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Serviço Social EM TEMPO DE CAPITAL FETICHE IAMAMOTO (RESUMO)

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RESUMO: SS EM TEMPOS DE CAPITAL FETICHE: IAMAMOTO
- Sobre as particularidades brasileiras, o 'moderno' é construído por meio do 'arcaico', ao recriar marcas permanentes e transformá-las de acordo com a especificidade da mundialização do capital. O novo surge pela mediação do passado recriado em novas formas atuais. Portanto, a modernidade das forças produtivas do trabalho social está articulada a padrões antigos nas relações de trabalho, potencializando a questão social. 
- O que ocorre é um desenvolvimento desigual, em que há um descompasso entre o desenvolvimento econômico (a expansão das forças produtivas) e o desenvolvimento social (as relações sociais na formação capitalista).
- A modernização conservadora articula o progresso da ordem, mas demoradamente ocorrem transformações, por isso o novo surge como um 'desdobramento' do velho. Isso possibilita a compreensão das relações sociais atrasadas nos setores de ponta da economia, como a regressão de direitos, escravidão, clandestinidade, e outras. 
- Isso é resultado de processo histórico da passagem para o sistema burguês no Brasil, a partir de uma "revolução passiva" (GRAMSCI), em que não tiveram mudanças através da pressão popular, mas foi através de uma restauração das classes dominantes. As decisões foram feitas 'de cima para baixo', 'pelo alto', pela exclusão das classes subalternas das decisões, destituídas da cidadania social e política. O Estado, segundo IANNI, sempre teve ações autoritárias, organizando-se segundo os interesses burgueses e imperialistas. 
- A passagem do capitalismo concorrencial à era monopólica no país, não foi através do 'modelo universal da democracia burguesa', como descreve FERNANDES, mas passam parcelas do excedente econômico para os países centrais. No Brasil tal passagem não foi através de uma burguesia forte voltada para uma democracia nacionalista no intuito de um desenvolvimento autônomo, mas foi caracterizada por uma 'democracia restrita' aos integrantes da classe dominante que fazem dos seus interesses como se fosse de toda população através do Estado e de instituições privadas. Isso potencializou a dependência externa e não minou radicalmente a herança colonial na estrutura agrária, que houve a perpetuação da exportação agrícola e em formas de produção não capitalistas. A mudança para a fase monopólica do capital no país manteve a dominação imperialista e a desigualdade do desenvolvimento societário, através da elevada concentração de terra, da privação de direitos sociais, trabalhistas, políticos, aprofundando as desigualdades econômicas, regionais e sociais. 
- O Estado passa a assumir um papel primordial sobre os interesses das classes dominantes além de impor seus interesses, valores e ideologias para toda sociedade, atuando por meio da violência, perpetuando uma separação entre o Estado e as classes subalternas. Teve um papel determinante pelo fato de que tal modernização feita 'pelo alto', possibilitou que a classe dominante se precipitasse as reivindicações da classe trabalhadora, sendo mais propenso manter a ordem. 
- Todas as transições da sociedade brasileira foram de modo 'elitista e antipopular', 'pelo alto', feitas pelo Estado e não por movimentos populares, excluindo-os desse processo, lançando mão da repressão e da intervenção econômica. A coerção do Estado restringiu o exercício de cidadania para as classes subalternas da população, transformando o cenário composto por relações autoritárias.
- A burguesia brasileira incorpora o princípio da livre-concorrência na esfera econômica. 
- As ideias bases da cidadania liberal, liberdade do trabalho, da igualdade perante a lei, eram em direção a igualdade formal necessária para encobrir a exploração do trabalho. No Brasil,o liberalismo se junta com a escravidão e com as práticas de favor. 	
- Os 'coronéis' passaram a exercer funções públicas por um sistema de troca de favores entre seus dependentes através de recursos estatais. 
- A anulação da cidadania dos trabalhadores é diante o caráter repressivo das lutas sociais, tal como a violência cotidiana das classes subalternas.
- A modernização conservadora é feita a partir da aliança do grande capital financeiro nacional e internacional com o Estado e interesses oligárquicos que também são notados na política, demonstrando o lento caráter de tal modernização. As desigualdades são ampliadas e potencializadas, como consequência disso, têm-se as lutas pela terra, do movimento negro, pelo direito à saúde, habitação, educação, e outros. Ocorre uma modernização da economia e do Estado, mas na esfera social permanece defasado. 
