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Roteiro de I E D Conceito do Direito Etimologia da palavra UNIVERSO

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Roteiro de Introdução ao Estudo de Direito
Professor Antônio Guerra
EMENTA: Introdução e conceitos fundamentais do Direito.
O Direito e suas grandes dicotomias.
 
Sistemas e subsitemas de controle social;
Comporta indagar se é possível a vida em sociedade sem um sistema de controle social? Parece que a viabilidade da vida social está umbilicalmente condicionada a um determinado sistema de controle social capaz de promover a pacificação entre os homens. 
Na verdade, por mais rudimentar que seja a sociedade sempre precisou para atingir um mínimo de organização social, desenvolver algum tipo de esforço regulatório do comportamento social. Desde a formação das tribos nômades até as sociedade modernas é possível afirmar que sempre existiram formas de controle social, aptos a permitir a sobrevivência dos homens. 
Essa condição de regular a vida social se impõe como necessidade de se evitar a dominação dos mais fortes pelos mais fracos. Necessidade de respeito aos valores, cultura e características individuais de cada membro da coletividade.
No entanto, o Direito, enquanto conjunto sistematizado de normas tendentes a regular a vida em sociedade, é um fenômeno eminentemente social. Isso nos leva a crer, que não é possível imaginar que alguém solitário, como um náufrago, em uma ilha deserta ou um ermitão na floresta, sinta necessidade de desenvolver um sistema de autocontrole organizado. Portanto, é possível concluir que o direito está condicionado à vida em sociedade. Não há Direito onde não há vida social. 
Essa certeza concretiza o que está plasmado na expressão latina: UBI SOCIETAS, IBI JUS (onde está a sociedade, está o direito)
 Todavia, é importante notar, que ao longo da história, foram desenvolvidos diversos sistemas de controle social. Assim, o Direito não é o único sistema organizado e tendente ao controle das sociedades. Há outros meios de regular a vida em sociedade cujas regras são impostas com um nível de respeitabilidade tolerável. 
Nesse sentido, destacamos alguns outros subsistemas, os quais ao lado do Direito compõe um conjunto de normas imperativas à vida social. Destacamos os seguintes subsistemas:
A família e suas regras umbilicais, cujas restrições educacionais representam os primeiros limites aos instintos dos seres humanos.
A moral: Compreende regras de boas maneiras, cortesias, valores introspectivos dos seres humanos, regras de fidelidade, honestidade, amizade. 
A religião: Fundada em dogmas justificado apenas pela fé no sobrenatural, na vida após a morte, nos ensinamentos de fraternidade;
A mídia: Induz a comportamentos ditados apenas pelos meios de comunicação;
A economia: cujas nuanças que permeiam as flutuações do mercado, as leis da oferta e da procura, é capaz de determinar o comportamento social do ponto financeiro.
O Direito, ou o subsistema jurídico, dotado de normas tendentes ao controle social, apanágio que o iguala aos demais subsistemas, porém com força sancionatória plena, o que o distancia dos demais subsistemas. 
Como afirma Lair da Silva Loureiro Filho “como os demais sistemas o Direito é dotado de caráter normativo. Todavia, a sua nota característica reside em sua eficácia sancionatória plena, inafastável e cogente, ao contrário dos demais subsistemas que permitem a sua desconsideração e cuja transgressão (se branda e sem adentrar o campo do ilícito jurídico) não poderá importar a privação da vida, da liberdade, o perdimento de bens e a restrição a direitos.”� 
O direito atua em Ultima Rattio
O subsistema Direito tem, portanto, o poder de impor a conduta de controle social se utilizando da força do estado, ou seja, invocando o poder estatal. Essa imposição sancionatória que diferencia o direito dos demais subsistemas tem, em última análise, o condão de regular a vida em sociedade em ultima rattio, ou seja, quando nenhum outro subsistema é capaz de resolver o conflito instaurado cabe ao direito, com sua força impositiva, determinar qual a solução para o caso concreto. 
Neste sentido pode-se afirmar que o direito é único subsistema normativo dotado de eficácia inexorável, capaz de pacificar os conflitos utilizando-se da força organizada e monopolizada da entidade estatal. 
Etimologia da palavra Direito 
A palavra “direito” tem origem no latim, provém da palavra directus, cuja origem é do particípio passado do verbo dirigere. O termo evoluiu em português da forma "directo" (1277) a "dereyto" (1292) até chegar à grafia atual (documentada no século XIII).
Cosoante Lição e Vitor Frederico Kümpel�, Directum é forma do latin vulgar, lexiogênica das linguas latinas, que significa DE + RECTUM, que significa linha reta ou aquilo que é geometricamente perfeito, projetando nas açãoes humanas um ideal a ser seguido, a ser realizado no plano concreto. Trata-se de metáfora na qual o Direito deve ser uma linha reta, ou seja, conforme a norma. O direito é o que está conforme a lei. 
Na verdade, a palavra faz referência à Deusa romana da justiça, Justitia, que segurava em suas mãos uma balança com fiel. Dizia-se que havia justiça quando o fiel estava absolutamente perpendicular em relação ao solo: DE+ RECTUM.
Acreditava-se que a Deusa Romana Iustitia, a qual segura um fiel, deveria estar de pé durante a exposição do Direito (jus), enquanto o fiel (lingueta da balança indicadora de equilíbrio) deveria ficar no meio, completamente na vertical, direito (directum). A pretensão dos romanos era atingir a prudentia, que representava o equilíbrio entre o abstrato (o ideal) e o concreto (a prática).
Conceito de Direito
O Direito é lei e ordem. Como conjunto de regras sociais tendentes a disciplinar a conduta humana na perspectiva de possibilitar a convivência humana de forma harmônica e com justiça social. Assim, como afirmou magistralmente Miguel Reale: �“quem age de conformidade com essas regras comporta-se direito, quem não faz, age torto.” 
O certo é que nenhuma sociedade jamais poderia existir sem um mínimo de ordem, de deliberação tendente a uma organização mínima de como agir. Aliás, mesmo nas perspectivas das anarquias simbólicas, cujas regras são afastadas do poder de coação do estado, denota-se uma forma de ordenar o comportamento social, embora ao “contrario sensu”, lógico. 
