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UNIVERSIDADE MOGI DAS CRUZES 
VICTOR HIDEKI TUKAHARA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
COMPLIANCE COMO FATOR DETERMINANTE AO COMBATE À CORRUPÇÃO NO 
SETOR PÚBLICO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Mogi das Cruzes, SP 
2018 
UNIVERSIDADE MOGI DAS CRUZES 
VICTOR HIDEKI TUKAHARA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
COMPLIANCE COMO FATOR DETERMINANTE AO COMBATE À CORRUPÇÃO NO 
SETOR PÚBLICO 
 
 
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao 
curso de Direito da Universidade de Mogi das 
Cruzes como parte dos requisitos para obtenção 
do grau de Bacharel em Direito. 
 
Profª Orientadora: Cristiane Souza Villar de Carvalho 
 
 
 
 
Mogi das Cruzes, SP 
2018 
RESUMO 
O presente trabalho objetiva tratar a questão do combate à corrupção, através de 
um instituto denominado Compliance. O Compliance teve suas origens no direito 
americano advindo das classes bancárias e farmacêuticas principalmente, tal 
instituto visa o combate à corrupção através de uma reestruturação ética dentro das 
empresas e administrações onde atuam, mas também na sociedade como um todo. 
As primeiras evidencias deste instituto podem ser vislumbradas desde a hera bíblica. 
A questão do combate à corrupção surgiu do advento de alguns tratados que 
comprometeram o Brasil como signatário, a tratar e prevenir atos de corrupção e de 
lavagem de dinheiro, além da própria lei anticorrupção. E a legislação brasileira 
como forma de combate aos males da corrupção tem atribuído aos particulares 
diversos deveres e em alguns casos oferece uma atenuante àqueles que 
demonstrarem terem em suas empresas sistemas efetivos de gestão de riscos, mas 
deseja o presente trabalho demonstrar que não basta o combate à corrupção ter 
partido somente de um lado, esta atividade demanda empenho tanto dos 
particulares como do poder público, para tanto deseja demonstrar que a aplicação 
da gestão de riscos e fomentação ética no setor público se faz necessário para 
atingir a paz social. 
Para tanto foram feitas pesquisas em teses de mestrados e doutorados além de 
materiais que tratam especificamente da gerência de sistemas de gestão de riscos, 
buscando basilar atividades dos particulares dentro da administração por meio de 
leis e decretos, principalmente através da Constituição Federal. 
 
Palavras-chave: Ética, combate à corrupção, legalidade, gestão de risco, Compliance, 
responsabilidade 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
1. Introdução 
Quando se pensa a respeito do Compliance tende-se a imaginar tempos modernos, 
porém é possível extrair de seu conceito exemplos muito mais antigos do que se 
pode imaginar. 
Marco Cruz (2017) demonstra que a história do Compliance pode ser muito antiga 
se levar em consideração o intuito deste instituto no sentido de que a população 
deve seguir aquilo que está no ordenamento. À exemplo dos primórdios do 
Compliance, ainda segundo o autor, pode-se citar os livros sagrados de cada 
religião que pregava o estrito caminho que seus fiéis deveriam trilhar, tais 
pregamentos transcritos em livros ou pergaminhos tinham para seus crentes força 
de lei editada diretamente por cada Deus, como por exemplo o Torá, a Biblia, o 
código de Ur Nammu, Eshunna, Lipit Ishtar de Isin e também o mais conhecido 
dentre os ordenamentos da antiguidade o Código de Hamurabi da Babilônia. 
 Já no mundo corporativo Luiz Roberto Calado (2017) mecanismos de 
regulação e fiscalização começaram a ser aplicados já nos anos 1900 nos Estados 
Unidos, por requisição das insdústrias farmacêuticas e pelos bancos. Com a Criação 
do Food and Drug Administation em 1930, disto surgiram desde então diversos 
outros modelos de regulamentação específico como Securities and Exchange 
Commission, em 1933; Prudential Securities, em 1950 e por fim em 1977 foi 
promulgado a Foreign Corrupt Practices Act, que criou a obrigatoriedade de 
manutenção de livros e registros empresariais com demonstrativos sobre suas 
transações além de estabelecer a necessidade de se instituir um sistema de controle 
interno adequado, esta lei tornou-se um importante marco para a evolução do 
Compliance, já que a mesma serviu de matriz para diversas Leis de mesmo teor em 
outros países. 
Sobre o surgimento do Compliance Santos (2011) explica que é um instituto 
que nasceu dentro das instituições financeiras, com a criação do Banco Central 
Americano, em 1913, com intuito de tornar este tipo de ambiente um sistema que 
expirasse confiança e estabilidade, não obstante, o Compliance tem ganhado notório 
desenvolvimento abrangendo muito mais do que a palavra sugere, hoje falar em 
compliance é trazer todo um contexto de questões de ética individual e coletiva. 
Miranda (2017) explica que dois fatores podem ter contribuído para o 
5 
 
desenvolvimento do compliance, a informatização dos processos e a maior 
complexidade dos negócios. 
 
