Buscar

Livros Proféticos E Poéticos

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 31 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 31 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 31 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

LIVROS PROFÉTICOS E POÉTICOS
Aula 1
Os Livros que denominamos de poéticos fazem parte dos Hagiógrafos no Cânon Judaico
São eles: Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cantares de Salomão
Esses livros são classificados como poéticos porque a poesia é predominante na estrutura do texto, mas neles há narrativas e profecias
Essas poesias foram produzidas por inspiração divina para servirem como instrumento de comunhão com Deus
1. Características dos Livros Poéticos
Há uma característica peculiar da poesia hebraica chamada paralelismo
Tal paralelismo se divide em três formas: a antitética, a sinônima e a sintética
A forma antitética (que denota contraposição) consta de duas cláusulas, uma fazendo contraste com a outra, e, assim, esclarecendo a significação de ambas. É muito utilizada no ensino e é usada no Livro de Provérbios. Por exemplo: “O que ama a correção ama o conhecimento, mas o que aborrece a repreensão é um bruto.” (Provérbios 12.1)
Às vezes, há duas frases ou cláusulas na primeira afirmação, e duas na segunda, como no Salmo: “Pois não foi por sua espada que possuíram a terra, nem foi o seu braço que lhes deu vitória, e sim a tua destra, e o teu braço, e o fulgor do teu rosto, porque te agradaste deles” (Salmo 44.3)
A segunda forma de paralelismo é a sinônima (de significado semelhante) da poesia hebraica. Consta das passagens em que o mesmo pensamento geral é repetido em duas ou mais cláusulas. Vejamos alguns exemplos: “Pois do Senhor é o reino, é ele quem governa as nações.” (Salmo 22.28)
“A falsa testemunha não fica impune, e o que profere mentiras não escapa.” (Provérbios 19.5)
A terceira forma de paralelismo é a sintética (termo grego que significa “reunido” ou “juntado”). Nesta, é necessária uma cláusula para explicar a significação da outra
Exemplos: “A estultícia do homem perverte o seu caminho, mas é contra o Senhor que o seu coração se ira.” (Provérbios 19.3)
“Não te glories do dia de amanhã, porque não sabes o que trará à luz.” (Provérbios 27.1).
A característica da poesia hebraica é o uso de paralelismos, que se dividem em três espécies conforme vimos
A poesia hebraica consta de um ritmo ou correspondência de ideias, e não tanto de sons, por isso é possível a tradução em outras línguas, sem perder muito de sua beleza
Livro de Jó
O Livro de Jó ocupa um lugar muito particular na Palavra de Deus
Ele tem um caráter totalmente próprio, e ensina lições que não vamos achar em nenhuma outra parte da Bíblia
Jó era conhecido na tradição hebraica como um homem santo, como está escrito: “havia um homem na terra de Uz, cujo nome era Jó; e este era homem sincero, reto e temente a Deus; e desviava-se do mal” (Jó 1.1)
Autoria
Ela é incerta, várias são as hipóteses levantadas quanto à autoria deste livro. Nomes semelhantes aparecem nos textos egípcios, tanto a derivação quanto o significado do nome permanecem incertos
Assunto do livro
O Livro de Jó investiga questões que têm perturbado o ser humano desde o princípio – o sofrimento do justo. A pergunta que ecoa por todo o Livro é: Por que sofrem os justos?
Data de compilação
É desconhecida a data em que foi escrito o Livro, entretanto, várias datas têm sido sugeridas pelos estudiosos como: no período interbíblico, na época de Salomão, no período mosaico etc.
Estrutura do livro
A estrutura do Livro de Jó segue um esquema lógico e literariamente harmônico 
O livro foi escrito seguindo uma sequência coerente, tendo em vista o seguinte esquema:
Prólogo – Composto de uma prosa em que resume a existência de Jó antes do seu sofrimento, e as acusações que Satanás levantou contra ele perante o Senhor Deus
Diálogos – Temos três diálogos, Jó discutindo com seus amigos o tema principal deste livro: o sofrimento do justo
Monólogos – Dois são os monólogos do Livro: o de Eliú e o de Deus. O primeiro afirmando que Deus tem o direito de provar os seus servos. O outro, o monólogo de Deus, que leva Jó a compreender seus desígnios
Epílogo – Narra a restauração de Jó, onde seu último estado se torna melhor do que o primeiro
Livro de Salmos
O nome hebraico para o Livro de Salmos é sepher tehillim, que significa “livro de louvores” 
As versões gregas levam os títulos Psalmoi e Psalterios, de onde tiramos nossos títulos Salmos e Saltério
O livro contém 150 poemas de adoração para serem cantados em louvor
Muitos dos Salmos são preces e súplicas a Deus, alguns contêm bons conselhos
A autoria se encontra nos títulos dos Salmos. Nem todos têm o nome do autor
73 salmos são atribuídos a Davi 
Moisés (90), Salomão (72, 127), Asafe (50, 73-83), Hemã (88), Etã (89) e filhos de Coré (42, 44-49, 84, 85, 87)
Data da compilação
Podemos dizer, de acordo com a autoria dos Salmos, que sua compilação se estendeu desde a época de Moisés (1440 a.C.) até depois do cativeiro babilônico (586 a.C.)
Organização do Saltério
Foi organizado em cinco livros, delimitados por uma fórmula conclusiva, em correspondência com os cinco Livros do Pentateuco
Livro 1 – Salmos 1-41
Livro 2 – Salmos 42-72
Livro 3 – Salmos 73-89
Livro 4 – Salmos 90-106
Livro 5 – Salmos 107-150
Classificação dos Salmos:
Históricos – revendo os atos de Deus e as repostas de Israel (Salmos 68; 78; 105; 106)
Penitenciais – expressam a tristeza do autor sobre o pecado e falhas pessoais (Salmos 6; 32; 51)
Imprecatórios – protestam contra a injustiça e clamam pela intervenção divina (Salmos 35; 69; 109; 137)
Litúrgicos – usados na adoração do Templo em ocasiões especiais (Salmos 30; 92; 120-134)
Louvor – em que o foco está na pessoa ou obra de Deus e cuja intenção é exaltá-lo (Salmos 33; 103; 138)
Messiânicos – enfocam vida e ministério do Messias esperado (Salmos 2; 8; 16; 22; 40; 45; 69; 72;)
Para Refletir
No Livro de Jó aprendemos sobre as questões que têm perturbado o ser humano – o sofrimento do justo
Todos nós iremos passar por um tipo de sofrimento, o importante é refletirmos como iremos agir
Leia o Salmo 1 e reflita sobre os personagens apresentados no texto e as consequências que cada um terá de acordo com seu procedimento de vida
O livro de Salmos é um “livro de louvores”
O que nós podemos aprender lendo o livro de Salmos?
Características dos Livros Poéticos
A forma antitética (que denota contraposição)
A forma sinônima (de significado semelhante)
A forma sintética (reunido ou “juntado”)
Livro de Jó
Autoria
Assunto do livro
Data de compilação
Estrutura do livro
Livro de Salmos
A autoria – se encontra nos títulos dos Salmos
Data da compilação (1440 a.C. até 586 a.C.)
Organização – em cinco livros
Classificação dos Salmos
Aula 2
Organização da Aula
1. Livros Poéticos
2. Livro de Provérbios
Autores
Tema
Data da compilação
3. Livro de Cantares de Salomão
Autores
Tema
Data da compilação
Contextualização
Nesta aula iremos dialogar sobre os três livros poéticos 
Iremos perceber alguns pontos importantes, como: mesmo que os três livros tenham a mesma idéia literária, que é a poesia, cada um tem aspectos peculiares
O estudo desses livros nos revela que através dos conselhos de provérbios, bem como das narrativas de Cantares, os autores transmitiram verdades importantes para a vida
Conceitualização
1 – Livro de Provérbios
Livro de Provérbios é uma coleção de avisos e conselhos com a intenção de inculcar as virtudes que a Bíblia persevera em afirmar do começo ao fim
O propósito primário dos provérbios é didático, pois suas declarações compactas e práticas fazem com que seu conteúdo se fixe facilmente na memória
Um provérbio é uma frase curta que expressa um princípio moral ou uma lição prática de maneira precisa e eficaz
Autores – o livro tem vários autores
Muitos dos provérbios foram escritos por Salomão
Outros, podem ter sido coletados por ele
Outros autores mencionados por nome em provérbios são:
Agur (30.1-33)
Lemuel (31.1-9)
A tradição judaica no Talmude (Baba Bathra 15a) afirma que “Ezequias e seuscompanheiros escreveram os Provérbios”. A ideia é a de “Ezequias e seus companheiros” não como autores, mas compiladores que ajuntaram e editaram o livro, acrescentando outros provérbios
Tema – o Livro de Provérbios é rico em expressões concisas, as quais têm a finalidade de ensinar as pessoas a viver em retidão de acordo com o padrão divino
O propósito do livro é esclarecido em seus versos iniciais: “Para aprender a sabedoria e o ensino; para entender as palavras de inteligência; para obter o ensino do bom proceder, a justiça, o juízo e a equidade; para dar aos simples prudência e aos jovens, conhecimento e bom siso” (Pv 1.2-4)
Data da compilação – é provável que o livro tenha adquirido o presente formato no tempo do rei Ezequias (726-698 a. C.), como sugerido em Provérbios 25.1
2 – Livro de Eclesiastes
O título “Eclesiastes” é derivado da tradução grega de “qoheleth”, que significa “pregador”
A mensagem de Eclesiastes é que a vida longe de Deus é repleta de canseira e desapontamentos. Dessa maneira, “o problema que Salomão enfrentou foi como achar felicidade e satisfação longe de Deus (1.1-3)
Autor – tem atribuído a Salomão a autoria desse livro devido à informação oferecida nos dois primeiros versículos do capítulo inicial
Fatos que confirmam a autoria de Salomão 
O autor afirma “venho sendo rei em Jerusalém” (1.12)
A descrição de Eclesiastes (2:1-11) confere com as riquezas que Salomão possuiu e construiu (2 Crônicas 8.1- 9.28)
O autor identifica-se como aquele que reuniu e organizou muitos provérbios (12.9)
Ninguém possuiu tanta sabedoria, prosperidade e expressão mundial no período monárquico quanto Salomão
Tema – o escritor se dispõe a explorar o significado da vida e conclui dizendo: “Vaidade de vaidades! Tudo é vaidade!”. Esse é o tema que é desenvolvido em todo o livro 
O tema “tudo é vaidade” é desenvolvido em vários discursos, sendo que o primeiro bloco demonstra a insignificância da vida e o segundo esboça deduções éticas de suas observações sobre a vida
Ele buscou na Ciência (1.4-11), mas não obteve resposta 
Buscou na Filosofia (1.12-18), mas em vão
Descobriu que o prazer (2.1-11), a alegria (v.1), a bebida (v.3), a construção (v.4), as possessões (v. 5-7) e a música (v.8) são todos vazios
Ele experimentou o materialismo (2.12-26), o fatalismo (3.1-15) e o deísmo (3.1-4.16), mas esses também eram vãos
A religião natural (5.1-8), a riqueza (5.9-6.12), e mesmo a moralidade (7.1-12.12) mostraram-se igualmente inúteis
Data – a corrente mais conservadora tem datado o livro na época de Salomão, por volta do ano 990 a. C.