As mais arcaicas formas de vidas, mesmo no período pré-histórico, cuja concepção de sociedade era muito rudimentar, já ensaiavam um esboço de ordem jurídica. Miguel Reale chama atenção que durante milênios o homem viveu ou cumpriu o Direito, sem se propor o problema de seu significado lógico ou moral. É somente num estágio bem maduro da civilização que as regras jurídicas adquirem estrutura e valor próprios, independente de normas religiosas ou costumeiras, é só então que a humanidade passa a considerar o Direito como algo merecedor de estudos autônomos.�
Pois bem, dentro dessa abordagem sobre a necessidade da civilização de estudar e codificar o Direito chega-se a concepção das ciências jurídicas, subdividida em Filosofia do Direito, dentro de uma noção eminentemente em tese. Contudo, quando os postulados da ciência jurídica e da própria filosofia são concretizados em norma jurídica, temos o direito positivo. Essa atividade de sistematização dos princípios, em normas legais, revela o ordenamento jurídico, instrumento legal concreto voltado a assegurar a concepção de estado e a coexistência pacífica dos indivíduos na sociedade.� 
Como afirma Hugo de Brito Machado “o Direito é um sistema de limites ao qual nos submetemos para que seja possível a vida em sociedade.”� Essa concepção de limites individuais impostos pelo Direito acaba por limitar a liberdade de cada um para garantir a liberdade de todos. 
Objetivo do Direito
Portanto, o objetivo maior do Direito é a busca da pacificação social, ou pelo menos, a redução dos conflitos a níveis razoáveis. Limitando o Poder contra o ataque das autoridades à liberdade individual. O Direito viabiliza a preservação de valores fundamentais, se aproximandoda justiça e servindo de instrumento à realização da segurança jurídica.
Como fato social e histórico, o Direito se perfaz sob diversas formas, haja vista a vastidão dos campos de interesses humanos. Isso se reflete essencialmente em distintas estruturas normativas. �Esse conjunto de estruturas é estudado separadamente em distintas disciplinas jurídicas. Advirta-se, contudo, que essa divisão é meramente didática, porque do ponto de vista científico o Direito é uno, no sentido de que esse conjunto de disciplinas que formam a árvore do ordenamento jurídico não estão agrupadas independentemente umas das outras, mas ao contrário, são agrupadas por ligações conceptuais inexoráveis.
A concepção que melhor diferencia o homem racional do animal irracional é a possibilidade de equacionar os seus conflitos optando por soluções justas, ou pelo menos razoáveis. Aliás, essa compreensão de apontar a diferença entre o homem e os demais animais pelo sentido do valor justiça, presente no homem e ausente nos animais é atribuída a Aristóteles quando escreveu “Política”. Na obra “Política”, Aristóteles procurou demonstrar a necessidade que os homens possuem de viver em sociedades na busca de uma melhor situação de vida e a formação de cidades autossuficiente, com a união de pequenos burgos (sociedade primitiva formada por muitas famílias) onde o estado, pela ordem natural, deve ser colocado antes da família e do próprio individuo, sendo a justiça à base dessa sociedade. Essa concepção do homem enquanto animal racional buscou situá-lo como um animal político, capaz de produzir o seu próprio direito, o que sem dúvida o afasta da incoerência dos animais selvagens. 
Em brilhante exposição Hugo de Brito Machado nos brindou com a seguinte passagem:
“em um encontro social na residência de um amigo, um psiquiatra comentou a avaliação pouco lisonjeira que os médicos em geral fazem da psiquiatria, dizendo que um colega seu, não psiquiatra, certa vez lhe perguntou se psiquiatria é mesmo medicina. Ao que respondeu, prontamente: é colega, é exatamente o ramo da medicina que nos permite distingui-la da veterinária.” 
E continuou o mestre cearense, “colho aquela afirmação que aparentemente nada tem a haver com o estudo do Direito, para demonstrar que o Direito é o elemento que os permite distinguir o ser humano dos animais irracionais.”� 
 
Essas inconfundíveis lições nos mostram como o Direito compõe a necessidade dos homens de resolverem seus conflitos de forma racional e pré-estabelecida em situações estudadas dentro de um sistema lógico e coerente, que seja capaz de satisfazer as mais complexas mentes humanas na busca da razão ideal, na busca da moral in concreto, no encontro do ponto de equilíbrio a socorrer o paradoxo da racionalidade humana. 
Significados da Palavra Direito. O Direito e suas Grandes Dicotomias
Diversas acepções são costumeiramente atribuídas a palavra direito. Na linguagem cotidiana é comum a utilização do vocábulo para designar a pessoa que é correta, ou o comportamento de uma pessoa dentro de padrões ou valores tidos como corretos. Também encontramos acepção da palavra para designar uma coisa que está sem defeito algum, ou seja, está direito.
Do ponto de vista jurídico, a palavra revela diversos significados. Dentro desse complexo semântico, se expõe algumas dicotomias� que são dignas de estudos separadamente. Nesse aspecto, se faz necessário a abordagem em referência aos seguintes significados: 
 Direito Objetivo (Como Norma Agendi); 
 Direito Subjetivo (Direito como Facultas Agendi); 
 Direito Civil, Direito Penal, Direto Administrativo; 
 Direito como Sanção; 
Direito Material ou Substantivo e Direito Processual ou Adjetivo ou, ainda, Instrumental. 
Direito Potestativo e Direito a uma prestação; 
Direito Natural e Direito Positivo.
Direito Objetivo (Norma Agendi)
,
Trata-se da expressão objetiva do Direito. É nesse sentido denominada “norma agendi” expressão latina que significa norma de agir, ou seja, o conjunto de determinações estabelecidas, escritas em um documento solene ou não, podendo decorrer de uma seqüencia de precedentes (casos análogos cuja decisão sedimentou-se numa direção única), cuja finalidade é regular a conduta em busca da paz social. O Direito objetivo é sempre norma hipotética, “com previsão dos fatos e um determinado padrão para avaliação destes.”�
Direito Subjetivo (Direito como Facultas Agendi)
Direito Subjetivo é o resultado da incidência da norma sobre determinado fato, essa incidência autoriza que alguém (agente) a ter a faculdade de agir respaldado pela lei, essa é a razão para justificar a expressão latina “facultas agendi”, ou seja, faculdade de agir. Como esclarece Hugo de Brito Machado, “trata-se da faculdade ou permissão que as pessoas têm de se conduzirem de determinada maneira.”�
Hans Kelsem afirma que “o Direito Subjetivo é o resultado da incidência da norma sobre o fato.”� 
Há algumas teorias voltadas a explicar a natureza dos direitos subjetivos, vejamos então as principais:
Teoria da Vontade (Savigny e Windscheid):
De acordo com essa concepção, o direito subjetivo é o poder ou domínio da vontade livre do homem, protegido e conferido pelo ordenamento jurídico, como no caso de um proprietário que deseja alienar um determinado bem. Crítica a essa doutrina encontramos na afirmação segundo a qual os amentais e os incapazes em geral (como delineado no artigo 3º e 4º do Código Civil), também são dotados dos direitos subjetivos, embora não há vontade livre nesses tipos humanos.
