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DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 80 Hoje veremos as espcies de provas, alm da interceptao das comunicaes telefnicas, matria muito importante! Nesta aula temos muitos posicionamentos jurisprudenciais importantes, portanto, ateno! Bons estudos! Prof. Renan Araujo www.concurseirosunidos.org www.concurswww.concurs DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 80 1. DAS PROVAS EM ESPCIE 1.1. Exame de corpo de delito e percias em geral O exame de corpo de delito nada mais que a percia cuja finalidade comprovar a materialidade (existncia) das infraes que deixam vestgios1. Nos termos do art. 158 do CPP: Art. 158. Quando a infrao deixar vestgios, ser indispensvel o exame de corpo de delito, direto ou indireto, no podendo supri-lo a confisso do acusado. O exame de corpo de delito pode ser direto, quando realizado pelo perito diretamente sobre o vestgio deixado, ou indireto, quando o perito realizar o exame com base em informaes verossmeis fornecidas a ele2. Imagine um crime de estupro, no qual tenha sido determinado o exame de corpo de delito mais de dois meses aps a prtica do crime. CUIDADO! No confundam exame de corpo de delito indireto com prova testemunhal que supre o exame de corpo de delito. O art. 167 do CPP autoriza a comprovao do crime mediante prova testemunhal quando os vestgios no mais existirem: Art. 167. No sendo possvel o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestgios, a prova testemunhal poder suprir-lhe a falta. No entanto, nesse caso, no h exame de corpo de delito indireto, mas mera prova testemunhal. No exame de corpo de delito indireto, h um laudo, firmado por perito, atestando a ocorrncia do delito, embora esse laudo no tenha sido feito com base no contato direto com os vestgios do crime.3 Parte da Doutrina, na verdade, entende que o exame de corpo de delito indireto no bem um exame, pois no se est a inspecionar ou vistoriar qualquer coisa. Este exame pode ocorrer tanto na fase investigatria quanto na fase de instruo do processo criminal. Inclusive, o art. 184 do CPP determina que a autoridade no pode indeferir a realizao de exame de corpo de delito. 1 NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e execuo penal. 12.¼ edio. Ed. Forense. Rio de Janeiro, 2015, p.350 2 NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 350 3 PACELLI, Eugnio. Curso de processo penal. 16¼ edio. Ed. Atlas. So Paulo, 2012, p. 421 www.concurseirosunidos.org www.concurswww.concurs DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 4 de 80 O exame de corpo de delito , em regra, obrigatrio nos crimes que deixam vestgios. Entretanto, como vimos, o art. 167 do CPP autoriza o suprimento deste exame pela prova testemunhal quando os vestgios tiverem desaparecido. A Doutrina critica isto, ao argumento de que no s a prova testemunhal poderia suprir, mas qualquer outra prova, como, por exemplo, a prova documental, sendo descabida a diferenciao. Em razo disso, a JURISPRUDæNCIA SE CONSOLIFICOU NO SENTIDO DE QUE QUALQUER PROVA, E NÌO Sî A TESTEMUNHAL, PODEM SUPRIR O EXAME NESSA HIPîTESE. O exame de corpo de delito tambm est dispensado no caso de infraes de menor potencial ofensivo (de competncia dos Juizados Criminais), desde que a inicial acusatria venha acompanhada de boletim mdico, ou prova equivalente, atestando o fato (art. 77, ¤ 1¡ da Lei 9.099/95). Existem algumas formalidades na realizao desta prova (previstas entre o art. 159 e 166 do CPP), dentre elas, a necessidade de que ser trate de UM PERITO OFICIAL, ou DOIS PERITOS NÌO OFICIAIS. Assim, lembrem-se: Se for perito oficial, basta um. Caso no seja perito oficial, DEVEM SER DOIS (art. 159 e seu ¤ 1¡ do CPP). No caso de peritos no oficiais, estes devero prestar compromisso (art. 159, ¤ 2¡ do CPP). Porm, se a percia for complexa, que abranja mais de uma rea de conhecimento, poder o Juiz designar MAIS de um perito oficial (nesse caso, a parte tambm poder indicar mais de um assistente tcnico). As partes, o ofendido e o assistente de acusao podem formular quesitos, indicar assistentes tcnicos e requerer esclarecimentos aos peritos (art. 159, ¤¤ 3¡, 4¡ e 5¡ do CPP). Embora o CPP no diga expressamente que o assistente tcnico e o ofendido possam requerer esclarecimentos ao perito, isto decorre da lgica do art. 271 do CPP: Art. 271. Ao assistente ser permitido propor meios de prova, requerer perguntas s testemunhas, aditar o libelo e os articulados, participar do debate oral e arrazoar os recursos interpostos pelo Ministrio Pblico, ou por ele prprio, nos casos dos arts. 584, ¤ 1o, e 598. A Jurisprudncia e Doutrina majoritrias vm entendendo que estas possibilidades citadas so restritas fase judicial, at pela redao do CPP, que fala em ÒacusadoÓ e no em ÒindiciadoÓ. O assistente tcnico s comear a atuar a partir de sua admisso pelo Juiz, que obrigatria, salvo se houver bices processuais relevantes. A no admisso de assistente tcnico sem motivo relevante pode ensejar a impetrao de Habeas Corpus. CUIDADO! No confundam o direito de formular quesitos (prvios ao laudo), com o direito de solicitar esclarecimentos ao perito (posterior ao www.concurseirosunidos.org www.concurswww.concurs DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 5 de 80 laudo), em razo de dvidas sobre o laudo apresentado. O art. 159, ¤ 5¡, II do CPP, possibilita, ainda, que os assistentes tcnicos sejam inquiridos em audincia, do que decorre a interpretao de que possam, tambm, ser alvo de pedidos de esclarecimentos quanto aos laudos que apresentarem (os assistentes tcnicos podem apresentar seus prprios laudos). Do laudo pericial podem decorrer, portanto, as seguintes concluses: ¥ Peritos convergem em seu entendimento Ð Juiz pode concordar com eles, fundamentando sua deciso no laudo. Juiz pode discordar do laudo, fundamentando sua deciso em outros elementos de prova constantes dos autos; ¥ Peritos divergem em suas concluses: ¥ Juiz nomeia terceiro perito, que concorda com um deles Ð Juiz pode concordar ou no com a concluso do terceiro; ¥ Juiz nomeia terceiro, que discorda de ambos Ð Juiz pode mandar realizar outro exame ou concordar com o laudo de qualquer dos trs peritos (os dois primeiros ou o desempatador); Mas, professor, o Juiz pode discordar do laudo? Pode sim. Esta previso est contida no art. 182 do CPP: Art. 182. O juiz no ficar adstrito ao laudo, podendo aceit-lo ou rejeit-lo, no todo ou em parte. A isso se d o nome de sistema liberatrio de apreciao da prova pericial. Esse sistema guarda estreita relao com o j estudado sistema do livre convencimento motivado de apreciao da prova, previsto no art. 155 do CPP.4 Vou elencar, abaixo, algumas regrinhas para determinadas espcies de percias: ESPCIE DE PERêCIA REGRAMENTO DO CPP AUTîPSIA ¥ Pelo menos seis horas aps o bito (salvo se pelos sinais da morte os peritos entenderem que pode ser feita antes) ¥ No caso de morte violenta, basta o exame externo do cadver4 NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 368/369. Isso no significa, porm, que o Juiz poder deixar de acatar a concluso pericial Òa seu bel prazerÓ, de forma arbitrria. O Juiz dever fundamentar, de acordo com as demais provas nos autos, por quais razes no aceita as concluses externadas pelos peritos. www.concurseirosunidos.org www.concurswww.concurs DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 6 de 80 ¥ Os cadveres sero sempre fotografados na posio em que forem encontrados, bem como as leses externas e vestgios deixados no local ¥ Para melhor esclarecer as leses encontradas, os peritos, quando possvel, juntaro ao laudo do exame provas fotogrficas, esquemas ou desenhos, devidamente rubricados ¥ Sero arrecadados e autenticados todos os objetos encontrados que possam ser teis identificao do cadver LESÍES CORPORAIS ¥ Caso o primeiro exame tenha sido incompleto, ser procedido a novo exame, por determinao da autoridade policial ou do Juiz ¥ O exame complementar pode ser determinado de ofcio (sem requerimento de ningum) ou a requerimento do MP, do ofendido, do acusado ou de seu defensor ¥ No exame complementar os peritos tero em mos auto de corpo de delito, para poderem complement-lo ou retific-lo (caso contenha erros) ¥ Se a finalidade for comprovar que se trata de crime de leso corporal GRAVE (por deixar a vtima afastada de suas atividades habituais por mais de 30 dias), dever o exame ser realizado logo aps o prazo de 30 dias ¥ A ausncia do exame complementar pode ser suprida pela prova testemunhal ANçLISE DE DESTRUIÌO DE COISAS OU ROMPIMENTO DE OBSTçCULO ¥ Os peritos, alm de descrever os vestgios, indicaro com que instrumentos, por que meios e em que poca presumem ter sido o fato praticado, podendo proceder- se, quando necessrio, avaliao de coisas destrudas, deterioradas ou que constituam produto do crime INCæNDIO Deve ser verificada (o): ¥ A causa e o lugar em que houver comeado ¥ O perigo que dele tiver