Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CAPÍTULO 12: FAMÍLIA DAS SOLANÁCEAS 12.1- INTRODUÇÃO Entre as espécies de hortaliças pertencentes à família das solanáceas, estão as que apresentam maior importância econômica. Destaca-se a cultura do tomate e da batata, entretanto, pimentão, jiló e berinjela também apresentam papel de destaque no cenário nacional. 12.2 – CULTURA DO TOMATE 12.2.1 – ORIGEM: A espécie cultivada Lycopersicon esculentum, originou-se da espécie andina, silvestre – L. esculentum var. cerasiforme, que produz frutos tipo “cereja”. O centro primário de origem do tomateiro é um estreito território, limitado ao norte pelo Equador, ao sul pelo norte do Chile, a oeste pelo oceano Pacífico e a leste pela Cordilheira dos Andes. Antes da colonização espanhola, o tomate foi levado ao México, centro secundário, onde passou a ser cultivado e melhorado. Foi introduzido na Europa, através da Espanha, entre 1523 e 1554. Inicialmente, o tomateiro foi considerado planta ornamental, sendo o uso culinário retardado por temor de toxidade. 12.2.2 – DESCRIÇÃO BOTÂNICA: O tomateiro é uma solanácea herbácea, com caule flexível e incapaz de suportar o peso dos frutos e manter a posição vertical. A forma natural lembra uma moita, com abundante ramificação lateral, sendo profundamente modificada pela poda. A floração e a frutificação ocorrem juntamente com o desenvolvimento vegetativo. As folhas, pecioladas, são compostas por número ímpar de folíolos. A planta apresenta dois hábitos de crescimento distintos: o hábito indeterminado é aquele que ocorre na maioria das cultivares para mesa, que são tutoradas e podadas, com caule atingindo mais de 2,5m de altura. O hábito determinado ocorre nas cultivares criadas especialmente para a cultura rasteira, com finalidade agroindustrial. As hastes atingem apenas 1m, apresentando um cacho de flores na extremidade. As flores agrupam-se em cachos e são hermafroditas, o que dificulta a fecundação cruzada. A planta é normalmente autopolinizada. Os frutos são bagas carnosas, suculentas, com aspecto, tamanho e peso variados, conforme a cultivar. O sistema radicular pode atingir 2m de profundidade, quando para a implantação é utilizado o semeio direto (exceção feita para o cultivo do tomate destinado para a indústria). 12.2.3 – CLIMA E ÉPOCA DE PLANTIO: O tomateiro é exigente em termoperiodicidade diária: requer temperaturas diurnas amenas e noturnas menores, com diferença de 6-8 0 C entre elas. No Brasil, sob alta luminosidade, as temperaturas ótimas são 21-28 0 C, de dia, e 15-20 0 C, de noite, variando em razão da idade da planta e da cultivar. Temperaturas excessivas, diurnas ou noturnas, constituem fator limitante da tomaticultura, prejudicando a frutificação e o pegamento dos frutinhos. Efeito negativo também se observa sob baixas temperaturas, que retardam a germinação, a emergência da plântula e o crescimento vegetativo. No centro-sul tem sido praticada a tomaticultura tutorada ao longo do ano, com melhores resultados em altitudes superiores a 800m. Em regiões baixas e quentes, a época propícia se restringe aos meses de clima mais ameno no outono-inverno. 