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Universidade Estácio de Sá Disciplina: Automatização de Comandos Elétricos – CCE0697 Unidade 3 – Relés de Comando e Proteção ➢ Unidade 3 – Relés de Comando e Proteção. 3.1 – Relé Térmico: Relé térmico é um dispositivo que protege os motores elétricos contra os efeitos de sobrecarga, atuando pelo efeito térmico causado pela corrente elétrica. Esse relé funciona baseado na deformação que ocorre nos elementos bimetálicos, quando sofrem um aumento de temperatura. 2 Prof. Ricardo Toscano O Relé é um dispositivo utilizado para a proteção de circuitos em relação à sobrecarga (aumento da intensidade de corrente de forma gradual) e, diferentemente dos fusíveis, que atuam uma única vez (queima do filamento), os relés atuam diversas vezes durante sua vida útil, sem a necessidade de substituição. A operação do dispositivo é baseada em um método indireto de detecção de sobrecarga em motores. O elemento bimetálico é constituído por duas lâminas, bastante finas, de metais de diferentes coeficientes de dilatação. Essas lâminas são de níquel e ferro, sobrepostas e soldadas, formando o bimetal. A figura ao lado ilustra essa condição. 3 Prof. Ricardo Toscano Como o coeficiente de dilatação do ferro é menor que o do níquel, este conjunto, quando aquecido, provoca um encurvamento. ∆𝑙 = 𝑙𝑜. α. ∆θ Níquel Ferro Lâmina bimetálica α1 > α2 AB = CD Deflexão da Lâmina quando aquecida AB > CD Esse efeito é aproveitado para proteger os motores elétricos, para que não venham a queimar o seu bobinado na ocasião de sobrecarga. Níquel Ferro A figura abaixo ilustra, de forma básica, o processo de desligamento em função da curvatura do elemento bimetálico. 4 Portanto, o dispositivo em questão é utilizado para proteger motores e afins de possíveis superaquecimentos causados por alguns tipo de problemas como, por exemplo, sobrecarga mecânica, tempo de partida muito alto, rotor bloqueado, desvio de tensão e de frequência. Para efetuar a supervisão do motor, é colocado um elemento térmico em cada condutor fase. Assim o modelo térmico de motores trifásicos consiste em três elementos térmicos, sendo um para cada fase. Na utilização do relé térmico não se faz presente a proteção contra curto-circuito, sendo necessária a presença de fusíveis ou disjuntores para a proteção completa. Quando ocorre um desarme, após a atuação do relé, o retorno de operação pode ser automático ou manual. No modo automático, logo após o desarme, quando o elemento bimetálico retornar a uma temperatura adequada, o rele rearma automaticamente. Entretanto, nessa condição, por razões de segurança, é imprescindível executar algum tipo de intertravamento no contator, com o intuito de impossibilitar o acionamento do motor elétrico novamente, sem a execução de um comando numa botoeira. 5 Prof. Ricardo Toscano Na operação de retorno manual, em caso de desarme, o relé somente volta a operar mediante o pressionamento do botão de rearme. Como já vimos, a deformação dos bimetálicos resulta do aquecimento provocado pela corrente que circula nas fases e também das variações de temperatura ambiente. Para minimizar esses efeito, existe um bimetálico de compensação, influenciado unicamente pelas variações de temperatura. Somente a deformação originada pela corrente pode modificar a posição dos bimetálicos e provocar o disparo do relé. Geralmente, o relé térmico compensado é insensível as variações da temperatura ambiente entre – 40oC e + 60oC. Como já citado, os relés térmicos protegem os motores contra sobrecargas, porém na partida, tem-se um pico de corrente e os relés devem deixar passar a sobrecarga temporária resultante do pico de corrente de partida e disparar unicamente se esse pico, isto é, o tempo de partida, for prolongado. Dependendo das aplicações, o tempo normal de partida dos motores pode variar de alguns segundos a algumas dezenas de segundos (máquinas com uma grande inercia). Sendo assim, são necessários relés adaptados ao tempo de partida de acordo com as seguintes classes de desligamento: • Relés classe 10: aplicações com tempo de partida inferior a 10 segundos; • Relés classe 20: aplicações com tempo de partida de até 20 segundos; • Relés classe 30: aplicações com tempo de partida de até 30 segundos. 