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2014 IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno 1 SUMÁRIO 1. Introdução ............................................................................................................................ 6 1.1 Definições ........................................................................................................................ 6 1.2 Generalidades sobre Cartas. ............................................................................................ 6 1.3 Características das Cartas ................................................................................................ 9 1.4 Classificação .................................................................................................................... 9 1.4.1 Quanto à finalidade (ABNT*) ..................................................................................... 9 1.4.2 Classificação segundo a Diretoria do Serviço Geográfico do Exército (DSG) ......... 10 2. Processo Cartográfico ....................................................................................................... 11 2.1 Aquisição de Mapas ...................................................................................................... 11 3. Superfícies de referência usadas em cartografia. .............................................................. 16 3.1 Superfície de referência geoidal .................................................................................... 16 3.2 Superfície de referência esférica ................................................................................... 16 3.3 Superfície de referência elipsoidal ................................................................................ 17 3.4 O relacionamento entre as superfícies física, geoidal e elipsoidal. ............................... 18 4. Geometria do Elipsóide. .................................................................................................... 19 4.1 Raios de curvatura do elipsóide de revolução. .................................................................. 20 4.2 Comprimento de um arco de meridiano (S) ...................................................................... 22 4.3 Área de um setor elipsóidico (A) ...................................................................................... 23 4.4 Área de um quadrilátero elipsóidico (T) ........................................................................... 24 4.5 Aproximação esférica. ....................................................................................................... 24 5. Sistemas de Referência ...................................................................................................... 25 5.1 Sistemas de Coordenadas Geográficas e Geodésicas .................................................... 25 5.2 Latitudes Geocêntrica e Reduzida. ................................................................................ 27 5.3 Sistemas de Coordenadas Cartesianas Tridimensionais. ............................................... 28 5.4 Transformação de Coordenadas Cartesianas em Geográficas. ..................................... 29 5.5 Transformação de Coordenadas Geográficas em Cartesianas ...................................... 29 6. Datum. ............................................................................................................................... 30 6.1 Datum Horizontal .......................................................................................................... 30 6.2 Mudança de Datum. ...................................................................................................... 33 6.2.1 Transformação de Coordenadas Geodésicas para Cartesianas Tridimensionais ...... 33 6.2.2 Transformação de Cartesianas Tridimensionais para Coordenadas Geodésicas ...... 34 6.3 Datum vertical. .............................................................................................................. 35 7. Projeções Cartográficas ..................................................................................................... 36 IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno 2 7.1 Introdução ...................................................................................................................... 36 7.2 Superfícies de projeção ................................................................................................. 36 7.3 Introdução ao conceito de distorção .............................................................................. 38 7.3.1 Escala principal. ........................................................................................................ 40 7.3.2 Escalas particulares ................................................................................................... 40 7.3.3 Fator de deformação ao longo dos meridianos (h). ................................................... 42 7.3.4 Fator de deformação ao longo dos paralelos (k). ...................................................... 43 7.3.5 Elipse das distorções ou Indicatriz de Tissot ............................................................ 44 7.3.6 Fator de deformação máximo (a) e mínimo (b) ........................................................ 47 7.3.7 Fator de deformação de área (p). ............................................................................... 48 7.3.8 Fator de deformação angular máximo (ω). ............................................................... 48 7.3.9 Propriedades especiais das projeções ........................................................................ 49 8. Análise de uma projeção sob a ótica da teoria das distorções. .......................................... 51 9. Construção prática das Projeções Cartográficas. .............................................................. 62 9.1 Projeções Azimutais ...................................................................................................... 63 9.2 Projeções cônicas .......................................................................................................... 78 9.3 Projeções cilíndricas ...................................................................................................... 91 10. Sistemas de Coordenadas Planas (quadriculado e reticulado) .......................................... 97 11. A Projeção Universal Transversa de Mercator (UTM) ..................................................... 98 11.1 As projeções TM ........................................................................................................... 98 11.2 Transformação de coordenadas Geográficas para TM .................................................. 99 11.3 Transformação de coordenadas TM para Geográficas ................................................ 101 11.4 Modificação das coordenadas TM em UTM, RTM e LTM ........................................ 103 11.5 O Sistema UTM ( Universal Transversa de Mercator) ............................................... 104 12. Utilização de Cartas Topográficas .................................................................................. 106 12.1 Articulação das folhas ................................................................................................. 106 12.2 Extração de informações quantitativas das cartas topográficas. ................................. 110 IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno 3 Índice de Figuras Figura 1 – Representação esquemática da finalidade das cartas. .................................................... 6Figura 2 – Modelo de comunicação cartográfica proposto por Kolacny . ...................................... 7 FIGURA 3 - Adquirindo mapas digitais pela Internet – Passo 1 ..................................................... 12 Figura 4 - Adquirindo mapas digitais pela Internet – Passo 2 ...................................................... 13 Figura 5 - Adquirindo mapas digitais pela Internet – Passo 3 ...................................................... 14 Figura 6 - Adquirindo mapas digitais pela Internet – Passo 4 ...................................................... 14 Figura 7 - Adquirindo mapas digitais pela Internet – Passo 5 ...................................................... 15 Figura 8 – Superfície de referência esférica. ................................................................................. 