2. Compliance 
Compliance, é um termo utilizado de forma mais usual no ramo da administração 
privada norte americana, provém do verbo em inglês to comply, que segundo o 
Oxford Living Dictionaries (2018) significa: “Act in accordance with a wish or 
command”, que se pode traduzir da seguinte forma: agir de acordo com um desejo 
ou comando. E segundo o Dictionary of law (2000), citado por Veríssimo (2017, 
p.90), “Compliance é um substantivo que significa concordância com o que é 
ordenado; compliant é aquele que concorda com alguma coisa, e to comply with 
significa obedecer”. 
O objetivo do compliance não é só prevenir atos de corrupção que possam 
afetar a administração, o compliance atua também de forma a sancionar aqueles 
que já atentaram contra o interesse público, além de atribuir uma série de 
regulamentos para reprimir tais atos, como explica Veríssimo (2017, p.91) na 
seguinte passagem: 
O compliance tem objetivos tanto preventivos como reativos. Visa a 
prevenção de infrações legais em geral assim como a prevenção dos riscos 
legais e reputacionais aos quais a empresa está sujeita, na hipótese de que 
essas infrações se concretizem. Além disso, impõe à empresa o dever de 
apurar as condutas ilícitas em geral, assim como as que violam as normas 
da empresa, além de adotar medidas corretivas e entregar os resultados de 
investigações internas às autoridades, quando for o caso. 
 
 Benedetti (2014, p.75), traz em sua obra uma definição mais prática ao termo 
em questão: 
Quando se fala em compliance, automaticamente se quer referir aos referir 
aos sistemas de controles internos de uma instituição que permitam 
esclarecer e dar segurança àquele que se utiliza de ativos econômico-
financeiros para gerenciar riscos e prevenir a realização de eventuais 
operações ilegais, que podem culminar em desfalques, não somente à 
instituição, como também, aos seus clientes, investidores e fornecedores. 
 
Como pode-se observar, apesar de Benedetti trazer uma definição voltada à 
administração privada e a empresas, não é difícil vislumbrar o mesmo texto 
6 
 
adaptado à administração pública, isso porque segundo Veríssimo (2017) além da 
área clássica dentro das instituições bancárias e seu consequente direito, o 
compliance pode se moldar de acordo com cada caso fático e suas problemáticas, 
por isso é possível observar normas fundadas neste instituto dentro do direito do 
trabalho, penal entre outros. 
 
2.1. Contexto de aplicação 
A questão da ética na política já é tratada há muito tempo, pode-se observar nas 
obras de “A República” de Platão ou na “Política” de Aristoteles, que apesar de 
defenderem pontos distintos sobre o idealismo de sociedade, o que ambos trazem 
de forma imperiosa é a supremacia do interesse público em detrimentoao do 
particular, e isso não se difere à realidade contemporânea, porém esse conceito é 
muito pouco trabalhado no nosso ordenamento, como pode se observar a partir dos 
estudos de Biason (2011, p.32), que demonstra não haver de fato uma 
obrigatoriedade de gestão de ética pública, esta se encontra diluída em nosso 
governo em diversas leis e artigos distribuídos através dos órgãos da administração, 
esta situação depende quase que unicamente de cada servidor, apesar das diversas 
leis e sanções, o histórico que esse servidor teve em seu caminho é um ponto 
importante que pode afetar em seu discernimento a respeito do que pode ou não ser 
feito, em suma, do que é ou não certo, Biasson (2011, p.33) termina o capítulo com 
uma importante citação a respeito do tema: 
Um outro aspecto significativo na promoção da ética pública é um elemento 
de caráter subjetivo: os servidores devem ter consciência que o interesse 
público deve servir de parâmetro às suas ações, afinal a ética pública 
reflete-se numa boa gestão pública por meio da capacidade de inibir 
práticas corruptas e promover a boa governança. Este equilíbrio somente 
poderá ser alcançado por homens públicos “virtuosos”, com razão suficiente 
para deliberar ações que permitam promover os interesses da sociedade 
brasileira. 
 
Neste ponto complementa Aranha (2011, p.61, apud Thompson, 2005), no sentido 
de que a ideia de mais ética na política precisa ser pautada de acordo com o 
contexto atual da sociedade, uma vez que a ética não é um conceito estanque e 
universal para o combate de todas as modalidades de corrupções possíveis, e por 
7 
 
