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wg fundamentos da linguistica

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Universidade Braz Cubas - UBC
Mogi das Cruzes/SP
2011
FUNDAMENTOS DA LINGUÍSTICA A
Reitor: Prof. Maurício Chermann
EQUIPE DE PRODUÇÃO CORPORATIVA
Gerência: Adriane Aparecida Carvalho
Orientação Pedagógica: Karen de Campos Shinoda
Coordenação de Produção: Diego de Castro Alvim
Revisão de Textos: Adrielly Rodrigues, Taciana da Paz
Coordenação de Edição/Arte: Michelle Carrete
Diagramação: Claudio Sposi Jr.
Ilustração: Everton Arcanjo
Impressão: Grupo VLS / Jet Cópias
Imagens: Fotolia / Acervo próprio
Os autores dos textos presentes neste material didático assumem total 
responsabilidade sobre os conteúdos e originalidade.
Proibida a reprodução total e/ou parcial.
© Copyright UBC 2011
Av. Francisco Rodrigues Filho, 1233 - Mogilar 
CEP 08773-380 - Mogi das Cruzes - SP
A Braz Cubas
3
A Braz Cubas
Nascida em 1940, na cidade de Mogi das Cruzes, a Braz Cubas, que iniciou suas 
atividades com um pequeno curso preparatório, conta hoje com cerca de 20 mil alu-
nos, entre as modalidades presencial e educação a distância. 
Ao longo desses 75 anos no mercado, a instituição passou por diversas trans-
formações, abrigando, inclusive, cursos de ginásio, nível médio, comércio, até que 
chegou a Faculdade de Direito, em 1965. 
O ensino superior, estimulado pela política da educação, cresceu em todo o 
País e a Braz Cubas, atendendo às exigências e necessidades do mercado, continuou 
a crescer, tanto no aspecto acadêmico, quanto no social, até que em 1985, o Conse-
lho Federal de Educação reconhece a então Federação das Faculdades Braz Cubas 
como Universidade. 
A importante notícia veio valorizar a região de Mogi das Cruzes e premiar uma 
longa carreira de bons serviços prestados à educação brasileira, formando profissio-
nais competentes e capacitados ao mercado de trabalho. 
Missão
Valorizar as pessoas, despertando talentos por meio de uma aprendizagem 
diferente para desenvolver hoje o ser humano para o amanhã.
Visão
Ser reconhecida como uma instituição de Ensino centrada na aprendizagem.
Valores
Cidadania, humanização, sabedoria, humildade e transparência.
Sumário
Sumário 
Apresentação 7
O Professor 9
Introdução 11
1Unidade I
História e Conceitos Básicos da Linguística 13
1.1 História dos primórdios da linguística 14
1.2 Linguagem 16
1.3 Conceitos de linguagem 18
1.4 Língua versus fala 19
1.5 Considerações da unidade I 21
2Unidade II
Conceitos Essenciais Para a Linguística 23
2.1 Linguística e semiótica 24
2.2 Signo linguístico 24
2.3 Arbitrariedade do signo 25
2.4 Para melhor entender a língua em sua relação com o psíquico 26
2.5 Língua / fala 27
2.6 Norma 29
2.7 Considerações da unidade II 32
3Unidade III
Concepções Dicotômicas da Língua: 
Gramática Versus Linguística 33
3.1 Linguística x gramática 34
3.2 O erro 35
3.3 O que é a gramática normativa 37
3.4 Gramática tradicional, prescritiva, normativa 39
3.5 Considerações da unidade III 41
4Unidade IV
Elementos Básicos da Linguística Histórica 43
4.1 História de Roma 44
4.2 Das invasões bárbaras 46
4.3 Das origens e formação da língua portuguesa 47
4.4 Appendix Probi 48
4.5 Línguas românicas 49
4.6 Considerações da unidade IV 50
Referências 51
Apresentação
7
Apresentação
O material em questão tem mera pretensão didática, ou seja, a partir da leitura 
do livro didático de FUNDAMENTOS DA LINGUÍSTICA, você terá uma compreensão 
mais elaborada das aulas apresentadas. Divide-se em:
Unidade I: História e Conceitos Básicos da Linguística; 
Unidade II: Conceitos Essenciais Para da Linguística; 
Unidade III: Concepções Dicotômicas da Língua: Gramática Versus Linguística;
Unidade IV: Elementos Básicos da Linguística Histórica. 
Todas as unidades estão interligadas, assim, é importante que você leia o ma-
terial seguindo a sequência proposta, ou seja, unidade I, unidade II, unidade III e 
unidade IV, respectivamente.
Observe que começamos o conteúdo de nosso livro pela história da Linguística, 
posteriormente, apresentamos conceitos básicos da Linguística: linguagem, língua, 
fala e comunicação, dentre outros conceitos básicos.
Tais conceitos conduzirão, gradativamente, ao conhecimento mais profundo 
das inter-relações: linguística e gramática normativa.
Objetivando o direcionamento para a melhor aprendizagem da LINGUÍSTICA, 
você encontrará neste livro algumas atividades que deverão ser resolvidas e cujas 
respostas encontram-se no gabarito, presente ao final de cada unidade. Depois de 
resolvidos os exercícios e verificadas as respostas, caso persistam dúvidas, enviem-
nas pela PLATAFORMA.
Na plataforma, para complementação da aprendizagem, há outras atividades 
que deverão ser realizadas. Disponibilizamos links sobre algumas questões abor-
dadas nas aulas. Para se obter bom aproveitamento na disciplina de Linguística, é 
indicado que você se empenhe nas realizações das diversas atividades apresentadas.
É importante ressaltarmos que os textos apresentados para elaboração de exer-
cícios foram, no geral, citados na íntegra, pois esperamos inserir o futuro profissional 
de língua e literatura no mundo da LITERATURA. Assim, não deixe de lê-los na integra.
Por fim, temos as teleaulas que estão disponíveis na plataforma, nosso am-
biente virtual de aprendizagem. Elas são importantes, pois mostram os caminhos 
das teorias apresentadas neste livro de LÍNGUA PORTUGUESA: LINGUÍSTICA. 
Apresentação
8
Esperamos que o material em questão, juntamente com todas as outras mí-
dias, contribua para o entendimento de conceitos importantes da LINGUÍSTICA.
Abraços.
O Professor
9
O Professor
Prof. Gerson G. Silva 
Possui habilitação específica do Ensino Médio para 
o Magistério; Bacharel e Licenciado em Letras Clás-
sicas pela Universidade de São Paulo (1989), Mestre 
em Letras (Letras Clássicas: Língua e Literaturas Lati-
nas) pela Universidade de São Paulo (1997) e Doutor 
em Letras (Literatura Portuguesa) pela Universidade 
de São Paulo (2001). Professor da FAG, UBC, FAM e 
Unicastelo. Tem experiência na área de Letras, com 
ênfase em literatura portuguesa, língua e literatura 
greco-romanas, atuando principalmente nos seguin-
tes temas: literatura portuguesa, literatura medieval, 
literatura brasileira e língua portuguesa. Estudioso do 
Grego, Latim, Francês, Italiano, Espanhol e Tupi. 
Introdução
11
Introdução
Começamos um percurso dos estudos linguísticos que pretende ajudá-lo (a) 
a reconhecer com proficiência os conceitos básicos da LINGUÍSTICA e as inter-rela-
ções com a língua nas diversas manifestações sociolinguísticas.
Os estudos linguísticos contribuirão para que você, enquanto profissional, 
possa ter uma visão mais ampla da Língua na relação dicotômica: gramática tradi-
cional versus Linguística.
É importante ressaltarmos que o conhecimento com mais propriedade do 
idioma, na maioria das vezes, representa uma projeção favorável ao seu usuário. 
Quem escreve e fala bem, sem o pedantismo da gramática tradicional, costuma ter 
também as melhores oportunidades no mercado de trabalho.
A Linguística, como diversas outras disciplinas, é importante, pois, na moder-
nidade, conhecer a língua, em suas realizações mais profundas, implica conheci-
mento da Linguística, que chegou para nos mostrar outras concepções e maneiras 
de pensar a Língua, de um modo diferente ao proposto pela gramática tradicional.
Do ponto da sociolinguística, não é possível um entendimento e análise coe-
rentes de um texto, se não compreendermos o processo de construção do mesmo, 
pois “é uma instituição social,ela é parte social e não premeditada da linguagem; o 
indivíduo, por si só, não pode nem criá-la nem modificá-la, trata-se essencialmente 
deum contrato coletivo ao qual temos que nos submeter em bloco se quisermos 
comunicar”.(BARTHES, 2004, p.54)
Esperamos que você possa, a partir dos estudos linguísticos, chegar a uma 
compreensão maior e mais profunda da linguagem e da língua em seus aspectos 
mais profundos.
Unidade 1Concepções Dicotômicas da Língua: Gramática Versus Linguística
13
1Unidade I
História e Conceitos Básicos da Linguística
Objetivos da Unidade:
•	 Ensinar	os	fundamentos	teóricos	e	científicos	da	Ciência	da	Lingua-
gem	para	permitir	a	compreensão	das	contribuições	trazidas	pelas	
pesquisas	em	Linguística	para	a	Língua	Portuguesa;
•	 Apresentar	as	diferentes	possibilidades	de	enfoque	para	a	análise	
linguística;
•	 Desenvolver	a	capacidade	de	observação	e	reflexão	sobre	os	fenô-
menos	da	língua,	pelo	estudo	do	percurso	histórico	de	desenvolvi-
mento	dos	estudos	da	linguagem;
•	 Avaliar	criticamente	a	contribuição	de	cada	um	dos	ramos	da	 lin-
guística	e	aplicar	seus	pressupostos	ao	ensino	da	língua	materna.
