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Notas sobre cidadania e modernidade

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Resenha do Texto Notas sobre cidadania e modernidade.
Segundo o autor estamos inseridos em uma nova concepção e de novas práticas de cidadania. Antes de mais nada, ocorre uma profunda articulação entre cidadania e democracia e a democracia e um sinônimo de soberania popular, ou seja é a participação ativa dos cidades na constituição do governo e no controle da vida social.
Segundo Marx, os indivíduos constroem coletivamente todos os bens sociais, todas as riquezas materiais e culturais e todas as instituições sociais e políticas, mas não são capazes, dada a divisão da sociedade em classes antagônicas, de se apropriarem efetivamente desses bens por eles mesmos criados.
Desde Rousseau, o mais radical representante do pensamento democrático, que estabelecia que a democracia e a participação consciente de todos em todas a gestações e no controle da esfera política, ou seja ele vai estabelecer uma sabedoria popular, onde todos atuam como súdito e soberano.
O que melhor expressa a democracia e o conceito de cidadania é a posse e o exercício pleno de todo conjunto de direitos e deveres, conquistados historicamente, de natureza civil, política, e social.
O autor vai trazer um crítica, de que não a democracia, soberania popular ou cidadania plenas na modernidade, devido ao fato de quer determinadas classes são excluídas, são colocadas inúmeras restrições pra exercícios pleno da cidadania, para o autor estamos vivendo uma cidadania regulada. Um exemplo dessa cidadania e a Grécia antiga, onde eram excluídos do direitos de cidadania que na época abrangia apenas os direitos políticos, de participação no governo, as mulheres, estrangeiros e escravos. Atualmente ainda vimos esses tipos de restrições do exercícios da cidadania plena, um exemplo é o voto censitário.
Para Hegel só á direitos se os mesmo forem garantidos e assegurados pelo estado.
Coutinho vai contestar a teoria de Locke de que o homem possui direitos naturais, segundo o autor os direitos são fenômenos sociais, são resultado da história, ou seja os direitos foram sendo criados de acordo com a necessidades de um dado momento histórico de uma determinada classe ou grupo social. Um exemplo disso são as leis trabalhistas na Inglaterra, devido a exploração desumana que os operários eram submetidos na época da revolução industrial. Outro exemplo e a lei do voto pra as mulheres, que até, então eram impedidas de votar e ser votadas.
Marshall em seu no seu famoso ensaio sobre "Cidadania e Classe Social" definiu três níveis de direitos de cidadania traçou uma ordem cronológica para o surgimento desses direitos no mundo moderno, descrevendo um processo que se inicia com a obtenção dos direitos civis, passa pelos direitos políticos e chega finalmente aos direitos sociais.
O que são "direitos civis" e como surgiram historicamente? Para Marshall, esses direitos surgiram na Inglaterra no século XVIII, tonando-se direitos efetivamente positivos depois que a chamada Revolução Gloriosa, de 1688. Trata-se, essencialmente, do direito à vida, à liberdade de pensamento e de movimento (de ir e vir) e, não em último lugar, à propriedade. Sabemos hoje que eles não são direitos naturais, mas sim direitos históricos; surgiram como demandas da burguesia em ascensão e início da sociedade capitalista, e a redução do poder dos estados absolutistas. A afirmação dos direitos civis, portanto, implicava uma limitação do poder do Estado. São direitos dos indivíduos contra o Estado, ou seja, são direitos que os homens devem usufruir em sua vida privada, que deve ser protegida contra a intervenção abusiva do governo.
O texto vai trazer um questionamento, de que os direitos civis favorecem apena a classe burguesa, tirando assim sua universalidade, um exemplo e o direito à propriedade, que obviamente não abrange todos.
Marx vai fala que, os direitos civis, os direitos do indivíduo privado não são suficientes para realizar a cidadania plena, que ele chamava de "emancipação humana", mas são certamente necessários. O próprio direito de propriedade não é negado por Marx e pelos marxistas, mas sim requalificado: para que esse direito se torne efetivamente universal, assegurando a todos a apropriação dos frutos do próprio trabalho, a propriedade não pode ser privilégio de uns poucos, devendo ao contrário ser socializada e, desse modo, universalizada, Portanto, a cidadania plena que, como mostrarei adiante, parece-me incompatível com o capitalismo.