consequência sua construção deve ser formalizada nas responsabilidades de cada 
servidor e no enquadramento das normas de cada ente do setor público. 
Não podemos ignorar o fato de que o ser humano é corrupto por sua própria 
natureza, segundo Batista (2005) a corrupção é algo instintivo do Ser Humano, que 
se resume na fusão do egoísmo e consequente ambição, e por serem de origem 
humana se tornam atributos dinâmicos. A corrupção apesar de abrangente pode ser 
definida como procedimentos inidôneos, desonestos e ilícitos. Ainda segundo o 
autor uma forma de combate eficiente à corrupção é tornar o Estado forte, 
fomentando e sedimentando em sua base conceitos éticos. E neste último ponto que 
o Compliance atua, permeando através da administração, desde a diretoria até os 
últimos subordinados, técnicas cravadas em conceitos éticos visando principalmente 
o combate e prevenção às práticas danosas às instituições em que atuam. 
A pessoa que gerencia todo o escalonamento do Compliance na 
administração em âmbito particular é denominado Compliance Officer, aplicando 
aquilo que é conhecido no meio administrativo como mecanismos de Mitigação de 
Riscos, onde Miranda (2017, p.61 – 63) explica que para uma gestão de risco 
eficiente é necessário observar alguns passos, primeiramente é preciso estabelecer 
um contexto deixando claro o objetivo social da empresa, nomeado um Compliance 
Officer, será necessário identificar os riscos e analisar a probabilidade de ocorrência 
destes e suas consequências, através desse levantamento será possível a 
propositura dos tratamentos para mitigação dos riscos. Miranda deixa claro ainda a 
necessidade de comunicação entre as partes interessadas, praticando um ato 
semelhante ao da publicidade no setor público, e por fim um monitoramento e 
análise crítica do processo em seu inteiro teor, a fim de se perceber os sucessos e 
falhas do processo adotado e garantir assim um processo de evolução contínuo, 
apesar de este parágrafo ter um enfoque em Processos dentro do âmago 
Administrativo por excelência, a necessidade de compreensão deste processo é 
justificada quando questionado acerca da atuação prática deste instituto na 
administração direta ou indireta. 
Por fim pelo que fora explanado anteriormente é possível compreender a 
aplicação do Compliance, entendendo a essência deste importante instituto e como 
8 
 
as engrenagens giram no setor privado abrindo-se assim uma janela para 
aplicabilidade deste instituto na administração pública direta e indireta. 
 
3. Compliance na Administração Pública 
Mas afinal, qual a real importância da implementação do compliance dentro dos 
bastidores do governo brasileiro? 
O governo é como qualquer empresa, presta e contrata diversos serviços, e tudo 
isso por um preço, e se nessa empresa, leia-se governo, houver uma brecha, leia-se 
corrupção, por onde parte do valor escoa, isso consequentemente acarretará em 
prejuízos para os consumidores, leia-se povo, prejuízos estes que variam desde 
superfaturamento das obras prometidas, queda na qualidade dos serviços prestados 
ou até mesmo a não realização ou grande atraso na finalização dos mesmo. É 
nesse contexto que se busca aplicar o compliance, para que haja uma postura ética 
tanto dentro quanto fora da administração pública, para que não haja corrompidos e 
nem corruptores, e caso haja, que os mesmos possam ser identificados e punidos, 
neste ponto pode-se dizer que o Brasil tem caminhado na direção correta, prova 
disso é a criação do Instituto Compliance Brasil fundado em 2014, uma associação 
sem fins lucrativos, com objetivo de promover a cultura do Compliance, como 
consequência da adesão do Brasil ao tratado da Convenção das Nações Unidas 
contra à corrupção, ratificada em 2003. 
 Apesar do Estado ter encontrado um norte para onde caminhar, 
acontecimentos recentes, e alguns outros mais antigos, porém igualmente 
inescusáveis, demonstram a falta de maturidade do Brasil com relação à Ética nos 
setores administrativos, exemplificando os acontecimentos citados anteriormente, 
temos o mensalão, Caixa Dois, Lava Jato, somente alguns dos mais célebres casos 
de corrupção nacional. Dito isso resta demonstrado que o Brasil caminha a passos 
lentos em direção ao desenvolvimento da temática governança, mesmo depois de 
assinar diversos tratados internacionais com o compromisso de combater essa 
moléstia, ainda nos encontramos numa fase de desenvolvimento nesse assunto. É 
valido citar para demonstrar a antiguidade do tema e da ciência da importância do 
mesmo o seguinte: 
9 
 
O Comitê PUMA da OCDE/97, em maio de 1998, se ocupou de demarcar 
recomendações à ética no serviço público, dentre os quais: que deveriam 
ser muito claras e fundadas no ordenamento jurídico, devendo existir 
compromisso e liderança política que reforce e apoie a conduta ética dos 
servidores públicos; que o processo de tomada de decisões seja 
transparente a ponto de permitir a informação suficiente à Sociedade, bem 
como eventual investigação sobre eles; da mesma forma as linhas mestras 
da relação entre setor público e privado devem ser claras e precisas; que as 
políticas de gestão, os procedimentos e as práticas administrativas devem 
seguir e incentivar condutas éticas; é preciso contar com mecanismos 
adequados de responsabilidade para o serviço público, fixando se 
procedimentos e sanções disciplinares adequadas às condutas irregulares 
(LEAL, 2013, p. 60, apud NOTARI, 2017, p.72). 
 