Essa teoria não explica, portanto, o direito subjetivo do menor de receber uma herança. Os loucos apesar de não possuírem livre discernimento capaz de demonstrar vontade livre, eles tem direito a uma quantia previdenciária em razão de sua incapacidade. Isso revela, que não obstante a ausência do domínio da vontade livre, alguns incapazes gozam efetivamente de direitos subjetivos, razão suficiente para se afastar a concepção de que o domínio da vontade representa os direitos subjetivos. 
Lembra Maria Helena Deniz� que “o nascituro tem direito à vida, ao nome e à sucessão, embora não possua vontade própria. As pessoas Jurídicas têm direitos, mas não se pode falar, com propriedade, na vontade desses entes.” 
Teoria do Interesse:
Essa teoria, atribuída a Von Jhering�, confere ao direito subjetivo a idéia de interesses juridicamente protegidos. Segundo essa teoria o direito subjetivo seria o resultado da proteção dos conflitos de interesses. Evidente que o convívio em sociedade gera conflitos de interesses. Esses conflitos quando relevantes para o Direito, em face de sua relevância jurídica tonam-se garantidos pelo ordenamento jurídico. Essa proteção que o direito dispensa aos conflitos de interesses seriam o direito subjetivo. Portanto, o direito subjetivo, de acordo com essa teoria, seria o interesse juridicamente protegido. Vale dizer: entre os interesses em conflitos, o direito subjetivo seria aquele interesse protegido pelo direito. 
De acordo com Von Jhering, em toda relação jurídica existe uma forma protetora, uma casca de revestimento e um núcleo protegido. A capa, que reveste o núcleo, é representada pela norma jurídica, ou melhor pela proteção à ação, o que quer dizer pelos aqueles remédios jurídicos que o Estado confere a todos para a defesa de que lhes é próprio.� 
Algumas críticas foram formuladas contra a teoria. A primeira crítica que se formulou contra a cientificidade da teoria procurou demonstrar que nem tudo que realmente interessa, mesmo que esteja sob a égide de uma proteção jurídica, revela qualquer direito subjetivo. Para tanto, basta que se observe as paisagens, as praças, que como lembra Miguel Reale, formam uma expressão da beleza, da própria necessidade de preservação de um meio ambiente saudável, sustentável, direito que hodiernamente encontram-se amplamente amparados pela força normativa da constituição federal e, no entanto, não representam qualquer direito subjetivo.
Ademais,a teoria é acusada de apenas ser aplicada no âmbito do Direito Privado, portanto, a teoria é excessivamente privatista. Tércio Sampaio Ferraz� se pergunta como fica, por exemplo, a situação no Direito Penal, em que o Estado pune o comportamento do delinqüente? Qual o interesse (direito subjetivo) juridicamente protegido que emergiria dessa conduta, o da comunidade? Ou o interesse do delinqüente? Não se pode falar de um interesse protegido de toda a comunidade em contraponto ao interesse do criminoso. A expressão não teria o mesmo sentido daquela situação do interesse subjetivo no âmbito do direito das obrigações civis.
Teoria Eclética:
Uma terceira concepção foi amplamente idealizada por Georg Jellinek, denominada teoria eclética ou mista. De acordo com essa teoria, o conceito de direito subjetivo albergaria esses dois elementos: vontade e interesse. 
Para Georg Jellinek, pai dessa concepção conciliadora ou teoria mista do direito subjetivo, as teorias da vontade e do interesse não são antagônicas, ou seja, o antagonismo é penas aparente, isso porque uma não afasta a outra necessariamente. 
Na verdade, o direito subjetivo tanto é representado pela proteção da vontade, como do interesse juridicamente protegido. Nessa concepção, o direito subjetivo é a conjugação desses dois elementos, vontade e interesse. 
Como afirma Miguel Reale, essa é a concepção mais aceita nos compêndios gerais de Direito. Todavia, há críticas formuladas pela doutrina a citada teoria. Na verdade, é possível identificar as mesmas críticas formuladas as duas primeiras teorias, que aqui vieram acumuladas.
 Mas o que convém fixar é que o direito subjetivo identifica-se com as faculdades inerentes as pessoas para fazer valer seus direitos, seja no nível judicial ou extrajudicial. 
A título de exemplo, vejamos o que nos ensina Sílvio de Sávio Venosa�: 
“Assim, quando afirmo que é proibido importar mercadoria, estou tratando do Direito como 
norma. Quando afirmo que tenho direito de pleitear meu crédito não pago no vencimento no judiciário, estou me referindo ao direito como faculdade.”
Dever Jurídico e Direito Subjetivo 
Não se perca de vista, outrossim, que o dever jurídico também é o resultado da incidência da norma objetiva. Desse ponto de vista, não há diferença entre o dever e um direito, posto que a diferença cinge-se apenas no campo da valoração. Na verdade, tudo que constitui direito subjetivo de alguém corresponde a um dever do outro. 
Como afirma Hugo de Brito Machado�, “diz-se que é um direito quando se quer valorar o efeito positivamente. Quando se gosta daquele efeito, quando nos é agradável. Diz-se que é um dever quando se quer valorar o efeito da norma negativa, como algo que não se gosta. Quem não gosta de trabalhar, diz que o trabalho é um dever. Quem gosta, diz que é um direito. Já o salário é um direito para quem recebe, e um dever para que paga.” 
Direito enquanto disciplina da Ciência Jurídica: Direito Civil, Direito Penal, Direito Constitucional, Direito Administrativo, Direito do Trabalho, Direito Processual, etc.
Nesse sentido a expressão direito designa as diversas disciplinas as quais são condensadas o estudo do direito dogmático ou da Ciência do Direito. Na verdade, são partes que a doutrina costuma subdividir as ciências jurídicas, de modo que a compreensão da ciência torne-se mais didática. 
Convém salientar, que há quem entenda que essas disciplinas possuem um caráter de autonomia científica, de modo que é possível o estudo isolado da Ciência do Direito Cível, da Ciência do Direito Penal, etc. Não ratificamos essa doutrina. Adota-se, neste trabalho, a tese segundo a qual o Direito é Uno, as suas divisões em disciplinas dogmáticas prestam-se apenas para suprir a necessidade de uma separação didática a fim de que o fenômeno jurídico seja compreendido com mais facilidade. Na verdade há uma só Ciência, a Ciência Jurídica, ou Ciência do Direito, cujo objeto de pesquisa se subdivide por razões didáticas em disciplinas sistematizadas por temas correlatos. 
