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Artigo 8º comentado2

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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL 
DEONTOLOGIA 
Fragmento comentado do texto do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil 
 
Art. 1º São atividades privativas de advocacia: 
 I – a postulação a qualquer órgão do Poder Judiciário e aos juizados especiais; 
Essa palavra em destaque foi considerada inconstitucional pelo STF que entendeu que na justiça 
do trabalho, de paz e no Juizado especial não há necessidade de advogado. 
 II – as atividades de consultoria, assessoria e direção jurídicas. 
§ 1º Não se inclui na atividade privativa de advocacia a impetração de habeas corpus em 
qualquer instância ou tribunal. 
Lembre-se que o habeas corpus pode ser impetrado por qualquer pessoa. 
 § 2º Os atos e contratos constitutivos de pessoas jurídicas, sob pena de nulidade, só 
podem ser admitidos a registro, nos órgãos competentes, quando visados por 
advogados. 
§ 3º É vedada a divulgação de advocacia em conjunto com outra atividade. 
Art. 2º O advogado é indispensável à administração da justiça. 
§ 1º No seu ministério privado, o advogado presta serviço público e exerce função 
social. 
Apesar de se tratar de atividade privada o advogado presta serviço público da mais alta 
importância para a sociedade brasileira, pois exerce função social de contribuir para diminuir as 
diferenças econômicas e sociais a que a sociedade está exposta, de contribuir para garantir 
acesso a serviços e direitos por quem não tenha tido condições e oportunidades. 
§ 2º No processo judicial, o advogado contribui, na postulação de decisão favorável ao 
seu constituinte, ao convencimento do julgador, e seus atos constituem múnus público. 
§ 3º No exercício da profissão, o advogado é inviolável por seus atos e manifestações, 
nos limites desta Lei.4 
Art. 3º O exercício da atividade de advocacia no território brasileiro e a denominação de 
advogado são privativos dos inscritos na Ordem dos Advogados do Brasil – OAB.5 
§ 1º Exercem atividade de advocacia, sujeitando-se ao regime desta Lei, além do regime 
próprio a que se subordinem, os integrantes da Advocacia-Geral da União, da 
procuradoria da Fazenda Nacional, da Defensoria Pública e das Procuradorias e 
Consultorias Jurídicas dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e das 
respectivas entidades de administração indireta e fundacional. 
§ 2º O estagiário de advocacia, regularmente inscrito, pode praticar os atos previstos no 
art. 1º, na forma do Regulamento Geral, em conjunto com advogado e sob 
responsabilidade deste. 
Art. 4º São nulos os atos privativos de advogado praticados por pessoa não inscrita na 
OAB, sem prejuízo das sanções civis, penais e administrativas. 
O advogado é responsável administrativamente (pela OAB) por seus atos, bem como civilmente 
pelos danos que tenha causado, e também penalmente se sua conduta se enquadrar em alguma 
tipificação penal. 
Parágrafo único. São também nulos os atos praticados por advogado impedido – no 
âmbito do impedimento – suspenso, licenciado ou que passar a exercer atividade 
incompatível com a advocacia. 
 
[...] 
 
CAPÍTULO III 
Da Inscrição 
 Art. 8º Para inscrição como advogado é necessário: 
 I - capacidade civil; 
A OAB não desconfia da inexistência da capacidade civil, pois a documentação que é entregue, 
tal como o diploma de graduação, presumem essa condição. 
 II - diploma ou certidão de graduação em direito, obtido em instituição de ensino 
oficialmente autorizada e credenciada; 
Esse diploma deve ser oriundo de instituição autorizada e reconhecida pelo Ministério da 
Educação. 
 III - título de eleitor e quitação do serviço militar, se brasileiro; 
Esse requisito foi objeto de discussão quando do Projeto de lei do atual Estatuto da Ordem dos 
Advogados do Brasil, pois a OAB entende que essa é uma fiscalização e controle que não devem 
ser feitas por esse órgão de classe que não é pertencente à administração pública. Mas apesar 
de todas as discussões tal requisito permaneceu, e a OAB exige então os documentos referentes 
a prestação de serviço militar e também de regularidade eleitoral. 
 IV - aprovação em Exame de Ordem; 
A OAB hoje, sem condições de acompanhar o exercício profissional inicial dos novos advogados, 
adotou o exame de Ordem tal como acontece em outros países. De maneira que o bacharel em 
Direito, após aprovado na referida prova receberá um certificado de habilitação que não tem 
prazo de validade. 