A transparência a que se refere Leal pode ser traduzida em nosso ordenamento 
como sendo o princípio da publicidade, princípio este identificado nos incisos XXXIII, 
XXXIV e LXXII do artigo 5º da Constituição Federal, que segundo a Enciclopédia 
Jurídica da PUCSP a publicidade é princípio primordial do Direito Público brasileiro 
por ser parte da base fundamental da formação do Estado, além de ser uma das 
formas possíveis de se exercer a cidadania, afinal é através deste princípio que se 
pode exercer o controle social do Poder Público pelos cidadãos. Sendo também a 
espinha dorsal da democracia, pois sem a transparência e participaçãopopular, não 
há que se chamar de sistema democrático. 
Este princípio possui uma importância ímpar para o desenvolvimento eficiente do 
Compliance, imaginando que tal instituto seja materialmente e formalmente 
introduzido em nosso ordenamento, caberá aos entes da administração, direta e 
indireta, exercer o que lhes for imposto pelo programa de Compliance, logo, a 
exposição é de fundamental importância para que os atos praticados para prevenir 
ou reprimir, atentados contra boa administração tenham condição para se tornarem 
eficazes e válidos. 
A ISO 37001 (2016, apud Veríssimo, 2017), explica o que são as boas 
práticas ligadas ao compliance no âmbito do combate à corrupção, demonstra que 
tais práticas podem ser adotadas tanto pela administração privada como na pública, 
confirmando o que já fora dito anteriormente. Ainda de acordo com a ISO, 
administrações gerenciadas pelas boas práticas de compliance tendem a dirimir os 
custos, riscos e danos envolvidos na corrupção, a promover a confiança no negócio 
e a aumentar sua reputação. É importante frisar que para a aplicação das penas, 
quando identificadas as práticas delitivas, existem, em alguns países, três meios de 
sancionamento da Pessoa Jurídica, podendo ocorrer através da ótica civil, 
10 
 
administrativa ou mesmo penal. Mas como bem elucida em sua obra (Compliance, 
Direito Penal e Lei anticorrupção) Silveira e Diniz (2015, p. 164) no Brasil o alicerce 
do direito penal como forma de penalizar a Pessoa Jurídica, apesar de previsão a 
respeito de proteção ambiental e da ordem econômica, instaurou-se certa dúvida 
doutrinária quanto à aplicação desta matéria, pois não é explicito na passagem do 
artigo 173 da Constituição Federal acerca da responsabilidade penal da Pessoa 
Jurídica, e que por falta de lei específica que trate do tema, não há uma 
consolidação sobre a constitucionalidade da responsabilização penal da Pessoa 
Jurídica no Brasil, ficando então este ramo específico prejudicado como forma válida 
de repressão às condutas delitivas contra a boa administração em nosso território. 
 Na prática o Compliance pode atuar utilizando-se de dois dos principais 
sistemas utilizados nas grandes organizações. São elas: 
 
3.1. Princípio da legalidade aplicado ao compliance 
Primeiramente deve-se lembrar que este instituo existe nas entrelinhas em nosso 
ordenamento, e usualmente não voltado à Administração, como por exemplo no 
artigo 7º inciso VIII da lei 12.846/20013 e artigo 70 da CF, entretanto as leis que 
tratam do Compliance carecem de objetividade quando muito referem-se somente 
às pessoas jurídicas de direito privado, e a problemática aqui trabalhada é 
demonstrar que um instituto de berço privado possuí capacidade de ser conhecido 
no meio público. 
Sobre o assunto é de suma importância citar que fora editado uma lei pelo Estado 
do Mato Grosso que dispões acerca dos Programas de Integridade Pública, a lei 
10.691, de 05 de março de 2018, esta lei deixou à disposição orientações para 
aqueles entes que queiram aderir aos Planos de Integridade. Dispõe a referida lei 
exatamente o que já foi explicado acerca do mecanismo de gestão de risco 
induzindo ainda o fortalecimento das bases éticas dos funcionários em seu artigo 2º 
§1º. 
A elaboração desta lei é um primeiro passo, extremamente importante, para a 
efetivo reconhecimento do Compliance no setor Público, porque diante da ótica 
administrativa alguns conceitos atuam de forma diversa do particular, o principal 
11 
 
exemplo disso é a respeito do princípio da Legalidade, este princípio diz que a 
administração deve atuar de forma a seguir estritamente o que a Lei permite ou 
dispõe sem dela se desvincular; diferentemente do particular, onde o princípio diz 
que a estes é permitido fazer tudo aquilo que a Lei não proíbam, em suma a 
diferença é que no direito público o critério é de subordinação, enquanto que no 
direito privado o critério vigente é o de não contradição à lei (DIAS, 2017) 
 
3.1.1. Da legislação dos programas de Compliance 
No âmbito particular a adesão dos programas de Compliance sofrem para conseguir 
se popularizar neste meio, já que este tipo de instrumento não traz nenhuma 
vantagem direta àqueles que o adotam, por isso como meio de disseminação deste 
novo estilo de gerência das Pessoas Jurídicas a Lei 12.846 de 2013 instituiu o 
seguinte, in verbis: 
Art. 7o Serão levados em consideração na aplicação das sanções: 
(...)VIII - a existência de mecanismos e procedimentos internos de 
integridade, auditoria e incentivo à denúncia de irregularidades e a 
aplicação efetiva de códigos de ética e de conduta no âmbito da pessoa 
jurídica; 
 
