Buscar

elementos etnicos

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

OS ELEMENTOS ETNICOS E A
FORMA~AO SOCIO-CULTURAL DOBBASIL
A coloniza~ao do Brasil levou a miscigena-
~ao racial entre os tres principais elementos etni-
cos formadores do povo brasileiro: 0 indio, 0 ne-
gro e 0 branco. Essas miscigena~oes raciais, ja no
seculo XVI, deram origem a tres tipos funda-
mentais de mestic;os:
• caboclo ou mameluco (cruzamento entre 0
branco e 0 indio);
• mulato (cruzamento entre 0 negro e 0 branco);
• cafuzo (cruzamento entre 0 indio e 0 negro).
Muitosautores, levando as implica\=oes da
miscigena~ao racial longe demais, concluiram
que 0 Brasil foi palco de uma verdadeira demo-
cracia racial, sendo acultura brasileira 0 resulta-
do da "harmonizac;ao" da heran\=a indigena,
negra e portuguesa. Isto, na verdade, nao ocar-
reu pois os la\=os da domina\=ao metropole-
colonia nao se restringiram apenas ao setor eco-
nomico, alcan\=ando tambem 0 aspecto socio-
cultural. Com efeito, 0 colonizador europeu, em
razao do seu dominio politico-economico, imp6s
ao Brasil os padroes socio-culturais europeus.
Desprezou ao maximo os legados culturais do in-
dio e do negro, considerando-os contribui\=oes de
classes inferiores. Contudo, muitos elementos
culturais do indio e do negro se perpetuaram na
vida brasileira, porque se incorporaram a alma
do povo, sem 0 consentimento da classe domi-
nante, cujo objetivo era tao-somente a europei-
za\=ao da Colonia.
"Enfatizar tanto a heran\=a do branco na
formac;ao social brasileira nao significa dizer que
nada sobrou as outras rac;as? Nao, necessaria-
mente. Entretanto, nao resta a menor duvida de
que 0 legado do indio e do negro foi limitado e,
alem do mais, adulterado pelo fato de ser precise
enquadra-Io num contexto social em que 0 bran-
co ditava normas e impunha seus valores. 0 ne-
gro e 0 indio foram constrangidos a adotar tais
normas e valores em face da situa\=ao de submis-
sac em que ficaram. Submetidos a violencia t1sica
e cultural, negros e indios tiveram seus pad roes
de comportamento e existencia aviltados e ate
destruidos." I
Desfazendo 0 mito da democracia ra-
cial e cultural brasileira, vamos estudar urn pou-
co da situa\=ao de cad a urn desses tres elementos
etnicos (indio, negro e branco), no contexto da
coloniza~ao.
2. 0 ElEMENTO INOiGENA
o Brasil possui, atualmente, cerca de 200
mil indios. Este numero representa bem menos
de 10:0 da popula\=ao brasileira, mas, na epoca
em que se deu 0 descobrimento, a situa\=ao era
muito diferente. Ha estimativas de que havia
mais de 4 milhOes de indios espalhados pelo nos-
so territorio,o que significa uma populac;ao mui-
tas vezes superior a que existia em Portugal. 2
Como explicar essa violenta redu\=ao da po-
pula~ao indigena ao longo dos seculos? A expli-
1. Luiz Roberto LOPES, Hist6ria do Brasil colonial, Porto
A.legre, \1ercado Aberto, 1981, p. 20.
2. Segundo estudos estatisticos efetuados pela Universidade
de Berkeley, ao qual esUlo associ ados os nomes de Cook.
Simpson e Borah, foi estimada uma popuJa<;:ao indigena
de 38 a ':10 milhoes de habitantes para toda a America pre-
colombiana. Deve-se observar que os numeros apurados
por essas pesquisas SaG0 resultado do uso de todas as fon-
1I F
ca~ao e 0 genocidio a quefoi submetido todo urn
povo, os primeiros habitantes da terra.