- No pensamento social brasileiro, a 'questão social' é atribuída à diferentes justificativas, como 'anormais', 'incapacidade', tendo a pobreza como um 'estado de natureza'. A tendência de naturalizar a 'qs' gera um assistencialismo e uma criminalização 'científica da 'qs'. (IANNI)
- Com a crise de 70, o projeto neoliberal promove uma desarticulação do poder dos sindicatos e a partir disso alcançam o rebaixamento salarial, aumentam a competitividade entre os trabalhadores devido o crescimento exponencial do desemprego, e impõe a política de ajuste monetário para uma reforma fiscal que diminua os impostos sobre as altas rendas e favoreça o crescimento da taxa de juros. Para revitalizar a economia, o plano neoliberal, no intuito de deter a inflação para a recuperação dos lucros, faz crescer o desemprego e a desigualdade, apontando o mercado como a esfera reguladora das relações, responsabilizando os indivíduos. 
- Esse ideário envolve um direcionamento do fundo público aos interesses privados, no Brasil, por ser uma sociedade marcada devido a função de interesses particulares dos grupos no poder, é guiada por uma tradição autoritária e excludente, sem o reconhecimento de uma igualdade jurídica dos cidadãos, favorecendo as relações de favor e dependência e não de cidadania.
- Devido a crise, verificam-se maciças transformações nas formas de produção e gestão do trabalho diante as exigências do mercado mundial e do capital financeiro, alterando substancialmente as relações entre Estado e sociedade. Com ela ocorre o potencialização da concentração de renda e o aumento da pobreza,ampliando-se as desigualdades e uma maior abertura da economia dos países periféricos, incluindo o caso brasileiro, ampliando o déficit da balança comercial, fechando empresas nacionais que não sustentam a concorrência, fazendo com que as importações substituam parte da produção nacional e revela um aumento da dívida externa. Com os níveis de desemprego elevados, redução salarial, aumento de contratos temporários, desmantelamento dos direitos sociais duramente conquistados, regressão das políticas sociais ocorre um agravamento da 'qs'
- A desregulamentação do capital vem acompanhada do aumento das taxas de mais-valia tanto absoluta quanto relativa, traduzida na noção da 'flexibilidade' que por sua vez se relaciona à organização dos processos de produção, dos contratos e remuneração da força de trabalho, do corte dos direitos trabalhistas e sociais. O que ocorre é uma maximização dos investimentos no oligopólio, e na garantia da taxa de lucro através de redução de custos, ao invés de obter um desenvolvimento social, atingindo a luta sindical diante de um contexto de desemprego extremo e condições indignas de trabalho. 
- A reestruturação produtiva afeta radicalmente a organização dos processos de trabalho desde o consumo, passando pela gestão da força de trabalho, das condições do trabalho, até o conteúdo do próprio trabalho.O que ocorre é uma intensificação do trabalho e a ampliação da sua jornada, reduzindo as ofertas e a precarização das condições e dos direitos do trabalho. Há uma substituição do trabalho vivo (como definido por Marx enquanto trabalho humano) pelo trabalho morto (máquinas, bens, serviços, que possibilita uma produção em menos tempo, reduzindo o tempo de trabalho socialmente necessário para produção de mercadorias, podendo produzir mais e ampliar a extração de mais-valia),aumentando outra forma de desemprego: o estrutural. 
- Esse contexto implica em mudanças radicais nas relações entre Estado e sociedade, diante da ótica neoliberal, que propõe uma forte intervenção estatal no que tange os interesses privados e uma mínima intervenção para o atendimento das necessidades da massa da população, com direito a corte dos gastos sociais trazendo como justificativa a crise fiscal. Além disso, ocorre uma privatização descomunal do público, com um Estado intrinsecamente relacionado aos interesses dominantes, para garantir a deflação, do pagamento da dívida e a garantia das taxas elevadas de juros. 
- A questão social nesse cenário assume novas características devido o aumento cada vez maior da barbarização da vida. Com o aumento da desigualdade e da exploração, acompanhada a esse processo de mundialização do capital, a 'qs' passa a ser globalizada (IANNI), devido as desigualdades de toda ordem e os conflitos étnicos, de gênero, religião, socioambiental, dela pertinentes. 