Competências e Habilidades da Unidade:
•	 Reflexão	analítica	e	crítica	sobre	os	elementos	formadores	e	articu-
ladores	da	Linguística;
•	 Compreensão	de	termos	especializados	por	meio	dos	quais	se	pode	
discutir	e	transmitir	a	fundamentação	do	conhecimento	da	linguís-
tica;
•	 Conhecimento	e	análise	da	linguística	como	objeto	de	estudo	para	
a	Língua	portuguesa.
Unidade 1 Concepções Dicotômicas da Língua: Gramática Versus Linguística
14
1.1 História dos primórdios da linguística
Ao falarmos da Linguística, é importante iniciarmos nossas discussões com um 
panorama sobre os primórdios, ou seja, sobre os antecedentes que tiveram como 
consequência o surgimento da Linguística
justificar texto 
do quadro
Unidade 1Concepções Dicotômicas da Língua: Gramática Versus Linguística
15
Aristóteles foi o primeiro a pensar a frase em dois momentos: 
sujeito e predicado:
Dando continuidade aos estudos da “Língua”, Dionísio Trace escreveu a primei-
ra gramática do grego.
Unidade 1 Concepções Dicotômicas da Língua: Gramática Versus Linguística
16
 Já na Idade Média, o objeto que será ressaltado, em se tratando do termo 
littera, é a questão do aspecto físico da fala e da morfologia.
Tanto na Idade Média quanto no Renascimento, os estudiosos buscavam en-
tender o significado original da palavra, ou seja, davam continuidade aos estudos eti-
mológicos iniciados por Varrão, gramático romano, que estabeleceu relações entre a 
origem da palavra e seus significados.
Isidoro de Sevilha, gramático, foi um dos primeiros que pensou a gramática do 
ponto de vista da semântica, ou seja, como outros pensadores, percebeu que as for-
mas das palavras não eram tão importantes quanto a questão semântica que mostra 
o verdadeiro significado da palavra.
A partir das descrições de Prisciano, no século 17, estudantes franceses, co-
nhecidos como Port-Royal, escreveram uma gramática nova e “universal” do Francês.
Em meados do século 18, linguistas descobriram que as línguas têm conexões 
e iniciaram estudos das mudanças na língua e das línguas pré-históricas, tal estudo 
pertence à Linguística Histórica. Com o resultado dessas descobertas, análises me-
nos precisas foram abandonadas. 
Em síntese, é lícito dizer que, a partir do momento em que as noções dos con-
ceitos apresentados foram aperfeiçoados, surgiu a Linguística moderna e geral.
1.2 Linguagem 
Segundo Dubois (1988, p.387):
a linguagem é a capacidade específica à espécie humana de co-
municar por meio de um sistema de signos vocais (ou língua), 
que coloca em jogo uma técnica corporal complexa e supõe a 
existência de uma função simbólica e de centros nervosos gene-
ticamente especializados. Esse sistema de signos vocais utilizado 
por um grupo social ( ou comunidade linguística) determinado 
constitui uma língua particular.
Unidade 1Concepções Dicotômicas da Língua: Gramática Versus Linguística
17
Podemos dizer que, genericamente, define-se linguagem como:
No entanto, devemos diferenciar a linguagem humana da linguagem animal.
LINGUAGEM HUMANA LINGUAGEM ANIMAL.
Em se tratando do ser humano, o termo 
é empregado à capacidade humana que 
consiste em associar sons produzidos 
pelo aparelho fonador a um conteúdo sig-
nificativo e utilizar o resultado dessa as-
sociação para a interação verbal. Daí falar 
em linguagem verbal e não verbal.
Nesse sentido, à voz e aos gestos dos 
animais irracionais, pode-se atribuir, 
muitas vezes, um propósito mais ou me-
nos preciso, no entanto, a impossibilida-
de de se elevarem a um trabalho mental 
de “construção representativa” diante 
do mundo exterior e interior diferencia 
os animais irracionais dos racionais. 
É importante ressaltarmos que, para ha-
ver linguagem, é preciso uma atividade 
mental tanto no ponto de partida quanto 
no ponto de chegada. É necessário que 
o manifestante tenha tido a intenção de 
manifestar-se, ou seja, comunicar algo.
Em se tratando da “linguagem” dos ani-
mais, devemos ser cautelosos ao afir-
marmos que os animais são possuidores 
de uma “linguagem”. Mattoso Câmara 
(CÂMARA,1977: 44) observa que as abe-
lhas compreendem uma mensagem com 
muitos dados e retêm na memória infor-
mações sobre a posição e a distância; a 
mensagem que produzem simbolizam 
(representando convencionalmente) da-
dos por meio de comportamentos somá-
ticos. Assim, entre elas há UM SIMBOLIS-
MO, cujo conteúdo é o alimento. Pode-se 
dizer, então, que a comunicação entre as 
abelhas não É UMA LINGUAGEM, MAS 
UM CÓDIGO DE SINAIS.
Se pensarmos nos signos, a linguagem será um código que se caracteriza por 
um conjunto de signos sujeitos às regras de combinação, utilizado para se produzir e 
Unidade 1 Concepções Dicotômicas da Língua: Gramática Versus Linguística
18
compreender uma mensagem. A linguagem, enquanto código, é composto de signos 
e os signos, segundo Saussure (1994), são compostos de significante e significado.
Podemos dizer que o código é um conjunto de signos sujeito à regras de com-
binação e é utilizado na produção e na compreensão de uma mensagem. A comuni-
cação da mensagem ocorre a partir de:
1.3 Conceitos de linguagem
Segundo Traváglia (2006), podemos pensar a linguagem segundo três concepções: 
LI
N
G
U
A
G
EM
Co
m
o 
ex
pr
es
sã
o 
do
 p
en
sa
m
en
to
Traváglia (2006) diz que podemos considerar a linguagem como expressão do pensamento, 
assim, quando um indivíduo não se expressa bem é porque não consegue elaborar um 
pensamento. Se o enunciador expressa o que pensa, sua fala é resultado da sua maneira 
própria de organizar as suas ideias. 
Co
m
o 
in
st
ru
m
en
to
 
de
 c
om
un
ic
aç
ão
Segundo Traváglia (2006), a língua é vista como um código, que deve ser conhecida e mani-
pulada pelos falantes para que a comunicação se efetive. Assim, a comunicação será mais 
ou menos precisa, à medida que o falante dominar o sistema da língua. O falante utiliza-se 
das estruturas da língua que conhece para expressar um pensamento e, consequentemen-
te, para se comunicar; o ouvinte decodifica os sinais e envia, em resposta, uma outra ou 
nova mensagem. 
Co
m
o 
in
te
ra
çã
o 
So
ci
al
Segundo Traváglia (2006), o falante da língua realiza ações, age e interage com o outro, 
assim, a linguagem toma uma dimensão ampla, à medida que é inserida em um contexto 
ideológico e sociocultural. A comunicação dependerá da interação entre o falante e a socie-
dade em que ele está inserido.
Unidade 1Concepções Dicotômicas da Língua: Gramática Versus Linguística
19
Em síntese, podemos dizer que a linguagem é a matéria de nosso pensamento 
e veículo de comunicação social. Sem a linguagem, não há comunicação; sem co-municação, não há sociedade, pois tudo o que se produz como linguagem é para 
comunicar algo.
1.4 Língua versus fala
A partir da palavra, construímos a fala (lin-
guagem). A língua é um produto social, assim, a 
fala é definida como um componente individual 
da linguagem, ou seja, um ato de vontade e da 
inteligência humana. Fato que nos diferencia dos 
animais irracionais.
Segundo Saussure (1994, p.35), 
“a fala é um fenômeno físico e concreto que pode ser analisado seja 
diretamente, com ajuda do ouvido humano, ou com métodos e instrumen-
tos análogos”.
Há estudiosos que conceituam a fala como uma faculdade natural de falar. No 
entanto, devemos diferenciar a fala da linguagem.
A fala, como já dissemos, é um ato individual de vontade. Está atrelada à ques-
tão fonética. 
Podemos dizer que o ato da fala se divide materialmente em três fases:
 
a primeira à articulação sonora; 
a segunda, à transmissão da mensagem, por meio de uma onda sonora; 
e a terceira, à recepção do som.
Unidade 1 Concepções Dicotômicas da Língua: Gramática Versus Linguística
20
Antes de a nossa mensagem ser transmitida, exercemos o ato da fala que vem 
antes da língua. De certa maneira, a fala está em nosso cérebro. A intenção de co-
municar “expulsa” a fala de nosso cérebro. Toda comunicação tem o seu início no 
cérebro onde os conceitos estão depositados, associados aos signos linguísticos ou 
às imagens acústicas que servem para exprimi-los. Assim, um conceito faz com que 
o nosso cérebro crie uma imagem acústica relacionada ao psíquico.
