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Contexto histórico- Feminismo

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Contexto histórico
Suas características começaram a surgir entre os séculos XV e XVIII; 
A participação das mulheres na revolução francesa fez com que em 1789 seus ideais se espalhassem para outros países;
Na época do Brasil Colônia (1500-1822) há a luta pelo fim da escravidão, resistindo á colonização europeia;
O caminho entre os direitos das mulheres e as lutas para a igualdade das minorias em geral estiveram sempre entrelaçados. Na época do Brasil Colônia (1500-1822), pouco foi conquistado. Vivia-se uma cultura enraizada de repressão às minorias, desigualdade e de patriarcado. As mulheres eram propriedade de seus pais, maridos, irmãos ou quaisquer que fossem os chefes da família. Nesse período, a luta das mulheres era focada em algumas carências extremamente significativas à época: direito à vida política, educação, direito ao divórcio e livre acesso ao mercado de trabalho.
Na época do Brasil Colônia, (1500-1822) as mulheres negras estavam à margem da sociedade; estupradas e exploradas na senzala. Porém, lutaram incansavelmente pelo fim da escravidão. A mulher indígena, tão violentada quanto, não deixou de resistir à colonização europeia. Isso nos leva a enxergar o feminismo no Brasil por outra perspectiva, entendendo que as raízes do movimento se encontram nessas mulheres, embora elas estejam apagadas da história.
 A mulher branca já exercia o papel de dona do lar, se casando muito jovem e tendo a vida destinada a cuidar dos filhos. À mulher nenhuma era garantido o direito à instrução; à leitura, ao conhecimento. Porém, mesmo diante de todos os obstáculos possíveis, muitas delas conseguiram se destacar na história do país, principalmente nos movimentos pela independência. Um exemplo é Maria Quitéria, que se vestiu de homem para combater as tropas portuguesas.
Outra personalidade feminina de extrema importância na época foi Dandara dos Palmares. Esposa de Zumbi, ela lutou com armas pela libertação de negros e negras no país, liderando homens e mulheres. Lamentavelmente, sua luta foi apagada pelo machismo, que só tem memória para homens.
Durante o império (1822-1889), foi conquistado o direito a educação através da brasileira Nísia floresta. 
Durante o Império (1822-1889), passou a ser reconhecido o direito à educação da mulher, área em que seria consagrada Nísia Floresta (Dionísia Gonçalves Pin, 1819-1885), fundadora da primeira escola para meninas no Brasil e grande ativista pela emancipação feminina. Até então não havia uma proibição de fato à interação das mulheres na vida política, visto que não eram nem mesmo reconhecidas como possuidoras de direitos pelos constituintes, fato que levou a várias tentativas de alistamento eleitoral sem sucesso.
Durante o Império (1822-1889) passou a ser reconhecido o direito à educação da mulher, área em que seria consagrada Nísia Floresta, fundadora da primeira escola para meninas no Brasil. No século XIX, já surgiam brasileiras que lutavam pelo direito ao voto, porém de forma muito individual. Até então não havia uma proibição de fato à interação das mulheres na vida política, porque elas nem eram citadas na Constituição de 1881. Simplesmente não existiam na cabeça dos constituintes como seres dotados de direitos. A exclusão da mulher já era algo tão naturalizado que nem era mencionado nas leis.
Com base nisso, muitas mulheres passaram a requerer o alistamento como eleitoras e candidatas, durante o período em que essa constituição vigorou. Um grande estimulante e disseminador de ideias feministas na época foi a imprensa das mulheres. O Brasil foi o país latino-americano onde houve maior empenho do jornalismo feminista. Esses jornais abordavam desde os direitos das mulheres até conhecimentos práticos em áreas como saúde e educação, além de manifestações literárias.
O primeiro foi o Jornal das Senhoras, publicado pela primeira vez em 1852, por Joana de Paulo Manso. Outros jornais também mereceram destaque na época, como O Eco das Damas e O Sexo Feminino.
