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TCC PRONTO TARCÍSIO

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Prévia do material em texto

ASSOCIAÇÃO DE ENSINO E CULTURA PIO DÉCIMO 
FACULDADE PIO DÉCIMO 
CURSO SUPERIOR DE BACHARELADO EM DIREITO 
 
 
 
TARCÍSIO FRANCA DANTAS TRINDADE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
COLETA DE PERFIL GENÉTICO: UMA ANÁLISE DA LEI 12.654/12 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ARACAJU 
2018 
 
ASSOCIAÇÃO DE ENSINO E CULTURA PIO DÉCIMO 
FACULDADE PIO DÉCIMO 
CURSO SUPERIOR DE BACHARELADO EM DIREITO 
 
TARCÍSIO FRANCA DANTAS TRINDADE 
 
 
 
 
 
 
 
COLETA DE PERFIL GENÉTICO: UMA ANÁLISE DA LEI 12.654/12 
 
 
 
Monografia apresentada à Faculdade Pio 
Décimo como um dos pré-requisitos para 
obtenção do grau de Bacharel em Direito. 
 
 Orientador: 
Prof. Me. George Maia Santos 
 
 
 
 
 
 
 
ARACAJU 
2018 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ficha catalográfica: Sheila Rodrigues dos Santos Macêdo CRB/5 1895 
 
 
 
 
 Trindade, Tarcísio Franca Dantas 
T832c Coleta de perfil genético: uma análise da lei 12.654/12/ Tarcísio Franca 
Dantas Trindade; orientação [de] Msc.George Maia Santos. – Aracaju, 2018. 
 
 46f.. : il. 
 Inclui bibliografia. 
 
Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito parcial para 
obtenção do grau de Bacharel em Direito Pela Faculdade Pio Décimo. 
 
 
1. Direito processual penal 2.Direitos fundamentais 3.Proporcionalidade I. 
Santos, George Maia (orient.) II. Faculdade Pio Décimo. III. Título. 
 
 CDU: 34(043.2) 
TARCÍSIO FRANCA DANTAS TRINDADE 
PIO i+Éci ma 
COLETA DE PERFIL GENÉTICO: UMA ANÁLISE DA LEI 12.654112 
Trabalho de conclusão de curso apresentado 
como requisito parcial para a obtenção de grau 
de Bacharel em Direito pela Faculdade Pio 
Décimo 
APROVADA EM 15/06/2018. 
BANCA EXAMINADORA 
1 
AVALIADOR: Profa. Dra. Mói ca Porto de Andrade 
Faculdade Pio Decimo 
AVALIADOR Prof. Esp. 	 pe Gomes de Carvalho Santos 
acuidade Pio Décimo 
ORIENTAD8' i-rof. Me- George Maia Santos 
Faculdade Pio Décimo 
2018-1 
Campip I FlinEelinsle.341.92-BwreCenlffl-éra5qu -41spe-Telermag -55179121DO 336D - FQe ?NI 3231-311a3 
~.B1 A.hewNEDFanço 26116 -BaheoPwlanno-Aa -Bsegipa -Teerp"e •55U9p45 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico esse trabalho a minha família, 
minha namorada e ao meu filho que irá 
nascer por serem meu porto seguro e 
fonte de inspiração nos momentos 
crítico. 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
 
 
 A Deus por ter me dado saúde e sabedoria para superar todas dificuldades. 
 A esta universidade, seu corpo docente, e a todos que fazem parte da 
administração e direção, todos foram muito importantes nessa jornada. 
 Ao meu orientador George Maia, pelo suporte dado no pouco tempo em que 
lhe coube, obrigado pelo incentivo. 
 Aos meus pais, pelo amor incondicional, apoio e incentivo. 
 Aos meus colegas de faculdade que ao longo tempo foram se tornando 
amigos, agradeço o companheirismo, juntos compartilhamos sonhos e realizações. 
 E a todos que indiretamente fizeram parte da minha formação, o meu muito 
obrigado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“A justiça não se estabelece sob o 
discurso falacioso de que todos são 
iguais perante a lei, mas sim na 
comprovação de que a lei venha a ser 
igual perante todos” 
Fernando Ribeiro 
 
 
 
 
RESUMO 
 
 
 
A Lei 12.654/12 tem enfrentado muitos questionamentos em meio ao âmbito da 
justiça brasileira, e baseado nesse fato, a ênfase maior será dada a problemática 
referente à viabilidade da aplicação da ciência genética na justiça criminal, levando 
em consideração a possibilidade de alguns danos que sua intervenção possa ferir os 
direitos fundamentais do suspeito em questão, pois com o surgimento da nova lei, 
fica obrigado de certa forma a fornecer seu material genético, para colaborar com a 
justiça investigativa. Dentro da visão do princípio da proporcionalidade, o interesse 
individual do sujeito irá sobressair, uma vez que o acusado almeja que seus direitos 
sejam resguardados; com o interesse social, que aspira à persecução penal e à 
apuração da responsabilidade penal. Este trabalho irá abordar e analisar a possível 
ofensa que essa nova lei discorre sobre a garantia da autoincriminação uma vez que 
o novo diploma legal passa a constranger o sujeito a ceder como forma de produção 
de provas cujo resultado pode acarretar consequências desfavoráveis aos seus 
interesses. Aprofundar-se-á o estudo acerca da garantia da não autoincriminação 
com o intuito de conseguirmos responder, ao final da pesquisa, se a extração 
coercitiva de material genético prevista pela Lei 12.654/12 representa ou não 
violação ao nemo tenetur se detegere. 
 
 
Palavras-chave: Direito processual penal. Direitos fundamentais. Garantia da 
não autoincriminação. Proporcionalidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
 
 
Law 12.654/12 has faced many questions within the scope of Brazilian justice, and 
based on this fact, the greater emphasis will be given to the problematic regarding 
the feasibility of the application of genetic science in criminal justice, taking into 
account the possibility of some damages that his intervention could harm the 
fundamental rights of the suspect in question, because with the emergence of the 
new law, it is obliged in a way to provide its genetic material, to collaborate with the 
investigative justice. Within the view of the principle of proportionality, the individual's 
interest in the subject will stand out, since the accused wants his rights to be 
safeguarded; with the social interest, that aspires to the criminal prosecution and the 
determination of the criminal responsibility. This work will address and analyze the 
possible offense that this new law deals with the guarantee of self-incrimination once 
the new legal diploma begins to constrain the subject to give as a way of producing 
evidence whose result may have consequences unfavorable to their interests. The 
study on the guarantee of non-self-incrimination will be deepened in order to be able 
to answer, at the end of the research, whether the coercive extraction of genetic 
material provided for by Law nº 12.654/12 represents non-violation of nemo tenetur 
detegere. 
 
 
Key words: Criminal procedural law. Fundamental rights. Guarantee of non-
self-incrimination. Proportionality. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 10 
2. REFERENCIALTEÓRICO .............................................................................. 12 
3. CONTEXTO HISTÓRICO ............................................................................... 13 
4. A CIÊNCIA GENÉTICA FRENTE À BIOÉTICA ............................................. 16 
4.1 A CIÊNCIA GENÉTICA HUMANA E SUAS IMPLICAÇÕES NA 
APLICAÇÃO DA CIÊNCIA MÉDICA .................................................................. 
 
19 
4.1.1 Provas não invasivas ............................................................................... 21 
4.1.1.1 Requisitos ................................................................................................22 
4.1.2 Provas invasivas ...................................................................................... 22 
4.2 Requisitos .................................................................................................... 25 
5. METODOLOGIA ............................................................................................. 32 
6. RESULTADOS E DISCURSSÕES ................................................................ 32 
6.1 PRINCIPAIS ARGUMENTOS TEÓRICOS ................................................... 34 
6.2 DIREITO COMPARADO ............................................................................... 35 
6.3 CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 .......................................................... 36 
7. EXTRAÇÃO DE PERFIL GENÉTICO: VIOLAÇÃO À GARANTIA CONTRA 
A AUTOINCRIMINAÇÃO? ................................................................................. 
 
40 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 43 
REFERÊNCIAS .................................................................................................. 45 
 
 
 
 
 
 
10 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
 
Este trabalho tem como objetivo uma análise da Lei 12.654, promulgada em 
28 de maio de 2012, que através da inserção de parágrafo único no artigo 5º da Lei 
12.037/09, prevê que se possa colher um material genético, para criar um perfil 
genético de suspeitos e condenados de alguns crimes, sendo uma forma de 
identificação criminal. Com esta lei, existe a possibilidade de colher esse material, 
sendo de alguns tipos penais, desde que satisfaça duas condições: necessidade às 
investigações e autorização judicial. 
O direito de não produzir prova contra si mesmo, dentro da execução da 
justiça do Brasil, parece que foi derrubado por essa lei; sendo que o indivíduo tinha 
esse direito de não fornecer qualquer material genético para uso da justiça. Direito 
esse assegurado anteriormente pela Constituição do Brasil. 
Em um aprofundamento desse estudo, acerca da garantia da não 
autoincriminação, volta-se ao princípio de o sujeito em condição passiva em 
contribuir algum material genético para uso da justiça, se de fato existe amparo legal 
baseado no princípio nemo tenetur se detegere. 
Com a visão de chegar a um determinado alvo, este estudo visa estabelecer 
os limites e definir a extensão da garantia da não autoincriminação. Observando se 
a Lei 12.654/12 vai restringir o suspeito no caso da extração compulsória de seu 
material genético, causando um abalo no sistema processual penal brasileiro e 
violando o nemo tenetur se detegere. Reforçamos aqui a ausência de 
regulamentação com respeito a garantia da não autoincriminação na justiça 
brasileira, relacionado a questão probatória. 
Este trabalho também tratará de questões bioéticas, visando uma produção 
de conhecimentos na área da criminologia, baseada em pesquisas genéticas, 
principalmente quando essa contribuição está direcionada a apuração de 
responsabilidade penal. 
Questionamentos de suma importância serão abordados aqui e um deles 
seria a afetação às garantias e aos direitos fundamentais do acusado, que seria 
submetido a retirada de seu material genético para investigação da justiça. 
Pois, tendo em vista que o foco do presente trabalho é a Lei 12.654/12, 
vincularemos este questionamento ao que prevê a referida lei. 
11 
 