12.2.4 – CULTIVARES : - Santa Cruz: Apresenta crescimento indeterminado, pode ser bi ou trilocular. Frutos pesando 80 a 200g. Tomate Clarisse (Grupo Santa Cruz) - Saladete ou Italiano: Pode apresentar crescimento determinado e indeterminado. São biloculares e apresentam frutos pesando de 100 a 150g. Tomate Andrea (Grupo Italiano) - Holandês, Cacho ou Penca:Crescimento indeterminado,bilocular, com frutos pesando de 15 a 50 gramas. Tomate Cocktail Red Vine (Grupo Holandês) - Cereja ou Cherry Tomato: Crescimento indeterminado, bi ou trilocular. Tomate cereja - Salada, tomatão, maçã ou caqui: Apresenta crescimento determinado ou indeterminado, são pluriloculares. Tomate Salada - Tomate Saladinha:Apresenta crescimento determinado , são pluriloculares. Tomate Saladinha - Tomate Longa Vida: Pode ser do tipo estrutural, através da seleção de parentais c/ maior frequência de alelos que condicionam maior firmeza do pericarpo, ou do tipo mutante de amadurecimento através de alelos mutantes simples c/ efeitos pleiotrópicos (múltiplos). Tomate Híbrido Dominador (Longa vida) - Tomate Industrial: Cultivado com a finalidade de utilização na indústria. Não exige tutoramento, é cultivado de forma rasteira. Cultivo do tomate destinado para a indústia (industrial) 12.2.5 – SOLO E ADUBAÇÃO: O tomateiro apresenta tolerância à acidez moderada, produzindo na faixa de pH 5,5 a 6,5. Em solos mais ácidos, a calagem é prática indispensável. Neste caso, no método de saturação por bases, utiliza-se V%=70 e procura-se atingir a faixa de acidez mais favorável ao tomateiro, ou seja: pH 6,0 a 6,5. Adapta-se a diversos tipos de solo, desde que não sejam excessivamente argilosos, pesados e compactados, ou mal drenados. É altamente exigente quanto à fertilidade do solo, mais especificamente com relação ao teor de nutrientes, obviamente devido à elevada capacidade produtiva. Na adubação de plantio aplicar 20t/ha de esterco bovino ou 1/3 de esterco de ave, antes do transplantio. O esterco deve ser aplicado na cova ou sulco de plantio. Na adubação mineral recomenda-se a aplicação por ha de 100 kg de N; 200 a 400 kg de P2O5 e 100 a 200 kg de K2O, de acordo com o Manual de Recomendação de Calagem e Adubação para o Estado do Espírito Santo (5 a aproximação). Se a análise de solos indicar baixo teor de enxofre, aplicar 30 kg/ha do nutriente. Se indicar baixos teores de boro e zinco, aplicar por ha: 3 kg de B e 5 kg de Zn, junto com a adubação de plantio. Por ocasião da adubação de cobertura aplicar 100 a 200 kg/ha de N e 100 kg/ha de K2O, com parcelamento aos 15, 45, 60, 75 e 90 dias após o transplantio. Reduzir gradativamente a adubação com N e aumentar progressivamente a adubação com K2O. 12.2.6 – IMPLANTAÇÃO DA CULTURA: No centro sul, o tomateiro é propagado por sementes. Para o tomate industrial é utilizado na maioria das vezes o semeio direto, enquanto para o tomate de mesa é utilizado o transplantio das mudas produzidas na maioria das vezes em bandejas de isopor. Alguns métodos como a semeadura em sementeira, a repicagem para o viveiro e a semeadura em recipientes já foram bastante utilizados, entretanto, hoje são pouco utilizados. A produção de mudas em bandejas de isopor, medindo 68 x 34 cm, com 128 ou 200 células é atualmente o método utilizado. As mudas estarão prontas para o transplante com quatro folhas definitivas, 16-25 dias após a semeadura, dependendo da temperatura e de outros fatores. Em média gastam-se 80 – 120 g de sementes para obter as mudas necessárias para o plantio de 1 ha. Os tomaticultores preferem semear nas bandejas em casa de vegetação, o que possibilita maior controle das condições agroclimáticas e favorece o controle fitossanitário. As mudas devem ser transplantadas para o sulco de plantio tão logo atinjam o ponto ideal de desenvolvimento. Na cultura tutorada, os espaçamentos mais utilizados são 100 a 120 cm entre fileiras por 40 a 70 cm dentro das fileiras. Também pode deixar 60 -70 cm separando cada conjunto de duas mudas, deixando-se