resultado para a vida ou para o patrimnio alheio www.concurseirosunidos.org www.concurswww.concurs DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 7 de 80 ¥ A extenso do dano e o seu valor ¥ Demais circunstncias que interessarem elucidao do fato RECONHECIMENTO DE ESCRITOS Devem ser observadas as seguintes regras (literalidade do CPP): ¥ A pessoa a quem se atribua ou se possa atribuir o escrito ser intimada para o ato, se for encontrada ¥ Para a comparao, podero servir quaisquer documentos que a dita pessoa reconhecer ou j tiverem sido judicialmente reconhecidos como de seu punho, ou sobre cuja autenticidade no houver dvida ¥ A autoridade, quando necessrio, requisitar, para o exame, os documentos que existirem em arquivos ou estabelecimentos pblicos, ou nestes realizar a diligncia, se da no puderem ser retirados ¥ Quando no houver escritos para a comparao ou forem insuficientes os exibidos, a autoridade mandar que a pessoa escreva o que lhe for ditado. Se estiver ausente a pessoa, mas em lugar certo, esta ltima diligncia poder ser feita por precatria, em que se consignaro as palavras que a pessoa ser intimada a escrever (CUIDADO! O acusado no est obrigado a fornecer os padres grficos para a realizao do exame, ou seja, no est obrigado a escrever nada, pelo princpio do nemo tenetur se detegere, ou seja, ningum pode ser obrigado a produzir prova contra si prprio). (FGV Ð 2017 Ð OAB Ð XXII EXAME DE ORDEM) Fagner, irmo de Vitor, compareceu Delegacia e narrou que foi vtima de agresses que lhe causaram leso corporal de natureza leve. Afirmou Fagner, em sede policial, que Vitor desferiu um soco em seu rosto, deixando a agresso vestgios, mas esclareceu que no necessitou de atendimento mdico. Apesar de demonstrar www.concurseirosunidos.org www.concurswww.concurs DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 8 de 80 interesse inequvoco em ver seu irmo responsabilizado criminalmente pelo ato praticado, no assinou termo de representao formal, alm de no realizar exame de corpo de delito. Vitor foi denunciado pela prtica do crime do Art. 129, ¤ 9o, do Cdigo Penal. Durante a instruo, Fagner no foi localizado para ser ouvido, no havendo outras testemunhas presenciais. Vitor, em seu interrogatrio, contudo, confirmou que desferiu um soco no rosto de seu irmo. Em relao aos documentos do processo, consta apenas a Folha de Antecedentes Criminais do acusado. Considerando apenas as informaes narradas na hiptese, assinale a afirmativa correta. A) O processo deve ser extinto sem julgamento do mrito, pois a representao do ofendido necessariamente deve ser expressa e formal. B) No existe prova da materialidade, pois, quando a infrao penal deixa vestgios, o exame de corpo de delito indispensvel, no podendo supri-lo a confisso do acusado. C) No existe prova da materialidade, pois o Cdigo de Processo Penal apenas admite o exame de corpo de delito direto. D) Existe prova da materialidade, pois o Cdigo de Processo Penal admite a figura do exame de corpo de delito indireto e este ocorreu no caso concreto. COMENTçRIOS: Primeiramente, o processo no deve ser extinto, pois houve representao da vtima, ainda que verbal. A representao pode ser feita de forma verbal ou escrita, nos termos do art. 39 do CPP. Com relao necessidade do exame de corpo de delito, o art. 158 do CPP estabelece que nos crimes que deixam vestgios, a realizao do exame de corpo de delito indispensvel, no podendo ser suprida pela confisso do acusado. Caso no seja mais possvel a realizao do exame, possvel a comprovao da materialidade do crime por meio de outras provas, mas no unicamente pela confisso do acusado. Ainda se poderia argumentar que se trata de infrao de menor potencial ofensivo, logo, estaria dispensado o exame de corpo de delito, nos termos do art. 77, ¤1¼ da Lei 9.099/95. Todavia, neste caso, a materialidade deveria estar comprovada por boletim mdico ou prova equivalente, o que no havia. Logo, a materialidade do delito no foi devidamente comprovada. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA A LETRA B. (FGV Ð 2010 Ð PC-AP Ð DELEGADO DE POLêCIA) Relativamente ao tema prova, analise as afirmativas a seguir: www.concurseirosunidos.org www.concurswww.concurs DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 9 de 80 I. Em caso de leses corporais, se o primeiro exame pericial tiver sido incompleto, proceder-se- a exame complementar por determinao da autoridade policial ou judiciria, de ofcio, ou a requerimento do Ministrio Pblico, do ofendido ou do acusado, ou de seu defensor. II. No exame para o reconhecimento de escritos, por comparao de letra, quando no houver escritos para a comparao ou forem insuficientes os exibidos, a autoridade mandar que a pessoa escreva o que Ihe for ditado, no podendo o indiciado recusar-se sob pena de crime de desobedincia. III. O juiz ficar adstrito ao laudo, no podendo aceit-lo ou rejeit-lo apenas em parte. Assinale: a) se somente a afirmativa I estiver correta. b) se somentea afirmativa II estiver correta. c) se somente a afirmativa III estiver correta. d) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas. e) se todas as afirmativas estiverem corretas. COMENTçRIOS: I Ð CORRETA: Esta a redao do art. 168 do CPP: Art. 168. Em caso de leses corporais, se o primeiro exame pericial tiver sido incompleto, proceder-se- a exame complementar por determinao da autoridade policial ou judiciria, de ofcio, ou a requerimento do Ministrio Pblico, do ofendido ou do acusado, ou de seu defensor. II Ð ERRADA: A primeira parte est correta, nos termos do art. 174, IV do CPP. Contudo, a segunda parte est errada, eis que o ru pode se negar a fornecer os elementos grficos para a realizao do exame, em homenagem ao princpio de que ningum ser obrigado a produzir prova contra si. III Ð ERRADA: Item errado, pois o Juiz pode rejeitar o laudo, no todo ou em parte, nos termos do art. 182 do CPP. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA A LETRA A. (FGV Ð 2014 Ð TJ-RJ Ð TCNICO JUDICIçRIO) Para um adequado exerccio da jurisdio pelo Estado, os auxiliares da Justia tm papel de fundamental relevo. Sobre esse tema, o Cdigo de Processo Penal prev que: (A) as partes no interviro na nomeao do perito; (B) somente o perito oficial est sujeito disciplina judiciria; (C) no cabe conduo coercitiva do perito que deixar de comparecer sem justa causa; www.concurseirosunidos.org www.concurswww.concurs DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 10 de 80 (D) as causas de suspeio dos magistrados no so aplicveis aos peritos; (E) no podem ser peritos os menores de 16 anos e os maiores de 70 anos. COMENTçRIOS: A) CORRETA: A nomeao do perito atribuio do Juiz, que dever escolher um profissional de sua confiana, no havendo participao das partes, nos termos do art. 276 do CPP. B) ERRADA: Tanto o perito oficial quanto o no oficial esto sujeitos disciplina judiciria, nos termos do art. 275 do CPP. C) ERRADA: O Juiz poder determinar a conduo coercitiva do perito, nos termos do art. 278 do CPP. D) ERRADA: Item errado, pois o art. 280 explcito ao estender aos peritos as causas de suspeio dos Juzes. E) ERRADA: No h idade mxima para o desempenho do encargo, mas no podero ser peritos os menores de 21 anos, nos termos do art. 279 do CPP. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA A LETRA A. 1.2. Interrogatrio do ru O interrogatrio do ru (interrogatrio na fase judicial) o ato mediante o qual o Juiz procede oitiva do acusado acerca do fato que lhe imputado. O interrogatrio, modernamente, considerado como UM DIREITO SUBJETIVO DO ACUSADO5 (previsto, inclusive, no art. 5¡, LXIII), pois se entende que faz parte do seu direito defesa pessoal (subdiviso da ampla defesa, que conta, tambm com a defesa tcnica, patrocinada por profissional habilitado). Assim, atualmente, se entende que o interrogatrio meio de prova e meio de defesa do ru.6 Existe variao quanto ao momento em que ocorrer, a depender do procedimento que seja adotado: ¥ Procedimento comum ordinrio e sumrio, rito da Lei 9.099/95 e procedimento relativo aos crimes de competncia do Tribunal do Jri Ð Ser realizado aps a produo da prova oral na audincia. 