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No Brasil a agricultura e a pecuária constituem as atividades primárias fundamentais da economia. No início dos anos 1950 a agropecuária contribuía com 25% do PIB do Brasil. Embora na atual década sua participação tenha declinado para cerca de 10% do total, não significa que o setor tenha perdido importância, pelo contrário. É que do final dos anos 70 até e durante toda a década de 90 ocorreu no Brasil, uma acelerada modernização da agricultura, representada, especialmente, pelo emprego maciço de maquinaria no processo produtivo e pela utilização, cada vez mais difundida, de insumos químicos de origem industrial.
A modernização subordinou a agropecuária aos interesses e necessidades do capital urbano-industrial constituindo a formação de um Complexo Agroindustrial (CAI), que redefiniu o contexto produtivo na agricultura e acentuou as diferenciações existentes entre áreas do país, produtores e segmentos produtivos da economia agrária.
Como consequência ocorreu uma intensa liberação de mão-de-obra rural, e uma vez expulso do campo o trabalhador rural foi buscar trabalho nos setores secundário e terciário, contribuindo para a aceleração do processo urbanizador. Atualmente a agropecuária emprega somente cerca de 23% da PEA brasileira.
Paralelo à mudança tecnológica, registrou-se uma acentuada incorporação de novos espaços de fronteira agrícola com a crescente participação de empresários do Sul e do Sudeste na implantação de empreendimentos agropecuários. O agribusiness, voltados para a reprodução do capital, valendo-se da agricultura como forma alternativa de investimento.
O Brasil não possui áreas impróprias à agropecuária. Com investimentos em tecnologias torna-se possível a produção em locais como o Cerrado do Brasil-Central, local de solo ácido que hoje se apresenta como o maior produtor de soja e algodão do país; o Sertão Nordestino com os projetos de irrigação às margens do rio São Francisco na região de Petrolina (PE) – Juazeiro (BA), ostentando uma das maiores produções de frutas tropicais, uvas e indústria vinífera.
Estrutura fundiária
O Brasil possui uma das mais extensas áreas agrícolas do globo, são cerca de 3,5 milhões de km2 ou 353 milhões de hectares e corresponde a 41,5% da área total do país. E ainda há entre 100 a 200 milhões de hectares potencialmente aproveitáveis para fins agropecuários. No entanto, segundo uma pesquisa realizada pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Económica Aplicada), existe no país cerca de 30 milhões de pessoas (cinco milhões de famílias) abaixo da linha da pobreza absoluta. A resposta para este despropósito pode estar na estrutura fundiária brasileira.
Como estrutura fundiária entende-se “a forma como as propriedades agrárias estão organizadas quanto ao tamanho, número e distribuição social”. No Brasil, essa questão é um problema tão antigo quanto sua própria história; de um lado, um pequeno número de grandes proprietários de terras, na maioria das vezes latifundiários e improdutivos; de outro lado milhões de pequenos proprietários que possuem uma quantidade mínima de terra, os minifúndios, insuficientes para a subsistência familiar.
Numa tentativa de classificar as propriedades rurais, foi realizada pelo Estatuto da Terra, em 1964, uma classificação utilizada pelo INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), toma por base o conceito de Módulo Rural, que corresponde à Propriedade Familiar.
De acordo com esse conceito os imóveis foram divididos em quatro grupos:
Minifúndio – toda propriedade inferior ao módulo rural regional, portanto, inviável economicamente. Correspondem à cerca de 72% do total de imóveis rurais do país, embora ocupem apenas cerca de 12% da área total dos mesmos. Sua média gira em torno de propriedades de 20 ha.
Empresa rural – é uma propriedade explorada de maneira económica e racional, com uma área que, no máximo, atinja 600 módulos rurais regionais. Eles totalizam apenas 5% do número de imóveis e ocupa o equivalente a 10% da área total disponível, com propriedades médias de 221 ha.
Latifúndio por exploração – é um imóvel rural que chega até à 600 módulos rurais regionais, cuja terra é mantida de forma inexplorada ou irracionalmente explorada. Sua extensão média é de cerca de 350 ha. Abrangendo 73% das áreas disponíveis, mas totalizam apenas 23% do número total dos imóveis.
Latifúndio por dimensão – Toda e qualquer propriedade agrícola com extensão superior a 600 módulos rurais regionais, produtivos ou não. Somam menos de 0,1% do total das propriedades e equivalem a 5% da área total, com propriedades com tamanho médio de 100 milha.
Sistemas agrícolas
O Brasil é um país de dimensões continentais, com solos e climas diversos, níveis de desenvolvimento contrastantes e teve no decorrer de sua história inúmeros sistemas de produção, sendo que alguns deles persistem ao tempo.
Sistema de Roça: é uma agricultura de subsistência, muito antiga e rudimentar. Caracteriza-se por ser itinerante, onde num primeiro momento ocorre à derrubada e queima da mata, limpeza e preparo da terra e depois seu consequente plantio e colheita.
Sistema de Plantation: implantado pelos colonizadores na América Latina, com o intuito de suprir as necessidades das metrópoles. Consiste em cultivar produtos típicos de clima tropical, de forma monocultora em grandes latifúndios, visando o abastecimento externo. No Brasil são exemplos a cana-de-açúcar, o café e o cacau entre outros.
Sistema Capitalista Moderno: a aplicação de modernas tecnologias de produção disponíveis, aliado à transformação da agricultura numa atividade puramente comercial e especulativa, a atividade ganha status de investimento muito lucrativo. Aqui o capital reproduz todas as condições necessárias para uma maior produção com um máximo de produtividade.
Os Conflitos pela posse da terra no Brasil
Na história rural brasileira é bastante comum o relato de conflitos pela da terra. Neste contexto surgiram dois protagonistas: o posseiro e o grileiro. O lavrador que trabalha na terra sem possuir nenhum título legal registrado em cartório que o defina como proprietário é classificado como ocupante nos censos oficiais do IBGE ou como posseiro na linguagem comum. No Brasil ainda existe mais de um milhão de famílias de posseiros paupérrimos que detém parte das pequenas propriedades rurais no Brasil, representando uma força de trabalho de grande importância para a produção de gêneros alimentícios de subsistência.
O posseiro não deve ser confundido com o grileiro. O grileiro é o indivíduo que se assenhoreia de uma terra que não é sua, sabendo que não tem direito a ela, muitas vezes à força, expulsando posseiros ou seus proprietários. Através de meios escusos como suborno e falsificação de documentos ele obtém os papéis oficiais que o habilitam a vender a terra. É, portanto, um traficante de terra.
Relações de trabalho no campo
As relações trabalhistas instituídas no meio rural brasileiro que, em geral, são altamente exploratórias, apresentam-se bastante variadas. Algumas ainda arcaicas enquanto outras inseridas na modernidade capitalista. As principais são.
Posseiro: indivíduo que utiliza uma área que não lhe pertence juridicamente. Produz somente para a subsistência familiar.
Pequeno proprietário: corresponde ao agricultor que cultiva a própria terra para sua subsistência, bem como para o abastecimento do mercado local. É o pequeno sitiante e o chacareiro que geralmente habita as cercanias das cidades.
Parceiro: é o trabalhador que se associa com um proprietário de terras e entrega-lhe parte de sua produção como forma de pagamento pelo uso da mesma. O trato mais comum é de 50% para cada um – é o meeiro.
Arrendatário: indivíduo que usa a terra de alguém pagando um aluguel pré-determinado para esse uso. O pagamento pode ser em dinheiro ou em produto colhido.
Assalariado fixo: é o empregado regular da propriedade, geralmente é registrado em carteira e possui todos os direitos legais. Pode ser representado pelo capataz, caseiro, tratorista, ordenhador, etc.
Assalariado temporário:trabalhador contratado apenas em alguns momentos. Geralmente para a colheita. Trata-se do trabalhador volante ou boia-fria e o peão.
Não remunerado: em geral corresponde aos familiares de um agricultor (mulher e filhos) que o ajudam no trabalho, entretanto não recebem nada por isso.
A estrutura fundiária corresponde ao modo como as propriedades rurais estão dispersas pelo território e seus respectivos tamanhos, que facilita a compreensão das desigualdades que acontecem no campo.
A desigualdade estrutural fundiária brasileira configura como um dos principais problemas do meio rural, isso por que interfere diretamente na quantidade de postos de trabalho, valor de salários e, automaticamente, nas condições de trabalho e o modo de vida dos trabalhadores rurais.
No caso específico do Brasil, uma grande parte das terras do país se encontra nas mãos de uma pequena parcela da população, essas pessoas são conhecidas como latifundiários. Já os minifundiários são proprietários de milhares de pequenas propriedades rurais espalhadas pelo país, algumas são tão pequenas que muitas vezes não conseguem produzir renda e a própria subsistência familiar suficiente.
Diante das informações, fica evidente que no Brasil ocorre uma discrepância em relação à distribuição de terras, uma vez que alguns detêm uma elevada quantidade de terras e outros possuem pouca ou nenhuma, esses aspectos caracterizam a concentração fundiária brasileira.
É importante conhecer os números que revelam quantas são as propriedades rurais e suas extensões: existem pelo menos 50.566 estabelecimentos rurais inferiores a 1 hectare, essas juntas ocupam no país uma área de 25.827 hectares, há também propriedades de tamanho superior a 100 mil hectares que juntas ocupam uma área de 24.047.669 hectares.