tão somente a haste principal de cada uma delas. Tais espaçamentos são mais recomendados para o tomateiro dos grupos Santa cruz e Longa vida. Entretanto, várias alternativas vem sendo testadas, entre elas destaca-se o cultivo do tomateiro no sistema Viçosa, onde as plantas são dispostas no sulco no espaçamento de até 20 cm, deixando-se duas hastes por planta. Na cultura rasteira, pode-sesemear em filete contínuo, em fileiras espaçadas de 100cm, desbastando-se posteriormente, de modo a deixar 20 cm de intervalo entre cada conjunto de duas plantas, o que corresponde a 100000 plantas/ ha. 12.2.7 – TRATOS CULTURAIS: Dificilmente haverá outra cultura anual, na agricultura brasileira, mais exigente de tratos culturais que o tomateiro tutorado, o que onera sobremaneira o custo de produção. Já a cultura rasteira é muito menos exigente, sendo, portanto, de custo muito menor. Irrigação: Antigamente tomateiros tutorados no campo eram irrigados em sulco. Atualmente, há a introdução do gotejamento com bons resultados. Extensas culturas rasteiras são irrigadas por aspersão, embora haja um inconveniente: a lavagem dos defensivos pulverizados na parte aérea. Todavia, no cerrado goiano devido à baixa umidade do ar, as folhas secam algumas horas após a irrigação por aspersão, enquanto o solo mantém-se favoravelmente úmido. Desbrota: Realizada em cultivos tutorados, consiste no arranquio de brotos laterais manualmente, logo que apresentam comprimento suficiente para serem retirados. O corte com canivete, ou com unha, dissemina bacterioses e viroses, não devendo ser praticado. Dependendo do espaçamento utilizado, pode-se deixar uma única planta espaçada da outra, retirando-se todos os brotos laterais; ou duas plantas retirando-se todos os brotos laterais das mesmas; ou ainda, uma única planta espaçada da outra deixando-se duas guias, a principal e o primeiro broto abaixo do primeiro cacho. Desponta ou Capação: É o corte do broto terminal da haste, paralizando o crescimento vegetativo e diminuindo o número de cachos. Há redução no número de frutos produzidos, porém aqueles já formados desenvolvem-se mais e ganham peso. Tutoramento: Alguns tipos diferentes são utilizados: Sistema Cerca Cruzada Sistema com um único tutor de bambu Sistema de condução com uso do fitilho Sistema Viçosa Sistema de tutoramento para tomateiro de crescimento determinado Amarrio: Com fibra vegetal (de milho, piteira ou bananeira) ou sintética acompanha o tutoramento, devendo ser iniciado antes que a jovem planta tombe. O amarrio fixa a planta às varas ou aos arames, conforme o tipo de tutoramento. Deve ser repetido ao longo do ciclo cultural. Convém formar um “oito”com o amarrilho, prevenindo-se lesões nas hastes, devido ao atrito com a vara. Amarrio do tomateiro em forma de “oito”. - Amontoa:Na cultura tutorada, a amontoa alta favorece a emissão de raízes adventícias ao caule, especialmente quando efetuada juntamente com a primeira adubação em cobertura incorporada, rica em Ca e P. - Raleamento de pencas: Sempre que se deseja diminuir o número de frutos, em favor da qualidade destes, inclusive do tamanho, pratica-se o raleamento de pencas. É usual deixar apenas 4-6 frutinhos em cada penca. - Controle de Plantas invasoras: No sistema convencional de cultivo, a pulverização com herbicidas tem sido bastante utilizada. Há alguns herbicidas registrados para uso em tomaticultura. No cultivo em sistemas agroecológicos, a utilização de enxadas e o uso da cobertura morta são alternativas para o controle das plantas invasoras. 