- A política social passa a ser submetida a ordem da política econômica, com mudanças profundas devido as privatizações acompanhadas dos cortes para programas sociais, focalizando no alívio da pobreza extrema, deixando milhares de pessoas em situações não tão agudas sem assistência, à mercê da sociedade civil, do voluntariado, sem estabilidade. 
- Os 'programas de ajuste' não trouxeram uma distribuição de renda e serviços públicos, não reduziu as desigualdades. 
- As principais expressões da 'qs' são: retrocesso no emprego, distribuição regressiva de renda, ampliação da pobreza que acentuou as desigualdades socioeconômicas, de gênero, etc. 
-Tal quadro de radicalização da 'qs' atravessa o cotidiano do assistente social que por um lado são ampliadas as necessidades não atendidas da maioria dos usuários devido toda conjuntura de precarização da força de trabalho, desemprego, terceirização, e por outro, depara-se com a restrição de recursos para as políticas sociais, devido as imposições neoliberais sob o contexto social, que provocam o desmonte das políticas de caráter universal, aumentando a lógica da privatização seletividade dos serviços sociais, diante de programas de combate à pobreza, com teste de meios. 
- A seguridade social, que seria para promover medidas referentes à proteção da sociedade, determinadas por um conjunto de necessidades sociais que não se encerram na produção, amparada nos direitos sociais (MOTTA), passa para a lógica do seguro social, com uma 'americanização' dessa seguridade (VIANNA), trazendo como possibilidade mais áreas de lucro para esfera privada, transformando serviços em mercadorias, aumentando a acumulação. A leitura da seguridade passa a ser feita por critérios empresariais, como custo/benefício, produtividade/rentabilidade, e não se estariam, de fato, atendendo as necessidades sociais. 
- O neoliberalismo baseia-se numa perspectiva em que os serviços universais gratuitos seriam um gasto social absurdo, e como, para eles, essa é a maior causa da crise fiscal, a solução seria no sentido de reduzir as despesas. O assistente social nessa situação, diante do pressuposto que lhe é atribuído a viabilização de direitos sociais, encontra-se vedado em suas ações que dependem de recursos para operar políticas sociais. 
- Houve no país com o governo FHC um aumento animalesco da dívida pública com o ingresso do neoliberalismo, com uma quase extinção do patrimônio nacional, com vendas de empresas públicas a preços irrisórios, aumentando o prejuízo com as privatizações. Com aumento das taxas de desemprego, da informalidade, brutal queda da renda média dos trabalhadores, com uma das piores distribuições de renda do mundo. Além de trabalhadores sem carteira assinada ser algo cada vez mais recorrente, destituídos de direitos trabalhistas, como 13º terceiro, FGTS, férias, seguro-desemprego, benefícios previdenciários, e outros. Jovens e mulheres sofrem ainda mais forte com essas perversidades e revela-se o crescimento do trabalho infantil. 
- Somam-se a esse quadro o analfabetismo, a precariedade do ensino básico, as taxas elevadas de mortalidade infantil, a baixa taxa de escolaridade, violência, etc.
- A 'qs' assume proporções desastrosas, potencializando as contradições sociais que alimentam as lutas. A 'qs' que expressa desigualdades econômicas, políticas e culturais das classes sociais, atinge a vida dos indivíduos por uma 'luta aberta e surda pela cidadania' (IANNI), para alcançar mais respeito aos direitos civis, sociais e políticos. As diversas expressões da 'qs' tornam-se alvo de ações filantrópicas e de 'programas focalizados de combate à pobreza', que acompanha a privatização das políticas sociais, cuja implementação é passada para organizamos privados da sociedade civil, o chamado 'terceiro setor'. 
- A 'qs' é insuprível nos limites da sociabilidade burguesa, e a sua gênese é inseparável da emergência do 'trabalho livre' que vende a sua força de trabalho enquanto meio de sobrevivência. A 'qs' articula o conjunto de desigualdades e lutas sociais, ela expressa um espaço de lutas políticas e culturais na disputa entre projetos societários. 