Outra forma de concentração de terras no Brasil é proveniente também da expropriação, isso significa a venda de pequenas propriedades rurais para grandes latifundiários com intuito de pagar dívidas geralmente geradas em empréstimos bancários, como são muito pequenas e o nível tecnológico é restrito diversas vezes não alcançam uma boa produtividade e os custos são elevados, dessa forma, não conseguem competir no mercado, ou seja, não obtêm lucros. Esse processo favorece o sistema migratório do campo para a cidade, chamado de êxodo rural.
A problemática referente à distribuição da terra no Brasil é produto histórico, resultado do modo como no passado ocorreu a posse de terras ou como foram concedidas.
A distribuição teve início ainda no período colonial com a criação das capitanias hereditárias e sesmarias, caracterizada pela entrega da terra pelo dono da capitania a quem fosse de seu interesse ou vontade, em suma, como no passado a divisão de terras foi desigual os reflexos são percebidos na atualidade e é uma questão extremamente polêmica e que divide opiniões.
Os problemas no campo brasileiro se arrastam há centenas de anos. A distribuição desigual de terras desencadeia uma série de conflitos no meio rural. Essa questão teve início durante a década de 1530, com a criação das capitanias hereditárias e o sistema de sesmarias, no qual a Coroa portuguesa distribuía terrenos para quem tivesse condições para produzir, desde que fosse pago um sexto da produção para a Coroa.
Com isso, poucas pessoas adquiriram grandes extensões de terra, estabelecendo diversos latifúndios no país. Algumas famílias concentraram grandes propriedades rurais, e os camponeses passaram a trabalhar como empregados para os detentores de terra. Contudo, a violência no campo se intensificou com a independência do Brasil, em 1822, quando a demarcação de imóveis rurais ocorreu através da lei do mais forte, provocando vários assassinatos.
Outro artifício muito utilizado e que desencadeia uma série de conflitos é a grilagem. Esse método é destinado à falsificação de documentos de posse da terra, em que os grileiros colocam documentos falsos em caixas fechadas com grilos até que os papéis fiquem com aparência de envelhecidos. Posteriormente, o imóvel é vendido por meio desse documento falso, ocasionando a expulsão do proprietário, que normalmente é um pequeno agricultor.
Além desses fatores que beneficiam os grandes detentores de terra, outro problema é a atual organização da produção agrícola. A mecanização e a utilização massiva de tecnologia no campo têm forçado os pequenos produtores a venderem suas propriedades e trabalharem como empregados ou migrarem para as cidades, visto que muitos deles não conseguem mecanizar sua produção, fato que resulta no baixo rendimento, o que os coloca em desvantagem no mercado.
Diante desse cenário de concentração fundiária, vários movimentos sociais foram criados com o intuito de reverter esse quadro. O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), por exemplo, reivindica a realização da reforma agrária, ocupando latifúndios como forma de pressionar o governo. No entanto, essas ocupações nem sempre são solucionadas de forma pacífica, desencadeando conflitos no campo.
Outros problemas no campo são a utilização de mão de obra infantil e a exploração do trabalhador. Apesar da abolição da escravatura ter ocorrido em 1888, o Brasil ainda registra denúncias de trabalho escravo. Proprietários de algumas fazendas contratam funcionários, que são obrigados a custear a viagem, alimentação, estadia, etc. Sendo assim, o trabalhador, antes mesmo de iniciar as atividades, já está endividado, sendo obrigado a trabalhar para quitar todo o “investimento” do patrão.
Portanto, é necessário que políticas públicas sejam desenvolvidas para solucionar esses problemas, de forma a reduzir a desigualdade no campo, fiscalizar as condições de trabalho, além de oferecer subsídios para os pequenos produtores rurais.
Estrutura Fundiária é o modo como às propriedades agrárias estão distribuídas e organizadas em um determinado país ou espaço. Para se conhecer a estrutura fundiária de um país, leva-se em consideração a quantidade, o tamanho e a distribuição social das propriedades rurais na área analisada.
A estrutura fundiária de um país ou região também é muito influenciada pelo nível de concentração fundiária do país, uma vez que, quanto maior for à concentração de terras, menor será a quantidade de propriedades de terras e maior será o tamanho das propriedades existentes. Além disso, a distribuição social da terra nos países em que há uma grande concentração rural tende a ser mais desigual, pois a parcela mais rica da população tem um acesso facilitado a terra, enquanto a população mais pobre, na maioria das vezes, não possui acesso à terra e/ou aos meios de produção.
Na maioria dos países desenvolvidos, as atividades agropecuárias são desenvolvidas em propriedades rurais menores, de base familiar, altamente produtivas e mecanizadas, voltadas para a produção de alimentos e matéria-prima para abastecer o mercado interno do país. Já em países subdesenvolvidos, principalmente da América Latina e da África, em virtude de sua herança colonial em que predominavam as plantations (grandes propriedades rurais que produziam monoculturas voltadas para abastecer o mercado internacional), há grandes propriedades rurais, concentradas nas mãos de poucos proprietários, que produzem monoculturas para exportação.
De acordo com o Estatuto da Terra, de 1964, as propriedades rurais brasileiras podem ser divididas em cinco categorias:
Imóvel rural: Qualquer imóvel rural utilizado para a produção agropecuária ou agroindustrial.
Propriedade Familiar (ou Módulo Rural): É o imóvel rural explorado por uma determinada família que absorve toda a mão de obra familiar e consegue garantir o sustento de toda a família.
Minifúndio: São pequenas propriedades rurais, com extensão maior do que as propriedades familiares, geralmente utilizadas na produção alimentar familiar ou coletiva.
Latifúndios: Grandes propriedades rurais voltadas para a produção moderna de monoculturas ou para a especulação imobiliária.
Empresa Rural: São médias e grandes propriedades rurais, de ordem física ou jurídica,voltadas para exploração econômica racional do espaço agrário para desenvolver produtos agropecuários.
A estrutura fundiária brasileira é uma das mais concentradas do mundo. Enquanto os minifúndios representam 70% do total das propriedades rurais e ocupam uma área de cerca de 11% do espaço agrário brasileiro, os latifúndios ocupam cerca de 55% da zona rural do Brasil.
Essa concentração fundiária contribui para o agravamento dos problemas no campo, visto que a maior parte das terras, muitas vezes improdutivas, encontra-se concentrada na mão de poucos proprietários, o que aumenta a quantidade de pessoas sem acesso a terra, intensificando, assim, os conflitos causados pela disputa por terras. Além disso, a grande concentração de terras prejudica também a produção de alimentos, visto que a maior parte deles é produzida em minifúndios. Como a área ocupada pelos latifúndios é maior, a produção nacional e grande parte das políticas públicas relacionadas com o campo estão voltadas para a produção de monoculturas para a exportação, dificultando ainda mais a vida do pequeno produtor, que é o grande responsável pela produção de alimentos no país.
Estrutura Fundiária e os Conflitos de Terra
Alimentar com seus frutos é o que a agricultura brasileira vem fazendo há mais de quatro séculos, infelizmente sem a harmonia sugerida pela letra da bela canção transcrita ao lado.
Como vimos à agricultura brasileira sempre esteve entre as principais atividades econômicas do país. Mas o Brasil não se tornou uma potência agrícola, pois alguns dos maiores problemas sociais brasileiros estão centralizados no campo, como a estrutura fundiária marcada pela concentração de terras, os conflitos pela posse da terra e as relações desiguais de trabalho.
Uma distribuição Irregular de terras
À forma como as propriedades rurais estão distribuídas, segundo suas dimensões, denominamos estrutura fundiária. A principal característica da estrutura fundiária brasileira é o predomínio de grandes propriedades. As origens dessa distribuição desigual de terras em nosso país estão em seu passado colonial. As capitanias hereditárias, que inseriram o Brasil no sistema colonial mercantilista, foram os primeiros latifúndios brasileiros: a colônia foi dividida em quinze grandes lotes entre doze donatários.
A expansão da lavoura açucareira no litoral manteve o latifúndio como uma de suas características, ao lado da monocultura e da escravidão da mão-de-obra africana no sistema de plantation voltado para a exportação. Portanto, a ocupação das terras brasileiras aponta para uma acentuada concentração de terras.
Foi a Lei de Terras, promulgada em 18 de agosto de 1850, que praticamente instituiu a propriedade privada da terra no Brasil, Ao determinar que as terras públicas ou devolutas (ociosas) só poderiam ser adquiridas por meio de compra, essa lei limitou o acesso à posse de terras a quem tivesse recursos para satisfazer essa condição.
Dessa forma, imigrantes europeus recém-chegados, negros libertos e pessoas sem recursos ficaram sem direito às terras livres, que foram compradas por abastados proprietários rurais.
Com o passar do tempo, essa desigual distribuição de terras acabou gerando conflitos cada vez mais violentos e generalizados entre proprietários e não proprietários. As décadas de 1950 e 1960 marcaram o surgimento de organizações que lutavam pêlos direitos dos trabalhadores rurais. Entre elas, podemos citar as ligas camponesas e a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Campo (Contag).
Membros do regime militar (1964-1985), preocupados com o descontentamento social no campo, elaboraram um conjunto de leis para tentar controlar os trabalhadores rurais e acalmar os proprietários de terras. Essa tentativa deu-se através de um projeto de reforma agrária para promover uma distribuição mais igualitária da terra, que resultou no Estatuto da Terra, cujos pontos principais veremos a seguir.
Em 1993, durante o governo do presidente Itamar Franco, a Lei n° 8 629 reafirmou que a terra tem de cumprir uma função social. Foram definidos novos conceitos referentes às dimensões e classificações dos imóveis rurais. Com base no conceito de módulo rural foi utilizado o conceito de módulo fiscal. Segundo o INCRA, Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, vinculado ao Ministério do Desenvolvimento Agrário, entende-se por módulo fiscal a unidade de medida expressa em hectares, fixada para cada região, considerando os seguintes fatores:
- Tipo de exploração predominante no município.