Segundo o autor, não há cidadania plena (ou, o que é o mesmo, não há democracia), sem o que Marshall chamou de "direitos políticos", isto é, sem a retomada daquela dimensão da cidadania que era própria dos gregos. E quais são esses direitos? Além do direito de votar e de ser votado, que é um dos principais meios de assegurar a participação na tomada das decisões que envolvem o conjunto da sociedade, temos ainda -- precisamente como condição para que essa participação se torne efetiva - o direito de associação e de organização. Esses direitos, pelo menos até o final do século XIX, foram negados à grande maioria da população, mesmo nos regimes liberais.
A vários exemplos dessa negação, como restrições do direito do sufrágio universal, até na primeira constituição posteriormente a revolução Francesa, foram negados os direitos políticos as cidadoas considerados passivos. O direito ao voto com base na propriedade está presente na totalidade das constituições liberais do século XIX.
A transformação do direito universal ao sufrágio em um direito positivo só se completou na Europa no século XX. (E, no Brasil, só em 1988, quando a Constituição em vigor suprimiu a proibição de voto aos analfabetos.) Em muitos países europeus, os trabalhadores tiveram de promover amplos movimentos sociais, como greves gerais, para conquistarem esse direito. Isso já indica um fato fundamental: a generalização dos direitos políticos, até mesmo nesse nível do sufrágio, mas também ao direito de organização. Com efeito, durante muitos anos, os governos liberais proibiram os sindicatos, sob a alegação de que eles violavam as famosas leis do mercado. Na França, por exemplo, somente nos anos 70 do século XIX é que os trabalhadores conseguiram revogar a Lei Le Chapellier, promulgada em 1791, em plena Revolução Francesa, que proibia a associação dos trabalhadores e as greves. Resultado, assim a da luta da classe trabalhadora.
Podemos caracterizar o liberalismo como uma teoria e um regime político burgueses, pois está ligado à classe burguesa desde sua origem. Sendo um erro falar em “democracia burguesa” por que não existe democracia onde só uma parte da população participa.
Devido a um processo de luta dos trabalhadores por mais participação nessa “democracia burguesa” os parlamentos eleitos por sufrágio universal são um conquista, rumo a um “democracia ampliada” e portando mais próximo ao ideal de soberania popular.
O autor também diz que há um terceiro nível dos direitos de cidadania, que são os “direitos sociais” (uma designação que pode levar a equívocos, já que todos os direitos, inclusive os civis e os políticos, são sociais por sua origem e vigência) Os direitos sociais são os que permitem ao cidadão uma participação mínima na riqueza material e espiritual. Esse “mínimo” deve ser definido, como resultado das lutas sociais.
O primeiro direito social a ser reconhecido de modo positivo, foi o direito à educação pública e universal, laica e gratuita. E no séc. XX, muitos outros direitos sociais foram se estabilizando como à saúde, à habitação, à previdência pública, terminando por gerar o que tem sido chamado de Estado de Bem-Estar Social.
Tal como no caso dos direitos civis e políticos, os direitos sociais, não basta serem reconhecidos e positivados pelos estados, A presença de tais direitos nas Constituições, seu reconhecimento legal, não garante automaticamente a efetiva materialização dos mesmos. É preciso torna-los efetivamente um dever do estado
O autor busca também reafirma a importância as lutas das classes trabalhadoras na conquista dos direitos civis,
políticos e sociais 
“Os direitos políticos, são igualmente uma conquista da classe trabalhadora.”
“Através de suas lutas, os trabalhadores postulam direitos sociais que, uma vez materializados, são uma sua indiscutível conquista”
Ele critica essa visão unilateral onde e atribuído a conquista dos direitos como formas de legitimação da burguesia, assim excluindo a importância e não crucial a luta dos trabalhadores para a conquista desses direitos.