Porém a nova lei em causado discussões no meio jurídico, principalmente 
porque atinge os direitos fundamentais do indivíduo que está sob investigação, 
porque fica obrigado a fornecer material genético. 
Os grandes cientistas da bioética faz uma análise da ciência genética no 
sentido da busca pela solução de atos de delitos e seus autores, mas que bate de 
frente com os direitos fundamentais de todo ser humano, garantidos pela 
Constituição. Justifica-se pela cooperação de resolver casos de crimes com 
interesse da sociedade em solucioná-los e ao mesmo tempo choca com os direitos 
individuais. 
Encontrar um equilíbrio entre o direito fundamental do ser humano, mesmo 
em situação de dívida com a sociedade, mesmo com a extração de seu material 
genético compulsoriamente e o interesse da sociedade em combater os crimes e dar 
solução, utilizando o princípio da proporcionalidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
2. RERERENCIAL TEÓRICO 
 
 A escolha desse tema foi devido as fortes discussões que ocorre em meio 
aos agentes jurídicos e doutrinadores, de extrema importância para o Direito Penal 
brasileiro, além de ser um assunto fascinante. 
Este trabalho tem como objetivo uma análise da Lei 12.654, promulgada em 
28 de maio de 2012, que através da inserção de parágrafo único no artigo 5º da Lei 
12.037/09, prevê que se possa colher um material genético, para criar um perfil 
genético de suspeitos e condenados de alguns crimes, sendo uma forma de 
identificação criminal. Com esta lei, existe a possibilidade de colher esse material, 
sendo de alguns tipos penais, desde que satisfaça duas condições: necessidade às 
investigações e autorização judicial. 
Discutir-se-á garantia do princípio constitucional a não autoincriminação 
extraído do artigo 5° inciso LXIII da Lei Maior, se a lei 12.654/12 não acabou por 
afrontar tal garantia, com o objetivo de conseguirmos responder, ao final da 
pesquisa, a seguinte problemática até que ponto é possível a admissão e aplicação 
da lei 12.654/12 em face da violação a garantia constitucional a não auto 
incriminação? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
3. CONTEXTO HISTÓRICO 
 
 
Nos últimos 30 anos a molécula de DNA tornou-se um poderoso elemento 
na identificação humana e como consequência o uso dela na atividade jurídica. Há 
uma série de técnicas de Biologia Molecular que podem ser usadas na investigação 
forense a exemplo da análise de DNA. 
Em meados dos anos 80, houve um avança significativo nas técnicas de 
DNA tanto na análise quanto na identificação, um impacto na ciência forense, 
tornando a análise do perfil genético uma ferramenta muito poderosa. 
O primeiro país até onde se sabe e que foi o pioneiro no uso de material 
genético a fim de elucidar casos criminais e a criar um banco de dados foi o Reino 
Unido, Alec Jeffreys pode ser considerado o médico percursor da identificação 
através do DNA. 
Foi criada a primeira Lei positivada em um ordenamento datada em 1984, 
chamada de “Police and Criminal Evidence Act” (Lei da Policia e Evidencia Penal) a 
qual permite a coletade material genético qualquer pessoa sob custódia da polícia. 
Mais tarde então, no ano de 1989, surgiram nos Estados Unidos as 
primeiras discussões acerca da criação de um banco de dados de perfil genético 
forense, acentuando-se a partir do lançamento, em 1990, do software piloto do 
sistema utilizado pelos norte-americanos atualmente: o CODIS. No ano seguinte, em 
torno de quinze países promulgaram leis que autorizam a implantação de um banco 
de dados de DNA criminal. 
A Polícia Internacional, faz o uso frequente de banco de dados de perfis 
genéticos em uma rede de compartilhamento que abrange em torno de 70 países. 
Atualmente os Estados Unidos da América exerceram notável influência 
para a criação e a implementação do banco de dados genéticos no Brasil, visto que 
o sistema de suporte e execução de banco de dados mais conhecido e utilizado 
advém dos Estados Unidos e foi criado pelo FBI. 
No Brasil a análise de material genético deu seus primeiros passos nos 
tribunais em 94, na Ação Penal n° 4040/93, da 6ª Vara Criminal de Brasília (laudo 
pericial n° 4040/930) e no Processo n° 9672/93, do Tribunalde Justiça do Distrito 
Federal (laudo pericial n° 9272/93). 
14 
 
Dois peritos criminais do Instituto de Criminalística do Distrito Federal foram 
aos Estados Unidos fazer a análise do material biológico encontrado em cenas dos 
crimes. 
No ordenamento jurídico brasileiro a primeira Lei que regulamentou a 
identificação criminal foi a Lei nº 10.054/00 que trazia no seu texto legal que a 
autoridade polícia poderia providenciar a juntada de material datiloscópico e 
fotográfico junto aos autos de prisão em flagrante, posteriormente foi revogada e deu 
lugar a Lei 12.037/09 que foi aperfeiçoada a qual de maneira tímida serviu de 
embrião para a lei 12.654/12 que inseriu de vez no ordenamento jurídico a extração 
de material genético, criação de um banco de dados bem como sua utilização e que 
também alterou à Lei de Execução Penal (n° 7.210/84). 
Muitos afirmam, é que houve uma forte pressão popular para a promulgação 
da Lei, diante dos inúmeros casos que estavam ocorrendo na cidade contagem, em 
Minas Gerais, no famoso caso do “Maníaco de Contagem”, a pressão popular abriu 
um espaço para a criação ou ampliação de uma legislação emergencial. 
A Lei 12.654/12 acrescenta o parágrafo único ao artigo 5°, para incluir como 
forma de identificação criminal, além dos processos já existentes, o perfil genético 
da pessoa. 
A Carta Magna brasileira preceitua que a pessoa que for civilmente 
identificada não será submetida à identificação criminal, salvo nas hipóteses 
previstas em lei (art. 5 LVIII CF), ou seja, tinha eficácia contida até que uma lei 
regulamentasse tais atos. 
Diante da referida Lei e a criação de uma nova modalidade, agora a 
identificação criminal poderá incluir a coleta de material biológico, que poderão ser 
armazenadas em um banco de dados tendo sua exclusão no término do prazo 
estabelecido em lei para a prescrição do delito. 
Quanto às discussões que giram em torno do princípio da não 
autoincriminação, tem-se que em 1910, em uma decisão proferida no caso Holt v. 
US pela Corte Norte-Americana demonstrou que desde o início do século XX, 
delimitaram-se de maneira muito clara os contornos do princípio da não 
autoincriminação, fundamentando no sentindo que de esse privilégio não tinha o 
objetivo de evitar a utilização do corpo do acusado como evidência, vedando-se 
apenas a coação moral ou física para obrigá-lo a testemunhar contra si, pela via oral 
ou escrita. 
15 
 
Em 1969 foi subscrita a Convenção Americana de Direitos Humanos, 
popularmente conhecida como Pacto de San José da Costa Rica tendo entrado em 
vigor 1978, como também o Pacto Internacional de Direitos Cíveis e Políticos de 
1976, que reconhecem em seu artigo 8º, inciso 2, letra g e artigo 14, inciso 3, letra g 
respectivamente o direito da não auto incriminação. 
No ordenamento Jurídico Brasileiro o princípio nemo tenetur se detegere está 
previsto na Constituição Federal artigo 5°, inciso LXIII. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
4. A CIÊNCIA GENÉTICA HUMANA E SUAS IMPLICAÇÕES BIOÉTICAS 
 
 
A engenharia genética é o ramo da ciência genética que, segundo SOUZA 
(2001, p. 175), “pressupõe a modificação artificial (total ou parcial) do genoma de 
determinada célula ou organismo particular, podendo ser levada a efeito de forma 
programada mediante a adição, substituição ou supressão de determinado(s) 
gene(s)”. Quando realizadas sobre o genoma humano, tais intervenções podem ser 
dirigidas a fins terapêuticos ou a fins não terapêuticos (ou fins reprováveis). 
Segundo SOUZA (2001, p. 175), Paulo Vinícius Sporleder, a engenharia 
genética é o ramo da ciência genética e, 
 
‘pressupõe a modificação artificial (total ou parcial) do genoma de 
determinada célula ou organismo particular, podendo ser levada a 
efeito de forma programada mediante a adição, substituição ou 
supressão de determinado(s) gene(s)’. 
 
