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AÇÃO DO VENTO NAS EDIFICAÇÕES NBR 6123/1988 : Forças devidas ao vento em edificações O vento não é um problema em construções baixas e pesadas com paredes grossas, porém em estruturas esbeltas passa a ser uma das ações mais importantes a determinar no projeto de estruturas. A maioria dos acidentes ocorre em construções leves, principalmente de grandes vãos livres, tais como hangares, pavilhões de feiras e de exposições, pavilhões industriais, coberturas de estádios, ginásios cobertos. INTRODUÇÃO As principais causas dos acidentes devidos ao vento são: a) falta de ancoragem de terças; b) contraventamento insuficiente de estruturas de cobertura; c) fundações inadequadas; d) paredes inadequadas; e) deformabilidade excessiva da edificação. As principais causas dos acidentes devidos ao vento são: Quando o vento sopra sobre uma superfície provoca uma sobrepressão (sinal positivo), podendo provocar uma sucção (sinal negativo) sobre outra superfície. O vento sempre atua perpendicularmente a superfície que impede sua passagem. Considera-se que o vento pode atuar em qualquer direção e no sentido horizontal. Conceito: O vento é o AR EM MOVIMENTO produzido por diferenças de temperatura de massas de ar na atmosfera. Direção, sentido e velocidade do vento Os cálculos da pressão devida ao vento são determinados a partir de velocidades básicas obtidas experimentalmente em torres de medição de ventos a 10 metros de altura, em campo aberto e plano. A velocidade básica do vento v0 é uma rajada de três segundos de duração que pode ser ultrapassada, com uma probabilidade de 63%, uma vez a cada 50 anos. Velocidade mínima básica a considerar é 30 m/s FORÇAS APLICADAS PELAS AÇÕES DO VENTO nas EDIFICAÇÕES m/s=3,6 km/h 30 m/s = 108 km/h Grau Designação m/s km/h Aspecto do mar Efeitos em terra 0 Calmo <0,3 <1 Espelhado Fumaça sobe na vertical 1 Aragem 0,3 a 1,5 1 a 5 Pequenas rugas na superfície do mar Fumaça indica direcção do vento 2 Brisa leve 1,6 a 3,3 6 a 11 Ligeira ondulação sem rebentação As folhas das árvores movem; os moinhos começam a trabalhar 3 Brisa fraca 3,4 a 5,4 12 a 19 Ondulação até 60 cm, com algunscarneiros As folhas agitam-se e as bandeiras desfraldam ao vento 4 Brisa moderada 5,5 a 7,9 20 a 28 Ondulação até 1 m, carneiros frequentes Poeira e pequenos papéis levantados; movem-se os galhos das árvores 5 Brisa forte 8 a 10,7 29 a 38 Ondulação até 2.5 m, com cristas e muitos carneiros Movimentação de grandes galhos e árvores pequenas 6 Vento fresco 10,8 a 13,8 39 a 49 Ondas grandes até 3.5 m; borrifos Movem-se os ramos das árvores; dificuldade em manter um guarda chuva aberto; assobio em fios de postes 7 Vento forte 13,9 a 17,1 50 a 61 Mar revolto até 4.5 m com espuma e borrifos Movem-se as árvores grandes; dificuldade em andar contra o vento 8 Ventania 17,2 a 20,7 62 a 74 Mar revolto até 5 m com rebentação e faixas de espuma Quebram-se galhos de árvores; dificuldade em andar contra o vento; barcos permanecem nos portos 9 Ventania forte 20,8 a 24,4 75 a 88 Mar revolto até 7 m; visibilidade precária Danos em árvores e pequenas construções; impossível andar contra o vento 10 Tempestade 24,5 a 28,4 89 a 102 Mar revolto até 9 m; superfície do mar branca Árvores arrancadas; danos estruturais em construções 11 Tempestade violenta 28,5 a 32,6 103 a 117 Mar revolto até 11 m; pequenos navios sobem nas vagas Estragos generalizados em construções 12 Furacão >32,7 >118 Mar todo de espuma, com até 14 m; visibilidade nula Estragos graves e generalizados em construções Escala de Beaufort: descreve e classifica a intensidade dos ventos conforme a velocidade e os efeitos resultantes no mar e em terra Local da edificação (Situação geográfica) Tipo de terreno (Rugosidade, presença de obstáculos) Geometria e altura da