As proposições teórico metodológicas de Malinowski, as contribuições teóricas de Radcliffe Brown e os estudos estruturais funcionalistas de Evans-Pritchard.

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MILLENA DE OLIVEIRA VIEIRA
As proposições teórico metodológicas de Malinowski, as contribuições teóricas de Radcliffe Brown e os estudos estruturais funcionalistas de Evans Pritchard.
Londrina- PR
2018
O método etnográfico proposto por Malinowski foi responsável por consolidar um jeito específico de fazer antropologia na modernidade. Explique quais são as proposições teórico metodológicas expostas na introdução de Os Argonautas do Pacífico Ocidental” e compare-as com as contribuições teóricas definidas por Radcliffe Brown e com os estudos estruturais funcionalistas de Evans Pritchard.
Malinowski, principal nome da antropologia social no século XX, realiza uma antropologia política, sendo extremamente crítico as mais diversas obras.
Seu diário de campo é publicado em 1967 pela sua esposa, como esse autor possuía um peso enorme para antropologia, além de ser um de seus maiores contribuintes, essa publicação é responsável pela euforia de diversos estudiosos da área. 
Marcadores econômicos, de gênero e classe estão muito presentes na vida do autor, já que sua família tinha ótimas condições de vida, o que permitiu que Malinowski pudesse se dedicar em totalidade aos seus estudos, além de ser um homem branco, o que já o tornava privilegiado. Seu pai ainda era professor de línguas, sendo muito reconhecido na época, o que fez com que o autor tivesse contato desde a infância com técnicas linguísticas.
Malinowski faz uma graduação e doutora-se em filosofia, física e matemática na Universidade Jaguelônica. Após a formatura, entra em depressão, lê uma obra de Frazer, que seguia a tendência evolucionista da época, e se interessa pela área. Então, vai estudar antropologia com um professor de Boas.
Após esse período, inicia uma segunda graduação na London School of Economics and Political Science (LSE), lá existiam dois grupos: o da etimologia e o da sociologia, no primeiro grupo encontravam-se os intelectuais difusionistas, no segundo os evolucionistas. Malinowski teve aulas com intelectuais dos dois grupos.
Na LSE havia também inovações metodológicas do trabalho de campo, que tinha mentores como Rivers, Seligman e Westermarck. Sendo assim, Malinowski não criou o trabalho de campo etnográfico, mas deu sustentação teórica, propondo a observação participante como método próprio da antropologia.
No período do evolucionismo, o estudo dos nativos era feito de forma diferente, eram realizadas expedições com vários homens, pois esses tinham medo dos “selvagens”, principalmente na melanésia, pois, para eles, lá se encontravam os “primitivos”. Chegando nas ilhas, eles não iam até os nativos, ficavam na casa do branco, este ia até a tribo e buscava um nativo que já estivesse familiarizado com o inglês pidgin, que era uma espécie de inglês simplificado.Os antropólogos então, preenchiam fichas com perguntas fechadas sobre a vida nativa.
Esse método de estudo ficou conhecido como antropologia da varanda, termo cunhado por uma antropóloga brasileira, faz um paralelo com casa grande senzala, já que os nativos eram levados até a “casa grande”, para serem observados de lá, fora de seu contexto.
Tal qual Durkheim, Malinowski é funcionalista e lidera a revolução desta tendência, mas, continua usando termos etnocêntricos, como “primitivo”.
Após realizar uma pesquisa na Ilha Mailu, nas costas de Papua Nova Guiné, eclodi a 1° Guerra Mundial, que o pegou em meio a viagem. Sendo cidadão austro-húngaro, portanto, inimigo britânico, seria mantido preso. Entretanto, negociou sua estada na ilhas Trobriand.
A guerra durou 4 anos, fazendo com que Malinowski permanecesse na ilha realizando seus estudos, foi aí que ele realizou seu trabalho de campo em meio aos nativos. Malinowski viveu como os locais, aprendeu a língua nativa e suas estruturas em apenas 6 meses, socializou e participou dos eventos que aconteciam. Em seus diários de campo, Malinowski não só retrata o cotidiano da tribo, mas também mostra seu lado humano com medos, desejos e preconceitos.
Malinowski desenvolve princípios metodológicos, que consistem em: objetivos científicos; viver os nativos, evitando contato com os brancos; métodos de coleta, manipulação e registro dos dados, como o quadro sinótico, diário de campo, observação participante e corpos inscriptium.
Radcliffe-Brown nasceu na Inglaterra, em 1881. De origem operária, iniciou seus estudos universitários em Oxford na área de ciências naturais, mas, influenciado por Rivers, que era seu professor, mudou-se para Cambridge para estudar Antropologia. 
Realiza trabalho de campo nas ilhas de Andaman, mas encontra muita dificuldade em aprender a língua local, diferente de Malinowski, isso faz com que seu trabalho de campo se torne um fiasco. Então, decide fazer etnografia baseado em dados colhidos por outros antropólogos.