- Renda obtida com a exploração predominante.
- Outras explorações existentes no município que, embora não sejam predominantes, são significativas em função da renda e da área utilizada.
- Conceito de propriedade familiar, O tamanho do módulo fiscal varia de região para região, pois depende de alguns fatores, como as características do clima de cada área ou região.
Ainda, segundo a Lei n° 8 629, ficou assim a classificação dos imóveis rurais quanto ao tamanho:
- Minifúndio. O imóvel rural com área inferior a um módulo fiscal.
- Pequena propriedade. O imóvel rural de área compreendida entre um e quatro módulos fiscais.
- Média propriedade. O imóvel rural de área superior a quatro e até quinze módulos fiscais.
- Grande propriedade. O imóvel rural de área superior a quinze módulos fiscais.
Características da estrutura fundiária brasileira
A análise dos dados expressos nos gráficos abaixo nos mostra as principais características da estrutura fundiária no Brasil.
Existe uma absurda concentração de terras em nosso país, onde poucos latifúndios ocupam a maior parte da área total brasileira e o grande número de minifúndios não chega a ocupar 2% dessa área. Como consequência tem um grave quadro socioeconômico:
- Poucas propriedades rurais (43 956) com 1000 hectares ou mais concentram mais de 50% da área total do país. Geralmente, uma grande concentração fundiária pode gerar terras ociosas e improdutivas porque seus donos aguardam melhores preços para arrendá-las ou vendê-las (estão concentradas nas regiões Norte e Centro-Oeste).
- Muitas propriedades rurais (947 408) não chegam a possuir 2% da área total, inviabilizando, muitas vezes, o plantio de algum produto. A despesa com sementes pode ser maior que o montante obtido com a colheita.
- Êxodo rural como consequência da mecanização em algumas grandes propriedades rurais no Centro-Sul e entre os pequenos proprietários, porque produzem pouco, ficam endividados e não têm capital para investir.
- Aumento do número de desempregados e subempregados que migram para as periferias das cidades e acabam ocupando áreas de mananciais.
E o fato mais grave: o aumento dos conflitos sociais no campo.
Mais de 50% dos conflitos de terra no Brasil ocorrem, respectivamente, nas regiões Nordeste e Norte.
São regiões de grande concentração de propriedades rurais e de imóveis improdutivos, onde muitas vezes a polícia é mal preparada e mal equipada e os latifundiários impõem sua vontade às leis.
Porcentagem da área improdutiva por região
Outro triste exemplo da violência no campo são os assassinatos ocorridos
Entre 1986 e 1996, segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT), o INCRA e o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST).
Soma-se a esse quadro brutal e desumano o uso improdutivo de muitas propriedades rurais que geram o ciclo: êxodo rural – desemprego -violência. A porcentagem dos imóveis improdutivos no Brasil mostra a necessidade urgente de uma política agrícola e de uma reforma agrária que contemple os trabalhadores rurais excluídos.
As relações de trabalho no campo
Geralmente encontramos entre os trabalhadores rurais brasileiros baixos indicadores socioeconômicos, como elevada natalidade, elevado analfabetismo, pequena qualificação profissional e baixa remuneração. Além disso, eles sofrem com a falta de cumprimento da legislação trabalhista por parte de alguns patrões e o elevado número de acidentes com ferramentas, como facões. Quanto mais distantes das principais cidades e capitais, mais tensas sãoas relações sociais no campo.
O trabalho assalariado temporário é a forma predominante no Brasil. O predomínio do trabalho assalariado é consequência do processo capitalista (capitalização da atividade agrícola) que, por um lado, aumenta a produtividade rural (máquinas, irrigação, sementes selecionadas) e, por outro, dispensa o trabalhador residente ou permanente (aumento do número de assalariados). Tivemos no Brasil uma grande redução das modalidades tradicionais de trabalhadores rurais (permanentes, residentes, colonos e parceiros) e o aumento de trabalhadores temporários sem vínculo empregatício. Geralmente, eles recebem no fim do dia pelo serviço prestado, trabalhando no plantio ou na colheita de cana-de-açúcar, laranja ou café. Moram na periferia das cidades onde os aluguéis são menores. Recebem a denominação de peões na região Norte, corumbás, nas regiões Centro-Oeste e Nordeste e boias - frias nas regiões Sul e Sudeste.
Outras formas de trabalho no campo
Trabalho familiar. Realizado geralmente nas pequenas e médias propriedades rurais de subsistência. A falta de capital para investir na lavoura e as secas periódicas têm aumentado o número de trabalhadores familiares que abandonam o campo e migram para as periferias das cidades, onde se tornam trabalhadores temporários. Uma exceção entre os trabalhadores familiares é encontrada nas áreas vizinhas dos grandes centros urbanos (cinturões verdes) porque consegue vender sua produção para os centros de abastecimento, redes de supermercados, feiras livres e até em carros ou caminhões que percorrem as ruas dessas cidades.
Arrendamento. Forma de utilização da terra destinada ao cultivo ou à pastagem, que o proprietário arrenda (aluga) a quem tem capital para explorá-la. E comum no interior de São Paulo um grande proprietário arrendar propriedades menores vizinhas para o cultivo da cana-de-açúcar.
Parceria. Forma de utilização da terra em que o proprietário dispõe de sua terra para um terceiro (o parceiro) que a cultiva. Em troca, o parceiro entrega ao proprietário parte de sua colheita.
A forma de obter a propriedade da terra fez surgir duas figuras que estão frequentemente envolvidas nos conflitos pela terra: o posseiro e o grileiro.
Posseiro. Indivíduo que tem a posse da terra e nela trabalha sem, porém, possuir o título de propriedade.
Grileiro. Pessoa que toma posse da terra de outros, usando para isso falsas escrituras de propriedade.
O peão, trabalhador volante mais recente que o boia fria, é muito utilizado nas regiões de fronteiras agrícolas, sobretudo em projetos agropecuários da Amazônia. É "contratado" por um intermediário (gato) para trabalhar em regiões distantes, com promessas de salários, alojamento e alimentação.
Quando recebe o pagamento, aparecem os "descontos": custos de transporte, alimentação, hospedagem, etc., quase nada restando do seu salário, chegando, às vezes, a ficar devendo. Muitas vezes jagunços e pistoleiros são contratados para evitar a fuga de trabalhadores, reproduzindo uma situação de escravidão (peonagem).
A ESTRUTURA FUNDIÁRIA BRASILEIRA 
A estrutura fundiária brasileira é historicamente concentrada. E isso significa que, tradicionalmente, poucas pessoas são donas de vastas extensões de terras enquanto a maioria da população não possui terras no Brasil.
Desde o início da colonização a implantação dos regimes de capitanias hereditárias e de sesmarias transferiu a posse de imensos latifúndios para os benfeitores da coroa portuguesa. O controle dessas terras por parte dessa elite latifundiária baseou-se na expropriação de nativos indígenas e no estabelecimento de plantations, um sistema agrícola monocultor, escravista e voltado para exportações praticado nesses latifúndios.
Com a proclamação da independência, em 1822, foi extinto o sistema de sesmarias permitindo a proliferação do mecanismo de posse e o aumento da violência no campo embasada na disputa por terras travada pelos latifundiários através de seus homens armados. Nesse contexto, ainda com a escravidão em vigor, à luta pela terra se travava, então, numa camada social elevada, a dos grandes proprietários de terras.  
Para evitar a expansão desses conflitos entre grandes posseiros, o Império aprovou, em 18 de setembro de 1850, a Lei de Terras, regulamentada em 30 de janeiro de 1854, que restringia o acesso a terra pela compra. Excetuavam-se as terras dentro da faixa de 10 léguas dos limites do império, que poderiam ser doadas pelo governo, o que muito foi feito para fins de ocupação do interior e garantia de posse no caso de contestações futuras dos países vizinhos.
Mesmo com o fim da escravidão e a proclamação da república, os grandes latifundiários mantiveram grande poder político, o que impediu os avanços de qualquer discussão sobre a distribuição de terras. Somente nos anos 1950 e 60, em meio ao processo de modernização do Brasil nas cidades e nos campos, que a discussão sobre a reforma agrária ganha força a partir das reivindicações das ligas camponesas, nascidas no Nordeste. As ligas camponesas pediam reforma agrária “na lei ou na marra”, mas sucumbiram diante da repressão do regime militar. 
Os militares aprovaram o Estatuto da Terra (Lei nº 4.504, de 30 de novembro de 1964). Através dele foi criado o conceito de “Módulo Rural”, baseado na noção de “propriedade familiar”, definida como unidade de medida, expressa em hectare, que busca refletir a interdependência entre a dimensão, a situação geográfica do imóvel rural, a forma e as condições do seu aproveitamento econômico. Todos teriam direito a terra, mas, na prática, a reforma agrária não prosperou. 
Em 1979, a Lei nº 6.746, de 10 de dezembro daquele ano, altera o Estatuto da Terra determinando que a cobrança de impostos seja feita com base no número de Módulos Fiscais de cada propriedade. E define que o tamanho dos módulos fiscais é determinado por cada município em função do tipo de exploração predominante; da renda obtida na exploração predominante; de outras explorações existentes no Município que, embora não predominantes, sejam expressivas em função da renda ou da área utilizada; e no conceito de propriedade familiar. 
