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Regulação da ingestão hídrica Profa. Dra. Rute Maria F. Lima Sede • caracterizada como uma combinação de sensações que aumentam com a desidratação e diminuem com a reidratação; • resulta da desidratação; • é estimulada por mecanismos de regulação homeostática, com o objetivo de manter, dentro de intervalos relativamente estreitos, a concentração de solutos no plasma sanguíneo, assim como o volume total de plasma. Homeostasia • Condição de equilíbrio do ambiente interno do corpo; • capacidade das funções fisiológicas em manter o equilíbrio interno; • capacidade que um determinado organismo tem para manter a estabilidade interna (CANNON, 1929). • produzida pela interação de todos os processos reguladores do corpo. Homeostasia • objetivo: regular o ambiente interno para manter as funções vitais e composições químicas básicas. Soluto e solvente • São componentes de uma solução; • O soluto é a substância dissolvida, já o solvente é a substância que o dissolve. Fluidos corporais • Intracelular - fluido existente DENTRO das células; - citoplasma: meio para a realização das reações celulares • Extracelular - plasma, linfa, fluido cérebro espinhal, urina; - transporte de nutrientes, de produtos de excreção e informação • Intersticial - fluido que permeia as células. • Plasma - Parte líquida do sangue. SOUZA e ELIAS, 2006 O fator determinante da movimentação da água entre os diversos compartimentos líquidos é o gradiente osmótico. Sede X fome • A sede e a fome não são independentes uma da outra; • já se sabe que quanto mais alimentos ou preparações sejam ingeridos, mais água irá ser solicitada a ser ingerida (MCKIERNAN, HOUCHINS e MATTES, 2008) ; • a sede e a fome também se relacionam porque muitos alimentos contêm água e muitos líquidos contêm nutrientes; • assim, comer pode ajudar a satisfazer a sede e beber pode ajudar a satisfazer a fome (MCKIERNAN, HOUCHINS e MATTES, 2008) . Mecanismos de sede O mecanismo da sede em adultos é estimulado quando o peso corporal diminui de 0,5 a 1,0 %, sendo resultado de uma interação complexa do sistema fisiológico e do ambiente que leva à desidratação (ROSSI, REIS e DE AZEVEDO, 2010). Mecanismos de sede (1) Mecanismos homeostáticos - aumento da tonicidade celular (desidratação celular) - diminuição da volemia. (2) Mecanismos não-homeostáticos Mecanismos de controle homeostático O objetivo do comportamento de beber enquanto mecanismo regulado homeostaticamente é manter, dentro de intervalos relativamente estreitos, a concentração de solutos no plasma sanguíneo, assim como o volume total de plasma. Mecanismos de sede (1) Mecanismos homeostáticos - aumento da tonicidade celular (desidratação celular) - diminuição da volemia (2) Mecanismos não-homeostáticos Manter um balanço hídrico Mecanismos de controle homeostático • A sede fisiológica resulta da desidratação e é estimulada por dois mecanismos principais: ✓ aumento da tonicidade celular (desidratação celular) e ✓ diminuição da volemia Osmolaridade • As células do corpo necessitam do líquido extracelular (LEC) em concentração relativamente constante para seu perfeito funcionamento. • A osmolaridade - concentração de partículas osmoticamente ativas em uma solução (dependo do número de íons e da concentração molar do soluto). Concentração de solutos em um meio aquoso. • a osmolaridade plasmática está diretamente relacionada como principal soluto extracelular – o sódio. Osmolaridade Mecanismos de sede (1) Mecanismos homeostáticos - aumento da tonicidade celular (desidratação celular) - diminuição da volemia (2) Mecanismos não-homeostáticos Mecanismos de controle homeostático • A sede fisiológica resulta da desidratação celular e é estimulada por dois mecanismos principais: ✓ aumento da tonicidade celular e - é detectado por osmoreceptores (hipotálamo anterior) no sistema nervoso central. células osmoticamente sensíveis SEDE OSMOMÉTRICA (Órgão vascular da lâmina lateral) • Aumenta a retenção de água • Inibe a formação de urina Produzida no hipotálamo e armazenada na neurohipófise. + água retorna para os líquidos corporais ↑ da tonicidade plasmática ↓ tonicidade plasmática Resposta à privação de água Resposta à ingestão de água Menos água é absorvida Mais água é absorvida Secreção inibidaSecreção estimulada