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Vias de Administração de Medicamentos

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Vias de administração de medicamentos
Na escolha da via de administração de um medicamento devem-se considerar vários fatores, como: necessidade de efeito sistêmico ou localizado, latência para o efeito: curto ou longo, características físico-químicas do medicamento (resistentes a hidrolise em meio ácidos, etc.);
Vias digestivas
Nestas vias, para que um medicamento seja absorvido e passado para a circulação sistêmica, é necessário que ele seja liberado da sua forma farmacêutica (suspensões, comprimidos, cápsulas, tabletes, pós, etc...), isto é, que ocorra a dissolução do medicamento e este tenha a capacidade de ultrapassar as barreiras celulares do trato intestinal.
O intestino delgado é o principal local de absorção de todos os medicamentos administrados via oral (ácidos fracos, bases fracas ou compostos neutros) por apresentar uma área extensa com rica vasculização.
 Varios medicamentos com utilizações clinicas importantes são bases fortes, como relaxante muscular tubocurarina, e outros ainda apresentam alta polaridade como os antibióticos.
Em animais poligastrico, o rumem na maioria das vezes impede o uso da via oral. Em animais carnívoros e onívoros, o esvaziamento gástrico representa o fator fisiológico mais importante no controle da velocidade da absorção, pois é o intestino delgado o principal local de sua absorção. Em herbívoros ruminantes, os fatores que determina a absorção dos medicamentos, com certeza não esta ligado ao esvaziamento gástrico, uma vez que dificilmente os compartimentos gástricos dos ruminantes ficam vazios.
Via retal
O medicamento absorvido pela via retal sofre parcialmente o efeito da primeira passagem, isto é, ao ser absorvido não penetra pela veia porta, escapando, portanto, grande parte da biotransformação hepática, seguindo direto ao coração, onde é distribuído para vários compartimentos do organismo. A desvantagem é que a absorção ocorre de forma irregular e irritação da mucosa retal, sendo de uso restrito na Medicina Veterinária.
Via ruminal
Esta via tem seu uso restrito a medicamentos com ação no rume, como, por exemplo, alguns anti-helmínticos.
Administração parenteral
As vias de administração parenteral mais usuais são: a intravenosa (IV), a intramuscular (IM) e a subcutânea (SC);
Via Intravenosa (IV)
 Tem como vantagem, a obtenção rápida de efeitos farmacológicos, a possibilidade da administração de grandes volumes, em infusão lenta, e de substancias irritantes, devidamente diluídas, e ainda possibilita melhor controle da dose administrada. Tem como desvantagem riscos de embolias, infecções por contaminação, sendo impropria para administração de substâncias oleosas ou insolúveis.
Em ruminantes, utiliza-se veia jugular; Em suínos, utiliza-se a veia marginal da orelha e cava-cranial, e em cães e gatos, as veias mais utilizadas são a radial, a fermural e a tarsal-recorrente.
Via intramuscular (IM)
A vantagem desta via é a absorção relativamente rápida, sendo adequada para administração de volumes moderados, de veículos aquosos, oleosos, suspensões ou preparações de deposito. Suas desvantagens são a dor e o aparecimento de lesões musculares pela aplicação de substâncias irritantes ou substâncias com PH distantes da neutralidade, podendo promover o aparecimento de processos inflamatórios.
As regiões mais utilizadas para a via intramuscular são os músculos da coxa ou da tabua do pescoço das diferentes espécies animais.
Via subcutânea 
Esta via é apropriada para administração de medicamentos que necessitem ser absorvidos de forma lenta e continua; é bastante utilizada em cães e gatos. É necessário que o PH e a osmolaridade da forma farmacêutica não sejam muito diferentes das existentes nos tecidos, para evitar o aparecimento de escaras ou lesões no local da administração. Os medicamentos são absorvidos por difusão, atravessando grandes poros e fenestrações existentes entre as células do endotélio dos capilares vasculares e dos vasos linfáticos.
Outra maneira de prolongar o efeito de um medicamento administrados via subcutânea é emprega-lo sob uma forma relativamente insolúvel, de liberação lenta, ou utilizar pellets contendo o principio ativo e implanta-los nos tecidos subcutâneos.
A via subcutânea tem como vantagem a absorção constante para soluções e lenta para suspensões e pellets; tem como desvantagem a facilidade de produzir sensibilização e, ainda dor e necroses na utilização substâncias irritantes.
Outras vias parenterais 
Existe outras vias parenterais, que são utilizadas com menos frequências:
Intradermal: tem sido utilizada para o diagnostico, como por exemplo, tuberculina e para identificação de alérgenos.
Intraperitonial: é utilizada, quando se necessita administrar grandes volumes de solução, isto porque esta via é constituída de grandes superfícies de absorção. É utilizada, por exemplo, na dialise peritoneal; além disso, esta via também tem utilidade administração de medicamentos em animais de laboratório.