16 Figura 9 – Superfície de referência elipsoidal. .............................................................................. 17 Figura 10 – Relacionamento entre as superfícies física (topográfica), elipsoidal e geoidal. ........ 18 Figura 11 – Grande normal e pequena normal. ............................................................................. 20 Figura 12 – Raio de um paralelo elipsóidico. ................................................................................ 21 Figura 13 – Área de um setor elipsóidico. .................................................................................... 23 Figura 14 – Área de um quadrilátero elipsóidico. ......................................................................... 24 Figura 15 – Sistema de coordenadas geográficas. ......................................................................... 25 Figura 16 – Sistema de coordenadas geodésicas. .......................................................................... 26 Figura 17 – Latitude geocêntrica. .................................................................................................. 27 Figura 18 – Latitude reduzida. ...................................................................................................... 27 Figura 19 – Sistema cartesiano tridimensional. ............................................................................ 28 Figura 16 – Estudo de sinal para a longitude. ............................................................................... 29 Figura 21 – Representação gráfica da definição de projeção cartográfica. ................................... 36 Figura 22 – Superfícies de projeção em função da forma, aspecto e classe. ................................ 37 Figura 23 – Representação cartográfica descontínua. ................................................................... 38 Figura 24 – Representação cartográfica contínua. ........................................................................ 39 Figura 25 – Quadrilátero infinitesimal na superfície de referência (esfera) e na superfície de projeção. ................................................................................................................ 41 Figura 26 – Significados das deformações na transformação da superfície referência de projeção para a de projeção. ....................................................................................... 41 Figura 27 – Raio do paralelo em função da latitude. .................................................................... 43 Figura 28 – Indicatriz de Tissot (elipse das distorções) ................................................................ 44 Figura 29 – Quadrilátero infinitesimal na superfície de projeção. ................................................ 45 Figura 30 – Pontos e Linhas de distorção Zero. ............................................................................ 49 Figura 31 – Propriedades especiais das projeções cartográficas. .................................................. 49 Figura 32 – Deformações sofridas pela Projeção Sinusoidal ou Projeção de Sansom- Flamsteed. ................................................................................................................... 50 IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno 4 Figura 33 – Projeção Cilíndrica de Plate Carrée. Atribuída a Anaximander (550 a.C.) ............... 56 Figura 34 – Projeção Azimutal Estereográfica. Atribuída a Hiparcus (160 - 125 a.C.) ............... 57 Figura 35 – Projeção Azimutal Gnomônica. Atribuída a Thales (636 - 546 a.C.) ........................ 57 Figura 36 – Projeção Azimutal Ortográfica. Atribuída a Apolônio (240 a.C.) ............................. 58 Figura 37 – Projeção Azimutal de Postel. Conhecida desde 1426. ............................................... 58 Figura 38 – Projeção Azimutal de Lambert. Descrita em 1772. ................................................... 59 Figura 39 – Projeção Cônica Conforme de Lambert. Descrita em 1772. ..................................... 59 Figura 40 – Projeção Cônica Equivalente de Lambert. Descrita em 1772. .................................. 60 Figura 41 – Projeção Cilíndrica de Mercator. Utilizada por Mercator (1569). ............................. 60 Figura 42 – Projeção Pseudo Cilíndrica. Descrita em 1890. ......................................................... 61 Figura 43 – Aspectos geométricos envolvidos numa projeção azimutal. ..................................... 64 Figura 44 – Eixos cartesianos nas projeções azimutais. ................................................................ 65 Figura 45 – Projeção Gnomônica. ................................................................................................. 66 Figura 46 – Projeção Estereográfica. ............................................................................................ 67 Figura 47 – Projeção Ortográfica. ................................................................................................. 68 Figura 48 – Dimensões uteis numa folha de papel........................................................................ 69 Figura 49 – Definição da área útil na folha de papel A4. .............................................................. 71 Figura 50 –Canevá da Projeção Azimutal Gnomônica em um papel formato A4 (210 mm x 297 mmm) .................................................................................................................. 73 Figura 51 –Canevá da Projeção Azimutal Estereográfica em um papel formato A4 (210 mm x 297 mmm) ........................................................................................................ 76 Figura 52 – Aspectos geométricos envolvidos nas projeções cônicas. ......................................... 79 Figura 53 – Eixos cartesianos nas projeções cônicas. ................................................................... 80 Figura 54 – Projeções cônicas - Caso a - θMáx > 90º ..................................................................... 81 Figura 55 – Projeções cônicas - Caso b - θMáx < 90º ..................................................................... 82 Figura 56 – Definição da área útil. ................................................................................................ 84 Figura 57 – Canevá da Projeção Cônica Conforme de Lambert. .................................................. 86 Figura 58 – Canevá da Projeção Cônica Equidistante de Ptolomeu.. ........................................... 89 Figura 59 – Definição da área útil no papel A4 rotacionado de 90°. ............................................ 90 Figura 60 – Aspectos geométricos envolvidos nas projeções cilíndricas ..................................... 92 Figura 61 – Definição da área útil no papel rotacionado de 90°. .................................................. 94 Figura 62 – Canevá da Projeção Cilíndrica Conforme de Mercator. ............................................96 Figura 63 – Diferenças entre reticulado e quadriculado. .............................................................. 97 Figura 64 - Reticulado de um hemisfério na projeção Transversa de Mercator. .......................... 98 Figura 65 – Latitude aproximada φ1. ........................................................................................... 101 IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno 5 Figura 66 – Concepção da Projeção UTM (cilindro transverso e fusos) .................................... 104 Figura 67 – Fuso UTM ................................................................................................................ 105 Figura 68 – Faixas da articulação do mundo ao milionésimo. .................................................... 106 Figura 69 – Folha SF-22 da Carta do Mundo ao Milionésimo. .................................................. 107 Figura 70 – Articulação das folhas do mapeamento sistemático brasileiro. ............................... 108 Figura 71 – Mapa do Brasil com a articulação na escala 1 : 1 000 000. ..................................... 109 Figura 72 – Exemplo de escala gráfica. ...................................................................................... 110 Figura 73 – Exemplo de extração de coordenadas de pontos em cartas topográficas. ............... 112 Índice de Tabelas Tabela 1 - Situação do mapeamento do território brasileiro (2003) ............................................. 