12.2.8 – ANOMALIAS FISIOLÓGICAS: O tomateiro apresenta algumas anomalias de origem não – parasitária, que afetam todas as partes da planta. É fundamental que tais distúrbios fisiológicos não sejam confundidos com problemas fitossanitários. - Podridão-Apical (Podridão-estilar ou Fundo-preto):É a anomalia mais comum em frutos, ocorrendo nas diversas regiões produtoras e nas mais diversas cultivares. Pode ocasionar perdas elevadas, acima de 50 % dos frutos produzidos, especialmente nas pencas inferiores. Caracteriza-se por uma mancha negra, dura e seca na extremidade apical, bem visível desde a formação dos frutinhos. Em casos mais raros, a mancha escura pode localizar-se no interior do fruto, sem o sintoma externo. A causa básica, primária, desta anomalia é a carência localizada de Ca no tecido da porção apical do fruto. A calagem, o uso do cálcio no plantio e em pulverizações foliares, a utilização de materiais resistentes são as formas de se prevenir tais anomalias. Sintoma de podridão apical em frutos de tomateiro Lóculo-Aberto: A ocorrência em tomateiros tutorados é mais freqüente nas duas primeiras pencas, justamente aquelas mais produtivas. Manifesta-se nas mais diversas condições e caracteriza-se pela má formação da parede, como se algo houvesse impedido a soldadura dos carpelos durante a formação do fruto. As aberturas expõem o interior dos lóculos, exibindo o tecido corticoso e necrosado da placenta. A má formação ocorre em posições variadas no fruto, e a intensidade do sintoma varia de uma pequena mancha necrosada até reentrâncias profundas. A carência de B é uma das causas frequentemente apontadas, principalmente em cultivares de frutos pluriloculares. Como prevenção temos o uso de cultivares resistentes, cultivo em casa de vegetação e em solos comprovadamente pobres, sugere- se aplicar 2g de bórax ao sulco de plantio, por planta. Sintoma de Lóculo aberto no fruto do tomateiro -Amarelo-baixeiro (Fisiológico): O amarelecimento das folhas inferiores, com uma clorose que se inicia nas margens dos folíolos e avança para o centro em forma de “V”, com nervuras se mantendo verdes, é o sintoma clássico da carência de Mg. Note-se que o Mg, ao contrário do Ca, se transloca das folhas mais velhas para as mais novas com rapidez. Observe-se que essa clorose afeta a totalidade das plantas, ou grupos, formando “manchas”dentro do tomatal. Quando o amarelecimento é ocasionado por virose, afeta comumente apenas plantas esparsas. Para o controle preventivo são aplicados o calcário dolomítico na calagem e o termofosfato magnesiano no sulco, além de formulações NPK apropriadas para o plantio que contenham Mg, além da aplicação de sulfato de magnésio via foliar. Outras anomalias fisiológicas: - Queda de Flores e Frutos - Frutos amarelados - Frutos ocados - Frutos rachados - Frutos com escaldadura - Enrolamento de Folhas baixeiras. 12.2.9 – CONTROLE FITOSSANITÁRIO: O tomateiro é a espécie olerácea cultivada mais sujeita à ocorrência de problemas fitossanitários, sendo os agentes de natureza variada. É fundamental que tais agentes sejam corretamente identificados, para que medidas efetivas de controle possam ser postas em prática. Atualmente, muito se estuda e se recomenda o chamado manejo integrado da cultura, que consiste em aplicar e integrar diversas medidas, sendo o controle químico apenas uma delas. Nesse sentido, destaca-se as seguintes medidas: - Plantar cultivares melhoradas para resistência genética a doenças. - Escolher épocas de plantio que desfavoreçam a doença ou a praga e beneficiem o tomateiro. - Efetuar rotação com culturas não-suscetíveis, destacando-se