 
Direito como Sanção
A Ciência do Direito é uma ciência do dever ser na medida em que a norma jurídica prescreve uma conduta que deve ser realizada, mas que nem sempre se realiza como está prescrita. Quando o direito se depara com a não obediência aos seus preceitos, ou seja, situação da não prestação aos seus comandos, ele se utiliza de instrumentos sancionais seja para forçar o inadimplente a cumprir com a obrigação, seja para punir a conduta anormal de não observância do preceito normativo, de forma a não verificar-se uma não prestação. Neste sentido, então, o direito equivale a uma sanção, ou seja, o direito pune, age sob coação legal, para impor o seu comando incidindo sobre os sujeitos de determinadas relações jurídicas. 
Direito Processual ou Adjetivo e Direito Material ou Substantivo
Quando as normas estabelecem condutas destinadas a viabilizar a aplicação de outras normas estamos no âmbito do Direito Instrumental. Esse direito instrumental, assim denominado, porque ele é instrumento de que se utiliza o Direito para proporcionar a realização do direito material. Também denominado de direito processual, ou direito adjetivo. 
Esse vasto campo do Direito compõe o conjunto de disciplinas destinadas a efetivar as vias de acesso pela busca da realização do direito substantivo ou material. Assim, temos o Direito Processual Civil tendente a solucionar os conflitos afetos ao direito civil, proporcionando, do ponto de vista formal, os caminhos que se deve trilhar a solução dos conflitos do direito civil. Dentro desse mesmo aspecto pensamos no Direito Penal e sua correlação com o Direto Processual Penal. O Direto do Trabalho e sua correlação com o Direito Processual do Trabalho. 
Observem: Se um determinado empregado deixou de receber de seu empregador os salários, embora existam normas de direito material tratando da garantia irrenunciável desse bem maior do empregado, deverá ele buscar o seu direito subjetivo propondo ação judicial (reclamação trabalhista) perante a Justiça do Trabalho, na Vara do Trabalho competente para tanto. 
Pois bem, o salário é uma garantia do empregado tendo em vista uma previsão de uma norma de direito material do trabalho. Todavia, a reclamação trabalhista que se utilizará o empregado será totalmente regulada pelas normas de direito processual do trabalho, inclusive, na regulação pertinente ao local que deverá distribuir a sua reclamação trabalhista, justiça competente, procedimento de audiências, momento de arrolar provas, etc. tudo regulado por normas de direito adjetivo ou instrumental. É neste sentido que se diz que o direito formal, adjetivo, visa, sobretudo, viabilizar a aplicação de outras normas de direito material. 
É preciso notar que o direito material é o direito em si mesmo considerado, enquanto que o direito adjetivo é o conjunto de normas instrumentais tendentes a viabilizar a aplicação do conteúdo material ou substantivo (direito substantivo). Portanto, nesse sentido é que se diz que o direito instrumental não representa um fim em si mesmo.
Cumpre dizer que as normas de direito material tratam do conteúdo material das relações jurídicas. São elas que ao incidirem num determinado fato proporcionam a faculdade de agir de acordo com os direitos subjetivos pré-estabelecidos nas normas de direito material. Assim quando falamos em Direito Civil, Direito Penal ou Direito Administrativo, estamos falando de normas de direito cuja matéria tratada engloba alguns fatos com reflexos na esfera civil da pessoa, fatos atinentes ao aspecto penal ou de condutas relacionadas à administração pública respectivamente. Essas normas estão pulverizadas em todo o sistema jurídico, irradiando seus reflexos nos mais diversificados temas em que o Direito valorou como relevante. Não se perca de vista que o Direito é um conjunto harmônico de normas predispostas à regular as condutas, às situações, os bens, e restringir liberdades, cujo fim é alcançar a paz social. 
Portanto,o Direito valora fatos e atribui aos mesmos consequências jurídicas. As situações que ocorrem no mundo dos fatos quando relevante para o Direito são previamente delimitadas em hipóteses nas normas jurídicas gerais, que lhes atribuem resultados em forma de obrigações de fazer, não fazer ou deixar de fazer, sanções no âmbito do Direito Penal, etc. Essa trilogia entre fato, valor e norma compõe a teoria tridimensional do direito. Mas o que convém fixar é que as normas de Direito material estão relacionadas ao conteúdo jurídico dos atos jurídicos e administrativos de uma forma geral.�
Direito Potestativo e Direito a uma prestação;
Os direitos potestativos são aqueles que trazem ínsito em sua terminologia a idéia de uma potestade. Essa potestade (poder) nasce da segura concepção segunda a qual toda vez que estivermos diante de um direito que pode ser exercido independentemente da conduta de outra pessoa trata-se de um direito potestativo. 
Assim, são os chamados direitos da personalidade de um modo geral, o direito de revogar uma procuração, o direito de um empregador de demitir o seu empregado. Como Afirma Francisco do Amaral, “Não implica, por outro lado, num determinado comportamento de outrem, nem é suscetível de violação, o direito potestativo não se confunde com o direito subjetivo, porque a este se contrapõe um dever, o que não ocorre com aquele, espécie de poder jurídico a que não corresponde um dever, mas uma sujeição, entendendo-se como tal a necessidade de suportar os efeitos do exercício do direito potestativo”.�
Por seu turno afirma-se que os deireitos prestacionais, ao contrário dos direitos postetativos, implicam sempre para a sua efetivação na contraprestação de outro, ou na doutrina de Hugo de Brito Machado,� “direito a uma prestação é aqule cujo exercício, cuja satisfação, depende sempre da colaboração de outrem.” 
Portanto, o direito do locador de receber os valores acordados no contrato de locação com o inquilino são os aluguéis mensais, que perfazem o que chamamos de direito prestacional. Também tem direito a uma prestação decorrente de uma obrigação de pagar a Fazenda Pública Municipal em relação ao proprietário do imóvel urbano, materializado no Imposto Predial e Territórial Urbano (IPTU), cujo fato gerador decorre de uma norma de direito material. 
Cumpre ressaltar a importância dessa dicotomia direito potestativo X direito prestacionais para efeito de diferenciar os institutos da decadência e da prescrição. Sabe-se que esses institutos são decorrentes do postulado da segurança jurídica e ambos impõem a extinção do direito pelo decurso do tempo. Pois bem, nesta seara, vale lembrar excelente monografia do Professor Agnelo Amorim Filho�, que em memorável trabalho científico demonstrou que a decadência é a perda de um direito potestativo pelo decurso de prazo, enquanto a prescrição está ligada aos direitos prestacionais. Portanto, a decadência atinge o próprio direito, enquanto que a prescrição atinge a ação para propor o direito. 