Ou seja, nos casos onde há uma sentença condenatória, a adoção de mecanismos 
de Compliance devem ser levados em consideração como atenuantes. 
Já na Administração o legislador não terá que se preocupar com isso, já que, como 
dito anteriormente, o princípio da Legalidade aqui neste contexto, obrigaria a 
Administração a adotar o Compliance no seu meio. Bastando que a Lei observe o 
disposto no artigo 61 da Constituição Federal, para que a figura do Compliance 
Officer “Publico” (grifo nosso) seja possível, e que haja a obrigatoriedade de 
aplicação do instituto. 
 
3.1.2. Responsabilização dos gerentes do compliance 
Continuando o tópico anterior o legislador pode, incrementando a obrigatoriedade 
administrativa de implementação do Compliance e visando um efetivo 
12 
 
comprometimento da alta administração, auferir sanções oponíveis aos chefes das 
repartições à medida de sua culpabilidade, pelo não cumprimento do dever de 
gerência / vigilância, dentro dos limites da razoabilidade e proporcionalidade e o 
disposto na constituição no artigo 5º, XLV : 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza 
(...) 
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a 
obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos 
termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o 
limite do valor do patrimônio transferido; 
Respondendo então o responsável pela repartição tão somente pelos seus atos ou 
omissões. 
 Sobre o tema Carla Rahal Benedetti, traz à pauta a figura do Advogado como 
gerente principal, ou seja, atuando na pessoa do Compliance Officer. Neste ponto 
frisa-se a questão de que o Compliance Officer muitas vezes atuará num papel 
semelhante ao do Advogado dentro de uma empresa, trabalhando principalmente na 
questão preventiva antes da repressiva, ou seja, ex ante e não ex post. E nestes 
casos, sendo o Compliance Officer um Advogado, o mesmo responde, ou pode 
responder, através do Estatuto da Advocacia, que em seu artigo 32 trata das 
responsabilidades do Advogado, in verbis: 
Art. 32. O advogado é responsável pelos atos que, no exercício profissional, 
praticar com dolo ou culpa. 
Parágrafo único. Em caso de lide temerária, o advogado será 
solidariamente responsável com seu cliente, desde que coligado com este 
para lesar a parte contrária, o que será apurado em ação própria. 
 
Entretanto sabe-se que neste caso, o Advogado atua em atividade meio, e não 
atividade fim. Dito isso segundo a autora em sintonia ao que foi brevemente relatado 
anteriormente, entende-se que a aderência da responsabilidade do Compliance 
Officer só será possível quando o mesmo tiver colaborado de forma direta, havendo 
um liame malicioso entre o gerente do Compliance e os agentes diretamente ligados 
aos atos ímprobos. 
 
13 
 
3.1.3. Antecedentes legislativos 
Este tópico deve ser discutido com cautela, pois, como já dito anteriormente a 
Administração Pública somente fará algo que a Lei assim determinar. Entãoreservou-se um tópico para demonstrar que existem históricos legislativos que 
podem calçar bem uma futura Lei que venha a estatuir o Compliance na 
Administração Pública. 
Temos o Decreto Federal 5.687 que promulga a Convenção das Nações Unidas 
contra a Corrupção, o qual foi assinado pelo Brasil em 09 de dezembro de 2003, 
cujas finalidades principais são: 
a) Promover e fortalecer as medidas para prevenir e combater mais eficaz e 
eficientemente a corrupção; 
b) Promover, facilitar e apoiar a cooperação internacional e a assistência técnica na 
prevenção e na luta contra a corrupção, incluída a recuperação de ativos; 
c) Promover a integridade, a obrigação de render contas e a devida gestão dos 
assuntos e dos bens públicos. 
E que em seu artigo 5º cita: 
Cada Estado Parte, de conformidade com os princípios fundamentais de 
seu ordenamento jurídico, formulará e aplicará ou manterá em vigor 
políticas coordenadas e eficazes contra a corrupção que promovam a 
participação da sociedade e reflitam os princípios do Estado de Direito, a 
devida gestão dos assuntos e bens públicos, a integridade, a transparência 
e a obrigação de render contas. 
 
Como já citado anteriormente uma recente Lei elaborada pelo Estado do Mato 
Grosso a Lei 10.691, de 05 de março de 2018, que possibilitou aos órgãos, 
autarquias e fundações do Poder Executivo daquele Estado de aderirem aos 
programas de Integridade Pública. 
E por último a Portaria de nº 1.827 de 2017 da Controladoria-Geral da União que 
instituiu o Programa de Fomento à Integridade Pública – PROFIP, onde a 
14 
 
Controladoria demonstra um plano base para elaboração de um Plano de 
Integridade. 
 