6 Prof. Ricardo Toscano Portanto, a classe de desligamento de um relé térmico é dada pelo tempo máximo em segundos que pode durar uma partida de um motor sem que o relé desarme. Geralmente as classes de relés são definidas como 10, 20 ou 30. 7 A composição dos relé térmico é a seguinte: 1 – Botão de rearme; 2 – Contatos auxiliares; 3 – Botão de teste; 4 – Lâmina bimetálica auxiliar (compensação de temperatura); 5 – Cursor de arraste; 6 – Lâmina bimetálica principal; 7 – Ajuste de corrente. Prof. Ricardo Toscano A seguir será ilustrada a vista frontal de um exemplo do dispositivo relé térmico e suas respectivas funções. Contatos principais (saída) Contatos de principais (entrada) Regulação do limite de intensidade de corrente elétrica Botão de parada Contatos auxiliares Rearme manual ou automático Botão de rearme Os relés térmicos permitem uma regulagem, para atuarem num determinado valor de intensidade de corrente elétrica, dentro da faixa de operação do dispositivo e de acordo com a carga a ser alimentada. Essa regulagem é feita girando-se o botão da regulagem até que o valor correspondente à corrente nominal do motor seja atingido. A figura ao lado, a interligação entre um contator e um relé térmico. A simbologia de um relé térmico está ilustrada ao lado, com os contatos principais e os contatos auxiliares. Prof. Ricardo Toscano 9 Os relés devem ser dimensionados de forma que contenham em sua faixa de ajuste a corrente nominal (In) que circula pelo trecho onde está ligado. Cada relé cobre apenas uma faixa de valores de intensidade de corrente e, portanto, cada fabricante oferece uma grande variedade de relés térmicos. O relé não deve ser dimensionado com a corrente nominal do circuito situada no extremo superior de sua faixa de ajuste, pois se houver necessidade do motor ser usado com fator de serviço acima de 1, o relé não permitirá tal corrente, mesmo que o motor suporte essa situação. O ajuste de corrente nos relés deve ser feito da seguinte maneira: 𝐼𝑟 = 1,15 𝑎𝑡é 1,25 × 𝐼𝑛 Sendo: In: Corrente nominal do motor. Ir: Corrente de ajuste do relé térmico. No caso de motores com fator de serviço igual ou superior a 115% ou motores com uma elevação de temperatura admissível de 40ºC, o ajuste pode ser até 125% da corrente nominal (1,25 x In). Nos demais casos, os relés térmicos devem ser ajustados em 115% da corrente nominal (1,15 x In). Fator de Serviço (FS), aplicado à potência nominal, indica a carga permissível que pode ser aplicada continuamente ao motor, sob condições especificadas. É uma capacidade de sobrecarga contínua, uma reserva de potência que dá ao motor uma capacidade de suportar melhor o funcionamento em condições desfavoráveis. O fator de serviço não deve ser confundido com a capacidade de sobrecarga momentânea, durante alguns minutos. Prof. Ricardo Toscano 11 3.2 – Relé de Falta de Fase: Tem como objetivo monitorar, supervisionar, as fases que estão chegando em um painel de comando. Em caso da falta de fornecimento de uma das fases, em função de problemas no fornecimento de energia ou algum problema antes do painel de comando, ele vai acionar um contato (aberto ou fechado) para que seja feita uma intervenção no painel de comando. A figura a seguir ilustra um relé de falta de fase. Ele possui três entradas L1, L2 e L3 que recebem as fases. A partir do momento que essas entradassão energizadas, o relé comuta, fechando seu contato NA (Normalmente Aberto) e abrindo o NF (Normalmente Fechado). Portanto, caso haja uma falha, o relé é desenergizado e seus contatos realizam a operação inversa. Tipicamente, o contato NA é usado para energização da bobina de um contator, que deverá ser desenergizada se houver falta de fase, abrindo o contator. A seguir será ilustrado o procedimento de ligação de um rele de falta de fase bastante utilizado na indústria. 