 
Realizando sobre o conjunto de genes de cada espécie, poderá ser utilizada 
para fins terapêuticos e o mau uso seria condenado. 
A ciência cada dia avança mais no sentido de progredir dando mais conforto 
a humanidade, e com isso tem-se usado a genética com fins terapêuticos, utilizando 
do material-biológico-genético na biomedicina e isso não tem nenhuma reprovação 
ética ou da justiça. E essa engenharia genética será reprovada quando não atingir 
seu objetivo que a finalidade de cura e também a correção de genes defeituosos no 
ser humano. 
Dentro desse parâmetro, o que se quer aqui é explanar sobre problemas que 
possam surgir da utilização da ciência genética de forma inadequada, quando atinge 
bens jurídicos e os expõe a riscos eminentes e assim não cumpre o papel de trazer 
cura às pessoas. 
Na ciência genética há uma grande esperança para a humanidade de 
resolver muitos problemas, mas se essa mesma ciência usa da seleção eugênica 
positiva de determinados caracteres biológicos não patológicos do genoma humano, 
com o objetivo de criar seres “superiores” ou como aberrações humanas, se torna 
algo totalmente reprovável. 
17 
 
Deve-se haver uma grande preocupação com o uso da ciência genética 
sobre genoma humano, no sentido de evitar prejuízos para a humanidade, assim 
como para o meio ambiente no presente e no futuro, com uso reprovável e 
inadequado e manipulação de forma contrária a ética médica. 
Diante disso tudo, nós sociedade em geral deve se posicionar em relação a 
aplicação da ciência genética e seu desenvolvimento e aplicabilidade no ser 
humano, tendo mais cautela, para não comprometer a sobrevivência de nossa 
espécie e gerações futuras. As inovações da genética e suas tecnologias, tem tido 
grandes intervenções sobre o homem e sua sobrevivência, por isso cabe a 
sociedade uma profunda reflexão sobre as graves consequências que podem 
comprometer nossa liberdade de uso dessa ciência em nossas vidas, mesmo que 
isso possa nos beneficiar de alguma forma. 
Visualizando esse quadro, onde se coloca o progresso científico e a 
preservação da moral e da ética, cabe a todos nós enquanto sociedade, fazer uma 
observação sob a perspectiva da bioética e a aplicação da ciência genética, 
compatibilizando com os direitos do ser humano estabelecidos pela Constituição, 
principalmente o da dignidade humana. 
Na utilização e manipulação da genética para o ser humano, deve-se 
observar atentamente para não ir de encontro a dignidade da pessoa humana e os 
direitos fundamentais do cidadão, não aceitando de maneira nenhuma que isso 
venha trazer prejuízo ao ser humano. 
Com o avanço cada vez mais eminente da ciência genética, suas atribuições 
se relacionam com o propósito de servir ao homem, investigando e corrigindo “erros” 
que aparece em forma de problemas. Diante disso é que se deve impor limites no 
uso da genética, para não haver colisão com a dignidade da pessoa humana e todos 
os direitos fundamentais do ser humano, visando unicamente prejuízos para a vida 
humana em todos seus aspectos. 
Dentro da discussão da justiça envolvendo o uso da engenharia genética 
para o benefício do ser humano, existe um conflito entre a liberdade de pesquisa e 
investigação e os direitos assegurados pela Carta Magna ao homem, como direito a 
dignidade, saúde, à vida etc. 
Existe uma contradição envolvendo o progresso científico-tecnológico e a 
proteção aos direitos fundamentais do homem, observando que a liberdade de 
pesquisa, é um direito digno de toda sociedade democrática, deve-se ter muito 
18 
 
cuidado, respeitando sempre o direito fundamental, porque a ciência genética sem 
restrições tem grande potencial de nocividade a outros direitos, que se não mais 
importantes, são igualmenteconsagrados pela sociedade e garantidos pelo 
legislador. MALUF (2010, p. 82), Adriana Caldas do Rego Freitas Dabus, “levaram 
muito tempo para serem consolidados e que não podem agora, serem postos de 
lado”. 
A liberdade científica, prevista pelo artigo 5º, inciso IX da Constituição 
Federal sofre limitações do próprio texto constitucional. Estas restrições, segundo 
Adriana Caldas do Rego Freitas Dabus Maluf, está no artigo 1º, inciso III, que se 
refere à dignidade da pessoa humana; no artigo 3º, inciso IV, que diz respeito à 
vedação da discriminação; no artigo 5º caput e inciso X, que concerne ao direito à 
vida e inviolabilidade da intimidade, vida privada, honra e imagem; e ainda no artigo 
225, 
A pesquisa científica necessita de uma liberdade de ação de acordo com a 
própria Constituição, porém há uma necessidade de uma regulamentação jurídica 
para encontrar um ponto de equilíbrio entre a pesquisa na área da ciência genética e 
os direitos jurídicos reconhecidos, restringindo a atuação da mesma quando não for 
para fins terapêuticos. 
A liberdade de investigação deve servir ao homem e quando isso não 
acontecer, seguindo um caminho tortuoso, atingindo um bem jurídico determinado 
pelo ordenamento jurídico, deve-se considerar a importância desse bem para a 
sociedade, com restrição a liberdade da ciência e de suas pesquisas. 
Dentro do Direito, existe a resguarda de muitos interesses do homem na 
sociedade, porém não pode permitir que o direito a dignidade humana seja 
aniquilado assim como outros direitos assegurados pela Constituição, em razão da 
liberdade de investigação pela ciência. Para que haja uma compatibilização entre a 
pesquisa científica e os outros direitos já estabelecidos pela justiça, deve-se limitar a 
liberdade de investigação. 
Com isso, vemos que os direitos fundamentais do homem, devem sempre 
prevalecer sobre o progresso tecnológico, para que a ciência não possa subjugar 
esses direitos já estabelecidos na Constituição. 
 
 
19 
 
4.1 A GENÉTICA FORENSE E SUAS IMPLICAÇÕES NA APLICAÇÃO DA CIÊNCIA 
MÉDICA 
 
 
A ciência através do ramo da genética tem avançado cada dia mais, e não 
somente nas ciências biomédicas, mas também na área que envolve a justiça 
através da análise genômica de exames a partir de fios de cabelo, saliva, tecidos, 
urina, suor, ossos etc., ou de qualquer célula preservada, para a solução de casos 
da justiça. 
A ciência tem avançado na área da medicina legal, envolvendo as técnicas 
de mapeamento do DNA (finger prints), e já está caminhando ao lado da justiça para 
desvendar crimes. Sendo um novo ramo da medicina legal, que seria a genética 
forense. 
A técnica do DNA tem servido a justiça criminal por meio do uso de pistas 
genéticas, que se encontram no local do crime, em vários instrumentos que podem 
ter resquícios biológicos e, portanto pode cooperar com toda a investigação de 
maneira mais sólida. 
Para um resultado eficiente e de confiança, com o resultado do exame de 
DNA estão relacionadas com o correto manuseio da prova. Importante que o perito 
responsável pela produção da prova tenha cuidados especiais com relação ao 
material genético coletado, uma vez que se a amostra sofrer degradação ou 
contaminação, a prova será nula e sem serventia. 
O uso da ciência genética pelo exame de DNA pode exercer importante 
função na justiça criminal ao auxiliar na identificação de cadáveres e, sobretudo, ao 
inocentar pessoas que, equivocadamente, estão sob a mira da acusação ou que até 
mesmo já estão sob custódia de forma injusta. 
A ciência genética cumpre um papel importante no encargo de auxílio às 
investigações criminais e das provas obtidas a partir do exame de DNA se servirem 
do elemento da cientificidade (cujo resultado é dotado de maior grau de precisão e 
confiabilidade se comparado às demais provas clássicas admitidas em nosso 
ordenamento jurídico, tal como a prova testemunhal), evitando o erro da justiça na 
troca de identidades nos processos criminais. 
Para uso e verificação entre o sujeito e o crime é que se utiliza do exame de 
DNA, no entanto, não se trata de prova irrefutável acerca da comprovação da autoria 
20 
 
do delito. Caso assim não fosse, consubstanciada estaria a genetização da justiça, a 
qual passaria a prescindir da produção das demais provas idôneas previstas em 
nosso ordenamento jurídico, uma vez que bastaria a realização das provas técnicas 
para a formalização do resultado final através do juiz. 
Aqueles que trabalham no âmbito da justiça na elucidação de casos não 
podem negligenciar os avanços da ciência e proibir a sua aplicação na resolução de 
crimes. No exercício da justiça, poderá ser inserida a ciência genética, cabendo aos 
juristas a árdua tarefa de regular a maneira como se efetivará no combate à 
criminalidade, de modo que os resultados obtidos a partir do exame de DNA sejam 
satisfatórios e benéficos para o homem como cidadão, cumprindo o papel de exercer 
a justiça com aplicabilidade no sentido de obter bons resultados. 
Existem muitas provas em um processo e o exame de DNA, em que pese 
receba significativa credibilidade probatória, não goza de supremacia sobre as 
demais provas admitidas em nosso ordenamento. Até porque existe a possibilidade 
de manipulação da prova do DNA, inclusive podendo até ser um (DNA fake) de 
equivocada interpretação acerca dela, de resultado duvidoso e incorreto (uma vez 
que a prova se baseia em cálculos de probabilidade) e de possíveis dúvidas em 
relação ao nexo causal, sendo assim essa prova de DNA não pode ser algo infalível 
e definitiva para elucidação de um caso. 
Com respeito ao respeito aos direitos fundamentais do ser humano 
garantidos pela Constituição, questionamos a natureza da ciência bioética acerca da 
aplicação da ciência genética na justiça criminal, que teria como fonte de recurso, o 
exame de DNA para o trabalho de investigação criminal sem o consentimento do 
sujeito. 
Dentro dessa nova linha de uso da ciência genética para a investigação 
criminal, o colhimento de material genérico de forma coercitiva, viola os direitos do 
cidadão, à dignidade humana, à saúde e integridade física e moral e também ao 
princípio estabelecido na Carta Magna da presunção de inocência. 
Um questionamento ocorre diante da utilização de material genético na 
genética forense (ainda que não se utilize da manipulação gênica), ao exigir do 
suspeito o fornecimento de seu material genético para fins de investigação criminal, 
teria um resultado da justiça totalmente reprovável, uma vez que, assim como a 
eugenia positiva e demais práticas não terapêuticas, também atenta contra 
21 
 
princípios constitucionais e direitos fundamentais daquele que é compelido a 
fornecer seu material genético? 
 
