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Trabalho Higiene do Trabalho

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Título: Saúde e Segurança do Trabalho de acordo com as diferentes funções desempenhadas pelos trabalhadores da indústria da construção civil.
Autora: Melissa Ramires Goulart
Link: https://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/65925
	A tese apresentada faz um histórico referente à indústria da construção, apresentando características deste setor importante para a economia brasileira e para geração de empregos no país. Por se tratar de um ambiente com diferentes riscos ocupacionais, gera uma grande quantidade de acidentes, e a autora tem como objetivo avaliar esses riscos de acordo com as diferentes funções desenvolvidas em uma construção, e avaliar se os critérios de SST estão sendo cumpridos tanto pelos trabalhadores, quanto pelos empregadores. Além disso, visa especificar as peculiaridades de cada função, que exigem diferentes métodos de prevenção de acidentes, e se os trabalhadores estão preparados para desempenhar suas funções em sintonia com os requisitos da segurança do trabalho.
	A revisão bibliográfica aborda autores que desde a antiguidade, já procuravam relacionar doenças às atividades exercidas pelos trabalhadores, indicando também formas de prevenção. Com o passar dos anos, o processo produtivo começou a pensar no lado humano do trabalhador, adotando regras e critérios cada vez mais rigorosos para proteção da classe operária, como as exigências previstas na CLT, os padrões exigidos pelas NBR’s, e capacitações conforme NR’s. A tese ainda exemplifica os riscos ocupacionais mais comuns deste setor, apontando a fonte geradora e os principais danos causados à saúde, tornando de fácil entendimento a conceituação das cinco diferentes classificações de riscos ocupacionais. 
	O desenvolvimento da tese é bem completo, ao abordar determinada função ela relata as principais atividades desempenhadas, relacionando aos riscos presentes e quais consequências poderiam ser geradas no exercício da função, além de determinar quais ações deveriam ser tomadas para minimizar a incidência desses riscos, os EPI’s e EPC’s inerentes e avisos importantes que deveriam estar posicionadas na área de trabalho do funcionário. 
	Para fazer a tese, a autora utilizou um estudo de caso em seis empreendimentos de Porto Alegre. A partir da utilização de um questionário formulado pela própria autora, foram comparados os cenários ideais apresentados ao longo da dissertação, com o que é realmente praticado nas obras visitadas. Com o questionário respondido, foi descrito um perfil médio dos trabalhadores, e analisado itens importantes para a prevenção de acidentes, tais como: Quantos possuíam equipamentos de proteção individuais e quando utilizavam. Segundo o estudo, o item mais utilizado era o capacete, com 98,1%, enquanto o menos utilizado era a máscara de proteção respiratória, com 58,5%. Quanto a utilização desses equipamentos, 64,2% afirmavam utilizá-los sempre, enquanto 32,1% quando achavam necessário e 3,8% somente quando observado pelos superiores. Quanto à utilização de EPC’s, os números apresentados, no geral, estão com índices melhores, como sinalização de segurança e proteção contra quedas com 92,5%, telas de proteção com 88,7% e proteção contra incêndios com 83%. Um item preocupante está relacionado ao treinamento recebido pelo profissional, já que 5,7% afirmaram nunca ter recebido treinamento e 79,2% receberam treinamento admissional.
	A autora conclui que as condições de trabalho são precárias, que é fácil encontrar falhas na gestão de riscos e prevenção de acidentes, que, infelizmente, o que é solicitado na teoria, não recebe a devida atenção na prática, que por se tratar de trabalhadores mais simples, que não possuem grau de instrução muito alto, são muitas vezes negligenciados, não recebendo treinamentos e orientações pertinentes e que muitas vezes recebem um EPI só para constar na ficha do trabalhador, porém não é cobrado o uso.
	Como atuo na área da construção civil, achei o texto muito bem desenvolvido, bem pertinente e fiel ao que é encontrado no setor. Acontece muito de funcionários assinarem o recebimento de cursos e EPI’s sem realmente receberem, como as construtoras solicitam o comprovante de recebimento, infelizmente muitos somente aparentam estar de acordo com a legislação, mas na verdade não estão. Talvez pela cultura do trabalho, muitos trabalhadores ainda não enxergam os responsáveis pela SST como aliados no exercício de suas tarefas, mas sim como alguém colocando empecilhos para as mesmas. Além disso, a tese foi bem didática ao apresentar possibilidades que podem ser implementadas para a melhoria das condições de trabalho. O que poderia ter sido melhor trabalhado na dissertação, era o número de entrevistados, que foram 53, pois tendo uma amostra maior, teríamos algo ainda mais significativo, com utilização de estatística, médias e outros dados. Também poderia ser pensada uma forma de abordar os responsáveis pela SST, tendo assim, dois lados para uma discussão mais profunda.

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