3.2. Princípio da Especialidade 
O grande desafio do combate à corrupção no Brasil encontra-se na dificuldade de 
identificar o ilícito e qualificar aqueles que lhe deram origem, trata-se de um 
processo vagaroso, e o controle de prevenção, investigação, apuração e punição é 
hoje exercido por diversas instituições como o Ministério Público, Policia Federal, 
Tribunais de Contas, Comissões do Legislativo, Controladoria Geral da União, 
Tribunais de Justiça, e sobre o tema discute Olivieri (2011, p.99) o seguinte: 
[...] Essas Instituições têm atribuições mais amplas que o combate à 
corrupção, e essa atividade não é o foco principal de nenhuma delas. A 
etapa da prevenção tem sido desempenhada pela SPCI (Secretaria de 
Prevenção da Corrupção e Informações Estratégicas) da CGU, que produz 
informações estratégicas para promover a atuação da Controladoria na 
identificação de ilícitos, sendo que a CGU tem outras atribuições além da 
identificação de crimes contra o patrimônio público, como as auditorias 
internas, a correição e a ouvidoria. A investigação, por sua vez, fica a cargo 
da Polícia Federal, que tem outras competências além da apuração de 
crimes contra o patrimônio público, como a segurança das fronteiras. A 
etapa de apresentação da denúncia é competência do Ministério Público, 
que também atua na defesa da ordem jurídica e dos interesses individuais 
indisponíveis. Ou seja, não há nenhum órgão que “pense” exclusivamente 
sobre o fenômeno da corrupção nem nenhum instrumento que permita a 
articulação e a coordenação das ações dessas instituições a prevenção, 
investigação, apuração e julgamento da corrupção. 
 
Apesar do disso Olivieri (2011, p.100) defende que a melhor solução é uma 
reestruturação das instituições que já existem realizando uma reformulação das 
atividades que desempenham aplicando os processos do Compliance que foram 
explicados no item anterior, deixando de lado e fazendo uma crítica à “tradição” 
brasileira de multiplicação das organizações, que na maioria das vezes gera 
sobreposição destes órgãos e aumento de gastos. 
 Além dos princípios expressos, positivados no artigo 37 da Constituição 
Federal, reserva certa importância para o tema mencionar a respeito do princípio 
implícito da Especialidade. Diversos autores expõem este princípio como elemento 
da descentralização das atividades administrativas, acarretando a criação dos entes 
15 
 
da Administração Indireta. Para melhor entendimento esclarece Licínia Rossi Correia 
Dias o seguinte: 
Deve a administração buscar especializar suas funções, criando os entes da 
Administração Indireta [...]. O princípio da especialidade aparece como 
consequência da descentralização administrativa e faz com que cada 
entidade da Administração Pública tenha fins próprios a alcançar. Essas 
entidades devem realizar objetivos tirados do organismo estatal matriz 
devidamente fixados pela lei criadora ou instituidora. (DIAS, 2017, p. 74). 
 
Ainda sobre o tema cita-se nas palavras de Alexandre Guimarães Gavião Pinto, Juiz 
de Direito do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, o seguinte: 
De acordo com o princípio da especialidade, as entidades estatais não 
podem abandonar, alterar ou modificar as finalidades para as quais foram 
constituídas. Atuarão as ditas entidades sempre vinculadas e adstritas aos 
seus fins que motivaram sua criação. (PINTO, 2008, p. 137) 
 
Como pode-se observar o tema Compliance contraria o texto do presente princípio, 
pois conforme já fora exposto, a eficiência do Compliance está justamente na 
inserção do instituto dentro das organizações. Entretanto como não se encontrou 
registros acerca da aplicação do Princípio da Especialidade, não somente no âmbito 
dos Entes da Administração, talvez haja possibilidade para discussão do emprego 
deste fundamento focado na pessoa do Administrador ou do Compliance Officer de 
forma que não haja necessidade de grandes alterações no meio fático e que ao 
mesmo tempo se preserve a essência e efetividade deste princípio. 
 
3.3. Princípio da eficiência 
Este princípio foi introduzido pela emenda constitucional de nº 19, em 04 de junho de 
1998. De forma simplificada é a maneira pela qual os entes da administração devem 
reger seus atos, claro, sem prejuízo de outros princípios pertinentes à administração, 
fazendo com que as atividades públicas sejam realizadas visando a economia, 
agilidade, qualidade e que atendam às necessidades dos membros da sociedade. 
Sobre o tema dispõe Marçal Justen Filho o seguinte: 
A eficiência consiste no desempenho concreto das atividades necessárias à 
prestação das utilidades materiais, de molde a satisfazer necessidades dos 
usuários, com imposição do menor encargo possível, inclusive do ponto de 
16 
 
vista econômico. Eficiência é a aptidão da atividade a satisfazer 
necessidades, do modo menos oneroso. (JUSTEN FILHO, 1997, p. 130). 
 