 
4.1.1 Provas não invasivas 
 
 
Provas não invasivas, “são aquelas em que o seu conteúdo, pode até entrar 
em confronto com os direitos fundamentais, mas sem atingir de forma direta”. 
(QUEIJO, 2012, p. 357). 
Fornecendo materiais ou objetos para a investigação, é a forma de 
contribuição do acusado em uma prova não invasiva, fazendo com que sua 
participação seja de maneira simples e rápida, onde não há a necessidade de 
utilização de procedimentos médicos nem algum tipo de intervenção na esfera 
íntima do sujeito em investigação. 
Então fica claro que a contribuição do acusado com provas não invasivas, 
não fere os direitos fundamentais, portanto não há empecilho, para que o mesmo 
forneça essas provas, pois o mesmo não sofre nenhum tipo de invasão. A escusa do 
sujeito passivo em colaborar com a investigação da justiça, não prejudica os seus 
direitos fundamentais, então, o acusado deve acatar as determinaçõesdo Estado, 
porque se torna algo absolutamente dentro dos parâmetros da lei resguardando o 
cidadão em seus direitos estando o Estado em pleno exercício de seu papel na 
perseguição da justiça e respeitando e cumprindo a Constituição. 
Sendo dever de o acusado fornecer e dar contribuição com provas não 
invasivas, conforme a Carta Magna diz em seu texto, a exemplo do que dispõe o 
artigo 174, inciso IV do Código de Processo Penal. 
O acusado tem como dever o de contribuir com provas não invasivas, 
conforme o que dispõe no artigo 174, inciso IV do Código de Processo Penal 
Brasileiro, do que preconiza o artigo 226, inciso II do mesmo diploma legal, e ainda 
do que prevê a Lei 10.054/00, que determina que aqueles que são investigados se 
enquadrem nas hipóteses legais a se submetam à identificação criminal por meio da 
coleta de suas impressões digitais. Essa é uma metodologia do âmbito da justiça, 
onde são feitas comparações entre o material obtido e a produção da prova daquele 
que foi encontrado no local onde ocorreu o crime. 
22 
 
Com as investigações, surgem a necessidade de produção de provas, e a 
prova não invasiva que não está de forma expressa no Código Processual Penal, 
mas que pode ser utilizada, solicitando a colaboração do acusado de forma 
imperativa, uma vez que esse tipo de prova já tem aceitação no meio jurídico e que 
tais provas não invasivas, não ferem em nada os direitos fundamentais do sujeito. 
 
4.1.1.1 Requisitos 
 
Dentro do âmbito legal, pode-se exigir do acusado a colaboração na 
produção de provas não invasivas tornando-se algo obrigatório; mas há a 
necessidade de cumprir certas condições que merecem ser supridas a fim de que os 
direitos fundamentais do acusado continuem sendo preservado enquanto do período 
do procedimento. 
Quando a produção da prova não invasiva envolver intervenção corporal, há 
que cumprir alguns requisitos como: 
a) a preservação da saúde; 
b) o cuidado para não expor a risco sua vida; 
c) a utilização de profissionais treinados da área médica para a realização 
desse procedimento como forma mais adequada e correta da coleta do material. 
A coleta da prova deverá sempre ser realizada com uma determinação 
judicial previamente apresentada, tratando o assunto em questão com 
proporcionalidade da medida e sempre cumprindo requisitos legais. 
Dentro do princípio da proporcionalidade, respeitando os direitos individuais 
e os anseios da sociedade na produção de provas não invasivas demanda a 
demonstração de indícios de autoria ou que o acusado tenha participação em 
infração penal apenada com reclusão. 
 
 
4.1.2 Provas invasivas 
 
 
A produção de determinados meios de prova, por outro lado, se caracteriza 
pelo uso de medicação, substâncias ou pela introdução de instrumentos em 
23 
 
cavidades naturais do corpo humano, para a coleta de material, que será utilizado 
pela justiça como provas. 
O colhimento desse material como provas, exige uma interferência de modo 
íntimo no sujeito passivo e por isso necessitam de alguns procedimentos que 
exigem maior complexidade, como também profissionais especializados para 
exercer tal função conforme a ética médica exige. Por isso chamamos aqui e provas 
invasivas, devido aos procedimentos interferirem de maneira direta, na integridade 
física e moral do sujeito. 
As provas invasivas dentro do processo penal são consideradas ilícitas, 
segundo o artigo 5º, inciso LVI da Constituição Federal. Como exceção a regra, 
também faz parte dessa matéria, temos: a) A interceptação telefônica (exceção 
expressa aos direitos de intimidade e privacidade); b) busca e apreensão (exceção 
expressa ao princípio da inviolabilidade do domicílio). Dentro do princípio da 
proporcionalidade poderão ser realizadas, observando todo o procedimento da 
justiça concernente a sua execução. Esse princípio tem como balança, o interesse 
público e o direito individual e com isso tomará a prova ilícita em interesse da 
sociedade para aceitação da mesma. 
Partindo do princípio que os direitos a privacidade e a intimidade deverão ser 
respeitados, ainda com mais razão de ser, deveria ser os direitos a integridade física 
e moral, quando se dá a coleta de material genético, para utilização da investigação 
criminal e da justiça, muito mais sofrerem restrições, já que a interceptação 
telefônica e busca e apreensão, são meios de provas que agridem de forma 
contundente os direitos fundamentais do acusado, do que mesmo a simples coleta 
de material genético. 
Mesmo que se defenda que as provas invasivas, possam ser aceitas dentro 
do ordenamento jurídico, para investigação, com a aplicação do princípio da 
proporcionalidade, deve-se reconhecer como um uso excepcional e não como regra, 
e utilizar do colhimento das provas não invasivas, por respeitar os direitos 
fundamentais do ser humano. Mas ainda dentro do princípio da proporcionalidade, o 
qual, ao detectar a prevalência da viabilização da persecução penal sobre o 
interesse individual, poderá tornar legítima a produção de provas invasivas, tudo em 
favorecimento da sociedade como um todo. 
A problemática que traz de um lado os direitos fundamentais do cidadão, 
quando se faz a coleta do material de DNA, compulsoriamente, e do outro lado o 
24 
 
interesse da sociedade, na resolução de crimes, através da busca dos culpados, e 
para a proteção e resguardar as pessoas. A outra questão aqui são os direitos 
fundamentais do acusado, que conforme a Constituição é algo estabelecido e de 
direito e que devem fornecer material genético para investigação e estes se 
encontram frágeis. 
Nenhum direito fundamental é absoluto, então a maneira de resolver o 
permanente conflito entre o direito à prova e o direito individual, está em procurar a 
harmonização entre os direitos fundamentais e a viabilização da persecução penal. 
Para a prática de a ciência genética ser viabilizada e aplicada na resolução de 
crimes e na cooperação com a justiça, deverão ser tomadas de forma que a 
genética forense seja legitimada sem que o seu emprego resulte em desarmonia 
insuperável com os demais direitos fundamentais tutelados pelo nosso ordenamento 
jurídico. 
Buscar um ponto de equilíbrio entre o direito fundamental do cidadão e o 
interesse social, é a busca incessante de um juízo de proporcionalidade, que pela 
produção de prova se torna necessário. Senão caberia ao juízo a proibição total do 
uso da ciência da genética, na área penal como auxílio importante na investigação 
de casos, o que seria um retrocesso ao avanço da atividade científica; ou seria 
liberada de maneira total qualquer intervenção da ciência genética no âmbito da 
justiça, mas isso também não teria um resultado positivo, pois causaria problemas 
na parte ética, social e jurídica da sociedade. 
A resolução de conflitos que necessita de um juízo de equilíbrio deve ser a 
partir de dois direitos fundamentais ou do choque entre um direito fundamental e um 
preceito constitucional, todos com valores reconhecidos pela Constituição, podendo 
assim tomar uma decisão de conciliação como forma mais adequada de resolução. 
Para tal, não se deve de qualquer forma limitar os direitos fundamentais, 
mas somente quando esses direitos entrarem em conflito com outro direito ou valor 
constitucional que seja de reconhecimento da sociedade. 
A conciliação será a medida cabível nessa situação, para que não haja um 
embate entre os dois direitos fundamentais, privilegiando um em relação ao outro. O 
legislador deverá delimitar um âmbito, uma esfera, de cada direito fundamental 
envolvido na questão. 
Uma segunda hipótese, no que concerne ao choque entre um direito 
fundamental e um valor constitucionalque é reconhecido pela Carta Magna, vemos 
25 
 
