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ECONOMIA POLÍTICA - Introdução 
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A Economia Política aborda questões ligadas diretamente a interesses materiais (econômicos e sociais), não podendo haver “neutralidade”, pois suas teses e conclusões estão sempre conectadas a interesses de grupos e classes sociais.
Na Economia Política clássica (Adam Smith e David Ricardo), encontram-se duas características centrais:
Primeira --> a natureza dessa teoria social: não se tratava de uma disciplina particular, especializada, que procurava “recortar” da realidade social um objeto específico (o econômico) e analisá-lo de forma autônoma. À Economia Política interessava compreender o conjunto das relações sociais que estava surgindo na crise do Antigo Regime – as transformações em curso na sociedade, a partir da generalização das relações mercantis e de sua extensão ao mundo do trabalho. A Economia Política clássica não desejava constituir-se simplesmente como uma disciplina científica; almejava compreender o modo de funcionamento da sociedade que estava nascendo das entranhas do mundo feudal; a Economia Política se erguia como fundante de uma teoria social, um elenco articulado de idéias que buscava oferecer uma visão do conjunto da vida social. Os clássicos não se colocavam como cientistas puros, mas tinham claros objetivos de intervenção política e social.
Segunda --> o modo como tratou as principais categorias e instituições econômicas (dinheiro, capital, lucros, salário, mercado, propriedade privada etc): categorias e instituições naturais, eternas e invariáveis na sua estrutura fundamental. Inspiração das concepções próprias do jusnaturalismo moderno, que marcou a teoria política liberal ou o liberalismo clássico.
Economia Política Básica 
Parte I 
- Thiago "Harry" Leucz Astrizi 
O que é Economia Política? 
Os seres humanos são criaturas com uma sociedade bastante complexa e que conseguem produzir uma grande quantidade de bens e de riquezas estando trabalhando em sociedade. O papel da Economia Política é estudar como ocorrem as relações sociais que garantem a produção e como a riqueza vai se distribuindo à medida que tais relações acontecem. 
O que é Riqueza? 
Muitas pessoas ao longo da história já buscaram responder à esta pergunta. Uma das mais antigas teorias econômicas, o Mercantilismo, afirmava que a riqueza pode ser medida de acordo com a quantidade de ouro e prata que uma nação possui. Logo, para maximizar a riqueza de um povo, deveríamos realizar uma acumulação de pedras preciosas, que podia ser obtida por meio da mineração ou de um comércio que conseguisse manter uma balança comercial favorável (exportasse mais do que importasse). 
O mercantilismo teve grande influência entre os séculos XV e XVIII e pode-se notar seu impacto na colonização do continente americano. Ele foi a teoria econômica que justificava o grande interesse em explorar majoritariamente a extração de pedras preciosas durante o período e também motivou muitas guerras entre países que buscavam defender um protecionismo exacerbado no comércio exterior. 
A imagem abaixo é uma gravura que retrata indígenas trabalhando em minas de prata, feita por Théodore De Bry, século XVI. 
O Mercantilismo acabou mostrando-se falho com o passar do tempo. Apesar da grande quantidade de ouro vindo das américas para Portugal e Espanha, as duas nações não ficavam mais ricas que os demais países europeus. Pela primeira vez, a inflação passou a ser um grande problema e a maior parte do ouro que eles adquiriram acabou sendo passado para outros países para custear a importação de mercadorias necessárias para o consumo, produzidas majoritariamente por Inglaterra, Holanda e França. 
Outra teoria econômica que tentou responder esta pergunta posteriormente foi a Fisiocracia. Os fisiocratas rejeitavam a noção mercantilista de que ouro e pedras preciosas eram a origem da riqueza. Para eles, a terra e os trabalhos agrícolas eram aqueles que geravam riqueza para a sociedade e o papel do comércio e artesanato seria meramente o de diversificar e distribuir tal riqueza. 
A grande contribuição dos fisiocratas foi perceber que novas riquezas podiam ser produzidas, algo que não era reconhecido pelos mercantilistas. Entretanto, a fisiocracia também falhou em explicar as dinâmicas de riqueza na sociedade por ignorar completamente o papel das indústrias na geração de riquezas. Com o tempo, os países que tornaram-se mais ricos na Europa não foram aqueles que estimularam a agricultura, mas sim as indústrias - exatamente o contrário do que previam os fisiocratas. 