Segundo Saussure (1994, p.54), não há dissociação entre língua e fala, ou seja, 
as duas estão relacionadas. 
A língua “é a parte social da linguagem que, em forma de sistema, 
engloba todas as possibilidades de sons existentes em uma comunidade”.
Logo, a língua se caracteriza como ato exterior ao indivíduo que, não pode 
criá-la nem modificá-la. Segundo os linguistas, a língua se modifica e se transforma 
de geração em geração; enquanto a fala é individual pertence ao falante, que tem 
total liberdade para usá-la. Assim, a língua, enquanto instrumento útil à determinada 
comunidade, serve a esta comunidade, consequentemente, a liberdade do indivíduo 
passa pelo que a sociedade sancionou enquanto uso e normas. 
Unidade 1Concepções Dicotômicas da Língua: Gramática Versus Linguística
21
Para Saussure (1994), língua é semelhante a um “baú” em que estariam ar-
mazenados os signos, enquanto que a fala seria a organização desses signos em 
frase. Como diz Carlos Drummond de Andrade em “A Procura de poesia”, é preciso 
penetrar surdamente no reino das palavras, pois lá estão os poemas que devem ser 
escritos. O reino das palavras seria o nosso baú depositário de palavras e conceitos. 
Ao descermos ao reino das palavras, estaríamos selecionando o material de nossa 
comunicação, ou seja, elaborando as frases para estabelecermos a comunicação.
Assim, podemos concluir que a língua está atrelada à fala enquanto instrumen-
to e uma depende, necessariamente, da outra para que se efetive a comunicação.
Acesse	o	AVA	para	darmos	continuidade	aos	nossos	estudos.	Lá	discutire-
mos:	Língua,	Linguagm	e	Comunicação
1.5 Considerações da unidade I
Para esta unidade, temos a primeira teleaula que traz uma abordagem e exem-
plos diferentes para complementar seu aprendizado. O tema relevante é a História 
da Linguística e os conceitos de língua e linguagem.
No tocante à História da Linguística, mostramos que ela foi estabelecida como 
Ciência no século XIX. Momento em que surgiu um grupo de gramáticos (neogramá-
ticos) que se contrapôs às ideias do passado de que as transformações das línguas 
eram corrupções. Eles chegaram à conclusão de que as línguas, inevitavelmente, se 
transformam. 
Ressaltamos ainda que toda língua é instrumento cultural condicionada por 
fatores sociais, históricos, geográficos e psicológicos. Como o próprio ser humano, 
toda língua é mutável.
Em nosso percurso dos estudos linguísticos, é importante observarmos que as 
diversas mídias estão relacionadas, pois os assuntos tratados na teleaula complemen-
tam a abordagem apresentada no livro didático, assim, é importante que você assista 
à teleaula com atenção e anote as observações e dúvidas. Lembre-se também de aces-
sar a plataforma de estudos e realizar as atividades propostas dentro do prazo.
Caro(a) aluno(a), não se esqueça de que os temas apontados nesta unidade 
objetivam, ao final, a integralização de sua formação linguística. À medida que avan-
Unidade 1 Concepções Dicotômicas da Língua: Gramática Versus Linguística
22
çamos nos conceitos apresentados, conhecemos melhor as sociedades e como as 
línguas se articulam para servir ao cidadão.
A Braz CubasUnidade 2Conceitos Essenciais Para a Linguística
23
2Unidade II
Conceitos Essenciais Para a Linguística
Objetivos da Unidade:
•	 Apresentar	os	fundamentos	teóricos	e	científicos	da	Ciência	da	Lin						
guagem	 para	 permitir	 a	 compreensão	 das	 contribuições	 trazidas	
pelas	pesquisas	em	Linguística	para	a	Língua	Portuguesa;
•	 Perceber	as	diferentes	possibilidades	de	enfoque	para	a	análise	lin-
guística;
•	 Desenvolver	a	capacidade	de	observação	e	reflexão	sobre	os	fenô-
menos	da	língua,	pelo	estudo	do	percurso	histórico	de	desenvolvi-
mento	dos	estudos	da	linguagem;
•	 Avaliar	criticamente	a	contribuição	de	cada	um	dos	ramos	da	 lin-
guística	e	aplicar	seus	pressupostos	ao	ensino	da	língua	materna.
Competências e Habilidades da Unidade:
•	 Reflexão	analítica	e	crítica	sobre	os	elementos	formadores	e	articu-
ladores	da	linguística;
•	 Compreensão	de	termos	especializados	por	meio	dos	quais	se	pode	
discutir	e	transmitir	a	fundamentação	do	conhecimento	da	linguís-
tica;
•	 Conhecimento	e	análise	da	linguística	como	objeto	de	estudo	para	
a	Língua	portuguesa
A Braz CubasUnidade 2 Conceitos Essenciais Para a Linguística
24
2.1 Linguística e semiótica
Como já apresentamos:
a Linguística é Ciência encarregada dos estudos da linguagem humana em 
seus diversos aspectos,
por outro lado, a Semiótica segue caminho semelhante, mas abre outras pers-
pectivas de estudo. A Semiótica estuda a linguagem humana, no entanto, preo-
cupa-se também com a dos animais e dos diversos sistemas de comunicação.
Segundo Dubois (1988, p.536):
 
“a semiótica retoma o projeto de semiologia de F. d Saussure e se 
coloca como objeto de estudo da vida dos signos no seio da vida social”.
2.2 Signo linguístico
Segundo Saussure (1944), o signo é a união de um conceito (ideia) e de uma 
imagem acústica, ou seja, é a representação mental de um objeto ou de uma realida-
de, condicionada pela nossa formação no contexto da comunidade.
Para melhor entendermos os signos, podemos dizer que uma parte do signo 
é denominada de SIGNIFICADO, ou seja, são os elementos que estão no plano das 
ideias, ainda não tomaram corpo; a outra parte é o SIGNIFICANTE que nos remete 
ao plano da expressão (materialidade). Assim, podemos dizer que o signo é compos-
to de duas partes: significado e significante.
• O signo linguístico é uma entidade dupla, produto da aproximação de dois 
termos, ambos psíquicos e unidos pelo laço da associação. Une, com efei-
to, não uma coisa a um nome, mas um conceito a uma imagem acústica. 
Segundo F. Saussure (1994, p.55), “a imagem acústica não é o som mate-
A Braz CubasUnidade 2Conceitos Essenciais Para a Linguística
25
rial, mas a impressão psíquica deste som. O signo linguístico é, portanto, a 
combinação indissolúvel, no interior do cérebro humano, do significado e 
do significante; 
• O significado é sinônimo de conceito, ou seja, é a ideia; 
• O significante representa o aspecto fonológico dasequência de sons que 
constituem o aspecto material do signo. Por exemplo, a ideia (significado) 
de “mesa” não está ligada, por nenhuma relação interna, com a sequência 
de sons /meza/ que lhe serve de significante”.
Em síntese, podemos dizer que o falante, primeiramente, recebe, por meio de 
uma impressão psíquica, a imagem acústica (significante) / kaza/, a partir do que ouve, 
cria psiquicamente a ideia de uma casa e a imagina de diversas maneiras. O falante 
associa o significante / kaza / ao significado (conceito). Assim, diremos que o signo é for-
mado pelo significado e pelo significante que estão intimamente unidos.
2.3 Arbitrariedade do signo
Quando nos remetemos a arbitrário, em se tratando do signo, segundo Saus-
sure (1994, p.83), o arbitrário:
(...) não deve dar a ideia de que o significado dependa da livre es-
colha do que fala, não está ao alcance do indivíduo trocar coisa 
alguma num signo, uma vez esteja ele estabelecido num grupo 
linguístico; queremos dizer que o significante é imotivado, isto 
é, arbitrário em relação ao significado, com o qual não tem ne-
nhum laço natural na realidade.
Assim, devemos entender que a relação entre significado e significante é livre, 
mas não depende de nossas escolhas. Qual a relação entre “a palavra” laranja e “a 
laranja” (coisa material)?
Segundo Saussure (1994), nenhuma relação existe, pois a união entre significa-
do e significante é “arbitrária”. Por exemplo, se pensarmos na palavra “homem” em 
diversas línguas, cada língua a representará na escrita de uma maneira, no entanto, 
as diversas maneiras significarão uma única coisa material (significado) : homem. 
A Braz CubasUnidade 2 Conceitos Essenciais Para a Linguística
26
Assim, segundo Dubois (1988, p.546), “o signo é o linguístico é o resultado da 
combinação de um significante e de um significado, ou seja, de uma imagem acústica 
e de um conceito”.
2.4 Para melhor entender a língua em sua relação com o 
psíquico
Podemos dizer que a língua tem uma função representativa, ao lado de duas outras:
Exteriorização psíquica Atuação social
a partir dos instrumentos que a língua 
nos fornece para a comunicação, ou 
seja, por meio da linguagem, manifes-
tamos nosso estado de alma. É corre-
to afirmarmos que a compreensão do 
mundo exterior e interior resume-se a 
uma construção e representação desse 
mundo dentro do nosso espírito, por 
meio de um trabalho mental que de-
pende da linguagem.
a língua atua socialmente, sobre o próximo. 
Segundo Saussure (1994, p.67), “a LÍNGUA 
é um sistema de elementos vocais comum 
a todos os membros de uma dada socieda-
de e que a todos SE IMPÕE COMO PAUTA 
OU NORMA DEFINIDA. Por vivermos em 
sociedade, não criamos a nossa linguagem. 
