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Julia Muniz | 1 Trocas e transporte de gases, cianose e hipóxia • Leva em conta a permeabilidade da membrana aos gases. • Área de superfície: quanto menor a área de superfície menor a difusão • Gradiente de concentração • Espessura da membrana: quanto maior a espessura menor a difusão(enfisema) • Distância de difusão (edema pulmonar) • Gradiente de pressão • Solubilidade • Temperatura: constante na ausência de doença • A difusão através de tecidos é um processo passivo regido pelas leis de Fick. Em suma, a velocidade de transferência de gás que se difunde através de um tecido (Vgás) é diretamente proporcional a área de troca (A), ao coeficiente de difusão desse gás (D) e ao gradiente pressórico (ΔP), e inversamente proporcional à espessura do tecido: Vgás = A x D x ΔP / E • O coeficiente de difusão, por sua vez, depende da solubilidade (Sol) e do peso molecular (PM) do gás em questão: D = Sol / raiz quadrada do PM • Lei de Grahan: o Gases com menor peso molecular se difundem mais rapidamente do que os gases com maior peso molecular. o Por mais que o CO2 tenha peso molecular maior que o O2, ele se difunde cerca de 20 vezes mais rapidamente que o O2, como resultado da sua elevada solubilidade em tecidos orgânicos. Essa diferença na difusão não é ainda maior porque o CO2 apresenta um gradiente pressórico de apenas 6mmHg, enquanto o gradiente para o oxigênio é de, aproximadamente, 60mmHg o Em solução, o gás pode estar dissolvido, fixado ou quimicamente modificado. • A concentração total de um gás em solução é a soma: o Do gás dissolvido (N2): Único que afeta os valores de pressão parcial o Mais o gás fixado (O2 e CO2 – hemoglobina, proteínas plasmáticas) o Mais o gás quimicamente modificado (CO2→ HCO3-) • Ao nível do pulmão, os gases, para chegarem ao sangue, devem se difundir através da barreira alvéolo-capilar, constituída pelo (1) líquido que banha os alvéolos, (2) epitélio alveolar, (3) membrana basal do epitélio, (4) estroma alveolar, (5) membrana basal do endotélio e (6) endotélio. No caso do O2, deve-se também considerar a membrana celular e o estroma da hemácia, já que maior parte desse gás é transportada por essas células. • Devemos nos lembrar da importância do resultado das forças de Starling serem favoráveis a reabsorção. Caso não fosse esse o desfecho das forças, haveria acúmulo de líquido no interstício pulmonar, o que aumentaria a espessura da barreira alvéolo- capilar e, consequentemente, comprometeria as trocas gasosas • Fatores que afetam a difusão dos gases o Durante o exercício físico, o débito cardíaco aumenta assim, o tempo de passagem de uma hemácia pelo capilar pulmonar se reduz, o tempo disponível para a realização das trocas Julia Muniz | 2 gasosas cai, porém, nos indivíduos normais, respirando ar ambiente, não é detectada queda da PO2 arterial. Por outro lado, se a barreira alvéolo- capilar estiver alterada a pessoa pode não apresentar distúrbio durante o repouso, porém este pode ser detectado durante o esforço físico. o A capacidade de difusão cresce com a elevação do volume pulmonar. Porém, somente os alvéolos adequadamente ventilados e perfundidos contribuirão para a troca gasosa. o Indivíduos em decúbito dorsal têm maior capacidade de difusão que aqueles em posição sentada. Isso se deve provavelmente pelo aumento do fluxo sanguíneo e de uma distribuição mais uniforme da perfusão pulmonar em decúbito dorsal. o A área total da superfície alveolar pode ficar diminuída em situações como enfisema pulmonar, onde ocorre significativa queda no número de alvéolos por destruição do septo alveolar. Assim, menor será a capacidade de difusão. o Qualquer situação patológica na qual haja espessamento da barreira alveolocapilar reduz a difusão de gases • O oxigênio é transportado no sangue de duas maneiras: dissolvido no plasma e no fluido intracelular das