5 Negar este direito ao acusado causa de nulidade absoluta. PACELLI, Eugnio. Op. cit., p. 392 6 Existem quatro posies doutrinrias a respeito: a) trata-se de meio de prova; b) trata-se de meio de defesa; c) trata-se de meio de prova e meio de defesa; d) trata-se de meio de defesa e, em segundo plano, meio de prova. A primeiro corrente isolada. As demais possuem bons adeptos. Contudo, prevalece a tese de que se trata de meio de prova e meio de defesa (embora a corrente que sustente tratar-se apenas de meio de defesa tambm possua bons defensores). NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 369/370 www.concurseirosunidos.org www.concurswww.concurs DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 11 de 80 ¥ Procedimento previsto para os crimes da Lei de Drogas e abuso de autoridade Ð Ser realizado antes da instruo criminal. Mas essa regra do interrogatrio do ru, nos crimes da lei de drogas, ocorrer antes da oitiva das testemunhas considerada constitucional pela jurisprudncia? Sim. O STJ entende que no h nenhuma ilegalidade, por haver previso especfica na lei de drogas, o que derroga a previso geral contida no CPP7 (interrogatrio ao final). Tambm se entende no haver inconstitucionalidade (suposta violao ao contraditrio). O ru pode ser interrogado, ainda, nos Tribunais (nos termos do art. 616 do CPP). O interrogatrio do ru possui algumas caractersticas. So elas: 1) Obrigatoriedade Ð Tratando-se de direito do ru, em razo do subprincpio da autodefesa, dever ser aprazado seu interrogatrio, na forma da lei processual, sob pena de nulidade, nos termos do art. 564, III, e do CPP. Mas e se o ru, mesmo intimado, no comparece ao interrogatrio? E se ele estiver foragido? H nulidade? A questo no pacfica, sendo divididos os entendimentos na Doutrina e na Jurisprudncia. Entretanto, vem se formando o entendimento de que, nestes casos, tendo o ru sido intimado para seu interrogatrio, caso no comparea, estaria suprida a obrigatoriedade com a sua mera intimao8, pois o exerccio de sua autodefesa seria facultativo (o que seria obrigatrio seria a apresentao da defesa tcnica, pelo profissional habilitado). Quando o ru est foragido e vem a ser preso, a Doutrina e a Jurisprudncia vm entendendo que ele deve ser imediatamente ouvido, sob pena de nulidade absoluta. 2) Ato personalssimo do ru - Somente o ru pode prestar seu depoimento, no podendo ser tomado seu interrogatrio mediante procurao. 7 (...) I - A ordem dos atos processuais, para a apurao de crimes relacionados ao trfico de drogas, observa o regramento especfico estabelecido no art. 57 da Lei n. 11.343/2006 e no o estatuto geral do Cdigo de Processo Penal. legtimo o interrogatrio do Ru antes da ouvida das testemunhas de acusao. Precedentes das Turmas que compe a 3» Seo desta Corte. II - Agravo Regimental improvido. (AgRg no RHC 40.647/MG, Rel. Ministra REGINA HELENA COSTA, QUINTA TURMA, julgado em 11/03/2014, DJe 18/03/2014) 8 H quem sustente, ainda, que a possibilidade de conduo coercitiva do acusado (art. 260) s ser possvel quando o Juiz tiver dvida sobre a perfeita qualificao do acusado. NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 371 www.concurseirosunidos.org www.concurswww.concurs DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 12 de 80 E se o ru no possuir condies de se submeter ao interrogatrio? Nesse caso, das duas uma: se ele se tornou inimputvel aps cometer o crime, o processo deve ficar suspenso (nos termos do art. 152 do CPP). Se ele j era inimputvel poca do fato, o processo segue com curador (art. 151 do CPP), no sendo exigvel o interrogatrio (Posio adotada pelo STF). 3) Oralidade - Em regra, o interrogatrio deve se dar mediante formulao de perguntas e apresentao de respostais orais. No entanto, isso sofre mitigao no caso de surdos, mudos, surdos-mudos e estrangeiros. O CPP regulamenta estas hipteses nos arts. 192e 193. Vejamos: Art. 192. O interrogatrio do mudo, do surdo ou do surdo-mudo ser feito pela forma seguinte: (Redao dada pela Lei n¼ 10.792, de 1¼.12.2003) I - ao surdo sero apresentadas por escrito as perguntas, que ele responder oralmente; (Redao dada pela Lei n¼ 10.792, de 1¼.12.2003) II - ao mudo as perguntas sero feitas oralmente, respondendo-as por escrito; (Redao dada pela Lei n¼ 10.792, de 1¼.12.2003) III - ao surdo-mudo as perguntas sero formuladas por escrito e do mesmo modo dar as respostas. (Redao dada pela Lei n¼ 10.792, de 1¼.12.2003) Pargrafo nico. Caso o interrogando no saiba ler ou escrever, intervir no ato, como intrprete e sob compromisso, pessoa habilitada a entend-lo. (Redao dada pela Lei n¼ 10.792, de 1¼.12.2003) Art. 193. Quando o interrogando no falar a lngua nacional, o interrogatrio ser feito por meio de intrprete. (Redao dada pela Lei n¼ 10.792, de 1¼.12.2003) 4) Publicidade - O interrogatrio, como todo e qualquer ato processual, em regra pblico, at por fora do que dispe o art. 93, IX da Constituio da Repblica. No entanto, em determinados casos, pode o Juiz determinar a limitao da publicidade do ato. Essa deciso pode ser a requerimento da parte, do MP ou, at mesmo, de ofcio. O Juiz limitar a publicidade do ato sempre que isso puder implicar em prejuzo ao processo ou perturbao da ordem pblica. 5) Individualidade - Se existirem dois ou mais rus, o CPP determina que cada um seja ouvido individualmente (art. 191 do CPP), no podendo, inclusive, que um presencie o interrogatrio do outro. 6) Faculdade de formulao de perguntas pela acusao e pela defesa - Antes do advento da Lei 10.792/03, que alterou o CPP, o interrogatrio era ato privativo do Juiz, pois s a ele cabia fazer perguntas ao ru. Atualmente, com a nova redao do art. 188 do CPP, o Juiz deve permitir que, aps a realizao de suas perguntas, cada parte (primeiro a www.concurseirosunidos.org www.concurswww.concurs DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 13 de 80 acusao, depois a defesa), formulem perguntas ao interrogando, caso queiram. Alm disso, a alterao promovida foi bastante salutar, eis que modernamente, como disse, o interrogatrio meio de defesa do ru e, assim, nada mais justo que permitir ao advogado da defesa interrogar o acusado de forma a fazer constar nos autos alguma declarao sua que repute pertinente! Apesar das alteraes, o sistema presidencialista permanece. Mas o que o sistema presidencialista? Esse sistema significa que as perguntas so formuladas ao Juiz, que as direciona ao interrogando, podendo, inclusive, indeferir as perguntas que forem irrelevantes ou impertinentes, ou, ainda, aquelas que j tenham eventualmente sido respondidas. CUIDADO! No julgamento dos processos do Jri, as perguntas sero realizadas diretamente pela acusao e pela defesa ao interrogando (art. 474, ¤ 1¡ do CPP). J as perguntas feitas eventualmente pelos jurados seguem o sistema presidencialista (art. 474, ¤ 2¡ do CPP). 7) Procedimento - O interrogatrio do ru ser realizado obrigatoriamente na presena de seu advogado, sendo-lhe assegurado o direito de entrevista prvia e reservada com este. Nos termos do CPP: Art. 185. O acusado que comparecer perante a autoridade judiciria, no curso do processo penal, ser qualificado e interrogado na presena de seu defensor, constitudo ou nomeado. (Redao dada pela Lei n¼ 10.792, de 1¼.12.2003) (...) ¤ 5o Em qualquer modalidade de interrogatrio, o juiz garantir ao ru o direito de entrevista prvia e reservada com o seu defensor; se realizado por videoconferncia, fica tambm garantido o acesso a canais telefnicos reservados para comunicao entre o defensor que esteja no presdio e o advogado presente na sala de audincia do Frum, e entre este e o preso. (Includo pela Lei n¼ 11.900, de 2009) ATENÌO! Esta garantia (imprescindibilidade do advogado no interrogatrio) restrita ao interrogatrio judicial, no sendo aplicvel ao interrogatrio em sede policial. Por dois motivos: 1) O ¤5¡ do art. 185 fala em ÒJuizÓ e ÒruÓ. No interrogatrio quem preside o interrogatrio o Delegado, e no h ru, mas apenas indiciado. 2) A presena do advogado corolrio do contraditrio e da ampla www.concurseirosunidos.org www.concurswww.concurs DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 14 de 80 defesa, princpios que no incidem, em regra, na investigao policial. CUIDADO! O STJ entende que se o interrogatrio foi realizado antes da entrada em vigor da Lei 12.792/03 (que passou a exigir a presena do advogado no interrogatrio judicial), a eventual ausncia do defensor no caracteriza nenhuma nulidade.9 Mas e se no for assegurada ao ru a entrevista prvia com seu defensor? A Doutrina se divide. Uns entendem que a nulidade relativa (s se declarar a nulidade caso seja comprovado o prejuzo), outros entendem que se trata de nulidade absoluta (deve ser realizado novamente). No interrogatrio o ru ter direito, ainda, a ficar em silncio. Este direito decorre do princpio de ndole constitucional do Nemo tenetur se detegere. Por este princpio, ningum obrigado a produzir prova contra si mesmo.10 Essa garantia deve ser informada ao acusado antes do seu interrogatrio, nos termos do art. 186 do CPP. E se, por acaso, o Juiz no informar o acusado de seu direito de ficar calado? O STJ entende que se trata de nulidade relativa, ou seja, deve ser comprovado o efetivo prejuzo que decorreu desta irregularidade processual. Se no houver prejuzo, no ser reconhecida a nulidade.11 Essa garantia tambm se aplica no interrogatrio em sede policial! O ¤ nico do art. 186 estabelece, ainda, que o exerccio do direito ao silncio no poder ser interpretado em prejuzo defesa: Art. 186 (...) Pargrafo nico. O silncio, que no importar em confisso, no poder ser interpretado em prejuzo da defesa. (Includo pela Lei n¼ 10.792, de 1¼.12.2003) Porm, o legislador esqueceu-se de revogar expressamente o art. 198 do CPP, que se encontra TACITAMENTE REVOGADO: Art. 198. O silncio do acusado no importar confisso, mas poder constituir elemento para a formao do convencimento do juiz. ATENÌO! Lembrem-se: o silncio direito do acusado e no pode ser utilizado pelo Juiz para fundamentar eventual condenao! 