Durante a primeira república (1889-1930) as mulheres eram duplamente exploradas, o que levou a origem para a reivindicação de seus direitos, como a regularização da carga horária e as melhores condições de trabalho 
 Na Primeira República, (1889-1930) a república oligárquica, o Brasil se viu diante de um novo cenário, em que as cidades cresceram e a burguesia enriquecia cada vez mais à custa dos trabalhadores. As mulheres operárias eram duplamente exploradas, por trabalharem em casa e na indústria. Lutavam juntamente com os homens, embora suas conquistas sempre fossem menores.
Começaram então a serem promovidas marchas e greves, que reivindicavam principalmente a redução da jornada de trabalho das mulheres para oito horas diárias (elas trabalhavam nove horas e meia por dia).
Essas operárias constituíam uma face “mal-comportada”do feminismo na época, articulando questões feministas aos ideais anarquistas e, posteriormente, comunistas.  Segue abaixo dois trechos de um manifesto do jornal Terra livre, escrito por operárias do setor de vestuário:
“Como se pode ler um livro, quando se vai ao trabalho às 7 da manhã e se volta para casa às 11 da noite?”
“E nós também queremos nossas horas de descanso para dedicarmos alguns momentos à leitura, ao estudo, porque quanto à instrução, temos bem pouca; e se essa situação continua, seremos sempre, pela nossa inconsistência, simples máquinas humanas manobradas à vontade pelos mais cúpidos assassinos e ladrões.”
Enquanto isso, o movimento sufragista ganhava força, e em 1910 a professora Leolinda Daltro e a poetisa Gilka Machado fundaram o Partido Republicano Feminino, que pretendia principalmente o direito ao voto. Em 1917, Leolinda organizou uma passeata com quase 100 mulheres. No cenário da época, esta passeata foi de grande impacto numa sociedade na qual a mulher só transitava nas ruas por extrema necessidade, e sempre acompanhada.
O Partido Republicano Feminino perdeu força nos últimos anos da década de 1910. Na mesma época, Bertha Lutz retornava de Paris, e juntamente com Maria Lacerda de Moura, fundou a Federação Brasileira Para o Progresso Feminino (FBPF), que lutava principalmente pela igualdade política entre homens e mulheres.
Bertha Lutz foi uma cientista, educadora e precursora do feminismo no Brasil. Licenciou-se na faculdade de Sorbonne, em Paris, onde estudou ciências naturais. Foi pesquisadora do Museu Nacional, tornando-se a segunda brasileira a fazer parte do serviço público no Brasil. Ela também escreveu em jornais e viajou para os Estados Unidos e para a Europa, representando o país em conferências, como a Conferência Pan-Americana da mulher nos Estados Unidos.
A federação liderada por Bertha tinha um caráter extremamente homogêneo, já que seu núcleo era inteiramente composto por mulheres da elite econômica e intelectual. Podemos citar, entre as participantes, Francisca Frois, uma das primeiras médicas do país, Anésia Pinheiro Machado, a primeira aviadora do Brasil, além de professoras, jornalistas e cientistas. Dessa forma, o feminismo da FBPF era um feminismo “bem-comportado”, que agia no limite da pressão interclasse. Não eram propostas novas organizações das relações patriarcais; a opressão da mulher pobre, analfabeta e negra não era colocada em xeque.
É importante observar que, a partir da década de 1920, as ideias da FBPF foram se espalhando pelo país, passando a encontrar eco em alguns políticos da República. Juvenal Lamartine, governador do estado do Rio Grande do Norte, foi um grande aliado da federação. Quando eleito, articulou a elaboração da primeira lei do voto feminino, em 1927.
