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Prof. Ravan Leão - Pesquisa da face: Ravan Leão II - E-mail. ravanams@outlook.com https://www.facebook.com/groups/346325855558 484/?fref=ts https://www.facebook.com/ravan.leao.7 Grupo: https://www.facebook.com/groups/346325855558 484/?fref=ts Lei Nº 8.072, DE 25 DE JULHO DE 1990. Dispõe sobre os crimes hediondos, nos termos do art. 5º, inciso XLIII, da Constituição Federal, e determina outras providências. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei: Art. 1o São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados. Fica a dica! 1. Fundamento constitucional. Art. 5°. XLIII, da CRFB/88 "a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, 2. O tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem." 3. 2.Direito Penal de Emergência - Direito Penal Máximo, Movimento de Lei e Ordem e lei de crimes hediondos. O legislador brasileiro da década de 1990, influenciado por toda uma ideia de Direito Penal Máximo, Movimento de Lei e Ordem (Law and Order), bem como pela Teoria das janelas Quebradas (Broken Windows Theory) 4. Delitos considerados hediondos. Os crimes reputados hediondos estão no rol taxativo do art.l o desta lei. A lei de crimes hediondos não criou novos tipos penais, mas apenas pinçou alguns tipos penais já existentes no Código Penal e os denominou de hediondos, dando- lhes um tratamento diferenciado, mais severo em relação aos demais delitos 5. Princípio de legalidade penal. Somente os delitos previstos no rol taxativo da presente lei podem ser considerados hediondos. 6. SISTEMA utilizado pelo legislador para definir os crimes hediondos. O critério legal; o critério judicial e o critério misto. De acordo com o critério legal, somente o legislador pode definir os delitos considerados hediondos, em um rol exaustivo previsto na lei. Pelo critério judicial, cabe ao juiz definir quais são os delitos classificados como hediondos. Por fim, o Critério misto preconiza que o legislador estabelece, em um rol exemplificativo, os delitos que são considerados hediondos, permitindo ao juiz, por critério de interpretação analógica, qualificar outros delitos como sendo igualmente hediondos. 7. Homicídio simples ser considerado crime hediondo. Regra (não) Salvo quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente I – homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2o, incisos I, II, III, IV, V, VI e VII); I-A – lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, § 2o) e lesão corporal seguida de morte (art. 129, § 3o), quando praticadas contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição; II - latrocínio (art. 157, § 3o, in fine); III - extorsão qualificada pela morte (art. 158, § 2o); IV - extorsão mediante seqüestro e na forma qualificada (art. 159, caput, e §§ lo, 2o e 3o); V - estupro (art. 213, caput e §§ 1o e 2o); VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1o, 2o, 3o e 4o); VII - epidemia com resultado morte (art. 267, § 1o). VII-A – (VETADO) VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais (art. 273, caput e § 1o, § 1o-A e § 1o-B, com a redação dada pela Lei no 9.677, de 2 de julho de 1998). VIII - favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º). Parágrafo único. Consideram-se também hediondos o crime de genocídio previsto nos arts. 1o, 2o e 3o da Lei no2.889, de 1o de outubro de 1956, e o de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, previsto no art. 16 da Lei no10.826, de 22 de dezembro de 2003, todos tentados ou consumados. Fica a dica! 1. GENEPI TESTOU O HOLEX FALSO E FEMININO na LATA, EXPLORANDO a CRIANÇA POLICIAL cadê o Fuzil. ( Genocídio, Epidemia resultado morte, estupro, extorsão/sequestro, falsificação medicamento, feminicídio, morte de policiais, porte ou posse de arma de uso restrito 2. Homicídio seja, ao mesmo tempo, privilegiado e qualificado, desde que as qualificadoras sejam de natureza objetiva 8.Não é hediondo - Homicídio qualificado-privilegiado. Possibilidade. É possível que o (Redação dada pela Lei nº 13.497, de 2017) 3. O feminicídio consiste no homicídio contra mulher por razões de condições de sexo feminino, entendendo-se como tais razões: a violência doméstica e familiar; o menosprezo ou a discriminação à condição de mulher 4. homicídio praticado contra agentes e autoridades públicas, quais sejam: autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da CRFB/88, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição. 5. Por exclusão, a extorsão simples (art. 158, caput, do Código Penal) e a extorsão qualificada pela lesão corporal grave (art. 158, § 2°, do Código Penal) não são crimes hediondos, por absoluta falta de previsão legal. 