Esse conceito de Módulo Fiscal é importante, pois, com a Lei 8.629, de 25 de fevereiro de 1993, ele tornou-se referência para a classificação das propriedades rurais em quatro tipos, quais sejam: 
1 – Minifúndio: imóvel rural de área inferior a 1 (um) módulo rural; (Decreto n.º 55.891 de 31 de março de 1965 em seu art. 13, I, c/c o art. 6º, II); 
2 – Pequena Propriedade: imóvel rural de área compreendida entre 1 (um) e 4 (quatro) módulos fiscais; 
3 – Média Propriedade: imóvel rural de área compreendida entre 4 (quatro) e 15 (quinze) módulos fiscais; 
4 – Grande Propriedade: imóvel rural de área superior a 15 (quinze) módulos fiscais. 
O processo de redemocratização foi importante para a retomada das lutas camponesas por reforma agrária. Sendo assim, em 1984, muitos camponeses reuniram-se em Cascavel, no Paraná, onde organizou a criação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, o MST. Desde então esse tem sido o principal movimento social em luta por reforma agrária no Brasil. De inspiração marxista e cristã-progressista, o MST nasce com o apoio da Pastoral da Terra.
Não obstante os muitos avanços legais e institucionais que concorrem para uma estrutura fundiária mais justa e menos concentrada, os conflitos no campo seguem intensos e marcados por alto nível de violência. Diversos atores sociais entre os quais os latifundiários, posseiros, grileiros, madeireiros, garimpeiros, extrativistas, indígenas e quilombolas, seguem protagonizando disputas mortais pelo controle da terra. Chamou bastante atenção o genocídio dos índios Guarani Kaiowá, no Mato Grosso do Sul, praticado por membros da agroindústria canavieira. 
Desde o início da política de assentamentos da reforma agrária, mais de um milhão e duzentas mil famílias já foram assentadas. Contudo, a terra não basta. Essas famílias precisam de assistência técnica, comerciale financeira para que sua produção possa viabilizar aquilo que o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, o INCRA, preconiza como sua função primordial: o desenvolvimento de um campo com justiça social, produção de alimentos, trabalho, renda, cidadania e sustentabilidade econômica e ambiental. O desafio ainda é grande e os trabalhadores continuam na luta. 
Quando pensamos em urbanização, a primeira relação que nós procuramos estabelecer é com o conceito de cidade, afinal o significado dessa palavra, em latim, é urbs. Mas afinal, o que é uma cidade? Existem diferentes formas de trabalharmos esse conceito, mas podemos definir cidade como sendo a concentração de um grande número de pessoas em uma determinada porção do espaço geográfico, onde nela se estabelecem relações sociais, econômicas e de prestação de serviços.
Podemos definir cidade utilizando dois critérios:
- demográfico-quantitativo
- político-administrativo
De acordo com o critério demográfico-quantitativo, a existência ou não de uma cidade está diretamente relacionado ao número de habitantes que essa possui. Cada país pode estabelecer um número específico para a definição de cidade. Ex: No Canadá, se um território possuir 1.000 habitantes este já pode ser considerado uma cidade. Na França, esse número passa para 2.000 habitantes e na Grécia, 10.000 habitantes.
Já o critério político-administrativo, que é utilizado no Brasil, não leva em consideração um número específico de habitantes, basta que seja sede de um município. Ex: Rio de Janeiro (cidade) possui, aproximadamente, 16 milhões de habitantes e Teresópolis, também no estado do Rio de Janeiro, possui cerca de 296 mil habitantes. Embora tamanha diferença populacional, ambas são consideradas cidades.
Histórico 
As cidades mais antigas teriam surgido a cerca de seis mil anos, ao logo dos vales dos rios Tigres e Eufrates, Nilo e Indo. Nessa época, as cidades já possuíam certa importância política, econômica e social, porém, só será a partir do século XVIII que o processo de urbanização terá início. 
O processo de urbanização está diretamente relacionado ao aumento da população urbana em relação à população rural. Portanto, quando a população de um determinado lugar supera os 50% do total de habitantes, dizemos que esse espaço é urbanizado.
Por volta de 1800, apenas 3% da população encontrava-se na área urbana. Mas a partir da 1ª Revolução Industrial o deslocamento da população do campo para as cidades em busca de emprego aumentou. Funcionavam como fatores de repulsão da área rural: baixos salários agrícolas, concentração fundiária e mecanização do campo.
Em meados do século XIX, durante a 2ª Revolução Industrial, cerca de 15% da população mundial já se encontrava vivendo em cidades. Nos centros urbanos os fatores de atração não se resumiam ao processo de industrialização, mas também a expansão do setor de serviços.
Atualidade 
Atualmente, mais da metade da população mundial vive em cidades e o modo de vida urbano-industrial foi o principal responsável pelo deslocamento de grande parcela da população das áreas rurais. Nos países da América do Norte e Europa, a urbanização atingiu níveis elevadíssimos. Existem países que ultrapassam os 90% de urbanização, que é o caso da Bélgica, como podemos observar na tabela abaixo. Já na Ásia e África, os níveis de urbanização são muito baixos, pois a maior parte da população ainda vive na área rural, em função da economia desses países ainda estar baseada em atividades do setor primário.
	TAXAS DE URBANIZAÇÃO (%)
	Países desenvolvidos
	Países subdesenvolvidos
	País
	1960 
	1992 
	2000 
	País
	1960 
	1992 
	2000 
	Bélgica
	92 
	97 
	97 
	Cingapura
	100
	100
	100 
	Países Baixos
	85 
	89 
	89 
	Hong Kong
	85
	94
	96
	Alemanha
	76 
	86 
	88 
	Argentina 
	74
	87
	89
	Reino Unido
	86 
	89 
	90 
	Chile 
	68
	84
	85
	Austrália
	81 
	85 
	85 
	Coréia do Sul
	28
	77
	86
	Japão
	63 
	77 
	78 
	Brasil
	45
	76
	81
	Canadá
	69 
	77 
	77 
	México
	51
	74 
	78 
	Estados Unidos
	70 
	76 
	78 
	Malásia
	27 
	51 
	57 
	Rússia 
	54 
	75 
	78 
	África do Sul
	47 
	50 
	53 
	França
	62 
	73 
	73 
	China 
	19 
	28 
	35 
	 Itália
	59 
	67 
	67 
	Índia 
	 18
	26 
	29 
PAÍSES DESENVOLVIDOS E SUBDESENVOLVIDOS 
O processo de urbanização dos países desenvolvidos e subdesenvolvidos apresenta diferenças significativas e que estão diretamente relacionadas ao processo de industrialização.
Nos países desenvolvidos, o processo de industrialização passou por diferentes etapas (1ª, 2ª e 3ª Revoluções Industriais), e foi evoluindo gradativamente. Consequentemente, o processo de urbanização acompanhou esse ritmo de desenvolvimento, fazendo com que milhares de pessoas fossem migrando para as cidades ao longo de todo esse processo. Portanto, podemos concluir que a urbanização nos países desenvolvidos ocorreu de maneira lenta e gradativa, assim como a industrialização, contribuindo para a criação de infraestruturas urbanas. 
Urbanização do mundo 
Já nos países subdesenvolvidos, a urbanização também acompanhou o ritmo da industrialização, porém como esse processo ocorreu em um curto espaço de tempo, foi possível perceber que a urbanização ocorreu de maneira rápida e desordenada. Sendo assim, as cidades que ao receberem grandes fluxos migratórios, não se encontravam preparadas para o rápido crescimento urbano, o que causou a formação de espaços segregados. As favelas são uma característica marcante desses espaços, onde se observa a reduzida oferta de água encanada, rede de esgoto e pavimentação de vias.
Outros problemas encontrados nas cidades dos países subdesenvolvidos são: os elevados índices de desemprego; aumento da violência urbana e da economia informal.
Nos últimos anos, temos observado uma mudança no perfil das cidades com maiores concentrações urbanas no mundo. De acordo com a tabela abaixo, durante a década de 1970, as maiores concentrações populacionais encontravam-se em cidades de países desenvolvidos. Das dez maiores concentrações urbanas seis localizavam-se em cidades do Estados Unidos, Europa e Japão. Atualmente, essa realidade mudou. Nas projeções feitas para 2015, das dez maiores cidades do mundo, em termos populacionais, oito estarão localizadas em países da África e Ásia.
	Maiores concentrações urbanas 1970 e 2015 (População - em milhões) 
	1970 
	2015     
	1
	Tókio, Japão 
	16,5
	1
	Mumbai, Índia 
	28,2 
	2
	Nova York, Estados Unidos.
	16,2
	2
	Tóquio, Japão
	26,4
	3
	Xangai, China
	11,2
	3
	Lagos, Nigéria
	23,2 
	4
	Osaka, Japão
	9,4
	4
	Daca, Bangladesh
	23,0
	5
	Cidade do México, México.
	9,1
	5
	São Paulo, Brasil.
	20,4 
	6
	Londres, Inglaterra
	8,6
	6
	Karachi, Paquistão
	19,8
	7
	Paris, França
	8,5
	7
	Cidade do México, México.
	19,2
	8
	Buenos Aires, Argentina.
	8,4
	8
	Nova Delhi, Índia.
	17,8 
	9
	Los Angeles, Estados Unidos.
	8,4
	9
	Nova York, Estados Unidos.