Intratecal: envolve a penetração de membranas que reveste o SNC. Tem utilização restrita para diagnostico radiológico.
Epidural: é utilizada para cirurgias abdominais em grandes animais.
Intra-articular: é utilizada quando se necessita de efeito anti-inflamatório localizado em uma determinada articulação
Vias transmucosas ou tópicas 
São utilizadas normalmente para obtenção de efeitos terapêuticos e não sistêmicos, isto é, localizados. Esta via é considerada bastante segura, porém, em certos casos, pode ocorrer intoxicação, pois é possível que haja absorção mesmo através de pele integra.
Outro fator a ser levado em consideração para essa via é a existência de lesões na pele, onde o medicamento será aplicado, o que pode acarretar, dependendo da extensão e da gravidade da lesão cutânea, absorção de quantidades consideráveis do principio ativo, levando efeitos sistêmicos indesejáveis.
Aplicação tipo pour on ou spot on
É utilizada principalmente para controle de ectoparasitas, em pequenos e grandes animais. O medicamento é aplicado sobre o dorso (pour on) ou cernelha (spot on) do animal. São exemplos os praguicidas organofosforados e piretroides, que são substâncias lipossolúveis; estes se difundem pela camada gordurosa existente sobre a epiderme, agindo em toda a superfície corpórea.
Esta via é considerada como via tópica, porém, dependendo do principio ativo utilizado e do veiculo, o principio ativo pode absorvido pelo organismo, e apresentando efeitos sistêmicos.
Via inalatória
Pode ser utilizada quando o agente terapêutico é um gás, sendo em Medicina Veterinária de utilização restrita á anestesia inalatória.
Via Intramamaria
Esta via é utilizada normalmente para o tratamento de doenças nas glândulas mamarias.
Formas farmacêuticas
A forma farmacêutica ou preparação medicamentosa é como o medicamento se apresenta para ser usado, como resultado da mistura de substâncias adequadas para serem administradas com finalidade terapêutica.
Gargarismo: forma farmacêutica liquida destinada a tratar cavidade bucal dos animais (corresponde ao gargarejo na espécie humana). Deve-se impedir a deglutição do medicamento tracionando-se a língua do animal para fora da cavidade bucal e mantendo-se sua cabeça abaixada, enquanto o medicamento é aspergido;
Cápsula: forma farmacêutica na qual o medicamento (geralmente em forma sólida) é colocado dentro de um envoltório (de amido ou gelatina) constituído de duas metades que se encaixam;
Drágea: o medicamento é colocado no interior de um envoltório rígido, de formato variável, geralmente brilhante. Pode proteger o principio ativo contra o PH estomacal, odor ou sabor desagradável;
Comprimido: geralmente adiciona-se amido ao principio ativo, sendo este material prensado, dando-se a forma cilíndrica com alguns milímetros de altura;
Pomada: preparação tópica constituída de base monofásica na qual podem estar dispersas substâncias sólidas ou liquidas;
Creme: sistema semissólido obtido através de bases emulsivas do tipo agua/óleo ou óleo/agua, contendo um ou mais princípiosativos ou aditivos dissolvidos ou dispersos na base adequada;
Colírio: forma farmacêutica geralmente liquida, destinada aos olhos e pálpebras;
Xarope: preparação aquosa caracterizada pela alta viscosidade, que apresenta não menos que 45% (p/p) de sacarose ou outros açucares na sua composição; geralmente contém agentes flavorizantes;
Emulsão: preparação farmacêutica obtida pela dispersão de duas fases liquida imiscíveis ou praticamente imiscíveis;
Suspensões: preparação farmacêutica obtida pela dispersão de uma fase sólida insolúvel ou praticamente insolúvel em uma fase liquida;
Injeções: preparações estéreis destinadas á administração parenteral, apresentadas como soluções, suspensões ou emulsões, podem ser acondicionada em ampolas, cartuchos ou frascos, para administração em dose única, dose múltipla e para perfusão;
Pour on e spot-on: formas liquidas nas quais o medicamento é depositado, respectivamente, na linha do dorso do animal ou sobre a cernelha;
Premix (pré-mistura): o medicamento é misturado á ração do animal; geralmente utilizado para administração de vitaminas ao rebanho;
Farmacocinética
A farmacocinética é o estudo do movimento de uma substância química, em particular, um medicamento no interior de um organismo vivo, ou seja, é o estudo dos processos de absorção, distribuição, biotransformação (metabolização) e excreção. Para que todos estes processos ocorram e para que um medicamento exerça seu efeito em um determinado local de ação no interior de um organismo vivo, é necessário que esse medicamento, após a dissolução da forma farmacêutica, consiga atravessar as barreiras celulares e alcance seu local de ação (biofase).