Para alguns estudiosos modernos esse livro não poderia ter sido escrito antes do exílio (598 a. C.) devido ao gênero filosófico e suas muitas palavras distintas
3 – Livro de Cantares de Salomão
O título desse livro em hebraico é “shir hashirim”, ou seja, “o mais excelente dos cânticos”. A Septuaginta traduziu literalmente por “ásma asmáton”, isto é, “cântico dos cânticos”
Cantares é um drama em poesia, uma história de amor de Salomão por sua noiva Sulamita, enfeitada pelo coro das amigas da noiva, que se alegram com ela
Revela o amor num ambiente de primavera florida, com metáforas e figuras de linguagens que demonstram o gosto que Salomão sentia pela natureza, pelos jardins, pelos pomares e pelos rebanhos
Autoria – tradicionalmente, tem sido atribuída ao rei Salomão a autoria desse livro 
Há razões pelas quais a autoria salomônica deve ser aceita 
Título em que está dito que se trata do mais belo Cântico de Salomão (1.1)
Salomão é mencionado explicitamente em várias partes do poema (1.1,5; 3.7,9,11; 8.11-12)
O livro aponta para um estilo de vida de uma pessoa muito rica, com várias referências à riqueza, ao luxo, à presença de bens importados (3.6-11)
O livro exibe amplo conhecimento da flora e da fauna de Canaã
Tema – o tema de Cantares é o amor do rei Salomão por sua noiva Sulamita, e da profunda afeição dela por ele. Sendo assim, Cantares relata uma história de amor que glorifica o amor puro e natural
Data da compilação – se partimos da ideia de que esse livro é de Salomão, então podemos datar sua compilação em torno de 970 a 930 a. C.
Aplicação Prática
No Livro de Provérbios temos vários conselhos 
Leia do capítulo 5 ao 7 e escreva quais as diferentes advertências que o autor faz e reflita como tais conselhos podem lhe ajudar no seu cotidiano
Faça uma leitura do material de apoio e veja de que maneira os judeus e os cristãos interpretam o Livro de Cantares
Síntese
Livro de Provérbios
Autoria: tivemos vários autores – Salomão, Agur, Lemuel
O objetivo era ensinar as pessoas a viver em retidão de acordo com o padrão divino
Data da compilação: tempo do rei Ezequias (726-698 a. C.)
Livro de Eclesiastes
Autoria: atribuída a Salomão
Tema: “tudo é vaidade”
Data da compilação: por volta do ano 990 a. C.
Livro de Cantares de Salomão
Autoria: tem sido atribuída ao rei Salomão
Tema: o amor do rei Salomão por sua noiva Sulamita
Data da compilação: podemos datar em torno de 970 a 930 a. C.
Aula 3
Introdução
Na concepção popular, “profeta” é alguém que consegue predizer o futuro, e “profecia” significa “predição daquilo que ocorrerá”. (...)
(...) O profeta, de acordo com a Bíblia, era alguém chamado por Deus e, como se pode verificar no Antigo Testamento, era chamado para falar em nome de Deus. (...)
(...) Na Bíblia Sagrada encontramos tanto profetas “orais” – ou seja, “sem escritos” – como também profetas “literários” ou “escritores”. Mas não se deve pressupor que os profetas escritores puseram-se a escrever livros de profecia
Profetas Maiores: de Isaías a Daniel – (5 Livros)
Profetas Menores: de Oséias a Malaquias – (12 Livros)
A nomenclatura “maiores” ou “menores” não se refere ao mérito ou à notoriedade do profeta, mas ao tamanho do Livro e à extensão do respectivo Ministério Profético
Profetas de Israel e Profetas de Judá
De acordo com as Escrituras, as doze tribos foram divididas em duas nações, após a morte de Salomão. (...)
(...) Durante o reinado de seu filho Roboão, dez tribos se desligaram de sua autoridade e se ligaram a Jeroboão, criando o Reino do Norte, chamado de Israel, com sua capital, em Samaria. (...)
(...) Duas tribos se mantiveram fiéis à casa de Davi, e formaram o Reino do Sul conhecido como Judá. Era formado pelas tribos de Judá e Benjamin, com capital em Jerusalém. (...)
(...) Dentre os profetas que escreveram Livros, alguns profetizaram para o Reino do Sul (Judá), enquanto outros, por sua vez, profetizaram para o Reino do Norte (Israel). (...)
(...) Também podemos dizer que houve profetas pré-exílicos, exílicos e pós-exílicos. O marco para distinguir esses profetas foi o cativeiro babilônico, muito bem registrado na Bíblia Sagrada. Durou aproximadamente 70 anos, entre 605 a.C e 535 a.C.
Livro de Isaías
Isaías é o primeiro grande profeta do reino do sul, de Judá. É bem provável que Isaías fosse natural de Jerusalém. (...)
(...) Isaías foi chamado ao ministério profético no ano da morte do rei Uzias, por volta do ano 740 a.C., e exerceu sua atividade durante os reinados de Jotão, Acaz e Ezequias e, possivelmente, até o início do reinado de Manassés. (...)
(...) O ministério de Isaías durou a vida inteira, desde a sua juventude até se tornar senhor de idade avançada. Sua vida foi ocupada pela pregação, predição, argumentando com reis, sacerdotes e pessoas, e escrevendo profecias. (...)
(...) O Livro apresenta as grandes predições messiânicas, nas quais foram preditos:
a) o nascimento de Cristo (7.14;9.6)
b) sua divindade (9.6-7) 
c) seu ministério (9.1-2; 42.1-7; 61.1-2) (...)
d) (...) sua morte (52.14; 53.12) 
e) seu futuro Reino Milenar (caps. 2.11. 65)
De todos os profetas do Antigo Testamento, Isaías é o mais amplo no seu raio de ação. Nenhum profeta ocupou-se mais detalhadamente com a obra redentora de Cristo
Livro de Jeremias
Jeremias é originário de uma família sacerdotal deAnatote (el-harrube, perto de Anata), ao nordeste de Jerusalém, terra de Benjamim (Jeremias 1.1). (...)
(...) Como Jeremias se considera jovem por ocasião de sua chamada, ele deve ter nascido por volta de 645 a.C. (...)
(...) De acordo com as Escrituras, sua vocação ocorreu no décimo terceiro ano do reinado de Josias (Jeremias 1.2; 25.3) e exerceu sua atividade, sem interrupção, por mais de quatro décadas, até depois da destruição total do
reino de Judá. (...) 
(...) Presenciou a sucessão de cinco reis no trono de Davi em Jerusalém: Josias, Jeoacaz, Jeoaquim, Joaquim e Zedequias. Josias fez uma reforma, a qual incluiu a destruição dos lugares altos pagãos em Judá e Samaria. (...)
(...) Depois da queda de Jerusalém, em 586 a.C., Jeremias recebeu de Nabucodonosor o direito de escolher se queria ir para a Babilônia ou permanecer com o remanescente pobre (2 Reis 24.14) do seu próprio povo. Ele preferiu ficar e ministrar ao remanescente. (...)
(...) Enquanto esteve lá, Jeremias continuou procurando fazer o remanescente voltar para o SENHOR (cap. 44). Ele também predisse a volta de Israel à terra no final dos tempos (23.5-8). (...)
(...) Seu ministério foi difícil, principalmente depois da morte do rei Josias, pois sua situação ficou complicada com o surgimento de uma facção
idólatra e um partido que era a favor de uma aliança com os egípcios. (...)
(...) Foi acusado de traidor, pois estava desanimando o coração do povo com a sua mensagem. Sua exortação para que se colocassem sob o julgo de Nabucodonosor soava como incitação à rebeldia. (...)
(...) Posteriormente, foi levado para o Egito, onde profetizou ainda por alguns anos e, provavelmente, morreu ali
Se formos olhar no texto, o Livro não tem esse título. Ele, na verdade, era conhecido pela sua primeira palavra: ’eykah’, uma interjeição que indica espanto, perplexidade e/ou tristeza. (...)
Livro de Lamentações
(...) No decorrer dos séculos, os rabinos começaram a referir-se a esse Livro como “Lamentações” ou “Hinos fúnebres”.
Os tradutores da Septuaginta seguiram os rabinos ao usar o termo grego para “Lamentações”. (...)
(...) Os tradutores foram um passo adiante e atribuíram o Livro a Jeremias.
Mais tarde, as versões gregas e a antiga versão latina foram intituladas Vulgata de Jerônimo; e as versões em inglês e português têm colocado o título: “As Lamentações de Jeremias”. (...)
(...) Trata-se de um poema fúnebre, relatando as misérias e as desolações de Jerusalém. 
O profeta expressa seu profundo pesar sobre aquele evento calamitoso na história do povo escolhido de Deus – a destruição de Jerusalém –, ocorrido em 586 a.C., por Nabucodonosor. (...)
(...) O significado mais profundo de Lamentações revela a preocupação de Jeremias e a sua simpatia por Jerusalém, mostrando o amor e a tristeza do SENHOR pelo próprio povo.
Temos um ponto semelhante expressado por Jesus Cristo em sua lamentação sobre Jerusalém (Mt 23.37-39)
Aplicação Prática
Sobre Isaías, vimos que seu ministério durou a vida inteira. Que nós aprendamos com ele, que o mais importante não é começarmos bem, mas permanecermos firmes nos caminhos de Deus até nossa morte. (...)
Para Refletir
(...) O ministério de Jeremias foi difícil, pois ele foi perseguido durante muito tempo. 