os cereais. - Manter a gleba arada e sem plantas (alqueive), durante alguns meses, exposta à luz solar e ao vento. - Controlar a irrigação, favorecendo a planta e dificultando o desenvolvimento dos agentes etiológicos. - Evitar o plantio próximo a outras culturas adultas de solanáceas principalmente. - Arrancar e queimar, imediatamente plantas suspeitas ou comprovadamente afetadas. - Queimar os restos culturais e as varas, logo após a colheita e o arranquio. - Controlar as plantas invasoras, especialmente aquelas hospedeiras de insetos vetores de vírus. - Circundar o tomatal plantado barreiras vivas contra os insets-praga, como o milho. 12.2.9.1- Doenças fúngicas - Requeima: O agente é o fungo Phytophthorainfestans . Os sintomas foliares apresentam-se como grandes manchas cinza-escuras, que principiam nas margens dos folíolos e avançam para o centro; sob frio e umidade surgem frutificações na face inferior, com aspecto de penugem branca, bem nítidas nas bordas das manchas. Lesões escuras surgem contornando hastes e pecíolos. Causa manchas marrons nos frutos. Exige baixa temperatura e alta umidade do ar, podendo ocorrer sempre que essas condições coincidirem, em qualquer estação do ano. As cultivares, inclusive os novos híbridos, não manifestam resistência genética. Esta doença é mais bem controlada pulverizando-se com fungicidas sistêmicos específicos. - Pinta – de- Alternária: É causada pelo fungo Alternaria solani. Os sitomas foliares caracterizam-se por pequenas manchas arredondadas, formadas por anéis concêtricos de tecidos necrosados marrons. Inicialmente, os folíolos apresentam-se como que salpicados por pintas pardas, que, ao crescerem, evidenciam os anéis; quando envelhecem, rompe-se ao centro. No fruto, origina manchas circulares escuras, próximo ao pedúnculo. Acontece sob as mais variadas condições agroclimáticas, em todas as estações, especialmente em temperatura e umidade do ar elevadas. Não há cultivares com resistência. Há fungicidas específicos utilizados em pulverização. - Septoriose: O agente é o fungo Septoria lycopersici. Caracteriza-se por pintinhas circulares, com contorno escuro e centro mais claro. Esta doença sempre principia pelas folhas inferiores, e o ataque se restringe a elas normalmente. As pintas tornam-se numerosas e coalescem, ocasionando a desfolha. É doença que ocorre sob temperatura e umidade do ar elevadas, sendo mais comum no verão. Não há cultivares resistentes. Obtém-se o controle pela pulverização com fungicidas. Outras doenças fúngicas: - Mancha-de-Estenfílio: Stemphylium solani S. lycopersici - Murcha-Fusariana: Fusarium oxysporum f. sp. lycopersici - Murcha-verticilar: Verticillium dahliae - Murcha-de –esclerócio: Sclerotium rolfsii - Rizoctoniose: Rhizoctonia solani - Podridão-de-esclerotínia:Sclerotinia sclerotiorum 12.2.9.2 – Doenças Bacterianas: - Cancro-Bacteriano: Causada por Clavibacter michiganensis subsp. Michiganensis, que é específica do tomateiro, não afetando outras culturas. É mais comum em tomatais tutorados, devido ao manuseio intensivo da planta no transplante e nos tratos culturais. O sintoma típico é o “olho-de-perdiz” nos frutos, lesões circulares, brancas com centro escuro, salientes. Nos pedúnculos surgem pequenos cancros pardos e uma fina queimadura margeando os folíolos é comum. A bactéria aloja-se na superfície e no interior de sementes, sendo estas o principal veículo de disseminação. Embora temperatura e umidade elevadas sejam as condições mais propícias, essa bacteriose ocorre ao longo do ano. O controle é totalmente preventivo, através