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Geografia modulo 7 ensino médio

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� � MÓDULO 07 A Dinâmica da População Mundial Geografia 
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ROTEIRO 
 
� Dinâmica da população mundial; 
 
� O crescimento da população mundial; 
 
 
� As desigualdades na distribuição da população mundial; 
 
� Diferença entre populoso e povoado; 
 
 
� Superpopulação e superpovoamento; 
 
� Indicadores demográficos; 
 
 
� Migrações: O mundo em movimento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Objetivos 
 
 
 
 � Compreender os conceitos de população e sociedade; 
 
� Entender o processo de crescimento da população mundial; 
 
� Diferenciar um território populoso de um super povoado; 
 
� Entender porque das desigualdades na distribuição da população mundial; 
 
� Identificar as causas e conseqüências de um superpovoamento e de uma 
superpopulação; 
 
� Analisar os indicadores demográficos; 
 
� Compreender como ocorrem os principais movimentos populacionais no 
mundo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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DINÂMICA DA POPULAÇÃO MUNDIAL 
 
 
 A população pode ser classificada segundo a sua 
religião, e suas condições de vida retratada através de 
indicadores sociais, tais como: taxa de natalidade e de 
mortalidade, expectativa de vida, índice de analfabetismo, 
participação na renda, etc. Em suma, a população 
depende da sociedade em que está inserida em nível 
local, municipal, nacional e internacional. 
 
 A dinâmica demográfica (populacional) é o 
resultado da interação de duas dimensões : o 
crescimento da população e a sua distribuição espacial. 
 
 
O CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO MUNDIAL 
 
 O crescimento da população e suas conseqüentes transformações foram 
lentas e gradativas até a Revolução Industrial, como podemos verificar ao 
analisarmos o gráfico abaixo: a 10.000 anos antes do nascimento de Jesus Cristo 
havia na Terra 4 milhões de pessoas e passados 5000 anos a população aumentou 
para 5 milhões. Nesta época os homens eram nômades e viviam em grupos, 
dependendo exclusivamente da natureza. A população não podia aumentar 
demasiadamente, por duas razões: poderiam faltar alimentos e também dificultaria 
para a mulher carregar mais de um filho, nas expedições 
(constantemente o grupo tinha que mudar de lugar para outro à procura de 
alimentos). 
 
 Por volta de 3.600 anos A.C quando foi inventada a escrita, a população 
aproximou-se de 14 milhões. Quando Jesus nasceu já existiam 170 milhões de 
habitantes. 
 
 Veja com atenção o quadro abaixo. 
 
 
 
 O crescimento 
populacional foi notável 
a partir do final do 
século XVIII, com a 
Revolução Industrial. 
De 1700 a 1800, 
aumentou para 290 
milhões de habitantes no 
planeta. 
 
 
 
 
A população é o 
conjunto de pessoas 
que reside ou habita 
em um determinado 
território, que pode 
ser uma cidade, um 
país, um estado ou um 
planeta como um 
todo. 
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 Já com o surgimento das sociedades modernas ou industrializadas, 
caracterizadas por forte urbanização, produção sistemática de mercadorias, 
assistência médica e sanitária, a população passou a crescer de maneira 
assustadora. Esses assuntos vão ser analisados mais adiante. 
 
 Em 1993, o planeta contava com 5,5 bilhões de pessoas, Os especialistas 
em demografia prevêem que a população mundial será de 8 bilhões e 525 milhões 
de habitantes em 2025. 
 
 Desde que a população começou a crescer vertiginosamente muitos 
pesquisadores e economistas passaram a se preocupar com a situação e com a 
sociedade. 
 
 A Inglaterra foi a pioneira na formação das sociedades industrias, em 1750 
contava com 5 milhões de habitantes e em habitantes e em 1840 a população havia 
crescido para 10 milhões. Nesse período, Thomas Robert Malthus (1798), um 
pastor protestante, defendeu uma teoria sobre as questões demográficas e escreveu 
um livro chamado Ensaio Sobre Princípio da População e tentou explicar como o 
crescimento demasiado da população afeta a melhoria da sociedade. 
 
 Segundo a Teoria de Malthus, o crescimento da população não seria 
acompanhado, na mesma proporção pelo crescimento da produção de alimentos , 
isto é, enquanto a população cresce em progressão geométrica (2,4,16,32...) a 
produção de alimentos cresce em progressão aritmética (2,4,6,8,l0...). Essa teoria 
indicava que a vida das gerações futuras estaria comprometida. Os povos iriam 
defrontar-se com a escassez de alimentos, com o alastramento de doenças e 
epidemias, com o confronto entre grupos sociais pela disputa de alimentos e, 
conseqüentemente com a desestruturação de toda vida social. 
 
 Como Malthus era reverendo, não aceitava a idéia de controle de natalidade 
por quaisquer meios (preservativos, pílulas, abortos). Segundo ele, as pessoas 
deveriam adiar o casamento, até que tivessem condições de manter uma família 
dignamente. Caso não adquirissem essas condições, deveriam abster-se do 
matrimônio. 
 
 As idéias malhusianas foram muito discutidas até no final do século XVIII e 
início do século XIX. 
 
 Malthus não levou em consideração que: 
 
• O aumento populacional nem sempre apresenta altos índices quanto melhor for 
o nível de vida da população menor é o índice de aumento; 
• o progresso técnico para a agricultura, ou seja, desde que modernizem as 
técnicas de plantio, a produção também pode multiplicar-se; 
• novos contingentes (crianças) são futuras mãos-de-obra para as remanescentes 
indústrias; 
• a fome no planeta não é uma decorrência do aumento da população, mas é o 
resultado da má distribuição de renda e de alimentos. 
 