Algumas mudanças começam a ocorrer no mercado de trabalho durante as greves realizadas em 1907 (greve das costureiras) e 1917, com a influência de imigrantes europeus (italianos e espanhóis), e de inspirações anarco-sindicalistas, que buscavam melhores condições de trabalho em fábricas, em sua maioria têxtil, onde predominava a força de trabalho feminina. Entre as exigências das paralisações, estavam a regularização do trabalho feminino,a jornada de oito horas e a abolição de trabalho noturno para mulheres. No mesmo ano, foi aprovada a resolução para salário igualitário pela Conferência do Conselho Feminino da Organização Internacional do Trabalho e a aceitação de mulheres no serviço público.
Ainda no início do século XX, são retomadas as discussões acerca da participação de mulheres na política do Brasil. É fundada então, em 1922, a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, onde os principais objetivos eram a batalha pelo voto e livre acesso das mulheres ao campo de trabalho. Em 1928, é autorizado o primeiro voto feminino (Celina Guimarães Viana, Mossoró-RN), mesmo ano em que é eleita a primeira prefeita no país (Alzira Soriano de Souza, em Lajes-RN). Ambos os atos foram anulados, porém abriram um grande precedente para a discussão sobre o direito à cidadania das mulheres.
Durante a segunda república (1930-1964), devido às pressões dos movimentos feministas, as brasileiras conseguem direito de voto em 1932. Apesar disso, com a consolidação de Getúlio Vargas e do Golpe de 37, a ditadura varguista fecha o Congresso e suspende as eleições.
Já na Segunda República, (1930-1964) a luta pelos direitos políticos femininos assiste a um grande marco. Em 1932, no governo de Getúlio Vargas, o Código Eleitoral incluiu a mulher como detentora do direito de votar e ser votada, em todo país.
O golpe de 1937, que pôs Getúlio Vargas na posição de ditador, calou grande parte da movimentação pelos direitos da mulher. Nessa situação de ditadura, a luta das mulheres fundiu-se com a luta dos demais, que defendiam a democracia e posteriormente protestavam contra o nazi-fascismo durante a Segunda Guerra. Uma dessas mulheres foi Olga Benário, membro da União Feminina.
Em 1945, com o fim do Estado Novo, surgiram comitês e associações de mulheres, num esforço para a participação feminina da consolidação da democracia. Elas se destacaram na luta pela defesa das riquezas nacionais, ameaçadas pelo imperialismo, e também na luta pela paz mundial. Questões relativas à libertação da mulher, como aborto, sexualidade, controle de fertilidade, não eram sequer mencionadas.
Em 1949, Romy Medeiros, advogada, cria o Conselho Nacional das Mulheres, cujo principal objetivo era lutar por iniciativas institucionais em prol das mulheres. Ao longo de 1950, foi uma grande militante pelos direitos das mulheres casadas, que tinham o exercício da sua cidadania controlado pelos maridos, que podiam negar-lhes permissão para trabalhar ou sair de casa. Finalmente, depois de grande luta, o Estatuto da Mulher Casada (Lei 4.121) foi aprovado em 1962, e marido e mulher passam a ter os mesmos impedimentos legais. Porém, seus artigos ainda reforçavam ideias patriarcais.
“O marido é o chefe da sociedade conjugal, função que exerce com a colaboração da mulher no interesse comum do casal e dos filhos.”
Com o golpe civil-militar de 1964, as associações de mulheres praticamente desapareceram. A grande maioria das militantes feministas esteve envolvida ou foi simpatizante da luta contra a ditadura militar no país, tendo algumas delas sendo presas, perseguidas e exiladas pelo regime.
É notável, portanto, a consciência clara por parte de grupos organizados de que existiam de fato grandes questões que não podiam ficar para uma luta específica: como a volta da democracia, o fim do racismo e da desigualdade social, entre outras. O feminismo brasileiro, dessa forma, é e sempre foi, um movimento que luta pela autonomia das mulheres num espaço extremamente marcado pelo político. Quando os militares assumiram o poder em 1964, inaugurando novo período ditatorial, o feminismo das primeiras mulheres jornalistas do final do século passado, as vidas atribuladas de algumas mulheres transgressoras, pioneiras, isoladas e solitárias, assim como as utopias sociais transformadoras veiculadas por algumas anarquistas nas primeiras décadas do século XX eram apenas lembranças muito longínquas, quase apagadas das memórias, estando ausentes da maior parte dos livros de história. E o direito de voto, grande conquista formal das feministas do passado, mas que não tinha modificado substancialmente as relações entre os sexos, foi seriamente limitado pelo novo regime, não podendo, inclusive, ser exercido para eleição de presidentes durante mais de 20 anos.