Depois de tantas teorias falhas, a primeira pessoa a encontrar uma teoria adeqüada para responder o que era a riqueza foi o economista escocês Adam Smith. Segundo Smith, em seu livro "A Riqueza das Nações", a riqueza de uma sociedade se mede na sua produção de itens que satisfaçam necessidades humanas, sejam elas quais forem. Não se pode dizer que riqueza seja somente quantidade de dinheiro ou somente a produção agrícola. A riqueza é simplesmente o acesso à todos os produtos que sejam úteis para as pessoas: alimentos, bebidas, remédios, brinquedos, roupas, veículos, computadores, edifícios, meios de comunicação, softwares, matérias-primas, etc... 
Desta forma, torna-se muito mais complexo estudar a geração de riquezas de uma sociedade. Mesmo assim, é a única abordagem que podemos seguir que consegue prever e estipular de forma adeqüada o quão rica é uma sociedade. 
Achar que dinheiro é a mesma coisa que riqueza também é um erro. Um equívoco bastante semelhante ao dos mercantilistas. Dependendo da sociedade em questão, U$1.000.000,00 pode ser muito ou pouco dinheiro. Se houver muita moeda em circulação e pouca produção de mercadorias, a inflação faz com que esta quantia seja considerada irrisória. Foi a mesma coisa que causou a desvalorização do ouro trazido das américas para Portugal e Espanha durante o período colonial e fez com que os países que produziam muitas mercadorias acabassem ficando com todos os metais colhidos do Novo Mundo. 
O Valor de um Produto 
Os produtos dos quais precisamos possuem sempre um valor, que nos permite realizar trocas entre eles. Sabemos que um computador vale mais do que uma maçã, sabemos que um avião tem o valor maior que o de uma caneta. Entretanto, ainda é preciso descobrir de onde vem o valor de cada um destes produtos. 
O primeiro pré-requisito para que um produto tenha valor é que ele precisa ser útil de alguma forma à alguém. Uma escultura em argila muito feia, que não agrade à ninguém certamente não terá valor algum. Por outro lado, somente a existência de uma utilidade não garante que um determinado produto terá um valor. O ar que respiramos é talvez a coisa mais útil de que precisamos, mas ninguém vai aceitar trocar um diamante por um punhado de ar. Ainda que diamantes não sejam necessários para a nossa sobrevivência. 
Já constatamos que aviões são mais valiosos que canetas nas relações humanas. Seria porque aviões pesam mais ou porque seriam maiores? Certamente não. O chumbo não é mais valioso que o ouro apesar da maior massa. Mesmo um grande bloco de chumbo vale menos que uma pequena barra de ouro. 
O valor de um produto não é determinado por nenhuma característica física, mas por características sociais. Se algo não dá quase trabalho nenhum de ser obtido, o seu valor será praticamente nulo (o caso do ar). Mas suponha que um grupo de pessoas passe a viver em uma estação espacial e que para produzir ar, seja necessário gastar uma boa quantidade de tempo cultivando bactérias e algas ou então provocando reações químicas. Neste caso, o ar passaria a ter valor e poderia ser trocado por outras mercadorias. 
Sendo o trabalho humano a fonte do valor, seria de se esperar que 5 laranjas valessem menos do que um suco de laranja feito com as mesmas 5 laranjas, ainda que fôsse menos nutritivo beber um suco do que comer uma laranja. De fato, é exatamente isso que acontece. Diamantes valem mais do que o ar porque para os obtermos, precisamos empregar uma grande quantidade de trabalho. Sediamantes fôssem comuns como areia, o trabalho gasto seria muito menor e eles teriam um valor menor. 
É impossível produzir valor sem que haja trabalho envolvido de alguma forma. Podemos ver isso em todas as coisas ao nosso redor. Para termos uma mesa, alguém precisa extrair metal de alguma mina, derretê-lo e moldá-lo na forma de uma serra, cortar uma árvore e serrá-la em pedaços no formato adeqüado, derreter ferro e moldá-lo no formato de um martelo e pregos, encaixar e pregar os diversos pedaços de madeira deixando-o no formato de uma mesa. Em seguida, precisamos extrair petróleo e realizar algumas reações químicas para ter poliuretano que pode ser transformado em verniz e assim ser aplicado sobre a nossa mesa para torná-la mais resistente. Este é o preço que sempre precisa ser pago para obtermos riqueza, não importa qual seja a sociedade. 