- O processo de acumulação produz uma população 'supérflua' e subsidiária às necessidades de aproveitamento do capital, diante do interesse capitalista em extrair uma maior produtividade da menor parcela possível de trabalhadores articulando a mais-valia absoluta e relativa. Esse contingente que não se estabeleceu no mercado é designado ao 'Exército Industrial de Reserva', acirrando a concorrência por uma vaga (já que não tem para todos) e promovendo a diminuição dos salários (as pessoas se submetem mais aos salários muitas vezes insuficiente porque se perder a vaga, tem milhares para preenche-la). 
- Além da superpopulação relativa (que para MARX, é uma condição da existência da produção capitalista e do desenvolvimento da riqueza) soma-se os trabalhadores com contratos precarizados, com tempo estipulado de serviço, salários baixos, o crescimento do pauperismo formado por uma população miserável que está apta ao trabalho mas não consegue uma vaga e pelos incapacitados ao trabalho. 
- A parcela da população trabalhadora sempre cresce mais rápido do que a necessidade do seu emprego, gerando uma acumulação da miséria relativa de acordo com a acumulação do capital, sendo essa a essência da produção e reprodução da 'qs' na sociedade capitalista. A pobreza, portanto, não é compreendida como resultado da distribuição de renda, ou como em outras sociedades enquanto falta de recursos, ela é dada na sociedade da abundância enquanto consequência da própria produção, ela é resultado da acumulação do capital (MONTAÑO). Ela atinge a totalidade da vida dos indivíduos sociais, que são totalmente necessitados tanto na esfera material quanto espiritual (intelectual e culturalmente). 
- Tal processo é agravado com o desmonte das políticas sociais e de serviços, tirando a responsabilidade estatal de assegurar direitos e transferindo para segmentos da sociedade civil, com serviços tidos como favor, benéfica, solidariedade. 
- Foram as lutas sociais as responsáveis pela intervenção estatal sobre as expressões da 'qs', no reconhecimento e legalização de direitos e deveres dos sujeitos, concretizados através de políticas e serviços. 
- Na tensão entre a reprodução da desigualdade e a resistência e reivindicações dos trabalhadores, com interesses antagônicos, que os assistentes sociais atuam, esse profissional trabalha com as múltiplas expressões da 'qs' a partir das políticas sociais e das formas de organização da sociedade civil na luta por direitos. 
- Exatamente por esse vínculo entre a prática profissional e a 'qs' que é essencial deter-se as modificações nas expressões da 'qs' contemporâneas para o SS. Diante da compreensão das várias expressões das desigualdades sociais, tendo em vista que a 'qs' não é um fenômeno recente, mas é uma 'velha qs' dentro das relações capitalistas, mas que no contexto atual, reproduz-se assumindo inéditas expressõesparticulares e aprofunda suas contradições. É preciso que seja captado pelo profissional as inúmeras formas de pressão social e das novas formas de viver. 
- Sob uma perspectiva sociológica, há uma interpretação da 'qs' enquanto uma 'disfunção' do sistema, que 'ameaça' à coesão social (e não como pra a teoria crítica que a toma enquanto produto da ordem), e atribui a incompatibilidade de métodos passados com os dias atuais à uma 'nova qs'. 
- Na perspectiva do grande capital financeiro com políticas neoliberais, as respostas à 'qs' migram-se para esfera mercadológica, que partilham responsabilidade do Estado com a implementação de programas focalizados e descentralizados de 'combate à pobreza'. 
- ' O SS tem na 'qs' a base de sua fundação enquanto especialização do trabalho' (IAMAMOTO). 	O assistente social, por meio da prestação de serviços sócio-assistenciais, interferem nas relações sociais cotidianas, no atendimentos às diversas expressões da 'qs'. 
- Atualmente, a 'qs' é articulada a um 'processo de criminalização' (IANNI), a tendência é de naturalizá-la em programas de combate à pobreza ou a partir da repressão do Estado, torna a ser concebida enquanto 'caso de polícia', ocorre uma articulação entre assistência focalizada e repressão. 
- Quando se pensa na 'qs' desarticulada da sua essência, pode-se cair numa fragmentação em 'questões sociais' numa análise de 'problemas sociais' como sendo do indivíduo isolado, isentando a sociedade de classes da culpa, responsabilizando os indivíduos pelas dificuldades enfrentadas. 