A tridimensionalidade do Direito
A teoria tridimensional do Direito, imortalizada por Miguel Reale, teve origens nos estudos de Luís Recaséns Siches.� É sua a seguinte passagem:
Como um produto da cultura, o direito é o padrão desenvolvido para a realização de valores. Por essa razão suas três dimensões de valor, padrão, fato-lá estão inextricavelmente ligados "envolvimento em relação essencial." "A lei não é um valor puro, não apenas uma regra com certas características especiais, ou simplesmente um fato social, com notas particular. Lei é um trabalho humano social (feita) de uma maneira normativa para a realização de valores ".� 
Pois bem, de acordo com essa concepção o fenômeno jurídico deve ser visualizado em três planos dimensionais umbilicalmente interligados, a saber:
O plano fático revela-se pelo comportamento social do cotidiano, resultado das manifestações da sociedade, revelado pelo mundo fático. Esse é o campo fértil da sociologia jurídica, cujo foco é enxergar a eficácia da norma na sua aplicação fática. A sua concreção social.
O plano axiológico (ou valorativo) Valor social atribuído a norma. É indispensável observar a dialética permanente entre os valores da sociedade que estão em constante mutações e a respectiva evolução normativa com resultado da dinâmica da valoração social. É o plano de sua validade formal. Não é possível imaginar o Direito abstraindo a evolução dos valores sociais, posto que o Direito nada mais é do que fruto da cultura humana, cujos valore são mutantes. Assim, a valoração religiosa, moral, comportamento social, são fatores que influenciam na construção das relações jurídicas.
O plano normativo ou o positivismo jurídico encontra-se limitado a norma posta, resultado exclusivo da imposição do Estado que atua através dos poderes constituídos. Esse plano se impõe de modo inexorável, sob pena de se estabelecer o império da anarquia, ao caos. A presença do Direito, como norma posta, é uma necessidade do primado da segurança jurídica nas relações sociais. 
A Teoria da Tridimensional do Direito foi maturada e amplamente divulgada Pelo jurista Pátrio Miguel Reale, que nas suas lições preliminares do Direito anotou: “onde quer que haja um fenômeno jurídico, há sempre e necessariamente, um fato subjacente (fato econômico, geográfico, demográfico, de ordem técnica, etc.) um valor, que confere determinada significação a esse fato, inclinando ou determinando a ação dos homens no sentido de atingir ou preservar certa finalidade ou objetivo; e, finalmente, uma regra ou norma, que representa a relação ou medida que integra um daqueles elementos ao outro, o fato ao valor; tais elementos ou fatores (fato, valor e norma) não existem separados um dos outros, mas coexistem numa unidade concreta; mais ainda, esses elementos ou fatores não só se exigem reciprocamente, mas atuam como elos de um processo de tal modo que a vida do Direito resulta da interação dinâmica e dialética dos três elementos que integram.”� 
Direito Natural e Direito Positivo.
Consoante lição primorosa de Sílvio de Salvo Venosa�, “o ponto crucial do tema - direito natural e direto positivo- sempre foi decidir entre acatar as leis impostas pelos homens, porque não existiriam outras acima delas, ou entender, por oposto, que existem leis superiores àquelas procedentes da autoridade humana, do governante ou do Estado.” 
Essas duas teses confluem para duas correntes dicotômicas no Direito. Para aqueles que acreditam na existência de um Direito Prévio, anterior ao direito positivado, capaz de fundamentar a própria construção do direito positivo, constituído por princípios morais imutáveis, consagrados ou não pelo direito positivo, de fato há uma jusnaturalismo. Essa doutrina apregoa V.G. que os princípios e as declarações dos direitos do homem trazidos pela ONU são exemplos da codificação do direito natural em âmbito universal. Portanto, o direito à vida, à honra e à liberdade são direitos naturais inatos. Como frisou Silvio de Salvo Venosa “o direito à vida, à honra e à liberdade são decorrentes todos os demais direitos fundamentais, sendo impossível elencá-los exaustivamente”.�
Por seu turno, o jus-positivismo, contrapondo-se a um direito prévio, defende que o direito é apenas aqueles existentes nas leis como fruto da cultura humana, ou seja, nega essa corrente doutrinária a existência de regras metafísicas ou no campo fictício não alcançado pelo direito positivo.
Como lembra Sílvio de Salvo Venosa�, a principal crítica formulada pela corrente positivista ao direito natural reside na concepção de que “o direito natural situa-se exatamente na afirmação de que o direito positivo é verdadeiramente um direito, um conjunto de normas, enquanto o direito natural é um conjunto de ideais de justiça que não podem ser aplicados como lei.”
Enfraquecimento da Dicotomia: Direito Natural e Direito Positivo.
Essa dicotomia deriva do século XVIII, quando o pensamento europeu (humanidade ocidental) começou a compreenderque o Direito não se limita a dogmas sagrados , como até então prevalecia na era medieval, haja vista a forte influência da igreja na sistematização dos ordenamentos jurídicos. Essa era que iniciou-se por volta de 1600 a 1800 – chamada de Direito Racional- influenciado pelo racionalismo, caracteriza-se pela predomínio do Direito como técnica cientifica e moderna de teoria jurídica.
Essas concepções racionalistas implementaram no Direito bases racionais, com princípios lógicos. Em conseqüência o estudo do Direito Natural que até então era decorrente dos dogmas religiosos, passou a ser visto como um conjunto de normas que impunha direitos e deveres da mesma forma que os direito positivos, sem
do que até então um sistema jurídica abstrato, mas aplicável com bases sólidas. Essa compreensão da existência do Direito Natural com um Direito aplicável e desvinculado das concepções religiosas foi o primeiro grande passo para a sua sistematização. 
Nesse contexto de assentamento das idéias racionalistas eclodiram duas grandes revoluções, cujas bandeiras de liberdades foram decisivas para estruturação de uma concepção humanizada do direito. A revolução americana de 1776 e a revolução francesa de 1789 foram patrocinadoras das liberdades dos direitos individuais, de imprensa e organização, produzindo dois grandes documentos históricos que tiveram notável influência na vida política e social dos séculos XIX e XX: a Declaração de Independência de 4 de julho de 1776, e a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, aprovados em 26 de agosto de 1789. Esses documentos condensaram de modo positivo o sistema jurídico até então concebido como Direitos Naturais. 
A par disso, convém dizer, que houve uma proliferação dos direitos fundamentais, que de individuais, foram progredindo para sociais, políticos econômicos, e hoje estão na sua terceira geração. 
Vejamos o quadro a seguir:
 Os Direitos Fundamentais e suas Dimensões. 
 
Primeira geração ou dimensão: liberdade {surgimento após a derrocada do absolutismo e os ideais da revolução francesa}.