12 L1 L2 L3 C NF NA 15 16 18 Entrada das fases Indica que o relé está energizado, existe L1, L2 e L3 Indica que o contato entre 15 e 18 está fechado Contato de entrada Contato de saída Para ajuste do percentual de diferença entre os valores das fases. A B N 13 L1 L2 L3 C NF NA 15 16 18 Entrada das fases Indica que o relé está energizado, existe L1, L2 e L3 Indica que o contato entre 15 e 18 está fechado Contato de entrada Contato de saída Para ajuste do percentual de diferença entre os valores das fases. A B N Pode-se também fazer a ligação do neutro, para fins de supervisão. Para isso, é necessário fazer um jumper entre A e B, é ligar o neutro no borne N. Em caso de falta de neutro, o contato 15 e 18 será aberto. Nesse caso, o LED vermelho irá apagar. O LED verde continuará acesso, indicando a presença das fases. Em caso de volta do neutro, o contato 15 e 18 é fechado novamente. Em caso de falta de fase todos os LEDs se apagam (contato 15 e 18 aberto; e falta de fase) 3.3 – Relé de Sequência de Fase. 14 Prof. Ricardo Toscano Tem o objetivo de apenas monitorar as fases de um sistema trifásico, para que em caso de uma inversão de fase, gerada, por exemplo, em uma falha no fornecimento da distribuidora local, não ocorra a alimentação de motores. Portanto, sempre que há uma anomalia no sistema, o relé comuta sua saída para interromper a operação do motor ou processo a ser protegido. Existem fabricantes que disponibilizam relés de proteção nas seguintes aplicações: • Relé falta de fase; • Relé de sequência de fase; • Relé de falta de fase e sequência de fase. O esquema de ligação já foi apresentado no tópico anterior. 3.4 – Relé de Máxima e Mínima Tensão. Tem como função monitorar as variações máximas e mínimas de tensão nas quais uma alimentação trifásica pode operar. Sempre que houver uma condição de subtensão ou sobretensão, o relé comutará sua saída para interromper a operação do motor ou processo monitorado. Prof. Ricardo Toscano 15 O esquema de ligação também segue o padrão citado no tópico 3.2. Ajuste da Sensibilidade: O ajuste da sensibilidade (limite) é feito através do seletor localizado na frontal do relé. O range é de -15% à -3% (para subtensão) e de +3% à +15% (para sobretensão). 3.5 – Relé de Proteção PTC. Trata-se de um dispositivo de proteção que permite, em máquinas (motores, geradores, etc...) equipadas com um sensor de temperatura PTC, o monitoramento da variação da temperatura no equipamento, realizando a proteção do mesmo a partir de informações recebidas pelo sensor PTC. Prof. Ricardo Toscano 16 Termistores: são componentes eletrônicos que tem a capacidade de alterar a resistência ôhmica com a variação da temperatura. Existem Termistores com coeficiente de temperatura positiva (PTC) e com coeficiente de temperatura negativa (NTC). • NTC: diminuição no valor ôhmico do termistor quando ocorrer um aumento de temperatura. Exemplo de aplicação: disparo de sistemas de refrigeração. • PTC: aumento no valor ôhmico do termistor quando ocorrer um aumento de temperatura. Exemplo de aplicação: proteção em motores elétricos. Alimentação Entrada do sensor PTC Saída O Relé ilustrado acima deve ser ligado em série a sensores tipo PTC (máximo de 3), ao ser energizado, estando a temperatura abaixo do valor de desarme, o relé de saída será comutado (energizado) instantaneamente, acionando o LED vermelho. Existindo uma elevação de temperatura acima de seu limite de ruptura, ocorrerá uma variação abrupta na resistência do sensor PTC, e o relé de saída será desenergizado (LED vermelho desliga), o relé será novamente energizado assim que a temperatura retorne aos valores normais. Prof. Ricardo Toscano 18 O bloco antiparasita ou supressor de sobretensão é instalado em paralelo com a bobina do contator e possui a função de atenuar os picos de tensão gerados pelo chaveamento do contator. Esses blocos são opcionais ao contator. 3.6 – Bloco Antiparasita. Montagem frontal no contator Montagem direta nos terminais da bobina ➢ Bibliografia Complementar: ❖ CREDER, Hélio. Instalações elétricas. 15. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2007; ❖ EDMINISTER, Joseph A. Circuitos elétricos. 2. ed. São Paulo: McGraw-Hill, 1985; ❖ FRANCHI, Claiton Moro. Acionamentos elétricos. São Paulo: Érica, 2007. ➢ Bibliografia Complementar: ❖ AHMED, Ashfaq. Eletrônica de potência. São Paulo: Prentice-Hall, 2000; ❖ COTRIM, Ademaro A. M. B. Instalações elétricas. 3. ed. São Paulo: Makron, 1993; ❖ NISKIER, Julio; MACINTYRE, Archibald Joseph. Instalações Elétricas. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2008; ❖ SANCHES, Durval. Eletrônica industrial: montagem. Rio de Janeiro: Interciência, 2000; ❖ CAVALCANTI, Paulo João Mendes. Fundamentos de eletrotécnica: para técnicos em eletrônica. 21. ed. rev. e melh. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2001. ➢ Outras Bibliografias: ❖ Elétrica World – www.youtube.com
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