11 Tabela 2 – Estações do SIRGAS 2000 .......................................................................................... 32 Tabela 3 – Parâmetro de transformação dos Datum brasileiros. ................................................... 34 Tabela 4 – Tabela de deformação da Projeção Cilíndrica de Mercator (aspecto normal) ............ 53 Tabela 5 – Tabela de deformação da Projeção Conforme Azimutal Estereográfica (aspecto normal) ....................................................................................................................... 54 Tabela 6 – Tabela de deformação da Projeção Afilática Azimutal Gnomônica (aspecto normal) ....................................................................................................................... 54 Tabela 7 – Tabela de deformação da Projeção Equidistante nos Meridianos Azimutal de Poste (aspecto normal) ............................................................................................... 55 Tabela 8 – Tabela de deformação da Projeção Equivalente Azimutal de Lambert (aspecto normal) ....................................................................................................................... 55 Tabela 9 – Tabela de deformação da Projeção Cilíndrica de Plate Carrée - Eqüidistante ao longo dos meridianos. ................................................................................................. 56 Tabela 10 - Raios dos paralelos – Projeção Azimutal Gnomônica .............................. 72 Tabela 11 - Raios dos paralelos – Projeção Azimutal Estereográfica. ...................... 75 Tabela 12 - Raios dos paralelos - Cônica conforme de Lambert ................................. 85 Tabela 13 - Ângulos para os meridianos da Projeção Cônica Conforme de Lambert ................. 85 Tabela 14 - Raios dos paralelos - Cônica Equidistante de Ptolomeu ......................... 88 Tabela 15 - Ângulos para os meridianos da Projeção Cônica Equidistante de Ptolomeu ........... 88 Tabela 16 - Cilíndrica Conforme de Mercator – ordenadas .......................................... 95 Tabela 17 – Cilíndrica Conforme de Mercator – abscissas .......................................................... 95 Tabela 18 – Variações mais usuais da projeção TM ................................................................. 103 IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno 6 CARTOGRAFIA 1. Introdução 1.1 Definições Cartografia : “Arte de levantamento, construção e edição de cartas de qualquer natureza, e a ciência na qual repousa.” ou “Produto do conhecimento obtido no estudo de mapas geográficos, dos métodos para sua produção e reprodução, e de seu uso.” Nestas definições aparecem duas palavras que tem o mesmo significado: Carta e Mapa. A palavra carta vem do latim charta que significa papel e a palavra mapa vem de mappa que significa pano. Observa-se então que a diferença vem da origem do material com que eram produzidos. No Brasil costuma-se diferenciar mapa de carta em função ou da escala ou da fidedignidade das informações. No tocante a escala costuma-se chamar de carta quando o documento é confeccionado em escalas grandes ou médias e de mapa quando a escala é pequena. O problema desse enfoque é estabelecer qual o limiar entre escala média e pequena. Com respeito à confiabilidade das informações, costuma-se chamar de carta os produtos elaborados com rigor geométrico de modo a se poder tomar medidas confiáveis sobre eles e de mapa, aqueles que funcionam apenas como ilustração. 1.2 Generalidades sobre Cartas. Carta (mapa): “Representação visual, codificada, geralmente bidimensional, total ou parcial, da superfície da Terra ou de outro objeto.” A finalidade básica de uma carta é transmitir informações específicas a respeito de uma área cartografada para o usuário (Figura 1). Figura 1 – Representação esquemática da finalidade das cartas. INFORMAÇÃO MAPA USUÁRIO IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno 7 Um mapa ou carta é um produto de comunicação e, portanto, os conceitos de semiologia gráfica estão presentes na sua construção. Define-se semiologia gráfica ao estudo dos símbolos gráficos, suas propriedades e suas relações com os elementos da informação que eles revelam (Oliveira, 1980). Vários autores têm apresentado suas idéias e teorias sobre a comunicação cartográfica. Um desses autores é o cartógrafo Tcheco Salachtchev Kolácny, que destaca: • a confecção e utilização de mapas deve ser encarada como um todo. • cartógrafos devem se preocupar com o uso tanto quanto com a sua construção. Esse cartógrafo apresenta em 1969 um modelo de comunicação cartográfico (Figura 2) onde os elementos envolvidos na construção de mapas estão descritos. Figura 2 – Modelo de comunicação cartográfica proposto por Kolacny . C O N T E Ú D O D A M E N T E D O C A R T Ó G R A F O LIN G U AG E M CARTOGRÁFICA T R A N S F O R M A Ç Õ E S IN T E L E C T U A IS MAPA C O N T E Ú D O D A M E N T E D O U S U Á R IO LIN G U AG E M C AR TO G R ÁFIC A E F E IT O D A I. C . C O M P R E E N D ID AC ONC R ETIZ AÇ ÃO D A I . C . REALI DA D E D O CA RT ÓGRAFO REAL IDADE D O U SUÁRIO R E A L I D A D E R1 R2 R A Ç Ã O B A S E A D A N A I N F O R M A Ç Ã O C A R T O G RÁ F IC A E F E I T O D A IN F O R M A Ç Ã O S E L E C IO N A D A O B S E R V A Ç Ã O S E L E C IO N A D A V I S A N D O A C R IA Ç Ã O D A I . C . 3 45 1 2 3 4 5 2 1’ 1 - Tarefa objeto; 1’ - Necessidades, interesses e 2 - Conhecimento e experiência; objetivos. 3 - Habilidades e propriedades; 4 - Processos psicológicos; 5 - Condições externas. IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DEGOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno 8 Com respeito às informações cartografadas, essas podem ser qualitativas ou quantitativas. natureza Qualitativas: forma feições distribuição posições geográficas altitudes Quantitativas: distâncias direções áreas, volumes As feições representadas podem ser : da superfície terrestre naturais visíveis : mares, rios, lagos, montanhas, desertos, florestas invisíveis : climas, correntes, campos (magnético, gravitacional, etc.) artificiais cidades, estradas, ferrovias, canais, plantações, aeroportos, barragens, portos de outros objetos esfera celeste : estrelas e planetas Lua : crateras, “mares”... corpos celestes Sol : manchas solares ... Planetas : montanhas, formação de nuvens órgãos do corpo humano prédios históricos ... IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno 9 1.3 Características das Cartas • Permitem a coleta das informações em gabinete; • Apresentam informações não visíveis no terreno: toponímia, fronteiras fisicamente indefinidas; • Codificam informações através de símbolos; • Exigem uma atualização permanente – certas feições variam em função do tempo; • Representam um modo de armazenamento de informações conveniente ao manuseio; • São necessárias à visualização e compreensão de fenômenos espaciais e de sua distribuição e relacionamento; • Constituem um dos elementos básicos do planejamento das atividades sócio-econômicas das comunidades humanas. 1.4 Classificação 1.4.1 Quanto à finalidade (ABNT*) Geográficas: Topográficas Planimétricas Cadastrais, plantas Aeronáuticas Navegação Náuticas Especiais : geológicas, geomorfológicas, meteorológicas, de solos, de vegetação, de uso da terra, geofísicas, globos. IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno 10 1.4.2 Classificação segundo a Diretoria do Serviço Geográfico do Exército (DSG) quanto a precisão topográficas - satisfazem as normas técnicas em vigor; - obtidas por métodos de levantamentos regulares. preliminares - obtidas por métodos de levantamento menos precisos que os regulares quanto ao caráter informativo gerais : - com informações genéricas, de uso particularizado. especiais: - com informações específicas, destinadas em particular a uma única classe de usuários. temáticas: - com uma ou mais assuntos específicos, servindo apenas para situar o tema. Outros documentos cartográficos Cartas de compilação - obtidas pela redução de folhas em escalas maiores; - obtidas pela reunião e consolidação de diversos documentos cartográficos. mosaicos não-controlados : fotos montadas sem apoio em pontos de coordenadas conhecidas Semi-controlados : fotos montadas com apoio em pontos de coordenadas conhecidas Controlados : fotos retificadas montadas com apoio em pontos de coordenadas conhecidas Fotocartas : mosaico (controlado ou não) com quadriculado, moldura, nomenclatura Ortofoto imagem formada