode 
ser cruenta ou incruenta. 
 
d) Tentativa imperfeita, inacabada (tentativa propriamente dita): o agente inicia a 
execução sem, contudo, utilizar todos os meios que tinha ao seu alcance. O crime 
também não se consuma por circunstancias alheias ao seu intento. 
 
 
CRITÉRIO PARA DIMINUIÇÃO DE PENA. 
A tentativa constitui causa obrigatória de diminuição da pena. Incide na terceira fase 
da aplicação da pena privativa de liberdade e sempre a reduz. 
O critério decisivo para a diminuição corresponde à distância percorrida no iter 
criminis, conforme entendimento do STF. Quanto mais distante da consumação, maior 
será a diminuição. 
Desistência Voluntária e Arrependimento Eficaz: 
Desistência Voluntária: Ocorre quando o agente desiste voluntariamente de prosseguir 
executando o crime. Trata-se da hipótese em que o agente abandona de forma voluntária o 
seu dolo inicial estando ainda na fase de execução do delito. 
Consequências Jurídicas: O agente que desiste do seu intento criminoso podendo prosseguir, 
responde pelos atos já praticados. Assim para doutrina majoritária a Desistência Voluntária é 
causa de atipicidade da conduta, visto que a desistência do dolo inicial do agente é 
abandonado e a sua punição se dará em outro tipo penal. 
Arrependimento Eficaz: Ocorre quando o agente após exaurir todos os atos previamente 
pretendido, arrependido, atua em sentido inverso a todos atos já praticados para evitar que o 
resultado previamente se consume e efetivamente consegue evitá-lo. Note que a execução do 
crime aconteceu, mas não o seu exaurimento. 
Consequências Jurídicas: Aquele que se arrepende de maneira eficaz responderá pelos atos já 
praticados no caso concreto. Assim a natureza jurídica do Arrependimento Eficaz também é 
causa de atipicidade da conduta, porque, de modo idêntico como acontece na Desistência 
Voluntária, a conduta do agente se amoldará a outro tipo penal diverso daquele do dolo inicial. 
 
 
Distinções: Enquanto que no arrependimento eficaz o agente termina todos os atos 
executórios, mas ele se arrepende e consegue reverter com o seu arrependimento e 
não conseguir o resultado. Então na desistência voluntária o agente faz uma parte dos 
atos de execução, e no arrependimento eficaz ele faz todos os atos de execução. 
Arrependimento Posterior: Ocorre quando o agente após a consumação do delito sem 
violência ou grave ameaça, resolve, voluntariamente reparar o dado os restituir a coisa 
ATÉ O RECEBIMENTO da denúncia ou queixa crime. 
Consequências Jurídicas: Como o Arrependimento Posterior conduz à redução da pena 
de 1/3 a 2/3, logo tem natureza jurídica de causa de diminuição de pena. 
São requisitos do arrependimento posterior: 
a) Delito cometido sem violência ou grave ameaça à pessoa. A violência contra a coisa 
não exclui a minorante. A doutrina entende cabível o arrependimento posterior nos 
crimes violentos contra a pessoa frutos de conduta culposa. 
b) Reparação total do dano ou restituição integral da coisa. 
c) Até o recebimento da denúncia ou da queixa. Após o recebimento, pode-se falar da 
circunstância atenuante prevista no artigo 65, III, b, CP. 
d) Ato voluntário do agente. O ato não precisa ser espontâneo. 
Crime impossível, ou tentativa inidônea, tentativa inadequada, quase crime ou ainda 
quase morte, é aquele ato que jamais poderia ser consumado em razão da ineficácia 
absoluta do meio empregado ou pela impropriedade absoluta do objeto. Em resumo, é 
um crime impossível de se realizar, cujas duas hipóteses legais estão previstas no 
artigo 17 do código penal. 
Assim, temos as duas hipóteses, ou condições: 
Crime impossível por ineficácia absoluta do meio: quando os meios postos à 
serviço da conduta não são eficazes para produzir o resultado. Aconduta não 
possui nenhuma potencialidade de lesão. 
 
• Exemplo: “A”, querendo matar “B”, aciona gatilho de um revólver de 
brinquedo. 
 
Crime impossível por impropriedade absoluta do objeto: A consumação é 
impossível devido ao próprio objeto material, que é inexistente ou impróprio. 
 
• Exemplo: “A” tenta praticar aborto contra mulher que não está grávida. 
• Exemplo: “A” desfere facadas em “B”, com intenção de matar, sendo que “B”, 
que já estava morto. 
Natureza jurídica do crime impossível: por não haver o enquadramento da conduta 
em nenhum tipo penal, é conduta atípica, portanto, causa de exclusão de tipicidade. 
TEORIAS DO CRIME IMPOSSÍVEL 
 
Há VÁRIAS TEORIAS que discutem os efeitos do crime impossível, vejamos: 
 
Teoria sintomática: o agente, ainda que o delito seja impossível de ser consumado, 
por demonstrar um certo grau de periculosidade, deve ser punido, aplicando-lhe uma 
medida de segurança. 
 
Teoria subjetiva: o agente, tendo uma conduta subjetivamente perfeita, deve incorrer 
na mesma pena cominada à tentativa, pouco importando se os meios por ele 
empregados ou o objeto do crime eram ou não idôneos para a produção do resultado. 
Aqui, o que vale é a vontade do agente. 
 
Teoria objetiva: leva-se em conta o risco objetivo que o bem jurídico corre, ou seja, se 
teve ou não perigo de lesão. Quando a conduta não tem potencialidade para lesar o 
bem jurídico, seja em razão da ineficácia do meio empregado, seja pela impropriedade 
do objeto, não se configura a tentativa (tentativa inidônea). Divide-se emobjetiva 
pura e objetiva temperada: 
 
• Teoria objetiva pura: não há tentativa, mesmo que a inidoneidade seja 
relativa. 
o Ex.: Atirar em alguém e a munição, por ser velha, “pinar” (falhar). 
 
• Teoria objetiva temperada: não haverá tentativa apenas 
na absoluta ineficácia do meio ou na impropriedade absoluta do objeto 
material. Se for relativa, haverá tentativa. É a teoria adotada pelo Código 
Penal.

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