6. Figura da extorsão sequestro relâmpago, não figura no seu rol taxativo com delito etiquetado de hediondo. A única espécie de extorsão etiquetada de crime hediondo é a extorsão qualificada pelo resultado morte, prevista no art. 158, § 2° do Código Penal. 7. Não é hediondo o crime de epidemia na forma simples (art. 267, caput). 8. Falsificação de medicação ou produtos terapêuticos na forma culposa do delito, prevista no § 2° do art. 273, não é hedionda, por ausência de previsão legal, somente as figuras dolosas desse artigo são hediondas. 9. 18. Crime de genocídio, previsto na Lei 2.889/1956 são hediondos pois a lei fez menção expressa aos art. 1°, 2° e 3° da Lei 2.889/1956, não é só a prática de homicídios motivados por questões étnicas, raciais, nacionais, religiosas e políticas, mas também todas as condutas descritas no art. 1 o da Lei 2.889/1956 (lesão grave à integridade física ou mental de membros do grupo; submissão intencional do grupo a condições de existência capazes de ocasionar-lhe a destruição física total ou parcial; Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de: I - anistia, graça e indulto; II - fiança. § 1o A pena por crime previsto neste artigo será cumprida inicialmente em regime fechado. § 2o A progressão de regime, no caso dos condenados aos crimes previstos neste artigo, dar-se-á após o cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for primário, e de 3/5 (três quintos), se reincidente. § 3o Em caso de sentença condenatória, o juiz decidirá fundamentadamente se o réu poderá apelar em liberdade. ( § 4o A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei no 7.960, de 21 de dezembro de 1989, nos crimes previstos neste artigo, terá o prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade. , Fica a dica! 1. FIGURAS EQUIPARADAS AOS CRIMES HEDIONDOS. O tráfico de drogas, tortura e terrorismo a crimes hediondos. Tanto a CRFB/88 no art. 5°, XLIII, quanto a lei de crimes hediondos no art. 2°, caput, equipararam •JS delitos de tráfico de drogas, tortura e terrorismo a crimes hediondos 2. Vedação da anistia, graça e indulto aos crimes hediondos e equiparados. (Inc. I.) 3. Tráfico privilegiado. Não é caracterização como crime equiparado a hediondo. A Lei de Drogas possui no art. 33·, § 4°, uma causa de diminuição de pena, que permite ao juiz a redução da pena do condenado de l/6 a 2/3 desde que o agente seja primário, tenha bons antecedentes, não se dedique a atividades criminosas, nem integre organização criminosa (inf. 831 – 2016 julgamento de HC) 4. Súmula superada! STJ. Súmula no 512.A aplicação da causa de diminuição de pena prevista no art. 33, § 4o, da Lei n. 11.343/2006 não afasta a hediondez do crime de tráfico de drogas. 5. Vedação da fiança aos crimes hediondos e equiparados. A proibição de concessão de fiança trazida pelo legislador ordinário está em perfeita compatibilidade com a vedação feita pelo art. SO, XLIII, da CRFB/88. (Inciso II) 6. Vedação da liberdade provisória aos delitos hediondos e equiparados. Foi dada pela Lei 11.464, de 28 de março de 2007 7. STF declarou a inconstitucionalidade do regime inicialmente fechado contido no art. 2°, § 1 o, da lei de crimes hediondos. 8. STF. 4. A Corte Constitucional, no julgamento do HC no 111.840/ES, de relataria do Ministro Dias Toffoli, removeu o óbice constante do§ 1° do art. 2° da Lei no 8.072/90, com a redação dada pela Lei no 11.464/07, o qual determinava que a pena por crime previsto nesse artigo será cumprida inicialmente em regime fechado", declarando, de forma incidental, a inconstitucionalidade da obrigatoriedade de fixação do regime fechado para o início do cumprimento de pena decorrente da condenação por crime hediondo ou equiparado. S. Esse entendimento abriu passagem para que a fixação do regime prisional - mesmo nos casos de tráfico ilícito de entorpecentes ou de outros crimes hediondos e equiparados - seja devidamente fundamentada, como ocorre nos demais delitos dispostos no ordenamento.HC 119382. Rei. Min. Dias Toffoli,julgado em 26111/2013. 