Fazemos somente aplicação daquela que a 
sociedade nos ministrou, neste sentido, a 
língua é uma coerção coletiva: tal como o 
vestir é uma questão de moda que se im-
põe ao sujeito; a língua é semelhante.
Atenção:
Vamos	 fazer	uma	pequena	pausa	e	acessar	o	AVA.	Lá,	disponibilizei	para	
você	o	poema	de	Fernando	Pessoa:	Às vezes, em dias de luz perfeita e 
exacta.
Observe que Fernando Pessoa mostra-nos o processo de construção daquilo 
que imaginamos ser a realidade. Quando diz: “A beleza é o nome de qualquer coisa 
que não existe/Que eu dou às coisas em troca do agrado que me dão”, mostra-nos 
que a imagem que temos da beleza, que pode ser estendida a diversas outras coisas, 
é algo imaginado. Em um primeiro momento, a beleza não existe, existe apenas uma 
forma qualquer; posteriormente, nós (a sociedade) atribui valor a coisa que não tem 
A Braz CubasUnidade 2Conceitos Essenciais Para a Linguística
27
valor, daí ela é instituída de valor e nós passamos a acreditar que o imaginado é a 
coisa real. Como diz Pessoa, o real não existe, o que existe é apenas o imaginado. 
Assim, pergunto-lhes: “o que somos?” Em um primeiro momento, somos nada; em 
um segundo momento, graças à sociedade, somos aquilo que o outro nos atribui, 
ou seja, a coisa imaginada. Dessa, maneira, o psíquico cria um mundo que, embora 
irreal, porque imaginado, é aparentemente real.
2.5 Língua / fala
Ao falarmos de língua e fala, devemos pensar na relação estreita entre os dois 
elementos: a língua remete-nos ao social, já a fala relaciona-se à produção individual.
“A linguagem tem um lado 
individual e um lado social, 
sendo impossível conceber 
um sem o outro”.
Não devemos nos esquecer de que Saussure concebe a linguagem como a fa-
culdade natural de usar uma língua, “ao passo que a língua constitui algo adquirido e 
convencional” (SAUSSURE, 1994, p.17). Assim, podemos dizer que a linguagem e a língua 
estão relacionadas à sociedade, ou melhor, à comunidade em que vivemos.
a língua é “o conjunto dos hábitos linguísticos que 
permitem a uma pessoa compreender e fazer-se 
compreender”. A língua é “uma soma de sinais depo-
sitados em cada cérebro, mais ou menos como um 
dicionário cujos exemplares, todos idênticos, fossem 
repartidos entre os indivíduos”
A Braz CubasUnidade 2 Conceitos Essenciais Para a Linguística
28
Percebemos então que a nossa produção, enquanto falantes de uma língua, 
depende dos hábitos da comunidade em que estamos inseridos. Assim, a língua é 
uma experiência histórica e cultural que foi se acumulando por milhares de anos. O 
que recebemos, enquanto língua, é o acúmulo de história e cultura que são passados 
e transformados de geração para geração.
 
Podemos dizer que a língua é uma instituição social, pois é produzida por uma 
comunidade e para uma comunidade, assim, ela nunca será completa, se pensarmos 
no individual. Ela é criada pela sociedade, logo, na sociedade, se manifesta, conse-
quentemente está completa na sociedade. No entanto, a sua completude não pode 
ser pensada como permanente, pois está em constante mudança.
Segundo Saussure (1994, p.17), a língua “é, ao mesmo tempo, um produto so-
cial da faculdade da linguagem e um conjunto de convenções necessárias, adotadas 
pelo corpo social para permitir o exercício dessa faculdade nos indivíduos”; é “a parte 
social da linguagem, exterior ao indivíduo, que, por si só, não pode nem criá-la nem 
modificá-la; ela não existe senão em virtude de uma espécie de contrato estabeleci-
do entre os membros da comunidade”. (SAUSSURE, 1994, p.22)
Assim, a língua é um sistema de diferentes signos que correspondem a ideias 
diferentes; é um código, um sistema em que o essencial é o sentido e a imagem 
acústica.
A fala é constituída de atos individuais que, embora sejam considerados ili-
mitados, passa por certo controle da sociedade. No âmbito social, corresponde à 
distinção entre as imposições gerais da sociedade e a atividade de cada um de nós, 
também sujeita à inspirações do pensamento individual.Cada homem se serve de 
um sistema de elementos vocais que recebeu da SOCIEDADE, mesmo quando ele se 
executa sem qualquer objetivo de intercâmbio social de ideias.
A Braz CubasUnidade 2Conceitos Essenciais Para a Linguística
29
Segundo Saussure (1994, p.45), 
a LÍNGUA é um sistema de elementos vocais comuns a todos 
os membros de uma dada sociedade, e que a todos SE IMPÕE 
COMO PAUTA OU NORMA DEFINIDA. Assim, afirmarmos que a li-
berdade que o indivíduo tem ao utilizar-se da fala ser controlada 
ou ‘vigiada’, pois as articulações que ele pode estabelecer na lín-
gua estão ligadas à compreensão que a sociedade tem da língua.
Para melhor entendermos, pode-se dizer que existe uma norma à qual nos 
prendemos e da qual, dificilmente, conseguimos nos desvencilhar, pois depende da 
sociedade, da geografia e de outros valores culturais.
2.6 Norma
 
 É um conjunto de realizações concretas e de caráter coletivo da língua.
Segundo Dubois (1988, p.435):chama-se norma um sistema de instruções que definem o que 
deve ser escolhido entre os usos de uma dada língua se quiser 
conformar a um certo ideal estético ou sociocultural. A norma, 
que implica a existência de usos proibidos, fornece seu objeto à 
gramática normativa ou gramática no sentido corrente do termo. 
Em uma comunidade, a diferença cultural evidencia-se na estratificação social 
representada, frequentemente, pela norma culta e pela norma coloquial.
A Braz CubasUnidade 2 Conceitos Essenciais Para a Linguística
30
Norma culta 
É a modalidade linguística escolhida pela elite de uma sociedade 
como modelo de comunicação verbal. A norma culta é a modalidade es-
crita empregada na escola, nos textos oficiais, científicos e literários e em 
ocasiões mais formais. A norma culta é baseada na tradição gramatical 
(norma culta), é a variante de maior prestígio sociocultural. Ela comporta 
dois padrões: o formal e o coloquial.
Padrão formal
É o modelo culto utilizado na escrita, que segue rigidamente as re-
gras gramaticais. A linguagem é mais elaborada, falante tem mais tempo 
para trabalhar o texto escrito;
Padrão coloquial
É a versão oral da língua culta e, por ser mais livre e espontânea, 
tem um pouco mais de liberdade e está menos presa à rigidez das regras 
gramaticais. No entanto, não se afasta muito das regras gramaticais. É per-
mitido, mas as “transgressões” são mínimas.
A norma popular 
Utiliza-se de uma linguagem que não é formal, ou seja, não segue 
padrões rígidos, é a linguagem popular, falada no cotidiano. O nível de des-
vio em relação à norma culta pode variar conforme as circunstâncias de 
uso.
Caracteriza a fala das classes populares semiescolarizadas ou não
-escolarizadas. Nessa modalidade, o desvio em relação à norma gramatical 
é maior, caracterizando o chamado “erro”. Ex.: “Nóis vai”; “dois real”; três 
pãozinho”. O nível popular é utilizado na conversação diária, em situações 
informais, descontraídas.
A Braz CubasUnidade 2Conceitos Essenciais Para a Linguística
31
Segundo MarcosBagno:
“Numa sociedade como a brasileira, marcada desde suas 
origens por uma divisão social profunda entre uma minoria pri-
vilegiada e uma imensa maioria marginalizada, a língua sempre 
foi um símbolo importante para as elites dominantes. “Saber 
português” é uma condição tida como sine qua non para que 
alguém se incorpore ao círculo dos que podem – é o melhor 
exemplo daquilo que Pierre Bourdieu chama de distinção. No 
entanto, o suposto conhecimento do “português correto” é uma 
mera fachada para justificar o emprego de outros instrumen-
tos, mais complexos e sofisticados, destinados a preservar a 
desigualdade social. Afinal, num país tão racista, se a pessoa for 
negra ou índia, por exemplo, por melhor que conheça a norma
-padrão tradicional, já estará excluída do acesso ao círculo dos 
privilegiados pela simples cor de sua pele. O mesmo se diga 
com relação a nordestinos no Sudeste, a homossexuais ou a 
mulheres, a cegos, surdos, deficientes físicos, em muitos âmbi-
tos da vida social, econômica e política. (A LÍNGUA, A MÍDIA & A 
ORDEM DO DISCURSO )
Acesse	o	AVA	para	darmos	continuidade	aos	nossos	estudos.	Lá	discutiremos:	
•	 Sincronia	/	diacronia
•	 Paradigma/sintagma
A Braz CubasUnidade 2 Conceitos Essenciais Para a Linguística
32
2.7 Considerações da unidade II
Para esta unidade, temos a segunda teleaula que traz uma abordagem e exem-
plos diferentes para complementar seu aprendizado. Os temas relevantes são a Língua, 
Discurso e Fala. Mostramos que a língua tem função representativa, ao lado de duas ou-
tras: psíquica e social. A fala, ou, mais precisamente, o discurso, é a atividade linguística 
nas múltiplas e infindáveis ocorrências da vida do indivíduo.