9 (HC 186.918/DF, Rel. Ministro SEBASTIÌO REIS JòNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 07/02/2013, DJe 22/02/2013) 10 Art. 5¼ (...) LXIII - o preso ser informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistncia da famlia e de advogado; 11 HC 66298 www.concurseirosunidos.org www.concurswww.concurs DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 16 de 80 Se o ru estiver preso, o interrogatrio ser feito em sala prpria, onde estiver recolhido, nos termos do art. 185, ¤ 1¡ do CPP. AQUI TAMBM NECESSçRIA A PRESENA DO DEFENSOR (ADVOGADO OU DEFENSOR PòBLICO). 8) O interrogatrio por meio de Videoconferncia - A Lei 11.900/09, alterando a redao do ¤ 2¡ do art. 185 do CPP, abriu a possibilidade de realizao do interrogatrio (e oitiva de testemunhas) do ru mediante o recurso tecnolgico da videoconferncia. Essa possibilidade s existe no caso de se tratar de ru preso e somente poder ser realizadaEXCEPCIONALMENTE. A realizao de interrogatrio por videoconferncia deve assegurar, no que for compatvel, todas as garantias do interrogatrio presencial, s podendo ser realizada quando o Juiz no puder comparecer ao local onde o preso se encontra, e para atender s finalidades previstas no ¤ 2¡ do art. 185 do CPP: ¤ 2o Excepcionalmente, o juiz, por deciso fundamentada, de ofcio ou a requerimento das partes, poder realizar o interrogatrio do ru preso por sistema de videoconferncia ou outro recurso tecnolgico de transmisso de sons e imagens em tempo real, desde que a medida seja necessria para atender a uma das seguintes finalidades: (Redao dada pela Lei n¼ 11.900, de 2009) I - prevenir risco segurana pblica, quando exista fundada suspeita de que o preso integre organizao criminosa ou de que, por outra razo, possa fugir durante o deslocamento; (Includo pela Lei n¼ 11.900, de 2009) II - viabilizar a participao do ru no referido ato processual, quando haja relevante dificuldade para seu comparecimento em juzo, por enfermidade ou outra circunstncia pessoal; (Includo pela Lei n¼ 11.900, de 2009) III - impedir a influncia do ru no nimo de testemunha ou da vtima, desde que no seja possvel colher o depoimento destas por videoconferncia, nos termos do art. 217 deste Cdigo; (Includo pela Lei n¼ 11.900, de 2009) IV - responder gravssima questo de ordem pblica. (Includo pela Lei n¼ 11.900, de 2009) A constitucionalidade do interrogatrio por videoconferncia foi questionada pela comunidade jurdica, mas ainda no se teve um posicionamento firmado. Muitos Doutrinadores (ERRADAMENTE) afirmam que o STF entendeu inconstitucional o interrogatrio por videoconferncia. ISTO ESTç ERRADO. O STF entendeu, apenas, que o interrogatrio por videoconferncia INCONSTITUCIONAL QUANDO PREVISTO EM LEGISLAÌO ESTADUAL, por violar a prerrogativa da Unio de legislar sobre direito processual, nos termos do art. 22, I da Constituio. Entretanto, acerca www.concurseirosunidos.org www.concurswww.concurs DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 17 de 80 da Lei 11.900/09, que alterou o CPP, no houve pronunciamento do STF nesse sentido.14 Apenas um ltimo registro: No interrogatrio por videoconferncia, para que seja assegurado o direito do acusado de ter o advogado presente, deve haver um advogado junto ao preso e outro junto ao Juiz. 15 (FGV - 2015 - OAB - XVIII EXAME DE ORDEM) O Ministrio Pblico ofereceu denncia em face de Cristiano, Luiz e Leonel pela prtica do crime de associaão para o trfico. Na audincia designada para realizaão dos interrogatrios, Cristiano, preso em outra unidade da Federaço, foi interrogado atravs de videoconferncia. Luiz foi interrogado na presença fsica do magistrado e respondeu s perguntas realizadas. J Leonel optou por permanecer em silncio. Sobre o interrogatrio, considerando as informaçes narradas, assinale a afirmativa correta. A) O interrogatrio judicial, notadamente aps o advento da Lei no 10.792/2003, deve ser interpretado apenas como meio de prova e no tambm como ato de defesa dos acusados. B) Luiz, ainda que no impute crime a terceiro, no poder mentir sobre os fatos a ele imputados, apesar de poder permanecer em silncio. C) A defesa tcnica de Cristiano no poder, em hiptese alguma, formular perguntas para o corru Luiz. D) O interrogatrio por vdeoconferência de Cristiano pode ser considerado vlido se fundamentado, pelo magistrado, no risco concreto de fuga durante o deslocamento. COMENTçRIOS: A) ERRADA: Segundo a Doutrina majoritria, o interrogatrio meio de prova e meio de defesa. B) ERRADA: O ru no est obrigado a falar a verdade em seu interrogatrio, como corolrio do princpio do nemo tenetur se detegere. C) ERRADA: Item errado, pois nada a impede que a defesa de um dos acusados formule perguntas ao corru. Alis, o entendimento jurisprudencial no sentido de que deve ser facultado defesa de cada 14 NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 374/376 15 ¤ 5o Em qualquer modalidade de interrogatrio, o juiz garantir ao ru o direito de entrevista prvia e reservada com o seu defensor; se realizado por videoconferncia, fica tambm garantido o acesso a canais telefnicos reservados para comunicao entre o defensor que esteja no presdio e o advogado presente na sala de audincia do Frum, e entre este e o preso. (Includo pela Lei n¼ 11.900, de 2009) www.concurseirosunidos.org www.concurswww.concurs DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 18 de 80 ru a formulao de perguntas aos demais corrus, de forma a garantir o pleno exerccio do direito de defesa. D) CORRETA: Item correto. O interrogatrio por videoconferncia deve ser considerado medida de exceo, somente autorizado em hipteses restritas, nos termos do art. 185, ¤2¼ do CPP. Dentre estas hipteses est a possibilidade de fuga do acusado durante o deslocamento, nos termos do art. 185, ¤2¼, I do CPP. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA A LETRA D. (FGV Ð 2014 Ð OAB Ð XV EXAME DE ORDEM) Matheus foi denunciado pela prtica dos crimes de trfico de drogas (Art. 33, caput, da Lei n¼ 11.343/2006) e associao para o trfico (Art. 35, caput da Lei n¼ 11.343/2006), em concurso material. Quando da realizao da audincia de instruo e julgamento, o advogado de defesa pleiteou que o ru fosse interrogado aps a oitiva das testemunhas de acusao e de defesa, como determina o Cdigo de Processo Penal (Art. 400 do CPP, com redao dada pela Lei n¼ 11.719/2008), o que seria mais benfico defesa. O juiz singular indeferiu a inverso do interrogatrio, sob a alegao de que a norma aplicvel espcie seria a Lei n¼ 11.343/2006, a qual prev, em seu Art. 57, que o ru dever ser ouvido no incio da instruo. Nesse caso, a) o juiz no agiu corretamente, pois o interrogatrio do acusado, de acordo com o Cdigo de Processo Penal, o ltimo ato a ser realizado b) o juiz agiu corretamente, eis que o interrogatrio, em razo do princpio da especialidade, deve ser o primeiro ato da instruo nas aes penais instauradas para a persecuo dos crimes previstos na Lei de Drogas. c) o juiz no agiu corretamente, pois cabvel a inverso do interrogatrio, devendo ser automaticamente reconhecida a nulidade em razo da adoo de procedimento incorreto d) o juiz agiu corretamente, j que, independentemente do procedimento adotado, no h uma ordem a ser seguida em relao ao momento da realizao do interrogatrio do acusado. COMENTçRIOS: Neste caso o juiz agiu corretamente, pois o interrogatrio, nas aes penais instauradas para a persecuo dos crimes previstos na Lei de Drogas, deve ser o primeiro ato da instruo, em razo do princpio da especialidade, nos termos do art. 57 da Lei de Drogas. Isso, inclusive, no ofende o princpio da ampla defesa e do contraditrio, segundo entendimento do STJ e do STF. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA A LETRA B. www.concurseirosunidos.org www.concurswww.concurs DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 19 de 80 1.3. Confisso A confisso um meio de prova atravs do qual o acusado reconhece a prtica do fato que lhe imputado. Para a validade da confisso, necessrio que ela preencha requisitos intrnsecos (ligados ao contedo da confisso) e extrnsecos (ou formais, ligados forma de sua realizao). Os requisitos intrnsecos so, basicamente, a verossimilhana das alegaes do ru aos fatos, a clareza do ru na exposio dos motivos, a coincidncia com o que apontam os demais meios de prova, etc. Os requisitos extrnsecos, ou formais, so a pessoalidade (no se pode ser feita por procurador), o carter expresso (no se admite confisso tcita no Processo Penal, devendo ser manifestada e reduzida a termo), o oferecimento perante o Juiz COMPETENTE, a espontaneidade (no pode ser realizada sob coao) e a capacidade do acusado para confessar (deve estar no pleno gozo das faculdades mentais). Por adotarmos o princpio do livre convencimento motivado, e no o da prova tarifada, a confisso no possui valor absoluto16, devendo ser valorada pelo Juiz da maneira que reputar pertinente.17 Como disse a vocs, o silncio do acusado no importa em confisso (da o seu carter expresso), e NÌO IMPORTA EM PREJUêZO Ë DEFESA, estando revogado tacitamente o art. 198 do CPP. A confisso pode ser classificada em: ¥ Quanto ao momento Ð Pode ser extrajudicial, se prestada fora de Juzo, ou Judicial, se prestada em Juzo. A primeira, por no ter sido realizada sob o crivo do contraditrio, possui pouco valor probante. ¥ Quanto natureza Ð Pode ser real, que aquela efetivamente realizada pelo ru, perante a autoridade, ou ficta, que aquela que no foi realizada pelo ru, sendo presumida pela Lei em razo de alguma atitude sua (deixar de se defender, por exemplo). Esta ltima no possvel no processo penal, sendo admissvel, no entanto, no processo civil. ¥ Quanto forma Ð Pode ser escrita, quando o ru a realiza mediante escritos (cartas, bilhetes ou qualquer outro), ou oral, que a mais tradicional, realizada verbalmente perante o Juiz da causa; ¥ Quanto ao contedo Ð Pode ser simples, quando o ru se limita a reconhecer o fato que lhe imputado, ou qualificada, que aquela na qual o ru reconhece o fato, mas alega t-lo praticado sob 16 NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 393 17 Art. 197. O valor da confisso se aferir pelos critrios adotados para os outros elementos de prova, e para a sua apreciao o juiz dever confront-la com as demais provas do processo, verificando se entre ela e estas existe compatibilidade ou concordncia. www.concurseirosunidos.org www.concurswww.concurs DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 20 de 80 determinadas circunstncias que excluem o crime ou o isentam de pena. EXEMPLO: Imagine que o ru reconhea o crime de homicdio, mas alegue que o praticou em legtima defesa.18 A confisso , ainda, retratvel e divisvel, nos termos do art. 200 do CPP. Retratvel porque o ru pode, a qualquer momento, voltar atrs e retirar a confisso. Entretanto, a confisso retratada no perde o seu valor automaticamente, podendo o Juiz considerar sem valor algum a retratao e considerar como digna de valor a confisso. Divisvel porque o Juiz pode considerar vlida a confisso em relao a apenas algumas de suas partes, e falsa em relao a outras. Ø O STF entende que se o ru se retrata em Juzo da confisso feita em sede policial, no ser aplicada a atenuante prevista no art. 65, III, d do CP (confisso), salvo se, mesmo diante da retratao, a confisso em sede policial foi levada em considerao para a sua condenao. Ø A delao premiada o benefcio concedido ao infrator que denunciar outros envolvidos no crime. Est prevista em diversas leis especiais, como a Lei dos crimes contra o sistema financeiro (Lei 7.429/92) e na lei dos crimes contra a ordem tributria (Lei 8.137/90). A jurisprudncia entendia que a confisso qualificada no gerava a aplicao da atenuante genrica do art. 65, III, d do CP. Contudo, atualmente este entendimento mudou. O STJ passou a entender que mesmo a confisso qualificada gera a atenuante de pena prevista no CP.19 1.4. Oitiva do ofendido 18 NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 390 19 2. A invocao de causa excludente de ilicitude ou de culpabilidade no obsta reconhecimento da incidncia da atenuante da confisso espontnea de que cuida o art. 65, inciso III, alnea d, do Cdigo Penal. Precedentes. (...) (HC 283.620/RS, Rel. Ministro MARCO AURLIO BELLIZZE, QUINTA TURMA, julgado em 20/02/2014, DJe 27/02/2014) www.concurseirosunidos.org www.concurswww.concurs DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 21 de 80 A oitiva do ofendido permite ao magistrado ter contato efetivo com a pessoa que mais sofreu as consequncias do delito, de forma a possibilitar o mais preciso alcance de sua extenso. A primeira coisa que devemos saber que o ofendido NÌO TESTEMUNHA20, pois testemunha um terceiro que no participa do fato. O ofendido participa do fato, na qualidade de sujeito passivo. O ofendido, caso seja determinada sua oitiva, DEVE comparecer e responder s perguntas, podendo ser conduzido coercitivamente21 (mediante fora policial). Isso decorre do art. 201 do CPP, que diz que o ofendido SERç (cogncia, obrigao) ouvido: Art. 201. Sempre que possvel, o ofendido ser qualificado e perguntado sobre as circunstncias da infrao, quem seja ou presuma ser o seu autor, as provas que possa indicar, tomando-se por termo as suas declaraes. (Redao dada pela Lei n¼ 11.690, de 2008) ¤ 1o Se, intimado para esse fi, deixar de comparecer sem motivo justo, o ofendido poder ser conduzido presena da autoridade. (Includo pela Lei n¼ 11.690, de 2008) CUIDADO! Se o ofendido mentir em seu depoimento, no responder pelo crime de falso testemunho22 (art. 342 do CP), pois no testemunha, podendo, entretanto, responder pelo crime de denunciao caluniosa, a depender do caso (STJ - AgRg no REsp 1125145/RJ) A vtima tem direito ao silncio? Prevalece que sim23, mas controvertido.24 A Lei 11.690/08 acrescentou diversos pargrafos ao art. 201 (¤¤ 2¡ ao 6¡), de forma que agora dever do Juiz comunicar o ofendido de diversos atos processuais, notadamente aqueles que importem na decretao da priso e da liberdade do acusado, de forma a manter o ofendido a par do que ocorre no processo. Esta regulamentao independe de o ofendido estar ou no na qualidade de assistente de acusao! 1.5. Da prova testemunhal 20 PACELLI, Eugnio. Op. cit., p. 425. No mesmo sentido: NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 401 21 NUCCI sustenta, porm, que o ofendido, apesar de poder ser conduzido coercitivamente, no poder responder pelo delito de desobedincia caso deixe de comparecer espontaneamente em Juzo. NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 404/405 22 NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 404 23 NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 404 24 Sustentando que a vtima no tem direito ao silncio, Eugnio Pacelli. PACELLI, Eugnio. Op. cit., p. 425 www.concurseirosunidos.org www.concurswww.concurs DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 22 de 80 A prova testemunhal, embora no possua muito valor no processo civil (onde geralmente reina a prova documental), possui GRANDE VALOR na esfera processual penal, pois geralmente os crimes no esto documentados. Existem algumas classificaes quantos s ÒespciesÓ de testemunhas. Vamos a elas: ¥ Testemunha referida Ð aquela que, embora no tenha sido arrolada por nenhuma das partes, foi citada por outra testemunha em seu depoimento e, posteriormente, foi determinada a sua inquirio pelo Juiz. NÌO SE CONSIDERA ESTA CATEGORIA PARA A CONTAGEM DO NòMERO MçXIMO DE TESTEMUNHASQUE A PARTE PODE ARROLAR. ¥ Testemunha judicial Ð aquela que inquirida pelo Juiz sem ter sido arrolada por qualquer das partes. Est prevista no art. 209 do CPP. ¥ Testemunha prpria Ð aquela que presta depoimento sobre o fato objeto da ao penal, podendo ser direta (quando presenciou o fato) ou indireta (quando apenas ouviu dizer sobre os fatos). ¥ Testemunha imprpria (ou instrumental) Ð aquela que no depe sobre o fato objeto da ao penal, mas sobre outros fatos que nela possuem influncia. o caso, por exemplo, da testemunha que presenciou a apresentao do preso em flagrante (art. 304, ¤ 2¡ do CPP).25 ¥ Testemunha compromissada Ð aquela que est sob compromisso, nos termos do art. 203 do CPP. ¥ Testemunha no compromissada (ou informante) Ð Previstas no art. 208 do CPP, aquela que est dispensada do compromisso de dizer a verdade, em razo da presuno de que suas declaraes so suspeitas. So os menores de 14 anos, doentes mentais e parentes do acusado (art. 206 do CPP). ESTE TIPO DE TESTEMUNHA TAMBM NÌO ENTRA NO CïMPUTO DO LIMITE MçXIMO DE TESTEMUNHA QUE A PARTE PODE ARROLAR. O nmero de testemunhas que cada parte pode arrolar varia de procedimento para procedimento, sendo regra geral (do procedimento comum ordinrio) o limite mximo de oito testemunhas (art. 401, ¤ 1¡ do CPP). No rito sumrio sero apenas cinco (art. 532 do CPP). O nmero de testemunhas ser definido para cada fato. Assim, se o ru acusado de trs fatos diferentes, e est sendo julgado pelo procedimento comum ordinrio, poder arrolar at 24 testemunhas (3 x 8 = 24). 