- A 'qs' não se identifica com a noção de 'exclusão social',pois ela estimula propostas de uma solidariedade sem sujeitos e sem projetos, encobre mecanismos de dominação, não reconhece a população enquanto classe social. Esse discurso é expressão ideológica limitada da classe média e não está articulada a um projeto anticapitalista e crítico. Tal exclusão se reduz a condição salarial e a regulação do trabalho e do sistema de proteções.
'QS' e SS:
- A 'qs' é a expressão do processo de formação e desenvolvimento da classe operária e sua entrada na cena política da sociedade exigindo seu reconhecimento enquanto classe perante o Estado. Passa a requerer outros tipos de intervenção para além da caridade e repressão, e com isso, o Estado passa a intervir diretamente nas tensas relações entre empresariado e classe trabalhadora, atribuindo-lhes uma legislação trabalhista e social, prestando serviços social, como um novo tipo de enfrentamento da 'qs'.		
- O Estado na esfera monopólica, realiza uma intervenção de dentro, contínua e sistemática, na vida econômica, com funções econômicas e políticas, opera como o 'comitê executivo da burguesia monopolista'. A conservação e controle da força de trabalho é uma das suas funções, tanto para socializar os custos da sua reprodução, quanto para legitimar-se politicamente. O Estado é um espaço de tensão entre as exigências monopólicas e os conflitos sociais. 	
- A 'qs' torna-se alvo das políticas sociais e o Estado passa a ter uma imagem de mediador de conflitos, já que começa a administrar as expressões da 'qs', ainda que de modo fragmentado. Rompe com o ideário liberal intervindo e administrando as expressões da 'qs' através das 'ps', mas ainda existe uma certa responsabilização individual.
- Sobre a profissionalização do SS, ela não pode ser atribuída ao aperfeiçoamento técnico da filantropia, ou pela mera incorporação das tradicionais formas de ajuda pelo Estado. Pensando assim, o SS surgiria a partir de uma evolução da filantropia, de modo a.histórico. 
- O SS desenvolve-se no pós- Segunda Guerra diante de um contexto de socialização do custo da força de trabalho, com políticas keynesianas de 'pleno emprego', com uma manutenção dos salários que assegurassem o poder de compra, reconhecendo o poder sindical. A prestação de serviços foi expandida, permitindo aos indivíduos o usufruto da cidadania regulada, com acesso aos direitos. 
Na verdade a profissionalização do SS, diante de um contexto de expansão da produção e de relações sociais capitalistas, impulsionadas pela urbanização e industrialização, trazendo a 'qs', faz com que o Estado passe a administrar o conflito de classe não apenas de modo coercitivo, mas busca construir um consenso. Centraliza a política sócio-assistencial a partir de serviços sociais, e com isso, são criadas as bases sociais que sustentam o surgimento de um mercado de trabalho, diante da necessidade de ter um trabalhador assalariado que atue nessas condições.
- No debate francês sobre a qs, sociedade, é apreendida como um conjunto de relações de interdependência, tal como para Durkheim, reiterando a lógica da integração social, e não das contradições e conflitos da sociedade capitalista. O lugar do social não é o das classes sociais, mas das relações não-mercantis. Acredita que a 'sociedade salarial' não é igualitária, mas conflituosa, e que cada um detém um mínimo de garantia de direitos, e o surgimento da 'nova questão social' enquanto fruto do enfraquecimento da sociedade salarial. Com a 'saída' do Estado, o vínculo social que ameaça acabar, e o que é mais significativo da 'qs' é a precarização do trabalho com bases atuais no contrato temporário. O que é mais gritante da 'nova questão social' é o resurgimento de trabalhadores sem trabalho, pessoas que não possuem lugar na sociedade porque não são 'integráveis' , segundo Durkheim, devido a utilidade social. 
Para eles é o salário, e não a luta de classes que faz a história. Acreditam que o Estado é promovido enquanto mediador do progresso social, buscando um modo de regulação dentro do capitalismo, alternativo ao socialismo e às ideias neoliberais, pela terceira via, baseada no imperativo da coesão social. Para obter progresso seria necessário um compromisso social capaz de legitimar a melhoria das condições de vida da classe trabalhadora, e também da manutenção da taxa de lucros. A sociedade salarial realizaria as reformas, diluindo o perigo do proletariado (DURKHEIM). As falhas do mercado deveriam ser minimizadas pela intervenção do interesse público. 