Dentre as varias causas que levaram ao mas-
sacre indigena, destacam-se as seguintes:
• 0 ataque dos diversos microbios
contagiosos
Alem do colonizador, as navios europeus
traziam tambem inumeras doen~as infecciosas
como: sarampo, tifo, variola, gripe, impaludis-
mo (malaria) e, posteriormente, tuberculose. As
popula\=oes indigenas nao tin ham resistencia or-
ganica para essas infec\=oes. E, ao serem conta-
minados por essas doenc;as, sofriam duplo im-
pacto, fisico e psicologico. A matan~a coletiva
les disponiveis, como por exemplo, relatos incaicos, listas
de indios tributarios, bases arqueol6gicas etc.
/ ...
~TupiS
~Jes
IIllIIIlll Nuaruaques
DCaraibas
I!S:N
~ Outros Grupos
das tribos pelas epidemias abalava profunda-
mente a estrutura psico-social do indigena. Con-
taminado por doenps estranhas, que ele ignora-
va e nao sabia com bater, 0 indio supunha, mui-
tas vezes, estar sendo castigado pelos seus deuses
e entregava-se ao mais desolador sentimento de
apatia.
• A desorganizar;ao do modo de vida indi-
gena
o colonizador, ao escravizar 0 indio, rom-
pia sua organizar;ao social primitiva. Ele destruia
a unidade dos grupos nativos porque forr;a\'a al-
deias inteiras a migrarem, com 0 intuito de ex-
plorar 0 seu trabalho.
• A guerra ao indio
o colonizadof empreendeu uma guerra sis-
tematica as tribos rebeldes que, na medida de
suas forr;as, lutavam pela defesa de suas terras e
PRINCIPAlS
GRUPOS INOiGENAS
de sua liberdade. A rear;ao indigena, entretanto,
foi sufocada pelas armas de fogo do coloniza-
dOL A vioH~ncia da p61vora derrotava 0 herois-
mo indigena de arco e flecha.
Em term os de guerra ao indio, podemos dis-
tinguir dois tipos basicos: a guerra declarada em
lei (considerada guerra justa) e a guerra ilegal,
movida por interesses particulares, sob os olhos
complacentes do Estado Colonial.
• Os suicidios coletivos e a auto-destrui9ao
Suicidios, infanticidios e abortos foram sig-
nificativamente praticados por indios de muitas
aldei~s amear;adas. Era a atitude desesperada de
urn povo que via sucumbir seu mundo, seus deu-
ses, sua estrutura social. Assim, nao e apenas a
matanr;a deliberada do indio que explica a des-
popular;ao nativa. 0 "nao querer viver mais" do
indio tambem deve ser somado as causas do mas-
sacre indigena.
Informa~oes gerais sobre os
indigenas
Classificac;ao
Os indigenas brasileiros foram c1assifi-
cados, de acordo com a lingua que falavam,
em quatro grandes grupos: tupis (habita-
vam a litoral brasileiro, principal mente a
dos Estados do Rio de Janeiro, Bahia, Ma-
ranhao e ParcH; nuaruaques (habitavam a
i1hade Maraj6, partes da Amazonia e 0 Es-
tado do Mato Grosso); caraibas (habita-
vam a Regiao Amazonica); tapuias au jes
(habitavam a interior do Brasil Central).
Nac;:oes, tribos, aldeias
As nac;:oes indigenas dividiam-se em
tribos. Estas, par sua vez, dividiam-se em
aldeias au tabas.
Oeas e ocaras
As aldeias, de maneira geral, eram for-
madas par um conjunto de quatro a sete
cabanas, onde os indios moravam. Essas
cabanas eram chamadas de bcas, e eram
dispostas em cfrculo. No centro havia uma
area livre que recebia 0 nome de ocara,
terreiro destinado a cerimonias religiosas e
festas.
Caciques e pajes
Os guerreiros da tribo passu lam um
chefe, a cacique au morubixaba. 0 che-
fe dos assuntos espirituais era a paje, que
dirigia as cerimonias religiosas, tratava dos
doentes e transmitia aos mais jovens as
lendas e tradi<;:oes.
Os invasores. Quadro de Antonio
Parreiras. As Bandeiras de
apresamento dizimaram grandes
contingentes da popula<;:a,p il1digena.