	17,4
	10
	Pequim, China
	8,1
	10 
	Jacarta, Indonésia
	17,3
	Fonte: Martin B. Brockerhoff, An Urbanizing World. (Population Reference Bureau, Washington, DC, 2000) apud Deool 
O Processo de Urbanização
Uma cidade nasce a partir do momento em que um determinado número de pessoas se instala numa certa região através de um processo denominado de urbanização. Diversos fatores são determinantes na formação das cidades, tais como a industrialização, o crescimento demográfico, etc…
Cidade
As primeiras cidades surgiram na Mesopotâmia (atual Iraque), depois vieram às cidades do Vale Nilo, do Indo, da região mediterrânea e Europa e, finalmente, as cidades da China e do Novo Mundo.
Embora as primeiras cidades tenham aparecido há mais de 3.500 anos A.C., o processo de urbanização moderno teve início no século XVIII, em conseqüência da Revolução Industrial, desencadeada primeiro na Europa e, a seguir, nas demais áreas de desenvolvimento do mundo atual. No casodo Terceiro Mundo, a urbanização é um fato bem recente. Hoje, quase metade da população mundial vive em cidades, e a tendência é aumentar cada vez mais.
A cidade subordinou o campo e estabeleceu uma divisão de trabalho segundo a qual cabe a ele fornecer alimentos e matérias-primas a ela, recebendo em troca produtos industrializados, tecnologia etc. Mas o fato de o campo ser subordinado à cidade não quer dizer que ele perdeu sua importância, pois não podemos deixar de levar em conta que:
Por não ser autossuficiente, a sobrevivência da cidade depende do campo;
Quanto maior a urbanização maior a dependência da cidade em relação ao campo no tocante à necessidade de alimentos e matérias-primas agrícolas.
Como uma cidade se forma: A urbanização
Fenômeno ao mesmo tempo demográfico e social, a urbanização é uma das mais poderosas manifestações das relações econômicas e do modo de vida vigentes numa comunidade em dado momento histórico.
Urbanização é o processo mediante o qual uma população se instala e multiplica numa área dada, que aos poucos se estrutura como cidade. Fenômenos como a industrialização e o crescimento demográfico são determinantes na formação das cidades, que resultam, no entanto da integração de diversas dimensões sociais, econômicas, culturais e psicossociais em que se desempenham papéis relevantes às condições políticas da nação.
O conceito de cidade muda segundo o contexto histórico e geográfico, mas o critério demográfico é o mais usualmente empregado. A Organização das Nações Unidas (ONU) recomenda que os países considerem urbanos os lugares em que se concentrem mais de vinte mil habitantes. As nações, porém, organizam suas estatísticas com base em muitos e diferentes padrões. Os Estados Unidos, por exemplo, identificam como “centro urbano” qualquer localidade onde vivam mais de 2.500 pessoas. O processo de urbanização, no entanto, não se limita à concentração demográfica ou à construção de elementos visíveis sobre o solo, mas inclui o surgimento de novas relações econômicas e de uma identidade urbana peculiar que se traduz em estilos de vida próprios.
Para avaliar a taxa de urbanização de um país utilizam-se três variáveis: o percentual da população que vive nas cidades de mais de vinte mil habitantes; o percentual da população que vive em cidades de mais de cem mil habitantes; e o percentual da população urbana classificada como tal segundo o critério oficial do país. A taxa de urbanização também pode ser expressa mediante a aplicação da noção de densidade, isto é, o número de cidades de mais de cem mil habitantes comparado à densidade demográfica total. Com esse método é possível comparar entre si regiões e países.
Existe estreita correlação entre os processos de urbanização, industrialização e crescimento demográfico. A cidade pré-industrial caracteriza-se pela simplicidade das estruturas urbanas, economia artesanal organizada em base familiar e dimensões restritas. Sob o impacto da industrialização, modificam-se em quantidade e qualidade as atividades econômicas, acelera-se a expansão urbana e aumenta a concentração demográfica. As antigas estruturas sociais e econômicas desaparecem e surge uma nova ordem, que passa a ser característica das cidades industriais. Nesse primeiro período, a indústria pesada e concentrada, grande consumidora de mão-de-obra, atrai para os novos centros contingentes populacionais que exercem sobre as estruturas de serviço existentes demandas que não podem ser atendidas.
Com a continuidade do processo de urbanização, a cidade se transforma de diversas formas: setores urbanos se especializam; as vias de comunicação se tornam mais racionais; criam-se novos órgãos administrativos; implantam-se indústrias gradativamente na periferia do núcleo urbano original e modificam-lhe a feição; classes médias e operárias que, pela limitação da oferta existente em habitação, passam a alojar-se em subúrbios e mesmo em favelas; e, sobretudo, a cidade deixa de ser uma entidade espacial bem delimitada.
A expansão industrial se acompanha de acelerado desenvolvimento do comércio e do setor de serviços, e de importante redução da população agrícola ativa. O crescimento das cidades passa a ser, ao mesmo tempo, conseqüência e causa dessa evolução. A indústria, mecanizada, passa a consumir mão-de-obra.
Mais reduzido e especializado. As atividades terciárias tomam seu lugar como motores de crescimento urbano e, em conseqüência, do processo de urbanização.
Urbanização contemporânea
As características essenciais da urbanização contemporânea são sua velocidade e generalização, o que acarreta grande sobrecarga para a rede de serviços públicos, acentua os contrastes entre zonas urbana e rural e aprofunda as insuficiências econômicas de produção, distribuição e consumo. Os sistemas de produção chegam a um ponto de estrangulamento, enquanto as necessidades de consumo passam por intensa vitalização. O somatório de todos esses fatores acaba por produzir um estado de desequilíbrio.
Em função do congestionamento, a cidade tende a expandir seus limites e nascem assim bairros, subúrbios e a periferia, que podem dar origem a novas cidades. A urbanização estendida a uma grande área circundante origina uma nova morfologia urbana, na qual se distinguem regiões diversas: zona urbanizada, isto é, conjunto ininterrupto de habitações; zona metropolitana, que engloba o núcleo central e seus arredores; megalópole, resultado da fusão de várias zonas metropolitanas; cidades novas e cidades-satélites. Independentemente da forma que assume, o processo de urbanização apresenta sempre uma hierarquia, isto é, cidades de tamanhos diferentes e com funções diversas: capitais, descanso, turismo, industriais e outras.
Qualquer que seja sua função, a cidade não é apenas uma unidade de produção e consumo, caracterizada por suas dimensões, densidade e congestionamento.
Representa também uma força social, uma variável independente no interior de um processo mais amplo capaz de exercer as mais variadas influências sobre a população e cuja principal conseqüência é o surgimento de uma cultura urbana. No plano material, essa cultura cria um meio técnico e inúmeras exigências concretas: água, esgotos e serviços em geral. No plano psicossocial, manifesta-se pelo aparecimento de uma nova personalidade.
A deterioração do meio urbano é uma das conseqüências mais evidentes da rapidez com que se processa a urbanização. Em decorrência, esse meio apresentasse incompleto e imperfeito: favelas, habitações deterioradas, zonas a renovar e recuperar, superposição de funções e outras anomalias. O remanejamento exige mais do que o planejamento material simples: aumento da rede de serviços, ampliação da oferta em habitações e racionalização da ocupação do solo. Torna-se fundamental a criação de novas estruturas, correspondentes à nova realidade.
Conceito de Urbanização
A urbanização resulta fundamentalmente da transferência de pessoas do meio rural (campo) para o meio urbano (cidade). Assim, a idéia de urbanização está intimamente associada à concentração de muitas pessoas em um espaço restrito (a cidade) e na substituição das atividades primárias (agropecuária) por atividades secundárias (indústrias) e terciárias (serviços). Entretanto, por se tratar de um processo, costuma-se conceituar urbanização como sendo “o aumento da população urbana em relação à população rural”, e nesse sentido só ocorre urbanização quando o percentual de aumento da população urbana é superior a da população rural.
A urbanização no mundo
A Inglaterra foi o primeiro país do mundo a se urbanizar (em 1850 já possuía mais de 50% da população urbana), no entanto a urbanização acelerada da maior parte dos países desenvolvidos industrializados só ocorreu a partir da segunda metade do século XIX. Além disso, esses países demoram mais tempo para se tornar urbanizados que a maioria dos atuais países subdesenvolvidos industrializados.
Vemos, então, que, em geral, quanto mais tarde um país se torna industrializado tanto mais rápida é sua urbanização.Observe esses dados:
Em 1900 existiam no mundo dezesseis cidades com população superior a 1 milhão de habitantes. Dessa, somente duas (Pequim e Calcutá) pertenciam ao Terceiro Mundo.
Em 1950 havia vinte cidades no mundo com população superior a 2,5 milhões de habitantes. Dessas, apenas seis (Xangai, Buenos Aires, Calcutá, Bombaim, Cidade do México e Rio de Janeiro) estavam situadas no Terceiro Mundo. Observação: a cidade de São Paulo nem constava dessa lista.
Para o ano 2000, as estimativas mostram que, das 26 aglomerações urbanas com mais de 10 milhões de habitantes, nada menos que vinte delas estarão no Terceiro Mundo. A maior aglomeração urbana mais populosa do mundo será a Cidade do México, com 32 milhões de habitantes, o equivalente à população da Argentina em 1990. São Paulo aparece como a segunda aglomeração urbana, com 26 milhões de habitantes.
Urbanização nos diferentes grupos de países
Considerando-se os vários agrupamentos de países, a situação urbana pode ser simplificada como mostramos a seguir:
Países capitalistas desenvolvidos. A maior parte desses países já atingiu índices bastante elevados e, praticamente, máximos de urbanização. A tendência, portanto, é de estabilização em torno de índices entre 80 e 90%, embora alguns já tenham ultrapassado os 90%.