por várias fotografias aéreas justapostas de uma região onde a perspectiva central é trocada por uma ortogonal foto-índice : mapa índice realizado através da montagem das fotografias aéreas individuais reduzidas em escala, numeras e colocadas nas suas posições relativas de modo a permitir saber quais as fotografias que abrangem determinada região fotografada. folha-modelo: Representam o aspecto de uma folha (nomenclatura, Quadriculado, legendas, etc) IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno 11 2. Processo Cartográfico Entende-se por mapeamento a aplicação do processo cartográfico sobre uma coleção de dados ou informações, com vistas à obtenção de uma representação gráfica da realidade perceptível, comunicada a partir da associação de símbolos e outros recursos gráficos que caracterizam a linguagem cartográfica. O planejamento de qualquer atividade que de alguma forma se relaciona com o espaço físico que habitamos requer, inicialmente, o conhecimento deste espaço. Neste contexto, passa a ser necessária alguma forma de visualização da região da superfície física do planeta, onde desejamos desenvolver nossa atividade. Para alcançar este objetivo, lançamos mão do processo cartográfico. Pode-se dividir, no processo cartográfico em três fases distintas: a concepção, a produção e a interpretação ou utilização. As três fases admitem uma só origem, os levantamentos dos dados necessários à descrição de uma realidade a ser comunicada através da representação cartográfica. No caso do mapa compilado a documentação coletada terá vital importância na atualização da base cartográfica compilada. 2.1 Aquisição de Mapas O Brasil, país de dimensões continentais, tem o seu território recoberto pelo mapeamento sistemático brasileiro que adota a mesma articulação da Carta do Mundo ao Milionésimo, a qual divide a Terra em fusos de 6º de amplitude em longitude e em faixas 4º de amplitude em latitude Por outro lado, sabe-se que 90% da cartografia nacional foi produzida entre as décadas de 60 e 80. A partir de então, o governo brasileiro não investiu recursos nessa área, provocando uma defasagem nas informações contidas nos mapas. A Tabela 1 mostra o número de folhas do mapeamento sistemático existente, em função da escala. Esta tabela foi adaptada incluindo-se a área de abrangência das folhas em relação à amplitude em latitude e longitude. Observa-se que grande parte do território nacional é coberto por cartas na escala 1:100.000 e menores. Tabela 1 - Situação do mapeamento do território brasileiro (2003) Escalas Área Coberta (Latitude x longitude) Total de Folhas Porcentagem do Mapeamento (%) 1:1.000.000 4º x 6º 46 100,00 1:500.000 2º x 3º 68 36,90 1:250.000 1º x 1º30’ 444 80,72 1:100.000 30’ x 30’ 2.289 75,39 1:50.000 15’ x 15’ 1.647 13,90 1:25.000 7’30” x 7’30” 492 1,01 fonte: http://www.moderna.com.br/geografia/projensinogeo/geobrasil/0028 (adaptado) Atualmente com o uso de imagens orbitais com resolução média (2,5 m) o problema da atualização cartográfica está gradativamente sendo resolvido. No entanto, para muitos trabalhos, o acesso as cartas é a solução. IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno 12 Para se adquirir mapas em papel (formato analógico), basta visitar alguma loja do IBGE e adquirir uma cópia do mapa. Se a utilização do documento for diretamente sobre o papel, o problema do usuário está resolvido. Porém, se o usuário desejar utilizar o mapa em ambiente computacional, será necessário digitalizá-lo. Isto pode ser feito utilizando-se scanners ou mesas digitalizadoras, que é um processo geralmente lento e oneroso devido as etapas de vetorização e edição. Para resolver este problema, atualmente o IBGE vem disponibilizando mapas em formato digital gratuitamente na Internet. Para adquirir gratuitamente os mapas digitais disponibilizados pelo IBGE, o usuário deve acessar o site do IBGE através do seguinte endereço http://www.ibge.gov.br/home/, em seguida é necessário clicar em Geociências/Cartografia(FIGURA 3) FIGURA 3 - Adquirindo mapas digitais pela Internet – Passo 1 Após isso, o usuário deve acessar o link Produtos sob a opção Mapeamento Topográfico, conforme se pode observar na Figura 4: IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno 13 Figura 4 - Adquirindo mapas digitais pela Internet – Passo 2 O passo seguinte é acessar o ícone de download, na forma de um disquete, localizado logo a frente de “Cartas Topográficas Vetoriais do Mapeamento Sistemático” (Figura 5). Ao clicar sobre o disquete, é aberta outra tela para que o usuário forneça seu e-mail (Figura 6), caso o usuário não esteja cadastrado no site do IBGE, este deverá fazer seu cadastro, para então conseguir acessar os mapas (Figura 7). Para preencher o cadastro o usuário deverá possuir um endereço de e-mail e então preencher pelo menos todos os campos assinalados com um asterisco vermelho. Depois de cumprida esta etapa, o usuário pode realizar a aquisição gratuita de qualquer mapa, nas escalas 1:25.000, até 1:250.000. Cada carta é acessada pelo nome da região mapeada e então um arquivo compactado (ZIP) é acessado para aquisição. Após isso, o usuário deve descompactar o arquivo e então utilizar os arquivos da carta em um programa de computação gráfica, tal como ArcView, Spring, Microstation, Geomedia, Bentley View, etc. IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno 14 Figura 5 - Adquirindo mapas digitais pela Internet – Passo 3 Figura 6 - Adquirindo mapas digitais pela Internet – Passo 4 IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno 15 Figura 7 - Adquirindo mapas digitais pela Internet – Passo 5 IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno 16 3. Superfícies de referência usadas em cartografia. Para se mapear a superfície da Terra, antes é necessário conhecer a sua forma e dimensões. Sabe-se que a Terra é um corpo esférico irregular e que não possui uma descrição geométrica. Então é necessária a utilização de modelos adequados para sua descrição de acordo com os objetivos pretendidos nos levantamentos e mapeamentos. 3.1 Superfície de referência geoidal O geóide é definido como uma superfície equipotencial (potencial gravitacional constante) materializada pelo nível médio dos mares. A força da gravidade que gera essa superfície equipotencial é resultante de uma interação entre massas. Sabe-se que existe uma relação direta entre a massa e a densidade de um corpo, e que existe uma grande variação na constituição densimétrica dos materiais que constituem a parte interna do globo terrestre. Deste modo, essa superfície equipotencial não apresenta uma forma regular. Há ainda que se considerar, a questão dos corpos celestes que interagem com o campo gravitacional, provocando variações constantes nesta superfície. Alguns autores definem como sendo a forma do geóide a que corresponde a forma da Terra real. Contudo, como essa superfície não tem uma definição geométrica, este postulado não tem muito sentido, quando o objetivo, esta na busca de um modelo para o mapeamento. Não obstante, esta superfície é extremamente importante no estabelecimento das altitudes. 3.2 Superfície de referência esférica Se a área a ser mapeada for extensa mostrando continentes ou a superfície total da Terra, adota-se o modelo esférico para a superfície da Terra (Figura 8). Figura 8 – Superfície de referência esférica. Esta modelo implica em: Levantamento : Geodésia Cálculos: Trigonometria esférica Uso: mapas de formato pequeno mostrando grandes porções da superfície terrestre Escala : escalas pequenas não maiores que 1:5.000.000 Mapas: Utilização de projeções cartográficas Monte Evereste Fossa das Marianas nível médio dos mares Terra esférica Modelo reduzido ≈ 9 Km ≈ 11 Km 6 cm 0,2 mm 6.3 78 km IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno 17 3.3 Superfície de referência elipsoidal Se a área a ser levantada e mapeada não for pequena e nem muito extensa, o modelo que melhor representa a superfície da Terra é o elipsóide de revolução, que possui uma formulação matemática razoavelmente simples (Figura 9). Neste modelamento leva-se em conta o achatamento dos polos. O elipsóide de revolução é definido pelos seus semi-eixos maior (a) e menor (b) ou pelo semi-eixo maior e o achatamento (f). Figura 9 – Superfície de referência elipsoidal. Por exemplo : a = 6.378 km b = 6.356 km f = 1/298,25 onde : a baf −= Este modelo implica em: Levantamento : Geodésia Cálculos: Geodésicos Medidas: Reduzidas ao elipsóide de revolução