Podemos aprender com ele que teremos muitas dificuldades em nossa vida por defender o que é correto, mas jamais devemos nos desviar dos caminhos de Deus
Síntese
Vimos a definição de profeta, que, no Antigo Testamento, era chamado para falar em nome de Deus
Profetas Maiores: de Isaías a Daniel – (5 Livros)
Profetas Menores: de Oséias a Malaquias – (12 Livros)
Sobre o Profeta Isaías, vimos que foi chamado ao ministério por volta do ano 740 a.C., e exerceu sua atividade de pregação, predição, argumentando com reis, sacerdotes e pessoas, e escreveu profecias a vida toda. (...)
(...) Vimos, também, sobre a vida do Profeta Jeremias, cujo ministério foi difícil, considerando que ele foi acusado de traidor. 
Sua exortação para que se colocassem sob o julgo de Nabucodonosor soava como incitação à rebeldia
Aula 4
Organização da Aula
Livro de Ezequiel
Livro de Daniel
Livro de Oséias
Livro de Joel
Contextualização
Nesta aula, iremos dialogar sobre alguns temas relevantes apresentados por alguns profetas, entre eles
Entendimentos de Deus
A glória de Deus
A santidade de Deus
Responsabilidade humana 
O ser humano é responsável pelos seu atos tanto diante do semelhante como diante de Deus
Nos dias atuais, cada vez mais as pessoas projetam suas falhas no semelhante
Livro de Ezequiel
Em 598 a.C., o rei Nabucodonosor invadiu Judá e levou para o cativeiro o rei Jeoaquim e os principais cidadãos dessa nação.
Houve três deportações distintas do povo de Judá para a Babilônia: (...)
Daniel, que foi exilado na primeira deportação Ezequiel, que foi exilado na segunda deportação e a destruição de Jerusalém e do templo, que ocorreu como prelúdio da terceira deportação
Ezequiel foi chamado para o seu ministério profético por volta de 592 a.C. (o quinto ano do cativeiro do rei Jeoaquim, quando ele tinha uns trinta anos de idade) (...)
(...) Tornou-se um pregador famoso entre os exilados e, frequentemente, o povo vinha para ouvi-lo, inclusive muitos anciãos de Israel. Seu último discurso é datado de 571 a.C., o vigésimo sétimo ano do cativeiro de Jeoaquim. (...) 
(...) A data da compilação do livro tem sido muito debatido, entretanto muitos eruditos apoiam as datas que mostram as atividades de Ezequiel, que seria de 592 a.C. até abril de 571 a.C.
Alguns dos temas centrais do livro são:
1. Conceitos Específicos de Deus 
a) Ele é um ser glorioso (1.2)
b) A glória de Deus pode se revelar em qualquer lugar (Eze. 3.23)
c) A Santidade de Deus é constantemente enfatizada (Eze. 20.41:28.22)
2. Conceito de Israel
Israel foi escolhida para ser instrumento da glória de Deus, beneficiando espiritualmente outras nações (Eze. 20.5, 14, 22)
3. Conceito da Responsabilidade Humana
Essa é frisada na expressão: “… a alma que pecar, essa morrerá” (Eze 18.4)
4. Os Ensinamentos Proféticos
Os capítulos 40 a 48 oferecem-nos certa variedade de ensinamentos, que incluem visões messiânicas, as futuras dificuldades de Israel e a restauração final
Livro de Daniel
O nome Daniel é hebraico e tem o sentido de “Deus meu Juiz”. 
Daniel foi um famoso profeta judeu do período babilônico e persa. (...)
(...) Daniel foi ainda jovem levado à Babilônia, por volta do ano 605 a.C., numa das campanhas que Nabucodonosor realizou, logo antes de ascender ao trono. Daniel e seus amigos foram treinados no serviço do palácio real. (...)
(...) Logo deu demonstrações de sabedoria sobrenatural naquela terra famosa por seus sábios e, finalmente, foi elevado a altos postos, até tornar-se o primeiro entre os três oficiais mais importantes do Império Medo-Persa. (5.29; 6.1-3) (...)
(...) O Livro de Daniel pertence a um gênero literário conhecido como apocalíptico. 
Esta categoria de Livro é assim conhecida porque relata histórias e visões. O livro foi escrito em hebraico, mas com uma extensa seção em aramaico. (Dn. 2.4-7.28) (...)
(...) Este Livro foi mencionado ou citado muitas vezes no Novo Testamento (compare especialmente as referências que Jesus fez sobre Daniel em Mateus 24.15 e Marcos 13.14) e é a chave do Apocalipse. (...)
(...) Sua mensagem consiste em sonhos e visões interpretadas conforme a direção divina.
Talvez por esse motivo, o Livro tenha sido colocado no cânon hebraico entre os chamados Escritos. (...)
(...) A mescla de visões e narrativas tornou o Livro ainda mais peculiar, uma joia distinta entre os profetas.
A soberania de Deus é a mensagem central deste Livro.
Livro de Oséias
Oséias, cujo nome significa “libertador” ou “salvação”, levou a efeito o seu ministério durante os dias de quatro diferentes reis de Judá: Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias; e de Jeroboão II, rei de Israel. (...)
(...) Oséias foi contemporâneo de Amós, em Israel, e de Isaías e Miquéias, em Judá,e o seu ministério continuou depois do primeiro cativeiro, ou o cativeiro assírio, do Reino do Norte.
Provavelmente, era cidadão do Reino do Norte, uma vez que se refere ao rei de Israel como “nosso rei” (7.5). (...)
(...) O começo do ministério público de Oséias pode ser datado por volta de 748 a.C., nos mostrando que o ministério dele cobriu um longo período, aproximadamente 58 anos, visto que seu ministério atingiu a época de Ezequias. (...)
(...) A ideia dos capítulos iniciais da profecia de Oséias é a infidelidade de Israel, apresentada em termos de um relacionamento conjugal, uma figura de linguagem familiar descrevendo o relacionamento de Deus com o Seu povo escolhido
A Mensagem do profeta apresenta quatro ideias:
1. a idolatria de Israel – Israel estava trocando seu Deus por outros deuses
2. sua iniquidade – o povo estava cometendo todo tipo de pecado
3. seu cativeiro – que o povo refletisse sobre a razão para que estivesse no cativeiro 
4. sua restauração – sobre a restauração do povo, do seu relacionamento com Deus
Livro de Joel
Joel foi um profeta do reino de Judá, que alguns pensam ter agido em cerca de 800 a.C., enquanto outro pensam ser dos tempos pós-exílicos
A datas atribuídas ao livro de Joel
Alguns colocam depois da divisão de Israel em dois reinos, ou seja, por volta de 932 a.C. Outros pensam que Joel escreveu no tempo de Malaquias, cerca de 400 a.C.
São três os temas que o Livro se ocupa:
Os capítulos (1 e 2) tratam da praga de gafanhotos e da seca, sendo ambas interpretadas como prenúncio da aproximação do “dia do Senhor”
2.O capítulo (3) promete o derramamento do Espírito sobre toda a população de Judá, incluindo os escravos
3.O capítulo (4) anuncia o juízo final para todas as nações que são convocadas para o vale de Josafá
Aplicação Prática
Daniel e seus amigos foram levados jovem para o cativeiro, e lá permaneceram íntegros nos ensinamentos que tiveram. Isto nos mostra que não é a situação que faz o sujeito, mas sim o seu querer 
Ezequiel tornou-se um pregador entre os exilados e, frequentemente, o povo vinha para ouvi-lo, inclusive muitos anciãos de Israel
Por que o povo procurava Ezequiel para pedir conselhos?
Síntese
Nos vimos as três deportações distintas do povo de Judá para a Babilônia
Daniel foi exilado na primeira 
Ezequiel foi exilado na segunda
A destruição de Jerusalém e do templo ocorreu como prelúdio da terceira
Vimos que Oséias mostra a infidelidade de Israel, fazendo uma analogia de um relacionamento conjugal, uma figura de linguagem familiar descrevendo o relacionamento de Deus com o Seu povo escolhido
Aula 5
Organização da Aula
Livro de Amós
Livro de Obadias
Livro de Jonas
Livro de Miquéias
Livro de Naum
Contextualização
Nessa aula iremos dialogar sobre alguns profetas e suas profecias
As afirmações de castigo e de derrota sempre vêm acompanhadas de promessas de restauração e elevação
Para nós fica a ideia ou o entendimento de que, após a derrota, precisamos ter a visão da restauração e da elevação
Essa ideia permeava o entendimento dessas Profecias
Conceitualização
1 Livro de Amós
O profeta Amós foi um dos doze profetas menores 
Nasceu na cidade de Tecoa, situada a 20 quilômetros de Jerusalém, nas montanhas, próximo de Belém, vilarejo que beirava os Desertos de Judá
Nesse região ele viveu ele como pastor e cultivador de sicômoros, uma espécie de figueira brava
Foi um grande estudioso da Lei, pois sua mensagem apresenta um forte conhecimento do Pentateuco
Amós não foi indicado formalmente para o ministério profético, entretanto exerceu com muita dedicação
O ministério de Amós, em Israel, foi desempenhado durante o reinado de Uzias, em Judá, e Jeroboão II de Israel
O reinado de Uzias e Jeroboão II, foi do período de 786 a 746 a.C.
O mais provável é que Amós tenha profetizado entre 760 a 755 a.C.