a hipótese que foi referida aqui, pelo direito individual, representado pelos direitos 
fundamentais do homem e o interesse da sociedade, que anseia pela segurança 
pública, no sentido de resguardar sempre o cidadão. O interesse social não é um 
bem fundamental, mas é um bem que é assegurado pela Constituição para 
confirmar os direitos fundamentais de ir e vir por exemplo. Por isso dentro desse 
embate, há a necessidade de observar que nem o direito fundamental e nem o valor 
constitucionalmente reconhecido pela sociedade podem entrar em colisão, e por isso 
deve-se buscar uma harmonia, para a conservação de ambos, sempre em prol da 
sociedade e do cidadão. 
Dentro da observação do direito, podemos constatar que o princípio da 
proporcionalidade foi incorporado pelo ordenamento jurídico alemão para proteger o 
núcleo essencial dos direitos fundamentais, sendo assim, não se admite que não 
sofra nenhum tipo de restrição os direitos fundamentais, e principalmente que não 
seja tão severa a ponto de causar uma grande mudança suas características 
principais, cujas quais não devem sofrer qualquer espécie de limitação, pois seria 
como modificar algo que a lei através da Constituição já estabeleceu. 
Com o objetivo de resolver esse questionamento que envolve um embate 
entre os direitos fundamentais do cidadão, que com o surgimento da nova lei, sofre 
um constrangimento real, quando submetido a coleta do material genético 
compulsoriamente, que tem como base a Constituição do Brasil, e o interesse da 
sociedade relativo a justiça pública, como uma forma de contribuição na solução de 
casos relativos ao sujeito acusado, dentro do princípio da proporcionalidade, pode-
se dar valor real a ciência genética e tornar possível a produção de provas mesmo 
invasivas coletadas no sujeito. 
No momento em que a acusação não conseguir cumprir oferecer e sustentar 
as provas, ou quando a reunião de provas não invasivas não serem necessárias 
para estabelecer a verdade, diante do material utilizado pela investigação, tornar-se-
á legítima a coleta do material genético de forma invasiva. 
 
 
4.2 Requisitos 
 
 
26 
 
Entendendo que a busca pela verdade material não pode ocorrer de 
qualquer maneira, e em função principalmente de todos os direitos e garantias já 
resguardados pelo Constituição, através das leis ali estabelecidas, não se concebe 
que os responsáveis pela Direito e pela justiça possam agir de modo totalmente 
livre, mas que deve-se impor limites necessários, aos responsáveis pela produção 
de provas invasivas no intuito de resolver os mais diversos casos. 
Diante de alguns requisitos genéricos que iremos tratar, pode-se confirmar e 
valorizar o direito à prova no sentido de ajudar a investigação e combater os crimes, 
acima do direito individual. Nessas condições entende-se que considerando os 
direitos fundamentais como proporcionais e satisfatórios para o desenvolvimento da 
investigação; assim sendo a contribuição do acusado com provas invasivas de 
tornam algo obrigatório. 
Como há a necessidade da previsão da lei com regras específicas para a 
liberação da coleta de provas invasivas, o suprimento de requisitos mais específicos 
também pode ser solicitado para a realização da mesma, gerando assim recursos 
pertinentes para contribuição com a justiça no desvendamento de casos. 
Iremos discorrer abaixo alguns aspectos sobre as restrições aos direitos 
fundamentais no sentido de realizar provas invasivas, quando devidamente 
autorizados e satisfeitas algumas questões: 
 
 Restrição ao direito fundamental deve estar autorizada pela Constituição 
Federal, expressa ou implicitamente 
 
 
Para que essa limitação aconteça junto ao direito fundamental, há uma 
necessidade que a razão pela qual justifique essa restrição, seja outro direito 
fundamental, ou um valor que mesmo não tendo esse peso do direito fundamental, 
possa ser da mesma forma aceito e reconhecido pela Constituição do Brasil. 
 
 
 A restrição deve respeitar o núcleo essencial do direito fundamental 
 
 
27 
 
Restrição nenhuma deve ser tão forte, que poderia mudar completamente o 
direito fundamental, dessa forma sendo vedado, de forma que essa restrição possa 
anular ou transformar o direito fundamental em um direito diferente do original e 
estabelecido pela Constituição. 
 
 
 Previsão legal 
 
 
Dentro do nosso ordenamento jurídico, as regras exigidas para as provas da 
perícia que estão previstas, são suficientes para que sejam elaboradas as provas 
não invasivas, ainda assim não tem consistência para dar vazão ao colhimento de 
provas, de forma invasiva, pois essas regras não atendem ao princípio da 
proporcionalidade e não são necessariamente específicas e detalhadas para 
aceitação da mesma. 
A previsão legal se faz necessária e sua ausência viola o princípio da 
proporcionalidade, o não julgamento do legislativo por conta da vistas de 
determinados riscos aos direitos individuais do cidadão, sobraria para análise do 
julgador, sendo que no princípio da proporcionalidade, deve ser analisado o caso 
pelo juiz (plano concerto) e pelo legislador (plano abstrato), para o cumprimento da 
justiça. 
Do requisito da previsão legal acontece que nenhuma intervenção 
direcionada a esfera privada do acusado poderá ser arbitrária, ou seja, as 
ingerências não podem ultrapassar os limites fixados pela lei que determina 
autorizando a sua realização. 
A lei que autoriza a produção da prova invasiva deve ter pilares importantes: 
a) escrita, fortalecendo o princípio da legalidade; 
b) minuciosa porque precisa atender aos princípios da isonomia e da 
proporcionalidade; 
 c) prévia porque deve estar em consonância com os princípios da 
anterioridade e da segurança jurídica. 
 
 
 Indícios suficientes de autoria e materialidade 
28 
 
 
 
A produção de prova invasiva deve ainda estar calcada em claros sinais que 
indiquem a existência do crime, bem como em evidências que o vinculem ao 
investigado. Ou seja, a produção de provas invasivas requer a existência prévia de 
indícios suficientes de materialidade e autoria. 
Para a produção e exigência de prova invasiva por parte do culpado, há a 
necessidade que de fato exista um crime como também claros motivos que faça um 
vínculo ao investigado. Para a produção de provas invasivas, deve haver antes de 
tudo evidências suficientes de materialidade e autoria. 
Com isso evita-se uma necessidade de busca incessante e as vezes 
descabidas por fatos relativo aos culpados, e que no afã de tornar claro e evidente a 
responsabilidade penal, possa buscar de modo aleatório e descabido, atingindo um 
grupo maior de pessoas, que entre esses alguns inocentes e percebam ao final da 
investigação que seus direitos fundamentais foram violados desnecessariamente, 
sendo esses direitos resguardados pela Constituição. 
Mas essa intervenção não deve ser considerado algo tão simples em uma 
investigação, principalmente quando vai de encontro aos direitos fundamentais já 
citados acima, que são direitos estabelecidos pela Carta Magna para a proteção do 
cidadão. 
 
 Unicidade da prova 
 
 
Esse requisito vem dos subprincípios da necessidade, da adequação e da 
proporcionalidade em sentido estrito. 
SERRANO (1990, p. 245), dentro do subprincípio da necessidade, há um 
entendimento de que as provas invasivas “devem ser evitadas sempre que puderem 
ser empregados outros meios investigativos que lesionem em menor escala os 
direitos individuais”. 
O que se conclui é que sempre que possível, deve-se escolher a utilização 
da prova que não prejudique o cidadãoviolando o direito fundamental do acusado. 
Quando a ingerência aos direitos fundamentais do acusado se fizer 
realmente necessária, far-se-á da maneira menos gravosa ao sujeito passivo, 
29 
 
elegendo o meio de prova que em menor escala agride os seus direitos 
fundamentais, sobretudo os direitos à integridade física e moral, pois, segundo Maria 
Elizabeth Queijo, “a adoção de medida menos gravosa ao acusado conduz, ao 
mesmo tempo, à otimização dos direitos fundamentais”. 
Dentro dessa visão, se realmente for necessária a intervenção dos direitos 
fundamentais do acusado, deve-se utilizar da maneira menos grave e que haja 
menor prejuízo ao sujeito em questão, escolhendo sempre a prova que de alguma 
forma possa prejudicar ou ferir os direitos fundamentais em menor escala, 
principalmente os direitos à integridade física e moral. 
O subprincípio da adequação está vinculado ao requisito da unicidade da 
prova, e sugere que “a medida adotada deve ser apta à consecução da finalidade 
perseguida”. 
Para a execução da coleta do material genético do acusado, utilizando a 
prova invasiva, existe a necessidade de a mesma estar fundamentada em um 
resultado de precisão, e de forma nenhuma produzir uma prova que tenha resultado 
inconsistente e se conclusão. Portanto a prova se torna o meio correto de buscar de 
maneira eficiente o que investigação de propõe. 
O subprincípio da proporcionalidade vem nos mostrar que o juízo de 
ponderação, irá fazer uma reflexão sobre a probabilidade de danos que possam 
ocorrer, envolvendo o acusado, dentro da esfera íntima, e que vê seus direitos 
fundamentais serem feridos e os resultados positivos que poderão surgir a partir da 
investigação, pressupondo a realização da prova referida. 
SERRANO (1990, p. 309), 
 
‘refere que será exequível a produção da prova invasiva quando da 
ponderação entre os interesses individuais e sociais, se confira maior 
relevância ao segundo’. 
 
De acordo com o subprincípio da proporcionalidade em sentido estrito, há 
uma necessidade de observar qual a gravidade do crime em questão, como uma 
análise inicial, o qual a investigação deseja apurar. Essa análise sobre a gravidade 
do delito, irar averiguar vários fatores importantes como: a pena cominada ao delito, 
as consequências do crime, a repercussão da prática delituosa no seio da 
sociedade. Nesse sentido que se pode observar é que quanto maior a gravidade do 
crime investigado, maior será o interesse da sociedade na resolução e assim 
30 
 
justifica-se a importância da prova invasiva em detrimento aos direitos fundamentais 
do investigado. 
 
