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História da Biogeografia

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HISTÓRIA DA BIOGEOGRAFIA
(Texto didático de autoria de Maria Eugenia M. Costa Ferreira)
O estudo sistemático dos seres vivos na 
superfície da Terra teve início na Antiguidade 
Clássica, na Grécia; fizeram-se, nesse 
período, compilações de espécies, 
relacionando o crescimento dos vegetais aos 
tipos de clima e também ao relevo.
Na Idade Média, as ciências naturais 
evoluíram muito pouco; o conhecimento era 
de domínio quase exclusivo dos monges, que 
tinham explicações divinas para todos os 
fatos da natureza. Nessa época, a filosofia e 
a teologia desenvolveram-se bastante, mas 
as ciências factuais progrediram muito 
pouco. De importante, há apenas algumas 
listagens de espécies animais e vegetais 
sobretudo de regiões da Europa. 
Na Idade Moderna, entre os séculos 
XVI e XVIII, o descobrimento das terras de 
além-mar (América, África Oriental, Índia e 
Extremo Oriente) incentivaram a pesquisa de 
novas espécies da flora e da fauna, bem 
como os tratados descritivos sobre a 
natureza e o mundo tropical e das terras 
conquistadas. No século XVIII, naturalistas 
franceses abordaram aspectos bioclimáticos, 
que evoluíram para uma abordagem 
ecológica, relacionando o clima e os demais 
elementos do ambiente à capacidade de 
desenvolvimento da flora e da fauna. Lyell 
(1797 a 1875) é o fundador da 
Paleobiogeografia, ao tratar da distribuição 
dos animais no espaço e no tempo, em sua 
correlação com as transformações ocorridas 
na superfície da terra.
No século XIX, os naturalistas 
continuaram descrevendo e classificando 
novas espécies vegetais e animais. Datam 
do início desse século as primeiras divisões 
da flora e da fauna do globo segundo 
grandes zonas, regiões ou biorreinos; para 
tanto, os estudiosos utilizaram-se de fatores 
como as faixas de latitude (Ex.: flora e fauna 
tropical, da zona temperada ou da zona fria) 
ou os blocos continentais (Ex.: flora do Velho 
Mundo, da América do Norte, da América 
Tropical, Australiana).
Humboldt (1769 a 1859) é 
considerado o pai da fitogeografia, ao 
comparar, analisar, correlacionar e procurar 
explicação para a ocorrência dos diferentes 
aspectos fisionômicos da vegetação, nos 
diversos continentes.
Charles Darwin publica em 1859 a 
obra intitulada A origem das espécies, na 
qual traça os fundamentos da evolução 
genética das espécies, da seleção natural e 
da dispersão dos seres vivos. Wallace 
publica em 1876 a obra A distribuição 
geográfica dos animais, importante marco da 
zoogeografia. Seguindo a linha desses dois 
autores, desenvolveram-se bastante os 
estudos ecológicos (Schimper, Warming, 
Haeckel, Moebius, dentre outros), sobretudo 
na Alemanha.
Datam do século XIX os trabalhos de 
compilação, descrição e ilustração de 
espécies do Novo Mundo, elaborados pelos 
naturalistas europeus que visitaram o Brasil. 
Esses viajantes elaboraram grandes 
tratados, nos quais descreviam e ilustravam 
em aquarelas as espécies vegetais e animais 
e os costumes do povo. Também coletaram 
muito material, levado para a Europa. 
Humboldt, Warming, Saint-Hilaire, Von Spix e 
Von Martius percorreram o Brasil, 
catalogando espécies botânicas, efetuando 
classificações sistemáticas, descrevendo 
formações vegetais nativas e secundárias, 
estudando os cerrados, as caatingas, as 
matas equatoriais e tropicais e a vegetação 
do sul do país.
Os estudos fito e zoogeográficos 
regionais elaborados no Brasil prosseguiram, 
já no século XX, com Von Ihering (1907), 
Wettstein (1904), Hoehne (1923), Gentil de 
Moura, Sampaio (1929), Maack (1950, no 
Paraná), Mello Leitão (1945; zoogeografia), 
dentre outros. Na terceira década deste 
século, muitos cientistas - botânicos e 
geógrafos - ligados à Universidade (de São 
Paulo, do Rio de Janeiro) ou aos institutos de 
pesquisa geográfica (CNG), elaboraram 
classificações das formações vegetais 
brasileiras, segundo uma abordagem 
regional (Sampaio - 1930, Ab Sáber - 1932, 
Hueck - 1953, Aroldo de Azevedo, Romariz - 
1964, Dansereau - 1948, Leo Waibel - 1948, 
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Rizzini - 1976); outros se dedicaram a 
pesquisas aprofundadas sobre o cerrado 
(Rawitscher e Ferri - 1944; e posteriormente 
Goodland - 1979 e Coutinho - 1978). 
Os estudos biogeográficos deste 
século (XX) enfatizam os aspectos espaciais, 
dinâmicos, da distribuição, da disseminação 
e da dispersão das espécies vegetais e 
animais. Essa linha desenvolveu-se com 
Mueller (1973), Troll (1941 e 1968) e 
Dansereau (1957 e 1982), dentre outros. Os 
estudos biogeográficos mais recentes 
enfatizam uma abordagem sistêmica, 
visando a compreensão das relações dos 
seres vivos com o seu ambiente. A Geografia 
ambiental evoluiu a partir do cruzamento da 
Geografia física, da Geografia humana e na 
Geografia biológica ou biogeografia.
Nos últimos anos, destacam-se, no 
Brasil, os estudos geográficos de enfoque 
ecológico (Troppmair, Vasconcelos Sobrinho) 
e outros de caráter interdisciplinar, ligados à 
Paleobiogeografia e à manutenção de 
refúgios de espécies (Ab Sáber, Vanzolini). 
De 1972 a 1983 o Projeto RADAM (Radar da 
Amazônia) elaborou cartas temáticas da 
Amazônia e de outras regiões brasileiras, 
com mapeamento (escala 1:250.000) das 
formações vegetais, sua distribuição 
espacial, identificação das principais 
espécies de cada formação e caracterização 
fisionômica, a partir da interpretação de 
imagens de radar. O RADAM criou, também, 
uma nova classificação terminológica das 
formações vegetais do Brasil, baseada em 
critérios fisionômico-ecológicos.
Fonte de pesquisa: TROPPMAIR, H. 
Biogeografia e Meio Ambiente. Rio 
 Claro. 1987.
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