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PREPARO DE SOLO FLORESTAL Nona Aula Teórica Prof. Volpato 3. CULTIVO MÍNIMO DO SOLO EM ÁREAS FLORESTAIS O cultivo mínimo é um sistema que prevê a realização de um preparo localizado do solo, apenas na linha ou na cova de plantio, mantendo-se a maior parte dos resíduos culturais na superfíficie do solo. Os implementos utilizados normalmente são escarificadores, subsoladores, brocas coveadoras, dentre outros. A técnica de cultivo mínimo é fundamental para conservação do solo: todo o resíduo da colheita – folhas, cascas e galhos – fica nos terrenos, formando uma cobertura que protege o solo da erosão, mantém sua umidade e agrega micronutrientes. O cultivo intensivo é uma forma de preparar o solo que contempla amplo revolvimento de suas camadas superficiais, com incorporação total ou parcial dos resíduos culturais. Alternativamente, neste sistema, os resíduos culturais são queimados. Os implementos normalmente utilizados são: arado, grade pesada, grade leve, grade "bedding". Evolução dos sistemas de limpeza do terreno e preparo do solo: Queima total → Queima parcial → Uso de herbicidas e manutenção dos resíduos → ? Arado+grade → grade pesada/grade bedding → escarificação ou subsolagem → cultivo mínimo → ? No preparo intensivo do solo ocorre incorporação (ou queima) dos resíduos e elevada mineralização (decomposição) da matéria orgânica, além de deixar o solo exposto à erosão e os nutrientes disponíveis para serem perdidos por lixiviação. No cultivo mínimo a maioria dos resíduos do cultivo florestal anterior permanecem na superfície do solo (protegendo o solo), e a mineralização (decomposição) da matéria orgânica é lenta devido a alta relação C/N (carbono/nitrogênio) dos resíduos sobre o solo. As principais vantagens do cultivo mínimo são: a) preserva as características físicas do solo; b) reduz as perdas de nutrientes do ecossistema; c) preserva a atividade biológica do solo; d) reduz a infestação de plantas invasoras; e) reduz despesas de implantação e reforma de povoamentos; f) reduz o período improdutivo das atividades de campo; g) reduz as perdas de solo e água por erosão. As principais desvantagens do cultivo mínimo são a maior heterogeneidade de crescimento inicial dos povoamentos e as maiores dificuldades de proteção e manejo da floresta (maior risco de incêndio; maior risco de algumas pragas e doenças; maior dificuldade no combate às formigas; maior risco de dano devido à geada; maior restrição às raízes se houverem impedimentos físicos ou químicos; maior dificuldade para tratos culturais). O manejo silvicultural quando se adota o cultivo mínimo deverá ser diferenciado, pois o cultivo mínimo altera o ambiente e a fisiologia da árvore. O cultivo mínimo deverá afetar: crescimento de raízes; fertilidade do solo; porosidade do solo; umidade e arejamento do solo. Ainda existem diversas lacunas de pesquisa em cultivo mínimo relacionadas a: dinâmica de água e nutrientes; dinâmica biológica do solo; pragas e doenças; perdas de solo por erosão; tratos culturais; herbicidas e controle de plantas competidoras; adubação; dinâmica de carbono; desenvolvimento de equipamentos; produtividade dos sítios. 4. Subsoladores Embora o subsolador seja considerado como um implemento a ser usado para a sistematização do solo (rompimento de camadas adensadas a grandes profundidades) e não para o preparo primário do solo, devido à sua semelhança com o escarificador e à grande utilização que vem tendo, nos últimos anos, como um equipamento de preparo do solo, principalmente na área florestal. Considera-se a subsolagem como uma operação de sistematização do solo, cuja finalidade é romper as camadas subsuperficiais compactadas. Portanto, a subsolagem é a mobilização do solo em profundiade (superior a 40 cm), provocando pouca mobilização superficial. Assim, o rompimento do solo dá-se no sentido vertical, não havendo inversão de leiva como no caso da aração. Desta forma, através da quebra de camadas subsuperficiais adensadas, busca-se facilitar a penetração no solo tanto das raízes das plantas como de água, o que, em muitos casos, pode evitar a ocorrência de erosão. Por ser a subsolagem realizada a grande profundidade, ela exige um esforço de tração relativamente elevado, implicando custos maiores para a sua execução, devido a, por exemplo, maior consumo de combustível, operação com trator de maior potência e equipamento mais robusto. Vários autores recomendam a execução da subsolagem em intervalos de três a cinco anos e somente quando a compactação subsuperficial do solo exigir este tipo de tratamento, pois, caso contrário, poderá ocorrer prejuízos ao solo, ao invés de benefícios (Agricultura Convencional). Todas as observações feitas para os escarificadores no que se refere a distância entre hastes, formato das ponteiras, condições ideais para trabalho, regulagem e manutenção são, também, válidas para os subsoladores, pois, em linhas gerais, esses implementos são muito parecidos, sendo que os subsoladores, por executarem a sua tarefa a maiores profundidades, necessitam de uma construção mais robusta. Os subsoladores podem ser utilizados com alguns