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A PRÁTICA PROFISSIONAL DO ARQUITETO EM DISCUSSÃO

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A PRÁTICA PROFISSIONAL DO ARQUITETO
 EM DISCUSSÃO
Introdução
O objetivo aqui é analisar a prática profissional do arquiteto e a relação que a produção do projeto arquitetônico, entendido como expressão da arte e da técnica, estabelece com o mercado. Nortearemos essa analise em depoimentos e entrevistas de 206 arquitetos selecionados em 91 exemplares da Revista AU – Arquitetura e Urbanismo, no período de 1985 a 2000, nesses quinze anos são observadas mudanças como a intensificação do fenômeno social, econômico e político denominado globalização e a difusão da informática, alterando a produção do projeto; no plano político nacional significa o término do período militar. A hipótese norteadora desta pesquisa é que a tensão entre arte, técnica e mercado, observada na prática profissional do arquiteto desde o Renascimento, se intensifica nesse contexto.
Oscar Niemeyer - Essa necessidade de melhor esclarecer meus projetos levou-me a um sistema de trabalho muito particular. Ao chegar a uma solução, passo a descrevê-la num texto explicativo. Se, ao lê-lo, ele me satisfaz, inicio os desenhos definitivos. Se, ao contrário, os argumentos não me parecem satisfatórios, volto à prancheta. É uma espécie de prova dos nove. Na realidade, na maioria dos casos é lendo os textos que os meus projetos são aprovados. Pouca, muito pouca gente conhece os segredos da arquitetura.
THOMPSON, E.P. - A experiência é compreendida “em termos culturais, encarnadas em tradições, sistemas de valores, idéias e formas institucionais”. 
CASTORIADIS - É necessário que (este mundo) seja imagem de alguma coisa. O imaginário é criação incessante e essencialmente indeterminada (social-histórica e psíquica) de figuras/ formas/ imagens, aquilo que denominamos “ realidade e racionalidade”.
LÖWY, Michael - O autor compreende a visão social de mundo como “um conjunto orgânico articulado e estruturado de valores, representações, idéias e orientações cognitivas, internamente unificado por uma perspectiva determinada, por um certo ponto de vista socialmente condicionado”. 
A tensão entre arte, técnica e mercado marca a profissão do arquiteto e a produção do projeto arquitetônico desde o Renascimento. 
Este trabalho pretende compreender a relação que a produção do projeto arquitetônico, entendidas como expressão da arte e da técnica que incorpora mudanças, estabelece com o mercado de trabalho. 
Metodologicamente, o objeto de pesquisa é constituído por falas de arquitetos como fazem e porque fazem arquitetura.
A hipótese norteadora desta pesquisa é que a tensão entre arte, técnica e mercado, se intensifica no contexto da difusão da informática e do conjunto de relações econômicas e sociais, denominado globalização. 
Foram analisados 91 exemplares da revista AU – Arquitetura e Urbanismo, no período de 1985 a 2000, são entrevistas e depoimentos de profissionais brasileiros e estrangeiros, 206 arquitetos sendo 200 homens e 6 mulheres.
Os trabalhos que analisam projetos concebidos por arquitetos sob diferentes enfoques destacando, sobretudo, a história da arte e da arquitetura.
Poucas são as análises que enfocam a atividade do arquiteto recuperando sua condição de homo faber, segundo perspectiva da filosofa Hannah Arendt. O homo faber converte o mundo em objetos partilhados pelo homem, conferindo-lhe objetividade.
Existe intencionalidade no trabalho humano e Marx recorreu ao trabalho do tecelão e do arquiteto para distingui-lo do trabalho instintivo do animal.
“Uma aranha executa operações semelhantes as do tecelão, e a abelha supera, pela estrutura de suas células de cera, a habilidade de mais de um arquiteto. Mas o que distingue, na origem, o pior arquiteto da abelha mais esperta é que ele figura na mente a sua construção antes de transformá-la em realidade”.
As formas e técnicas de elaboração do projeto passaram por mudanças desde o Renascimento, momento histórico que marca o nascimento da concepção moderna da profissão.
Uma síntese da compreensão do papel do arquiteto pode ser encontrada em “O Tratado de Arquitetura”, de Alberti, que define, de forma apaixonada, o que faz um arquiteto: 
“Aquele que, com uma razão e uma regra maravilhosa e precisa sabe, primeiramente, compreender as coisas com seu espírito e sua inteligência, e secundariamente, como organizar com precisão durante os trabalhos de construção todos os materiais que envolvem essa produção, os quais pelos movimentos de suas cargas, pela reunião e justaposição de seus corpos possam servir com eficiência e dignidade às necessidades do homem...”. 
O arquiteto é compreendido como um sábio pelos seus conhecimentos de geometria e engenharia e como um humanista pelo seu conhecimento da tradição e da história. Sua expressão é o desenho que, para Alberti, é o traço de união entre a arquitetura e as matemáticas. Alberti, diz ainda que, o projeto expressa conhecimento técnico e criação artística, requerendo sólida formação em ciências humanas.
A profissão do arquiteto no Brasil
A profissão do arquiteto começa a se organizar no século XIX, na França essa nova sociedade irá desenvolver a discussão sobre o exercício profissional e, em 1892, obtém reconhecimento como de utilidade pública.
O Código Guadet17 foi apresentado e aprovado no Congress de Bordeaux-1895 ele estabelece princípios básicos para a organização da profissão e seus reflexos, definindo parâmetros por melhores condições de trabalho nos anos seguintes. Este trabalho foi aprovado por unanimidade.
Em 26 de março de 1924 é aprovada a lei Liouville que pune a utilização do título profissional sem que se preencham as condições legais.
A história da profissionalização do arquiteto no Brasil inscreve-se em todo o século XX. 
A arquitetura, inicialmente, era uma especialização da engenharia. 
A primeira Faculdade Nacional de Arquitetura foi inaugurada, por lei federal, no Rio de Janeiro, em 1945 logo depois em 1947 foi criada a Faculdade de Arquitetura Mackenzie e no ano seguinte, a Faculdade de Arquitetura da Universidade de São Paulo. No início do século XXI, existem 141 cursos, dos quais 113 associados a ABEA – Associação Brasileira de Ensino de arquitetura e Urbanismo. 
É intensa a expansão das faculdades privadas, o que provoca preocupações e polêmicas na categoria a respeito da qualidade do ensino e, consequentemente, do futuro da profissão.
O Instituto Brasileiro de Arquitetura surgiu em 1921. A atividade profissional do arquiteto foi regulamentada no Brasil em 1933.
O órgãos legais fiscalizadores do exercício profissional é comum a várias áreas e é único é o CREA/CONFEA – Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia e Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia.

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