edificação (Velocidade; aerodinâmica) Tipo de ocupação (Segurança após tempestades) => NECESSIDADE DE CORREÇÃO DE v0 Fatores que influenciam a velocidade do vento velocidade característica A Velocidade característica vk : é a velocidade corrigida para as condições do projeto, considerando-se: os fatores topográficos (S1), influência da rugosidade (obstáculos no entorno da edificação) e dimensões da edificação (S2) fator estatístico , que considera a vida útil e o tipo de uso da edificação (S3). A velocidade característica pode ser expressa como: vk = (S1 S2 S3 ) . vo Fator Topográfico S1 Perfis de velocidade média do vento (km/h) de acordo com a rugosidade do terreno sugerida por Davenport (variação exponencial) Exemplo: Para z=d , obter S1 para os seguintes ângulos de taludes f=3° => S1=1,0 f=6° => S1=1,079 f=17° => S1=1,374 f=45° => S1=1,465 Obs.: z>=2,5 d => S1=1,0 Em caso de terrenos de relevo mais complexo recomenda-se ensaios de modelos topográficos em túnel de vento. Exemplos do livro Jairo refazer edifício habitacional de 50m p/ terreno em talude de 15° Fator S2(5 categorias de rugosidade do terreno) Fator Topográfico S1 Fator S2( 3 classes de dimensões da edificação, cf. as rajadas para envolver toda a estrutura é de 3s, 5s, e 10s) OBS.: Para dimensões > 80 m as diferenças serão significativas. Fator Estatístico S3 (nível de probabilidade de 63% de ocorrência e vida útil de 50 anos da estrutura) Relacionado com a segurança após tempestade destrutiva Depende do tipo de ocupação Exemplo (Prof. Jairo, pg.28): Determinar a velocidade característica do vento, para um edifício residencial a ser construído na cidade de Americana v0 =45 m/s, em terreno plano . 25 m 25 m 50 m Teorema de Bernoulli: para um fluido incompressível em regime permanente, a soma das pressões dinâmicas, estáticas e piezométricas é cte. 1 2 Desprezando a pressão piezométrica, e sendo v2 =0, tem-se a pressão de obstrução q: 2 é chamado ponto de estagnação PRESSÃO DE OBSTRUÇÃO é parâmetro para outros pontos da edificação Substituindo-se a massa específica do ar ( r), a pressão dinâmica ou de obstrução do vento, em condições normais de pressão (1 atm =101320MPa) e temperatura a 150C, é dada pela expressão: q = 0,613 vk2 (N/m2) ECC 1008 –ESTRUTURAS DE CONCRETO Prof. Gerson Moacyr Sisniegas Alva Modelo reduzido de edifício em interior de túnel de vento -UFRGS Ler artigo http://techne.pini.com.br/engenharia-civil/156/artigo286688-1.aspx A força devido ao vento depende da diferença de pressão nas faces opostas da parte da edificação em estudo (coeficientes aerodinâmicos). A NBR6123 permite calcular as forças a partir de coeficientes de pressão ou coeficientes de força. Os coeficientes de forma têm valores definidos para diferentes tipos de construção na NBR6123, que foram obtidos através de estudos experimentais em túneis de vento. A força devida ao vento através dos coeficientes de forma pode ser expressa por: onde Cpe e Cpi são os coeficientes de pressão de acordo com as dimensões geométricas da edificação, q é a pressão dinâmica e A é a área frontal ou perpendicular à atuação do vento. Determinação das forças estáticas devidas ao vento Ao incidir sobre uma edificação, o vento, devido a sua natureza, provoca pressões ou sucções. Essas sobrepressões ou sucções são apresentadas em forma de tabelas na NBR6123, assim como em normas estrangeiras, e dependem exclusivamente da forma e da proporção da construção e da localização das aberturas. Um exemplo simples seria aquele do vento atingindo perpendicularmente uma placa plana, na qual a face de barlavento, o coeficiente de pressão na zona central chega a +1,0, decrescendo para as bordas, e é constante e igual a 0,5 na face a sotavento. Assim sendo, esta placa estaria sujeita a uma pressão total, na zona central, de: Cp= 1,0 – (-0,5) = 