Existem também os chamados "bens intangíveis" em uma sociedade. É o caso do conhecimento, de músicas compostas, programas de computador, etc. Embora eles sempre estejam contidos em meios físicos (partituras ou textos em um papel, neurônios, discos magnéticos...), o valor deles é maior do que o meio em que estão. No caso deles, também é preciso haver trabalho humano, embora em muitos casos haja predominância de trabalho intelectual. Para desenvolver o conhecimento do Cálculo Diferencial e Integral, Newton e Leibnitz precisaram passar vários anos estudando e muitas outras pessoas precisaram dispender esforços na criação dos numerais indo-arábicos, lingüagens naturais, simbologia matemática, lógica e desenvolvimento prévio de métodos heurísticos para calcular áreas e volumes de regiões curvas. Em todos os casos, é preciso haver trabalho para gerar bens em uma sociedade. 
O primeiro economista a estudar a geração de riqueza e distribuição de valor na produção de mercadorias é David Ricardo mas o maior responsável pelo progresso neste campo da economia foi Karl Marx. Ambos também são os primeiros a reconhecer que o trabalho é a única forma de gerar valor e nova riqueza na sociedade. 
Exemplo de Cálculo de Valor-Trabalho 
Vamos imaginar uma sociedade de caçadores e coletores no Paleolítico. Nesta sociedade hipotética, a principal atividade econômica consiste na caça de antílopes e na coleta de cenouras em uma floresta próxima. Caçar um antílope leva em média 5 horas. Coletar uma cenoura leva em média meia hora. Assar tanto antílopes como cenouras leva meia hora. 
Com estas informações, concluímos que as riquezas às quais esta sociedae tem acesso são as que mostramos na tabela abaixo: 
	Riqueza da Sociedade e seus Valores
	Riqueza 
	Valor 
	Descrição 
	
	0 
	A Floresta é onde os alimentos são caçados e coletados. Ninguém precisou fazer nada para ela surgir, ela já estava ali antes das pessoas surgirem. Todos tem acesso à ela. Logo, seu valor é nulo. Perceba que o fato de algo possuir um valor nulo não diz nada sobre a sua utilidade. 
	
	5 
	Um Antílope é uma caça bastante visada, mas capturá-los dá muito trabalho, já que na nossa sociedade não existem armas ou armadilhas. Em média só depois de 5 horas de caça conseguimos pegar um. 
	
	0,5 
	As Cenouras crescem esparsamente no meio da floresta. Mas normalmente depois de meia hora de procurando a gente acaba achando uma. 
	
	5,5 
	Depois cinco horas de caça e de meia hora cortando e assando a Carne de Antílope, ela já pode ser comida. 
	
	1 
	Meia hora para achar uma cenoura mais meia hora para cozinhar, gerando uma Cenoura Cozida. 
Todos estes valores são irrelevantes se não existir comércio na sociedade. Entretanto, à partir do momento em que a prática de um produto por outro começa a se difundir, eles tornam-se importantes. Cinco Cenouras Cozidas podem ser trocadas por um Antílope sem que nenhum dos lados da negociação seja prejudicado. Entretanto, trocar a Carne de Antílope por uma Cenoura é um mau negócio e quem fizer isso sairá perdendo. 
Na prática, o tempo gasto para se caçar um antílope pode mudar dependendo do período em que estivermos. Se houverem muitos antílopes, vai ser muito mais fácil capturá-los e o valor do antílope cai. Uma praga que ataque as cenouras pode fazer com que fique mais difícil encontrá-las e isso aumentará o valor de cada cenoura. 
É claro que podem haver pessoas que seriam capazes de caçar antílopes em menos de 5 horas e outras em mais tempo. Mas o que é relevante é somente o tempo médio de trabalho em que antílopes são capturados na sociedade. Mas uma pessoa pode conseguir gerar 5 de valor em menos do que 5 horas se conseguir abater antílopes em menos tempo. 