Sobre o princípio, considerando o tema: licitações, é importante citar que o princípio 
da eficiência é em suma um dos resultados que o Compliance pretende atingir de 
forma concreta, forçando àqueles que se dispõe a contratar com a administração, 
entregar aquilo que foi prometido nos devidos moldes contratuais, seja o prazo, 
preço ou qualidade do produto final. 
 
3.3.1. O instituto aplicado às licitações 
Em se falando de corrupção, é impossível não citar os processos de Licitação já que 
esta por uma questão de obrigação constitucional, é o modelo padrão de contratos 
da administração, é possível observar essa questão da obrigatoriedade na 
Constituição Federal em seu artigo 37, inciso XXI, in verbis: 
Art. 37. (...) XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as 
obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante 
processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos 
os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de 
pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, 
o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica 
indispensáveis à garantia do cumprimentodas obrigações. 
 
E ainda na própria lei que dispõe sobre o regime de licitação, a lei 8.666/93, 
transcrito da seguinte maneira, in verbis: 
Art. 2o As obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações, 
concessões, permissões e locações da Administração Pública, quando 
contratadas com terceiros, serão necessariamente precedidas de licitação, 
ressalvadas as hipóteses previstas nesta Lei. 
 
Ou seja, demonstrado a regra, vale dizer que esta não é soberana, cabendo 
exceções. Segundo Di Pietro (2014, p.398) as hipóteses de dispensa de Licitação 
podem ser divididas em quatro categorias, sendo em razão do pequeno valor, 
situações excepcionais, em razão do objeto e em razão da pessoa. E são essas 
hipóteses que ocorrem o maior número de “aplicações” (grifo nosso) corruptivas em 
17 
 
nosso país, o que se pretende aqui é demonstrar que com a aplicação do instituto 
em Comento é possível exaurir uma das principais fontes de corrupção nacional. 
Deve-se considerar o que disse Celso Antônio Bandeira de Mello (2014, 
p.532) a Licitação é o meio pelo qual as entidades governamentais possibilitam aos 
interessados, que preencherem determinados requisitos e aptidões, a fim de garantir 
uma competição justa, oferecer proposta mais vantajosa às conveniências públicas. 
Sendo assim, propostas feitas por pessoas que adotam sistemas de compliance 
teriam um ponto de vantagem em relação às outras, já que teria a administração 
uma garantia de que tal proposta é tangível e possuí elevado nível de seriedade, 
evitando-se assim muitos possíveis contratempos, e principalmente prejuízos ao 
erário. 
Um bom exemplo do que está sendo discutido neste capítulo é vislumbrado 
no que dispõe a lei 12.462/11. 
 
3.3.2. Análise dos objetos da Lei 12.462/11 
A lei 12.462/11 que criou o Regime Diferenciado de Contratação foi inicialmente 
instituído com o fim de estabelecer uma maneira exclusiva de contratação pelo 
poder público para atender à demanda dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 
2016, Copa do Mundo das Confederações 
A primeira vista, esta lei não demonstra qualquer problema, que demonstre 
qualquer intuito fraudulento. Mas lembre-se que esta lei foi instituída em 2011, nos 
anos seguintes foram feitas emendas à esta lei. Em 2012, através da lei 12.688 
acrescentou-se a possibilidade de contratação através do RDC para ações 
integrantes do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC); posteriormente no 
mesmo ano através da lei 12.745, o RDC passou a atender aos serviços de 
engenharia no âmbito do Sistema Único de Saúde; em 2015 pela Lei 13.190, nas 
obras de engenharia para contrição, ampliação e reforma e administração de 
estabelecimentos penais e de unidades de atendimento socioeducativo; além de 
muitos outros. 
18 
 
Ao ser estabelecido as obras e contratações às quais o RDC abrangerá a Lei 
causa certa estranheza, pois agora tem-se duas Leis que tratam sobre um mesmo 
assunto. 
 
3.3.2.1. Análise das regras de Licitação no âmbito do RDC 
O grande problema do RDC começa ao analisar a metodologia por trás das 
contratações, por exemplo: 
• Em seu artigo 5º é dito que informações excessivas, irrelevantes ou 
desnecessárias devem ser dispensadas do instrumento convocatório, mas 
fica a dúvida o que seriam informações irrelevantes ou desnecessárias? Já 
que a Licitação visa a aquisição ou contratação de bens e serviços que 
melhor atendam às necessidades da Administração, será que as nuances 
entre um ou outro objeto Licitado deve ser levado em consideração? 
• Artigo 6º o orçamento somente será publicado após encerramento da 
licitação, aqui a pergunta que prevalece é: qual o motivo da Administração 
esconder o quanto ela está disposta a gastar na Licitação? 
• Artigo 9º indica a possibilidade de contratação integrada, onde o licitante 
vencedor, não necessariamente será o concluinte da obra. 
Estes exemplos retirados da Lei 12.462 são alguns dos exemplos de brechas 
que esse novo modo de Licitação contempla, reforçando ainda mais a questão 
da necessidade da implementação de medidas preventiva, mesmo o RDC tendo 
se institucionalizado como Lei, é impossível não se questionar acerca de 
possíveis intenções obscuras por trás do RDC. 
 