9. Regime inicialmente fechado e possibilidade de substituição de pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos nos crimes hediondos e equiparados. Após o julgamento da ordem de habeas corpus n° 82.959/SP pelo STF, a jurisprudência passou a admitir a substituição de pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos nos crimes hediondos e equiparados, uma vez que o único óbice que existia (regime integralmente fechado) não mais existe, em razão da declaração de sua inconstitucionalidade 10. Sursis penal! Após o julgamento da ordem de habeas corpus n° 82.959/SP pelo STF, a jurisprudência passou a admitir a concessão do sursis da pena nos crimes hediondos c equiparados, uma vez que o único óbice que existia (regime integralmente fechado) não mais existe, em razão da declaração de sua inconstitucionalidade. 11. Progressão de regimes. Depois da Lei 11.464, de 28 de março de 2007. A Lei 11.464, de 28 de março de 2007, trouxe novos prazos para a progressão de regimes para os condenados por crimes hediondos ou equiparados, quais sejam: 2/5, se o apenado for primário, e 3/5, se reincidente, que só serão aplicados aos condenados por crimes hediondos ou equiparados 12. O prazo de 3/5 aplica-se a qualquer espécie de reincidência. Tendo em vista que o legislador não fez distinção entre reincidência genérica e específica, o prazo de 3/5 aplica-se a qualquer espécie de reincidência. 13. STJ. Súmula 471: Os condenados por crimes hediondos ou assemelhados cometidos antes da vigência da Lei n. 11.464/2007 sujeitam-se ao disposto no art. 112 da Lei n. 7.210/1984 {lei de Execução Penal) para a progressão de regime prisional 14. STJ. Súmula 471: Os condenados por crimes hediondos ou assemelhados cometidos antes da vigência da Lei n. 11.464/2007 sujeitam-se ao disposto no art. 112 da Lei n. 7.210/1984 {lei de Execução Penal) para a progressão de regime prisional 15. Em moldes parecidos, a súmula 439 do STJ também tratou da possibilidade de o Juiz determinar a realização do exame criminológico com a seguinte redação: "Admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades do caso, desde que em decisão motivada 16. Possibilidade de apelo em liberdade. Trata-se de permissivo legal para o condenado recorrer da sentença penal condenatória em liberdade, desde que o juiz fundamente a sua decisão, em conformidade com o princípio da fundamentação das decisões judiciais, previsto no art. 93, IX, da CRFB/88. (§ 3°) 17. Prazo da prisão temporária. O art. 2° da Lei 7.960/89 prevê genericamente que o prazo da prisão temporária é de 5 dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade. A lei de crimes hediondos aumentou o prazo da prisão temporária para 30 dias, também prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade, em se tratando de crimes hediondos e equiparados. ( § 4°.) 18. PRAZO DE PRISÃO EXPIRADO. Uma vez terminado o prazo da prisão temporária, o preso deve ser colocado em liberdade imediatamente, independentemente de haver ordem judicial ou alvará de soltura, sob pena de a autoridade policial cometer crime de abuso de autoridade, previsto no art. 4°, i, da Lei 4.898/65. Art. 3º A União manterá estabelecimentos penais, de segurança máxima, destinados ao cumprimento de penas impostas a condenados de alta periculosidade, cuja permanência em presídios estaduais ponha em risco a ordem ou incolumidade pública. Fica a dica! 1. Estabelecimentos penais de segurança máxima. Trata-se de mandamento legal que tem como destinatária a União Federal, no sentido de construir estabelecimentos prisionais de segurança máxima. São os denominados presídios federais de segurança máxima 2. Exame criminológico - Se o próprio legislador, o mesmo que criou o retirou-o da lei brasileira, foi porque entendeu que tal exame não poderia mais ser exigido como requisito para a progressão de regimes. Dessa forma, temos que a súmula vinculante n° 26 do STF e a súmula 4 39 do STJ são ilegais, na acepção literal da palavra, pois são flagrantemente contrárias à lei, sendo totalmente incompatíveis com o art. 112 da LEP. § 4º Se o crime é cometido por