Heranc;a indigena
Apesar do c1ima de hostilidade entre
brancos e indigenas, a sociedade brasileira
recebeu inumeras influencias culturais dos
indios. Observe alguns exemplos:
• alimentos: mandioca, milho, guarana,
palmito.
• objetos: rede de dormir, jangada, ca-
noa, armadilhas de ca<;:ae pesca, instru-
mentos musicais (como a maraca).
• vocabulario: inumeras palavras da lin-
gua tupi como, par exemplo, Curitiba,
Piau!, caju, mandioca, jacare, sabia, ta-
tu, abacaxi.
• tecnicas: trabalhos com ceramica, pre-
paro da farinha de mandioca.
• habitos: 0 usa do tabaco, a banho dia-
ria.
~3.0 ELEMENTO NEGRO
Portugal importava escravos negros desde
1443. Foi 0 primeiro pais da Europa a desenvol-
ver, nos tempos modernos, 0 comercio de escra-
vos, facilitado pelo dominio que exercia sobre as
terras da Africa. Com 0 decorrer do tempo, 0
monop61io portugues no trMico negreiro foi sen-
do reduzido pela concorrencia de traficantes ho-
landeses, ingleses e franceses.
Em razao da intensa atividade dos trafican-
tes de escravos, 0 continente africa no sofreu
uma das maiores sangrias populacionais de sua
hist6ria. Ha estimativas de que, entre os seculos
XVI e XIX, somente para a America vieram,
aproximadamente,vinte milh6es de escravos. Cer-
ca de urn quinto desses escravcs vieram para 0
Brasil.
Conforme os calculos de Mauricio Goulart3,
de 1568 a 1859, 0 trMico negreiro foi responsavel
pela introdu~ao no Brasil de, apro-
ximadamente, 3600000 escravos.
Outros pesquisadores, como
Herbert Klein, estimam que 0 tra-
fico foi responsavel pelo desem--
h
,
barque no Brasil de 4.009.400 es-
Cravos.
Estes negros pertenciam principal-
mente a dois grupos lingtiisticos:
• Bantos: tribos negras do SuI da Africa, gcral-
mente de Angola e Mo~ambique, que cram
trazidas principalmente para Pernambuco e
Rio de Janeiro e
• Sudaneses: tribos negras de Daome, Nigeria e
Guine, que foram trazidas principalmente pa-
ra a Bahia.
a transporte dos escravos said os da Africa
era realizado pelos navios negreiros. as negros
cram colocados nos po roes destes navios, onde 0
espa~o era pouco, 0 ambiente escuro e 0 calor in-
suportavel. A!em disso, a agua era suja e 0 ali-
mento insuficiente para todos. Durante essas
horriveis viagens, morriam cerca de 20 a 40070
dos negros, em razao dos maus tratos recebidos e
da pessimas condi~6es do transporte.4 Por isso,
em Angola, esses navios sinistros eram chama-
dos de tumbeiros, palavra relativa a tumba ou
sepultura.
4. Cf. J. Pandia CALO(;ERAS, Formar;iio his/orica do Brasil.
S?ln P;llIln. '\:a(ional. Iqli~.I' '0.
L1NHAS DE TRAFICOS DE ESCRAVOS
AFRICA - BRASil
3. Cf. Mauricio GOULART, A escravidiio
negra no Brasil, Sao Paulo. Alfa-Omc-
ga, 1975.
• Bantos
D Sudaneses
r .
f !, I
Urn duro trabalho era reservado aos negros
que conseguiam sobreviver as crueis viagens.
Chegando ao Brasil, eles eram vendidos nos mer-
cados de escravos e, algum tempo depois, ja es-
tavam trabalhando para os seus proprietarios, a
base do chicote do feitor. Os negros realizaram,
no Brasil, divers os tipos de atividades. Trabalha-
ram na agro-manufatura do ac;ucar, no plantio
do algodao, do cafe, no extrativismo mineral.