 
 Ausência de riscos à saúde do acusado 
 
 
Quando da necessidade de se realizar a prova invasiva e esta envolver 
intervenções no corpo do acusado, deverá ser realizada de tal forma que não traga 
nenhum tipo de risco à saúde, portanto deverá ser assistido por profissional 
capacitado na área. Deverá haver comprovação com relação ao perigo a saúde do 
acusado, feita através do nexo causal, demonstrando que a partir da produção da 
prova, a consequência que implicará de alguma forma no prejuízo a saúde do 
acusado em questão. 
Além de tudo isso, a forma de utilização no procedimento para coleta do 
material da prova, não deverá causar muita dor ao acusado, em respeito aos direitos 
à intimidade e à dignidade humana. 
 
 
 
 
 Intervenção da defesa técnica 
 
 
 
Seja na produção de provas invasivas, seja na produção de provas não 
invasivas, a participação da defesa técnica deverá ser assegurada, salvo quando 
tratar-se de prova cujo resultado possa restar viciado em decorrência do 
acompanhamento do defensor. 
A defesa técnica deverá ter todo respaldo e acesso as provas que serão 
produzidas, sendo provas não invasivas ou provas invasivas. 
Aquele que está na posição do Direito e exerce a função de defensor, 
haverá necessidade de fiscalizar o modus operandi, de todo procedimento, fazendo 
as intervenções necessárias quando da execução da coleta de material para a 
produção da prova, no sentido de averiguar se a mesma está dentro da legalidade, 
se a autoridade que determinou tem competência para tal pedido na justiça, se o 
31 
 
meio da utilização da prova impõe alguma gravidade aos direitos fundamentais do 
sujeito. 
 
 
 
 Judicialidade e motivação 
 
 
Quando o acusado produzir prova invasiva para a investigação da justiça, e 
por restringir os direitos fundamentais do mesmo, essa prova só poderá ser 
produzida com autorização do Poder Judiciário, mas não sendo possível por 
autoridade policial ou Ministério Público. 
Para a realização da produção de prova, a decisão deve ser determinada, 
preenchendo alguns requisitos como: fundamentação que mostre a necessidade da 
prova, adequação e a proporcionalidade da medida. Somente assim fica autorizado 
a realização da produção de prova para o acusado. 
 Está prevista na Constituição Federal, pelo artigo 93, inciso IX, essa 
exigência, que permite ao acusado que irá fornecer a prova, que entre com algum 
recurso questionando a legalidade e idoneidade da decisão. 
Flavia D´urso reporta que: “a fundamentação dos provimentos jurisdicionais 
visa à racionalização da justiça, impedindo que a decisão judicial se impregne das 
vestes da discricionariedade” 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
32 
 
5. METODOLOGIA 
 
 
A metodologia utilizada neste trabalho será a pesquisa bibliográfica, que de 
maneira profunda, será explorada através de vários autores que estão envolvidos 
com o tema abordado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
33 
 
6. RESULTADOS E DISCURSSÕES 
 
 
 
6.1 PRINCIPAIS ARGUMENTOS TEÓRICOS 
 
 
 
A Lei 12.654/12 como abordado acima é uma tentativa brasileira de importar 
o modelo Norte Americano que vem obtendo êxito e resultados expressivos desde 
sua criação. O Direito Americano difere e muito do Brasileiro, a Carta Magna 
Americana possui apenas 7 artigos em seu bojoi, o direito desenvolvido nos Estados 
Unidos é o “Common law” que de maneira genérica se baseia em decisões dos 
tribunais e não em atos legislativos ou executivos como o ordenamento Jurídico do 
Brasil. A constituição brasileira possui uma quantidade imensamente maior de 
artigos, são 270 artigos e mais 70 nas disposições transitória, totalizando 320 
artigos, uma constituição totalmente analítica. 
Diante dessa breve exposição é de se questionar como no Brasil a Lei 
12.265/12 se comportará a frente da Constituição brasileira, importar o modelo 
Americano e tentar implantar no Brasil em seu ordenamento jurídico é algo 
questionável, já que o predomínio no direito é positivado e legislado. A doutrina tem 
se posicionado de diversas formas, muitos doutrinadores questionam se a Lei 
referida põe em colisão princípios constitucionais, outros defendem o afastamento 
da incidência do princípio da não auto incriminação, vejamos alguns dos principais 
argumentos teóricos: 
 
Daniela Sarmento se posiciona da seguinte forma: “quando dois 
princípios diferentes incidem sobre determinado caso concreto, entrando 
em colisão. 
Nesta hipótese, o conflito é solucionado levando em consideração o 
peso relativo assumido por cada princípio dentro das circunstâncias 
concretas presentes no caso, a fim de que se possa precisar em que 
medida cada um deles, em detrimento do outro. Já com as regras 
jurídicas tal fenômeno não se opera, pois, quando duas delas 
aparentemente incidirem sobre determinada hipótese fática, a questão é 
solucionada através do recurso aos critérios hierárquico, cronológico e 
de especialização.” (SARMENTO, 2002). 
Seguindo a mesma linhadoutrinária Marco Antonio de Barros e Marcos 
Rafael P. Piscino “O direito de não produzir provas contra si mesmo não 
é absoluto, admitindo restrições no referido direito, em caráter 
excepcional, devendo ser analisado por lei, em conformidade com o 
imperativo do proporcionalmente justo e adequado ao caso concreto. É 
34 
 
estabelecida a preservação de direitos quanto à liberdade, à honra, à 
intimidade e a vida privada do indivíduo contra o poder-dever estatal de 
buscar a verdade e de realizar a justiça, a aplicação do princípio da 
proporcionalidade tem cabimento nos casos em que o Estado-Juiz, 
representando a sociedade, é chamado a tutelar dois interesses 
relevantes e antagônicos, como o são a defesa de um direito 
constitucionalmente resguardado e a necessidade de perseguir e punir o 
criminoso”. (BARROS e PISCINO, 2008) 
 
A partir dessa linha de raciocínio há o questionamento até onde se aplica o 
princípio da não auto incriminação, tendo em vista que quando houver o choque de 
interesses em casos concretos a incidência do afastamento o princípio nemo tenetur 
se detegere pode ser válido, nenhum direito é total, há de se observar a 
iscricionariedade e a análise do caso concreto, nenhum princípio é infinito podendo 
ser limitado. 
Em contra partida, Aury Lopes Jr, pontua claramente que não concorda, em 
hipótese alguma, com a extração compulsória de material genético, tendo em vista 
ser impossível restringir a garantia de não fazer prova contra si mesmo tão somente 
em favor de uma proporcionalidade entre a prova obtida e o 
sofrimento/constrangimento infligido ao sujeito passivo da medida. (LOPES JR, 
2005) 
Seguindo uma linha de pensamento parecida, Nereu José Giacomolli 
preceitua que é imprescindível a colaboração do imputado na produção de provas, 
afastando a coerção, quando não for voluntária, o estado de inocência é violado. 
(GIACOMOLLI, 2014). 
Embora não esteja positivado na Constituição da república, o princípio da 
proporcionalidade é extrema importância quando o assunto se refere a colisão de 
uma Lei com um principio Castro se posiciona da seguinte forma: 
 
A interpretação da Constituição conjugada com a poderão de valores 
supralegais inter-relacionados, busca evitar o abuso de direito ou o 
exercício exorbitante das liberdades individuais, no pressuposto de que 
todas elas sujeitam-se a limites imanentes e que por isso a todos 
impedem o dever geral de respeito quanto essência e fronteira dos 
vários direitos fundamentais, a ordem constitucional não se limita a 
reconhecer e garantir o valor da liberdade: associa-o ao princípio (que 
lhe é ínsito) da responsabilidade social e integra-o no conjunto dos 
demais valores comunitários. (CASTRO, 1989). 
 
 
35 
 
Salienta-se que a coleta do material genético, acontece em momentos 
específicos, nas fases pré-processual ou processual, ocasiões em que o princípio do 
nemo tenetur se detegere têm plena aplicabilidade. 
Em relação ao critério que define as hipóteses em que a identificação 
genética será adotada, qual seja a imprescindibilidade às investigações conforme 
aprovação judicial fundamentada tem-se que este é um critério subjetivo. A 
Constituição brasileira comparada a de outros países que aplicam Lei similar a 
referida Lei são distintas, principalmente a dos Estados Unidos da América a qual o 
Brasil resolveu importar o modelo, diante dessa distinção surgiu várias divergências 
doutrinários em relação da aplicação da Lei no ordenamento Jurídico brasileiro. 
A criação da referida Lei tem enfrentado grande resistência por parte da 
doutrina, muito embora a Lei tenha sido criada no intuito de revolucionar as 
investigações criminais muitos consideram que os princípios constitucionais não 
foram respeitados, ou seja, a Lei 12.654/12 pode ter violado uma série de direitos 
fundamentais em principal o princípio constitucional da não auto incriminação, em 
contra partida há doutrinadores que apontam o lado benéfico da criação da Lei, o 
Juiz – estado ganhou mais uma ferramenta para a resolução de crimes e da 
verdade, há outros doutrinadores que apontam que a Lei tem sua aplicabilidade 
restrita de maneira que só possa ser usada parcialmente. Há uma série de variáveis 
a serem discutidas e os fundamentos dos teóricos e estudiosos do caso ajudam o 
entendimento em relação às divergências apresentadas. 
 