dispositivos especiais, cuja função é realizar outras tarefas que não, apenas, a subsolagem. Dessa forma, podem- se ter acoplados, ao subsolador, um ou mais depósitos de adubo, cuja função seria permitir a colocação de fertilizante ou corretivo em profundidade. Eles também podem ser utilizados para enterrar tubos plásticos para drenagem ou podem apresentar uma peça na parte posterior da ponteira, chamada “torpedo”, cuja função é fazer túneis (canais) de drenagem subterrâneos, especialmente em solos argilosos e úmidos. Segundo Stone, Gulvin (1976), canais feitos dessa forma e nessas condições podem durar de sete a oito anos. Existem ainda os chamados subsoladores vibratórios, nos quais as hastes apresentam oscilação no sentido transversal, a qual é obtida pela TDP do trator. Conforme Silveira (1988), este tipo de subsolador apresenta uma redução do esforço de tração em mais de 30%. O subsolador (FIG. 3), a exemplo do escarificador, é composto por uma parte estrutural, chamada chassi ou estrutura, que serve de sustentação às hastes, responsáveis pela união entre o chassi e a parte ativa do subsolador, as ponteiras (FIG. 4). FIGURA 3 – Escarificador A semelhança da ponteira do escarificador, esta também pode ser de formato estreito ou alado. A diferença fundamental entre ambas diz respeito a seu aspecto construtivo, pois, esta última tem de ser mais robusta que a do escarificador. FIGURA 4 – Formatos de ponteiras de subsolador: A) larga; B) estreita. FONTE: PEÑAGARICANO, 1987. A ponteira é fixada, através da haste (FIG. 5), à estrutura do subsolador. Sua construção é bastante rígida a fim de que suporte esforços provocados pelo solo durante o trabalho do equipamento. Seu formato é variável, podendo ser reta (na vertical ou inclinada), curva ou parabólica. Estudos realizados por Lanças (1988) demonstraram que as hastes de formato parabólico apresentam um menor esforço de tração e devem ser utilizadas de forma que seu trecho curvo fique totalmente fora do solo. FIGURA 5 – Tipos de hastes de subsolador: A) reta; B) inclinada; C) curva; D) parabólica Fig.6: Ação do subsolador no solo. A estrutura do subsolador (chassi), muitas vezes chamada de barra porta ferramentas, é a peça na qual são acopladas as hastes do subsolador. A exemplo do chassi dos escarificadores, deve permitir que se façam as regulagens de localizaçãodas hastes. Colocadas lateralmente ao chassi, estão as rodas, normalmente de aço, sendo sua função permitir que o implemento trabalhe na profundidade escolhida, isto é, regular sua profundidade de trabalho. Alguns subsoladores apresentam discos de corte, que vão localizados na parte frontal de cada haste e servem para facilitar o corte do solo em terrenos que apresentem grande quantidade de cobertura vegetal. 5.1 Regulagem As regulagens dos subsoladores são semelhantes às dos escarificadores, estando relacionadas, diretamente, à distância entre hastes, à profundidade de trabalho e largura das ponteiras. Todas as observações feitas neste aspecto para os escarificadores são válidas para os subsoladores. 5.2 Manutenção A manutenção correta do subsolador permitirá que ele apresente uma adequada vida útil, evitando a ocorrência de contratempos durante a sua utilização. Da mesma foram que para os outros implementos, a manutenção dos subsoladores pode ser dividida em manutenção diária, preventiva e de conservação, conforme segue. Diariamente: verificar torções na estrutura; manter parafusos e porcas bem apertados; verificar o estado das ponteiras, mantendo sua afiação, em caso de desgaste excessivo, substituí-las; lubrificar os rolamentos das rodas de profundidade. Preventivamente: ao final da sua utilização, o subsolador deve ser lavado, verificando-se e consertando-se as peças que apresentarem problemas, substituindo-se aquelas que possuírem desgaste excessivo; os rolamentos das rodas de profundidade devem ser desmontados, limpos e lubrificados. Caso apresentem alguma danificação ou excessivo desgaste, devem ser substituídos; verificar a existência de torções na estrutura; a fim de evitar-se o surgimento de pontos de ferrugem, sua pintura deve ser retocada sempre que necessário. Conservação Após a manutenção periódica, o subsolador deve ser guardado em local seco e protegido do solo e da chuva, ficando longe de fertilizantes e de animais domésticos. Deve, também, ficar apoiado sobre calços de madeira, a fim de evitar-se o contato direto das ponteiras com o solo, o que provoca, nelas a ocorrência de pontos de ferrugem. Para que o implemento fique melhor protegido, até sua nova utilização é interessante cobri-lo com uma camada de graxa fina, óleo ou um produto anticorrosivo. Para facilitar a compreensão da manutenção dos subsoladores, tem-se a Tabela 1. TABELA 1 – Manutenção periódica dos subsoladores. Descrição Reapertar Lubrificar Com graxa Verificar Afiar Desmontar Substituir Verificar torções Intervalo Parafusos e porcas X A cada 24h X Quando necessário Ponteiras X A cada 24h X X Quando necessário Rolamentos das rodas de controle de profundidade X A cada 24h X A cada safra X Quando necessário Estrutura X A cada safra
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