Trabalharam tambem na prestac;ao de servic;os
domesticos, no artesanato etc.
o excesso de trabalho, a ma alimentac;ao, as
condic;oes de higiene, os castigos e outros fatores
desse genero acabavarn afetando, rapidarnente, 0
estado de saude dos escravos. Por esta razao, sua
media de vida era de, aproximadamente, sete a
dez anos de trabalho, segundo 0 historiador Ro-
o colar de ferro era urn castigo para os negros fugitivos. T
nha varios bra90s ern forma de gancho para facilitar 0 apr
sionamento do escravo.
berto Simonsen.5 Para os proprietarios, a mortl
de urn escravo significava, basicamente, a perd.
de uma valiosa mercadoria. 0 problema doia
lhe, apenas, no bolso e resolvia-se com a compr~
de outro escravo. E, portanto, 0 trMico negreiro :
principal fonte de reabastecimento da mao-de
obra escrava pois, no Brasil, nao se estimulava 4
crescimento vegetativo da populac;ao negra. (
investimento na escrava gravida e na crianc;a es
crava era tido como antieconomico, em func;a.
dos interesses imediatistas da explorac;ao do se'
trabalho. Considerava-se mais lucrativo com
prar escravos ja desenvolvidos do que cria-lo
dentro da Colonia.
5. Cf. Roberto C. SIMONSEN, Hist6ria Economica do Bras
(l500-1820J, Sao Paulo, Nacional, 1967, p. 134.
Obtenyao de escravos na Africa
A obtenc;;ao de escravos na Africa
fazia-se por diversos meios: a guerra, 0 tri-
buto, a troca. Nesse processo era muito
importante, em tempos de paz, a atual;ao
dos chamados pombeiros. Trata-se de
agenciadores do trafico que percorriam as
aldeias africanas comprando escravos dos
chefes locais.
o batismo dos escravos antes do
embarque nos navios negreiros
A multidao de escravos, antes de em-
barcar nos navios negreiros, era geralmen-
te levada a uma Igreja da localidade para
ser batizada. Era urna cerim6nia rapida, on-
de, de uma s6 vez, batizavam-se centenas
de escravos. Ao ser batizado, cada escravo
recebia um novo nome: Jose, Pedro,
Joao, Francisco etc. Um interprete Ihes
dirigia as seguintes hip6critas palavras:
"Olhai, sois ja filhos de Deus; estais a ca-
minho de terras portuguesas (ou espanho-
las), onde ireis aprender as coi'sas da fe ...
sede felizes".
Suicfdios antes do embarque
A confusao e 0 c1ima de medo e de
terror eram grandes, antes dos embarques
nos navios negreiros. Muitos negros prefe-
riam morrer, atirando-se ao mar, a partir
como escravos para terras estranhas. Para
evitar 0 grande numero de suicidios, os tra-
ficantes fechavam todas as escotilhas dos
navios, trancando os negros noS poroes.
Os navios negreiros e 0 tempo
de viagem
Os navios negreiros eram em geral pe-
quenas caravelas, capazes de levar uma
carga de, aproximadamente, 600 escravos.
Sua tripulayao de europeus nao ia alem de
doze homens. Havia grande temor dos ne-
gros se revoltarem, por isso, nao Ihes per-
mitiam ir a cobertura do navio.
A viagem de Luanda a Recife durava,
em media, trinta e cinco dias. A Bahia, du-
rava quarenta dias; e ao Rio de Janeiro,
do is meses.
As peyas da India e a variac;:ao do preyo
dos escravos
Os escravos eram c1assificados segun-
do uma medida de trabalho potencial de-
nominada per;as da india. Cada pec;;acor-
respondia a um negro do sexo masculino
de 15 a 25 anos de idade. Em geral dois ne-
gros, de 35 a 40 anos, assim como crianc;;as
de 4 a 8 anos, valiam 1 pec;;a.
No mercado de escravos no Brasil, os
prec;;osvariavam de acordo com a idade, 0
sexo e 0 estado fisico dos escravos.
Heranya negra
Os negros muito influenciaram na for-
mac;:aoda cultura brasileira. Dentre as prin-
cipais contribuil;oes deixadas por eles, po-
demos destacar:
• alimentos: diversos doces e pratos da
cozinha brasileira como, por exemplo,
feijoada, cocada, quindim, vatapa, aca-
raje, pe-de-moleque, caruru.