População urbana em alguns países desenvolvidos industrializados (1989):
Países capitalistas subdesenvolvidos: Nesse grupo, bastante heterogêneo, destacamos:
Subdesenvolvidos industrializados: A recente e rápida industrialização gerou acentuado desequilíbrio das condições e da expectativa de vida entre a cidade e o campo, resultando num rapidíssimo processo de urbanização, porém com conseqüências muito drásticas (subemprego, mendicância, favelas, criminalidade etc.). Isso porque o desenvolvimento dos setores secundário e terciário não acompanhou o ritmo da urbanização, além da total carência de uma firme política de planejamento urbano. Alguns desses países apresentam taxas de urbanização iguais e até superiores às de países desenvolvidos, embora, com raras exceções, a urbanização dos países subdesenvolvidos se apresente em condições extremamente precárias (favelas, cortiços etc.).
Subdesenvolvidos não industrializados: Em virtude do predomínio das atividades primárias, a maior parte desses países apresenta baixos índices de urbanização,
Países socialistas: Os países socialistas são relativamente pouco urbanizados. A razão fundamental está na planificação estatal da economia, que tem permitido ao estado controlar e direcionar os recursos (investimentos), podendo assim exercer maior influência na distribuição geográfica da população. Os índices de população urbana dos países socialistas desenvolvidos são semelhantes aos dos subdesenvolvidos industrializados.
Urbanização no Brasil
O processo de urbanização brasileira começou a partir de 1940, como resultado da modernização econômica e do grande desenvolvimento industrial graças à entrada de capital estrangeiro no país.
As empresas transnacionais preferiram se instalar nas cidades em que a concentração populacional fosse maior e de melhor infraestrutura, dando origem às grandes metrópoles. A industrialização gerou empregos para os profissionais qualificados, expandiu a classe média e o nível de consumo urbano. A cidade transformou-se num padrão de modernidade, gerando o êxodo rural.
A tecnologia e o nível de modernização econômica não estavam adaptados à realidade brasileira.
A migração campo-cidade gerou desemprego e aumento das atividades do setor terciário informal.
O modelo de desenvolvimento econômico e social adotado no Brasil a partir dos anos 50 levou a um processo de metropolização. Ocorrência do fenômeno da conurbação, que constituem as regiões metropolitanas (criadas em 1974 e 1975).
A partir da década de 80 houve o que se chama de desmetropolização, com os índices de crescimento econômico maiores nas cidades médias, havendo assim um processo de desconcentração econômica.
Outras regiões passaram a atrair mais que as regiões metropolitanas, havendo também desconcentração populacional.
Está ocorrendo um declínio da importância das metrópoles na dinâmica social e econômica do país. Um número crescente de cidades passou a pertencer ao conjunto das cidades médias e grandes.
Podemos dizer que o Brasil se modernizou e que a grande maioria da população brasileira, já está de alguma forma integrada aos sistemas de consumo, produção e informação.
Existe hoje uma integração entre o Brasil urbano e o agrário, um absolvendo aspectos do outro. A produção rural incorporou inovações tecnológicas produzidas nas cidades. O Brasil rural tradicional está desaparecendo e sobrevive apenas nas regiões mais pobres.
A produção comercial está cada vez mais voltada para a cidade. A produtividade aumentou e o meio rural integrou-se aos principais mercados nacionais e internacionais.
A implantação de modernos sistemas de transportes e de comunicações reduziu as distâncias e possibilitou a desconcentração das atividades econômicas, que se difundiram por todo o país e hoje são coordenadas a partir de diretrizes produzidas nos grandes centros nacionais e internacionais.
Segundo o modelo informacional, São Paulo é a metrópole mundial brasileira que exerce controle sobre os principais sistemas de comunicação que difundem as inovações por todo o país, através dos meios de comunicação.
Observa-se uma ruptura com a hierarquia urbana tradicional e a formulação de um novo modelo de relações, muito mais complexo e adequado ao quadro social e econômico do Brasil contemporâneo.
Até poucas décadas atrás, o Brasil era um país de economia agrária e população majoritariamente rural.
Hoje, 8 em cada 10 brasileiros vivem em cidades A concentração de pessoas em centros urbanos traz uma série de implicações, sejam elas de ordem social, econômica ou ambiental.
O sentido mais usual, da urbanização, é o de crescimento urbano, ou seja, refere-se à expansão física da cidade, mediante o aumento do número de ruas, praças, moradias, etc. Nesse caso, ela não tem limite, a ponto de unirem-se umas às outras, num fenômeno conhecido por conurbação.
Um outro sentido atribuído à urbanização envolve o crescimento da população das cidades, acontecendo em um ritmo superior ao da população rural.
É na expansão do modo de vida urbano que podemos localizar importantes elementos para a análise do processo de urbanização no momento presente.
A urbanização do século XX foi marcada por importantes características, a começar pelo ritmo bastante acelerado de crescimento das cidades e pela sua abrangência, agora mundial. De fato, as transformações que o capitalismo promoveu em diversas sociedades nacionais contribuíram para que este processo se desencadeasse em diversas nações, mesmo naquelas onde a industrialização não foi representativa, isto é, em diversas áreas do mundo subdesenvolvido. Uma outra característica se refere ao processo de metropolização. De fato, as metrópoles encontram-se generalizadas, embora sua presença seja mais marcante nos EUA, Japão, China, Europa Ocidental e América Latina.
As metrópoles exercem influência em praticamente todo o território nacional, promovendo a difusão de novas formas de vida, além de imprimirem mudanças na organização do espaço geográfico.
Na atualidade, de cada 100 brasileiros, aproximadamente 78 vivem em cidades. Apesar de o ritmo de urbanização estar declinando em nosso país, ainda ocorre transferência de população do meio rural para o meio urbano. Os grandes centros urbanos do Brasil convivem com uma série de problemas, tanto socioculturais como ambientais e econômicos. Os engarrafamentos quilométricos, geradores de fumaça e ruídos que interferem na qualidade de vida; a volumosa produção de lixo, o que exige espaço para o seu depósito e cuidados ecológicos com o seu manejo; a carência de áreas verdes para o lazer e o entretenimento das pessoas; a especulação imobiliária que conduz a ocupações irregulares, muitas delas ocorrendo em áreas de preservação, como os fundosde vales.
Por outro lado, as metrópoles não representam apenas problemas, aparentemente insolúveis. Ao contrário, seu extraordinário dinamismo é gerador de ofertas de trabalho e de negócios, além de concentrador de recursos financeiros e de consumo. Nesse sentido, sua dinâmica também promove soluções para as dificuldades que fazem parte de seu cotidiano.
O termo urbanização tem origem na expressão latina urbi, que significa cidade. Por outro lado, urbi é derivada da palavra suméria Ur, uma das duas primeiras cidades da história, localizada na região da Mesopotâmia e formada por volta do ano de 6000 a.C. Estudos arqueológicos apontam para outra localidade na Mesopotâmia, Uruk, como sendo a primeira cidade notoriamente ‘urbana’. Em torno de 3500 a.C., Uruk já contava com um arranjo estrutural avançado, estimulado pelas atribuições comerciais e o desenvolvimento da escrita cuneiforme.
Mesmo com essa analogia entre o urbano e a cidade, na verdade, a cidade é o local do urbano, pois nem toda cidade é plenamente urbana, por vezes as funções da cidade podem estar relacionadas ao extrativismo e à agropecuária. Uma área urbana tem como preceitos uma grande aglomeração de pessoas vinculadas às relações complexas da industrialização, a circulação de mercadorias, pessoas e os fluxos de capitais. Todas essas características se complementam quando analisamos uma paisagem tipicamente urbana, marcada pelos equipamentos urbanos como prédios, pavimentação, iluminação, obras estruturais e o intenso individualismo que marca a era das metrópoles.
Nesse sentido, a urbanização como nós conhecemos foi iniciada a partir da Revolução Industrial, no século XVIII, a princípio na Inglaterra e depois se espalhando por outras localidades da Europa e nos Estados Unidos. As primeiras fábricas provocaram um grande êxodo rural pela necessidade de absorção de mão de obra e formação de mercados consumidores. Concomitantemente, as máquinas da Revolução Industrial invadiram o campo, mecanizando a lavoura e expulsando os camponeses de suas terras.
O fenômeno urbano chegou acompanhado por uma série de problemas. As primeiras aglomerações urbanas da Inglaterra e da França combinavam poluição atmosférica, falta de saneamento básico e condições precárias de vida para os seus habitantes. Na segunda metade do século XIX, o planejamento urbano nos países ricos considerou todos esses problemas, tornando as áreas urbanas mais adequadas às funções econômicas, mas sem deixar de atender às demandas da sociedade. Em países como o Brasil, a urbanização foi lenta e demorou mais tempo para se concretizar. As funções coloniais adiaram a modernização das cidades brasileiras que estavam limitadas é o fornecimento de matérias-primas, pois a colônia não poderia atingir um nível de organização que se equivalesse ao da metrópole.
Apenas com a difusão da atividade industrial no Brasil, consolidada após a 2ª Guerra Mundial, é que foram definidos os rumos da urbanização brasileira. Isso significa que os países que tiveram um processo de industrialização tardia, como o Brasil, também tiveram uma urbanização tardia e sem planejamento. O êxodo rural iniciado no Brasil na década de 1950 provocou um inchamento das cidades, conhecido nos dias de hoje como a macrocefalia urbana. Tanto que, no ano de 1950, a população urbana brasileira representava um total de 18,8 %. Em 1965, esse percentual alcançou mais de 50 %, tornando o Brasil um país urbano.