O que chama a atenção na literatura profética é a uniformidade dos temas
As afirmações de castigo e de derrota sempre vêm acompanhadas de promessas de restauração e elevação
A mensagem do profeta
a) O Entendimento de Deus
Deus é o criador (4.13)
Sustentador da criação (4.8; 9.6)
Deus julga e castiga o pecado (4.6-11)
Deus controla os destinos dos povos (1.5)
b) A lei moral — para ele nenhuma formalidade, rito e cerimônia, pode substituir a moralidade básica
Se os homens não seguirem as implicações dessa verdade, terão de enfrentar o julgamento (5.27 e 6.1ss.)
c) Que o povo busque o arrependimento
Esse é o objetivo maior de toda profecia, que chamamos de condenatórias (5.4, 11, 15, 24)
Por causa de seu ministério profético teve que deixar seu lar em Judá e dirigir-se para Samaria, capital do Reino de Israel, para repreender a classe governante que vivia uma vida idólatra distante do padrão divino
2 Livro de Obadias
Obadias é o menor dos Profetas, conta apenas com 1 capítulo, que contém 21 versículos 
A data de sua profecia é incerta, mas as evidências internas parecem apontar para uma data próxima de 586 a.C., ano em que Jerusalém foi destruída
Não há registro da vida pessoal de Obadias, salvo o significado do seu nome: “servo ou adorador do Senhor”
O nome Obadias era comum no Antigo Testamento
Há pelo menos 13 pessoas com o mesmo nome
Sua mensagem é uma repreensão aos edomitas (grupo tribal vizinhos de Judá, ao sul) por alegrarem-se com a catástrofe que sobreveio a Judá
Essa atitude tinha raízes no rancor ainda existente entre os descendentes de Esaú, irmão de Jacó
O Livro, que na forma literária é uma “canção do destino”, tem um único tema: o julgamento de Edom, a nação que descendia de Esaú 
O encerramento da profecia é curioso 
Nele, presente e futuro se mesclam como se mesclam a história e a profecia
Ele termina dizendo que “o reino será do Senhor”, atribuindo na comum linguagem profética o domínio de Deus sobre a Terra
3 Livro de Jonas
No capítulo 1:1 podemos perceber e identificar que o profeta Jonas realmente é o autor do Livro 
O Livro de Jonas foi escrito, provavelmente, entre 793 e 758 a.C
Versículos-chave
Jonas 1:3 — "Jonas se dispôs, mas para fugir da presença do Senhor, para Társis ...” 
Jonas 2:2 — "Na minha angústia, clamei ao Senhor, e ele me respondeu; do ventre do abismo, gritei, e tu me ouviste a voz”
O livro de Jonas apresenta uma série de peculiaridades que o distingue dos demais Livros dos profetas
Primeiro porque não contém oráculos e sim narrativa; é mais uma biografia do que um oráculo
A mensagem é a história de Jonas; enquanto os outros mesclam pontos narrativos em oráculos proféticos, esse possui apenas uma curta profecia dentro de um texto em prosa
A lição é dada através do próprio Jonas; o capítulo 4, na verdade, é o ápice do Livro
Não é a conversão dos ninivitas o foco principal e sim o erro do sentimento do profeta, que se recusava a proclamar a Palavra de Deus
4 Livro de Miquéias
Encontramos poucas informações a respeito de Miquéias
Profetizou durante os reinados de Jotão, Acaz e Ezequias, portanto, fica evidente que foi contemporâneo do profeta Isaías
Miquéias era camponês e lavrador de terras
Era originário da pequena cidade de Moresete, cerca de 40 quilômetros ao sudoeste de Jerusalém
O fato do nome de seu pai não ser mencionado pressupõe que pertencesse às classes mais humildes
Sua mensagem, aponta os pecados sociais da nação
A exploração do povo, pelo governo, recebeu a sua censura
Sua menção a Samaria demonstra que seu ministério foi exercido antes da queda dessa cidade, em 722 a.C.
A situação lembra o tempo do rei Acaz ou mesmo os primeiros anos de Ezequias, antes da reforma efetuada por este
No Livro podemos identificar três discursos distintos
Eles iniciam com a expressão “Ouvi”, que é encontrada em (1.2; 3.1 e 6.1)
O primeiro, fala do julgamento de Deus contra os Reinos do Norte e do Sul (Israel e Judá)
O segundo apresenta Deus como Juiz e como aquele que é fiel à sua aliança
O terceiro procura trazer à memória tudo o que Deus fez pelo seu povo
5 Livro de Naum
Naum era natural da cidade de Elcós,cidade cuja localização é desconhecida e os estudiosos têm colocado em lugares variados
De qualquer forma parece que o profeta pertencia ao Reino do Sul, Judá
Autoria do Livro de Naum
1. Alguns eruditos liberais sugerem que o autor foi um poeta historiador e não um profeta, pois, para eles, falta ao livro a ética, a religião e o gênio típico dos profetas
2. Outros autores aceitam a autenticidade, tanto do nome do autor quanto do fato de que ele escreveu seu livro como uma profecia, embora esse nome não passe ser encontrado em todo o Antigo Testamento, senão no próprio livro
A profecia de Naum pode ser datada entre a destruição de Tebas (3.8), em 666 a.C., e a captura de Nínive, pelos babilônios e os seus aliados, em 612 a.C.
O livro de Naum tem basicamente dois propósitos:
1. Profetizar sobre o julgamento de Nínive, mediante a providência vingadora de Deus
2. É um poderoso alento consolador à nação de Judá, que seria tirado das garras cruéis dos assírios
Aplicação Prática
Nessa aula aprendemos com o Profeta Miquéias três discursos distintos
O primeiro fala do julgamento de Deus contra os Reinos do Norte e do Sul (Israel e Judá)
O princípio de causa e efeito, o que o homem planta, ele colhe
O segundo apresenta Deus como Juiz e aquele que é fiel à sua aliança
Aprendemos, com isso, que aquele que é fiel a Deus terá Dele a ajuda e o consolo
O terceiro discurso procura trazer à memória tudo o que Deus fez pelo seu povo
Com esse discurso aprendemos que nunca devemos esquecer o que Deus fez e faz por nós
Síntese
Aprendemos qual era o entendimento do profeta Amós sobre Deus
Deus é o criador (4.13)
Sustentador da criação (4.8; 9.6)
Deus julga e castiga o pecado (4.6-11)
Deus controla os destinos dos povos (1.5)
Aprendemos com o Profeta Jonas
Jonas 1:3 — "Jonas se dispôs, mas para fugir da presença do Senhor, para Társis ...”
Para que não venhamos achar que podemos fugir de Deus
Jonas 2:2 — "Na minha angústia, clamei ao Senhor, e ele me respondeu; do ventre do abismo, gritei, e tu me ouviste a voz”
Nos mostra que Deus ouve nossa súplica
Aula 6
Organização da Aula
Livro de Habacuque
Livro de Sofonias
Livro de Ageu
Livro de Zacarias
Livro de Malaquias
Contextualização
Nessa aula iremos ver que os nobres de Judá, aliados aos líderes espirituais e outros, estavam inescrupulosamente oprimindo e roubando o povo 
Tinham, portanto que ser punidos através da instrumentalidade dos caldeus
Nos dias atuais muitos líderes políticos, e também religiosos, usufruem de seu poder e condição para tirarem vantagem sobre o povo
Em muitos casos, quase nada mudou desde o tempo desses profetas que estudaremos
Conceitualização
1 Livro de Habacuque
Habacuque, cujo nome significa “abraço”, profetizou a Judá quanto à invasão iminente dos caldeus (1.6)
Não há qualquer identificação de sua linhagem ou mesmo do lugar de seu nascimento
A respeito da data da escrita do livro, a única referência clara é aos caldeus em Habacuque 1.6, sendo assim a profecia tem sido datada no fim do século VII a.C.
Após a batalha de Carquêmis, ocorrida em 604 a.C.
A ideia mais comum é de que data fica entre 610 e 600 a.C.
Os nobres de Judá, aliados aos líderes espirituais e outros, estavam inescrupulosamente oprimindo e roubando o povo
Tinham, portanto que ser punidos através da instrumentalidade dos caldeus
Habacuque foi um homem de natureza preocupada com seu povo e de um
caráter espiritual exemplar
Ele manifestou um grande amor por seu povo, cumprindo a posição de atalaia para eles
Ele pronunciou cinco “ais” contra os caldeus, manifestando o caráter julgador de sua profecia
I. Por causa do orgulho e da ambição (2.6–8)
II. Por causa do orgulho e da cobiça (2.9–11)
III.Por causa da crueldade (12–14)
IV. Por causa da bebedeira (2.15–17)
V. Por causa da idolatria (2.18–20)
2 Livro Sofonias
Nada se sabe a respeito de Sofonias, exceto o que se encontra em seu escrito
Era filho de Cusi, da descendência de um certo Ezequias, provavelmente do Rei Ezequias (1.1), o que faria dele o único profeta de sangue real
As evidências internas do Livro indicam que ele profetizou durante o reinado do rei Josias, provavelmente antes do grande reavivamento de 621 a.C.
A situação moral e espiritual de seu contexto é muito ruim, 
Resultado dos reinados ímpios dos reis Amon e Manassés 
O tema principal de Sofonias é o “dia do Senhor”, um acontecimento futuro que ele descreve com vivo poder
Sofonias usa o termo, “o dia do Senhor”, mais do que qualquer outro profeta mas ele também roga a Judá que “busque o Senhor”
A expressão “Dia do Senhor” aparece sete vezes neste pequeno Livro
Se considerarmos as referências a “o Dia”, esse número aumenta para treze, demonstrando a importância que o tema adquire
Livro de Ageu
Ageu foi um dos profetas pós-exílico, os quais são os últimos profetas do Antigo Testamento
Seu nome vem do hebraico “hag” significando “festivo”, provavelmente recebeu este nome por ter nascido durante alguma festa importante da
ação judaica 
Ageu juntamente com Zacarias despertaram povo para reconstrução do Templo de Jerusalém (Esdras 5.1-2)
Essa interferência do profeta foi de fundamental importância, pois ele Exortou Zorobabel, o governador, e Josué o sumo sacerdote e os líderes judeus assumirem a reconstrução do templo
As datas das profecias ocorreram durante o reinado de Dario I (522 a 486 a.C.) 
A primeira ocorreu no primeiro dia do sexto mês, no começo da atividade profética de Ageu 
Em agosto e setembro de 520 a.C.
A quarta profecia sucedeu no nono dia do quarto mês, isto é, novembro e dezembro de 520 a.C., imediatamente depois que Zacarias deu início ao seu ministério
Lugar e Origem do Livro
Os exilados retornaram da Babilônia e estabeleceram-se na área de Jerusalém
As profecia estão associadas ao lugar do templo arruinado
Isso nos mostra que o livro foi escrito na própria cidade de Jerusalém ou algum lugar das proximidades
4 Livro de Zacarias
Zacarias provavelmente era um sacerdote e fora chamado para o ministério profético
Com base em (2.4) é provável que ele fosse bastante jovem quando começou a profetizar ao lado de Ageu
Zacarias é a palavra hebraica para “Yahweh lembra”, ou “Yahweh famoso”
Este é o nome mais popular no Antigo Testamento 
Ele era tanto profeta quanto sacerdote
O livro foi composto ou compilado em duas partes 
Parte A (capítulo 1-8) — é universalmente reconhecido como o trabalho genuíno de Zacarias e as profecias são atribuídas a ele
Parte B (capítulo 9-14) — o restante do livro fica “sem data”, pois não há evidências convincentes de que foram escritas por Zacarias
Zacarias prediz a Segunda vinda de Cristo, o seu reino, o seu sacerdócio, a sua realeza, a sua humanidade, a sua divindade
Zacarias prediz sobre Cristo, sua rejeição, traição por trinta peças de prata, a sua volta a Israel como Crucificado e sendo ferido pela espada do Senhor
5 Livro de Malaquias
Malaquias, no hebraico, significa “meu mensageiro”
Por muito tempo não se sabia se “Malaquias” era nome do profeta ou se era referência a um mensageiro do Senhor
Alguns acreditam que Malaquias pode ter exercido seu ministério profético durante a ausência de Neemias, mas isso é apenas conjectura
Nesse caso uma estimativa justa seria por volta do ano de 435 a.C.
