Buscar

RESENHA “GÊNERO: UMA CATEGORIA ÚTIL PARA ANÁLISE HISTÓRICA”, JOAN SCOTT

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO – UFRPE
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA
NATHÁLIA NIÉDJA DA COSTA BARBOSA
RESENHA “GÊNERO: UMA CATEGORIA ÚTIL PARA ANÁLISE HISTÓRICA” DE JOAN SCOTT
Recife, janeiro de 2018
A princípio é importante salientar que por mais contemporâneo que possa parecer este artigo ele foi escrito em 1989. Dividido em duas partes, se inicia analisando as aplicações do termo “gênero” principalmente pelos pensadores feministas, objetivando criar uma linha temporal dos modos de uso do termo. Aqui a autora alega que o uso do conceito de gênero possibilitou um exame mais complexo da história e a compreensão de diferentes tempos e sociedades. O uso do termo gênero, ofereceu a oportunidade de revelar e expor as estruturas de poder que criam a hierarquia entre homens e mulheres e a justificativa da estrutura social.
A autora realiza críticas a respeito de algumas definições anteriores do termo "gênero" e define gênero como um organizador de relações sociais que se baseia em "diferenças sexuais". Este princípio organizador, é predominantemente usado para marcar relações de poder.
A questão de posse de poder é fundamental para a análise apresentada, uma vez que toda a construção desta primeira parte se embasa na questão da desigualdade. Para tal a autora é necessário que o leitor mude sua noção de poder:
Precisamos substituir a noção de que o poder social é unificado, coerente e centralizado por alguma coisa que esteja próxima do conceito foucaultiano de poder, entendido como constelações dispersas de relações desiguais constituídas pelo discurso nos “campos de forças”. (página 20)
Assim, o poder não é algo que existe fora da organização social e é exercido por pessoas. Mas sim vive nas relações e organizações sociais desiguais, desigualdades estas que são criadas pelas divergências de compreensão de mundo. Porém tais conceitos de poder, mesmo que possam ser baseados em questões de gênero, nem sempre tratam literalmente do próprio gênero.
A autora argumenta que para ela o gênero tem duas partes e várias sub-partes, sendo gênero um elemento constitutivo de relações sociais baseado nas diferenças percebidas entre os sexos. A forma primeira de significar as relações de poder.
No tocante ao gênero como como elemento constitutivo das relações sociais fundadas sobre diferenças percebidas entre os sexos, o gênero implica quatro elementos relacionados entre si:
Símbolos culturalmente disponíveis que evocam representações múltiplas (e muitas vezes contraditórias), Eva e Maria como símbolos femininos a serem seguidos, mas também mitos da luz e da escuridão, da purificação e da poluição, da inocência e da corrupção. Levantando para os historiadores uma questão a respeito de quais as representações simbólicas, suas formas e contextos;
Conceitos normativos que estabelecem interpretações dos significados dos símbolos, que tentam limitar e conter suas possibilidades metafóricas. Esses conceitos são expressos em doutrinas religiosas, educacionais, científicas, jurídicas e políticas de uma forma binária fixa, afirmando de forma engessada o significado masculino e feminino;
As organizações de gênero afetam o parentesco, os mercados de trabalho, a educação e a política. O gênero é construído através de parentesco, mas não exclusivamente. É também construído na economia e na política, que em nossa sociedade operam, normalmente, independentemente do parentesco;
A identidade é subjetiva. As identidades de gênero são construídas e relacionam suas descobertas com uma série de atividades, organizações sociais e representações culturais historicamente específicas.
O segundo ponto da autora vê o gênero como uma maneira primária de significar relações de poder. Em outras palavras, o gênero é um campo primário dentro do qual ou por meio do qual o poder é articulado.
Os conceitos de poder, embora possam se basear no gênero, nem sempre são literalmente sobre o próprio gênero.
Estabelecido como um conjunto objetivo de referências, conceitos de percepção de estrutura de gênero e organização concreta e simbólica de toda a vida social. Na medida em que essas referências estabelecem distribuições de poder, o gênero é implicado na concepção e construção do próprio poder. Nesse sentido, o gênero tem uma função de legitimação para a estrutura da sociedade e para o poder.
Entretanto a compreensão de Joan sobre gênero afeta completamente a disciplina da história. Sua teoria gira em torno do conhecimento, dos significados e das verdades que são feitas, não descobertas.
O conhecimento, é modo de ordenar o mundo; não é anterior à organização social, é inseparável da organização social. O conhecimento é como a organização social funciona e, de fato, cria a organização da sociedade. Por fim, é possível concluir que a autora acredita que os processos de construção de relações de gênero também podem ser usados para discutir a classe, raça, etnia ou qualquer processo social, sendo assim de fato uma categoria útil para análise histórica.

Continue navegando