quadrilha ou bando, o co-autor que denunciá-lo à autoridade, facilitando a libertação do seqüestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços." Art. 8º Será de três a seis anos de reclusão a pena prevista no art. 288 do Código Penal, quando se tratar de crimes hediondos, prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins ou terrorismo. Parágrafo único. O participante e o associado que denunciar à autoridade o bando ou quadrilha, possibilitando seu desmantelamento, terá a pena reduzida de um a dois terços. Art. 9º As penas fixadas no art. 6º para os crimes capitulados nos arts. 157, § 3º, 158, § 2º, 159, caput e seus §§ 1º, 2º e 3º, 213, caput e sua combinação com o art. 223, caput e parágrafo único, 214 e sua combinação com o art. 223, caput e parágrafo único, todos do Código Penal, são acrescidas de metade, respeitado o limite superior de trinta anos de reclusão, estando a vítima em qualquer das hipóteses referidas no art.224 também do Código Penal. Art. 10. O art. 35 da Lei nº 6.368, de 21 de outubro de 1976, passa a vigorar acrescido de parágrafo único, com a seguinte redação: "Art. 35. ................................................................ Parágrafo único. Os prazos procedimentais deste capítulo serão contados em dobro quando se tratar dos crimes previstos nos arts. 12, 13 e 14." Fica a dica! 1. Livramento condicional nos crimes hediondos e equiparados. O artigo 5° da lei de crimes hediondos acrescentou o inciso V ao art. 83 do Código Penal, que trata do livramento condicional, dispondo que o condenado por crime hediondo deverá cumprir mais de dois terços da pena privativa de liberdade para a sua obtenção, desde que o condenado não seja reincidente específico em crimes dessa natureza 2. Proibição de concessão do livramento condicional ao reincidente específico. Reincidente específico é aquele que foi condenado com uma sentença penal condenatória transitada em julgado por um crime hediondo ou equiparado (tráfico, tortura e terrorismo) e, depois, pratica outro crime hediondo ou equiparado 1. l. Redação atual. Depois do advento da lei de crimes hediondos, o parágrafo 4° do art. 159 do Código Penal foi novamente alterado pela Lei 9.269/96, apresentando atualmente a seguinte redação: "Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do sequestrado, terá sua pena reduzida de 1 (um) a 2/3 (dois terços)." 2. conclui-se que o benefício da delação premiada abrange tanto o coautor quanto o partícipe. * 3. Destinatário e efetividade da delação. O legislador utilizou a expressão autoridade como destinatário da delação, entendendo-se como tal a autoridade policial, o membro do Ministério Público e a autoridade judiciária. A delação deve efetivamente facilitar a libertação da vítima para que incida a diminuição da pena. 4. Redução da pena. Preenchidos os requisitos da delação, torna-se obrigação do juiz aplicar a causa de diminuição de pena um a dois terços. 5. Caput. A Lei 8.072/90 trouxe nova pena para o delito de associação criminosa, mas tão-somente quando se destinar à prática de crimes hediondos, tráfico, tortura e terrorismo 6. O tráfico de drogas em seu art. 14, ao qual cominava a pena de reclusão de 3 a 10 anos. A lei de crimes hediondos foi mais benéfica, uma vez que no seu art. 8° passou a cominar pena de reclusão de 3 a 6 anos, diminuindo, portanto, a pena máxima de 10 para 6 anos. Por tratar-se de nova lei mais benéfica, jurisprudência e doutrina majoritárias entendiam que deveria incidir. Assim, no delito de associação para o tráfico, combinavam o preceito primário do art. 14 da Lei 6.368/76 com o preceito secundário do art. 8° da Lei 8.072/90. 