Sobre a canonicidade do livro
O livro do profeta Malaquias, disposto em último lugar dentro da coletânea dos chamados “doze profetas menores”, nunca foi ameaçada, nem entre os judeus nem pela igreja cristã
O tema de Malaquias é, que a sinceridade perante Deus é uma maneira santa de viver e absolutamente essencial aos olhos do Senhor, para que Ele derrame bênçãos sobre as colheitas e o bem-estar econômico da nação
O Livro, apresenta perspectivas tanto presentes quanto futuras 
A consideração presente é a condenação dos pecados, tanto do povo como dos levitas e sacerdotes 
b) As considerações futuras estão ligadas à vinda do Messias e de um mensageiro que o antecede, identificado com o profeta Elias
AplicaçãoPrática
Para Refletir
Habacuque foi um homem de natureza preocupada com seu povo e de um caráter espiritual exemplar
Ele manifestou um grande amor por seu povo, cumprindo a posição de atalaia para eles
Nós, como lideres, realmente nos preocupamos com as pessoas que tem alguma liderança sobre eles, ou estamos mais preocupados com o nosso bem-estar?
Síntese
Em habacuque vimos que o povo era oprimindo e roubado pelos nobres de Judá, com o pleno apoio dos líderes religiosos
Vimos, nessa aula, que o profeta foi de fundamental importância, pois ele exortou Zorobabel, o governador, e Josué, o sumo sacerdote
Os líderes judeus assumiram a reconstrução do templo de Jerusalém
Vimos, em Malaquias, que a sinceridade perante Deus é uma maneira santa de viver, sendo importante e essencial aos olhos do Senhor, dessa maneira Ele derrama bênçãos sobre as colheitas e o bem-estar econômico da nação
 
A literatura e a formação do homem
Nesta palestra, desejo apresentar algumas variações sobre a função humanizadora da literatura, isto é, sobre a capacidade que ela tem de confirmar a humanidade do homem. Para este fim, começo focalizando rapidamente, nos estudos literários, o conceito de função, vista como o papel que a obra literária desempenha na sociedade. 
Este conceito social de função não está muito em voga, pois as correntes mais modernas se preocupam sobretudo com o de estrutura, cujo conhecimento seria, teoricamente, optativo em relação a ele, se aplicarmos o raciocínio feito com referência à história. Em face desta os estruturalistas optam, porque acham que é possível conhecer a história ou a estrutura, mas não a história e a estrutura. Os dois enfoques seriam mutuamente exclusivos.
Que incompatibilidade metodológica poderia existir entre o estudo da estrutura e o da função social? O primeiro pode ser comparativamente mais estático do que o segundo, que evocaria certas noções em cadeia, de cunho mais dinâmico, como: atuação, processo, sucessão, história. Evocaria a idéia de pertinência e de adequação à finalidade; e daí bastaria um passo para chegar à idéia de valor, posta entre parênteses pelas tendências estruturalistas. 
Mais ainda: a idéia de função provoca não apenas uma certa inclinação para o lado do valor, mas para o lado da pessoa; no caso, o escritor (que produz a obra) e o leitor, coletivamente o público (que recebe o seu impacto). De fato, quando falamos em função no domínio da literatura, pensamos imediatamente (1) em função da literatura como um todo; (2) em função de uma determinada obra; (3) em função do autor, — tudo referido aos receptores.
Ora, uma característica do enfoque estrutural é não apenas concentrar-se na obra tomada em si mesma (o que aliás ocorria em outras orientações teóricas anteriores), mas relacioná-la a um modelo virtual abstrato, que seria a última instância heurística. Isto provém do desejo de chegar a um conhecimento de tipo científico, que supera o conhecimento demasiado contingente da obra singular em proveito de tais modelos genéricos, a que ela se subordina e de que é uma manifestação particular; e que portanto a explicam. Eles não seriam a-históricos, mas talvez trans-históricos, porque possuem generalidade e permanência muito maiores, em relação às manifestações particulares, (obras) que passam para segundo plano como capacidade explicativa.
Através da mudança das manifestações particulares, eles permanecem, como sistemas básicos e como princípios de organização, escapando até certo ponto à história, na medida em que são modelos; mas integrando-se nela, quando vistos em suas manifestações particulares.
O ponto de vista estrutural consiste em ver as obras com referência aos modelos ocultos, pondo pelo menos provisória e metodicamente entre parênteses os elementos que indicam a sua gênese e a sua função num momento dado, e que portanto acentuam o seu caráter de produto contingente mergulhado na história. 
Isto é dito para justificar a afirmação inicial: que os estudos modernos de literatura se voltam mais para a estrutura do que para a função. Privada dos seus apoios tradicionais mais sólidos (o estudo da gênese, a aferição do valor, a relação com o público), a noção de função passa de fato por uma certa crise.
Seria possível, no entanto, focalizá-la? É claro, desde que não queiramos substituir um enfoque pelo outro. O enfoque estrutural (inclusive sob a modalidade mais recente, conhecida como estruturalismo) é responsável pelo maior avanço que os estudos literários conheceram em nosso tempo. Mas vai ficando cada dia mais claro que uma visão íntegra da literatura chegará a conciliar num todo explicativo coerente a noção de estrutura e a de função, que aliás andaram curiosamente misturadas e mesmo semanticamente confundidas em certos momentos da Antropologia inglesa dos anos de 1930 e 1940. E nós sabemos que a Antropologia é, com a Lingüística, uma das grandes fontes do estruturalismo contemporâneo.
Voltando aos pontos de referência mencionados acima: na medida em que nos interessa também como experiência humana, não apenas como produção de obras consideradas projeções, ou melhor, transformações de modelos profundos, a literatura desperta inevitavelmente o interesse pelos elementos contextuais. Tanto quanto a estrutura, eles nos dizem de perto, porque somos levados a eles pela preocupação com a nossa identidade e o nosso destino, sem contar que a inteligência da estrutura depende em grande parte de se saber como o texto se forma a partir do contexto, até constituir uma independência dependente (se for permitido o jogo de palavras). 
Mesmo que isto nos afaste de uma visão científica, é difícil pôr de lado os problemas individuais e sociais que dão lastro às obras e as amarram ao mundo onde vivemos.
Digamos, então, para encerrar esta introdução: há no estudo da obra literária um momento analítico, se quiserem de cunho científico, que precisa deixar em suspenso problemas relativos ao autor, ao valor, à atuação psíquica e social, a fim de reforçar uma concentração necessária na obra como objeto de conhecimento; e há um momento crítico, que indaga sobre a validade da obra e sua função como síntese e projeção da experiência humana.
Tendo assim demarcado os campos, vejamos alguma coisa sobre a literatura como força humanizadora, não como sistema de obras. Como algo que exprime o homem e depois atua na própria formação do homem.
II
Um certo tipo de função psicológica é talvez a primeira coisa que nos ocorre quando pensamos no papel da literatura. A produção e fruição desta se baseiam numa espécie de necessidade universal de ficção e de fantasia, que de certo é coextensiA literatura e a formação do homem va ao homem, pois aparece invariavelmente em sua vida, como indivíduo e como grupo, ao lado da satisfação das necessidades mais elementares. E isto ocorre no primitivo e no civilizado, na criança e no adulto, no instruído e no analfabeto. A literatura propriamente dita é uma das modalidades que funcionam como resposta a essa necessidade universal, cujas formas mais humildes e espontâneas de satisfação talvez sejam coisas como a anedota, a adivinha, o trocadilho, o rifão. Em nível complexo surgem as narrativas populares, os cantos folclóricos, as lendas, os mitos. No nosso ciclo de civilização, tudo isto culminou de certo modo nas formas impressas, divulgadas pelo livro, o folheto, o jornal, a revista: poema, conto, romance, narrativa romanceada.
Mais recentemente, ocorreu o boom das modalidades ligadas à comunicação pela imagem e à redefinição da comunicação oral, propiciada pela técnica: fita de cinema, radionovela, fotonovela, história em quadrinhos, telenovela. Isto, sem falar no bombardeio incessante da publicidade, que nos assalta de manhã à noite, apoiada em elementos de ficção, de poesia e em geral da linguagem literária.
Portanto, por via oral ou visual; sob formas curtas e elementares, ou sob complexas formas extensas, a necessidade de ficção se manifesta a cada instante; 
aliás, ninguém pode passar um dia sem consumi-la, ainda quesob a forma de palpite na loteria, devaneio, construção ideal ou anedota. E assim se justifica o interesse pela função dessas formas de sistematizar a fantasia, de que a literatura é uma das modalidades mais ricas.
A fantasia quase nunca é pura. Ela se refere constantemente a alguma realidade: fenômeno natural, paisagem, sentimento, fato, desejo de explicação, costumes, problemas humanos, etc. Eis por que surge a indagação sobre o vínculo entre fantasia e realidade, que pode servir de entrada para pensar na função da literatura.
Sabemos que um grande número de mitos, lendas e contos são etiológicos, isto é, são um modo figurado ou fictício de explicar o aparecimento e a razão de ser do mundo físico e da sociedade. Por isso há uma relação curiosa entre a imaginação explicativa, que é a do cientista, e a imaginação fantástica, ou ficcional, ou poética, que é a do artista e do escritor. Haveria pontos de contacto entre ambas? A resposta pode ser uma especulação lateral no problema da função, que nos ocupa. 
Interessado em estudar a formação do espírito científico, Gaston Bachelard procurou investigar como ele ia surgindo duma espécie de progressiva depuração, a partir da ganga imaginativa do devaneio, — que seria um estado de passividade intelectual a ser anulado. Mas aos poucos o devaneio lhe foi aparecendo, não apenas como etapa inevitável, ou solo comum a partir do qual se bifurcam reflexão científica e criação poética, mas a condição primária de uma atividade espiritual legítima. O devaneio seria o caminho da verdadeira imaginação, que não se alimenta dos resíduos da percepção e portanto não é uma espécie de resto da realidade; mas estabelece séries autônomas coerentes, a partir dos estímulos da realidade. Uma imaginação criadora para além, e não uma imaginação reprodutiva ao lado, para falar como ele.