O desenvolvimento tecnológico também interfere nos valores. Com a invenção de um arco-e-flecha, pode-se capturar antílopes mais rapidamente. A agricultura e a criação de animais também iriam fazer com que o valor destes produtos diminuisse na sociedade hipotética que estamos analizando. Normalmente a diminuição do valorde um produto é algo bom, pois permite que muitos deles passem a ser produzidos e isso aumenta a quantidade de riqueza em uma sociedade. 
O Valor de Bens Intangíveis 
Bens intangíveis ou imateriais são aqueles que embora sempre estejam armazenados dentro de meios físicos (neurônios, livros, discos magnéticos, ...), tem um valor maior do que o meio em que estão e podem ser passados adiante ou se multiplicar à um custo muito baixo. Tipicamente, para gerar um bem intangível pela primeira vez, pode ser necessário dispender uma grande quantia de tempo em trabalho tanto intelectual como manual. Mas assim que o primeiro exemplar de um bem intangível é obtido, replicá-lo torna-se algo trivial. 
Como exemplo de bens intangíveis, podemos citar conhecimento de quais são os melhores locais de caça em uma sociedade do paleolítico, softwares, marcas, patentes, etc... 
A capacidade de bens intangíveis se espalhar à uma taxa exponencial faz com que normalmente eles não tenham valor algum. Se um indivíduo na sociedade hipotética mostrada na parte anterior adquire pela primeira vez o conhecimento de como fabricar arcos e flechas, e para conseguir isso ele precisou gastar 100 horas pensando, observando e fazendo experimentos; então o valor do conhecimento seria 100. Assim que ele passa adiante o conhecimento para um amigo, ambos passam a possuir conhecimento e o valor de cada cópia passa a ser 50. Se cada um deles passar adiante a descoberta para mais uma pessoa, o valor se torna 25, e assim por diante. No final, o valor do conhecimento tende ao valor do serviço de passá-lo adiante. O custo de imbuir uma única pessoa om conhecimento é alto, mas o de imbuir muitas pessoas com o mesmo conhecimento é proporcionalmente muito menor. 
Na maior parte das sociedades, conhecimento não constitui uma mercadoria por si só e não pode ser trocado por outras formas de riqueza. Existem exceções. O conhecimento obtido por espiões ou detetives podem ser negociados. A aplicação de patentes e direitos autorais na nossa sociedade moderna atua restringindo a disseminação de bens intangíveis e com isso, mantendo o seu valor alto de modo artificial. Outro efeito que acaba ocorrendo é a manutenção de um monopólio na oferta de certos bens imateriais (Softwares, por exemplo. Somente a Microsoft pode comercializar o Windows.) e isso gera algumas distorções, como o preço de um produto tornando-se muito maior do que seu valor real. 
Tipicamente, aumentar o aumento de valor ou de preço de qualquer bem, seja ele material ou imaterial tende à ser ruim para a sociedade por restringir o acesso à tal forma de riqueza. A venda de produtos por valores muito acima de seu valor real, também tende a ser ruim, por gerar uma distribuição desigüal de valor na sociedade. 
O Papel dos Avanços Tecnológicos 
Vamos voltar à nossa sociedade no paleolítico que subsiste através da caça de antílopes e colheitas de cenouras. O que acontece quando introduzimos nesta sociedade a tecnologia do arco-e-flecha? Bem, para começar, a sociedade passa a ter à sua disposição um novo tipo de riqueza: 
	Riqueza da Sociedade e seus ValoresRiqueza 
	Valor 
	Descrição 
	
	100 
	Para fabricar um Arco gasta-se 100 horas ao todo. Isso engloba o tempo médio necessário para encontrar madeira adeqüada para a fabricação, o tempo para entalhar e esculpi-la no formato adeqüado e também enolve a fabricação de uma certa quantidade de flechas. 
Mas além disso, novas mudanças acabam ocorrendo por causa desta nova tecnologia. Com o uso de um arco torna-se muito mais rápido capturar antílopes. Depois que a tecnologia se dissemina, o tempo médio socialmente necessário para se capturar um antílope torna-se 1 hora. Entretanto, o valor do antílope não passa a ser de "1", pois é necessário levar em conta o tempo de fabricação do arco. Assumindo que o arco leva 100 horas para ser fabricado e que cada arco pode ser usado em média para abater 200 antílopes até que ele se quebre e precise ser substituído, o novo valor do antílope é "1,5": 
	Riqueza da Sociedade e seus Valores
	Riqueza 
	Valor 
	Descrição 
	
	1,5 
	Para capturar 1 Antílope gasta-se agora em média 1 hora. Mas antes disso é preciso gastar 100 horas fabricando um arco capaz de abater em média 200 animais. Com isso, acrescenta-se ao valor do antílope o valor de 100 divididos por 200 antílopes. O total dá 1,5. 