7. Da delação premiada, instituto que, segundo a redação legal, abrange tanto o integrante da associação criminosa, quanto o seu partícipe, uma vez que o legislador utilizou as expressões participante e associado. Por desmantelamento entenda-se a efetiva dissociação da associação criminosa. . Referência bibliográfica: HABIB, Gabriel, Leis Especiais Penais, 8. ed. rev., atual. e ampliada. -Salvador: Juspodivm, 2016 LEI Nº 5.553, DE 6 DE DEZEMBRO DE 1968. Dispõe sobre a apresentação e uso de documentos de identificação pessoal. Art. 1º A nenhuma pessoa física, bem como a nenhuma pessoa jurídica, de direito público ou de direito privado, é lícito reter qualquer documento de identificação pessoal, ainda que apresentado por fotocópia autenticada ou pública- forma, inclusive comprovante de quitação com o serviço militar, título de eleitor, carteira profissional, certidão de registro de nascimento, certidão de casamento, comprovante de naturalização e carteira de identidade de estrangeiro. Art. 2º Quando, para a realização de determinado ato, for exigida a apresentação de documento de identificação, a pessoa que fizer a exigência fará extrair, no prazo de até 5 (cinco) dias, os dados que interessarem devolvendo em seguida o documento ao seu exibidor. § 1º - Além do prazo previsto neste artigo, somente por ordem judicial poderá ser retido qualquer documento de identificação pessoal. (Renumerado pela Lei nº 9.453, de 20/03/97) § 2º - Quando o documento de identidade for indispensável para a entrada de pessoa em órgãos públicos ou particulares, serão seus dados anotados no ato e devolvido o documento imediatamente ao interessado. (Incluído pela Lei nº 9.453, de 20/03/97) Art. 3º Constitui contravenção penal, punível com pena de prisão simples de 1 (um) a 3 (três) meses ou multa de NCR$ 0,50 (cinqüenta centavos) a NCR$ 3,00 (três cruzeiros novos), a retenção de qualquer documento a que se refere esta Lei. Parágrafo único. Quando a infração for praticada por preposto ou agente de pessoa jurídica, considerar-se-á responsável quem houver ordenado o ato que ensejou a retenção, a menos que haja , pelo executante, desobediência ou inobservância de ordens ou instruções expressas, quando, então, será este o infrator. Art. 4º O Poder Executivo regulamentará a presente Lei dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da data de sua publicação. Art. 5º Revogam-se as disposições em contrário. Brasília, 6 de dezembro de 1968; 147º da Independência e 80º da República. 1. Sujeito ativo. Qualquer pessoa, uma vez que o tipo penal não exige nenhuma condição especial do sujeito ativo. O parágrafo único do art. 3o dispõe quando a infração for praticada por preposto ou agente de pessoa jurídica, considerar-se-á responsável quem houver ordenado o ato que ensejou a retenção. 2. Dessa forma, nos moldes positivados no parágrafo único do art. 3°, primeira parte, caso o preposto ou agente da pessoa jurídica emita a ordem para o preposto ou funcionário reter o documento, a responsabilidade penal recairá toda sobre ele, não havendo, portanto, que se falar em responsabilidade penal do subordinado. Trata-se de verdadeira hipótese de autoria mediata. Entretanto, é de se notar que o mesmo dispositivo traz uma exceção na segunda parte, ao dispor que, caso haja, por parte da pessoa que retém o documento, desobediência ou inobservância de ordens ou instruções expressas, ele responderá pelo delito em comento. 3. Sujeito passivo. A pessoa que teve o documento retido indevidamente. 4. Bem jurídico tutelado. O direito de todo cidadão de ter consigo o documento de identidade ou os demais documentos a que o tipo penal faz menção, para que cumpram as suas respectivas funções, quais sejam: a de se identificar como indivíduo ou qualquer outra função a que o documento retido servir, como comprovar a paternidade pela certidão de nascimento, comprovar um vínculo laboral por meio da carteira de trabalho ou comprovar um matrimônio por intermédio da certidão de casamento. 5. Objeto material. Qualquer documento de identificação pessoal (ainda que apresentado por fotocópia autenticada ou pública-forma); comprovante de quitação com o serviço militar; título de eleitor; carteira profissional; certidão de registro de nascimento; certidão de casamento; comprovante de naturalização e, por fim, carteira de identidade de estrangeiro 6. Ao dispor sobre qualquer documento de identificação pessoal o legislador utilizou enumeração exemplificativa para se referir a qualquer documento que tenha por finalidade a identificação pessoal, não especificando qual seja, podendo ser o documento oficial de identificação que é expedido pela Secretariade Segurança Pública do Estado do qual o sujeito passivo é natural ou então documento emitido por qualquer órgão público, como a Defensoria Pública, Magistratura, Ministérios ou Procuradorias. 7. 