Uso: cartas topográficas (mapeamento sistemático), náuticas, aeronáuticas. Escala : médias (1:1.000.000 a 1:5.000) Mapas: Utilização de projeções cartográficas Independentemente do modelo adotado, tanto o esférico como o elipsóidico possuem várias propostas para os seus parâmetros definidores (raio e semi-eixos maior e menor). a a b IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno 18 3.4 O relacionamento entre as superfícies física, geoidal e elipsoidal. Embora se utilizem modelos geométricos para descrever a superfície física da Terra na tarefa de mapeamento, as medições são executadas na superfície topográfica, ou simplesmente física. É importante então, definir-se alguns elementos deste relacionamento (Figura 10). Figura 10 – Relacionamento entre as superfícies física (topográfica), elipsoidal e geoidal. Na figura aparecem as superfícies física (SF), elipsoidal (SE) e geoidal (SG). A separação entre as superfícies elipsoidal e geoidal recebe o nome de ondulação do geóide e é representado pela letra N. Um ponto P, na superfície física, sendo projetado segundo a direção da vertical (linha de prumo) e da direção da normal (reta ortogonal a superfície do elipsóide) geram os pontos P’ e P’’. Ao segmento 'PP corresponde a altitude ortométrica (H), e ao segmento "PP corresponde a altitude geométrica ou elipsoidal (h). O ângulo formado entre a vertical e a normal é definido como desvio da vertical (i). Este ângulo é da ordem do segundo de arco e deste modo é possível se fazer uma relação entre as superfícies sem incorrer em erro significativo. NHh += S.F. S.E. S.G. vn H h i P P’ P” N IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno 19 4. Geometria do Elipsóide. O elipsóide de revolução é a forma geométrica obtida pela rotação de uma semi-elípse ao redor de seu eixo menor. Por ser uma das formas geométricas utilizadas nas operações de mapeamento, o estudo da sua geometria é extremamente importante. Um elipsóide fica perfeitamente definido pelos seus semi-eixos maior (a) e menor (b). Entretanto em geodésia é comum se estabelecer a definição pelo semi-eixo maior (a) associado ao achatamento (f). A relação matemática que estabelece o vínculo entre estas grandezasesta explicitada na seguinte equação. a baf −= Um outro elemento importante no estudo do elipsóide é a excentricidade, que pode ser dividida em primeira e segunda. Estes valores são calculados pelas seguintes equações: 2 22 2 a ba e − = ou 22 2 ffe −= (primeira excentricidade) ; e 2 22 2 ' b ba e − = (segunda excentricidade). Analogamente à excentricidade se pode estabelecer o segundo achatamento que é definido pela seguinte equação: b baf −=' Existem outras relações que devem ser conhecidas. IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno 20 Na Figura 11, observa-se um ponto P na superfície do elipsóide. Por este ponto passa a reta normal (ortogonal ao plano tangente em P) que cruza o eixo de rotação no ponto O. Esta mesma reta gera o ponto Q quando cruza o plano do equador, formando um ângulo φ (latitude) com este. Ao segmento OP dá-se o nome de grande normal e referencia-se pela letra N; e ao segmento QP dá-se o nome de pequena normal e representa-se pelo símbolo N’. Figura 11 – Grande normal e pequena normal. O cálculo destas quantidades é feito pelas seguintes equações: φ221 sene aN − = e ( )21' eNN −= 4.1 Raios de curvatura do elipsóide de revolução. Ao contrário da esfera que possui apenas um raio de curvatura, o elipsóide de revolução por possuir semi-eixos maior e menor, tem a sua curvatura variando entre os valores máximo (a) e mínimo (b). Portanto, é necessário que se conheça a formulação matemática que permita o cálculo destes raios de curvatura para qualquer ponto da superfície elipsóidica. Existem infinitos planos que contém a reta normal. Cada um deles, ao cruzar o elipsóide de revolução, gera o que se denomina seção normal. A cada uma destas seções, corresponde um raio de curvatura diferente. Entretanto, apenas dois são de especial interesse, o raio de curvatura da seção 1º vertical e o raio da seção meridiana. Ao primeiro corresponde o raio máximo e ao segundo o raio mínimo. P PN PS Equador Normal N N' o Q IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno 21 Numericamente o raio da seção 1º vertical é equivalente ao valor da grande normal e utiliza a mesma formulação para o seu cálculo. No entanto o raio de curvatura da seção meridiana é calculado pela equação: ( )322 2 1 )1( φsene eaM − − = A junção destes dois valores nos permite calcular o raio médio de curvatura. MNR ⋅=0 e através do teorema de Euler, o raio de curvatura de uma seção normal qualquer N sen MR αα 22cos1 += onde : α – azimute da seção meridiana No elipsóide de revolução os paralelos são circunferências e o raio é calculado pela equação dada na Figura 12: Figura 12 – Raio de um paralelo elipsóidico. φcosNr = P φ PN PS Equador Normal o N r φ IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno 22 Além destes valores, pode-se necessitar conhecer o comprimento de um arco de meridiano, a área de um setor elíptico ou a de um quadrilátero elíptico. Pela constante variação da curvatura, a determinação das fórmulas não é trivial, e exige a adoção de desenvolvimento em série. 4.2 Comprimento de um arco de meridiano (S) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ]10sen10sen 10 18sen8sen 8 16sen6sen 6 1 4sen4sen 4 12sen2sen 2 1)([)1( 121212 121212 2 L−−⋅+−⋅−−⋅− −⋅+−⋅−−⋅⋅−= φφφφφφ φφφφφφ FED CBAeaS onde : L 65536 43659 16384 11025 256 175 64 45 4 3 1 108642 ++++++= eeeeeA L 65536 72765 2048 2205 512 525 16 15 4 3 108642 +++++= eeeeeB L 16384 10395 4096 2205 256 105 64 15 10864 ++++= eeeeC L 131072 31185 2048 315 512 35 1086 +++= eeeD L 65536 3465 16384 315 108 ++= eeE L 131072 693 10 += eF IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno 23 4.3 Área de um setor elipsóidico (A) A área de um setor elipsóidico (Figura 13) pode ser calculado pela fórmula: Figura 13 – Área de um setor elipsóidico. [ ]L−⋅∆⋅+⋅∆⋅−⋅∆⋅⋅⋅= mmm CBAA φφφφφφpiφφ 5cos5sen'3cos3sen'cossen'b4 221 onde : 2 12 φφφ −=∆ e 2 12 φφφ +=m L 256 63 28 35 16 5 8 3 2 3 1 ' 108642 ++++++= eeeeeA L 256 45 192 35 16 3 16 3 6 1 ' 108642 +++++= eeeeeB L 512 45 64 5 16 1 80 3 ' 10864 ++++= eeeeC PN PS Equador φ1 φ2 A IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno 24 4.4 Área de um quadrilátero elipsóidico (T) A área de um quadrilátero elipsóidico (Figura 14) pode ser calculado pela fórmula: Figura 14 – Área de um quadrilátero elipsóidico. ( )L+⋅∆⋅+⋅∆⋅−⋅∆⋅⋅∆⋅⋅= mmm CBAbT φφφφφφλ 5cos5sen'3cos3sen'cossen'2 2 onde : 2 12 λλλ −=∆ 4.5 Aproximação esférica. Em alguns problemas o cálculo através de uma aproximação esférica é suficiente, e nesta situação, existem três formas clássicas de aproximação. a) Média aritmética dos três eixos ) 3 1( 3 2 f a baR −=+= b) Raio da esfera de mesma área superficial que o elipsóide −−−−= L 3024 67 360 17 6 1 642 eee aRA c) Raio da esfera com mesmo volume que o elipsóide. −−−−= L 1296 55 72 5 6 1 642 eee aRV PN PS Equador φ1 φ2 T λ2 λ1 IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIASE TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno 25 5. Sistemas de Referência A posição de um ponto na superfície da Terra é determinada a partir de um sistema de coordenadas ou de referência. Estes sistemas estão associados a uma superfície de referência que se aproxima do formato da Terra. É o caso, por exemplo, do elipsóide de revolução. Existem dois tipos de sistemas de referenciamento. O sistema de coordenadas esféricas e o sistema de coordenadas cartesianas tridimensionais. No primeiro tipo se enquadram às coordenadas geográficas e geodésicas. 