	
	2 
	Continuamos levando meia hora para cozinhar o antílope. Mas a Carne passou a valer menos porque gasta-se menos tempo caçando. 
Depois da introdução do arco-e-flecha passa a valer à pena trocar uma Carne de Antílope por duas Cenouras Cozidas. Antes isso seria um mau negócio. 
E o que aconteceria se existisse um indivíduo que insistisse em caçar do modo antigo? Simples, enquanto todos os demais caçadores conseguiriam gerar 1 de valor por hora, o caçador tradicional geraria menos de um terço de valor no mesmo intervalo de tempo. Isso seria um mau negócio. A atividade de caçar sem ferramentas se tornaria inviável. O uso de arco-e-flecha seria um pré-requisito para conseguir carne. Dizemos que o Arco é um meio de produção, sem o qual é inviável produzir. 
Na teoria, o aumento de produtividade é algo vantajoso para a sociedade, pois permite que uma maior quantidade de riqueza seja produzida. A desvalorização do produto é compensada por uma quantidade maior de produção. Se todos puderem ter acesso à arcos, ninguém sairá perdendo com a introdução desta tecnologia. 
O Papel do Dinheiro 
O valor de uma mercadoria só torna-se relevante durante trocas. Quando produzimos algo para consumo próprio, tal valor acaba sendo irrelevante. Quando criamos algo com o propósito claro de trocar ao invés de consumir, estamos criando uma mercadoria. 
A forma mais básica de comércio existente é o escambo. Ele consiste em trocar diretamente algo produzido por outra mercadoria capaz de suprir determinada necessidade. Na sociedade hipotética vista acima, por meio de escambo pode-se trocar um arco por 200 cenouras, 3 cenouras por um antílope ou um antílope e uma cenoura por carne de antílope já assada. 
Quando a produção de mercadorias em uma sociedade torna-se muito grande, e existe uma grande quantidade de produtos diferentes a serem trocados, torna-se difícil avaliar o valor relativo de todos eles. Quanto vale uma casa em cadeiras? Ou um computador em lápis? Normalmente, a primeira coisa que acaba acontecendo é que uma das mercadorias acaba sendo eleita como intermediária de todas as trocas. Surge assim o dinheiro. 
A forma que o dinheiro assume pode variar bastante. Na antiga Roma, o sal era a mercadoria de troca universal. Em muitos lugares, o ouro passou a ser usado, seja na forma bruta, ou na forma de moedas para facilitar o comércio. Na sociedade hipotética acima, cenouras poderiam ser usadas. Assim, toda vez que alguém quizesse vender um produto, primeiro trocaria a sua mercadoria por uma certa quantidade de cenouras, e em seguida, compraria outra mercadoria trocando as cenouras pelo que deseja. 
Na prática, a mercadoria usada como elemento de troca universal precisa ter um valor que não mude drasticamente dependendo da época e também não pode se deteriorar com o tempo (pensando bem, cenouras não são uma boa idéia). 
Nas economias capitalistas, o que começou a ocorrer com o tempo foi uma substituição aparente do ouro por dinheiro em papel e moedas feitas com metais não-preciosos. Entretanto, tal substituição não tornava o dinheiro independente do montante de ouro disponível, pois nos primeiros momentos, buscava-se condicionar um aumento de impressão de cédulas à um aumento das reservas nacionais de ouro em cada país. O comércio exterior entre países continuava a ser mediado em termos de quantidade de ouro. Se um país imprimisse dinheiro demais, este acabaria se desvalorizando para que o montante impresso se ajustasse ao montante de ouro existente. 