É considerado estrutural funcionalista - escola fundada por ele – para ele, cada sociedade estudada era vista como uma ‘totalidade’, como um organismo cujas partes eram integradas e funcionavam de um modo mecânico para manter a estabilidade social, assim como um corpo, para que ele permaneça vivo é necessário que todos os órgãos estejam em harmonia. Como estrutural-funcionalista, as preocupações de Radcliffe-Brown eram sobre à descoberta de princípios comuns entre as diversas estruturas sociais, o significado dos rituais e mitos e suas funções exercidas na manutenção da sociedade. Para Radcliffe, função era como uma analogia entre vida social e vida orgânica.
Para o autor, os indivíduos são apenas a expressão da estrutura social. Aí reside a grande diferença que o separa de Malinowski, apesar de possuírem princípios funcionalistas. Enquanto Radcliffe considera mais relevante os princípios da estrutura social e os mecanismos de integração social, Malinowski detêm-se nas motivações humanas e define a função dos elementos culturais segundo as necessidades biológicas do indivíduo.
Sua abordagem é fortemente influenciada por Durkheim, assim como ele, acredita que existem sociedades mais complexas (sociedade do “eu”) e sociedades menos complexas (sociedade dos “outros”). Acreditava na desnomia, que nas palavras de Durkheim é conhecida como anomia social.
Por conta de sua influência, consideravam sua antropologia como conservadora, já que para ele era necessário que assim que se detectasse um problema já o resolvesse, mantendo assim a sociedade na perfeita harmonia. Ele sabe que o social se modifica, mas não gosta dessa mudança.
Radcliffe diz que as sociedades são violentas por causa das invasões coloniais, diz ainda que é necessário estar atento para os impactos que esse processo pode causar. O choque de duas culturas pode resultar em a extinção de uma. 
Para ele, cultura é uma abstração, ou seja, uma formulação teórica, diferente de estrutura, que é algo palpável, visível, que é sinônimo de um feixe de relações, sendo este último termo basicamente a forma como as pessoas se relacionam.
A cultura possui para o autor 3 problemas, o da morfologia social, que é o problema típico do autor, utiliza perspectiva comparativa, comparava-se o que se repetia entre as sociedades; o da fisiologia social, que é como funciona a vida social, a estrutura funcional; o desenvolvimento, que é como se desenvolvem as sociedades, como enfrentam a anomia.
É importante apontar que, enquanto Malinowski se tornou importante para antropologia com a criação de um método, Radcliffe tem sua contribuição no ramo teórico, com estudos sobre o parentesco.
Radcliffe concluiu que o tabu do incesto e o da isogamia é universal, vale lembrar que a regra básica da isogamia é a troca de mulheres. 
Evans Pritchard foi um antropólogo britânico. Ele é simpatizante da tradição estrutural-funcionalista de Radcliff-Brown, entretanto, o primeiro trabalha com categorias que venham a diferenciar o tom dos conceitos de função, estrutura e organização que foram formulados pelo segundo.
Considera-se suas obras um tanto complexas, já que enquanto outros autores, como Boas, estavam tentando criarregras mínimas, Pritchard trabalha com regras já criadas. Consegue fazer uma costura em seus textos entre descrição e análise, isso é algo novo e desejado na antropologia.
Diferente de Boas e Malinowski, que estudavam povos semelhantes, Pritchard estuda povos totalmente diferentes. 
Em 1930 começa uma pesquisa entre os Nuer, e é ai que se diferencia de outros autores através do trabalho com a questão dos conflitos. Os conflitos possuem uma característica funcional entre o povo Nuer. Para compreender melhor a função positiva dos conflitos, Pritchard divide a sociedade Nuer em 3 segmentos. Os primários (tribos); secundários (divisões territoriais) e os terciários (aldeias). O que ocorre nessa divisão de segmentos, é justamente, uma descentralização política. 
REFERÊNCIAS:
MALINOWSKI, Bronislaw. Introdução. In______. Argonautas do Pacífico Ocidental. São Paulo: Abril Cultural, 1984. P. 17-34.
KUPER, Adam. Malinowski. In______. Antropólogos e Antropologia. Rio de Janeiro, F. Alves 1978. P. 11-50.
RADCLIFFE-BROWN, A. Sobre o conceito de função em Ciências Sociais. Sobre a estrutura social. In______. Estrutura e função na sociedade primitiva. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013. P. 161-182.
KUPER, Adam. Radcliffe-Brown. In______. Antropólogos e Antropologia. Rio de Janeiro, F. Alves 1978. P. 51-86.
EVANS-PRITCHARD, E. Tempo e Espaço. In______. Os Nuer. São Paulo: Perspectiva, 1978. P. 107-150.