Esse retrospecto colaborou para a ocorrência dos desafios urbanos presentes nos países subdesenvolvidos industrializados, como a falta de saneamento básico, enchentes, violência urbana, sistema de transporte ineficiente, carência de moradias, aumento da informalidade e a segregação sócia espacial. A baixa qualidade de vida e as diversas modalidades de poluição e degradação ambiental estão fortemente atreladas ao imaginário de paisagem urbana das grandes cidades do mundo subdesenvolvido.
De acordo com os relatórios oficiais das Nações Unidas, a população mundial passou a ter mais pessoas vivendo nos centros urbanos do que nas áreas rurais no ano de 2008. Atualmente, o urbano corresponde a 52,1 % da população do planeta. Nos países desenvolvidos, essa média é de 77,7%, contra 46,5 % nos países subdesenvolvidos. Segundo o Censo 2010 realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o Brasil possui 84,4 % de sua população de cerca de 190 milhões de habitantes vivendo em áreas consideradas urbanas.
A Urbanização é o processo de transformação de uma sociedade, região ou território de rural para urbano, ou seja, não representa somente o crescimento da população das cidades, mas o aumento dessa em relação aos habitantes do campo. Portanto, quando a população urbana de um determinado local cresce em número maior que a do campo, dizemos que está ocorrendo um processo de urbanização.
É importante ressaltar que, no Brasil, é considerada urbana – segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – aquela sociedade residente em cidades ou distritos com mais de dois mil habitantes.
Há também outro sentido para urbanização, que seria quanto à implementação de infraestruturas em espaços das cidades. Por exemplo: eventualmente, áreas irregulares – como favelas e invasões – emergem no espaço das cidades, porém essas áreas não contam com energia elétrica, saneamento básico e asfalto. Quando tais localidades recebem da prefeitura essas estruturas, dizemos que a área foi urbanizada, ou seja, adquiriu condições mínimas para assumir as características de um espaço urbano.
Em linhas gerais, o processo de urbanização das sociedades costuma ocorrer a partir do que se entende por êxodo rural, que é a transferência em massa da população do campo para as cidades. Esse fator está geralmente associado à industrialização nas cidades e à mecanização do campo, onde o trabalhador camponês é, de certo modo, substituído por maquinários no espaço produtivo.
Historicamente, o primeiro processo de urbanização da humanidade ocorreu na inauguração do período neolítico, quando foram desenvolvidas técnicas de cultivo e exploração dos recursos naturais, permitindo que os seres humanos se organizassem em sociedade, abandonando parcialmente o nomadismo e formando, assim, as primeiras cidades.
Contudo, foi apenas após os processos de industrialização que a cidade começou a ganhar uma maior relevância, sobrepondo-se ao campo em termos econômicos e produtivos. As primeiras urbanizações mais intensas ocorreram nos países de industrialização clássica, hoje considerados desenvolvidos, como a Inglaterra, a França e os Estados Unidos. Atualmente, esse fenômeno está em plena atividade no mundo subdesenvolvido, com a recente industrialização de muitas nações periféricas.
A organização do espaço urbano é algo cada vez mais recorrente nos dias atuais, uma vez que a maior parte das cidades encontra-se em grandes aglomerados populacionais, que transformam o espaço das cidades em uma verdadeira confluência de lugares, paisagens e práticas culturais cotidianas.
O processo de urbanização consiste no crescimento das cidades em comparação com o espaço rural em um determinado território, podendo manifestar-se tanto pelo aumento do espaço físico em si quanto pela elevação e concentração da população. Em algumas abordagens, o conceito de urbanização é entendido como a transformação de um meio rural em um meio urbanizado, que apresenta atividades econômicas e sociais justapostas entre si.
Inicialmente, as cidades que demarcavam o espaço urbano eram predominantemente rurais e dependiam das atividades realizadas no campo para a execução de suas práticas comerciais, em um panorama que ainda pode ser visualizado em países de economia pouco desenvolvida. Com o passar do tempo, sobretudo pelo processo de industrialização das sociedades, as cidades passaram a exercer um papel preponderante sobre o campo, o que contribuiu para o crescimento demográfico no âmbito urbano.
Nesse sentido, o principal fator histórico atrelado ao desenvolvimento da urbanizaçãono mundo foi a Revolução Industrial. A partir de sua realização e de suas posteriores transformações, as sociedades dos diferentes territórios tornaram-se cada vez mais urbanas e menos rurais tanto na economia quanto na demografia. Essa evolução culminou no fato de, em 2010, a população urbana de o planeta ter ultrapassado, pela primeira vez na história, a população do campo, segundo dados divulgados pela Organização das Nações Unidas (ONU).
A urbanização opera a partir de fatores repulsivos e fatores atrativos. Os fatores atrativos são os responsáveis por atrair a população do campo para as cidades, principalmente por meio da oferta de empregos nos setores secundário (indústria) e terciário (comércio e serviços). Já os fatores repulsivos operacionalizam a “expulsão” da população rural para as cidades, fenômeno que ocorre a partir da concentração de terras e também da mecanização das atividades agropecuárias, com a substituição dos trabalhadores pelas máquinas no processo produtivo.
A combinação dos fatores atrativos e repulsivos reverbera na concentração da população nas grandes cidades em virtude do êxodo rural, que nada mais é do que a migração em massa da população do campo para o meio urbano, o que ocorre em um tempo relativamente curto (algumas décadas).
Nos países desenvolvidos, pioneiros no processo de industrialização, a urbanização ocorreu primeiro, tendo se manifestado de forma mais intensa a partir do século XVIII e XIX, formando grandes centros econômicos, a exemplo de Londres, Paris e Nova Iorque. Apenas alguns poucos países centrais experimentaram a urbanização tardia, tais como a Alemanha e o Japão. Nesse sentido, os países considerados centrais caracterizavam-se também por apresentar as maiores aglomerações urbanas do planeta.
No entanto, essa dinâmica inverteu-se e, na maioria dos casos, as maiores cidades em números de habitantes passaram a pertencer a países subdesenvolvidos, pois esses se industrializaram a partir de meados do século XX, o que incluiu o Brasil. Nesses casos, as cidades ainda apresentam muitos problemas sociais – alguns deles vivenciados pelos países desenvolvidos anteriormente –, como a formação de favelas e cortiços e a manifestação de problemas de cunho social e ambiental, a exemplo da segregação sócio-espacial e a formação das ilhas de calor.
Cidade de Buenos Aires, Argentina. A urbanização desse país ocorreu de maneira tardia.
A urbanização é, de toda forma, uma dinâmica mundial da economia capitalista na era moderna e representa, quase sempre, o processo de desenvolvimento econômico das sociedades. Nesse contexto, os principais desafios a serem enfrentados nos espaços urbanos é vencer as contradições sociais geradas pela concentração de renda e democratizar as estruturas para garantir a todos os cidadãos o direito à cidade, conforme já apontara o filósofo Henri Lefebvre.
A urbanização corresponde ao processo de transformação dos espaços rurais em espaços urbanos, com o crescimento das cidades e das práticas inerentes a elas, como as atividades industriais e comerciais. O urbano não se restringe à cidade, mas é principalmente nela que ele se materializa, fato que associa o processo de urbanização ao crescimento das cidades em relação ao campo.
As primeiras cidades surgiram milhares de anos antes da Era Cristã, com destaque para Jericó, Ur, Damasco e, na América do Sul, Tiahuanaco (atualmente território da Bolívia). No entanto, podemos dizer que o processo de urbanização das sociedades propriamente dito ocorreu a partir do início do Capitalismo Comercial, intensificando-se com o passar dos tempos, sobretudo após as revoluções industriais.
Por esse motivo, é possível dizer que a urbanização é a representação da modernidade, pois ela proporciona uma transição social fundamentada no setor primário para os setores industrial, comercial e de serviços. A divisão social e territorial do trabalho tende a intensificar-se à medida que as relações econômicas tornam-se mais complexas. O espaço urbano é, pois, a expressão mais dinâmica do espaço geográfico, pois representa uma aglomerado de práticas culturais, sociais, econômicas e outras em espaços justapostos entre si.
Existem dois principais tipos de fatores que se associam ao processo de urbanização: os fatores atrativos e os fatores repulsivos.
Fatores atrativos: ocorrem pela urbanização causada pela atração da população do campo para as cidades em busca da maior oferta de emprego gerada pela industrialização, além da existência de melhores condições de renda e de vida. O rápido e fácil acesso a produtos, bens de consumo e serviços, como escolas e hospitais, além de uma maior interação cultural, também pode ser listado como um fator atrativo da urbanização.
Fatores repulsivos: ocorrem quando a urbanização acontece pela “expulsão” ou afastamento da população do campo para as cidades, com uma migração em massa que chamamos de êxodo rural ou “migração campo-cidade”. Dentre os fatores repulsivos da urbanização, podemos citar a concentração fundiária (muita terra nas mãos de poucos), os baixos salários do campo, a mecanização das atividades agrícolas com a substituição da mão de obra, entre outros.
Os países desenvolvidos foram os primeiros a urbanizar-se, com a maior presença de fatores atrativos. Com a Revolução Industrial, ao longo do século XVIII, cidades como Londres e Paris transformaram-se em grandes centros urbanos, porém com uma grande carga de problemas sociais e miséria acentuada, questão que só veio a ser atenuada pelas reformas urbanas no século seguinte.
Já os países subdesenvolvidos e emergentes só conheceram uma urbanização mais intensificada a partir de meados do século XX, e muitos territórios ainda estão em fase inicial desse processo. Os principais fatores são os repulsivos, como a mecanização do campo e concentração de terras, além de alguns fatores atrativos, como a industrialização realizada, predominantemente, pela instalação de empresas multinacionais estrangeiras.