Alguns anos depois, em 24 de Fevereiro de 1932, no governo de Getúlio Vargas, é garantido o sufrágio feminino, sendo inserido no corpo do texto do Código Eleitoral Provisório (Decreto 21076) o direito ao voto e à candidatura das mulheres, conquista que só seria plena na Constituição de 1946. Um ano após o Decreto de 32, é eleita Carlota Pereira de Queiróz, primeira deputada federal brasileira, integrante da assembleia constituinte dos anos seguintes.
Durante o período que antecede o Estado Novo, as militantes do feminismo divulgavam suas ideias por meio de reuniões, jornais, explicativos, e da arte de maneira geral. Todas as formas de divulgação da repressão sofrida e os direitos que não eram levados em consideração, eram válidas. Desta forma, muitas vezes aproveitam greves e periódicos sindicalistas e anarquistas para manifestarem sua luta, conquistas e carências.
Com a volta da democracia ao Brasil, as mulheres ganham mais protagonismo no governo ecom a criação, em 1985, do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM).
Com a redemocratização dos anos 1980, o feminismo no Brasil entra em uma fase de grande efervescência na luta pelos direitos das mulheres: há inúmeros grupos e coletivos em todas as regiões tratando de uma gama muito ampla de temas – violência, sexualidade, direito ao trabalho, igualdade no casamento, direito à terra, direito à saúde materno-infantil, luta contra o racismo, opções sexuais. Estes grupos organizavam-se, algumas vezes, muito próximos dos movimentos populares de mulheres, que estavam nos bairros pobres e favelas, lutando por educação, saneamento, habitação e saúde, fortemente influenciados pelas Comunidades Eclesiais de Base da Igreja Católica. Este encontro foi muito importante para os dois lados: o movimento feminista brasileiro, apesar de ter origens na classe média intelectualizada, teve uma interface com as classes populares, o que provocou novas percepções, discursos e ações em ambos os lados. Uma das mais significativas vitórias do feminismo brasileiro foi a criação do Conselho Nacional da Condição da Mulher (CNDM), em 1984, que, tendo sua secretária com status de ministro, promoveu junto com importantes grupos – como o Centro Feminista de Estudos e Assessoria (CFEMEA), de Brasília – uma campanha nacional para a inclusão dos direitos das mulheres na nova carta constitucional. Do esforço resultou que a Constituição de 1988 é uma das que mais garante direitos para a mulher no mundo. O CNDM perdeu completamente a importância com os governos de Fernando Collor de Mello e Fernando Henrique Cardoso. No primeiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva, foi criada a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, com status de ministério, e foi recriado o Conselho, com características mais próximas do que ele havia sido originalmente. Ainda na última década do século XX, o movimento sofreu, seguindo uma tendência mais geral, um processo de profissionalização, por meio da criação de Organizações Não-Governamentais (ONGs), focadas, principalmente, na intervenção junto ao Estado, a fim de aprovar medidas protetoras para as mulheres e de buscar espaços para a sua maior participação política. Uma das questões centrais dessa época era a luta contra a violência, de que a mulher é vítima, principalmente a violência doméstica. Além das Delegacias Especiais da Mulher, espalhadas pelo país, a maior conquista foi a Lei Maria da Penha (Lei n. 11 340, de 7 de agosto de 2006), que criou mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher. Ainda é mister apontar para as duas Conferências Nacionais para a Política da Mulher, ocorridas em 2005 e 2007, que mobilizaram mais de 3 000 mulheres e produziram alentados documentosde análise sobre a situação da mulher no Brasil.

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