A crise do capital é tida como crise da relação salarial, como crise do desenvolvimento e não do esgotamento da sociedade capitalista. 
Para ROSANVALLON, a partir da década de 70, além das desigualdades já existentes, surgem novas desigualdades, novas formas de violência, e com isso têm-se a 'nova qs', diante da inadaptação dos antigos métodos da gestão do social. O que fundamentaria a existência de uma 'nova qs' seria a negação da existência de classes sociais, a naturalização da desigualdade social, cujas expressões são direcionadas para esfera da gestão social. A sociedade não possui responsabilidades na produção da 'qs' pois essa deveria ser explicada nas diferenças individuais.
SOBRE A LITERATURA PROFISSIONAL RECENTE: O projeto de formação profissional no país compreende a dimensão contraditória das demandas, desde o movimento do capital, até direitos, valores e princípios. Essas contradições fazem romper com a pura intencionalidade do agente, podendo ocorrer uma renovação. 
- O significado sócio-histórico e ideopolítico da profissão no país inscreve-se no conjunto de práticas sociais que é requisitado pelas classes e mediadas pelo Estado diante das manifestações da 'qs'. A particularidade da profissão no que tange a divisão social e técnica do trabalho está vinculada as configurações da 'qs' e às formas históricas de seu enfrentamento, no dado momento, em que o Estado assume para si as demandas da classe trabalhadora através das políticas sociais, necessitando de uma gama de profissionais para implementá-las e executá-las, o SS surge, à priori, como 'mero executor' dessas políticas. 
A formação profissional, portanto, possui na 'qs' sua base de fundação sócio-histórica em seu enfrentamento pelo Estado, como elemento central e constitutivo entre profissão e realidade social, devido a convivência direta com as mais diversas manifestações da 'qs'.
PARA DURKHEIM: o progresso da divisão do trabalho,imposto pelo crescimento moral nas sociedades, pela intensificação dos contratos e relações sociais, é regulado pela ordem. 
- É a sociedade civil que explica o Estado, as relações sociais que permitem a compreensão das formas políticas, religiosas e artísticas. 
- A 'qs' se redefine, mas continua substancialmente a mesma por ser constitutiva do sistema capitalista, ter uma dimensão estrutural no mesmo, apesar de assumir novas expressões devido as transformações nas relações de trabalho e a perda da proteção social. (YAZBEK) 
- Devido as mudanças diante da reestruturação produtiva e contrarreforma do Estado (OLHAR NOS OUTROS RESUMOS), o SS, enquanto trabalhador diante das mais diversas expressões da 'qs', esclarecendo à população seus direitos sociais e as formas de alcançá-los, transforma-se substancialmente ao referir-se às situações de compra e venda na esfera do mercado(IAMAMOTO). 
- Em relação ao projeto profissional verifica-se o revigoramento de uma reação neoconservadora (NETTO), que vem negando o processo histórico enquanto totalidade, direcionando-se à fragmentações e particularidades da vida social, sem levar em consideração as contradições de classes, revivendo o voluntarismo, determinismo, fatalismo e até mesmo o messianismo, que possuem como característica em comum a falta de historicidade da prática social. 
- Os projetos profissionais são indissociáveis dos projetos societários, já que lhe oferecem os valores, necessitando serem historicamente identificados, enquanto processo de lutas pela hegemonia, são estruturas dinâmicas, que respondem às alterações das necessidades sociais na história, e expressam o desenvolvimento teórico e prático profissional. (NETTO) Impondo atravessar o exercício profissional da 'grande política' (GRAMSCI)
- O projeto do SS brasileiro é fruto de muita luta pela democratização da sociedade e do Estado. Diante do processo de redemocratização, de intensas lutas operárias, que foi necessário um movimento de renovação crítica do SS, trazendo alterações no ensino, pesquisa, organização. AS deram um salto de qualificação e produção.
- O projeto realiza-se em diferentes dimensões: 1) nos seus intrumentos legais, que asseguram direitos e deveres dos AS e uma defesa da autonomia profissional, 2) nas expressões e manifestações coletivas da categoria, com entidades representativas. 3)articulação com outras entidades de SS e outras categorias.ETC..... 