hemácias; combinado quimicamente de modo reversível com a hemoglobina • Apenas uma pequena porção do O2 permanece no plasma e no fluido intracelular eritrocitário, além de ser transportada para os tecidos em solução simples, isso é o chamado de oxigênio dissolvido (oxigênio em solução física) • A quantidade de oxigênio dissolvido é diretamente proporcional à sua pressão parcial no sangue. • No sangue arterial normal (considerando-se a Po2 igual a 100 mmHg) existe somente 0,3 vol% de oxigênio dissolvido. Quando um indivíduo hígido respira O2 puro ao nível do mar, a PO2 se eleva para um máximo teórico de 673 mmHg, a PO2 arterial excede 600 mmHg e seu 02 dissolvido se aproxima de 2 vol%. • As câmaras hiperbáricas aumentam a pressão total para valores muitas vezes acima da pressão atmosférica. Assim, durante a oxigenação hiperbárica a concentração de O2 dissolvido aumenta proporcionalmente de acordo com a lei de Henry e passa, assim, a representar uma significativa fração da quantidade total de O2 transportado no sangue • A quantidade de O2 dissolvida não é, suficiente para manter o funcionamento normal do organismo • Cerca de um terço do volume da hemácia corresponde à hemoglobina. • A porção polipeptídica da molécula da hemoglobina normal do adulto (HbA) é composta por quatro cadeias de aminoácidos: duas cadeias alfa e duas beta • A hemoglobina fetal (HbF) é formada por duas cadeias alfa e duas gama, além de apresentar uma afinidade muito maior pelo oxigênio, em relação à HbA. • Hemoglobinas anormais: já são conhecidas mais de 30 hemoglobinas anormais, que chegam a diferir da HbA por apenas um único aminoácido na cadeia alfa ou beta. A mais conhecida é a HbS (anemia falciforme), doença na qual hemácia adquire a forma de foice quando a hemoglobina se desoxigena e, anormalmente, se cristaliza. • Grupamento Heme: é um complexo constituído por uma protoporfirina e um íon ferro no estado ferroso. A esse íon, associa-se o O2, formando a oxihemoglobina (HbO2). Nesse ponto também se liga o monóxido de carbono (CO), formando a carboxi-hemoglobina (HbCO). • Se o ferro se estiver oxidado (estado férrico), forma-se a metemoglobina, que se combina com vários ânions, mas não com o O2. Também há uma forma congênita de metemoglobinemia, decorrente de uma deficiência da enzima metemoglobina redutase, que reduz o ferro férrico a ferroso. Portanto, para que as Julia Muniz | 3 subunidades fixem o O2, o ferro nos radicais heme, devem estar no estado ferroso. • Cada molécula de hemoglobina tem capacidade de transportar no máximo quatro moléculas de O2 • A estrutura tetraédrica da hemoglobina confere maior controle da afinidade por oxigênio, sendo essa afinidade variável • Diferentemente do O2 dissolvido, a quantidade de oxigênio combinada com a hemoglobina não está linearmente relacionada com a PO2, mas é descrita como uma curva em forma de S - curva de equilíbrio entre Hb e 02 (curva de dissociação da hemoglobina). • Saturação da Hemoglobina com o O2 o 1 Hb → 4 O2 (100%) o Sangue arterial: Hb está 98,5% saturada o Sangue venoso: Hb está 75% saturada • PCO2 • pH • Temperatura • Nível de 2,3-difosfoglicerato • Figura C: o aumento da PCO2 desloca para a direita a curva de dissociação da hemoglobina, reduzindo a afinidade da hemoglobina pelo 02, portanto, o aumento da PCO2 diminui a saturaçãodo O2 • Figura B: A elevação da concentração dos íons hidrogênio (queda do pH sanguíneo), também desloca para a direita a curva. Essa alteração na posição da curva decorre da modificação na forma da molécula de Hb, o que dificulta a ligação do oxigênio ao complexo heme. À medida que o pH cai e a curva se desvia para a direita, a saturação da Hb para uma dada Po2 decai. Ao contrário, a elevação do pH desvia a curva para a esquerda, e a saturação de Hb para uma dada Po2 aumenta, indicando maior afinidade da Hb pelo oxigênio. o EFEITO BOHR: Redução do pH favorece a liberação