do uso de sementes sadias, queima de restos culturais, rotação de cultura e pulverização com fungicidas cúpricos. - Murcha-Bacteriana: Essa bacteriose, cujo agente é Ralstonia solanacearum, causa a murcha irreversível da planta, sem amarelecimento das folhas. Para confirmação do diagnóstico, já que as murchas ocasionadas por fungos também ocorrem, pode-se efetuar um teste, o qual consiste em cortar um pedaço da base do caule, de uns 3 cm, e lavá-lo em água corrente. Em seguida, é mergulhado em água limpa, dentro de um copo, ficando suspenso por um suporte. O teste é positivo caso se observe, após alguns minutos, um fluxo de pus bacteriano exudando da extremidade cortada do caule em direção ao fundo do copo. O controle preventivo deve ser feito com rotação de cultura, limpeza e desinfecção de ferramentos e implementos agrícolas, controle da irrigação evitando-se excesso de água, uso de cultivares resistentes (raro). - Outras Bacterioses: - Pústula-Bacteriana: Xanthomonas campestris pv. Vesicatoria - Pinta-Bacteriana: Pseudomonas campestris pv. Vesicatoria - Talo-oco: Erwinia carotovora subsp. Carotovora. 12.2.9.3- Viroses: - Mosaico-comum: É ocasionada pelo vírus TMV e ToMV, responsáveis pela doença no fumo e no tomateiro. Ocorre a transmissão pelo contato da planta com mãos contaminadas, ou com implementos agrícolas. A virose também pode ser veiculada por sementes. Nos folíolos observa-se o sintoma clássico de “mosaico”, áreas cloróticas entremeadas com outras de coloração normal. Plantas afetadas quando jovens têm crescimento retardado. A melhor medida preventiva de controle é impedir que as plantas sejam tocadas por mãos contaminadas de operários fumantes, durante o transplante ou ao serem efetuados os tratos culturais. O uso de sementes sadias e de cultivares resistentes também são formas de controle eficiente. - Vira-cabeça (Tospovirose): É uma virose causada por um complexo de vírus – os tospovírus. Os sintomas são variados, dependendo do vírus envolvido: os folíolos do ápice tornam-se arroxeados ou bronzeados; podem ocorrer lesões necróticas nos folíolos; as folhas do topo curvam-se; há nanismo em plantas jovens; em frutos verdes há lesões deprimidas; e em frutos maduros ocorrem manchas aneladas amarelas. É transmitido por várias espécies de tripés, que se instalam dentro da flor, razão pela qual pulverizações são ineficientes em tomatais adultos. As plantas hospedeiras desses vírus pertencem a mais de 70 famílias. Como forma de controle preventivo deve-se eliminar os tripes na maioria das vezes com o uso de inseticidas, não plantar próximo a tomatais adultos, evitar o plantio próximo a outras hortaliças hospedeiras do vetor (pimentão, cebola, alho e ervilha) e o uso de cultivares resistentes. Outras doenças causadas por vírus: - Mosaico-Dourado (Geminivirose) - Topo-Amarelo - Amarelo-Baixeiro (virótico) - Mosaico Y - Broto-crespo. 12.2.9.4 – Insetos-Praga Brocas-dos-frutos: Atualmente ocorrem quatro tipos de “brocas”atacando os frutos: traça-do-tomateiro (Tuta absoluta), broca-pequena (Neuleucinoides elegantalis), broca- grande (Helicoverpa zea) e Traça-da-batata (Phthorimaea operculella). Essas larvas penetram nos frutos ainda pequenos, desenvolvendo-se em seu interior, ou broqueiam os tomates, de fora para dentro; algumas também perfuram as hastes. O controle é obtido pelas medidas usuais (rotação de cultura, evitar vizinhança de tomatais afetados, escolher época de plantio propícia etc.). É necessário efetuar pulverizações com inseticidas de última geração, já que é comum ocorrer resistência