 
6.2 DIREITO COMPARADO 
 
 
Alguns países de peso na Europa e os Estados Unidos da América, países 
desenvolvidos e de grande desenvolvimento na área do processo penal, e que são 
exemplos na defensoria dos direitos humanos, no uso do nemo tenetur se detegere, 
o acusado só tem duas opções que é a de se calar ou de não depor. Isso serve de 
proteção ao acusado, no sentido de que as intervenções feitas pela justiça, não 
possa ferir os seus direitos fundamentais, estabelecidos e resguardados pela 
Constituição, como o instinto de autopreservação, a liberdade de consciência e de 
autodeterminação, por exemplo. 
36 
 
Porém, concernente a garantia da não autoincriminação, não é estabelecida 
por doutrinas e jurisprudências estrangeiros, já que o fato de o acusado não querer 
cooperar com a prova que poderia ser produzida por ele, não está nesses aspectos 
da justiça, e tendo todo apoio do nemo tenetur se detegere. Não existe um poder 
ilimitado concedido ao acusado frente ao Estado e à sociedade, pois o mesmo tem 
sim o dever de colaborar com a produção de provas, mesmo que não esteja de 
maneira expressa, para que a investigação possa avançar e atingir bons resultados. 
TOVIL (2008, p. 87) se posiciona que, 
 
 
‘A pequena intervenção no corpo do investigado pouco afeta a sua 
dignidade, sendo que a restrição dos direitos está plenamente 
justificada diante do bem maior do interesse público na apuração do 
hediondo crime cometido’. 
 
 
Adotando a mesma linha de raciocínio, o Tribunal Europeu dos Direitos dos 
Homens se manifestou da seguinte maneira: 
 
O direito de não se autoincriminar impõe que se respeite a vontade 
do arguido de não falar e manter o silêncio, no entanto, este direito 
não contempla a impossibilidade de utilização no processo de 
meios de prova que sejam obtidos através do arguido 
independentemente de sua vontade (ou mesmo, contra a sua 
vontade) por poderes de autoridade tais como (...) recolha de 
amostras e exames de sangue, urina, saliva, cabelo, voz, ou recolha 
de outros tecidos orgânicos para a realização de testes de DNA [grifo 
nosso]. 
 
 
O dever do acusado de cooperar na produção de provas para a investigação 
e todo o processo, em quase todos os países estrangeiros, o acusado produz provas 
de forma coercitiva, ou através de sansões no caso de desobediência a justiça, ou 
mesmo no caso de causar dano. 
 
 
 
6.3 CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 
 
 
Nesse período em que um Estado Democrático de Direito estava por ser 
instaurado no Brasil, houve uma necessidade dos juristas de reconhecer e 
37 
 
consolidar os direitos e garantias fundamentais, justamente porque não eram 
garantidos no regime totalitário e estavam suprimidos. Então a Constituição da 
República de 1988, no seu artigo 5º, inciso LXIII, estabeleceu o direito de o preso 
permanecer calado. 
GOMES FILHO (2012, P. 131), observa que o direito ao silêncio se estende 
a qualquer pessoa, estando ela presa ou não, em virtude de interpretação do 
princípio da presunção de inocência que incumbe à acusação o ônus da prova. 
A Convenção Americana sobre Direitos Humanos, aprovada na Conferência 
de São José da Costa Rica, e o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, 
adotado pela XXI Sessão da Assembléia-Geral das Nações Unidas, confirmaram de 
maneira formal a garantia da não autoincriminaçãoentre nós, já que esses diplomas 
foram devidamente incorporados pelo nosso ordenamento jurídico por força dos 
respectivos decretos legislativos. 
Segundo o artigo 5º, §3º da Constituição Federal, a norma internacional que 
prevê o nemo tenetur se detegere e que foi recepcionada pelo nosso ordenamento 
jurídico, por tratar-se de dispositivo inserido em uma Convenção sobre direitos 
humanos, possui hierarquia constitucional, o que foi corroborado pela Emenda 
Constitucional 45 de 2004. 
O adágio latino nemo tenetur se detegere, expressamente transcrito na 
Convenção Americana sobre Direitos Humanos, em seu artigo 8º, §2º, alínea g 
reconhece a toda pessoa acusada pela prática de um delito “o direito de não ser 
obrigada a depor contra si mesma, nem a declarar-se culpada.” 
Temos também o artigo 14139 do Pacto Internacional sobre Direitos Civis e 
Políticos dispõe que o acusado não é obrigado a depor contra si mesmo, nem a 
confessar-se culpado. 
Ainda, ambos os diplomas vedam o emprego da tortura e tutelam a proteção 
da integridade física, psíquica e moral do acusado no interrogatório. 
Entretanto, esses diplomas não estão relacionando o fato de que o acusado 
tem o direito de não produzir provas, contribuindo assim com a justiça. 
O Código Penal não diz claramente, em seus artigos, a posição do acusado 
diante da colaboração na produção de toda e qualquer prova, ou que, em sentido 
contrário, o acusado seja isentado de cooperar; tornando omisso nessa matéria, 
pelo fato de não estar expresso claramente. 
38 
 
Em nosso Código Penal e ordenamento jurídico, a questão da 
autoincriminação não estar regulada de maneira clara, principalmente no que se 
refere à questão que envolve as provas necessárias para a resolução dos crimes em 
geral e a amplitude que tem o nemo tenetur se detegere, nas leis e doutrinas do 
Brasil. 
Os juristas brasileiros sustentam, de acordo com a doutrina brasileira em 
citar o art. 5º inciso LXIII da Carta Magna, que permite ao acusado o direito do 
silêncio e de não ceder prova para a investigação da justiça; e que impedir ao 
acusado a gerar prova, pode prejudicá-lo e assume uma violação de seus interesses 
enquanto cidadão e violação indireta ao nemo tenetur se detegere. 
A garantia da autoincriminação de fato deixa de cumprir seu papel, por conta 
de uma visão muito ampla da doutrina brasileira, e quando o acusado precisa 
colaborar com provas, isso faz com que essa garantia não cumpra seu papel para a 
qual foi instituída que é de proteger os direitos fundamentais do cidadão, direito 
estabelecido pela Constituição, como também combater os abusos do Estado. 
Favorecendo sim a impunidade, na medida em que limita a função de obstaculizar a 
atividade persecutória do Estado. 
Em um período em que o Brasil passou por anos de controle do poder das 
autoridades sobre o povo, e numa tentativa de instalação de um Estado Liberal na 
proteção da liberdade individual, a doutrina brasileira andou por caminhos tortuosos 
no sentido de sugerir que à garantia da não autoincriminação ultrapasse limites da 
finalidade para a qual foi criada: proteger os direitos fundamentais do cidadão. 
ALBUQUERQUE (2012, p. 110) conclui, 
 
‘que a garantia da não autoincriminação não é um fim em si mesmo, 
mas, fundamentalmente, um meio de proteção de verdadeiros 
direitos fundamentais’. 
 
 
O sujeito passivo quando solicitado para produzir uma determinada prova 
para a investigação e um caso; se ele se recusa a fornecer uma prova, isso dever 
ser algo considerado normal e legítimo. No argumento de que a sua colaboração irá 
contribuir em maior ou menor grau para a investigação, fere seus direitos 
fundamentais que são estabelecidos pela Constituição. A recusa em contribuir na 
39 
 
produção de provas não violadoras de direitos fundamentais não merece 
resguardar-se na garantia da não autoincriminação. 
COUCEIRO (2004, p. 131), João Claudio, ratifica este entendimento ao 
enfatizar que “o conteúdo inviolável ao direito ao silêncio é a proteção à integridade 
física e mental da pessoa, de forma que toda limitação imposta por lei que não 
venha a afetá-la é legítima”. 
OLIVEIRA (2008, p. 341), nos da uma lição: 
 
 
É bem de ver que em todas as legislações citadas há também 
previsão e aplicação do princípio da não autoincriminação, mas nos 
limites de suas concretas finalidades, que é a proteção da dignidade 
humana da pessoa, da sua integridade, física e mental, de sua 
capacidade de autodeterminação e do exercício efetivo do direito de 
não ser obrigado a depor contra si. 
 
 
ALBUQUERQUE (2012, p. 135) é enfático em dizer: 
 
[...] o nemo tenetur se detegere é claramente limitado por suas 
finalidades, quais sejam, a de desestimular as práticas inquisitoriais 
que visam à obtenção forçada da confissão, proteger os direitos 
fundamentais que compõem o núcleo estrutural da dignidade da 
pessoa humana, especialmente o instinto de autopreservação, 
assegurar a liberdade de consciência e de autodeterminação, 
inclusive estimulando o sujeito passivo a participar do processo, 
fortalecendo o princípio da ampla defesa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
40 
 
7. EXTRAÇÃO DE PERFIL GENÉTICO: VIOLAÇÃO À GARANTIA CONTRA A 
AUTOINCRIMINAÇÃO? 
 
 
 
A lei 12.654/12 como toda lei a serviço do diploma legal criminalista é mais 
uma forma de poder punitivo do estado, servindo de instrumento de controle por 
parte do mesmo. 
O deve de armazenar e zelar o caráter sigiloso conforme está positivado na 
referida Lei é do Poder Público. 
As inovações trazidas na Lei como foi abordado nesse estudo traz a 
permissão a extração de material genético e forma coercitiva, tal inovação faz um 
redesenho total dos princípios aplicados na Lei Maior, na configuração do processo 
penal atual aplicado no Brasil quando se fala em coerção é inevitável não falar no 
princípio nemotenetur se detegere, não permite que o acusado produza provas a fim 
de se auto incriminar. 
No estado democrático de Direito, a dignidade humano é um valor 
insubstituível, absorvido pela Constituição Federal. 
 