Após a Segunda Guerra Mundial, com o Acordo de Breton Woods, o ouro deixa de ser a mercadoria de troca universal nas relações internacionais e o Dólar assume este papel. O mesmo acordo previa que os Estados Unidos se comprometeriam a manter fixa a cotação ouro-dólar. O acordo foi honrado por 26 anos até que Richard Nixon o rompeu passando a emitir mais dinheiro do que as reservas internas de ouro e metais preciosos. Com isso, o Dólar, utilizado como mercadoria de troca universal perde o seu lastro físico e passa a ser avaliado em relação à outras mercadorias baseando-se em bens intangíveis, como a confiança na política econômica do país e títulos de crédito. 
O mais importante a se notar é que o dinheiro também é uma mercadoria, visto que tem utilidade e pode ser trocado por outras. O dinheiro sempre precisa ter uma representação com	 creta ou um lastro concreto para manter um valor estável. O sistema financeiro atual, onde a mercadoria de troca assume a forma de títulos de créditos, apesar de mais flexível, é mais frágil e sucetível à crises, pois torna-se mais difícil associar o montante de dinheiro gerado com a quantia de riqueza existente em uma sociedade. Isso propicia a ocorrência de crises como a de 2007 em que estima-se que mais de 1 trilhão de dólares desapareceu por ser capital fictício, originário de especulação e sem um lastro real. 
FAQ 
A Teoria do Valor-Trabalho afirma que o que determina o valor de um produto é o trabalho que foi gasto na sua concepção. Sendo assim, não devíamos medir o valor das coisas em Joules ou na quantidade de caloria que foram gastas na sua criação? 
Para executar qualquer tipo de trabalho, precisa-se de tempo e precisa-se de energia. Entretanto, a energia é um bem renovável para seres-humanos. Toda vez que respiramos e nos alimentamos, repomos nossas energias e o que foi gasto anteriormente é recuperado. Já com relação ao tempo não é assim. Temos um tempo de vida limitado e o tempo que gastamos fazendo algo não pode ser recuperado depois. Por causa disso, o tempo gasto no trabalho é algo muito mais valioso para as pessoas e reflete melhor numericamente o preço pago para se criar um produto. 
Sendo assim, uma pessoa ineficiente que demora mais para produzir algo, não deveria ganhar mais dinheiro vendendo seus produtos? 
Não. Se um sapateiro tentar vender um sapato pelo dobro de seu valor de mercado só porque levou duas vezes mais tempo para produzi-lo, nenhum comprador vai aceitar a barganha. O valor de um produto não é determinado pelo tempo individual que ele leva para ser feito, mas pelo tempo médio que ele leva para ser feito por todos os sapateiros da sociedade. 
Qual a relação entre o valor de uma mercadoria e o seu preço em uma sociedade moderna? 
O preço de um produto é a quantidade da mercadoria dinheiro que eu posso trocar pela mercadoria em questão. O valor do produto costuma atuar como um centro de gravidade em torno do qual orbitam os preços. 
Em um dos trabalhos mais completos e recentes sobre o assunto, o economista Anwar Shaikh fez uma pesquisa envolvendo 140 setores da economia dos Estados Unidos em 1998. Sua pesquisa utilizou uma grande base de dados que estavam disponíveis referentes às décadas de 40 e 50 e apontou uma correlação linear entre o chamadovalor-trabalho e o preço de diversas mercadorias. Os desvios encontrados foram poucos e se manifestaram mais em artigos de luxo ou em mercadorias produzidas por monopólios. 
Pesquisas semelhantes feitas recentemente na Suécia, Japão e outros países confirmaram os resultados. 
Qual a relação entre a razão oferta/procura, preços e valores? 
Mudanças na relação entre a oferta e a procura existente na sociedade sobre um produto explicam as variações momentâneas de preços que ocorrem em diversas situações. Entretanto, elas não explicam o valor dos preços em si. A razão entre oferta e demanda por um item tende a se estabilizar com o tempo, mas mesmo quando a razão torna-se a mesma para uma caneta e para um avião, as duas coisas jamais vão custar a mesma coisa. 
As relações de produção, expressas na forma do valor de uma mercadoria, também fornecem limites concretos que limitam a elasticidade dos preços. Seria completamente inviável em qualquer sociedade criar ferramentas que demandem uma quantidade muito grande de tempo para serem fabricadas e depois vendê-las barato. 