25 Tambm chamada de FEDATçRIA. NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 408 www.concurseirosunidos.org www.concurswww.concurs DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 23 de 80 Alm disso, esse o nmero para cada ru.26 EXEMPLO: Imagine que, no exemplo anterior, sejam cinco rus acusados dos mesmos trs fatos. Cada um deles poder arrolar 24 testemunhas (08 para cada fato), de forma que poderamos ter 120 testemunhas no total (5 x 24 = 120). Sem contar as testemunhas de acusao! O art. 202 do CPP claro, curto e preciso ao declarar que: Art. 202. Toda pessoa poder ser testemunha. Assim, o surdo, o inimputvel, o doente mental, etc. Evidentemente, o valor de cada testemunho ser atribudo pelo Juiz, conforme cada circunstncia. Mas, professor, os menores de 14 anos, por exemplo, no so apenas informantes? Como podem ser testemunhas? A Doutrina diferencia testemunhas e informantes, de acordo com o fato de estarem ou no compromissadas. No entanto, o CPP trata ambos como testemunhas, chamando as primeiras de testemunhas compromissadas, e as segundas testemunhas no compromissadas. Professor, a testemunha no compromissada, ento, pode faltar com a verdade? Embora possa parecer que sim, o STJ possui decises entendendo que mesmo a testemunha no compromissada no pode faltar com a verdade, sob pena de falso testemunho. O que a diferencia da testemunha compromissada o menor valor que ser dado ao seu depoimento (HC 192659/ES). O art. 208 traz o rol das pessoas dispensadas de prestar compromisso: Art. 208. No se deferir o compromisso a que alude o art. 203 aos doentes e deficientes mentais e aos menores de 14 (quatorze) anos, nem s pessoas a que se refere o art. 206. CUIDADO! A testemunha no est obrigada a dizer a verdade em relao a fatos que possam incrimin-las (no respondendo pelo crime de falso testemunho), mesmo estando compromissada. EXEMPLO: Imagine que o Juiz pergunta a uma testemunha ocular o que ela fazia no local do crime. Agora imagine que esta testemunha estivesse cometendo um crime (furto, por exemplo). Nesse caso, no estar obrigada a dizer a verdade, em razo do Nemo tenetur se detegere. 26 Importante frisar que o corru no poder depor como testemunha. NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 410 www.concurseirosunidos.org www.concurswww.concurs DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 25 de 80 A prova testemunhal possui algumas caractersticas, que devemos estudar. So elas: 1) Oralidade Ð A prova testemunhal , em regra, oral. Entretanto, possvel testemunha a consulta a breves apontamentos escritos (art. 204 do CPP). Algumas pessoas, no entanto, podem optar por oferecer depoimento oral ou escrito. So elas: ¤ 1o O Presidente e o Vice-Presidente da Repblica, os presidentes do Senado Federal, da Cmara dos Deputados e do Supremo Tribunal Federal podero optar pela prestao de depoimento por escrito, caso em que as perguntas, formuladas pelas partes e deferidas pelo juiz, Ihes sero transmitidas por ofcio. (Redao dada pela Lei n¼ 6.416, de 24.5.1977) Da mesma forma, os mudos, surdos e surdos-mudos podem depor de forma escrita. Nos termos do art. 223, ¤ nico do CPP: Pargrafo nico. Tratando-se de mudo, surdo ou surdo-mudo, proceder-se- na conformidade do art. 192. 2) Objetividade Ð A testemunha deve depor objetivamente sobre o fato, no lhe sendo permitido tecer consideraes pessoais sobre os fatos, nos termos do art. 213 do CPP. 3) Individualidade (incomunicabilidade) Ð As testemunhas sero ouvidas individualmente, no podendo uma ouvir o depoimento da outra. Nos termos do art. 210 do CPP: Art. 210. As testemunhas sero inquiridas cada uma de per si, de modo que umas no saibam nem ouam os depoimentos das outras, devendo o juiz adverti-las das penas cominadas ao falso testemunho. (Redao dada pela Lei n¼ 11.690, de 2008) 4) Obrigatoriedade de comparecimento Ð A testemunha, devidamente intimada, deve comparecer, sob pena de poder ser conduzida fora: Art. 218. Se, regularmente intimada, a testemunha deixar de comparecer sem motivo justificado, o juiz poder requisitar autoridade policial a sua apresentao ou determinar seja conduzida por oficial de justia, que poder solicitar o auxlio da fora pblica. Art. 219. O juiz poder aplicar testemunha faltosa a multa prevista no art. 453, sem prejuzo do processo penal por crime de desobedincia, e conden- la ao pagamento das custas da diligncia. (Redao dada pela Lei n¼ 6.416, de 24.5.1977) Esta regra, entretanto, possui excees: ¥ Pessoas que no estejam em condies fsicas de se dirigir at o Juzo. Art. 220 do CPP: Art. 220. As pessoas impossibilitadas, por enfermidade ou por velhice, de comparecer para depor, sero inquiridas onde estiverem. ¥ Pessoas que, por prerrogativa de FUNÌO, podem optar por www.concurseirosunidos.org www.concurswww.concurs DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 26 de 80 serem ouvidas em outros locais29 Ð Esto previstas no art. 221 do CPP: Art. 221. O Presidente e o Vice-Presidente da Repblica, os senadores e deputados federais, os ministros de Estado, os governadores de Estados e Territrios, os secretrios de Estado, os prefeitos do Distrito Federal e dos Municpios, os deputados s Assemblias Legislativas Estaduais, os membros do Poder Judicirio, os ministros e juzes dos Tribunais de Contas da Unio, dos Estados, do Distrito Federal, bem como os do Tribunal Martimo sero inquiridos em local, dia e hora previamente ajustados entre eles e o juiz. (Redao dada pela Lei n¼ 3.653, de 4.11.1959) 5) Obrigatoriedade da PRESTAÌO DO DEPOIMENTO Ð Alm de comparecer, deve a testemunha Òabrir o bicoÓ, depondo sobre os fatos que tenha conhecimento. No h, portanto, direito ao silncio.Nos termos do art. 206 do CPP: Art. 206. A testemunha no poder eximir-se da obrigao de depor. Podero, entretanto, recusar-se a faz-lo o ascendente ou descendente, o afim em linha reta, o cnjuge, ainda que desquitado, o irmo e o pai, a me, ou o filho adotivo do acusado, salvo quando no for possvel, por outro modo, obter-se ou integrar-se a prova do fato e de suas circunstncias. Como se extrai da prpria redao do artigo, esta regra possui excees, sendo facultado o depoimento das pessoas ali enumeradas. Mas, professor, e se o Juiz verificar que uma das testemunhas praticou falso testemunho? Dever o Juiz, nesse caso, encaminhar cpia do depoimento ao MP ou autoridade policial, nos termos do art. 211 do CPP.30 E se o depoimento foi prestado mediante carta precatria? Residindo a testemunha em local fora da competncia territorial do Juiz do processo, ser ouvida, mediante carta precatria, pelo Juiz do local em que reside. Se prestar depoimento falso, ser julgada pelo Juiz do local em que prestou depoimento, e no pelo Juiz do local onde tramita o processo (Entendimento majoritrio da Jurisprudncia). O Juiz pode determinar, ainda, que o ru seja retirado da sala onde a testemunha ir depor, se verificar que a sua presena pode constranger a testemunha, sempre fundamentando sua deciso. Nos termos do art. 217 do CPP: Art. 217. Se o juiz verificar que a presena do ru poder causar humilhao, temor, ou srio constrangimento testemunha ou ao ofendido, de modo que prejudique a verdade do depoimento, far a inquirio por videoconferncia e, somente na impossibilidade dessa forma, determinar a retirada do ru, 29 O STF entende que se estas pessoas no indicarem dia e hora para serem ouvidas ou, de forma injustificada, deixarem de comparecer no dia e hora agendados, deve ser considerada ÒperdidaÓ a prerrogativa no caso concreto. 30 Art. 211. Se o juiz, ao pronunciar sentena final, reconhecer que alguma testemunha fez afirmao falsa, calou ou negou a verdade, remeter cpia do depoimento autoridade policial para a instaurao de inqurito. www.concurseirosunidos.org www.concurswww.concurs DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 27 de 80 prosseguindo na inquirio, com a presena do seu defensor. (Redao dada pela Lei n¼ 11.690, de 2008) Pargrafo nico. A adoo de qualquer das medidas previstas no caput deste artigo dever constar do termo, assim como os motivos que a determinaram. (Includo pela Lei n¼ 11.690, de 2008) Percebam, portanto, que o ru pode at ser retirado da sala onde testemunha presta depoimento, mas O ATO NUNCA PODERç SER REALIZADO SEM A PRESENA DO SEU DEFENSOR. Aberta a audincia, o Juiz ouvir primeiro as testemunhas de acusao, facultando s partes (primeiro a acusao e depois a defesa) formular perguntas. Aps, ouvir as testemunhas de defesa, adotando igual procedimento. E se no for respeitada esta ordem? Doutrina e jurisprudncia majoritrias entendem que se trata de NULIDADE RELATIVA, devendo ser demonstrado o prejuzo efetivo que adveio desta irregularidade. Embora esta ordem seja a regra, existem excees: ¥ Testemunhas ouvidas mediante carta precatria ou rogatria- So as testemunhas que residem em localidade diversa daquela em que o Juiz competente, ou, no caso da carta rogatria, em outro pas. Nos termos do art. 222 e 222-A do CPP: Art. 222. A testemunha que morar fora da jurisdio do juiz ser inquirida pelo juiz do lugar de sua residncia, expedindo-se, para esse fim, carta precatria, com prazo razovel, intimadas as partes. ¤ 1o A expedio da precatria no suspender a instruo criminal. ¤ 2o Findo o prazo marcado, poder realizar-se o julgamento, mas, a todo tempo, a precatria, uma vez devolvida, ser junta aos autos. ¤ 3o Na hiptese prevista no caput deste artigo, a oitiva de testemunha poder ser realizada por meio de videoconferncia ou outro recurso tecnolgico de