• seitas religiosas: umbanda, candom-
ble.
• musica: a musica negra possui uma po-
derosa forc;;arftmica, que e um dos nos-
sos maiores valores musicais. As influen-
cias da musica negra estao presentes
nos lundus, nas congadas, nos sambas,
nos maxixes, nos maracatus. Quanto
aos instrumentos musicais, pod emas
mencionar, entre outros: atabaque, re-
co-reco, ganza, agog6, berimbau, cuica.
• vocabulario: diversas palavras como,
par exemplo, batuque, bengala, banana,
xingar, macumba, tuba, mole que, ca-
chimbo, quitanda, samba, chuchu, ca-
char;a.
o escravo precisava obedecer a todas as or-
dens dos seus proprietarios, caso contrario esta-
va sujeito a castigos brutais. As penas impostas
eram extremamente crueis: chicotadas em publi-
co, queimadura do corpo com ferro em brasa
etc.
i\1uitos escravos tentavam fugir da vida de-
sumana que levavam. Mesmo sabendo que, ao
fugir, corriam 0 risco de serem mortos, alguns
escravos achavam preferivel correr este risco a
continuar sofrendo de forma UtO insuportavel.
Para melhor se protegerem das persegui-
c;oes, os escravos fugitivos acabavam se reunindo
em lugares desert os e fundando pequenas comu-
nidades. Estas comunidades eram chamadasde
quilombos.
o mais famoso e importante quilombo for-
mado pelos negros foi 0 Quilombo dos Palma-
res, que recebeu este nome por ocupar uma
imensa regiao de palmeiras, situada no Estado
de Alagoas.
Apesar das inume.ras expedic;oes organiza-
das pelo Governo para destruir 0 Quilombo dos
Palmares, este resistiu 65 anos. Durante este pe-
riodo, chegou a abrigar mais de 20000 fugitivos.
Zumbi foi 0 grande chefe dos negros de Pal-
mares. Era ele quem comandava 0 povo negro
nas lutas pela defesa do Quilombo. Em razao de
sua coragem, inteligencia e bravura, sua fama
espalhava-se por toda a regiao. Os negros 0 con-
sideravam invencivel.
No ana de 1687, 0 Governo contratou 0
bandeirante paulista Domingos Jorge Velho pa-
ra organizar uma tropa de combate e destruir 0
Quilombo. Jorge Velho foi contratado por ser
urn homem de carater violento e impiedoso.
Tornou-se conhecido por seus metodos brutais
de ataque a aldeias indigenas e captura de escra-
vos fugitivos.
Domingos Jorge Velho partiu contra Pal-
mares em 1692. Seu plano era cercar 0 Quilombo
e matar todos os revoltosos. Os negros, entretan-
to, defenderam bravamente sua liberdade numa
lutaem que morreram perto de mil homens, de
ambos os lados. Nesta ocasiao, 0 violento ban-
deirante foi derrotado e teve que fugir.
o Governo, ao to mar conhecimento da for-
c;a dos escravos, resolveu aumentar sua ajuda
militar ao bandeirante e colaborou com ele na
formac;ao de urn poderoso exercito, do qual par-
ticipavam mais de 6000 homens, bem equipa-
dos. AIgum tempo depois, Domingos Jorge Ve-
Iho voltou a atacar Palmares, numa luta que du-
rou quase urn meso Os negros tinham poucas mu-
nic;oes, enquanto os seus inimigos estavam muito
bem armados. Desta vez, 0 Quilombo dos Pal-
mares nao resistiu ao ataque. Foi totalmente des-
truido e sua populac;ao, brutalmente massacra-
da. Zumbi, milagrosamente, conseguiu escapar
ao cerco, fugindo pelas matas com urn pequeno
grupo de escravos. Somente dois anos mais tar-
de, ap6s inumeras perseguic;oes, ele foi captura-
do e morto. Cortaram-Ihe a cabec;a e espetaram-
na num poste em prac;apublica, na cidade do Re-
cife. Com a morte de Zumbi, 0 Governo queria
dar urn exemplo aos escravos e intimidar os pos-
siveis revoltosos. Terminava, assim, tragic amen-
te, a vida her6ica de Zumbi.