Ressaltamos ainda que, embora a Linguística também se ocupe da expressão es-
crita, considera a prioridade do estudo a LÍNGUA falada como um de seus princípios 
fundamentais.
Em nosso percurso dos estudos linguísticos é importante observarmos que as 
diversas mídias estão relacionadas, pois os assuntos tratados na teleaula complemen-
tam a abordagem apresentada no livro didático, assim, é importante que você assista à 
teleaula com atenção e anote as observações e dúvidas. Lembre-se também de acessar 
a plataforma de estudos e realizar as atividades propostas dentro do prazo.
Caro aluno, não se esqueça de que os temas apontados nesta unidade objetivam, 
ao final, a integralização de sua formação linguística. À medida que avançamos nos con-
ceitos apresentados, conhecemos melhor as sociedades e como as línguas se articulam 
para servir ao cidadão.
A Braz CubasUnidade 3Concepções Dicotômicas da Língua: Gramática Versus Linguística
33
3Unidade III
Concepções Dicotômicas da Língua: 
Gramática Versus Linguística
•	 Objetivos	da	Unidade:
•	 Apresentar	os	fundamentos	teóricos	e	científicos	da	Ciência	da	Lin-
guagem	 para	 permitir	 a	 compreensão	 das	 contribuições	 trazidas	
pelas	pesquisas	em	Linguística	para	a	Língua	Portuguesa;
•	 Compreender	as	diferentes	possibilidades	de	enfoque	para	a	análi-
se	linguística;
•	 Desenvolver	a	capacidade	de	observação	e	reflexão	sobre	os	fenô-
menos	da	língua,	pelo	estudo	do	percurso	histórico	de	desenvolvi-
mento	dos	estudos	da	linguagem;
•	 Avaliar	criticamente	a	contribuição	de	cada	um	dos	ramos	da	 lin-
guística	e	aplicar	seus	pressupostos	ao	ensino	da	língua	materna.
Competências e Habilidades da Unidade:
•	 Reflexão	analítica	e	crítica	sobre	os	elementos	formadores	e	articu-
ladores	da	Linguística;
•	 Compreensão	de	termos	especializados	por	meio	dos	quais	se	pode	
discutir	e	transmitir	a	fundamentação	do	conhecimento	da	linguís-
tica;
•	 Conhecimento	e	análise	da	linguística	como	objeto	de	estudo	para	
a	Língua	portuguesa.
A Braz CubasUnidade 3 Concepções Dicotômicas da Língua: Gramática Versus Linguística
34
3.1 Linguística x gramática
Em se tratando da linguística versus gramática, é importante entendermos o posi-
cionamento de ambas frente à produção oral e escrita.
A linguística é a ciência que estuda a linguagem em sua manifestação mais 
coletiva
por outro lado, a gramática não tem essa preocupação como algo priori-
tário. A gramática tradicional fundamentou sua análise na língua escrita, assim, 
difundiu falsos conceitos sobre a natureza da linguagem.
A gramática tradicional não leva em consideração que as línguas naturais variam 
segundo diversos fatores, dentre eles:
Fa
to
r
H
is
tó
ri
co
no decorrer de um determinado período, a língua sofre variações. O processo de transfor-
mação é lento e inevitável. Uma determinada variante, por exemplo, vossa mercê, em um 
determinado período, é utilizada pelos falantes, mas, gradativamente, sofre mudanças. “Vossa 
mercê, atualmente, está perto de “vc”, isto é o que consideramos como processo inevitável de 
transformação. Ao fazermos uma análise DIACRÔNICA da palavra, percebemos, no decorrer 
da história, a transformação de “vossa mercê”. Assim, a palavra que não era norma passa a ser 
norma e aceita pela comunidade e pela modalidade escrita;
G
eo
gr
áfi
co
os vocábulos são determinados pela comunidade linguística, assim, dependendo da região, 
a fonética da palavra pode variar, estabelecendo diferenças fonéticas de região para região;
So
ci
al
o nível socioeconômico da comunidade em que reside o indivíduo, o grau de formação, são 
elementos que podem determinar a utilização da língua. Quando utiliza algumas variantes, 
no momento em que não emprega um determinado plural, segundo a norma culta, tudo isto 
aponta para possibilidade de ser alguém provindo de uma comunidade menos favorecida. 
Frequentemente, tais pessoas são estigmatizadas emvirtude do modo como utilizam a língua;
Es
til
ís
tic
o
nós, enquanto falantes da língua, dependendo da situação de comunicação em que estamos, 
utilizamos-nos de duas variedades da língua: a formal e a menos formal. Por exemplo, ao es-
crevermos um texto, precisamos ser mais formais, segundo a norma padrão; no entanto, em 
uma conversa com os amigos, já somos menos formais e, frequentemente, não nos guiamos 
pela norma padrão. Algumas colocações pronominais estabelecidas pela norma padrão são 
esquecidas; “Me faça”; “me dê”. A circunstância determina a utilização mais ou menos formal 
da língua.
A Braz CubasUnidade 3Concepções Dicotômicas da Língua: Gramática Versus Linguística
35
As questões apresentadas aqui são muito mais pertinentes à linguística, pois 
a gramática normativa não se preocupa em pensar a língua segundo os fatores na-
turais de evolução e transformação da língua. “Somos, além do mais, plurilíngues, 
realidade bem diferente da que se propaga para a maioria dos brasileiros através de 
um discurso de um país supostamente monolíngue” (MOLLICA, 2003, p.26). Assim, 
começaremos a pensar a linguística versus a gramática.
3.2 O erro
É fato que o conceito de certo e errado está pre-
sente não só na produção textual, mas também na 
oralidade. Tal concepção emana da gramática padrão 
que, por meio da escola, difunde uma única utilização 
da língua, em detrimento de um conhecimento mais 
amplo da diversidade e variedade dos usos linguísti-
cos. Assim, os padrões linguísticos ficam sujeitos à 
avaliação social positiva e negativa e, nessa medida, 
podem determinar o tipo de inserção do falante na es-
cala social. 
Falar e escrever bem é uma prática sistemática que é adquirido por meio de 
regras gramaticais. Logo, comunica-se bem aquele que assimila as normas do portu-
guês. A oposição a esse pensamento estabelecido pelos gramáticos é feita pela lin-
guística, que entende a língua muito além das normas, ou seja, em sua manifestação 
nas diversas comunidades.
Segundo Orlandi (1990, p.13)
“a mudança das línguas não depende da vontade dos homens, mas 
segue uma necessidade da própria língua, e tem uma regularidade, isto é, 
não se faz de qualquer jeito”. 
Para a linguística, a norma padrão não pode prevalecer em detrimento da língua 
enquanto manifestação de certa comunidade linguística.
A Braz CubasUnidade 3 Concepções Dicotômicas da Língua: Gramática Versus Linguística
36
O gramático se desdobra em dizer o que é a língua, 
descrevê-la e ao privilegiar alguns usos, dizer como deve 
ser a língua. Assim, impõe normas para o uso da língua es-
crita e falada, referendando tais usos em autores clássicos. 
O pior é que as normas só admitem um uso da língua en-
quanto correta, não dá oportunidade para se pensar em 
outras utilizações que não sejam erradas. Seria necessário 
que a gramática pensasse a língua de acordo com os di-
versos contextos em que ela pode estar inserida, desde o 
regional até estilístico. Harmonizar a língua culta à língua 
coloquial deveria ser o lema da Gramática tradicional.
Segundo Petter (in FIORIN, 2005, p.21)
,
“a abordagem descritiva assumida pela Linguística entende que as varieda-
des não padrão do português, por exemplo, caracterizam-se por um conjunto de 
regras gramaticais que simplesmente diferem daquelas do português padrão”.
É importante ressaltarmos que a Linguística entende que a variedade não pa-
drão difere-se da padrão, simplesmente, porque tem suas regras diferenciadas da 
normativa.
Segundo Mollica (2003, p.42):
a variedade não-stardard ou variedade coloquial é própria da 
modalidade oral, utilizada em contexto informal, de discurso es-
pontâneo, não planejado. A variedade coloquial se diferencia da 
variedade culta ou norma culta, que se compõe de empregos 
típicos de discurso planejado, utilizada predominantemente na 
escrita e comprometida com a tradição literária”.
De certa maneira, a NORMA CULTA é utilizada pela elite como instrumento de 
dominação. A língua é poder. Os que não a dominam são submetidos pela força do 
uso correto ou não da língua. Vestindo a roupa da classe dominante, o português 
PADRÃO exclui a maioria e atrela a ascensão social à utilização de regras gramaticais 
(nem sempre utilizadas corretamente pela elite).
A Braz CubasUnidade 3Concepções Dicotômicas da Língua: Gramática Versus Linguística
37
Segundo Marcos Bagno (2007, p.69):
“se isso fosse verdade, os professores de português — que suposta-
mente dominam a norma culta — estariam privilegiados nas esferas social, 
econômica e política”.