 
REPRESENTAM: PRESTAÇÕES NEGATIVAS NAS QUAIS O ESTADO É IMPELIDO A UM NÃO FAZER, SÃO ELAS: DIREITO À VIDA, DIREITO À IGUALDADE, LEGALIDADE, HONRA, INTIMIDADE, DEVIDO PROCESSO LEGAL, INVIOLABILIDADE DO DOMICÍLIO ETC.
Segunda geração ou dimensão: Igualdade {Foi no século XIX, com a revolução industrial e das transformações sociais e econômicas, verificou-se que a ausência plena do Estado era incompatível com o bem estar das pessoas. 	Surgem os direitos econômicos, sociais e culturais}.
Terceira geração ou dimensão: solidariedade {Sociedade de massas, pós-moderna, avanço tecnológicos e científicos, novas preocupações mundiais com a preservação do meio-ambiente e a proteção dos consumidores . São eles → Direitos difusos e coletivos, como aqueles que a todos pertencem e particularmente não pertencem a ninguém, direito a um meio-ambiente sustentável, direito dos consumidores, etc.
NOTE BEM: Cumpre dizer que, modernamente, já se falam em uma quarta dimensão de Direitos, RALACIONADOS AO CAMPO DA ENGENHARIA GENÉTICA, PESQUISAS BIOLÓGICAS QUE PERMITIRÁ AS MANIPULAÇÕES DO PATRIMÔNIO GENÉTICO DE CADA INDIVÍDUO. 
Portanto, essa positivação dos direitos naturais inseridos nos textos constitucionais de quase totalidade das nações, inclusive, com a proliferação dos direitos fundamentais, o que Tércio Sampaio Ferraz denomina de trivialização dos direitos naturais, trivial no sentido de comum, sem relevância dos demais direitos positivos que autorize até uma distinção científica, haja vista a sua inserção como norma positiva e dotada de eficácia no mesmo nível hierárquico que as demais normas constitucionais, acabam por deixar, evidentemente, de fazer sentido da dicotomia até então existente. 
Na opinião de Tércio Sampaio Ferraz�, essa dicotomia entre Direito Natural e Direto Positivo encontra-se enfraquecida, assevera esse autor: “todo o direito passou a ser logicamente redutível a direitos naturais, a noção perdeu força comunicacional, sua relevância foi ficando amortecida e gerou até descrédito. Assim, a distinção entre direito natural (direito à vida, à saúde, à liberdade, etc.) e direito positivo, foi esmaecida pela distinção entre direitos fundamentais constitucionais e demais direitos e, depois, com a trivialização dos DIREITOS NATURAIS, a positivação acabou por conta do raciocínio dogmático sobre o direito natural, confundido com um conjunto de normas naturais- racionais.” 
A Lei e o Precedente Jurídico.
Dois sistemas de Direitos encontram-se disseminados na maioria das nações.
Sistema Romano: originário do antigo império romano, cujo predomínio é o direito legislado, se forma em razão de uma atividade de proliferação de leis sistematizadas dotadas de hipotecidade. Exemplos seriam os Códigos, as leis formalmente publicadas e dentro de um processo legislativo formal, regulado pela constituição federal. A esse sistema chamaremos de “CIVIL LAW”
 O sistema de precedentes (COMMON LAW)�: Sistema de direito cujo vetor são os julgados, decisões prévias em situações análogas que tornam-se fontes de precedentes jurídicos aptos a solucionar os caos concretos, sem necessidade de positivação do direito. Esse sistema conhecido como ango-saxão�, traz como apanágio a escassez das leis, já que há o predomínio são os casos concretos. Como acentua Hugo de Brito Machado, nesse sistema, “a atividade política jurídica desenvolve-se mais intensamente junto aos Juízes e Tribunais, especialmente quando devem estes julgar casos novos, ainda não apreciados e, portanto, sobre os quais não existem precedentes. A atividade jurisdicional é mais política do que técnica”. 
Direito Público e Direito Privado
Do ponto de vista didático é possível estabelecer, em linha de princípio, duas grandes divisões: a) Direito Público e b) Direito Privado. 
Direito Público
Consoante a melhor doutrina sempre que as relações que se referem ao estado e traduzem o predomínio do interesse comunitário compõem o denominado Direito Público. Como adverte Marçal Justem Filho� “o regime de direito público consiste num conjunto de princípios e regras jurídicas que disciplinam poderes, deveres e direitos vinculados diretamente à supremacia e à indisponibilidade dos direitos fundamentais.” Essa concepção de direito público abrange a criação, estruturação e sedimentação de órgãos, funções e regimes jurídicos voltados, sobretudo, à efetivação da plena satisfação do interesse coletivo, planificando situações que envolvem a atuação do estado em face da sociedade. 
Convém lembra que o Direito Público se subdivide em Direito Público Externo e Interno, será externo sempre que reger as relações entre os Estados Soberanos e as correlatas atividades individuais no plano internacional.� 
Consoante esclarecedora lição de Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald� “o Direito Público regula relações jurídicas concernentes à organização e a atividade do Estado (acepção lata) e de seus agregados políticos, bem como, as relações jurídicas travadas entre os cidadãos e essas organizações políticas. Enfim cuida o Direito Público dos interesses diretos ou indiretos do Poder Público.” Portanto, dentro dessa concepção é que afirmamos que o Direito Público quase sempre tem no pólo de um dos lados da relação jurídica a Pessoa Jurídica do Estado, sobretudo considerando que o interesse do Estado seja primário ou secundário converge para o interesse coletivo.
A par disso, convém dizer que nem sempre o estado encontra-se em juízo agindo na qualidade de estado, ou seja, atuando amparado pelo princípio da supremacia do interesse público em relação ao particular, o que lhe confere uma posição de superioridade em relação ao particular. 
Não raro, a pessoa jurídica do estado defende interesse em juízo em pé de igualdade com o particular. A esse titulo confira-se um litígio em que o estado discute a relação decorrente de um empréstimo no mercado financeiro.Nessa situação o Estado encontra-se na situação de um particular atuando na ordem econômica, desvestido de sua condição de Poder Público, de modo que nessa situação, sofrerá a incidência das normas do direito privado. 
Portanto, não basta a presença do Estado para que se perfaça uma relação de Direito Público, mas somente estaremos no campo de abrangência do direito publico quando o ente estatal estiver atuando na condição de Poder Público, porque a natureza jurídica da relação fática relevante para o direito depende do regime jurídico os quais eles se subordinam. Assim o essencial para se delimitar o alcance do Direito Público é a finalidade coletiva derrogatória do interesse individual presente na relação fática regulada pelo direito e ausente nas relações privadas. 