~
'II<
A guerra dos Palmares. Quadro de Manuel Victor.
:.. f:,<.·;:: .Segundo Manuel D!egues Junio~, pO:";"'t(;~"'" .tac;alT!.s~/ ..~;()~~~~Ud01()~.:o~:~rH.q;~;j~if,~:i
\>~;demos ·clc~ssificar.0 .elemento portugues ,".:" ...suft~~" >,~:i;;~;:"'.,:;.;,.~.,::.,..,~;j~~~]}~i1r~
.:// que velo pa~a 0 Brasil; no inrdo' da ~oloni- 3~ 'Degredados: pessoas ~4e.vie~~m.i?~ra.J.li:IE
'''ia~o, em cinco grupos principais: ",. 0 Brasil condenadas (em razao. de.cri;~-&;~·
fl~Iji:.~d;~i~~:·;o~~I~~~r:~u::;:~ii~~;,'~it.·...·..~~o~:~~;d~is?~~~~~~;~[~~~t~!
:':~-::':rencia nas concessoes de terras. Consti-:~.7 :{.;.4 ...Cnmmosos .fugltlvos:.<pess~~~Y$l ....
:-::0hr}iuram a classe .mais elevada naepo6a.·:f;§:';;i.S.::'::.~)xi~ra~pa.~ .?~ta~i.!J.~g}n~.~,.f.o~f.:4;~p~~{~
.. \, •..;;:' 13 . 6' . . mas·-ta'mbem··h,~:~~t·"'~mento'de pena·porcnmes :cometlo .~'~;;;~~~~~~~:~i~C0~~;\t~tt~t!:1~~Z~~i~t~~~~!*~~~
:"i:?;2., $acerdotes: representavam'a part~ ~~:.;.:~~~~~~.~:\.~.nha~parao ..Brastld~hvre e ~~P()l1~n."
~<"pifitual da coloniza~o, Influindo na or-:P;),\+,:}fr~",.,vontadeparadesenvolverem'asativig'
DJ;':iS:gan.iza~o moral, da, sociedade g~e.:~i~~:.s;~;Li';i;~·~~~·;~~~~n.oM!~~~.:?~~~~.p~sa::;!qr~p;~~'
.:,';~;,;.. formava ~.Na coloniza~o braslleirades~:::)::Wl':.;:.:':verd~delrps· c.o.I().nrzac;lqre~p~'1uglJe
·,:Ei':~~~u~~~;G=·i~:.£~.~dt:~;.'i;;~;EY~~;~;~·ii.,)~t~:\AC.·.;'.;t,i.'.•.~.•...;.:.•.'.·.·,·.•.},•.•·,·.•·..•.:.•.i.•·,••..·."l.:,·,I.'.tl..l...;.:.t.'.~,••C.:.·.f...'.•·.••.'...f.:•...t...:.~!, .•.f.·.~;.t.·t.:~.x;;:.:...~....:.ji
.~_.,.-:::~--",:.: . ;~'."~-;:r'{~~~~·~;;~~~~~~\/~1;>~·:·~.h·:"·.;~·;· -;:~" ~~,' ,,-~.--;:: _. - '~ _ ~
Ja vimos que a coloniza<;ao do Brasil pelos
portugueses foi um empreendimento de motiva-
<;oespolitica e economica. Em termos economi-
cos, a coloniza<;ao foi marcada por atividades
voltadas para a exporta<;ao de produtos para 0
mercado europeu. De modo geral, 0 colonizador
portugues s6 concordava em vir para 0 Brasil de
livre e espontanea vontade quando tinha condi-
<;oesde ser um dirigente de empresa, contando
com pessoas que fossem trabalhar para ele. 0
que atraia os portugueses era a ambi<;ao de "va-
Na condi<;ao de colonizador, 0 portugues
espalhou 0 seu idioma por todo 0 territ6rio, im-
pondo aos indios e aos negros 0 usode sua lin-
gua e outros padroes culturais. Por meio dos pa-
dres jesuitas, por exemplo, foram divulgadas a
educa<;ao europeia e a religiao cat6lica, que ate
hoje e a predominante no Brasil.