 
“Temos por dignidade da pessoa humana a qualidade intrínseca e 
distintiva de cada ser humano que o faz merecedor do mesmo 
respeito e consideração por parte do Estado e da comunidade, 
implicando, neste sentido, um complexo de direitos e deveres 
fundamentais que asseguram a pessoa tanto contra todo e qualquer 
ato de cunho degradante e desumano, como venham a lhe garantir 
as condições existenciais mínimas para uma vida saudável, além de 
propiciar e promover sua participação ativa e co-responsável nos 
destinos da própria existência e da vida em comunhão com os 
demais seres humanos” (SARLET, 2007). 
 
 
O Poder público tem o dever de punir, mas também como estado maior tem 
o dever de zelar pelas garantias constitucionais, o processo penal brasileiro as 
provas confeccionadas para uma determinada ação judicial devem ser avaliadas, na 
decisão final, através do sistema denominado de livre convencimento motivado, tal 
modelo surgiu para superar a supremacia de poderes que o Juiz em nome do estado 
tem. 
41 
 
Partindo desses pressupostos a extração coercitiva viola o principio da 
autoincriminação? 
 
Maria Elizabeth Queijo compreende que a Lei n.º 12.654/2012 deve 
ser declarada inconstitucional em decorrência da garantia contra a 
autoincriminação. Esclarece que, diferentemente do que consta no 
diploma legal, a finalidade da coleta de material biológico não é a de 
mera identificação criminal, mas sim de comprovação da autoria ou 
da participação da pessoa em algum delito, seja em persecução 
penal futura ou em andamento; portanto, o objetivo é probatório. 
Desse modo, frisa que é notóriaa possibilidade de incidência do 
nemo tenetur se detegere na perícia feita com o material biológico do 
identificado, inexistindo dever de colaboração desse último, 
tampouco consequências pela recusa a se submeter ao ato. 
(QUEIJO, 2013) 
Em divergência a doutrinadora supracitada Eugênio Pacelli, escreve 
que a identificação criminal genética dos suspeitos/acusados não 
deve ser invalidada pelo nemo tenetur se detegere, porquanto o que 
pode ser violado com a medida são direitos materiais da pessoa 
(integridade física e/ou psíquica, por exemplo) e não a garantia 
aludida. Pontua que a violação aos mencionados direitos materiais 
ocorrerá dependendo do tipo de exame empregado, da existência de 
prescindibilidade da intervenção e da não observância de meios de 
coleta não abusivos e desnecessários. Destaca também que, se 
mantida a excepcionalidade da insurgência, controlada judicialmente 
por decisão fundamentada, nada há de inconstitucional na Lei n.º 
12.654/2012. (PACELLI, 2013) 
Com um entendimento diferente do outros doutrinadores, há Wagner 
Marteleto Filho, desacreditado de que a Lei n.º 12.654/2012 tenha 
tentado instituir no ordenamento pátrio as intervenções corporais 
coercitivas e, mesmo que tivesse, vislumbra não estar apta a essa 
finalidade. O autor justifica seu posicionamento com duas 
constatações: 
a) o diploma legal não faz nenhuma referência ao emprego de 
coerção física sobre o sujeito passivo, quando esse se recusar a 
participar da coleta de seu material biológico para a obtenção do 
perfil genético, tampouco disciplinou o procedimento a ser seguido, 
caso tal circunstância ocorra; e não há previsão expressa na nova 
Lei acerca da possibilidade de extração do material biológico do 
indiciado, tendo referido tão somente a possibilidade de coleta desse 
material, o que é diferente de extraí-lo. Essa coleta mencionada, 
inclusive, poderá ser feita sem a existência de intervenção corporal, 
quando o material for disponibilizado voluntariamente pelo imputado 
ou descartado por ele em qualquer local. O autor, ainda, opina que, 
diante de sua redação, a nova Lei não autorizou a intervenção 
corporal para a obtenção de perfil genético no que toca ao acusado 
no curso de ação penal, com o escopo de realizar exame de DNA. 
(MARTELO FILHO, 2012). 
 
 
Há posições diferentes em relação ao que tange a violação do príncipio 
nemo tenetur se detegere, há autores que defendem que há violação, uma vez a Lei 
42 
 
não atingi meramente a identificação criminal como aludida em sua criação, ela 
entra na seara probatória, devendo existir o consentimento do acusa a extração do 
seu material genético, outros atores defendem a limitação que não há a violação, 
mas há uma limitação do princípio supracitado e há autores que simplesmente se 
posicionam que não há violação. 
Cabe destacar o Princípio da proporcionalidade, porquanto, embora 
reconhecida a Lei n.º 12.654/2012 e em vigor, não havendo pacificação do Supremo 
Tribunal Federal a respeito, é importante a proporcionalidade nas decisões judiciais, 
impedindo que a lei opere sem restrição apenas como está positivada em sua 
redação. 
O princípio do livre convencimento do julgado, pelo qual o magistrado é livre 
para proferir sua decisão também tem que ser observado, embora ele tenha que 
fundamentar com base nas provas colhidas. 
Analisados os argumentos doutrinários sobre a viabilidade da Lei 
12.654/2012 em face do princípio da não auto incriminação, diante da analise fica 
constatado que grande parte da doutrina aborda que sem o consentimento do autor 
a aplicação da Lei fica praticamente nula ou limitada, sendo necessário a análise do 
caso concreto e o uso da proporcionalidade das ações, outra corrente defende que o 
Estado tem o poder de agir com o emprego de força para colher provas e assegurar 
a aplicação da lei penal se amparando na redação positivada e outros doutrinadores 
defendem a ineficácia da Lei pelo impedimento da coerção garantida pela 
Constituição Federal em seu artigo 5°, inciso LXIII. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
43 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 
 
 
Sob a visão do Estado Iluminista, no sentido de tornar mais distante os 
excessos que o Estado cometeu e para proteger direitos fundamentais do individuo 
contra as coações físicas e morais praticadas, que ocorreram no Estado Absolutista, 
o nemo tenetur se detegere, aos poucos foi se solidificando, e não demorou muito a 
ser incluído de maneira benéfica nos ordenamentos da justiça da atualidade. 
Ocorreu da mesma forma no ordenamento jurídico brasileiro, face a 
ratificação pelo Estado Brasileiro da Convenção Americana sobre Direitos Humanos 
e do Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, a garantia da não 
autoincriminação, passou a estar de maneira formal e absoluta em nosso meio e 
também a compor uma das mais importantes garantias fundamentais do Estado de 
Direito em nosso país. 
Entretanto devido a garantia da não autoincriminação não estar regulada de 
forma mais séria pelo nosso ordenamento jurídico, principalmente referente à sua 
interface probatória, procurou-se fazer uma crítica, no decorrer desse trabalho, 
concernente a amplitude semântica que o nemo tenetur se detegere tem recebido de 
maneira mais elevada a doutrina do Brasil e daqueles que trabalham com o Direito. 
A garantia da autoincriminação, como já diz o termo, deveria ser uma 
garantia de fato ao acusado, no entanto e de forma cada vez mais assídua, tem 
evidenciado como sendo um aspecto que limita a atividade que o Estado persegue, 
do que na verdade uma garantia em si, já que o nemo tenetur de detegere tem 
exercido de forma contínua, como sendo uma proteção a disposição do sujeito, 
contra a exigência do Estado de colaborar na cooperação para que as provas sejam 
produzidas através da coleta do material genético. 
Dentro dos princípios dos direitos fundamentais do ser humano, é que 
ressaltamos aqui que uma eventual recusa do sujeito em questão de contribuir com 
determinada prova solicitada pela justiça, deve ser legitimada pelo argumento de 
que essa contribuição poderá ferir esses direitos, seja de maneira contundente ou 
não, uma vez que são estes o objeto de proteção da garantia da não 
autoincriminação. 
 
44 
 
Com isso, fica aqui evidenciado que a interpretação extensiva dada à 
garantia da não autoincriminação tem ultrapassado a finalidade para a qual o nemo 
tenetur se detegere foi instituído. 
Por outro lado, a produção de provas invasivas, em virtude de observasr que 
há uma interferência direta no aspecto privado do sujeito, consequentemente, 
ferindo de forma mais direta os direitos fundamentais do acusado, serão realizadas 
em última instância, apenas quando não se consegue de nenhuma forma a coleta de 
provas não invasivas do acusado. 
Mesmo que se reconheça que a Lei 12.654/12 apresente algumas brechas e 
omissões, portanto sendo de bom tom ocorrer à realização de complementos ou 
inclusões de trato legislativo, fica muito claro que seu conteúdo, não viola o nemo 
tenetur se detegere, já que essas restrições a direitos e garantias fundamentais, se 
justificam totalmente, quando visarem os interesses de uma sociedade ou de um 
povo, referente a segurança pública, e que a Lei foi exercida de forma correta, todos 
os requisitos concernente a produção de provas invasivas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
45 
 
REFERÊNCIAS 
 
 
BARAK, Aharon. Proportionality: constitutional rights and their limitations. 
Cambridge: Cambridge University Press, 2012. p. 245-6 
 
CABETTE, Eduardo Luiz Santos. Criminologia Genética: uma janela aberta para 
o retrocesso biologista. Disponível em: 
http://sisnet.aduaneiras.com.br/lex/doutrinas/arquivos/270407.

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