de O2 para os tecidos. Diminuição da afinidade da hemoglobina pelo O2 na presença de alta concentração de CO2(TECIDOS)→ é o que ocorre durante a realização do exercício. o EFEITO HANDALE: Diminuição da afinidade da hemoglobina pelo CO2 na presença de alta concentração de O2(CAPILARES) • Figura A: Enquanto a queda da temperatura causa em desvio da curva para a esquerda, a temperatura elevada desvia a curva para a direita. Ou seja, hipertermia diminui a afinidade da hemoglobina pelo O2 e vice-versa • Figura D: O 2,3-difosfoglicerato (2,3-DPG) é um produto intermediário constituído durante a glicólise anaeróbia, via energética da hemácia. Hipoxemia e anemia aumentam a concentração intracelular de 2,3-DPG. Quando a concentração de 2,3-DPG se eleva no interior Julia Muniz | 4 da hemácia, a curva de equilíbrio entre o 02 e a hemoglobina é deslocada para a direita. • >AFINIDADE DE Hb-O2 → MENOR LIBERAÇÃO DE 02 • <AFINIDADE DE Hb- O2 → MAIOR LIBERAÇÃO DE O2 • A afinidade natural da Hb pura pelo 02 é tão elevada que ele teria uma passagem dificultada para os tecidos sem os fatores que reforçam a liberação de O2 (CO2, H+, temperatura e ânions polifosfato, como o 2,3- DPG). Eles favorecem a liberação de oxigênio, estabilizando a configuração desoxi da Hb e, assim, reduzindo a afinidade pelo O2. • O CO2 forma grupamento carbamina • O H+ reforça as pontes de sal dentro da molécula de Hb • 2,3 –DPG reúne as subunidades das cadeias beta da desoxi-hemoglobina, modificando a forma da molécula de Hb, o que dificulta a ligação do oxigênio ao complexo heme • 10% dissolvido no plasma • 20% ligado a Hb • 70% bicarbonato (mais importante) CO2 + H2O → H2CO3 → H+ + HCO3- • A captação de C02 criado pelas células e seu transporte até o pulmão, onde é liberado para o gás alveolar e daí para o meio ambiente, são feitos pelo sangue. • Naturalmente, a Pco2 é maior nas células ativas que no sangue a fluir pelos capilares. Por isso ele se difunde dessas células para o plasma. • O dióxido de carbono é transportado no sangue como: (1) C02 dissolvido, (2) íons bicarbonato (HC03 -), (3) carbaminohemoglobina e outros compostos carbamínicos, e (4) quantidades diminutas de ácido carbônico (H2C03) e íons carbonato (C032-). • Uma pequena parte do C02 proveniente das células dissolve-se no plasma. Ainda no plasma, uma pequena quantidade de C02 reage lentamente com a água para formar ácido carbônico o qual se dissocia prontamente, para causar neutralização pelos sistemas-tampões do plasma. No plasma, o C02 reage também com as terminações amina livres (-NH2) das proteínas plasmáticas, formando os compostos carbamínicos. Essa rápida reação química não exige catalisadores. • Entretanto, a maior parte do C02 que se difunde a partir das células para o sangue penetra nas hemácias, nas quais ocorrem três fenômenos: o Parte permanece dissolvida no interior da hemácia o Parte combina-se com a hemoglobina para formar a carbamino-hemoglobina (HbC02). O íon H+ resultante é tamponado pela própria hemoglobina o A maior parte do C02 combina-se com a água, constituindo ácido carbônico, que se dissocia em H+ e HC03 -. Ao contrário da reação química similar que se dá no plasma, no interior da hemácia existe uma enzima catalisadora, a anidrase carbônica, que acelera a conversão de C02 e H20 em H2C03 (e vice-versa) • Parte do íon bicarbonato se difunde para o plasma, mantendo o equilíbrio das concentrações na hemácia e no plasma. A neutralidade de cargas é conseguida à custa da passagem de ânions cloreto do plasma para o interior da hemácia. A esse fenômeno, denomina-se desvio de cloretos (ou efeito Hamburger). Simultaneamente, moléculas de água dirigem-se para dentro da hemácia, a fim de restabelecer o equilíbrio osmótico, resultando daí que as hemácias do sangue venoso apresentam um volume maior que as do sangue arterial. Embora o plasma transporte grande quantidade de ânions