Em muitos casos, conheceu-se a formação de grandes centros urbanos chamados de metrópoles, com uma área urbana que abrange o espaço de várias cidades. As principais cidades do mundo, atualmente, são as chamadas cidades globais, com destaque para Nova Iorque, Tóquio, Londres, Berlim e, nos países emergentes, Cidade do México, São Paulo, Rio de Janeiro, Bombaim e Buenos Aires, além de muitos outros exemplos.
A urbanização consiste no processo de desenvolvimento e expansão das cidades em relação ao meio rural. Esse crescimento se estrutura tanto a nível populacional, quanto na relação espacial e também econômica. O que se observa é que à medida que as sociedades se modernizam mais urbanas elas se tornam.
Segundo a Organização das Nações Unidas, pela primeira vez na história da humanidade, a população mundial tornou-se majoritariamente urbana. Em 2010, mais de 50% das pessoas estava vivendo em pequenas, médias ou grandes cidades e não mais no meio rural. No mundo desenvolvido, essa taxa ultrapassa os 75%, de modo que ela também apresenta crescimento no mundo subdesenvolvido ao longo das últimas décadas.
O processo de urbanização é considerado vantajoso no sentido de que é mais fácil oferecer infraestruturas básicas, como redes de transporte, comunicação, energia e saneamento quando toda a população está aglutinada em torno do ambiente das cidades. No entanto, quando a urbanização de um país ocorre de forma muito acelerada e concentrada em poucas cidades, elas não conseguem absorver a grande quantidade de habitantes e passa a evidenciar em seu espaço geográfico as contradições sociais. Assim, emerge o problema da expansão desenfreada das periferias, a formação de favelas e áreas de invasão, entre outros.
Existem dois conjuntos de fatores que condicionam a urbanização pelo mundo: os fatores atrativos e os fatores repulsivos. Os fatores atrativos estão relacionados às condições oferecidas pelas cidades, como empregos, melhores condições de vida, acesso amplo à informação, entre outros. Já os fatores repulsivos estão ligadosaos problemas estruturais do campo que motivam a migração de pessoas para os centros urbanos, como o desemprego estrutural, a concentração fundiária, os conflitos por posse de terras, entre outros.
O marco histórico do processo de urbanização que determinou o crescimento das áreas urbanas de forma significativa, em que a população, em sua maioria concentrada em cidades rurais, migrou para as cidades urbanas é a revolução industrial.
Mas o que seria a urbanização? Muitos confundem a urbanização com o crescimento urbano, também chamado de crescimento das cidades, que consiste na implementação de infraestruturas urbanas como, por exemplo, asfaltamento, construções, saneamento básico e outros. Contudo, a urbanização é definida como o período em que a população urbana cresce mais do que a população do meio rural.
A partir do advento da industrialização, o mundo passou a ter um grande crescimento urbano, necessitando de muita mão de obra, que inicialmente estava no campo, mas esta se transferiu para os centros urbanos, locais onde se encontravam as indústrias e o maior número de empregos. Esse seria o chamado fator atrativo de transformação da sociedade.
Além da oferta de trabalho ter aumentado consideravelmente nas cidades, a revolução industrial foi decisiva para o processo de urbanização, porque, a partir dela, a própria estrutura agrária foi completamente modificada, com a utilização de novas tecnologias e maquinários produzidos por essa indústria, o que proporcionou a mecanização do campo e a diminuição da necessidade de mão de obra.
Com esse novo fator industrial, o êxodo rural, processo de migração do campo para a cidade, aumentou considerável e continuamente, chegando ao ponto de o planeta passar a se tornar um planeta urbano, com a maior parte da população mundial residindo nas cidades. Estes fatores são considerados fatores repulsivos, por se tratarem de situações que serviram para estimular a saída desses trabalhadores do campo. De forma mais precisa, podemos destacar os fatores repulsivos como:
A mecanização e utilização e tecnologias avançadas no campo, que demandou trabalhadores qualificados, mas diminuiu significativamente o quantitativo de empregos mais rudimentares, justamente o tipo de trabalho que mais empregava os trabalhadores rurais.
Aumento dos latifúndios, que exerceram pressão nos pequenos agricultores que não tinham como competir com os grandes proprietários rurais.
Os baixos salários pagos aos trabalhadores.
O crescimento urbano nos países centrais e nos países periféricos
Favela do Santa Marta, no bairro de Botafogo, Rio de Janeiro, exemplo do processo de urbanização brasileiro.
Os países centrais e os países periféricos se diferenciam entre si quando o assunto é a disposição da população nas cidades urbanas.
Nos países centrais o crescimento urbano foi lento e planejado, ou seja, a cidade cresceu ordenadamente levando em consideração as necessidades requeridas (transporte público, abertura de ruas e estradas, saneamento básico, escolas, hospitais…). Além disso, esse grupo de países organizou seu território da seguinte forma, no centro das cidades reside à população pobre e nas periferias a população rica. Isso ocorre, pois se sabe que o número de pessoas ricas é menor do que a população pobre, por isso, concentra-se os últimos nos centros urbanos, pois assim evitam-se grandes deslocamentos haja vista que esta população estará próxima aos postos de trabalho e terá menos gastos com transporte, pois são a que recebe salários menores.
Já nos países pobres o crescimento urbano se deu de forma rápida e desordenada, com a população rica se concentrando no centro das cidades, isso por status, pois é a área mais valorizada, obrigando assim o deslocamento da população pobre em direção ao centro das cidades para trabalhar, pois este grupo reside nas periferias das cidades. Isto desdobra em trânsito caótico e em impactos urbanos como a favelização.
O processo de urbanização do Brasil
A partir da década de 1970 a população urbana se tornou majoritária no Brasil.
No Brasil esse processo se iniciou nos séculos XVII e XVIII, com a descoberta de ouro em Minas Gerais e com o crescimento da pecuária. A descoberta do ouro proporcionou investimentos na cidade e no seu entorno e intenso fluxo de migração. No século XIX, a produção do café foi responsável por manter esse movimento de crescimento do interior, principalmente o interior de São Paulo, e permitiu que novos fatores, como a construção de linhas férreas, portos, entre outros, aumentassem o número de centros urbanos e ofertas de serviços nas cidades.
Com o interesse de aumentar a urbanização por diversas partes do país, a capital que antes ficava no Rio de Janeiro foi transferida para Brasília, pois o deslocamento do poder político do país permitiria um aumento significativo do crescimento urbano nas regiões centrais, com a instalação de indústrias e serviços e um grande contingente de mão de obra para construir uma cidade praticamente do nada. Entre as décadas de 60 e 70, se consolidou essa alteração de característica da sociedade brasileira, passando de uma sociedade majoritariamente rural para uma sociedade urbana.
É preciso destacar que, apesar de ter se tornado uma sociedade urbana, o Brasil sofreu um crescimento desigual, com determinadas regiões se tornando urbanas mais rapidamente do que outras. Nesse processo, a Região Sudeste foi a que mais rapidamente se urbanizou, pelo fato de o Rio de Janeiro ter sido o centro político-administrativo do país, pelo desenvolvimento que Minas Gerais tiveram por causa do ciclo do ouro, e principalmente pelo dinheiro do café, motor da economia brasileira do século XIX até o início do século XX. As demais regiões tiveram sua urbanização de forma tardia, a Região sul por ser bastante ligado à agricultura familiar e policulturas, o Nordeste por causa do grande êxodo rural para as demais regiões, como Sudeste e Centro Oeste, no momento da construção de Brasília, e a região Norte, por se tratar de ser uma região dominada pela Floresta Amazônica e muito distante dos polos econômicos do Sudeste, foi a última região a se tornar majoritariamente urbana.
Principais conceitos urbanos
São Paulo é um exemplo de megacidade contando com um contingente populacional de 11,3 milhões de habitantes segundo o IBGE.
É importante destacar que no processo de urbanização alguns conceitos são importantes para compreendermos os desdobramentos que este fenômeno apresenta a partir do momento em que ele vai crescendo. Dentre os conceitos podemos destacar os seguintes:
 – Metrópoles
São centros urbanos de grandes dimensões, cidades que dispõem dos melhores equipamentos urbanos do país (metrópole nacional) ou de uma região (metrópole regional). As metrópoles exercem grande influência das cidades menores que estão ao seu redor. Exemplos de metrópoles nacionais: Rio de Janeiro, São Paulo, Buenos Aires; exemplos de metrópoles regionais: Recife, Belém, Vancouver.
A partir da década de 50, o crescimento e a multiplicação das metrópoles foi espetacular. Em 1950, por exemplo, só existiam sete cidades com mais de 5 milhões de habitantes, ao passo que em 1990 já existiam dezenas de cidades com mais de 5 milhões de habitantes. Muitas delas se expandiram tanto seus limites que acabaram se encontrando com os limites de outros municípios vizinhos, formando enormes aglomerações chamadas regiões metropolitanas.
– Região metropolitana
Conjunto de municípios limítrofes (muito próximo) e integrados a uma metrópole, com serviços públicos de infraestrutura comuns. A constituição federal de 1988 permite aos governos estaduais o reconhecimento legal de regiões metropolitanas, com o intuito de atribuir planejamento, integração e execução de atividades públicas de interesse comum às cidades que integram essa região.
– Conurbação
É a junção física de duas ou mais cidades próximas em razão de seu crescimento horizontal. Isso ocorre principalmente em regiões mais desenvolvidas, onde geralmente há uma grande rodovia que

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