5.1 Sistemas de Coordenadas Geográficas e Geodésicas O sistema de coordenadas geográficas divide o mundo nos hemisférios norte e sul, que utiliza o equador como plano de divisão, e em oriente e ocidente que adota o meridiano de Greenwich como fronteira (Figura 15). Neste sistema um ponto na superfície terrestre fica determinado pela sua latitude e longitude. Figura 15 – Sistema de coordenadas geográficas. Latitude (ϕ) – define-se latitude de um lugar como sendo o ângulo formado entre a vertical do lugar e o plano do equador, ou a distância angular contada sobre o meridiano deste, desde o equador até ele. A latitude varia de 0º a ± 90º sendo considerada negativa no hemisfério sul. Longitude (L) – define-se longitude de um lugar como sendo o ângulo diedro formado pelo plano meridiano de Greenwich e o plano meridiano do lugar, ou a distância angular contada sobre o equador desde o meridiano origem (Greenwich) até o meridiano deste. A longitude varia de 0º a ±180º sendo considerada negativa a oeste de Greenwich (hemisfério ocidental). Meridiano de Greenwich ϕ L P Equador Meridiano de P Paralelo de P PN PS Vertical IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno 26 Pode-se estabelecer um sistema de coordenadas similar utilizando-se como modelo para a Terra o elipsóide de revolução (Figura 16). Este sistema de coordenadas é conhecido como Sistema de Coordenadas Geodésicas Figura 16 – Sistema de coordenadas geodésicas. Latitude (φ) – define-se latitude geodésica de um lugar como sendo o ângulo formado entre a normal do lugar e o plano do equador. A latitude varia de 0º a ± 90º sendo considerada negativa no hemisfério sul. Longitude (λ) – define-se longitude de um lugar como sendo o ângulo diedro formado pelo plano meridiano de Greenwich e o plano meridiano do lugar, ou a distância angular contada sobre o equador desde o meridiano origem (Greenwich) até o meridiano deste. A longitude varia de 0º a ±180º sendo considerada negativa a oeste de Greenwich (hemisfério ocidental). Neste sistema pode-se associar a altitude geométrica ou elipsoidal (distância sobre a normal desde o elipsóide até o ponto na superfície topográfica). Nesta situação o ponto fica assim referenciado (φ, λ , h). IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno 27 5.2 Latitudes Geocêntrica e Reduzida. Nos problemas práticos de Geodésia somente o conhecimento da latitude geodésica não é suficiente, é comum se necessitar determinar as latitudes geocêntricas (Figura 17) e a reduzida (Figura 18). Define-se latitude geocêntrica ψ de um ponto P na superfície do elipsóide ao ângulo que o raio vetor CP deste ponto, forma com a sua projeção no plano do equador. Figura 17 – Latitude geocêntrica. A relação entre a latitude geodésica e a geocêntrica é estabelecida pela seguinte fórmula: φψ tgetg ⋅−= )1( 2 No caso da latitude reduzida, é necessário observar a Figura 18 antes de se poder definir. Na ilustração, aparece um dos círculos principais da elipse que contém P, o circulo cujo raio é igual ao semi-eixo maior (a). Então, a partir de P se constrói uma reta paralela ao eixo de rotação. Esta reta cruza a circunferência em P’. Define-se como latitude reduzida, ao ângulo formado pelo raio vetor 'CP e sua projeção no plano do equador. Figura 18 – Latitude reduzida. A relação entre a latitude geodésica e a reduzida é estabelecida pela seguinte fórmula: φtgetgu ⋅−= )1( 2 P φ PN PS Equador Normal o ψ c P φ PN PS Equador o uc P’ IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno 28 5.3 Sistemas de Coordenadas Cartesianas Tridimensionais. Este sistema de coordenadas é caracterizado por um conjunto de três eixos (X, Y e Z), ortogonais entre si (Figura 19). A origem do sistema pode coincidir com o centro de massa da Terra, e neste caso, é denominado de geocêntrico. As características deste sistema são as seguintes: • o eixo X é definido pela intersecção do plano meridiano de Greenwich com o plano do equador, sendo orientado positivamente no sentido do centro para o exterior. • o eixo Y é definido pela intersecção do plano meridiano de longitude 90º Leste com o plano equatorial. • o eixo Z é paralelo ao eixo de rotação da Terra e orientado positivamente na direção do Pólo Norte. Figura 19 – Sistema cartesiano tridimensional. Obs: Este é um sistema dextrógiro. Meridiano de Greenwich Equador λ = 90º EPN Z X Y PS IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno 29 5.4 Transformação de Coordenadas Cartesianas em Geográficas. No sistema de coordenadas geográficas o modelo que é utilizado para representar a Terra é o modelo esférico. Assim, a transformação de coordenadas é dada pelas seguintes equações: 222 zyxR ++= ; 22 yx z arctg + =ϕ ; x y arctgL = onde: R - Raio da esfera que representa a Terra real; ϕ - Latitude geográfica; L - Longitude geográfica. A latitude é um ângulo que varia de 0º a ± 90º e o sinal da equação indica se o ponto está no hemisfério norte ou sul. Entretanto, a longitude é um ângulo que tem uma variabilidade maior (0º a ± 180º) e neste caso, deve-se proceder a um estudo de sinal indicado no quadro da Figura 20. Figura 20 – Estudo de sinal para a longitude. x y longitude hemisfério + + L Leste - + L + 180° + - L Oeste - - L - 180° 5.5 Transformação de Coordenadas Geográficas em Cartesianas A transformação das coordenadas geográficas em cartesianas é conseguida pela aplicação das seguintes equações: ϕ ϕ ϕ sen ;sencos ;coscos ⋅= ⋅⋅= ⋅⋅= Rz LRy LRx IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno 30 6. Datum. Datum é o conjunto de parâmetros que definem o sistema geodésico/cartográfico de um País. Por parâmetros, se subentende a figura geométrica adotada para representar a Terra, as especificações relativas ao ponto origem, a orientação do sistema de coordenadas, e a posição da superfície elipsoidal em relação à física e a geoidal, entre outros parâmetros. 6.1 Datum Horizontal De 1950 até meados da década de 70, o Brasil adotava o Datum de Córrego Alegre. EsteDatum utiliza como superfície de referência, o Elipsóide de Hayford (1924) que teve a sua origem (centro) deslocada do centro de massa da Terra, de modo a melhor ajustá-lo à superfície topográfica. Este procedimento tornou o sistema topocêntrico. Por questões de simplificação adotou-se ondulação nula (N = 0 – distância medida sobre a vertical do local entre o elipsóide e o geóide). A seguir são listados os parâmetros definidores deste sistema. Ponto origem: Vértice Córrego Alegre Coordenadas: φ = -19º 50’ 14,91’’ λ = -48º 57’ 41,98’’ h = 683,81m Superfície de referência: Elipsóide internacional de Hayford 1924. Parâmetros: a = 6.378.388,000 m b = 6.356.911,946 m f = 1/297 Ondulação Geoidal: N = 0 Valor adotado Posteriormente, por um breve período o Brasil conviveu com o Datum Astro-geodésico de Chuá, que mudou o ponto origem do vértice de Córrego Alegre para o vértice de Chuá. Este Datum foi um ensaio para a adoção do Datum SAD-69. IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno 31 O Datum SAD-69 (South American Data) é um sistema regional, que teve a sua recomendação indicada em 1969 na XI Reunião pan-americana de Consulta sobre Cartografia. Nem todos os países do continente seguiram a recomendação e oficialmente somente em 1979, o Brasil o adotou. Os dados que caracterizam este Datum estão discriminados a seguir. Ponto origem: Vértice Chuá Coordenadas: φ = -19º 45’ 41,6527’’ λ = -48º 06’ 04,0639’’ H = 763,28 m altitude ortométrica Superfície de referência: Elipsóide internacional de Referência 1967. Parâmetros: a = 6.378.160,000 m b = 6.356.774,719 m f = 1/298,25 Ondulação Geoidal: N = 0 determinada Azimute geodésico: Az = 271º30’04,05” (Chuá-Uberaba) Esta concepção de Datum, referenciando o sistema a um ponto origem, é considerada uma solução clássica. Modernamente, principalmente pela tecnologia GNSS, a idéia passou a ser a adoção de uma rede de pontos de coordenadas conhecidas que dão suporte ao mapeamento. Sob esse novo enfoque desde 25/02/2005, através da resolução IBGE nº 1/2005 o presidente daquela instituição, resolveu alterar a caracterização do referencial geodésico brasileiro, que passou a ser o SIRGAS 2000 (Sistema de Referência Geocêntrico para as Américas) época 2000,4. O projeto SIRGAS foi criado na Conferência Internacional para Definição de um Sistema Referencial Geocêntrico para a América do Sul, realizada em Assunção-Paraguai em 1993. Os primeiros resultados foram apresentados na reunião científica da International Association of Geodesy (IAG) no Rio de Janeiro em 1997, que se traduziram em uma das redes de referência continentais mais precisas do mundo. O SIRGAS proposto é composto por 58 estações distribuídas pelo continente, com coordenadas determinadas por GPS e referidas a rede de referência internacional mais precisa daquela época (ITRF94 época 1995,4). Destas 58 estações, IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno 32 11 estão no território brasileiro e nove coincidem com estações da Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo do Sistema GPS (RBMC). Atualmente a figura geométrica adotada é o elipsóide de revolução geocêntrico usado pelo Geodetic Reference System 1980 (GRS 80) cujos parâmetros são os seguintes: a = 6.378.137,0000000000 m b = 6.356.752,3141403558 m f = 1/298,257222101 Este sistema