4. Compliance Officer 
O Compliance Officer ou Chief Compliance Officer (CCO) é o profissional 
responsável pela administração gerência dos mecanismos de supressão a atos 
corruptivos, que nos últimos tempos tem se tornado um profissional com função 
essencial dentro das grandes corporações, normalmente exige-se deste profissional 
19 
 
conhecimentos suficientes nas áreas de contabilidade e direito, já que suas 
obrigações exigem conhecimento legal para enquadramento da empresa em que 
atua, com as normas externas a ela, e uma noção sólida sobre governança 
corporativa e ativos. 
Porém aquele que ocupa tal posição dentro de uma organização se torna o 
principal gestor do Compliance, devendo atuar desde o treinamento até na Alta 
Gerência. Para Luiz Roberto Calado (2017, p.07): 
“O CCO (...) não é um fiscal ou policial da organização, mas acima de tudo 
um agente promotor da integridade na organização (...). Diante da 
complexidade e amplitude do programa de compliance, a organização 
precisa de um especialista dedicado exclusivamente a esta área.” 
 
Por isso considerando as atividades do CCO é indispensável que este observe 
alguns princípios da administração como: 
• Princípio da moralidade: Apesar de controvérsias doutrinárias a respeito da 
autonomia deste princípio ao princípio da legalidade. É em observância a este 
princípio que as atitudes dos administradores devem ser dotadas de 
honestidade, ética, boa-fé, entre outras coisas. Sobre o tema, destaca Hely 
Lopes Meirelles que: 
[...] o agente administrativo, como ser humano dotado de capacidade de 
atuar, deve, necessariamente, distinguir o Bem do Mal, o Honesto do 
Desonesto. E ao atuar, não poderá desprezar o elemento ético da sua 
conduta. Assim, não terá que decidir somente entre o legal e o ilegal, o justo 
do injusto, o conveniente e o inconveniente, o oportuno e o inoportuno, mas 
também entre o honesto e o desonesto. (MEIRELLES, 2012, pág. 90). 
• Princípio da impessoalidade: Determina que o administrador deve ter com o 
administrado uma conduta de forma neutra, evitando assim qualquer tipo de 
benefício ou mesmo ao contrário, prejudicando o administrado, sempre 
visando os fins do interesse público ausentando qualquer tipo de 
subjetividade na realização dos atos administrativos (MAZZA, 2014). 
Por ultimo é extremamente importante ressaltar que o Compliance Officer é a 
estrutura base da Organização, por isso é de grande valia ressaltar os princípios 
que regem a administração, porque de nada adianta implementar um sistema de 
combate à corrupção, se aquele que se propõe a combate-la não é virtuoso o 
suficiente para manter firme nesta empreitada. 
20 
 
5. Conclusão 
Este tema foi inicialmente escolhido pensando num dos maiores problemas que 
Brasil enfrenta, histórica e atualmente, a Corrupção. Trabalhar com seres humanos 
nunca será uma tarefa fácil, e viver num País onde acredita-se que o certo é tirar 
vantagem a qualquer custo (jeitinho brasileiro), torna o trabalho ainda mais difícil 
pois essa crença acaba encrustando-se no que se chama de tradição ou costume. 
Mas sabendo que o ser humano luta por uma evolução contínua, devemos pensar 
um pouco sobre como podemos alcançar esse objetivo, essa evolução social. A 
resposta pode ser inesperada e até mesmo um pouco indigesta para aqueles que 
trabalham com as ciências jurídicas, mas é inevitável desconsiderar o Choque 
Cultural. O Compliance é um instrumento de fiscalização, que implementadiversas 
fases que visam a precaução dos atos delitivos que podem ser cometidos no meio 
administrativo, entretanto mais do que isso a aceitação do Compliance como 
instituto Obrigatório no meio Público-Administrativo, simbolizaria uma reestruturação 
organizacional de nosso governo, com bases pautados nos bons costumes e na 
boa-governança. 
 Outro motivo determinante para a realização deste trabalho, na atual crise 
que o Brasil enfrenta, tanto econômica como no governo, sente-se através do povo 
uma grande descrença, desconfiança/descrédito deles para com o governo, e com 
razão, já que nos últimos anos, noticias relacionadas à política tem causado uma 
espécie de overdose de indignação. 
 Por fim este trabalho visa a regulamentação obrigatória do Compliance na 
administração, foi dissertado acerca de sua história, explicando seus significados, 
suas aplicabilidades, sua capacidade de conversar com os princípios de direito e 
principalmente que este não é um instrumento impossível, já que inclusive foram 
demonstradas leis, portarias e decretos com teor semelhante, mas que apesar disso 
atualmente o tema Compliance encontra-se tímido em nossa legislação, e sempre 
voltado para o âmbito particular, o que sugere-se aqui é que o combate à corrupção 
torne-se uma via de mão dupla, recíproco entre particulares e o Estado de forma 
definitiva e concreta. 
 
21 
 
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