O devaneio (rêverie) se incorpora à imaginação poética e acaba na criação de semelhantes imagens; mas o seu ponto de partida é a realidade sensível do mundo, ao qual se liga assim necessariamente. Para Bachelard, esta espécie de carga inicial da imaginação é formada pelos quatro elementos da tradição eleática; os simples do mundo, segundo a visão de tantos séculos: terra, água, ar e fogo.
Independente de aceitarmos ou não o ponto de vista de Bachelard, a referência a ele serve neste contexto sobretudo como amostra do laço entre imaginação literária e realidade concreta do mundo. Serve para ilustrar em profundidade a função integradora e transformadora da criação literária com relação aos seus pontos de referência na realidade.
Ao mesmo tempo, a evocação dessa impregnação profunda mostra como as criações ficcionais e poéticas podem atuar de modo subconsciente e inconsciente, operando uma espécie de inculcamento que não percebemos. Quero dizer que as camadas profundas da nossa personalidade podem sofrer um bombardeio poderoso das obras que lemos e que atuam de maneira que não podemos avaliar. Talvez os contos populares, as historietas ilustradas, os romances policiais ou de capa-e-espada, as fitas de cinema, atuem tanto quanto a escola e a família na formação de uma criança e de um adolescente.
Isto leva a perguntar: a literatura tem uma função formativa de tipo educacional?
Sabemos que a instrução dos países civilizados sempre se baseou nas letras.
Daí o elo entre formação do homem, humanismo, letras humanas e o estudo da língua e da literatura. Tomadas em si mesmas, seriam as letras humanizadoras, do ponto de vista educacional?
Seja como for, a sua função educativa é muito mais complexa do que pressupõe um ponto de vista estritamente pedagógico. A própria ação que exerce nas camadas profundas afasta a noção convencional de uma atividade delimitada e dirigida segundo os requisitos das normas vigentes. A literatura pode formar; mas não segundo a pedagogia oficial, que costuma vê-la ideologicamente como um veículo da tríade famosa, — o Verdadeiro, o Bom, o Belo, definidos conforme os interesses dos grupos dominantes, para reforço da sua concepção de vida. Longe de ser um apêndice da instrução moral e cívica (esta apoteose matreira do óbvio, novamente em grande voga), ela age com o impacto indiscriminado da própria vida e educa como ela, — com altos e baixos, luzes e sombras. Daí as atitudes ambivalentes que suscita nos moralistas e nos educadores, ao mesmo tempo fascinados pela sua força humanizadora e temerosos da sua indiscriminada riqueza. E daí as duas atitudes tradicionais que eles desenvolveram: expulsá-la como fonte de perversão e subversão, ou tentar acomodá-la na bitola ideológica dos catecismos (inclusive fazendo edições expurgadas de obras-primas, como as denominadas ad usum Delphini, destinadas ao filho de Luís XIV).
Dado que a literatura, como a vida, ensina na medida em que atua com toda a sua gama, é artificial querer que ela funcione como os manuais de virtude e boa conduta.
E a sociedade não pode senão escolher o que em cada momento lhe parece adaptado aos seus fins, enfrentando ainda assim os mais curiosos paradoxos, — pois mesmo as obras consideradas indispensáveis para a formação do moço trazem freqüentemente o que as convenções desejariam banir. Aliás, essa espécie de inevitável contrabando é um dos meios por que o jovem entra em contacto com realidades que se tenciona escamotear-lhe.
Vejamos um exemplo apenas. Todos sabem que a arte e a literatura têm um forte componente sexual, mais ou menos aparente em grande parte dos seus produtos. 
E que age, portanto, como excitante da imaginação erótica. Sendo assim, é paradoxal que uma sociedade como a cristã, baseada na repressão do sexo, tenha usado as obras literárias nas escolas, como instrumento educativo. Basta lembrar, na venerável tradição clássica, textos como a Ilíada, o Canto IV da Eneida, o Canto IX dos Lusíadas, os idílios de Teócrito, os poemas apaixonados de Catulo, os versos provocantes de Ovídio, — tudo lido, traduzido, comentado ou explicado em aula. Esta situação curiosa chegou até os nossos dias de costumes menos rígidos, e vive gerando brigas entre pais e professores, por causa da leitura de Aluísio Azevedo ou Jorge Amado.
O revestimento ideológico de um autor pode dar lugar a contradições realmente interessantes, — os poderes da sociedade ficando inibidos de restringir a leitura de textos que deveriam ser banidos segundo os seus padrões, mas que pertencem a um autor ou a uma obra que, por outro lado, reforçam estes padrões. Nada mais significativo do que a voga, até há poucos anos, de Olavo Bilac, poeta que em muitos versos apresentava o sexo sob aspectos bastante crus, perturbando a paz dos ginasianos, cujos mestres não ousavam todavia proscrevê-los porque se tratava de um escritor de conotações patrióticas acentuadas, — pregador de civismo e do serviço militar, autor de obras didáticas adotadas e cheias de “boa doutrina”.
Paradoxos, portanto, de todo lado, mostrando o conflito entre a idéia convencional de uma literatura que eleva e edifica (segundo os padrões oficiais) e a sua poderosa força indiscriminada de iniciação na vida, com uma variada complexidade nem sempre desejada pelos educadores. Ela não corrompe nem edifica, portanto; mas, trazendo livremente em si o que chamamos o bem e o que chamamos o mal, humaniza em sentido profundo, porque faz viver. 
III
Chegamos agora ao ponto mais complicado. Além das funções mencionadas (isto é: satisfazer à necessidade universal de fantasia e contribuir para a formação da personalidade) teria a literatura uma função de conhecimento do mundo e do ser? 
Por outras palavras: o fato de consistir na construção de obras autônomas, com estrutura específica e filiação a modelos duráveis, lhe dá um significado também específico, que se esgota em si mesmo, ou lhe permite representar de maneira cognitiva, ou sugestiva, a realidade do espírito, da sociedade, da natureza?
Muitas correntes estéticas, inclusive as de inspiração marxista, entendem que a literatura é sobretudo uma forma de conhecimento, mais do que uma forma de expressão e uma construção de objetossemiologicamente autônomos. Sabemos que as três coisas são verdadeiras; mas o problema é determinar qual o aspecto dominante e mais característico da produção literária. Sem procurar decidir, limitemo-nos a Regis trar as três posições e admitir que a obra literária significa um tipo de elaboração das sugestões da personalidade e do mundo que possui autonomia de significado; mas que esta autonomia não a desliga das suas fontes de inspiração no real, nem anula a sua capacidade de atuar sobre ele.
Isto posto, podemos abordar o problema da função da literatura como representação de uma dada realidade social e humana, que faculta maior inteligibilidade com relação a esta realidade. Para isso, vejamos um único exemplo de relação das obras literárias com a realidade concreta: o regionalismo brasileiro, que por definição é cheio de realidade documentária.
Trata-se de um caso privilegiado para estudar o papel da literatura num país em formação, que procura a sua identidade através da variação dos temas e da fixação da linguagem, oscilando para isto entre a adesão aos modelos europeus e a pesquisa de aspectos locais. O Arcadismo, no século XVIII, foi uma espécie de identificação com o mundo europeu através de seu homem rústico idealizado na tradição clássica. O Indianismo, já no século XIX, foi uma identificação com o mundo não-europeu, pela busca de um homem rústico americano igualmente idealizado. O Regionalismo, que o sucedeu e se estende até os nossos dias, foi uma busca do tipicamente brasileiro através das formas de encontro, surgidas do contacto entre o europeu e
o meio americano. Ao mesmo tempo documentário e idealizador, forneceu elementos para a auto-identificação do homem brasileiro e também para uma série de projeções ideais. Nesta palestra, o intuito é mostrar que a sua função social foi ao mesmo tempo humanizadora e alienadora, conforme o aspecto ou o autor considerado.
Mas antes de ir além, um parêntese para dizer que hoje, tanto na crítica brasileira quanto na latino-americana, a palavra de ordem é “morte ao Regionalismo”, quanto ao presente, e menosprezo pelo que foi, quanto ao passado. Esta atitude é criticamente boa se a tomarmos como um “basta!” à tirania do pitoresco, que vem a ser afinal de contas uma literatura de exportação e exotismo fácil. Mas é forçoso convir que, justamente porque a literatura desempenha funções na vida da sociedade, não depende apenas da opinião crítica que o regionalismo exista ou deixe de existir. 
Ele existiu, existe e existirá enquanto houver condições como as do subdesenvolvimento, que forçam o escritor a focalizar como tema as culturas rústicas mais ou menos à margem da cultura urbana. O que acontece é que ele se vai modificando e adaptando, superando as formas mais grosseiras até dar a impressão de que se dissolveu na generalidade dos temas universais, como é normal em toda obra bem feita.
E pode mesmo chegar à etapa onde os temas rurais são tratados com um requinte que em geral só é dispensado aos temas urbanos, como é o caso de Guimarães Rosa, a cujo propósito seria cabível falar num super-regionalismo. Mas ainda aí estamos diante de uma variedade da malsinada corrente.
Fechando o parêntese, voltemos ao assunto com uma consideração de ordem geral: o Regionalismo estabelece uma curiosa tensão entre tema e linguagem. O tema rústico puxa para os aspectos exóticos e pitorescos e, através deles, para uma linguagem inculta cheia de peculiaridades locais; mas a convenção normal da literatura, baseada no postulado da inteligibilidade, puxa para uma linguagem culta e mesmo acadêmica. O Regionalismo deve estabelecer uma relação adequada entre os dois aspectos, e por isso se torna um instrumento poderoso de transformação da língua e de revelação e autoconsciência do País; mas pode ser também fator de artificialidade na língua e de alienação no plano do conhecimento do País. As duas coisas ocorrem nas diversas fases do regionalismo brasileiro, e eventualmente em obras diferentes do mesmo autor. Tomemos como exemplo dois autores da mesma fase, que se conheceram e se estimaram: Coelho Neto (1864-1934) e Simões Lopes Neto (1865-1916).