3.3 O que é a gramática normativa
Podemos dizer que a gramática normativa estabelece leis que regulamentam a 
utilização correta da Língua portuguesa. No entanto, a utilização da norma culta, en-
quanto lei, é demasiadamente conservadora. Precisaria 
ser reformulada, segundo os princípios da própria Lin-
guística, que entende a língua como um instrumento de 
comunicação vivo e, como tal, sujeito a transformações 
permanentes. Se não se pensar dessa maneira, o ensino 
da língua nunca será coerente e significativo diante das 
transformações cotidianas da linguagem.
O discurso proposto pela Linguística é extrema-
mente coerente, no entanto, demasiadamente democrá-
tico para uma sociedade conservadora. Do ponto de vista 
mais conservador, a língua portuguesa não pode ser para 
todos; a língua culta é excludente.
Em sala de aula, a gramática normativa é a mais utilizada (para não falar, mui-
tas vezes, a única) como forma de normatizar o emprego da língua. A importância do 
estudo da gramática normativa é sintetizada em regras que nos fornecerão parâme-
tros do que é certo e errado para elaborarmos textos escritos. 
A Braz CubasUnidade 3 Concepções Dicotômicas da Língua: Gramática Versus Linguística
38
Segundo os PCNs de língua portuguesa: 
“As condições atuais permitem repensar o ensino da leitu-
ra e da escrita considerando não só o conhecimento didático acu-
mulado, mas também as contribuições de outras áreas, como a 
psicologia da aprendizagem, a psicologia cultural e as ciências da 
linguagem. O avanço dessas ciências possibilita hoje receber con-
tribuições tanto da psicolinguística quanto da sociolinguística; tan-
to da pragmática, da gramática textual, da teoria da comunicação 
quanto da semiótica, da análise do discurso. No que se refere à lin-
guagem oral, algo similar acontece: o avanço no conhecimento das 
áreas afins torna possível, hoje, a compreensão do papel da escola 
no desenvolvimento de uma aprendizagem que tem lugar fora dela. 
Não se trata de ensinar nem a falar, nem a fala “correta”, mas sim as 
falas adequadas ao contexto de uso”.
Os esforços pioneiros de transformação da alfabetiza-
ção escolar consolidaram-se, ao longo de uma década, em 
práticas de ensino que têm como ponto tanto de partida 
quanto de chegada o uso da linguagem. Práticas que par-
tem do uso possível aos alunos e pretendem provê-los de 
oportunidades de conquistarem o uso desejável, eficaz. Em 
que a razão de ser das propostas de leitura e escuta é a com-
preensão ativa e não a decodificação e o silêncio. Em que a 
razão de ser das propostas de uso da fala e da escrita é a ex-
pressão e a comunicação através de textos e não a avaliação 
da correção do produto. Em que as situações didáticas têm 
como objetivo levar os alunos a pensarem sobre a linguagem 
para poder compreendê-la e utilizá-la adequadamente. (...) 
Ninguém precisa da escola para aprender a falar a 
língua materna – o que não significa que a escola não te-
nha nada a ensinar em relação à linguagem oral. Alguns 
não precisam da escola para começar a aprender a ler e 
escrever; mas isto não implica que não sejafunção da es-
cola ensinar a linguagem escrita.
A Braz CubasUnidade 3Concepções Dicotômicas da Língua: Gramática Versus Linguística
39
No final, todos precisam da escola. É ela que torna possível o acesso à parcela 
do conhecimento historicamente acumulado pela humanidade que se converte em 
conteúdos escolares. Nela é possível desenvolver habilidades que permitem continuar 
aprendendo. Isso significa, nessa área, desenvolver a capacidade de uso da língua ma-
terna: a fala e a escuta; a leitura e a escrita. É preciso, portanto, prover os alunos de 
oportunidades escolares de se tornarem usuários competentes da língua, oral e escri-
ta, para que possam aprender dentro da escola o que precisarão saber fora dela.
O domínio da língua tem estreita relação com a possibilidade de plena parti-
cipação social, pois é por meio dela que o homem se comunica, tem acesso à infor-
mação, expressa e defende pontos de vista, partilha ou constrói visões de mundo, 
produz conhecimento. Assim, um projeto educativo comprometido com a democra-
tização social e cultural atribui à escola a função e responsabilidade de garantir a 
todos os seus alunos o acesso aos saberes linguísticos necessários para o exercício 
da cidadania, direito inalienável de todos” (BARRETO,2000:56).
Esperemos que cada profissional possa repensar a língua a partir das novas 
propostas da linguística para que um dia cheguemos, verdadeiramente, a habitar um 
país democrático!
3.4 Gramática tradicional, prescritiva, normativa
A língua é meio de comunicação de todas as 
comunidades. Muito antes da gramática, existia a 
língua. A normatização da língua é posterior, con-
sequentemente a gramática emana da língua, ou 
seja, a consequência da língua é a gramática. Os 
gramáticos tradicionais, muitas vezes, não pensam 
assim, pois tentam submeter a língua à gramática. 
Dessa maneira, surge a Linguística para nos mos-
trar um entendimento mais amplo da língua, não 
submetida à gramática. 
Podemos dizer que a gramática tradicional, 
desde os seus primórdios, assumiu uma posição 
prescritiva, normativa em relação à língua, pois obje-
tivava descrever a língua e prescrever o uso correto. 
A Braz CubasUnidade 3 Concepções Dicotômicas da Língua: Gramática Versus Linguística
40
É correto afirmarmos que: 
A gramática prescritiva/normativa fornece argumentos para se acreditar que 
existe uma única maneira correta de se usar a língua, ou seja, submete a língua à 
gramática e não o contrário.
A norma da correção é prescrita por uma fonte de autoridade (geralmente os clás-
sicos da literatura), as demais variedades são consideradas inferiores ou incorretas.
O gramático se exaure em dizer o que é a língua, descrevê-la e ao privilegiar 
alguns usos, dizer como deve ser a língua. 
Ao nos referirmos à gramática tradicional, normativa ou prescritiva, devemos 
considerar os termos como sinônimos. O importante é que a gramática tradicional/
normativa/prescritiva tenta estabelecer uma lógica para o uso da língua, a partir do 
certo e errado, ou seja, segundo a normatização estabelecida por ela. Dessa manei-
ra, limita a língua a uma única possibilidade, esquecendo-se de que a língua é viva, 
consequentemente propensa à mudanças diárias.
A conjunção do prescritivo e do normativo efetuada pela gramática tradicional re-
duz o objeto de análise que, de heterogêneo, passa a ter uma só forma: a do uso correto.
PRESCRITIVO: ato ou efeito de prescrever, ordem expressa e formal, 
aquilo que se recomenda praticar, norma, preceito, regra, indicação exa-
ta, determinação, ordem.
Como já discutimos, a Linguística, em virtude da concepção diferenciada que 
tem frente à língua portuguesa, questiona a visão prescritiva da língua, estabelecida 
pelos gramáticos.
Segundo Dubois (1988, p.314), 
“Noam	Chomsky	define	uma	teoria	capaz	de	dar	conta	
da	criatividade	do	falante,	de	sua	capacidade	de	emitir	e	de	
compreender	frases	inéditas.	Ele	formula	hipóteses	sobre	a	
natureza	e	o	funcionamento	da	linguagem:	esta	última,	es-
pecífica	à	espécies	humana,	 repousa	 sobre	a	existência	de	
estruturas	universais	inatas	(como	a	relação	sujeito/predica-
do)	que	tornam	possível	a	aquisição	(a	aprendizagem)	pela	
A Braz CubasUnidade 3Concepções Dicotômicas da Língua: Gramática Versus Linguística
41
criança	dos	sistemas	particulares	que	são	as	 línguas:	o	contexto	 linguístico	ativa	essas	
estruturas	 inerentes	 à	 espécie,	 que	 subtendem	 o	 funcionamento	 da	 linguagem.	Nessa	
perspectiva,	a	gramática	é	um	mecanismo	finito	que	permite	gerar	o	conjunto	 infinito	
das	frases	gramaticais	(bem	formadas,	corretas)	de	uma	língua,	e	somente	elas.	Formada	
de	regras	que	definem	as	sequências	de	palavras	ou	de	sons	permitidos,	essa	gramática	
constitui	o	saber	 linguístico	dos	 indivíduos	que	falam	uma	língua,	 isto	é,	a	sua	compe-
tência	linguística;	a	utilização	particular	que	cada	locutor	faz	da	língua	em	uma	situação	
particular	de	comunicação	depende	da	performance”.	
É importante ressaltarmos que Chomsky entende a gramática a partir da com-
petência linguística que todo cidadão traz consigo. O ponto de partida para as discus-
sões gramaticais é o funcionamento da linguagem, que antecede a gramática.
A partir das discussões apresentadas, devemos ter em mente que as críticas 
que se fazem à gramática são, geralmente, quanto ao fato de não pensar a língua 
como algo dinâmico, mutável. As regras são importantes, no entanto, devem acom-
panhar a evolução da língua e a dinâmica que o falante estabelece com a mesma.
