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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE JANEIRO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÌMICA E MATERIAIS ENG 1301 – ICPOM, 2017.1 P2, turma: 3VC, data: 09/06/2017 Prof. Rogério Navarro C. de Siqueira Nome: N° de Matrícula: 1) a) Descreva o que você entende por um tratamento térmico e discuta se o mesmo poderia ser útil no sentido de se otimizar as propriedades de um material qualquer. b) Em sua opinião, os diagramas de fases poderiam ser considerados imprescindíveis para o adequado planejamento de um tratamento térmico? Justifique. c) Finalmente, ainda sobre os referidos tratamentos, discuta a relevância do controle da taxa de resfriamento tendo em vista as propriedades finais do material (2,5 pontos). a) (1,0) Tratamento térmico consiste em um tipo de processamento físico aplicado aos materiais, que envolve o aquecimento até uma temperatura de interesse com taxa controlada, manter o sistema na temperatura de interesse durante determinado tempo, e depois resfriar a uma taxa igualmente controlada (0,5). Trata-se de um processamento importante na engenharia de materiais visando à introdução de mudanças na microestrutura do material de interesse (0,5). b) (0,5) Os diagramas de fases são fundamentais, pois permitem prever transformações de fase, que afetam a microestrutura final desejada. c) (1,0) A taxa de resfriamento deve ser controlada, pois afeta o tamanho dos grãos formados (0,5), bem como o arranjo microestrutural final (0,5). 2) Considere o sistema Ag - Cu, cujo diagrama de fases se encontra representado na Figura (1). Deseja-se produzir duas peças distintas via fundição, sendo uma constituída por uma liga com 20% de Cu (liga I) e outra com 5% (liga II). a) Com base no diagrama acima, compare as microestruturas esperadas para as ligas I e II no que se refere às seguintes características: natureza mono ou policristalina, tipos de grão presentes e fração mássica de cada grão presente. b) Descreva a evolução microestrutural esperada em cada um dos casos. c) Finalmente, discuta se um tratamento térmico posterior seria recomendável em ambos os casos, e, em caso afirmativo, discuta como este poderia ser implementado (2,5 pontos). Figura 1. Diagrama de fases Ag - Cu. a) (0,5) Ambas são policristalinas (0,1), sendo a microestrutura definida pela presença de dois tipos de grãos, alfa e beta (0,2), sendo a fração mássica de alfa (solução sólida rica em Ag) nas ligas I e II respectivamente iguais a 80% e 95% (0,2). b) (1,0) No caso da liga I, durante o resfriamento a partir da região líquida (fundição), primeiro é esperada a nucleação de grãos de alfa (fase pró eutética), e após se interceptar a isoterma eutética o restante de líquido dá origem a lamelas alternadas de alfa e beta (transformação eutética - L = alfa + beta) (0,5). No caso da liga II, todo o líquido se transforma primeiro em grãos de alfa, e após entrarmos no campo bifásico (alfa + beta), tem-se a nucleação de grãos de beta (0,5). c) (1,0) Sim. Deve-se considerar um tratamento térmico em ambos os casos, dado que durante a fundição não se controla a taxa de resfriamento (0,5). No entanto, somente no caso da liga II isso seria possível, dado que se pode mediante o controle da temperatura, alcançar um campo monofásico (alfa) a partir do qual, mediante o controle da taxa de resfriamento, tem-se a precipitação de beta, ou no interior dos grãos (resfriamento mais lento), ou nos contornos de grão (resfriamento mais rápido) (0,5). 3) a) No que se refere à produção de chapas de aço ao carbono, é possível afirmar que um tratamento térmico posterior à conformação é sempre possível? Em caso negativo, justifique, em caso positivo, descreva as principais etapas inerentes ao referido tratamento. b) Em sua opinião, tal tratamento poderia ser utilizado visando à elevação da dureza da peça? Em caso negativo, justifique, em caso positivo, descreva como. c) Finalmente, ao realizar uma análise da microestrutura final alcançada, em seu entendimento, desvios em relação às previsões do diagrama de fases característico da liga poderiam se fazer presentes? Justifique (2,5 pontos). Figura 2. Diagrama de fases Fe - C. a) (1,0). Sim. Basta realizar um aquecimento até o campo austenítico (somente gama), deixar tempo suficiente para que toda a microestrutura se transforme em grãos de austenita com o tamanho desejado (0,5), e resfriar com a taxa de interesse (0,5). b) (1,0) Sim, mediante o controle da taxa de resfriamento (0,2). Dependendo da taxa pode-se, reduzir o tamanho dos grãos formados (ex. perlita fina ou grosseira) (0,4), formar bainita ao invés de perlita (variantes microestruturais) (0,2), ou ainda através de um resfriamento abrupto induzir a formaçãod e martensita (0,2). c) (0,5) Sim. Dependendo da taxa imposta, pode-se impedir que parte da austenita não se transforme plenamente, ou se transforme em martensita. Em ambos os casos, tem-se desvios do comportamento esperado a partir da análise do diagrama da Figura (2). 4) Deseja-se produzir uma peça de formato complexo de uma liga Ta-Nb com 50% em massa de Nb via metalurgia do pó. Considere que você dispõe de amostras pulverizadas dos metais puros. Figura 2. Diagrama de fases Ta - Nb. a) No que se refere a este processo de fabricação, discuta as principais etapas envolvidas, destacando seus respectivos objetivos. b) Em seguida, descreva o que você entende por temperatura de sinterização, e discuta a relevância do seu controle para o método em questão. c) Finalmente, escolha uma temperatura de sinterização e descreva a evolução microestrutural esperada para o material de interesse durante a execução do processo (2,5 pontos). a) (1,0) Primeiro é necessário aquecer sobre pressão para realizar a sinterização e estimular a formação dos grãos iniciais de interesse (depende de cada liga) (0,5). Em seguida, resfria-se com a taxa de interesse visando induzir mudanças microestruturais específicas (0,5). b) (0,5) Temperatura de sinterização consiste na temperatura a partir da qual se observa uma redução na porosidade da amostra. Como resultado, tem-se a densificação da peça. c) (1,0) Ambas as ligas terão uma microestrutura monofásica (0,2), sendo a composição química dos grãos idênticos à composição global de cada liga (20% de Nb na liga I e 50% de Nb na liga II) (0,3). Como as temperaturas de sinterização são distintas e os tempos de tratamento idênticos, os tamanhos de grão finais serão diferentes, sendo maior na liga I, dado que esta é sinterizada em uma temperatura mais elevada (2700oC) (0,5).
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