Ambos escreveram num momento de grande voga da literatura regionalista, quando ela parecia mais autêntica do que outras modalidades, porque se ocupava de tipos humanos, paisagens e costumes considerados tipicamente brasileiros. No conjunto, foi uma tendência falsa, correspondendo a modalidades superficiais de nacionalismo, baseada numa distância insuperada entre o escritor e o seu personagem, que ficava reduzido ao nível da curiosidade e do pitoresco. Não obstante, alguns escritores conseguiram posição bem mais humanizadora. Os dois exemplos abaixo procuram sugerir as duas posições.
O regionalismo de Coelho Neto (cuja obra se desenvolveu na maior parte em outros rumos) mostra a dualidade estilística predominante entre os regionalistas, que escreviam como homens cultos, nos momentos de discurso indireto; e procuravam nos momentos de discurso direto reproduzir não apenas o vocabulário e a sintaxe, mas o próprio aspecto fônico da linguagem do homem rústico. Uma espécie de estilo esquizofrênico, puxando o texto para dois lados e mostrando em grau máximo o distanciamento em que se situava o homem da cidade, como se ele estivesse querendo marcar pela dualidade de discursos a diferença de natureza e de posição que o separava do objeto exótico que é o seu personagem.
O conto “Mandovi”, de seu livro Sertão, pode ser tomado como caso típico dessa concepção alienadora. Vejamos um trecho: 
— Não vou? Ocê sabi? Pois mió. Dá cá mais uma derrubada aí modi u friu, genti. 
Um dos vaqueiros passou-lhe o copo e Mandovi bebeu com gosto, esticando a língua para lamber os bigodes. Té aminhã, genti.
— Adeu!
— Eh! Tigre... livanta. Com a ponta do pé espremeu o ventre de um cão negro que se levantou ligeiro e, rebolindo-se a acenar com a cauda, pôs-se a mirá-lo rosnando.
Bamu! Adeu, genti. E, da porta, para rir, bradou: — Dá um tombu nesse queixada comedô, genti.
Fora a noite ia esplêndida, fresca e de lua. A estrada, muito branca, insinuava- se pelo arvoredo e perdia-se nas sombras quietas. O caboclo lançou os olhos ao céu estrelado onde a lua brilhava e, passando o cajado pelas costas, à altura dos ombros, vergou os braços sobre ele deixando as mãos pendentes e pôs-se a caminho, precedido pelo cão que seguia com o focinho baixo, em zig-zagues, a fariscar a erva e o pó.
A primeira coisa que se nota neste centauro estilístico é a injustificável dualidade de notação da fala, que não pode ser explicada senão por motivos de ideologia.
Do contrário, por que tentar uma notação fonética rigorosa para a fala do rústico e aceitar para a do narrador culto o critério aproximativo normal? Com efeito, supondo no narrador Coelho Neto uma performance fônica do tipo da que é corrente entre as pessoas cultas do Rio de Janeiro e nas cidades do Litoral Norte do País, o lógico seria (levando o critério adotado até às últimas conseqüências), que a escrita se apresentasse assim:
— Não vô? ocê sabi? pois mió. Dácá mai zuma dirrubada aí módiu friu, genti. Unduch vaqueiruch passôlhocópo i Mandovi bebeu com gôchto, chticando a língua pra lambê ruch bigodich etc.
Isto não poderia ocorrer, porque na verdade o procedimento exemplificado com o texto de Coelho Neto é uma técnica ideológica inconsciente para aumentar a distância erudita do autor, que quer ficar com o requinte gramatical e acadêmico, e confinar o personagem rústico, por meio de um ridículo patuá pseudo-realista, no nível infra-humano dos objetos pitorescos, exóticos para o homem culto da cidade. 
Digo pseudo-realista, porque na verdade o que ocorre é uma dualidade de critérios.
Com efeito, ao narrador ou personagem cultos, de classe superior, é reservada a integridade do discurso, que se traduz pela grafia convencional, indicadora da norma culta. Nos livros regionalistas, o homem de posição social mais elevada nunca tem sotaque, não apresenta peculiaridades de pronúncia, não deforma as palavras, que,na sua boca, assumem o estado ideal de dicionário. Quando, ao contrário, marca o desvio da norma no homem rural pobre, o escritor dá ao nível fônico um aspecto quase teratológico, que contamina todo o discurso e situa o emissor como um ser à parte, um espetáculo pitoresco como as árvores e os bichos, feito para contemplação ou divertimento do homem culto, que deste modo se sente confirmado na sua superioridade. 
Em tais casos, o regionalismo é uma falsa admissão do homem rural ao universo dos valores éticos e estéticos.
No entanto, o seu propósito consciente era o contrário. Ele se apresentou como um humanismo, como uma recuperação do homem posto à margem; e de fato pode ser assim, quando a deliberação temática, isto é, a decisão de escolher e tratar como tema literário o homem rústico, é seguida de uma visão humana autêntica, que evite o tratamento alienante dos personagens. Esta visão se traduz pelo encontro de uma solução lingüística adequada; e dependendo dela é que o Regionalismo pode ter um sentido humanizador ou um sentido reificador. Dito de outro modo: pode funcionar como representação humanizada ou como representação desumanizada do homem das culturas rurais.
Contrastando com o caso negativo de Coelho Neto, vejamos o caso positivo de Simões Lopes Neto, — escritor cuja ficção, quantitativamente parca, mas qualitativamente elevada, se desenvolveu toda dentro do Regionalismo.
Simões Lopes Neto começa por assegurar uma identificação máxima com o universo da cultura rústica, adotando como enfoque narrativo a primeira pessoa de um narrador rústico, o velho cabo Blau Nunes, que se situa dentro da matéria narrada, A literatura e a formação do homem e não raro do próprio enredo, como uma espécie de Marlowe gaúcho. Esta mediação (nunca usada por Coelho Neto, encastelado numa terceira pessoa alheia ao mundo ficcional, que hipertrofia o ângulo do narrador culto) atenua ao máximo o hiato entre criador e criatura, dissolvendo de certo modo o homem culto no homem rústico. 
Este deixa de ser um ente separado e estranho, que o homem culto contempla, para tornar-se um homem realmente humano, cujo contacto humaniza o leitor.
Veja-se o final do conto “Contrabando”:
Era já lusco-fusco. Pegaram a acender as luzes.
E nesse mesmo tempo parava no terreiro a comitiva; mas num silêncio, tudo.
E o mesmo silêncio foi fechando todas as bocas e abrindo todos os olhos.
Então vimos os da comitiva descerem de um cavalo o corpo entregue de um homem, ainda de pala enfiado...
Ninguém perguntou nada, ninguém informou de nada; todos entenderam tudo...; que a festa estava acabada e a tristeza começada...
Levou-se o corpo pra sala da mesa, para o sofá enfeitado, que ia ser o trono dos noivos. Então um dos chegados disse:
— A guarda nos deu em cima... tomou os cargueiros... E mataram o capitão, porque ele avançou sozinho pra mula ponteira e suspendeu um pacote que vinha solto... e ainda o amarrou no corpo... Aí foi que o crivaram de balas... parado... Os ordinários!...
Tivemos que brigar, pra tomar o corpo!
A sia-dona mãe da noiva levantou o balandrau do Jango Jorge e desamarrou o embrulho; e abriu-o.
Era o vestido branco da filha, os sapatos brancos, o véu branco, as flores de laranjeira...
Tudo numa plastada de sangue... tudo manchado de vermelho, toda a alvura daquelas coisas bonitas como que bordada de colorado, num padrão esquisito, de feitios estrambólicos... como flores de cardo solferim esmagadas a casco de bagual!...
Então rompeu o choro na casa toda...
Com a utilização do narrador fictício fica evitada a situação de dualidade, porque não há diferença de cultura entre quem narra e quem é objeto da narrativa. 
No entanto, aí está um ritmo diferente, estão certos vocábulos reveladores e ligeiras deformações prosódicas, construindo uma fala gaúcha estilizada e convincente, mas ao mesmo tempo literária, esteticamente válida. Para o seu narrador Blau Nunes, o autor tinha dois extremos possíveis: ou deformar as palavras e grafar toda a narrativa segundo a falsa convenção fonética usual em nosso Regionalismo, de que vimos um exemplo em Coelho Neto; ou adotar um estilo castiço registrado segundo as convenções da norma culta. Simões Lopes Neto rejeitou totalmente o primeiro e adaptou sabiamente o segundo, conseguindo um nível muito eficiente de estilização.
Graças a isto, o universo do homem rústico é trazido para a esfera do civilizado. O leitor, nivelado ao personagem pela comunidade do meio expressivo, se sente participante de uma humanidade que é a sua, e deste modo, pronto para incorporar à sua experiência humana mais profunda o que o escritor lhe oferece como visão da realidade.
A SELVAGEM EXPLORAÇÃO DO “MEU POVO” - MQ 3,1-4
1 INTRODUÇÃO 
Para conhecer o Deus de Abraão, Isaac e Jacó e também de Jesus, é preciso conhecer aqueles a quem Ele escolheu para compor o “seu povo”. É por meio das aflições, gritos e clamores deste povo que Ele desce (Ex 3,7) e arma sua tenda no meio de nós (Jo 1,14), pois foi para os seus pequeninos que tudo foi revelado (Mt 11,25). Assim, conhecer este Deus é antes de tudo reconhecer aqueles que foram escolhidos por Ele, pois é por meio deles e para eles que este Deus se revela ao longo da história.
O profeta Miqueias nos ajuda nesta compreensão, ao nos mostrar claramente quem é “o povo” de Javé e quem não é. Ao apresentar de quem Javé “esconderá sua face” e “não ouvirá seu clamor”, o profeta nos ajuda a identificar as ações que levam a uma vivência da fé verdadeira e qual nos afasta dela. Rossi e Erdos (2013, p. 95) revelam uma faceta dos profetas muitas vezes esquecidos
O profeta não pode ser considerado somente como se fosse um reformador religioso, ele está inserido na luta política de sua comunidade. As suas críticas e denúncias têm caráter político. Ele está preocupado em reformar as estruturas antigas que trazem ao povo a opressão e mostrar novos horizontes. Sua preocupação é alertar as lideranças que estão no poder, de que se esqueceram das causas públicas, deixaram de lado a causa do povo e buscaram somente seus próprios interesses. O profeta se insere na luta contra a violência que a liderança apoia e, muitas vezes, são os participantes no sistema de opressão, com um sistema tributário com duros impostos que levam o povo a se afundar em problemas, dívidas, perdendo seus bens e ficando á mercê de líderes corruptos. 