Absorção de Medicamentos
Em farmacológica, define-se, como absorção uma serie de processos pelos quais uma substância externa a um ser vivo nele penetre sem lesão traumática, chegando ate o sangue. Portanto, para que um determinado medicamento seja absorvido, é necessário que ele atravesse as diversas membranas biológicas, como epitélio gastrointestinal, o endotélio vascular, e também, as membranas plasmáticas. Nestes fenômenos são de vital importância a constituição das membranas e o transporte transmembrana.
Distribuição de Medicamentos
Após a absorção, um medicamento, pode ficar sob a forma livre no sangue, liga-se a proteína plasmática ou, então, ser sequestrado para depósitos no organismo. Um fato de importância é que somente o medicamento na forma livre é distribuído para os tecidos. Define-se distribuição como o fenômeno em que um medicamento após a sua absorção, sai deste compartimento e vai para seu local de ação.
Os medicamentos abandonam a via circulatória para o espaço intracelular por processo de difusão através da membrana celulares dos capilares ou ainda por poros ou fenestrações existentes nas paredes celulares. A velocidade com que a concentração de um determinado medicamento livre demora para se equilibrar entre o plasma e o liquido dos demais compartimentos depende basicamente do grau especifico de vascularização de um determinado tecido. Este equilíbrio é conseguido rapidamente em órgãos bem perfundidos, como o coração, o fígado, os rins e o cérebro, denominados compartimento central, quando comparados com pele, ossos ou depósitos de gordura, denominados compartimento periféricos.
Na distribuição, é importante levar em conta a agua corporal, que representa cerca de 50 a 70% do peso do organismo, distribuída em quatro compartimento:
Liquido extracelular, constituído de plasma sanguíneo (4,5% do peso corporal);
Liquido intersticial (16%) e linfa (1 a 2%);
Liquido intracelular (30 a 40%);
Liquido transcelular (2,5%), peritoneal, pleural, sinovial e secreções digestivas;
No interior de cada destes compartimentos aquosos, as moléculas do medicamentos existem em solução livre e na forma ligada, na forma molecular ou iônica, de acordo com o PH do compartimento. Portanto, o equilíbrio da distribuição entre os vários compartimentos, depende: da capacidade de um medicamento atravessar as barreiras teciduais de cada compartimento; da ligação do medicamento no interior desses compartimentos; da ionização e da lipo – ou hidrossolubilidade das moléculas dos medicamentos.
Biotransformação de Medicamentos
A biotransformação (metabolização) consiste na transformação químicas de substâncias, sejam elas medicamentos ou agentes tóxicos, dentro dos organismos vivos, visando favorecer sua eliminação. Este processo permite a formação de metabólicos que são habitualmente mais polares e menos lipossolúveis do que a molécula original, favorecendo á eliminação desta. A biotransformação não apenas favorece a eliminação de um medicamento, como também, com frequência, resulta na inativação farmacológica deste. Contudo, muitos metabólitos de medicamentos apresentam ainda atividade farmacológica, podendo provocar efeitos similares ou diferentes das moléculas originais, e podem também ser responsáveis por importantes efeitos tóxicos que se seguem á sua administração.
Os animais terrestres desenvolveram mecanismos enzimáticos localizados no fígado responsáveis pela biotransformação de compostos lipossolúveis, estas enzimas metabolizadoras localizam-se celularmente no reticulo endoplasmático liso.
Toda substância química absorvida pelo trato gastrointestinal vai obrigatoriamente ate o fígado através da veia porta, onde é biotransformada (efeito da primeira passagem), para posteriormente poder alcançar o restante do organismo. No entanto, o fígado não é o único local onde se dá a biotransformação de medicamentos e agentes tóxicos. Muitos outros órgãos e tecidos têm enzimas que normalmente biotransformam substratos endógenos, podendo também biotransformar substratos exógenos com suficiente semelhança molecular com seus substratos exógenos naturais.
Conclusão
Podemos concluir que farmacologia é o estudo dos medicamentos, drogas e/ou fármaco, dos seus vários formatos, como podem ser administrados e o que ocorre desde a sua administração ate a sua excreção.
E que a má administração do medicamento, seja por erro médico ou por curiosos pode causar danos ou mesmo a morte do paciente.
É muito importante ter conhecimentos nos princípios ativos e sua forma farmacêutica e forma de administração para não causar danos no paciente; ex: Uma vez uma cliente da loja que eu trabalho (Pet Center Marginal) comprou um Frontline, e ao invés de aplica-lo no dorso do animal, ela fez a administração via oral; felizmente o animal foi medicado e conseguiu se recuperar.
Não use medicamentos sem orientação médica.
Referência
Livro: Farmacologia aplica á Medicina aplicada – 5ª edição
Autores: Helenice de Souza Spinosa; Silvana Lima Górniak; Maria Martha Bernardi
Editora: Guanabara- Koogan ano 2011

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