transmisso de sons e imagens em tempo real, permitida a presena do defensor e podendo ser realizada, inclusive, durante a realizao da audincia de instruo e julgamento. (Includo pela Lei n¼ 11.900, de 2009) Art. 222-A. As cartas rogatrias s sero expedidas se demonstrada previamente a sua imprescindibilidade, arcando a parte requerente com os custos de envio. (Includo pela Lei n¼ 11.900, de 2009) Mas necessria a presena do ru no local em que as testemunhas esto sendo ouvidas, quando isso se der por carta precatria? No, pois isso seria invivel (essa a posio do STF). Imaginem um ru processado em Natal que, s para ÒavacalharÓ o processo, arrolasse testemunhas que residem no Acre, Porto Alegre, Braslia, Florianpolis, etc. ¥ Testemunhas que estejam Ònas ltimasÓ, ou precisem se ausentar, e haja necessidade de serem ouvidas desde logo, sob pena de perecimento da prova. Nos termos do art. 225 do CPP: Art. 225. Se qualquer testemunha houver de ausentar-se, ou, por www.concurseirosunidos.org www.concurswww.concurs DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 28 de 80 enfermidade ou por velhice, inspirar receio de que ao tempo da instruo criminal j no exista, o juiz poder, de ofcio ou a requerimento de qualquer das partes, tomar-lhe antecipadamente o depoimento. Com relao formulao de perguntas pelas partes, enquanto no interrogatrio do ru se adotou o sistema presidencialista (As perguntas se dirigem ao Juiz, que as repassa para o ru), aqui o CPP determina que as partes formulem perguntas diretamente s testemunhas, podendo Juiz no as admitir (dar aquela ÒcortadaÓ) quando a pergunta for irrelevante, impertinente, repetida ou puder induzir resposta. Nos termos do art. 212 do CP: Art. 212. As perguntas sero formuladas pelas partes diretamente testemunha, no admitindo o juiz aquelas que puderem induzir a resposta, no tiverem relao com a causa ou importarem na repetio de outra j respondida. (Redao dada pela Lei n¼ 11.690, de 2008) Por fim, existem algumas regrinhas especficas quanto depoimento do militar, do funcionrio pblico e do preso. ¥ O militar dever ser ouvido mediante requisio sua autoridade superior, nos termos do art. 221, ¤ 2¡ do CPP; ¥ O funcionrio pblico ser intimado (notificado) pessoalmente, como as demais testemunhas, mas deve ser requisitado, tambm, ao chefe da repartio (para que o servio no fique prejudicado); ¥ O preso ser intimado (notificado) tambm pessoalmente, mas ser expedida, tambm, requisio ao diretor do estabelecimento prisional. (FGV Ð 2017 Ð OAB Ð XXIV EXAME DE ORDEM) Durante instruo probatria em que se imputava a Joo a prtica de um crime de peculato, foram intimados para depor, em audincia de instruo e julgamento, os policiais civis que participaram das investigaes, a ex-esposa de Joo, que tinha conhecimento dos fatos, e o padre para o qual Joo contava o que considerava seus pecados, inclusive sobre os desvios de dinheiro pblico. Preocupados, todos os intimados para depoimento foram audincia, acompanhados de seus advogados, demonstrando interesse em no prestar declaraes. Considerando apenas as informaes narradas, assinale a www.concurseirosunidos.org www.concurswww.concurs DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 29 de 80 afirmativa correta.A) Apenas o advogado da ex-esposa de Joo poder requerer que sua cliente seja eximida do dever de depor, devendo os demais prestar declaraes. B) Todos os advogados podero requerer que seus clientes sejam eximidos do dever de depor. C) Apenas o advogado do padre poder buscar que ele no preste declaraes, j que proibido, por ofcio, de depor, devendo os demais prestar declaraes. D) Apenas os advogados da ex-esposa de Joo e do padre podero requerer que seus clientes no sejam ouvidos na condio de testemunhas. COMENTçRIOS: Neste caso, a ex-esposa no obrigada a depor, na forma do art. 206, e o padre PROIBIDO de depor, na forma do art. 207 do CP: Art. 206. A testemunha no poder eximir-se da obrigao de depor. Podero, entretanto, recusar-se a faz-lo o ascendente ou descendente, o afim em linha reta, o cnjuge, ainda que desquitado, o irmo e o pai, a me, ou o filho adotivo do acusado, salvo quando no for possvel, por outro modo, obter- se ou integrar-se a prova do fato e de suas circunstncias. Art. 207. So proibidas de depor as pessoas que, em razo de funo, ministrio, ofcio ou profisso, devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o seu testemunho. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA A LETRA D. (FGV - 2016 - OAB - XIX EXAME DE ORDEM) Thales foi denunciado pela prtica de um crime de apropriac ̧o indbita. Para oitiva da vtima Marcos, residente em cidade diversa do juzo competente, foi expedida carta precatria, sendo todas as partes intimadas dessa expedic ̧o. Antes do retorno, foi realizada audiência de instruc ̧o e julgamento, mas apenas foram ouvidas as testemunhas de acusac ̧o Joo e Jos, que apresentaram verses absolutamente discrepantes sobre circunstâncias relevantes, sendo que ambas afirmaram que estavam no local dos fatos. Hlio, padre que escutou a confisso de Thales e tinha conhecimento sobre a dinâmica delitiva, em www.concurseirosunidos.org www.concurswww.concurs DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 30 de 80 razo de seu dever de guardar segredo, no foi intimado. Com a concordância das partes, a audiência de continuac ̧o para oitiva das testemunhas de defesa e interrogatrio foi remarcada. Considerando apenas as informac ̧es narradas, assinale a afirmativa correta. A) O depoimento de Joo foi invlido, j que a oitiva do ofendido deve ser realizada antes das demais testemunhas e a expedic ̧o de carta precatria suspende a instruc ̧o criminal. B) O juiz poder fazer a contradita, diante das contradiçes sobre circunstâncias relevantes nos depoimentos das testemunhas. C) Hlio est proibido de depor sem autorizaço da parte interessada, salvo quando no for possvel, por outro modo, obter a prova do fato. D) O advogado do acusado no precisa ser intimado pessoalmente da data designada para audie ̂ncia a ser realizada no juzo deprecado. COMENTçRIOS: a) ERRADA: Em regra, de fato, o ofendido deve ser ouvido antes das testemunhas. Contudo, em se tratando de ofendido que ser ouvido mediante carta precatria no h nulidade no fato de vir a ser ouvido aps a oitiva das testemunhas, pois a expedio de carta precatria no suspende a instruo criminal, nos termos do art. 222, ¤1¼ do CPP. b) ERRADA: Neste caso caber a acareao, nos termos do art. 229 do CPP. A contradita no se presta a tal finalidade, sendo um mero instrumento de que dispem as partes para IMPUGNAR a testemunha, antes de iniciado o depoimento, alegando circunstncias que prejudiquem sua necessria imparcialidade, nos termos do art. 214 do CPP. c) ERRADA: O padre est proibido de depor sem autorizao da parte interessada, pois tem o dever de guardar sigilo, em razo de seu ministrio, nos termos do art. 207 do CPP. O erro da questo, contudo, reside no fato de que a afirmativa diz que o padre poder ser obrigado a depor (mesmo sem autorizao da parte interessada) quando isso for indispensvel para a obteno da prova do fato, o que est errado. d) CORRETA: Item correto, pois nos termos do enunciado n¼ 273 da smula de jurisprudncia do STJ, uma vez intimada a defesa acerca da expedio da precatria, absolutamente desnecessria a intimao da defesa para cincia da data da audincia designada no Juzo deprecado. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA A LETRA D. (FGV Ð 2013 Ð MPE-MS Ð ANALISTA Ð DIREITO) Analise as afirmativas a seguir. www.concurseirosunidos.org www.concurswww.concurs DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 31 de 80 I. Desde a reforma do Cdigo de Processo Penal realizada pela Lei 11.690 de 2008, as perguntas s testemunhas devem ser formuladas diretamente pelas partes. Contudo, de acordo com a jurisprudncia majoritria dos Tribunais Superiores, se o magistrado iniciar as perguntas haver apenas nulidade relativa. II. Conferindo efetividade ao princpio de que ningum obrigado a produzir prova contra si e ao direito ao silncio, o Superior Tribunal de Justia decidiu que o condutor de veculo automotor no obrigado a se submeter ao teste do bafmetro e que tal recusa no pode implicar consequncias penais. III. De acordo com o Cdigo de Processo Penal, entendendo conveniente, o juiz poder ouvir as pessoas referidas pelas testemunhas, ainda que no constassem originalmente do rol indicado pelas partes. Assinale: a) se somente a afirmativa I estiver correta. b) se somente a afirmativa II estiver correta. c) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas. d) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas. e) se todas as afirmativas estiverem corretas. COMENTçRIOS: I Ð CORRETA: De fato, esta a regra, nos termos do art. 212 do CPP: Art. 212. As perguntas sero formuladas pelas partes diretamente testemunha, no admitindo o juiz aquelas que puderem induzir a resposta, no tiverem relao com a causa ou importarem na repetio de outra j respondida. (Redao dada pela Lei n¼ 11.690, de 2008) Pargrafo nico. Sobre os pontos no esclarecidos, o juiz poder complementar a inquirio. (Includo pela Lei n¼ 11.690, de 2008) Os Tribunais superiores possuem entendimento solidificado no sentido de que nulidades desta natureza somente sero reconhecidas se forem arguidas e gerarem prejuzo para a parte (pas de nullit sans grief), sendo, portanto, nulidades relativas. II Ð CORRETA: Trata-se de entendimento que materializa o princpio do nemo tenetur se detegere, no havendo possibilidade de prejuzo ao ru por se negar a produzir prova contra si. III Ð CORRETA: Esta a previso contida no art. 209 e seu ¤1¼ do CPP: Art. 209. O juiz, quando julgar necessrio, poder ouvir outras testemunhas, alm das indicadas pelas partes. ¤ 1o Se ao juiz parecer conveniente, sero ouvidas as pessoas a que as testemunhas se referirem. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA A LETRA E. (FGV Ð 2012 Ð PC-MA Ð DELEGADO DE POLêCIA) www.concurseirosunidos.org www.concurswww.concurs DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 32 de 80 Com relao ao captulo da prova, assinale a afirmativa incorreta. a) Admite-se a prova pericial, apesar de o juiz no ficar adstrito ao laudo, podendo aceit-lo ou rejeit-lo, no todo ou em parte. b) De acordo com o Art. 212, do CPP, as perguntas sero formuladas pelas partes diretamente s testemunhas, podendo ojuiz complementar a inquirio formulando perguntas sobre pontos no esclarecidos. c) Havendo mais de um ru, cada um deles dever ser interrogado separadamente, podendo a defesa e a acusao formular perguntas ao final. d) Apesar de a lei processual penal dispor que o assistente de acusao pode propor meios de prova (Art. 271), em regra no poder arrolar testemunhas, eis que somente pode o assistente ser admitido aps o oferecimento e recebimento da denncia com o rol respectivo. e) Por fora do princpio constitucional da ampla defesa, a testemunha dever ser ouvida em juzo na presena do acusado e da defesa tcnica, no se admitindo exceo a esta regra. COMENTçRIOS: A) CORRETA: Previso do art. 182 do CPP. B) CORRETA: Item correto, pois o que consta no art. 212, ¤ nico do CPP. C) CORRETA: Item correto, pois estas so as previses dos arts. 188 e 191 do CPP. D) CORRETA: Item correto pois, de fato, embora o assistente possa propor meios de prova, quando de seu ingresso no processo j ter havido precluso temporal para que a acusao arrole testemunhas, eis que o momento oportuno, em regra, o do oferecimento da denncia. E) ERRADA: Item errado, pois possvel que o Juiz determine a retirada do acusado da sala de audincias, para no prejudicar o depoimento da testemunha, nos termos do art. 217 do CPP: Art. 217. Se o juiz verificar que a presena do ru poder causar humilhao, temor, ou srio constrangimento testemunha ou ao ofendido, de modo que prejudique a verdade do depoimento, far a inquirio por videoconferncia e, somente na impossibilidade dessa forma, determinar a retirada do ru, prosseguindo na inquirio, com a presena do seu defensor. (Redao dada pela Lei n¼ 11.690, de 2008) Portanto, a ALTERNATIVA INCORRETA A LETRA E. (FGV Ð 2014 Ð DPE-DF Ð ANALISTA) Tradicionalmente, testemunha definida como o sujeito, diverso das partes e estranho ao caso penal, que chamado a juzo por iniciativa das partes (ou, excepcionalmente, por ordem direta do www.concurseirosunidos.org www.concurswww.concurs DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 33 de 80 juiz), a fim de render, sob a forma oral, uma declarao que tenha por objeto a reconstruo histrica ou a representao narrada dos fatos relevantes para o julgamento, ocorridos anteriormente e por ele sentido ou percebido por meio dos seus prprios sentidos, de visu vel auditu (COMOGLIO, Luigi Paolo. Le prove civili. 3» ed. Torino: UTET, 2010, pp. 573-574). Sobre a prova testemunhal, correto afirmar que: a) aps a reforma de 2008, a falta de qualquer das testemunhas no ser motivo para o adiamento da sesso do Tribunal do Jri, ainda que haja a clusula de imprescindibilidade. b) o no comparecimento ou a no indicao de dia, hora e local para inquirio pela autoridade que goza de tal prerrogativa no acarreta a perda da prerrogativa, impondo-se a renovao do ato. c) diante do envolvimento com o fato apurado, os policiais que participaram das diligncias ou da priso em flagrante devem ser ouvidos como informantes, dispensado o compromisso legal. d) Procurador do Trabalho que participa de fora tarefa na qual so identificados ilcitos penais no pode figurar como testemunha, pois integra o Ministrio Pblico, que parte na ao penal. e) nos delitos materiais, de conduta e resultado, desde que desaparecidos os vestgios, a prova testemunhal pode suprir o auto de corpo de delito. COMENTçRIOS: A) ERRADA: Sendo considerada imprescindvel a testemunha faltosa, o ato dever ser adiado, nos termos do art. 411, ¤7¼ do CPP. B) ERRADA: Item errado, pois o STF j entendeu que, neste caso, deve ser considerada como ÒperdidaÓ a prerrogativa: Ò(...) Passados mais de trinta dias sem que a autoridade que goza da prerrogativa prevista no caput do art. 221 do Cdigo de Processo Penal tenha indicado dia, hora e local para a sua inquirio ou, simplesmente, no tenha comparecido na data, hora e local por ela mesma indicados, como se d na hiptese, impe-se a perda dessa especial prerrogativa, sob pena de admitir-se que a autoridade arrolada como testemunha possa, na prtica, frustrar a sua oitiva, indefinidamente e sem justa causa. Questo de ordem resolvida no sentido de declarar a perda da prerrogativa prevista no caput do art. 221 do Cdigo de Processo Penal, em relao ao parlamentar arrolado como testemunha que, sem justa causa, no atendeu ao chamado da justia, por mais de trinta dias. (QUEST. ORD. EM AP N. 421-SP) Ð INFORMATIVO 614 DO STF.Ó C) ERRADA: O depoimento dos policiais, neste caso, prova IDïNEA, como a de qualquer outra testemunha, pois no se pode presumir que tenham se tornado ÒinimigosÓ do acusado, conforme entendimento do STJ: Ò(...) 3. Os depoimentos dos policiais que efetuaram a priso em flagrante constituem prova idnea, como a de qualquer outra www.concurseirosunidos.org www.concurswww.concurs DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 06 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 34 de 80 testemunha que no esteja impedida ou suspeita, notadamente quando prestados em juzo sob o crivo do contraditrio, aliado ao fato de estarem em consonncia com o conjunto probatrio dos autos. 4. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no AREsp 338.041/DF, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEXTA TURMA, julgado em 03/09/2013, DJe 16/09/2013)Ó D) ERRADA: O fato de o Procurador do Trabalho ter participado da Fora Tarefa, bem como o simples fato de ser membro do MP, no o impede de testemunhar no processo criminal, eis que em sua atividade no atuou na esfera criminal, no tendo contribudo para a formao da opinio delicti. Vejamos o entendimento do STF: EMENTA Habeas corpus. Processual penal. Procurador do Trabalho arrolado como testemunha de acusao. Alegao de incompatibilidade. No ocorrncia. Ausncia de participao na investigao criminal. Atuao circunscrita fiscalizao trabalhista. Constrangimento ilegal inexistente. Ordem denegada. 1. No se cuida, na espcie, de pretenso de inquirio, como testemunha, de membro do Ministrio Pblico encarregado da persecuo penal - circunstncia essa que a jurisprudncia, inclusive desta Suprema Corte, j esclareceu ser incompatvel com a de acusador -, mas de Procurador do Trabalho que, no mbito de suas atribuies administrativas e civis, participou da fora tarefa em que as irregularidades imputadas aos pacientes foram constatadas, sem qualquer ingerncia ou atuao na formao da opinio delicti, assim como sem qualquer atribuio ou capacidade postulatria (CPP, art. 257, I) ou de custos legis (CPP, art. 257, II) na ao penal instaurada, no podendo ser aqui considerado parte na ao penal, o que obstaria o seu depoimento. 2. Equipara-se a hiptese inquirio de agente policial presente s diligncias e investigaes, a qual, em sede processual penal, tranquilamente admitida. Precedentes. 3. Ordem denegada. (HC 112586, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Primeira Turma, julgado em 22/05/2012, PROCESSO ELETRïNICO DJe-164 DIVULG 20-08-2012 PUBLIC 21-08-2012) E) CORRETA: Item correto, pois esta a previso do art. 167 do CPP: Art. 167. No sendo possvel o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestgios, a prova testemunhal poder suprir-lhe a falta. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA A LETRA E. (FGV Ð 2010 Ð OAB Ð EXAME DE ORDEM UNIFICADO) Em processo sujeito ao rito ordinrio, ao apresentar resposta escrita, o advogado requer a absolvio sumria de seu cliente e no prope provas. O juiz, rejeitando o requerimento de
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