Recebemos dos portugueses a maior parte
das influencias que formam a cultura brasileira.
6. Sergio BuARQCE DE HOLLANDA. Rafzes do Brasil, Rio de
Janeiro, Jose Olympia, 1981, p. 18.
ler mais" que em Portugal, pois aqui poderiam '
ser proprietfuios de terras imensas e senhores de .
escravos indios ou negros. "0 que 0 portugues
vinha buscar era, sem duvida, a riqueza, mas ri-
queza que custa ousadia, nao riqueza que custa
trabalho" .6
Os portugueses que vieram para 0 Brasil
formavam urn grupo heterogeneo, de variadas
posi~(')es sociais. "Nao houve exclusivismo de cri-
minosos, como querem alguns, nem exclusivis-
mo de aristocratas, como querem outros". 7
Essas influencias sac tantas e Hl0 grandes que e
impossivel especifica-Ias; nossa hist6ria, como
um todo, reflete a her.an~a cultural portuguesa.
Como exemplos fundamentais da heran~a
cultural portuguesa, podemos citar:
• 0 idioma que falamos;
• a religiao cat6lica;
• a organiza<;ao social, juridica e administrativa;
• 0 conhecimento cientifico e artistico europeu.
7. Manuel DIEGUES JR., Etnias e Culturas no Brasil, SAo
Paulo, Circulo do Livro, sid., p. 91.
. ~>.
. ;-., '
~'.. ,~..~,: :. :-.
Igreja do Brasil Colonial. A religiao cat6lica, dominante entre a populayao brasileira, e um marco basico da heranya colonial portu-
guesa.
• Elementos etnicos: os tres principais elementos etnicos formadores dopovo brasileiro sac: 0
branco, 0 negro, eo indio. Das miscigenatyoes raciais ocorridas entre eles, surgiram tres tipos
fundamentais de mestityos: caboclo, ou mameluco, mulato e cafuzo.
• 0 mito dademocracia racial e cultural: a cultura brasileira nao e 0 resultado da harmoniza-
tyao das herantyas indigenas, negras e portuguesas. 0 colonizador europeu, em razao do seu do-
minio politico e econ6mico, imp6s ao Brasil os padroes culturaiseuropeus Odioma, religiao, or-
ganizatyao social e politica, conhecimentos cientificos e artisticosl.
• 0 massacre indigena: 0 processo de colonizaty8o levou ao massacre das populatyoes indige-
nas que habitavam a terra brasileira. Entre as principais causas que levaram ao massacre dessas
popuJatyoes, citam-se: a contaminaty8o infecciosa, a desorganizatyao do modo de produtyao indi-
gena, a guerra e os suicfdios coletivos.
• Trafico negreiro: de 1568 a 1859, 0 tratico negreiro introduziu no Brasil, aproximadamente,
3600000 negros, que provinham, principal mente, de dois grupos africanos: os bantos e os su-
daneses. 0 tratico negreiro era a principal fonte de reabastecimento da mao-de-obra escrava,
pois, no Brasil, nao se estimulava 0 crescimento vegetativo da populatyao negra.
• Os quilombos: os escravos fugitivos, para melhor se protegerem das perseguityoes, fundavam
os quilombos. Palmares foi 0 mais famoso dos quilombos chegando a abrigar 20 mil escravos
fugitivos. Seu chefe era Zumbi. Este quilombo resistiu durante 65 anos ao ataque das tropas do
Governo. Foi destruido, em 1692, por tropas comandadas pelo bandeirante Domingos Jorge
Velho.
• 0 colonizador portugues: 0 que atraia os portugueses para 0 Brasil era a ambity80 de "valer
mais" que em Portugal, pois aqui poderiam ser proprietarios de terras e senhores de escravos
indios ou negros. Os portugueses que vieram para 0 Brasil formavam um grupo heterogeneo,
de variadas posityoes sociais (fidalgos e militares, sacerdotes, degredados, lavradores, artesaos
etc.l.