Confira	o	material	disponibilizado	no	AVA:	
•	 Marcos	Bagno	e	a	língua	portuguesa
3.5 Considerações da unidade III
Para esta unidade, temos a terceira teleaula que traz uma abordagem e exem-
plos diferentes para complementar seu aprendizado. Os temas relevantes são a gra-
mática tradicional e a Linguística. Mostramos que a língua é coletiva, no entanto, 
cada um de nós tem certas peculiaridades linguísticas, ou pelo menos preferências, 
e há assim, de certo modo, múltiplas línguas individuais. A gramática tradicional, ao 
fundamentar sua análise na língua escrita, difundiu falsos conceitos sobre a natureza 
da linguagem, pois não reconhece a diferença entre língua escrita e língua falada, 
assim, considera a expressão escrita como modelo de correção para qualquer e toda 
expressão linguística.
Em oposição a tal discurso, a Linguística entende que a variedade coloquial, 
em relação à variedade culta ou norma culta é apenas uma maneira diferente de se 
expressar. 
A Braz CubasUnidade 3 Concepções Dicotômicas da Língua: Gramática Versus Linguística
42
Ressaltamos ainda que análises que desconsiderem o ponto de vista científico 
ou o do senso comum será, fatalmente, incompleta e não permitirá uma reflexão 
que permita analisar a realidade linguístico-social nem a elaboração de políticas que 
auxiliem na constituição de um ensino verdadeiramente democrático e formador de 
cidadãos.
Em nosso percurso dos estudos linguísticos, é importante observarmos que as 
diversas mídias estão relacionadas, pois os assuntos tratados na teleaula complemen-
tam a abordagem apresentada no livro didático, assim, é importante que você assista 
à teleaula com atenção e anote as observações e dúvidas. Lembre-se também de aces-
sar a plataforma de estudos e realizar as atividades propostas dentro do prazo.
Caro aluno, não se esqueça de que os temas apontados nesta unidade objeti-
vam, ao final, a integralização de sua formação linguística. À medida que avançamos 
nos conceitos apresentados, conhecemos melhor as sociedades e como as línguas se 
articulam para servir ao cidadão.
A Braz CubasUnidade 4Elementos Básicos da Linguística Histórica
43
4Unidade IV
ElementosBásicos da Linguística Histórica
Objetivos da Unidade:
•	 Apresentar	os	fundamentos	teóricos	e	científicos	da	Ciência	da	Lin-
guagem	 para	 permitir	 a	 compreensão	 das	 contribuições	 trazidas	
pelas	pesquisas	em	Linguística	para	a	Língua	Portuguesa;
•	 Conhecer	as	diferentes	possibilidades	de	enfoque	para	a	análise	lin-
guística;
•	 Observar	 e	 refletir	 sobre	 os	 fenômenos	 da	 língua,	 pelo	 estudo	do	
percurso	histórico	de	desenvolvimento	dos	estudos	da	linguagem;
•	 Avaliar	criticamente	a	contribuição	de	cada	um	dos	ramos	da	 lin-
guística	e	aplicar	seus	pressupostos	ao	ensino	da	língua	materna.
Competências e Habilidades da Unidade:
•	 Reflexão	 analítica	 e	 crítica	 sobre	 os	 elementos	 formadores	 e	
articuladores	da	Linguística;
•	 Compreensão	 de	 termos	 especializados	 por	 meio	 dos	 quais	 se	
pode	 discutir	 e	 transmitir	 a	 fundamentação	 do	 conhecimento	 da	
linguística;
•	 Conhecimento	e	análise	da	linguística	como	objeto	de	estudo	para	
a	Língua	portuguesa.
 
A Braz CubasUnidade 4 Elementos Básicos da Linguística Histórica
44
4.1 História de Roma
É lícito afirmarmos que o nosso idioma, a língua Portuguesa, originou-se do 
idioma falado em Roma: o Latim. Assim, mergulharemos na cultura romana para 
conhecermos melhor o processo de formação da língua portuguesa, pois estudar 
uma língua implica conhecer o contexto histórico e os acontecimentos que desenca-
dearam, direta ou indiretamente, a sua origem.
 a origem da língua portuguesa está ligada ao latim 
língua falada pelo povo romano 
 que se situava na Península Itálica, o Lácio
A transformação da língua latina em língua portuguesa ocorreu em virtude de 
fatores político-histórico-geográficos. 
 
Século V a.C
A política das conquistas romanas iniciou-se no século V a.C. com as chamadas “Guerras 
Defensivas”, que objetivavam repelir os ataques de etruscos, sabinos, equos e volscos e conquis-
tar o sul da Etruria e da região do Lácio.
Século IV a.C
No século IV a.C., os romanos investiram mais em uma política de conquista aproveitando-
se da vulnerabilidade de vários povos que viviam na Península Itálica. As diversas vitórias foram 
possíveis em virtude do equilíbrio econômico de Roma, que lhe permitia a manutenção de um 
exército treinado, formado inclusive por homens de regiões conquistadas e anexadas ao Império.
Século III a.C.
Os romanos ocuparam a Península Ibérica e, de uma certa maneira, impuseram aos ven-
cidos uma cultura mais desenvolvida e, principalmente, sua língua, veículo de comunicação entre 
os povos vencidos e os vencedores.
Nas regiões conquistadas, uma parte da terra era considerada em latim ager	
publicus, ou seja, campo público, que poderia ser arrendado a pequenos proprie-
tários ou explorada pelos romanos. Os romanos adotaram uma política bastante 
aberta para a época: impunham o direito romano, exploravam economicamente a 
região, mas respeitavam as tradições religiosas dos vencidos e permitiam que estes 
continuassem a utilizar a língua materna nos contatos entre si.
A Braz CubasUnidade 4Elementos Básicos da Linguística Histórica
45
É lícito afirmarmos que, dentre todas as guerras pelas quais Roma passou, as 
Guerras Púnicas foram as mais importantes para o desenvolvimento da história do 
Ocidente. 
As Guerras Púnicas ocorreram em um mo-
mento em que Roma já dominava a Península Itálica, 
e Cartago, cidade de origem fenícia no Norte da Áfri-
ca, controlava o comércio no Mediterrâneo ociden-
tal. É óbvio que Roma precisaria do poder supremo, 
inclusive no Mediterrâneo ocidental.
 
Fonte: http://www.google.com.br/imgres?q=roma+e+cartago&hl=pt-BR&sa=N&biw=1024&bih=571&tb
m=isch&tbnd=ku43bBbOzdl_lM:&imgrefurl=http://pessoal.educacional.com.br/up/20021/1111376/t139.
asp&docid=VY3TBvbpN-NGgM&w=600&h=369&ei=sHI6TvDMfZgQey0Mx-&zoom=1&iact=rc&dur=844&pa
ge=1&tbnh=129&tbnw=184&start=0&ndsp=13&ved=1t:429,r:1,s:0&tx=81&ty=61 
Roma tinha interesse na Sicília, pois era grande produtora de trigo, possuía 
jazidas de exploração de prata cujo comércio estava nas mãos dos cartagineses. Car-
tago pretendia aumentar seu raio de dominação econômica, desalojando os comer-
ciantes gregos do Mediterrâneo. Declarada a guerra entre as duas potências rivais 
(264 a 146 a.C.), ao final, coube a vitória às legiões romanas. 
Os romanos venceram a Primeira Guerra Púnica (264 - 241 a.C.) e passaram a 
dominar a Sicília, a Sardenha e a Córsega. No final do século venceram a segunda 
Guerra Púnica (218 - 201 a.C), quando as tropas de Cipião, o Africano, derrotaram 
Aníbal, famoso general cartaginês, obrigando os derrotados a entregar sua frota de 
navios e a Espanha. Estava dominado o Mediterrâneo Ocidental. 
A Braz CubasUnidade 4 Elementos Básicos da Linguística Histórica
46
O exército fortaleceu-se, o comércio desenvolveu-se e gerou riquezas para 
Roma, que passou a atacar os estados Helenísticos do Mediterrâneo Oriental, aos pou-
cos conquistados durante o século II a.C. A terceira Guerra Púnica (149 - 146 a.C.) teve 
como pretexto o conflito entre os Cartago e a Numídia, aliada de Roma, foi responsável 
pela derrota definitiva de Cartago, e completamente arrasada pelos romanos, que pas-
saram a dominar o Norte da África e escravizaram cerca de 40 mil homens. 
No decorrer das 2º e a 3º Guerras Púnicas, os romanos conquistaram na Eu-
ropa Oriental: Macedônia, Grécia, Ásia Menor e Síria. Assim, o mar Mediterrâneo 
passou a ser denominado pelos romanos Mare	Nostrum. Dessa forma, não só os 
territórios em torno do Mediterrâneo estavam sob domínio romano, mas também 
as atividades comerciais.
Em virtude de tais conquistas, houve importantes mudanças socioeconômicas. 
Ressalta-se a influência da cultura grega e maior apego às coisas materiais.
As camadas sociais emergentes, principalmente mercadores e militares pas-
saram a disputar o poder com os patrícios, que buscaram apoio da plebe por meio 
do clientelismo e de uma política voltada para panis	et	circus, ou seja, para “ o pão e 
circo”( espetáculos que agradavam ao público e os mantinham sob ordem). Contudo, 
as revoltas de escravos e dos povos dominados eram constantes. No século I a.C., 
constatamos a crise do poder senatorial nas constantes Guerras Civis.
4.2 Das invasões bárbaras
A Braz CubasUnidade 4Elementos Básicos da Linguística Histórica
47
Com o decorrer do tempo, os costumes e a língua-mãe foram trocados e es-
quecidos, prevalecendo a cultura e língua romanas. 