bicarbonato, estes são produzidos no interior da hemácia, graças à presença da enzima anidrase carbônica. • Quando chega perto dos alvéolos: O CO2 que estava dissolvido no plasma se difunde para o interior dos alvéolos, assim como o CO2 que estava ligado a hemoglobina, devido ao efeito handale se desliga e se difunde para os alvéolos. Parte da hemoglobina que estava ligada ao íon H+, produzido durante a produção de bicarbonato pela anidrase carbônica, reage agora com o HCO3- que é internalizado pela hemácio pelo trocador com o Cl-. Dessa forma, a hemoglobina é liberada e Julia Muniz | 5 o H+ se combina com o bicarbonato formando H2O e CO2, o qual se difunde para os alvéolos. • Monóxido de carbono: o Pode deslocar o O2 da Hb diminuindo assim o transporte de O2 o 0,04 mmHg – competição com 02 o 0,06 mmHg – letal (acidente em SC) • É a deficiência de oxigênio nos tecidos corporais, suficiente para causar impedimento da função fisiológica • São quatro os tipos de hipoxia: hipóxica, anêmica ou hipêmica, estagnante e histotóxica. • Hipóxia hipóxica: A capacidade de oxigênio do sangue está normal, mas a PO2, a SO2 e o conteúdo de O2 encontram-se diminuídos. Este sangue ao chegar aos capilares sistêmicos não apresenta um gradiente de Po2 suficiente para impulsionar o O2 em quantidades adequadas até as mitocôndrias. Esse tipo de hipóxia pode ser dar por: (a) Po2 baixa no gás inspirado, como ocorre quando é inalada mistura gasosa pobre em 02, ou quando a pressão barométrica está diminuída; (b) hipoventilação alveolar global, por depressão do centro respiratório, como acontece em certas doenças ou na intoxicação por alguns agentes farmacológicos; (c) doenças pulmonares com comprometimento da difusão de gases através da barreira alveolocapilar ou distúrbio da relação ventilação-perfusão (enfisema, doença pulmonar fibrótica, edema pulmonar e asma), e (d) contaminação do sangue arterial com sangue venoso, como em algumas cardiopatias congênitas ou fístula arteriovenosa pulmonar. • Hipóxia anêmica: há diminuição da capacidade de oxigênio do sangue. Embora a S02 e a Po2 arteriais estejam normais, o conteúdo de 02 encontra-se diminuído. Não havendo aumento da perfusão tecidual periférica, será maior a diferença arteriovenosa de Po2, caindo a oferta para os tecidos. Essa hipóxia é provocada pela diminuição da hemoglobina disponível para o transporte de oxigênio. Assim, tanto a anemia (em que há diminuição real da taxa de hemoglobina no sangue) quanto o impedimento da ligação do 02 com a hemoglobina (envenenamento pelo CO, metemoglobinemia etc.) podem levar à hipoxia anêmica. • Hipóxia de estase: a S02, a Po2 e o conteúdo de 02 arteriais encontram-se dentro da normalidade, porém a perfusão sanguínea dos tecidos está comprometida. Em outraspalavras, essa hipoxia resulta simplesmente da permanência mais longa das hemácias nos capilares sistêmicos, com consequente maior extração de 02 por mililitro de sangue, que leva finalmente a uma menor oferta de 02. Como causas podem ser citadas as cardiopatias, que acarretam baixo débito cardíaco e distúrbios vasculares. • Hipóxia histotóxica: estão normais a capacidade de oxigênio, a S02, a Po2 e o conteúdo de 02 do sangue arterial. Como neste caso os tecidos estão comprometidos, não sendo capazes de metabolizar o 02, há diminuição da diferença arteriovenosa de 02, e o sangue venoso tem valores elevados para S02, Po2 e conteúdo de 02. Surge tipicamente no envenenamento pelo cianeto. • Coloração azulada da pele e mucosas, gerada pelo aumento da quantidade de hemoglobina reduzida (desoxigenada), que tem uma cor muito escura, nos capilares periféricos. Ela depende apenas da quantidade absoluta de hemoglobina reduzida e não da porcentagem desta em relação à hemoglobina total do sangue. Assim sendo, quando a taxa de hemoglobina reduzida ultrapassa 5 g%, há cianose.
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