está materializado por 21 estações geodésicas distribuídas no território nacional, cujos valores estão na Tabela 2. Tabela 2 – Estações do SIRGAS 2000 Estação Coordenadas Geodésicas Coordenadas Cartesianas φ λ Altitude elipsoidal (m) X (m) Y (m) Z(m) BRAZ 15º 56’ 50,9112” S 47º 52’ 40,3283” W 1.106,020 4.115.014,085 -4.550.641,549 -1.741.444,019 BOMJ 13º 15’ 20,0103” S 43º 25’ 18,2468” W 419,401 4.510.195,835 -4.268.322,325 -1.453.035,300 CAC1 22º 41’ 14,5337” S 44º 59’ 08,8606” W 615,983 4.164.559,941 -4.162.495,407 -2.445.051,218 CANA 25º 01’ 12,8597” S 47º 55’ 29,8847” W 3,688 3.875.253,589 -4.292.587,088 -2.681.107,718 CORU 19º 00’ 01,0131” S 57º 37’ 46,6130” W 156,591 3.229.969,943 -5.095.437,766 -2.063.429,898 CRAT 07º 14’ 16,8673” S 39º 24’ 56,1798” W 436,051 4.888.826,036 -4.017.957,454 -798.309,017 CUIB 15º 33’ 18,9468” S 56º 04’ 11,5196” W 237,444 3.430.711,406 -5.099.641,565 -1.699.432,931 FOR1 03º 43’ 34,3800” S 38º 28’ 28,6040” W 48,419 4.982.893,151 -3.959.968,539 -411.742,293 FORT 03º 52’ 38,8046” S 38º 25’ 32,2051” W 19,451 4.985.386,605 -3.954.998,594 -428.426,440 IMBI 28º 14’ 11,8080” S 48º 39’ 21,8825” W 11,850 3.714.672,427 -4.221.791,488 -2.999.637,883 IMPZ 05º 29’ 30,3584” S 47º 29’ 50,0445” W 105,008 4.289.656,441 -4.680.884,944 -606.347,331 MANA 03º 06’ 58,1415” S 60º 03’ 21,7105” W 40,160 3.179.009,359 -5.518.662,100 -344.401,823 MCAE 22º 22’ 10,3989” S 41º 47’ 04,2080” W 0,056 4.400.142,600 -3.932.040,418 -2.412.305,322 PARA 25º 26’ 54,1269” S 49º 13’ 51,4373” W 925,765 3.763.751,652 -4.365.113,803 -2.724.404,694 POAL 30º 04’ 26,5528” S 51º 07’ 11,1532” W 76,745 3.467.519,402 -4.300.378,535 -3.177.517,730 PSAN 00º 03’ 26,4338” S 51º 10’ 50,3285” W -15,506 3.998.232,011 -4.969.359,526 -6.340,615 RECF 08º 03’ 03,4697” S 34º 57’ 05,4591” W 20,180 5.176588,653 -3.618.162,163 -887.363,920 RIOD 22º 49’ 04,2399” S 43º 18’ 22,5958” W 8,630 4.280.294,879 -4.034.431,225 -2.458.141,380 SALV 13º 00’ 31,2116” S 38º 30’ 44,4928” W 35,756 4.863.495,731 -3.870.312,351 -1.426.347,813 UEPP 22º 07’ 11,6571” S 51º 24’ 30,7223” W 430,950 3.687.624,315 -4.620.818,606 -2.386.880,343 VICO 20º 45’ 41,4020” S 42º 52’ 11,9622” W 665,955 4.373.283,313 -4.059.639,049 -2.246.959,728 SMAR 29º 43’ 08,1260” S 53º 42’ 59,7353” W 113,107 3.280.748,410 -4.468.909,741 -3.143.408,684 Fonte: Resolução n° 1 de fevereiro de 2005 (IBGE) adaptada. Está incluída nesta Tabela 2 a estação SMAR, pertencente a Rede Brasileira de Monitoramento Continuo do Sistema GPS (RBMC) e cujas coordenadas foram determinadas pelo IBGE posteriormente à campanha GPS/SIRGAS 2000. IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno 33 6.2 Mudança de Datum. Considerando que todo o sistema de mapeamento tem uma ligação íntima com o Datum adotado, a utilização de um parâmetro diverso ao estabelecido, implica numa inconsistência de dados. Deve-se então, tomar o cuidado de verificar em qual Datum está referenciado o mapeamento e fazer as adequações necessárias à compatibilização. Com a difusão da utilização da tecnologia GPS (Global Positioning System), este cuidado deve ser redobrado, uma vez que o sistema utiliza os parâmetros do sistema WGS-84. O IBGE através da Resolução nº 23, de 21 de fevereiro de 1989, estabeleceu os critérios oficiais para transformações de sistemas geodésicos (mudança de Datum). A Resolução nº 1/2005 complementa no que concerne à mudança para o SIRGAS 2000. A resolução recomenda que se utilize a transformação das coordenadas geodésicas em tridimensionais, aplique-se nestas os fatores de transformação e posteriormente se retorne ao sistema geodésico. Até essa Resolução aplicavam-se as fórmulas simplificadas de Molodeski. 6.2.1 Transformação de Coordenadas Geodésicas para Cartesianas Tridimensionais ( ) ;sen)1( ;sencos)( ;coscos)( 11 2 111 11111 11111 φ λφ λφ heNZ hNY hNX +−= += += onde : φ1 = Latitude geodésica do ponto λ1 = Longitude geodésica do ponto N1 = raio de curvatura da seção 1º vertical (grande normal) h1 = altitude geométrica ou elipsoidal Transformaçãode sistema Considerando que o Datum de Córrego Alegre, SAD 69, SIRGAS 2000 e WGS 84 são paralelos entre si, à transformação neste caso, envolve apenas translação de eixos. X2 = X1 + ∆X12 Y2 = Y1 + ∆Y12 Z2 = Z1 + ∆Z12 onde: ∆X, ∆Y e ∆Z são parâmetros de transformação, definidos na resolução e estão listados na Tabela 3. IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno 34 6.2.2 Transformação de Cartesianas Tridimensionais para Coordenadas Geodésicas 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 3 2 2 2 2 2 2 2 3 2 2 22 2 cos cos sen' N YXh X Y arctg uaeYX ubeZ arctg − + = = ⋅⋅−+ ⋅⋅+ = φ λ φ onde: utg tgu u 21 sen + = ; utg u 21 1 cos + = ; 2 2 2 2 2 2 2 b a YX Z tgu ⋅ + = Os parâmetros de transformação encontram-se na Tabela 3 . Tabela 3 – Parâmetro de transformação dos Datum brasileiros. Parâmetros de Transformação Córr. Alegre - SAD 69 SAD 69 - Córr. Alegre SAD 69 - SIRGAS 2000 SIRGAS 2000 – SAD 69 SAD 69 – WGS 84 WGS 84 – SAD 69 ∆X -138,70 m 138,70 m - 67,35 m 67,35 m - 66,87 m ± 0,43m 66,87 m ± 0,43m ∆Y 164,40 m - 164,40 m 3,88 m - 3,88 m 4,37 m ± 0,44m - 4,37 m ± 0,44m ∆Z 34,40 m -34,40 m -38,22 m 38,22 m -38,52 m ± 0,40m 38,52 m ± 0,40m obs: Dados obtidos do Boletim de Serviço Nº 1602 (suplemento) e nas resolução Nº 23/89 e Nº 1/2005 – IBGE. Os parâmetros que definem o elipsóide utilizado pelo sistema WGS 84 são os seguintes: a = 6.378.137,000 m WGS 84 b = 6.356.752,314 m f = 1/298,257223563 IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno 35 Em decorrência da evolução tecnológica, o WGS84 já passou por três atualizações: WGS84(G730); WGS84(G873) e WGS84(G1150). Desta forma, os parâmetros de transformação da Tabela 3 entre SAD 69 e WGS84, devem ser usados para levantamentos GPS antes de 1994. Após esta data os parâmetros indicados são os da transformação entre SAD 69 e SIRGAS 2000 uma vez que os dois sistemas (WGS84 e SIRGAS 2000) são compatíveis ao nível do centímetro. No site do IBGE é possível ter acesso a dois programas de transformação de Datum, O TCGeo e o PROGRID. O TCGeo utiliza a formulação apresentada na resolução nº 23 de 21 de fevereiro1989 e os parâmetros de transformação da resolução nº 1 de 25 de fevereiro de 2005. Este programa faz a transformação e não leva em consideração a distorção da rede geodésica, originada pelo transporte de coordenadas feitas através da triangulação geodésica. O PROGRID é um programa mais abrangente que utiliza um “grid” de referência que procura modelar as distorções da rede ao mesmo tempo em que proporciona a mudança de Datum. Nenhum desses programas melhora a qualidade do dado original quanto a precisão. 6.3 Datum vertical. O referencial altimétrico brasileiro coincide com a superfície equipotencial do campo da gravidade da terrestre que contém o nível médio do mar (Geóide) definido pelas observações maregráficas tomadas na baía de Imbituba, no litoral do estado de Santa Catarina de 1949 a 1957. IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno 36 7. Projeções Cartográficas 7.1 Introdução Define-se projeção cartográfica como sendo qualquer arranjo sistemático de meridianos e paralelos descrevendo a superfície curva da esfera ou elipsóide em um plano. Em outras palavras é a representação da superfície física da Terra no plano do papel (Figura 21). Essa relação entre a superfície física e a do papel se dá através de funções matemáticas de tal modo que cada projeção possui equações únicas. x = f1(φ,λ) ρ = f3(φ,λ) ou y = f2(φ,λ) θ = f4(φ,λ) Estas equações tanto servem para definir a projeção como para construí-la. Figura 21 – Representação gráfica da definição de projeção cartográfica. 