hipertonicidade quimiorreceptores hipotálamo Estimulação da sede → desejo de beber águaretenção de água ADH ↓ a tonicidade do meio Quando os níveis de ADH estão elevados há produção de uma URINA HIPEROSMÓTICA – a osmolaridade é maior que a do sangue. Quando os níveis de ADH estão baixos há produção de uma URINA HIPOSMÓTICA – a osmolaridade é menor que a do sangue. Urina hiposmótica • Quando se bebe muita água ou • Diabetes insipidus central (baixa síntese de ADH) • Diabetes insipidus nefrogênico (atuação do ADH é ineficaz) Diabetes insipidus • Distúrbio de controle da água no organismo, no qual os rins não conseguem reter adequadamente a água que é filtrada. • Como consequência, o paciente passa a apresentar um aumento no volume de urina (poliúria), que ultrapassa facilmente os 3 litros por dia, podendo chegar a mais de 10 litros de urina. Diabetes insipidus • Central • Nefrogênico Diabetes insipidus – tipos - central - tem origem no sistema nervoso central; - o hipotálamo e a hipófise (glândula localizada na base do cérebro) são responsáveis pela produção do hormônio antidiurético (ADH/vasopressina). - age nos rins estimulando a reabsorção de água e impedindo que se perca este item pela urina. - Quando acontece alguma lesão nestas estruturas, de modo a comprometer a produção e/ou liberação do ADH, ocorre a queda das concentrações deste hormônio no sangue e assim os rins perdem a capacidade de reter a água filtrada, que escapa através da urina em grandes quantidades. Diabetes insípidos nefrogênico • O hipotálamo e a hipófise funcionam corretamente e produzem quantidades adequadas do ADH. • No entanto, este hormônio não funciona bem devido a um problema originado nos próprios rins. Mecanismos de sede (1) Mecanismos homeostáticos - aumento da tonicidade celular (desidratação celular) - diminuição da volemia (2) Mecanismos não-homeostáticos Mecanismos de sede (1) Mecanismos homeostáticos - aumento da tonicidade celular (desidratação celular) - diminuição da volemia (2) Mecanismos não-homeostáticos Mecanismos de controle homeostático • A sede fisiológica resulta da desidratação e é estimulada por dois mecanismos principais: ✓ diminuição da volemia ou diminuição do volume de fluido extracelular (desidratação extracelular) ou SEDE VOLUMÉTRICA (1) diminuição fluxo sanguíneo renal (2) mecanorreceptores paredes grandes vasos e no coração Queda na volemia ↓ fluxo sanguíneo renal Ativação de barroceptores Mecanismos de controle homeostático • A sede fisiológica resulta da desidratação e é estimulada por dois mecanismos principais: ✓ diminuição da volemia ou diminuição do volume de fluido extracelular (desidratação extracelular) ou SEDE VOLUMÉTRICA (1) diminuição fluxo sanguíneo renal (2) mecanorreceptores paredes grandes vasos e no coração ↓ volemia ↓ ↓ fluxo sanguíneo renal ↓ liberação de angiotensina II ativação hipotalâmica Retenção renal de Na+ e H2O Faz buscar água – aumenta a necessidade por líquidos – vc sente sede. liberação de vasopressina/ADH (hipófise posterior) α2-glicoproteínaplasmática (sintetizada no fígado e secretada na circulação). enzima proteolítica do grupo das aspartil-proteases principal neuropeptídeo do sistema renina-angiotensina presente nas células endoteliais hormônio ↓ volemia ↓ ↓ fluxo sanguíneo renal ↓ liberação de angiotensina II ↓ ativação hipotalâmica ↓ liberação de vasopressina/ADH (hipófise posterior) Atua diretamente nos rins • ↑ retenção de água • Inibido a produção de urina ↓ ↑ PA aldosterona Mecanismos de controle homeostático • A sede fisiológica resulta da desidratação e é estimulada por dois mecanismos principais: ✓ diminuição da volemia ou diminuição do volume de fluido extracelular (desidratação extracelular) ou SEDE VOLUMÉTRICA - mecanorreceptores paredes grandes vasos e no coração - monitorizado por barorreceptores no compartimento vascular. Sensores de volume, sinalizam um aumento ou diminuição na pressão arterial. Os barorreceptores arteriais são terminações nervosas livres, densamente ramificadas, localizadas primordialmente nas paredes do arco aórtico (barorreceptores aórticos) e dos seios carotídeos (barorreceptores carotídeos) (HAIBARA e DOS SANTOS, 2000). Os barorreceptores são estimulados pelo estiramento das paredes das artérias. ↓ volemia ↓ mecanorreceptores/baroceptores (grandes artérias