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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO SUL DE MINAS GERAIS CÂMPUS INCONFIDENTES Inseticidas recomendados para a cultura da Soja Felipe Fernandes Luiz Camilo dos Santos Inconfidentes/MG 2018 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO SUL DE MINAS GERAIS CÂMPUS INCONFIDENTES Inseticidas recomendados para a cultura da Soja Felipe Fernandes Luiz Camilo dos Santos Trabalho de pesquisa pela disciplina de Fitotecnia IV- Oleaginosas, sob supervisão da prof.ª Dc. José Luiz ofertada aos acadêmicos do curso de Engenharia Agronômica do IFSULDEMINAS – Campus Inconfidentes. Inconfidentes/MG 2018 1.INTRODUÇÃO A tecnologia de Manejo Integrado de Pragas da Soja (MIP-Soja) foi implantada no Brasil, na década de 1970, e tem sido aperfeiçoada constantemente. Assim, o monitoramento da lavoura, a identificação correta das pragas e dos inimigos naturais, o conhecimento do estádio de desenvolvimento da planta e dos níveis de ação são importantes componentes do MIP-Soja. De acordo com a FAO, cerca de 40% da produção agrícola no mundo é perdida todos os anos devido ao ataque de pragas, e no Brasil não é diferente, as pragas causam grande apreensão na produção agrícola, tanto que, 26% dos gastos dos brasileiros com inseticidas são em inseticidas. A cultura da soja está sujeita ao ataque de insetos desde a germinação à colheita. Logo após a germinação, a partir do início do estádio vegetativo, mais adiante, vários outros desfolhadores atacam as plantas, ocorrendo em maior número durante as fases vegetativa e de floração. A soja pode, também, ser atacada por outras espécies de insetos, consideradas pragas esporádicas, cujos aumentos populacionais são determinados por alterações climáticas, ou outros fatores, como, por exemplo, os sistemas de produção específicos de cada região. O percevejo da soja continua sendo uma das principais pragas que prejudicam as plantações da oleaginosa em todo o Brasil. O inseto se alimenta de várias partes da planta, especialmente das vagens e sementes de soja, danificando o tecido das sementes. 2.Desenvolvimento Conceitos importantes sobre tipos de inseticidas Um mesmo inseticida pode atingir vários alvos, como diferentes lagartas, percevejos e outros insetos, e além disso, muitas vezes o mesmo produto pode ser utilizado em diferentes culturas, especialmente em grãos onde as pragas são semelhantes. No entanto, as pulverizações devem ser feitas com alternância de produtos de grupos químicos e modo de ação diferentes. Essa rotação visa diminuir a pressão de um determinado produto sobre as populações de pragas. O conhecimento do produto e da semente são fundamentais para a escolha do inseticida, isso minimiza tempo, gastos na mão-de-obra, maquinário e principalmente produtos químicos, que em sua maioria pesam muito no bolso do produtor. Só aí já temos uma ideia de alguns dos benefícios que inseticidas podem trazer na agricultura. Mais diante de tantos grupos químicos, conhecer os principais deles é essencial, os inseticidas são comumente classificados de acordo com sua composição química. Existem várias formas do inseticida afetar a praga, cada grupo químico tem sua característica quanto ao seu modo de ação sobre o inseto. Principais tipos de inseticidas Diamidas Principais características: Regulam a libertação de cálcio intracelular; Age diretamente na contração muscular; Provoca um aumento rápido da concentração de cálcio; Levando posteriormente à cessação de alimentação, letargia, paralisia e pôr fim a morte da praga. Substância química ativa: Clorantraniliprol e ciantraniliprol (comercializados pela DuPont e Syngenta) Alvos: Espécies da ordem de Lepidoptera, Coleoptera, Diptera e Hemiptera. Principal praga: Helicoverpa armigera (Lepidoptera: Noctuidae) Estudos indicaram que os inseticidas flubendiamida (Belt) e espinosade (Tracer) mostraram serem muito eficientes no controle da Helicoverpa armigera. A dose varia de acordo com o nível de infestação e incidência da praga na área. Geralmente a dose comercial de Belt recomendada para controle de armigera varia entre 50 e 70 ml/hectare. Organofosforados Principais características: Custo relativamente baixo; Largo espectro de atividade e de alto impacto sobre insetos; Possuem uma ampla gama de produtos agrícolas e sanitários; Existem produtos organofosforados extremamente tóxicos até aqueles com baixa toxicidade, como o Temephos, que tem seu uso permitido em água potável; Na área da Saúde têm sido bastante usados, dada a sua eficiência. Estrutura molecular: São ésteres, amidas ou derivados tiol dos ácidos de fósforo. Persistência/Degradação: São biodegradáveis, sendo, portanto sua persistência curta no solo, 1 a 3 meses. Modo de ação: é por contato e ingestão. Agem como inibidores das enzimas