A historia nos revela, e a nossa historia tambem 0 faz, que a colonia e organizada para funcionar
como "instrumento" da nas;ao colonizadora. Desde 0 inicio, desde a instaurayao das relayoes entre con-
quistados e conquistadores, dominados e dominadores, se estabelece urn tipa de relayao correspondente
ao do senhor e do escravo. 0 colonizador e sujeito, ao passe que 0 colonizado e objeto; 0 primeiro e ti-
tular de direitos e privilegios, 0 segundo so tem obrigayoes e deveres, e, quanto aos direitos, apenas
aqueles que 0 senhor the concede.
Esquecemo-nos, frequentemente, de que, ao descobrir e colonizar 0 Brasil, nao pretenderam os
portugueses l:ms;ar, nas regioes do novo mundo, as bases, os fundamentos de uma nayao independente.
Ao encontrar a terra de Santa Cruz, 0 proposito que animava os descobridores era 0 de dilatar 0 Reina,
incorporando novos domini os ao Imperio de Portugal. Nao se tratava, para os contempodineos de D.
Manuel, 0 Venturoso, de plantar, no continente virgem e quase deserto do que mais tarde viria a ser a
America Lusitana, asemente de paises autOnomos, de povos independentes, criando uma estrutura po!i·
tica e administrativa que propiciasse, ulteriormente, a sua cmancipaS;ao. 0 proposito, ao cont[(&ria, era
predatorio, e a preocupas;ao exclusiva, a de explorar as riquezas da terra conquistada, remetendo para a
metropole 0 fruto dessa exploras;ao.
Foi em funs;ao desse projeto, perfeitamente definido, que se assentaram as bases e se esbos;ou a es-
trutura do que se tornaria, alguns seculos depois, a nacionalidade brasileira. Ao longo dos ciclos de ex-
ploraS;ao do pau-brasil, da cana-de-as;ucar, do ouro, do gado, 0 que interessava a metropole era manter
e consolidar a situas;ao colonial, do Brasil.
o complexo colonial, no qual se configurou 0 homem brasileiro durante mais de quatro seculos,
implkava a impossibilidade de tomarmos consciencia critica de nos mesmos. Se remontarmos a nossa
propria biografia e consultarmos 0 nosso estado de espirito, ate ha pouco tempo atras, verificaremos
que 0 colonialismo se manifestava em nos nao so pela total dependencia, mas tambem pelo complexo de
inferioridade em relas;ao a Europa. Se eram ingleses os sapatos e as fazendas das roupas que vestiamos,
franceses eram os livros que Eamos e asideias de que nos utilizavamos.
Nao nos viamos com os proprios olhos, mas com os olhos dos europeus. Tinhamos vergonha de
nos mesmos, de nossa pobreza, de nossa incultura, de nossa inferioridade. Encharcados, ate os ossos,
de cultura europeia, eramos cegos e surdos em relas;ao ao Brasil.
Para rompermos com toda essa situas;ao de pais subdesenvolvido, semicolonial, e preciso com-
preendermos que 0 Brasil nao e exterior a nos, mas esta em nos, faz parte do nosso corpo e da nossa al-
ma. 0 problema da cultura brasileira e urn problema nosso, urn problema pessoal. Nossa existencia sera
dependente e inautentica enquanto for dependente e inautentica a existencia do Pais.
Nao nos parece ser outra a missao das novas geras;6es brasileiras. Descobrir 0 Pais, tomar conscien-
cia de sua realidade, de seus problemas, e forjar a ideologia capaz de configurar 0 seu futuro, promo-
vendo 0 seu desenvolvimento e a sua emancipas;ao. Nao temos outra coisa a fazer, senao inventar 0 nos-
so destino, construindo uma cultura que seja a expressao, a forma adequada do novo Brasil que deve-
mos criar.
Forman'io e problema da cU!lura bras/le/ra, Rio de Janeiro, Instituto Superior de Est.udos Brasileiros (MEC), 1959, p. 29, 33, 34,
39, 40, 45, 46, 50. (Fragmentos - Texto adaptado.)

Continue navegando