Miqueias 3,1-4 revela com fortes palavras a exploração que é cometida contra o povo de Javé e, denunciando tais atos, expõe claramente quem são os preferidos de Javé e as condições necessárias para alcançar sua benevolência. Assim é possível afirmar que o profeta assume uma posição de defensor, ou seja, ele defende aquele – e somente aquele – a quem ninguém defende. Sua vocação está atrelada à causa do oprimido e do vulnerável. 
2 CONTEXTO HISTÓRICO 
O profeta Miqueias atuou provavelmente no período de 725-701 a.C no reino de Judá e, como todo profeta, fala de uma realidade concreta, a partir do cotidiano de sua vida e da vida de seu povo. Qual era a realidade de Judá na época do profeta Miqueias? 
Na segunda metade do século VIII a expansão imperial da Assíria, que tinha como objetivo dominar as rotas terrestres até o Egito, interferia nas relações externas e internas da região da Palestina. Esta constante ameaça do império Assírio fez com que, por volta de 734 a.C, se organizasse uma coalizão antiassíra, liderada pelo Rei de Damasco, Rasin, que contava com a participação de Israel e buscavam o apoio de Judá. Perante a negação de Judá à coalizão antiassíria, inicia-se a guerra siro-efraimita (735-734 a.C), na qual a Síria e Israel se levantaram contra Judá. Frente à ameaça do exército sírio e israelita, o rei Acaz (Judá) buscou apoio junto ao rei Teglat-Falasar III (Assíria), que solícito ao pedido, atacou e conquistou a cidade de Damasco (capital de Aram) e parte do território de Israel. Perante o apoio recebido na guerra siro-efraimita, o rei Acaz passou a pagar tributos à Assíria, tornando Judá um país vassalo do Império Assírio.Israel havia perdido os territórios de Dor, na planície, Meguido e Galaad, restando apenas a montanha de Efraim no entorno da capital Samaria. Quando Oseias assumiu o governo de Israel, após ter assassinado o rei Faceia em 732 a.C, submeteu-se imediatamente ao poder assírio, tornando-se vassalo. Entretanto, o rei Salmanasar, que governava a Assíria neste período, descobre a conspiração de Oseias em comum acordo com o general Seve do Egito. Em represália, o exército assírio prende Oseias e cerca Samaria, que resiste por três anos (724-722 a.C). Após a morte de Salmanasar, assume seu filho, Sargão II, que conquista a Samaria e a torna capital da província Samerina do Império Assírio. Aproximadamente 27 mil de seus habitantes foram deportados neste período e outros, fugindo da guerra e da deportação, migram para Judá, aumentando a população de Jerusalém em 15 vezes, que passa de cerca de 1.000 para 15.000 habitantes (ROSSI, 2016, p. 77). Com esta derrota, chega ao fim, em 722 a.C, o Reino de Israel restando ao reino de Judá a “herança da identidade nacional e religiosa do povo que se conhecia como povo de Javé” (PIXLEY, 1989, p. 67). 
Durante a queda de Israel, dominava em Judá o rei Ezequias que permanecera vassalo do Império Assírio mediante o pagamento de tributos. Entretanto, frente às agitações decorrentes da morte de Sargão e posse do rei Senaqueribe, o rei Ezequias preparava-se para tornar-se livre do domínio Assírio. Para isso, iniciou um grande programa de construções e reformas em Jerusalém: reconstrução dos muros da cidade, construção de um aqueduto de aproximadamente 534m de comprimento, construção de depósitos e estábulos, recrutamento e aparelhamento do exército. Obras de fortificação de cidades no interior de Judá também foram realizadas neste período. Essas medidas, segundo Zabatiero, não significaram somente o aumento de tributos para a realização das obras e manutenção do exército, mas também o “arregimentamento dos jovens para os trabalhos de construção” (1996, p. 17). A fim de fortalecer ainda mais seu país, por meio de uma identidade nacional-religiosa, e tornar possível uma vitória sobre o Império Assírio, o rei Ezequias inicia também uma reforma religiosa, impondo a monolatria e a centralidade do culto no Templo de Jerusalém, em detrimento dos cultos interioranos realizados nos “lugares altos”. 
Entretanto, as pretensões político-militares de Ezequias não foram bem-sucedidas. Em 701 a.C, o rei Senaqueribe sitiou e tomou 46 cidades com as aldeias vizinhas do território de Judá e as entregou aos seus fiéis vassalos filisteus, restando para Ezequias apenas a região de Jerusalém e a sua submissão ao rei Assírio. Este episódio ficou conhecido como cerco e conquista de Laquis, citado pelo profeta Miqueias em 1,13. Com a morte de Ezequias (697 a.C) assume o poder seu filho Manassés, que foi fiel vassalo da Assíria, e por tal fidelidade, recupera parte do território perdido na revolta de Laquis. Manassés também interrompe a reforma religiosa iniciada por seu pai, e restaura o culto nos lugares altos retomando o culto a Baal e Asherá, além de introduzir o culto às divindades assíria (“exército do céu”). Durante os 55 anos de seu reinado, Manassés conseguiu desenvolver novamente a economia de Judá, que se desenvolveu em direção ao sul, com inúmeros assentamentos surgidos nesse período e uma nova rota de comércio com os árabes, recuperando, assim, o país do desastre a que havia sido conduzido durante o reinado de Ezequias (KAEFER, 2015, p. 100). 
Frente a essas grandes transformações nos cenários internacional e nacional, resultante das frequentes guerras e também da reforma religiosa de Ezequias, o povo vê-se, muitas vezes, desamparado e abandonado pelos líderes, tanto religiosos quanto políticos. É neste contexto que Miqueias atua, proferindo oráculos do Senhor em favor dos pequeninos da casa de Israel. 
3 MIQUEIAS: O HOMEM REPLETO DO ESPÍRITO DE JAVÉ 
Miqueias (Micah, no hebraico, “quem é como o Deus El?” ou “quem é como o Deus Javé?”), nascido em torno de 750 a.C, viveu na cidade de Morasti, uma vila do interior de Judá, 33 km a sudoeste da capital Jerusalém, próxima da cidade Gat (uma das cinco metrópoles filisteias). Morasti situava-se na região de Sefelá, uma das mais importantes áreas agrícolas de Judá, além de constituir-se, juntamente com outras cidades vizinhas, em cidade-fortaleza que garantia uma primeira linha de defesa das fronteiras de Judá com a Filisteia (ROSSI, 2016, p.70). A localização geográfica tornava esta cidade um posto avançado de fronteira, onde era possível observar as ações militares na região, como a dos assírios, que passaram por ela nos anos de 734, 711 e 701 a. C (CHAMPLIN, 2000, p. 3569). Miqueias era um homem do campo, embora não se possa determinar com precisão sua profissão. Conhecia de perto as dores e os sofrimentos do povo camponês, possivelmente tenha sido um dos líderes das famílias camponesas, um ancião. É contemporâneo do profeta Isaías, no qual encontramos paralelismos em seus oráculos, apesar da origem urbana de Isaías, como o texto de Mq 4,1-3 e Is 2,2-4. Miqueias, por estar próximo dos camponeses, via de perto homens gananciosos desapropriando os pobres (Mq 2,1-9), os governantes revestidos de corrupção, praticando injustiças e agindo com crueldade inimaginável (Mq 3,1-9) e, quando seu olhar se voltava para os profissionais da religião, percebia que os sacerdotes permaneciam calados, temendo por suas vidas (Mq 3,5;11). 
Miqueias se opõe aos poderosos de sua época, apontando-lhes seus erros decorrentes da ganância e acúmulo de bens. Critica fortemente as cidades, pois vê nelas o centro de toda exploração e violência (Mq 1,5) e por isso, talvez, espera o Messias que não provém delas, mas do interior, de Belém (Mq 5,1). Suas palavras são duras e trazem certo espanto (“devorar a carne”, “arrancar a pele”, “quebrar os ossos”), pois ele “não assume um ar de neutralidade diante daquilo que vê e constata” (ROSSI, 2016, p. 16). É este homem, fiel a Javé e repleto de seu espírito (Mq 3,8), que se torna a voz do “povo” de Javé e grita em seu favor. 
4 ESTRUTURA DO LIVRO DE MIQUEIAS 
O livro do profeta Miqueias é o sexto livro dos considerados profetas menores. Certamente não teve um único redator, notável por conter textos de períodos históricos distintos, apresenta textos provindos do reino do Norte, textos do próprio Miqueias e textos pós-exílicos. Apesar de certa divergência entre os estudiosos para delimitar a época de cada texto, existe uma certa unanimidade ao dizer que o trecho de Mq 6,1-7,7 teria sido produzido no reino do Norte e, com a destruição de Samaria e consequente migração para Jerusalém, foi levada para Judá e conservada dentre os escritos de Miqueias. Esses textos apresentam denúncias contra os crimes cometidos pelos governantes Amri, Acab e respectivos seguidores no período de 885-722 a.C. Do período pós-exílico constam os acréscimos de Mq 2,12-13; 4-5 e 7,8-20, que apresentam promessas de reconstrução de Sião e um hino de confiança em Javé (NOVA BÍBLIA PASTORAL, 2017, 1139-1140). De acordo com Zabatiero (1996, p.12), seria de autoria do próprio profeta Miqueias os trechos de 1,2-3,12 mais algumas inserções do capítulo 5. A redação final do livro também remete ao período pós-exílico, organizando-o alternadamente entre ameaças e promessas, o que teria amenizado a dureza dos originários oráculos de Miqueias. 
Adotamos a proposta apresentada por Zabatiero (1996, p. 27-28) para o arranjo estrutural do livro de Miqueias, por apresentar bem delimitada a perícope em estudo, segue: 
O TÍTULO DO LIVRO (MQ 1,1) 
I – JUÍZO E ESPERANÇA PARA JERUSALÉM (MQ 1-5) 
A – 1,2-1,6 Liturgia teofânica de juízo 
1) 2-7 Teofania do juízo de Javé 
2) 8-16 Lamento individual 
B – 2,1-3,12 Os crimes de Jerusalém 
1) 2,1-5 Acumulação de terras (contra os homens) 
2) 2,6-13 Profetas mercenários (contra as mulheres e crianças) 
3) 3,1-4 Tribunais corruptos 
4) 3,5-8 Profetas mercenários 
5) 3,9-12 Jerusalém de sangue 
C – 4,1-5,12

Continue navegando