É lícito afirmar que, a partir das invasões árabes na península, a língua árabe 
começou a ser utilizada nas regiões conquistadas. No entanto, a população conti-
nuou a falar latim vulgar. Depois da expulsão dos árabes, observou-se que a influên-
cia exercida na língua “latina” foi pequena: basicamente no léxico. O português mo-
derno recebeu grande número de palavras de origem árabe, relacionadas à culinária, 
agricultura e nos nomes de locais, tais como: Algarve, Alcácer. No geral, em língua 
portuguesa, os vocábulos que começam por “al” são de origem árabe. 
4.3 Das origens e formação da língua portuguesa 
Em síntese, o latim era o idioma oficial do Império Romano. Como toda e qualquer 
língua, compreendia duas modalidades: a vulgar e a clássica. 
A clássica era falada e, principalmente, escrita, pelas classes sociais mais elevadas, 
uniforme em função da influência do ensino e da cultura. 
A vulgar, era uma modalidade popular, despreocupada e espontânea.
Do latim falado, sem pretensões literárias e diferentes da forma clássica, derivam-
se as línguas românicas ou neolatinas.
A Braz CubasUnidade 4 Elementos Básicos da Linguística Histórica
48
4.4 Appendix Probi
Appendix Probi é um texto do século IV d.C. de autor desconhecido(dizem, sem 
comprovação, ser de um gramático denominado Marco Valério Probo), no qual se com-
pilam os erros mais frequentes do latim vulgar da época, opondo-os às formas corretas 
do latim clássico. 
O Appendix probi é um documento importante, pois nos traz registros dessa lín-
gua coloquial que se transformou nas línguas românicas.
speculum non speclum oculus non oclus
masculus non masclus aqua non acqua
vetulus non veclus vir non vy
vitulus non viclus virgo non vyrgo
angulus non anglus tabula non tabla
cithara non citera amycdala non amiddula
crista non crysta stabulum non stablum
formica non furmica mensa non mesa
[catulus non ca<te>llus] auctor non autor
calida non calda auctoritas non autoritas
orbis non orbs nurus non nura
formosus non formunsus socrus non socra
ansa non asa rivus non rius
auris non oricla viridis non virdis
camera non cammara labsus non lapsus
cloaca non cluaca nobiscum non noscum
Podemos dizer que o Appendix	 Probi apresenta, portanto, uma extensa lista 
de palavras do latim vulgar consideradas erradas, acompanhada de recomendações 
sobre a sua pronúncia, como speculum	non	 speclum (espelho), persica	 non	pessica 
(pêssego), socrus	non	socra	(sogra), rivus	non	rius (rio). No entanto, observamos que a 
tentativa de se impor uma forma correta não foi ouvida pelo falante do latim vulgar.
Segundo Ambrósio e Romero Lopes1 , “levando em consideração essas infor-
mações e o estudo de mudanças linguísticas evidenciadas em diferentes variedades 
não-padrão do português do Brasil – variedades para as quais a representação lexi-
1 (http://www.gel.org.br/estudoslinguisticos/volumes/32/htm/comunica/ci155.htm)
A Braz CubasUnidade 4Elementos Básicos da Linguística Histórica
49
cal na ortografia oficial está longe de ser natural (cf. vocalização do fonema λ entre 
duas vogais verificada em mulher > muié; rotacismo verificado em clube > crube, alto 
> arto; assimilação do tipo –nd > –nn > n verificada em falando > falano; etc..) –, os 
alunos foram convidados a refletir sobre um dos principais preconceitos envolvendo 
a língua portuguesa: o de que brasileiros falantes do português não padrão desco-
nhecem “o” português. 
Marcos Bagno (BAGNO, 1999:40), é exatamente esse preconceito que tende a 
considerar qualquer manifestação linguística não conforme à tríade escola-gramática-
dicionário “errada, feia, estropiada, rudimentar, deficiente”.
4.5 Línguas românicas
São as línguas que, originárias do latim, se desenvolveram nas provín-
cias romanas. O latim que mais contribuiu para a formação dessas línguas foi 
o falado pelos colonos e soldados romanos, no entanto, em se tratando de 
contribuição, o latim clássico também tem o seu legado nas línguas neolatinas. 
Pode-se dizer que quando os romanos conquistavam outros povos, juntamen-
te com os soldados, seguiam pedagogos, funcionários e pessoas necessárias à con-
solidação da conquista. 
A língua latina era ensinada nas escolas e transmitida aos habitantes, de uma 
certa maneira, impondo-se como instrumento de comunicação entre o consquistado 
e o conquistador. Há indícios de que os romanos não impunham nem a língua latina 
nem a cultura, mas pelas circunstâncias gerais, já que eram mais desenvolvidos e 
acabavam por determinar o predomínio do latim sobre as línguas nativas. 
O importante é ressaltar que as línguas dos povos vencidos acabaram absorvi-
das pelo latim falado, o que justificará o surgimento das línguas românicas. 
À medida que o latim entrou em contato com as outras línguas, houve adequa-
ções em função das necessidades regionais, dos hábitos fonéticos do povo conquis-
tado e do período em que a província passou pelo processo de romanização. 
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Enquanto perdurou a unidade política estabelecida por Roma, as alterações 
na língua latina ocorreriam lentamente e desapercebidas, porém, a invasão dos bár-
baros, no século V, e a consequente fragmentação da unidade política do Império 
acentuaram as diferenciações regionais. 
A língua latina falada nas províncias cedeu ao crescente prestígio das novas 
formas de expressão, fragmentando-se a caminho do surgimento das línguas româ-
nicas ou neolatinas: o português, o galego, o espanhol, o catalão, o francês, o preven-
çal, o franco-provençal, o italiano, o rético e o romeno.
Estamos	quase	chegando	ao	fim	da	unidade,	mas	ainda	temos	que	falar	
sobre	a	origem	e	evolução	da	Língua	Portuguesa!	Acesse	o	AVA	e	verifique	
o	material	disponibilizado.
4.6 Considerações da unidade IV
Para esta unidade, temos a quarta teleaula que traz uma abordagem e exem-
plos diferentes para complementar seu aprendizado. O tema relevante é a história 
da língua portuguesa. Mostramos que a língua é viva, passa por transformações, 
desde os tempos mais remotos até a atualidade. Hoje, por ser de uso social, continua 
no processo de evolução.
Assim, chegamos ao final de mais um estudo sobre Linguística em seus aspec-
tos gerais. Esperamos ter contribuído para que você possa executar um trabalho 
profissional no tocante ao ensino da Língua Portuguesa. A Linguística deve servir de 
aparato para que a dinâmica da língua seja revista nos aspectos mais conservado-
res e, principalmente, para que, enquanto professores não sejamos preconceituosos 
frentes as diversas formas em que a língua se apresentará a nós em sala de aula. Não 
estigmatizar o aluno, em função da língua, é a prioridade de todo professor. Condu-
zir o aluno à percepção das diferenças linguísticas é a obrigação de todo profissional 
que trabalha com a língua portuguesa.
Referências
51
Referências
ARMENGUAD, F. A pragmática. Tradução: Marcos Marcionilo. São Paulo: Parábola, 
2006 (La Pragmatique. Paris: PUF, 1985).
BAGNO, Marcos. Preconceito linguístico: o que é, como se faz. 49. ed. São Paulo: 
Loyola, 1999.
BARROS, João de. Gramática da língua portuguesa: com os mandamentos da Santa 
Madre Igreja. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, 1996.
BARTHES, Roland. O Grau Zero da Escrita. São Paulo: Martins Fontes, 2004.
BASSETTO, Bruno Fregni. Elementos de Filologia, São Paulo: EDUSP, 2011.
_________ Bíblia de Jerusalém. São Paulo: Edições Paulinas, 1985.
CÂMARA JR., Joaquim Matoso. História e estrutura da língua portuguesa. 2. ed. Rio 
de Janeiro: Padrão, 1979. 
CÂMARA, Joaquim Mattoso Jr. Dicionário de fatos gramaticais. Rio de Janeiro: Casa 
de Rui Barbosa, 1956.
CAMARA, Mattoso Jr. Princípios de Linguística Geral. Rio de janeiro: Padrão, 1977.
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COUTINHO, Ismael de Lima. Gramática Histórica. Rio de Janeiro: Livraria Acadêmi-
ca,1971.
DUBOIS, Jean et alii. Dicionário de Linguística . São Paulo: Cultrix, 1988. 
FERREIRA, Carlota & CARDOSO, Suzana. A dialetologia no Brasil. São Paulo: Contex-
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MAINGUENEAU, Dominique. Introdução à Linguística. Lisboa: Editora 70, 1997.
MOSCOVICI, S. La Psychanalyse son image et son publique. Paris: PUF, 1976 (2e 
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NUNES, José Joaquim. Crestomatia Arcaica. Rio de Janeiro: Livraria Clássica, 1959.
PAIVA, Dulce de Faria. História da língua portuguesa. Vol. II Século XIV e meados do 
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Referências
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SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de Linguística Geral. São Paulo: Cultrix, 1994.
TORT, P. La	Raison	classificatoire.	Paris: Aubier, 1989.
TRAVÁGLIA, Luiz C. Gramática e Interação: uma proposta para o ensino de gramá-tica. São Paulo: Cortez, 2006.
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Livro, 1961.

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