Segundo o autor os atuais governantes burgueses buscam pôr fim ao Estado do Bem-estar, ao conjunto dos direitos sociais conquistados pelos trabalhadores. Na qual tais direitos se revelam contrários a lógica capitalista de acumulação máxima da taca de lucro. A “ampliação da cidadania” esse processo progressivo e permanente de construção dos direitos democráticos que caracteriza a modernidade - termina por se chocar com a lógica do capital. Mas que tem tido até agora, a longo prazo, uma tendência predominante: a da ampliação progressiva das vitórias economia política do trabalho sobre a economia política do capital.
Esse antagonismo entre cidadania plena e capitalismo, de resto, expressa uma outra contradição, ou seja, a contradição entre cidadania e classe social: a universalização da cidadania é, em última instância, incompatível com a existência de uma sociedade de classes. Ou, em outras palavras: a divisão da sociedade em classes constitui limite intransponível à afirmação consequente da democracia. Como parece óbvio, a condição de classe cria, por um lado, privilégios, e, por outro, déficits, uns e outros aparecendo como óbices a que todos possam participar igualitariamente na apropriação das riquezas espirituais e materiais socialmente criadas. Ora, se há alguma conclusão a tirar disso, ela me parece óbvia (embora toda a propaganda ideológica atual tenda a negá-la): só uma sociedade sem classes - uma sociedade socialista - pode realizar o ideal da plena cidadania, ou, o que é o mesmo, o ideal da soberania popular e, como tal, da democracia.
Em suma, o Estado é definido como um aparelho que representa apenas os interesses da classe dominante e que faz valer tais interesses através da coerção.
O Estado capitalista se manifestava efetivamente como uma arma nas mãos da burguesia, como algo fortemente excludente e coercitivo. Vejamos alguns exemplos. Onde havia sufrágio, tratava-se apenas de um sufrágio restrito, como recordei antes: o voto era censitário, Os sindicatos eram proibidos. Não havia ainda partidos de massa, que representassem os interesses das classes excluídas do poder, Não havia, portanto, um mínimo de direitos políticos, a liberdade de expressão era reprimida, assim precarisando o exercício dos direitos civis, e os direitos sociais eram completamente ignorados. Configurando assim um estado “restrito” que beneficiava apenas um determinada classe.
Surge no final do século XIX e é reforçada no século XX, a “sociedade civil” originada por Gramsci, que basicamente de sem ser governamental tem incidências diretas sobre o Estado. Por isso, para Gramsci, a “sociedade civil” torna-se um momento do próprio Estado, de um Estado agora concebido de modo “ampliado”. Torna-se agora necessário obter também o consentimento, ainda que relativo dos governados.
Surge agora uma sociedade que se associa, que faz política, que representa e organiza os múltiplos interesses que se divide a sociedade como um todo, configurando, assim um ampliação da cidadania política. Desaparecendo progressivamente aquele estado “restrito”.
Agora se tornou possível, em função da correlação de forças, impor limites à implementação dos interesses burgueses e até mesmo, em certas condições, impor decisões que contrariem esses interesses e atendam a demandas das classes subalternas. Ora, essa nova concepção marxista do Estado me parece ligada organicamente aos processos de ampliação e construção da cidadania de que tratamos anteriormente. Foi porque se desenvolveram os direitos de cidadania, tanto políticos quanto sociais, que se tornou possível essa nova configuração do Estado, que o faz permeável à ação e aos interesses das classes subalternas.
Ele afirma e a sociedade civil e um grande passo para a construção de um sociedade socialista capaz de realizar plenamente a democracia e a cidadania, não através de guerras violentas, mais sim, de um longo processo de reformas. 
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
TRABALHOS GRATUITOS- Notas Sobre Cidadania E Modernidade, 2014. [Internet] Disponível em: https://www.trabalhosgratuitos.com/Sociais-Aplicadas/Filosofia/Notas-Sobre-Cidadania-E-Modernidade-290268.html>. Acesso em: 23/05/2018. 
COUTINHO, Carlos Nelson - Cidadania e Modernidade, 1999. [Internet] Disponível em https://www.marxists.org/portugues/coutinho/1994/05/20.pdf>. Acesso em: 23/05/2018.

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