7.2 Superfícies de projeção A Terra é um corpo plástico que sofre deformações percebidas pela maré terrestre. Sua forma é aproximadamente esférica, mas não tem uma forma geométrica definida. Por essa razão, são utilizados modelos para representá-la (esférico e elipsóidico). A partir desse modelamento é que se estabelecem as relações matemáticas, contudo, a correspondência entre os pontos da superfície e do mapa não é exata. Em primeiro lugar existe um fator de escala que deve ser considerado e em segundo lugar é impossível transformar uma superfície curva em uma plana sem provocar deformações (estiramentos, descontinuidades). O que se procura fazer é eleger alguma área da superfície e então minimizar os efeitos da distorção nesta região. TERRA MAPA IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno 37 É dentro dessa lógica que foram imaginadas três superfícies de projeção para tentar contornar o problema: a superfície plana, a cônica e a cilíndrica. Estas três superfícies também servem como um dos parâmetros classificatórios das projeções, ou seja: Projeções azimutais plana Projeções cônicas superfície cônica Projeções Cilíndricas cilíndrica Qualquer uma destas superfícies pode estar na posição normal, transversa ou oblíqua, dependendo da necessidade (Figura 22). Figura 22 – Superfícies de projeção em função da forma, aspecto e classe. N O R M A L T R A N S V E R S O OBLÍQUO S U P E R F Í C I E S D E P R O J E Ç Ã O C I L Í N D R I C A C Ô N I C A P L A N A C L A S S E S D A S P R O J E Ç Õ E S C I L Í N D R I C A C Ô N I C A A Z I M U T A L A S P E C T O D A S P R O J E Ç Õ E S IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno 38 7.3 Introdução ao conceito de distorção A representação de um trecho ou totalidade da superfície física da Terra remete a idéia de escala. O conceito de escala indica quantas vezes um objeto foi reduzido ou ampliado para poder ser representado no papel. Contudo, este valor deve ser entendido como sendo um valor médio porque diferentes pontos do mapa sofrem diferentes deformações. Este fato é causado pela transformação da superfície curva da Terra para a superfície plana do mapa e varia seu valor em função da projeção cartográfica que se está utilizando. Em cartografia pode-se pensar em representar a superfície da Terra de duas maneiras: a) Cortando a superfície do globo ao longo de certos paralelos e meridianos. Este procedimento minimiza as distorções, contudo apresenta o inconveniente de se representar o mesmo paralelo e meridiano duas vezes, além de haver descontinuidade no mapa (Figura 23). Figura 23 – Representação cartográfica descontínua. Fonte : MALING, D.H. Coordinate Systems and Map Projections. Pergamon Press Inc. New York. 1992. IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavierde Nazareno 39 b) Estirando a superfície em alguma direção. Na Figura 24, por exemplo, a Projeção Policônica – Hassler 1820 (Eqüidistante segundo os paralelos) existe um estiramento na direção dos meridianos. Observa-se que a deformação vai aumentando na medida em que se aproxima do limite do mapa; a distância entre dois paralelos cresce a partir do centro; a separação entre dois meridianos quaisquer permanece praticamente constante; não há descontinuidade. Figura 24 – Representação cartográfica contínua. Em qualquer um dos casos têm-se vantagens e desvantagens e, dependendo da finalidade, aplica-se uma solução ou outra. Em termos práticos pode-se, para o segundo caso, restringir-se a amplitude da área a ser mapeado, caso da projeção UTM que está contida em fusos de 6° de amplitude. Este valor foi adotado porque além desse limite a deformação passa a ter um valor significativo. Entende-se por significativo aquele valor que pode ser mensurado com um escalímetro num mapa, ou seja, qualquer deformação maior que o erro gráfico (0,2 mm). Fonte : MALING, D.H. Coordinate Systems and Map Projections. Pergamon Press Inc. New York. 1992. IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno 40 7.3.1 Escala principal. Escala é definida como a razão entre um comprimento no mapa e o seu valor real no terreno. Normalmente utiliza-se a relação: 1 E d D= onde : d - distância no mapa; D - distância real. Todavia pode-se usar outra formulação mais adequada para cartografia. Essa nova equação tem relação direta com o conceito de esfera modelo ou globo gerador. Define-se esfera modelo como o modelo reduzido da Terra Real. Essa entidade matemática tem raio unitário. Então a partir dessa conceituação pode-se definir escala principal de um mapa como a relação entre o raio da esfera modelo com o da Terra real. TR R E = 1 onde : R - raio da esfera modelo; D - raio da Terra real. Normalmente as escalas em cartografia são representadas na forma de fração onde o numerador é unitário, assim: 1 � = 1 �� � 7.3.2 Escalas particulares Observando-se ainda o mapa da Figura 24, pode-se intuir que dependendo da direção tomada têm-se valores diferentes para a deformação. Este fato real implica no conceito de escalas particulares que é definido como sendo uma taxa de variação da escala principal ao longo de uma direção infinitamente curta. Esta taxa de variação varia conforme a direção escolhida. Supondo um quadrilátero infinitesimal ABCD sobre a superfície de referencia esférica (esfera modelo) construído a partir do ponto A de coordenadas φ e λ (Figura 25). Esse quadrilátero ao ser transportado para a superfície de projeção sofre distorções fazendo com que os pontos B, C, e D sejam deslocados, gerando o quadrilátero A’B’C’D’. Esta situação pode ser visualizada na Figura 25. IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno 41 Figura 25 – Quadrilátero infinitesimal na superfície de referência (esfera) e na superfície de projeção. Superfície de Referência Superfície de Projeção ds’ α’ γ’ A’ B’ C’ D’ P’ R’ S’ Q’ γ’ α’ θ’ θ’ dx dy X Y A B C D ds φ φ + φd λ λ + dλ Quadrilátero infinitesimal A R φ λ dλ rp dφ Estes deslocamentos têm significado geométrico e podem ser representados simbolicamente por uma notação de derivadas parciais, que estão explicitados No quadro da Figura 26. Figura 26 – Significados das deformações na transformação da superfície referência de projeção para a de projeção. Deslocamento Significado Símbolo A’P’ Incremento na direção de Y ocasionado por uma variação infinitesimal da latitude (dφ) ϕϕ d y ∂ ∂ P’B’ Incremento na direção de X ocasionado por uma variação infinitesimal da latitude (dφ) ϕϕ d x ∂ ∂ A’S’ Incremento na direção de X ocasionado por uma variação infinitesimal da longitude (dλ) λλ d x ∂ ∂ S’D’ Incremento na direção de Y ocasionado por uma variação infinitesimal da longitude (dλ) λλ d y ∂ ∂ IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno 42 O incremento é calculado por uma derivada parcial da função que representa a transformação da superfície de referência (esférica ou elipsóidica) para a superfície de projeção (plana, cônica ou cilíndrica) em relação a latitude e longitude. Escala é uma relação entre o comprimento real e o representado, assim as escalas particulares podem ser calculadas como sendo as relações entre os comprimentos dos segmentos na esfera e os seus correspondentes no plano de projeção. Esta variação pode ser entendida como um fator de deformação que varia ao longo de toda superfície de projeção. Então se pode determinar o fator de deformação ao longo dos paralelos, ao longo dos meridianos, em uma direção qualquer, segundo um azimute e assim por diante. 7.3.3 Fator de deformação ao longo dos meridianos (h). O fator de deformação ao longo dos meridianos é representado pela letra h. É definido pela relação: h = AB BA '' ; Analisando o quadrilátero infinitesimal da Figura 25 tem-se que A’B’ é a hipotenusa de um triângulo retângulo, ou seja: 22 '''''' BPPABA += substituído os segmentos pelos seus significados (Figura 26) 2 2 2 2 '' ϕ ϕ ϕ ϕ dxdyBA ∂ ∂ + ∂ ∂ = => 2 22 '' ϕ ϕϕ dxyBA ∂ ∂ + ∂ ∂ = Chamando a quantidade �� � � � + ���� � � = � vem �’�’ = √��� AB é o comprimento de um arco de meridiano de raio R e amplitude dφ, ou seja: AB = R.dφ ⇒ considerando uma esfera de raio unitário ⇒ AB = dφ Finalmente h = φ φ d dE ⇒ h = E ; IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno 43 7.3.4 Fator de deformação ao longo dos paralelos (k). O fator de deformação ao longo dos paralelos é representado pela letra k. É definido pela relação: k = AD DA '' ; Analisando novamente o quadrilátero infinitesimal da Figura 25 tem-se que A’D’ é a hipotenusa de um triângulo retângulo, ou seja: 22 '''''' DSSADA += substituído os segmentos pelos seus significados (Figura 26) 2 2 2 2 '' λλλλ d ydxDA ∂ ∂ + ∂ ∂ = => 2 22 '' λλλ d yxBA ∂ ∂ + ∂ ∂ = Chamando a quantidade �� ��� � + ������ � = � vem �’�’ = √��� AD é o comprimento de um arco de paralelo de raio rp e amplitude dλ (Figura 27): Figura 27 – Raio do paralelo em função da latitude. R rp φ dλ A D R rp =cos Rφ. φ A AD = R.cosφ.dλ ⇒ considerando uma esfera de raio unitário ⇒ AD = cosφ.dλ Finalmente k = λφ λ d dG ⋅cos ⇒ k = φsecG ; IFG - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE GOIÁS Cartografia Geral – Prof. Nilton Ricetti Xavier de Nazareno 44 7.3.5 Elipse das distorções ou Indicatriz de Tissot Uma circunferência na superfície da esfera, infinitamente
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