e coração) ↓ ativação hipotalâmica (via nervo vago e NTS) ↓ liberação de vasopressina/ADH (hipófise posterior) Atua diretamente nos rins • ↑ retenção de água • Inibido a produção de urina •Em resumo... ↓ fluxo sanguíneo para os rins Modificado de Naves e col., 2003 Modificado de ROSSI, REIS e DE AZEVEDO, 2010. Mecanismos de controle não-homeostático • influências psicológicas e ambientais tais como: - disponibilidade, sabor, temperatura e palatabilidade da bebida; - conhecimentos acerca da hidratação; - e hábitos e regras sociais, como por exemplo, a partilha da ingestão de bebidas em determinadas ocasiões; - aprendizado. Mecanismos de controle não-homeostático O consumo de bebidas ad libitum ocorre tipicamente em associação com as refeições. Mecanismos de controle não-homeostático • Apesar do componente homeostático (água necessária à digestão ou para compensar por exemplo a saída de água das células devido à ingestão de sal), na verdade só necessitaríamos da maioria dessa água várias horas após a ingestão de comida. Mecanismos de controle não-homeostático • Trata-se de beber como um comportamento de antecipação, aprendido ou genético, não se sabe. Mecanismos de controle não-homeostático • Quando está disponível uma variedade de bebidas, a ingestão espontânea ocorre excedendo o volume necessário para o balanço de fluidos, sendo o seu excesso eliminado pelos rins. • Sendo livre o acesso a bebidas, os humanos ficam com “sede” e bebem antes do aparecimento de déficit de fluidos (McKiernan, Houchins e Mattes , 2008). Modificado de ROSSI, REIS e AZEVEDO, 2010. Influência da idade na sensação de sede e na ingestão de líquidos • Há poucos dados sobre o controle homeostático; • parece que a adaptação ainda pode não estar completamente alcançada; • a relação da influência da desidratação intra e extracelular ainda é incerta em crianças (Kenney e Chiu, 2001). Influência da idade na sede e na ingestão de líquidos Tendem a exibir um decréscimo da sensação de sede e redução da ingestão de líquidos. Qual a recomendação diária de ingestão de água para um indivíduo? • Considera-se a quantidade total de água = consumo de água isolada + da água contida em bebidas e alimentos. • 100% do total da ingestão de água: - 81% corresponde a água proveniente de líquidos (água e bebidas) (cerca de 2-3L/dia); - 19% se referem à água dos alimentos (cerca de 700 ml/dia), (considerando o consumo de adultos) DRI (Dietary Reference Intakes) Ingestão de água recomendada pela DRI (Dietary Reference Intakes) para cada faixa etária e sexo * provenientes do leite materno ** provenientes do leite materno + alimentação complementar Ingestão de água recomendada pela DRI (Dietary Reference Intakes) para cada faixa etária e sexo Ingestão de água recomendada pela DRI (Dietary Reference Intakes) para cada faixa etária e sexo Ingestão de água recomendada pela DRI (Dietary Reference Intakes) • Prevenção danos, principalmente agudos - desidratação, que incluem anormalidades metabólicas e funcionais; • consumo de água abaixo do recomendado: - não está associado, até o momento, com doenças crônicas; Ingestão de água recomendada pela DRI (Dietary Reference Intakes) • consumo de água acima do recomendado: - facilmente excretado; * No entanto, a toxicidade aguda de água tem sido descrita na literatura quando o consumo rápido e em larga escala de líquido excede a taxa excreção máxima dos rins, equivalente a cerca de 0,7 a 1,0 litro/hora, para adultos. Institute of Medicine (IOM), 2004. Referências • BARBOSA, A.P.; SZTAJNBOK, J. Distúrbios hidroeletrolíticos. J Pediatr (Rio J) 1999;75(Supl.2):s223-s33. disponível em: http://www.jped.com.br/conteudo/99-75-S223/port.asp • COSTANZO, Linda S. Fisiologia. 5ª . ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014. • Kenney, W.L.; Chiu, P. Influence of age on thirst and fluid intake. Medicine & Science in Sports & Exercise, v.33(9), p.1524-1532, 2001. • McKiernan, F., Houchins, J.A., Mattes, R.D. Relationships between human thirst, hunger, drinking, and feeding. Physiology & Behavior, v. 94(5):700, 2008. • Rossi, L.; Reis, V.A de B.; Azevedo, C. O. E. de Desidratação e recomendações para a reposição hídrica em crianças fisicamente ativas. Rev Paul Pediatr., v.28(3), p.337-45, 2010.
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