 V - não exercer atividade incompatível com a advocacia; 
A pessoa que pretenda advogar não poderá pretender concomitantemente ser policial de 
qualquer das esferas das polícias, ser gerente de instituição bancária, ser chefe do executivo ou 
membro da mesa legislativa de qualquer dos entes federados, ser magistrado ou promotor 
público, ou ainda servidor de qualquer desses órgãos. 
Caso o profissional pudesse, por exemplo, ser policial, e advogar ao mesmo tempo, poderia 
acontecer de dar voz de prisão a alguém num dia, e no dia seguinte estar solicitando soltura na 
qualidade de advogado, o que caracterizaria vantagem em relação aos demais colegas 
advogados. Por esta razão é que se entende que algumas atividades profissionais são 
incompatíveis com a carreira da advocacia. 
 
 VI - idoneidade moral; 
Com relação a esse requisito, a OAB não vai desconfiar que o bacharel em Direito não possui 
idoneidade moral, porém qualquer pessoa da sociedade pode levantar a dúvida quanto `a 
idoneidade do futuro advogado, o que poderá ensejar a abertura por parte da OAB de um 
incidente de inidoneidade moral. 
Esse incidente vem a ser uma ação administrativa que corre dentro da OAB e onde, por razões 
de ordem constitucionais o futuro advogado poderá realizar a sua defesa e o contraditório. 
 VII - prestar compromisso perante o conselho. 
Este compromisso é o juramento solene e oficial que obrigatoriamente deverá ser feito junto à 
seccional (Estado) da OAB ou subseção (município) de seu domicílio profissional e que está no 
artigo 20 do Regulamento geral da OAB. Vejamos: 
Art. 20. O requerente à inscrição principal no quadro de advogados presta o seguinte compromisso perante 
o Conselho Seccional, a Diretoria ou o Conselho da Subseção: “Prometo exercer a advocacia com dignidade 
e independência, observar a ética, os deveres e prerrogativas profissionais e defender a Constituição, a 
ordem jurídica do Estado Democrático, os direitos humanos, a justiça social, a boa aplicação das leis, a 
rápida administração da justiça e o aperfeiçoamento da cultura e das instituições jurídicas.” 
 § 1º É indelegável, por sua natureza solene e personalíssima, o compromisso referido neste artigo. 
 § 2º A conduta incompatível com a advocacia, comprovadamente imputável ao requerente, impede a 
inscrição no quadro de advogados. (NR)11 
Esse compromisso será feito pelo futuro advogado num segundo momento, ou seja, quando do 
recebimento do cartão e caderneta de advogado com o respectivo número de registro. Portanto, 
trata-se de um requisito solene que é exigido por último, antes de que o profissional passe a 
exercer a advocacia. 
Lembre-se que não se confunde com o juramento realizado no dia da formatura de bacharel em 
Direito. 
 § 1º O Exame da Ordem é regulamentado em provimento do Conselho Federal da 
OAB. 
 § 2º O estrangeiro ou brasileiro, quando não graduado em direito no Brasil, deve 
fazer prova do título de graduação, obtido em instituição estrangeira, devidamente 
revalidado, além de atender aos demais requisitos previstos neste artigo. 
Todos os requisitos exigidos nesse artigo devem ser observados pelo estrangeiro que queira 
advogar no Brasil, mas, caso ele pretenda ser apenas consultor dedireito estrangeiro, não 
precisará fazer a prova da OAB, devendo, porém, observar uma série de outros requisitos 
constantes no provimento de número 91 do Conselho Federal da OAB. 
 § 3º A inidoneidade moral, suscitada por qualquer pessoa, deve ser declarada 
mediante decisão que obtenha no mínimo dois terços dos votos de todos os membros 
do conselho competente, em procedimento que observe os termos do processo 
disciplinar. 
Esse parágrafo diz respeito ao Incidente de Inidoneidade moral antes mencionado. 
 § 4º Não atende ao requisito de idoneidade moral aquele que tiver sido condenado 
por crime infamante, salvo reabilitação judicial. 