5. Infração penal de menor potencial ofensivo. Como o próprio título da lei, bem como o seu art. 3° está a sugerir, a infração penal nela contida constitui contravenção penal, e não crime. Logo, é infração penal de menor potencial ofensivo (art. 61 da lei 9.099/95). 8. 6. Competência para processo e julgamento. Por tratar- se de contravenção penal, a competência para o processo e o julgamento é dos juizados Especiais Criminais, nos moldes do art. 61 da lei 9.099/95. 9. 7. Diferença entre crime e contravenção. A infração penal prevista no art. 3° da lei ora comentada configura contravenção, e não crime. Sabe-se que o Direito Penal Brasileiro adotou a teoria bipartida acerca das infrações penais. Segundo a teoria bipartida, infração penal é gênero que comporta duas espécies: crimes ou delitos (sinônimos) e contravenções penais. 10. Os crimes podem ser de ação penal pública incondicionada, pública condicionada ou de ação penal de iniciativa privada. 11. As contravenções penais são todas de ação penal pública incondicionada (art. 17 da LCP- Decreto Lei n° 3.688/41); 12. As contravenções penais não admitem a tentativa (art. 4° da LCP -Decreto Lei n° 3.688/1941). Os crimes podem admitir ou não, a depender da sua natureza; 13. Todas contravenções são consideradas infrações penais de menor potencial ofensivo (art. 61 da lei 9.099/95). Nem todos os crimes são considerados infrações penais de menor potencial ofensivo; 14. Princípio da territorialidade positivado no art. 2° da LCP - Decreto Lei n° 3.688/1941As contravenções penais, a lei brasileira só é aplicável às contravenções penais praticadas em território brasileiro, 15. Em relação aos crimes, a lei brasileira pode ser aplicada aos delitos praticados no território nacional ou fora dele, nos moldes dos princípios da territorialidade e da extraterritorialidade, positivados, respectivamente, nos arts. 5° e no do Código Penal. 16. Especialidade. O tipo penal ora comentado configura especialidade em relação ao delito de apropriação indébita, previsto no art. 168 do Código Penal. O elemento especializante reside no objeto material, ou seja, os documentos mencionados no art. 1 o da lei. 17. Diferença em relação ao crime de furto. O tipo penal em comento não tem nenhuma relação com o delito de furto. Conforme dito anteriormente, a contravenção de retenção de documento configura especialidade do delito de 18. Apropriação indébita, previsto no art. 168 do Código Penal. Com efeito, no delito de furto, o agente, por não ter a posse ou detenção anterior da coisa, a subtrai; na contravenção ora analisada, o agente não subtrai o documento, mas o retém, aproveitando-se da sua posse ou detenção anterior. 19. Retenção devida. Muito embora o tipo penal não faça menção expressa à retenção indevida, nada obsta que possa haver por parte do agente uma retenção devida do documento. POLICIAL SUSPEITA DO DOCUMENTO. 20. Pena. O legislador estabeleceu como pena a prisão simples de um a três meses ou multa de NCR$ 0,50 (cinquenta centavos) a NCR$ 3,00 (três cruzeiros novos). Note-se que as sanções penais são alternativas e não cumulativas. Assim, não pode haver a aplicação conjunta de ambas. Quanto à pena de multa prevista em cruzeiros novos, deve ser aplicada nos moldes do art. 49 e seguintes do Código Penal. 21. Consumação. No momento da retenção do documento não o restituindo ao proprietário. 22. Classificação. Contravenção comum; material; dolosa; comissiva ou omissiva própria; instantânea; não admite tentativa 23. Pena. O legislador estabeleceu como pena a prisão simples de um a três meses ou multa de NCR$ 0,50 (cinquenta centavos) a NCR$ 3,00 (três cruzeiros novos). Assim, não pode haver a aplicação conjunta de ambas. Quanto à pena de multa prevista em cruzeiros novos, deve ser aplicada nos moldes do art. 49 e seguintes do Código Penal. 24. Consumação. No momento da retenção do documento não o restituindo ao proprietário. 25. Classificação. Contravenção comum; material; dolosa; comissiva ou omissiva própria; instantânea; não admite tentativa Referência bibliográfica: HABIB, Gabriel, Leis Especiais Penais, 8. ed. rev., atual. e ampliada. -Salvador: Juspodivm, 2016 RASCUNHO _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _________________________________
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