colinesterases, causando o aumento dos impulsos nervosos, assim podendo ocasionar a morte. Alvos: Espécies da ordem de Coleópteros, sugadores, mastigadores como: ácaros, percevejos, lagarta-da-soja, mosca-branca, etc. Ataques severos de ácaros em lavouras de soja podem ser responsáveis por danos que variam de 4 a 8 sc/ha. Um produto eficaz no controle de ácaros do grupo dos organofosforados é o Orthene, inseticida e acaricida da Arysta Lifescience sua dosagem varia de 300 a 400 L de calda/hectare. Carbamatos Principais características: Paralisação muscular do inseto; Os alvos apresentam 4 estágios sintomáticos: excitação, convulsão, paralisia e morte Estrutura molecular: São praguicidas orgânicos derivados do ácido carbâmico. Temos três classes de carbamatos são conhecidos: carbamatos inseticidas (e nematicidas), carbamatos herbicidas e carbamatos fungicidas. Persistência/Degradação: São compostos instáveis e muitos fatores influenciam a degradação: a umidade, temperatura, luz, volatilidade. Carbamatos são metabolizados por microrganismos, plantas e animais ou degradados na água e no solo, especialmente em meio alcalino. Modo de ação: Com ação de contato e ingestão, são igualmente inibidores das enzimas colinesterases, embora por mecanismo diferente dos organofosforados. Principal praga: Lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda) em milho seus prejuízos são estimados em mais de US$ 400 milhões anualmente, e, a lagarta-do-cartucho é considerada a pior praga do milho. Um produto eficaz no controle de ácaros do grupo dos Carbamatos é o Lannate, inseticida sistêmico e de contato da Du Pont sua dosagem varia de 200 a 300 L de calda/hectare. Não se deve aplicar mais que 3,0 L do produto por ciclo da cultura. Piretróides Principais características: São atualmente os inseticidas mais utilizados; Apresentam baixa toxicidade em mamíferos; Baixo impacto ambiental, são efetivos contra um largo espectro de insetos e são necessárias baixas quantidades para exercerem sua ação; Agem nos insetos com rapidez causando paralisia imediata e mortalidade, efeito de choque denominado “Knock down”; São geralmente usados como misturas; Devem respeitar um intervalo de segurança após aplicação. Estrutura molecular: São compostos sintéticos análogos aos componentes obtidos a partir dos piretróides, extraídos do crisântemo. Persistência/Degradação: Intervalo de segurança de até 37 dias e tem boa estabilidade sob luz e temperatura ambiente.Modo de ação: São os compostos de mais rápida ação na interferência da transmissão de impulsos nervosos. Podem possuir efeito repelente, espantando os insetos ao invés de eliminá-los. Principais Pragas Lagarta-da-maça (Heliothis virescens); Lagarta-militar (Spodoptera frugiperda); Lagarta da soja (Anticarsia gemmatalis). Um produto eficaz no controle de dessas três lagartas do grupo dos piretróides é Permetrina 384 EC, inseticida de contato e ingestão da Empresa Fersol. Sua dosagem varia de 100 a 500 L de calda/hectare (depende do nível de infestação da praga). Resistencia de pragas ao inseticida e o MIP O uso contínuo dos defensivos agrícolas sem rotação de seus mecanismos de ação pode afetar diretamente no seu bolso. Isso porque, dessa maneira, há o desenvolvimento de populações de pragas resistentes a inseticidas. Além disso, nas últimas décadas, a descoberta de novos inseticidas, de grupos químicos e modo de ação distintos dos inseticidas já existentes no mercado está se tornando cada vez menor. Desta forma, o agricultor não tem novas opções quando o produto está apresentando falhas de controle devido à evolução da resistência, e assim o problema se torna evidente. O Manejo Integrado de Pragas tem sido o principal responsável por reverter esse quadro, além de trazer mais sustentabilidade para sua fazenda. O MIP reúne um plano de medidas que busca promover o equilíbrio no sistema. Assim, muitas outras medidas de controle, além do químico que aqui falamos, devem ser usados. E isso faz com que haja menor pressão de seleção de indivíduos resistências e maior eficácia de controle das pragas. O mais interessante é que por vezes vemos que o MIP reduz as aplicações, podendo também diminuir seus custos de produção agrícola. Conclusão Você pode ter prejuízos imensos se o controle de pragas não for feito corretamente. Nesse sentido, conhecer os principais inseticidas, sejam eles químicos ou inseticidas naturais, e as pragas que combatem são fundamentais para a correta escolha e manejo. No entanto, não devemos nos apegar somente ao controle químico, e sim misturar e agregar diversas medidas de controle de insetos, seguindo as recomendações do MIP. Esse conhecimento e definição das melhores estratégias de controle fazem parte do planejamento agrícola. Referencias
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