1,5. a/2 a/2 Parede/telhado/beiral Índice de permeabilidade é definido pela relação entre aárea das aberturas e a área total desta parte Toda edificação tem aberturas, e sua localização e tamanho determinam os coeficientes de pressão interna à edificação. O coeficiente de pressão interna depende da permeabilidade da edificação. Elementos impermeáveis: lajes e cortinas de concreto armado ou protendido, paredes de alvenaria, de pedra, tijolos, de blocos de concreto e afins, sem portas, janelas ou quaisquer outras aberturas. Os demais elementos construtivos são considerados permeáveis. A permeabilidade deve-se à presença de aberturas tais como: juntas entre painéis de vedação e entre telhas, frestas em portas e janelas, ventilações em telha e telhados, vão abertos de portas e janelas, chaminés, lanternins, etc. Coeficientes de pressão interna de acordo com a NBR6123 Para edificações com paredes internas permeáveis, com: (a) duas faces opostas igualmente permeáveis; as outras duas impermeáveis: - Vento perpendicular a uma face permeável Cpi= +0,2 - Vento perpendicular a uma face impermeável Cpi= -0,3 (b) Quatro faces igualmente permeáveis Cpi = -0,3 ou 0, deve-se considerar o valor mais nocivo. Nenhuma das faces poderá ter índice de permeabilidade maior que 30%, para poder usar as considerações acima expostas. Coeficiente de pressão interna vento a 90° Permeabilidade aproximadamente igual em todas as faces Todas as portas e caixilhos fechados ou abertos Exemplos (Prof. Pitta, pg.37) Abertura da janela: 2,6x1,3=3,38m2 Frestas 5mm entre folhas , total de 0,09 m2 Frestas 4cm no contorno do portão, total 0,84 m2 Portão de abrir 4x4=16m2 Abertura dominante na face de barlavento Todas as janelas de barlavento abertas Ad=6x3,38=20,28 m2 Frestas dos caixilhos adotados todos fechados As1=6x0,09=0,54 m2 Frestas dos portões frontal e posterior, adotados fechados As2=2x0,84=1,68 m2 Frestas entre calhas, rufos, telhas dos oitões e platibanda(fazer figura) As3=1,77 m2 Outras HIPÓTESES mais prováveis? Duas janelas de sotavento abertas Uma folha do portão aberta Duas janelas de barlavento fechadas e uma de sotavento aberta Abertura dominante na face paralela ao vento Todos os portões abertos e vários caixilhos fechados, com os portões fora da zona de alto valor de Cpe Valor improvável devido às arestas Abertura dominante na face de sotavento Todos os portões e caixilhos de barlavento fechados e os de sotavento abertos. Coeficiente de pressão interna vento a 0° Permeabilidade aproximadamente igual em todas as faces Todas as portas e caixilhos fechados ou abertos Referências AÇÕES DO VENTO EM EDIFICAÇÕES Zacarias Chamberlain AÇÕES HORIZONTAIS EM EDIFÍCIOS Gerson Moacyr Sisniegas Alva SÁLES, J. J et al. Ação do vento nas edificações: teoria e exemplos, 2ª. ed., São Carlos: Escola de Engenharia de São Carlos, 2011. 138p PITTA, João Alfredo Azzi Ações devidas ao vento em edificações São Carlos: EdUFSCar. 2001. 47p ISBN: 85-85173-65-3 http://www.abcem.org.br/construmetal/downloads/contribuicao-tecnocientifica/Apresenta%C3%A7%C3%A3o_22_Construmetal2014_Chamberlaine%20e%20Cappellesso.pdf http://www.ibracon.org.br/eventos/53cbc/pdfs/otim_projestrconcreto.pdf Força de arrasto: componente da força global na direção do vento (de interesse para o projeto estrutural de edifícios de múltiplos andares) Coeficiente de arrasto Edificações com planta retangular Vento não turbulento (baixa turbulência) OBS.: consequência principal diminuição da sucção na parede de sotavento. Ver ábaco para obter o coeficiente de arrasto reduzido. Devem ser considerados, quando for o caso, o efeito da excentricidade da força de arrasto, o que irá introduzir um momento torçor, exigindo-se um cálculo tridimensional da estrutura. Alio E. Kimura
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