Crime infamante é um conceito só utilizado pela OAB, e abrange as condutas que o advogado 
possa realizar e que representem uma afronta à própria OAB, um desrespeito para com a classe 
toda e que possa repercutir para todos os colegas advogados. Tais condutas, onde podemos 
exemplificar o tráfico ilícito de entorpecentes, são repudiadas veementemente pela OAB e 
portanto, consideradas como crime infamante. 
Essas condutas têm tipificações penais diversas, e somente após reabilitação judicial (processo 
judicial) é que o bacharel poderá pretender inscrição nos quadros da Ordem. 
 Art. 9º Para inscrição como estagiário é necessário: 
 I - preencher os requisitos mencionados nos incisos I, III, V, VI e VII do art. 8º; 
 II - ter sido admitido em estágio profissional de advocacia. 
 § 1º O estágio profissional de advocacia, com duração de dois anos, realizado nos 
últimos anos do curso jurídico, pode ser mantido pelas respectivas instituições de 
ensino superior pelos Conselhos da OAB, ou por setores, órgãos jurídicos e escritórios 
de advocacia credenciados pela OAB, sendo obrigatório o estudo deste Estatuto e do 
Código de Ética e Disciplina. 
 § 2º A inscrição do estagiário é feita no Conselho Seccional em cujo território se 
localize seu curso jurídico. 
 § 3º O aluno de curso jurídico que exerça atividade incompatível com a advocacia 
pode freqüentar o estágio ministrado pela respectiva instituição de ensino superior, para 
fins de aprendizagem, vedada a inscrição na OAB. 
 § 4º O estágio profissional poderá ser cumprido por bacharel em Direito que queira 
se inscrever na Ordem. 
 Art. 10. A inscrição principal do advogado deve ser feita no Conselho Seccional em 
cujo território pretende estabelecer o seu domicílio profissional, na forma do 
regulamento geral. 
A inscrição principal é onde o advogado terá a inscrição e segundo o número de ordem que vem 
sendo entregue, ou seja, na sequência. Tal inscrição deve ser perfectibilizada na seccional 
(Estado da federação) onde ele pretenda exercer o seu domicílio profissional. 
 § 1º Considera-se domicílio profissional a sede principal da atividade de advocacia, 
prevalecendo, na dúvida, o domicílio da pessoa física do advogado. 
 § 2º Além da principal, o advogado deve promover a inscrição suplementar nos 
Conselhos Seccionais em cujos territórios passar a exercer habitualmente a profissão 
considerando-se habitualidade a intervenção judicial que exceder de cinco causas por 
ano. 
Estando devidamente inscrito na OAB, o advogado poderá exercer sua profissão em todo o 
território nacional, mas com uma peculiaridade, fora de seu domicílio profissional somente 
poderá advogar livremente até uma quantidade de 5 causas, passado esse número a OAB 
considera habitualidade e o profissional deverá requerer junto àquela seccional (Estado da 
federação) a regular inscrição suplementar. 
Essa inscrição suplementar significa que o advogado terá um número de inscrição também 
naquele Estado onde tenha ultrapassado 5 causas, e seu número será de acordo com a ordem 
que vem sendo seguida e entregue aos novos advogados. 
A cada nova inscrição suplementar o advogado assumirá o encargo de pagar a devida anuidade, 
portanto, se quiser poderá advogar com habitualidade em todos os Estados da federação, mas 
terá que pagar anuidade da OAB em cada um deles. 
Os valores das anuidades serão diferentes de uma seccional para outra (Estado da federação), 
pois cada Estado tem seu próprio orçamento e sua organização financeira de acordo com a 
realidade econômica que vive. 
 § 3º No caso de mudança efetiva de domicílio profissional para outra unidade 
federativa, deve o advogado requerer a transferência de sua inscrição para o Conselho 
Seccional correspondente. 
 § 4º O Conselho Seccional deve suspender o pedido de transferência ou de 
inscrição suplementar, ao verificar a existência de vício ou ilegalidade na inscrição 
principal, contra ela representando ao Conselho Federal. 
 Art. 11. Cancela-se a inscrição do profissional que: 
 I - assim o requerer; 
Para cancelamento, o pedido não precisa ser justificado, pois o advogado voltará a condição 
de bacharel em direito, não terá mais nenhum vínculo com a OAB. 
 II - sofrer penalidade de exclusão; 
Essa é a mais grave das sanções administrativas a que o advogado está sujeito quando tiver má 
conduta e significa que a OAB não mais permite que o indivíduo advogue, pois violou deveres 
básicos, essenciais e sua conduta se enquadrou em algum tipo penal. 