a produtos tradicionais, especialmente no caso da traça-do-tomateiro. Tais pulverizações devem atingir bem as pencas inclusive. Também podem ser aplicados inseticidas granulados sistêmicos no sulco de plantio. Deve-se empenhar para que apenas inseticidas registrados sejam aplicados, bem como para que os períodos recomendados de carência sejam obedecidos. O controle biológico dessas “brocas”utiliza predadores, parasitóides e um inseticida bacteriano. Pesquisas vêm sendo desenvolvidas neste sentido. Mosca-Branca: As mosquinhas da espécie Bemisia tabaci localizam-se na face inferior dos folíolos, onde sugam a seiva e transmitem a temível “geminivirose”, sendo o inseto e o vírus responsáveis pela erradicação da cultura em certas regiões. As condições tropicais favorecem enormemente este inseto-praga, que se reproduz praticamente ao longo do ano, na maioria das regiões. O controle tem sido muito problemático: formam-se as mudas em estufa de tela fina; aplicam-se inseticidas granulados sistêmicos no sulco de plantio e pulverizam-se inseticidas recentemente lançados, já que ocorre resistênciano inseto. Um desenvolvimento recente é a pulverização com inseticidas biológicos, tendo fungos entmófagos como princípio ativo. Mosca-minadora: As espécies Liriomyza huidobrensis, L. trifolii e L. sativae são moscas cujas larvinhas minam as folhas interiormente, provocando o secamento destas. Há suspeitas de que disseminem doenças fúngicas. Adquirem rapidamente resistência a inseticidas. O controle é feito com a aplicação de inseticidas granulados sistêmicos no sulco de plantio, pulverização com inseticidas recentemente lançados, hoje tem avançado o uso de inseticidas biológicos. Outros insetos pragas: - Pulgões - Tripes - Cigarrinha. 12.2.9.5 – Ácaros Fitófagos: Alguns ácaros afetam o tomateiro: ácaro-do-bronzeamento (Aculops lycopersici), ácaro-vermelho (Tetranychus evansi) e ácaro-rajado (T.urticae). Os ácaros, minúsculos ou microscópicos, sugam a face inferior dos folíolos, e na superior surgem manchas cloróticas. Alguns formam teias nas folhas, outros causam um típico bronzeamento de hastes e folhas. Ataques intensos de ácaros secam a planta. Clima quente e seco favorece os ácaros; as chuvas e a irrigação por aspersão, contrariamente, auxiliam no controle. Pulverizam-se acaricidas específicos ou inseticidas com ação acaricida. 12.2.9.6- Nematóides: Os nematóides das espécies Meloidogyne incógnita, M. javanica e M.arenaria ocasionam inchações (galhas) típicas nas raízes, bem como plantas com baixo vigor, crescimento retardado e, em caso de ataque mais severo, amarelecimento e morte. Estes nematóides também favorecem a penetração de patógenos do solo. O melhor controle é a utilização de cultivares resistentes, havendo algumas disponíveis. Para diminuir a população de nematóides no solo, recomendam-se as medidas: aração profunda e exposição prolongada das camadas inferiores ao sol, antes da gradagem; rotação longa com gramíneas, preferencialmente pastagem; não-plantio de outras culturas suscetíveis em seguida ao tomateiro; arranque e queima dos restos culturais. Nematicidas granulados podem ser aplicados no sulco de plantio, obtendo-se controle localizado apenas temporário. 