Compromisso social e político da Economia Política clássica
Liberalismo clássico constituiu uma arma ideológica da luta da burguesia contra o Estado Absolutista e contra as instituições do Antigo Regime; condensou os interesses da burguesia revolucionaria que se confrontava com os beneficiários da feudalidade: a Nobreza fundiária e a Igreja.
A influência jusnaturalista e liberal não são um acaso, mas sinalizam que a Economia Política insere-se num quadro maior da Ilustração; importante capítulo no processo pelo qual a burguesia avança para a construção de seu domínio de classe; o que assinalou, em face da feudalidade, um gigantesco progresso histórico.
A Economia Política clássica expressou o ideário da burguesia num período em que esta classe estava na vanguarda das lutas sociais, conduzindo o processo revolucionário que destruiu o Antigo Regime.
Crise e dissolução da Economia Política clássica. Crise dos ideais da burguesia revolucionária. Alteração da relação entre burguesia e cultura ilustrada.
Cultura ilustrada: projeto de emancipação humana que foi conduzido pela burguesia revolucionária, resumido na célebre consignação “liberdade, igualdade e fraternidade”. A emancipação possível sob o regime burguês não é a emancipação humana, mas somente a emancipação política. Houve emancipação dos homens das relações de dependência pessoal vigentes na feudalidade; mas não houve igualdade econômico-social, e sem esta a emancipação humana é impossível.
A Revolução burguesa não conduziu ao prometido “reino da liberdade”: conduziu a uma ordem social mais livre que a anterior, mas que continha limites, com uma nova dominação de classe.
A burguesia renuncia aos seus ideais emancipadores e converte-se em classe conservadora, neutralizando ou abandonando conteúdos mais avançados da cultura ilustrada. Novo cenário de confrontos: não mais burguesia x nobreza; mas burguesia x trabalhadores. Dois protagonistas começam a se enfrentar diretamente: a burguesia conservadora e o proletariado revolucionário.
A burguesia abandona os principais valores da cultura ilustrada e ingressa no ciclo da sua decadência ideológica, marcado pela sua incapacidade de classe de propor alternativas emancipadoras; a herança ilustrada passa às mãos do proletariado, o sujeito revolucionário. A Economia Política clássica torna-se incompatível com os ideais da burguesia conservadora.
Desuso da expressão “Economia Política”. Dissolução da Economia Política clássica: duas linhas de desenvolvimento teórico excludentes: investigação conduzida por pensadores da ordem burguesa e pelos intelectuais vinculados ao proletariado. No primeiro, a expressão é abandonada e substituída pela nominação mais simples de “Economia”; no segundo, “Crítica da Economia Política”.
Economia: disciplina científico-acadêmica estritamente especializada, técnica, depurada de preocupações históricas, sociais e políticas, que serão passadas para outras ciências sociais; adequada à ordem social da burguesia conservadora, torna-se instrumental, desenvolvendo enorme arsenal técnico; renuncia a qualquer pretensão de fornecer as bases para a compreensão do conjunto da vida social; ruptura em face da Economia Política clássica, tornando-se um importante instrumento de administração, manipulação e legitimação da ordem burguesa. Toma a ordem burguesa e suas categorias econômicas como naturais, imutáveis e invariáveis.
Crítica da Economia Política: a sociedade burguesa não é uma organização natural; é uma forma de organização social histórica, transitória. Vínculo com a cultura ilustrada; superação da Economia Política clássica, incorporando suas conquistas, mostrando seus limites e equívocos. Historiciza as categorias econômicas, rompendo a naturalização que as pressupõe como eternas; análise das leis do movimento do capital, base para apreender a dinâmica da sociedade capitalista, cujo conjunto de relações sociais está subordinado ao comando do capital. Uso do método crítico-dialético (materialismo histórico).
A Economia Política é a ciência das leis que regem a produção e a troca dos meios materiais de subsistência na sociedade humana. O objeto da Economia Política não é simplesmente a produção, mas as relações sociais que existem entre os homens na produção, a estrutura social da produção. O objeto da Economia política é a atividade econômica, ou seja, a produção e a distribuição dos bens com os quais os homens satisfazem as suas necessidades individuais ou coletivas; essa produção e distribuição constituem o processo econômico, e o objetivo da economia política é estudar as leis sociais que regulam esse processo.

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