 III - falecer; 
 IV - passar a exercer, em caráter definitivo, atividade incompatível com a advocacia; 
Se o advogado passar no concurso para a carreira de delegado federal, estará assumindo função 
considerada incompatível com a advocacia, portanto a inscrição nos quadros da OAB deverá ser 
cancelada. 
 V - perder qualquer um dos requisitos necessários para inscrição. 
Aqui como exemplo, pode-se citar a possibilidade de que perca a capacidade civil definitivamente 
devido a alguma doença. 
 § 1º Ocorrendo uma das hipóteses dos incisos II, III e IV, o cancelamento deve ser 
promovido, de ofício, pelo conselho competente ou em virtude de comunicação por 
qualquer pessoa. 
 § 2º Na hipótese de novo pedido de inscrição - que não restaura o número de 
inscrição anterior - deve o interessado fazer prova dos requisitos dos incisos I, V, VI e VII 
do art. 8º. 
Lembre-se que uma vez cancelada a inscrição o bacharel deixa de ser advogado e passa a ser 
bacharel, mas nada impede que algum dia pretenda voltar a exercer a advocacia, para tanto 
deverá apresentar que cumpre os requisitos do artigo 8º do EOAB e não precisa fazer nova prova 
da OAB, pois o certificado anterior não perde sua validade. 
O número que o advogado tinha antes do cancelamento não será restaurado, e a nova inscrição 
ensejará um novo número de inscrição segundo a ordem que vem sendo entregue aos novos 
advogados. 
Aquele número anterior não é resgatado e também não irá para outra pessoa, apenas ficará nos 
registros históricos de que um dia pertenceu a Fulano de Tal. 
 § 3º Na hipótese do inciso II deste artigo, o novo pedido de inscrição também deve 
ser acompanhado de provas de reabilitação. 
 Art. 12. Licencia-se o profissional que: 
 I - assim o requerer, por motivo justificado; 
No licenciamento o advogado não se afastará da OAB, continuará vinculado a ela e manterá seu 
número de registro, apenas não exercerá a função e advogado por período temporário, por 
exemplo se for realizar uma pós graduação na França por 2 anos. Por essa razão o advogado 
deverá justificar o seu afastamento e demonstrar que cabe à OAB deferir o pedido de licença, 
pois seu afastamento é, de fato, temporário. 
O benefício que esse afastamento resulta é que haverá dependendo da seccional ou isenção do 
valor da anuidade nesse período ou redução significativa de seu valor e que o advogado não 
perde asua inscrição na OAB, podendo após o afastamento temporário voltar a usá-lo 
normalmente. 
Além disso, pelo período de afastamento o advogado fica liberado de participar das eleições da 
OAB, cuja participação dos inscritos é obrigatória e que acarreta multa a sua não observância. 
Isto é, de posso do licenciamento o advogado não precisará votar nas eleições da OAB e não 
será penalizado por isso. 
 II - passar a exercer, em caráter temporário, atividade incompatível com o exercício 
da advocacia; 
Por exemplo, passar a exercer atividade de chefe do executivo de um dos entes federados, pois 
se trata de atividade temporária e o advogado passada a incompatibilidade poderá voltar a 
advogar normalmente com seu número antigo de registro de OAB, tal como mencionado supra. 
 III - sofrer doença mental considerada curável. 
Caso que se enquadra nessa hipótese é por exemplo, de um advogado que esteja com 
depressão profunda e que o devido tratamento de saúde poderá resolver o problema, de maneira 
que os laudos e exames médicos apresentado na OAB demonstrarão a necessidade da licença. 
 Art. 13. O documento de identidade profissional, na forma prevista no regulamento 
geral, é de uso obrigatório no exercício da atividade de advogado ou de estagiário e 
constitui prova de identidade civil para todos os fins legais. 
 Art. 14. É obrigatória a indicação do nome e do número de inscrição em todos os 
documentos assinados pelo advogado, no exercício de sua atividade. 
 Parágrafo único. É vedado anunciar ou divulgar qualquer atividade relacionada com 
o exercício da advocacia ou o uso da expressão escritório de advocacia, sem indicação 
expressa do nome e do número de inscrição dos advogados que o integrem ou o 
número de registro da sociedade de advogados na OAB.

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