Nesse sentido se afirma que no âmbito do direito público a relação é sempre vertical, posto que a pessoa jurídico do Estado se encontra numa situação de superioridade em relação ao particular, enquanto que no âmbito do direito privado essa relação é tout court, ou seja, relação de direito no sentido próprio e estrito da palavra�, as partes se encontram em pé de igualdade, de modo que a relação estabelecida é representada pelo gráfico horizontal. 
Nelson Saldanha em feliz comparação reporta-se ao “jardim e à praça” como referência aos espaços privados e públicos.� 
 
Dentro desse contexto cumpre anotar que o Direito Público se subdivide em Direito Público Interno e Direito Público Externo ou Direito Internacional. O Direito Público Interno é o que se volta ao Direito Nacional regendo as relações jurídicas que se passam no território de um determinado estado. Destacam-se as seguintes disciplinas no âmbito conceitual do Direito Público Interno: o direito Constitucional, o direito administrativo, o direito tributário, o direito penal, o direito processual ou judiciário seja ele processual civil, trabalhista ou penal, o direito eleitoral, o direito econômico, o direito internacional privado, etc.
 Já o Direito Público Externo ou Direito Internacional, caracteriza-se por regular o interesse da comunidade internacional, onde as partes envolvidas se compõe dos estados soberanos do ponto de vista internacional. 
O Direito Privado
O Direito privado se alicerça na concepção da necessidade de se assegurar a autonomia da vontade, sobretudo na seara dos contratos e do direito pleno a propriedade. Aqui o predomínio dos interesses tutelados são os interesses individuais, particulares entre si ou entre o Estado, mas apenas quando este estiver agindo na qualidade de um particular. Na verdade, como lembra Marçal Justem Filho�, não há dúvida que quanto mais se volta para o passado mais se denota a presença muito mais absoluta dessa autonomia da vontade, a interpretação da autonomia da vontade vem cedendo espaço cada vez mais para o objetivo de se alcançar uma sociedade solidária e fraterna, onde cada uma cede em prol do conjunto da sociedade, permitindo que o homem primeiro pense no coletivo como forma de se alcançar o bem estar individual. Sim porque, não há meios de se alcançar a harmonia dos povos sem cultivar as metas sociais. 
Compre notar, em última análise, que as disciplinas que perfazem predominantemente o nosso Direito Privado podem ser agrupadas na seguinte exposição: Direito Civil, Direito Trabalhista, Direito Empresarial. 
Enfraquecimento da dicotomia Direito Público X Direito Privado: A Publicização do Direito Privado.
Esse fenômeno de intervenção do Estado na ordem privada, controlando e limitando cada vez mais a autonomia da vontade em prol de uma sociedade mais fraterna e justa, sob o império do postulado da indisponibilidade do interesse coletivo e da supremacia do interesse público sobre o privado, vem determinado a inserção nos textos constitucionais de normas de direito publico voltadas a estabelecer princípios gerias que devem nortear a autonomia da vontade, fenômeno esse denominado de publicização do direito. Assim inúmeros exemplos comprovam a acentuada restrição à ordem privada, na medida em que se constitucionaliza cada vez mais princípios até então tidos como absolutos da ordem privada. Lembramos, a título ilustrativo, do direito das obrigações, que hoje tem seu postulado básico no artigo 173, § 4º da CF/88, cujo teor determina que “a lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados, á eliminação da concorrência e o aumento arbitrário dos lucros. O próprio direito de propriedade subordinado a sua função social” (inteligência do artigo 5º, inciso XXIII da CF/88). As diretrizes do direito de família regulado em detalhes pelo artigo 226 e seguintes da nossa Carta Política. 
Nesse compasso, hodiernamente essa grande dicotomia de Direito Privado e Direito Público, para utilizarmos expressão consagrada por Noberto Bobbio, restaram ofuscada, haja vista a recepção em sede constitucional de temas dantes reservado exclusivamente ao domínio do Direito Privado (Direito de Propriedade, Direito de Família, o contrato que deve atender as normas derrogatórias do Direito do Consumidor e sua função social, etc.), de modo que a distinção passou a ser modernamente mais quantitativa do que qualitativa, como magistralmente procurou demonstrar Gustavo Tepedino.�
A professora Maria Helena Diniz, prelecionando sobre a matéria, anotou:
“o direito público era aquele concernente ao estado dos negócios romanos; o direito privado, o que disciplinava os interesses particulares. Esse critério de utilidade ou interesse visado pela norma é falho, porque não se pode afirmar, com segurança, se o interesse protegido é do Estado ou do particular. Há uma correlação, de modo que a norma jurídica que tiver por finalidade a utilidade do indivíduo visa do também a do Estado e vice-versa. (...) em razão disso houve autores que concluíram que o fundamento dessa divisão encontrava-se em interesse preponderante. Assim as normas de direito público seriam as que assegurariam diretamente o interesse da sociedade e indiretamente o do particular; e as de direito privado visariam atender imediatamente o que convém e mediatamente ao poder público. Entretanto esse critério é insatisfatório; Tão interligado estão os interesses que é impossível verificar, com exatidão, qual o que prepondera.”� 
Bom estudo!
� LOUREIRO FILHO, Lair da Silva. Introdução ao Direito. Editora Del Rey, Belo Horizonte, 2009. Página 8.
� KÜMPEL, Vitor F. Introdução ao Estudo do Direito. Editora Método, 2ª Edição, São Paulo, 2009, página 19.
� REALE, Miguel; Lições Preliminares de Direito, Editora Saraiva, 27ª edição, 9ª tiragem, 2010, São Paulo, Página 1.
�
 REALE, Miguel; Lições Preliminares de Direito, Editora Saraiva, 27ª edição, 9ª tiragem, 2010, São Paulo, Página 2.
� Meirelles, Helly Lopes. Direito Administrativo Brasileiro; 35ª Edição, Editora Malheiros. 2009, Pag. 37.
� Machado, Hugo de Brito; Introdução ao Estudo do Direito; Editora Atlas, segunda edição, São Paulo, 2004, página 23. 
� REALE, Miguel; Lições Preliminares de Direito, Editora Saraiva, 27ª edição, 9ª tiragem, 2010, São Paulo, Página 4.
� Machado, Hugo de Brito; Introdução ao Estudo do Direito; Editora Atlas, segunda edição, São Paulo, 2004, página 25.
� Método de classificação em que cada uma das divisões e subdivisões não contém mais de dois termos
� MACHADO, Hugo de Brito. Introdução ao Estudo do Direito. Editora Atlas, 2ª edição, São Paulo, 2004, Página 25.