- O SS brasileiro redimensionou-se num forte embate contra o tradicionalismo profissional e sua marca conservadora, trazendo uma perspectiva crítica à profissão, qualificando-se teoricamente, tal como a sua dimensão ética. Os princípios éticos, ao adentrarem no exercício cotidiano, demonstram uma nova forma de operar o trabalho profissional. O projeto dotado de história e caráter ético-político, estabelece um norte quanto à forma de operar o trabalho cotidiano. Sua efetivação implica a decisão de ultrapassar a 'pequena política' (GRAMSCI) cotidianamente. 
- A efetivação do projeto profissional possui limites e possibilidades à plena realização do mesmo, devido as forças políticas e condições/relações de trabalho que estão no contexto diário do AS. É preciso levar em consideração as mediações sociais que atravessam o campo de trabalho do assistente social. 
- Devido as mudanças societárias (OLHAR OUTROS RESUMOS, CONTRARREFORMA, DIREISTOS SOCIAIS, PRIVATIÇÃO E TAL), o velho conservadorismo volta como novidade tanto na esfera societária quanto na profissão, tendo em vista que a mesma não está imune às alterações que vem ocorrendo. Isso passa para a profissão através das políticas públicas sob viés neoliberal, obscurecendo a dinâmica de classes e lutas. Através dessas políticas, os sujeitos passam a ser estigmatizados como incapazes devido problemas pessoais, alimentando respostas profissionais imediatistas e erráticas, desvinculadas dos movimentos coletivos e de classes sociais. 
-Nesse contexto, altera-se a demanda do trabalho do AS, modifica o mercado e os processos de trabalho. As relações de trabalho tendem a ser desregulamentadas e flexibilizadas, com uma retração absurda de direitos. Atualmente são muitos desafios, e o maior deles é fazer com que o projeto seja um guia efetivo para o exercício profissional ainda que em outro sentido da ofensiva neoliberal. 
- Nessa tendência conservadora, a sociedade burguesa é tida por leis naturais, imodificáveis, obscurecendo a possibilidade de uma ação transformadora do indivíduo. Na esfera dos valores o que se tem apreendido é uma indignação moralizante e as necessidades materiais são tidas como dificuldade/progresso individual. Clamando por uma ação reformista-conservadora, com um cunho de uma reforma moral dos indivíduos que ameaçam a 'coesão e a ordem social'. Essa associação entre comportamento e valores é guiada por uma perspectiva determinista e a-histórica, que leva à naturalização da sociedade. 
- O AS ao repensar as determinações sociopolíticas de seu trabalho, para a enfrentar, juntamente com a sociedade, os dilemas da construção da esfera pública, da democracia, dos direitos, da cidadania. 
- O debate sobre a teoria, método e história está sofrendo influências da chamada 'crise dos paradigmas e da tendência ao pós-modernismo. Em que achariam impossível, através das teorias marxianas, resolver problemas indissociáveis do exercício profissional cotidiano. 
- É através da dimensão de universalidade juntamente às particularidades históricas de um dado momento, que permite incorporar alternativas para os processos sociais e assumir possibilidades de ação, transformando em projetos sociais ou profissionais. (RESPOSTA À CRISE DOS PARADIGMAS)
- É preciso resguardar um domínio teórico-metodológico e um direcionamento ético-político para que isso possibilite uma forma de respostas definidas às demandas cotidianas para os AS, sem imediatismo, mas de forma embasada. 
O que vem ocorrendo, contrapondo-se com as conquistas da categoria frente ao conservadorismo, ao adotar uma teoria social crítica, e até mesmo aos avanços concretizados no projeto ético político, verifica-se o revigoramento de uma reação neoconservadora, baseando-se na tendência pós-moderna e sua negação da sociedade de classes, tem em vista que a perspectiva de classe não daria mais conta de explicar os 'novos fenômenos'. Ela hoje atinge profundamente as políticas públicas, estruturadas segundo às orientações neoliberais, que justamente fragmenta os usuários dessas políticas segundo características de idade, gênero e étnico-culturais, ao invés de levar em consideração a situação de classe. 
Mas, a fragmentação dos sujeitos, desarticuladas de sua base social comum, pode ser incorporada no âmbito do Serviço Social de forma acrítica em decorrência direta das classificações efetuadas pelas políticas públicas.

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