12.2.10 – COLHEITA E COMERCIALIZAÇÃO De uma maneira geral os frutos devem serem colhidos quando atingirem o ponto de maturação fisiológica. Na prática, esse estágio é alcançado quando os frutos encontram- se “De vez”. Para atender a esse requisito, ajustam-se os intervalos entre colheitas, conforme o ponto de maturação desejado e as condições agroclimáticas. Normalmente, tal intervalo é de 2-3 dias, sob temperaturas mais elevadas, e de 5-7 dias, sob temperaturas amenas ou frias. As colheitas são iniciadas aos 85-120 dias da semeadura, dependendo da cultivar, do tipo de implantação da cultura, do grau de maturação exigido, bem como de outros fatores. Cultivares de porte indeterminado apresentam período de colheita que se prolonga por 50 a 90 dias, conforme o estado fitossanitário e nutricional das plantas. Bons tomaticultores obtêm de 100 a 180 t/ha de frutos, ou até mais, utilizando híbridos de porte indeterminado, em cultura tutorada. Em casa de vegetação, podem ser obtidas em torno de 200t/ha. Normalmente, os frutos do tipo Santa Cruz são classificados pelo diâmetro transversal, segundo as normas de cada local de comercialização, sendo separados empiricamente em “graúdos”, “médios” e “miúdos”. Quando levados ao mercado, geralmente são classificados em quatro tipos: Extra 2A ; Extra A; Extra e Especial. A embalagem tradicional é a rústica caixa de madeira tipo “K”, completamente inadequada, inclusive por danificar os frutos, com capacidade para 23 a 28 kg. Esse tipo de embalagem vem sendo, timidamente, substituído por modernas caixas de papelão ondulado e também por caixas plásticas. 12.3 – OUTRAS HORTALIÇAS PERTENCENTES À FAMÍLIA DAS SOLANÁCEAS 12.3.1- Batata (Solanum tuberosum ssp. tuberosum) 12.3.2- Pimentão (Capsicum annuum) 12.3.3- Jiló ( Solanum gilo) 12.3.4 – Berinjela (Solanum melongena) 12.4 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS - FILGUEIRA FAR. 2008. Novo manual de olericultura. Viçosa: UFV. 421p. - FONTES PCR. 2005. OLERICULTURA teoria e prática. Viçosa: UFV. 486p. - PREZOTTI, L.C.; GOMES, J.A.; DADALTO, G.G.; OLIVEIRA, J.A. 2007. Manual de Recomendação e Adubação para o Estado do Espírito Santo (5 a aproximação). Vitória-ES. 305 p. 12.5- QUESTIONÁRIO 01- Descreva o que você entendeu por tomateiro de crescimento determinado e indeterminado. Qual tipo foi cultivado nas aulas de Produção Vegetal I? 02- Enumere três cultivares (ou grupos) de tomate destacando uma característica cada. 03- De acordo com o que foi discutido em sala de aula, diferencie adubação de plantio e adubação de cobertura na cultura do tomateiro. 04- De acordo com o que foi estudado sobre a cultura do tomateiro tutorado, indique um espaçamento que seja adequado para a mesma. 05- Descreva resumidamente como deverá ser efetuada a desbrota do tomateiro de crescimento indeterminado, quando uma única planta será conduzida com duas hastes. 06- Descreva no mínimo três sistemas de condução utilizados para a cultura do tomateiro, citando aquele que está sendo mais utilizado em nossa região ultimamente. 07- Descreva como deverá ser realizado o amarrio do tomateiro citando os principais materiais utilizados. Faça uma ilustração de como ocorre esse procedimento. 08- Enumere no mínimo duas anomalias fisiológicas de importância econômica na cultura do tomateiro, destacando os nutrientes cujas deficiências poderão levar a tais anomalias. 09- Relacione a 2 a coluna de acordo com a 1 a : A) Anomalia fisiológica ( ) Broca Pequena do Fruto B) Doença causada por vírus ( ) Requeima C)Doença causada por bactérias ( )Vira cabeça D) Doença causada por fungos ( ) Talo oco E) Inseto Praga ( ) Podridão apical 10- Além do tomate, quais hortaliças relacionadas abaixo são pertencentes à família das solanáceas: a) ( ) Pimentão, batata Yacon e jiló b) ( ) Pimentão, batata baroa e jiló c) ( ) Pimentão, batata e berinjela d) ( ) Pimentão, batata-doce e jiló e) ( ) Berinjela, jiló e quiabo.
Compartilhar