� MACHADO, Hugo de Brito. Introdução ao Estudo do Direito. Editora Atlas,2ª edição, São Paulo, 2004, Página 25.
� KELSEM, Hans. Teoria Pura do Direito .3ª edição, Tradução de João Baptista Machado. Coimbra, :Armênio Amado , 1974. 
� DINIZ, Maria Helena. Compêndio de Introdução à Ciência do Direito, 22ª edição, editora Saraiva, São Paulo, 2011, página264. 
� Jurista � HYPERLINK "http://pt.wikipedia.org/wiki/Alemanha" \o "Alemanha" �alemão�, nascido em � HYPERLINK "http://pt.wikipedia.org/wiki/Aurich" \o "Aurich" �Aurich�, � HYPERLINK"http://pt.wikipedia.org/wiki/Fr%C3%ADsia" \o "Frísia" �Frísia�, � HYPERLINK "http://pt.wikipedia.org/wiki/22_de_agosto" \o "22 de agosto" �22 de agosto� de � HYPERLINK "http://pt.wikipedia.org/wiki/1818" \o "1818" �1818� — e faleceu em � HYPERLINK "http://pt.wikipedia.org/wiki/Gotinga" \o "Gotinga" �Gotinga�, � HYPERLINK "http://pt.wikipedia.org/wiki/17_de_setembro" \o "17 de setembro" �17 de setembro� de � HYPERLINK "http://pt.wikipedia.org/wiki/1892" \o "1892" �1892�). Ocupa ao lado de � HYPERLINK "http://pt.wikipedia.org/wiki/Friedrich_Karl_von_Savigny" \o "Friedrich Karl von Savigny" �Friedrich Karl von Savigny� lugar ímpar na história do direito alemão, e cuja obra influenciou diversas outras em todo o mundo ocidental.
� REALE, Miguel; Lições Preliminares de Direito, Editora Saraiva, 27ª edição, 9ª tiragem, 2010, São Paulo, Página 252.
� FERRAZ, Tércio Sampaio. Introdução ao Estudo do Direito, Técnica, Decisão e Dominação. 6ª edição, Editora Atlas, São Paulo, 2010. Página 119. 
� VENOSA, Sílvio de Sávio. Introdução ao Estudo do Direito, Primeiras Linhas, Editora Atlas, 3ª Edição, São Paulo, 2010, p.12/13.
� MACHADO, Hugo de Brito. Introdução ao Estudo do Direito. Editora Atlas,2ª edição, São Paulo, 2004, Página 29.
� KELSEN, Teoria Pura do Direito. 3ª edição, Tradução João Baptista Machado, Coimbra, Arménio Amado, 1974, p. 320-321. Apud: MACHADO, Hugo de Brito. Introdução ao Estudo do Direito. Editora Atlas,2ª edição, São Paulo, 2004, Página 33.
 
� AMARAL, Francisco. Direito Civil Brasileiro - Introdução. Rio de Janeiro: Forense, 1991, p. 201-2
� MACHADO, Hugo de Brito. Introdução ao Estudo do Direito. Editora Atlas,2ª edição, São Paulo, 2004, Página 31.
� FILHO, Agnelo Amorim. Critério científico para distinguir a prescrição da decadência e identificar as ações imprescritíveis, Revista Forense, Editora Forense, Rio de Janeiro, v. 193, Jan/ fev de 1961. P. 30/49.
� Jurista e Filósofo que nasceu na Espanha em 1903, onde fez os seus estudos universitários no período compreendido entre 1918 a 1925. Autor de notável programa curricular, foi um apaixonado pela Filosofia do Direito.
� RECASÉNS SICHES, Luís. Introduccion Al Estudo Del Derecho. México:Porrúa, 1972.
 
� � REALE, Miguel; Lições Preliminares de Direito, Editora Saraiva, 27ª edição, 9ª tiragem, 2010, São Paulo, Página 65.
� VENOSA, Sílvio de Sávio. Introdução ao Estudo do Direito, Primeiras Linhas, Editora Atlas, 3ª Edição, São Paulo, 2010, página: 39.
� VENOSA, Sílvio de Sávio. Introdução ao Estudo do Direito, Primeiras Linhas, Editora Atlas, 3ª Edição, São Paulo, 2010, página:51.
� Ibidem , página 47.
� FERRAZ, Tércio Sampaio. Introdução ao Estudo do Direito, Técnica, Decisão e Dominação. 6ª edição, Editora Atlas, São Paulo, 2010. Página 119. 
� "A Common Law, tradução para o português sugere o Direito Comum, provém do direito inglês não escrito que se desenvolveu a partir do século XII. É á lei ' feita pelo juíz': a primeira fonte do direito é a jurisprudência. Elaborados por indução. os conceitos jurídicos emergem e evoluem ao longo do tempo: são construídos pelo amálgama de inúmeros casos que, juntos, delimitam campos de aplicação. A Common Law prevalece no Reino Unido, nos EUA e na maioria dos países da Commonwealth. Influencia mais de 30% da população mundial." (Panorama mundial do direito. O Correio da Unesco 2000;28(1):26.) �  
� Do ponto de vista histórico a denominação anglo-saxão é atribuída aos povos da Dinamarca que invadiriam a Inglaterra.
� Filho, Marçal Justen; Curso de Direito Administrativo, 5ª edição, Editora Saraiva, São Paulo, 2010. Página 48. 
� Meirelles, Helly Lopes. Direito Administrativo Brasileiro; 35ª Edição, Editora Malheiros. 2009, Pag. 38.
� Farias, Cristiano Chaves de e Rosenvald, Nelson; Direito Civil – Teoria Geral; Lumem Juris editora, 7ª edição, Rio de Janeiro , 2008. Página 11.
 
� KELSEN, Hans. Teoria Pura do Direito. 6º edição, Editora Coimbra: Armênio Amado, 1984. Página 378-379.
� Apud: Farias, Cristiano Chaves de e Rosenvald, Nelson; Direito Civil – Teoria Geral; Lumem Juris editora, 7ª edição, Rio de Janeiro , 2008. Página 13.
� Filho, Marçal Justen; Curso de Direito Administrativo, 5ª edição, Editora Saraiva, São Paulo, 2010. Página 48.
� TEPEDINO, Gustavo. Temas de Direito Civil. 2ª edição. Rio de Janeiro, editora Renovar , 2000.
� DINIZ, Maria Helena. Compêndio de Introdução ao Estudo do Direito. 17ª edição. São Paulo Saraiva, 2005. Apud: � LOUREIRO FILHO, Lair da Silva. Introdução ao Direito. Editora Del Rey, Belo Horizonte, 2009. Página 76/77.
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