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 Veja que, após a Segunda Guerra Mundial, em São Francisco (EUA) em 
1945, ocasião em que foi criada a ONU (Organização das Nações Unidas), foram 
discutidas estratégias de desenvolvimento, visando evitar a eclosão de um novo 
conflito militar em escala mundial. 
 
LEIA COM ATENÇÃO O TEXTO A SEGUIR. 
 
 “Havia apenas um ponto de consenso entre os participantes: a paz 
depende da harmonia entre os povos e, portanto, da diminuição das desigualdades 
econômicas no planeta. Agora, como explicar e, a partir daí, enfrentar a questão da 
miséria nos países subdesenvolvidos ?”. 
 
 Esses países buscaram a raiz de seus problemas na colonização do tipo 
exploração implantada em seus territórios e nas condições de desigualdade das 
relações comercias que caracterizam o colonialismo e o imperialismo. Passaram a 
propor amplas reformas nas relações econômicas em escala planetária, que, é 
óbvio, diminuíram as vantagens comercias e, portanto, o fluxo de capitais e a 
evasão de divisas dos países subdesenvolvidos em direção ao caixa dos países 
desenvolvidos. 
 
 Nesse contexto histórico, foi criada a teoria demográfica neomalthusiana,uma tentativa de explicar a ocorrência da fome nos países subdesenvolvidos. Ela é 
defendida pelos países desenvolvidos e pelas elites dos países subdesenvolvidos, 
para se esquivarem das questões econômicas”. 
 
Para quem e para que? 
 
 A teoria neomalthusiana defende que uma numerosa população jovem 
(elevada taxa de natalidade) oneraria o Estado, pois necessitaria de grandes 
investimentos sociais em educação e saúde. Também, diminuiria o investimento 
produtivo no setor da produção (agropecuária e indústria). Ainda, defende que 
quanto maior o número de habitantes de um país, menor é renda per capita e a 
disponibilidade de capital a ser distribuído pelos agentes econômicos. 
 
 Fundamentadas nessas idéias, inúmeras instituições e muitos governos 
dos países subdesenvolvidos começaram propor certas medidas a fim de 
diminuírem os índices de natalidade, a mais conhecida delas é o planejamento 
familiar. 
 
 Que consiste em limitar o número de filhos . 
 
 Passaram, então, a propor programas de controle de natalidade e 
disseminar a utilização de métodos anticoncepcionais. 
 
 
Você sabia que... 
os países colonizadores foram os que mais incentivaram as famílias de 
colonos e de escravos a terem muitos filhos . 
 
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 Reflita sobre a frase a seguir ! 
 
 "Dizer que os países subdesenvolvidos desviam dinheiro do setor 
produtivo para os investimentos sociais é , no mínimo, hipocrisia, explícita de política 
demográfica neomalthusiana”. 
 
 Surge uma terceira teoria, em relação às duas anteriores- a teoria 
reformista. 
 
 Segundo esta teoria a população jovem não é a causa, mas 
conseqüência do subdesenvolvimento. 
 
 Em países desenvolvidos, 
onde houve investimentos sociais e a 
conseqüente elevação de padrão de vida 
da maioria da população, o controle de 
natalidade ocorreu paralelamente à 
melhoria de vida e espontaneamente, de 
uma geração à outra. Nos países 
subdesenvolvidos, o controle de 
natalidade foi forjado, sem uma tomada 
de consciência da maioria da população. 
Antes, as famílias eram preparadas para 
ter muitos filhos com a finalidade de 
obter numerosa mão-de-obra barata nas 
colônias agrícolas. Depois que essas 
colônias se tornaram independentes politicamente , continuaram 
dependentes economicamente e precisavam de mão-de-obra para trabalhar na 
agricultura de exportação. Esta é uma das razões do grande crescimento 
populacional. 
 
 De 1950 a 1993, em apenas 43 anos, a população dobrou. Esse 
crescimento recente é conhecido por explosão demográfica. 
 
 Note que a população jovem dos países do Sul (subdesenvolvidos) tornou-se 
um obstáculo para o desenvolvimento econômico porque não houve investimento 
social, particularmente em educação e saúde. Por essa razão gerou-se um grande 
contingente de mão-de-obra desqualificada ingressando anualmente no mercado de 
trabalho e como conseqüência obtém-se baixa produtividade por trabalhador e o 
empobrecimento da maioria da população. 
 
 À medida que as famílias obtêm condições dignas de vida, o controle de 
natalidade torna-se espontâneo e consciente, isto é, tende a diminui o número de 
filhos para que seus dependentes tenham acesso aos sistemas de educação e 
saúde. Podemos verificar esta situação ao compararmos as famílias brasileiras de 
classe média e as de classe baixa. 
 
 
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 “Quando o cotidiano familiar transcorre em condições miseráveis e as pessoas 
não têm consciência das determinações econômicas e sociais, vivem de 
subempregos, em submoradias e subalimentadas, como esperar que elas estejam 
preocupadas em gerar filhos ?”. 
 
 Essa teoria, enfim, é a mais realista, por analisar problemas econômicos, 
sociais e demográficos de forma objetiva, partindo de situações reais do dia-a-dia 
das pessoas. Os investimentos em educação são fundamentais para a melhoria de 
todos os indicadores sociais. Quanto maior a escolaridade da mulher, menor é o 
número de filhos e a taxa de mortalidade infantil. 
 
 Observe o gráfico 
ao lado quanto mais 
desenvolvido for o país, 
menor é a prole, isto é, 
menor número de filhos por 
mulher em idade 
reprodutiva e também: 
quanto maior é a 
escolaridade, menor é a 
fecundidade. 
 
 
 
 
 
 
 Leia com atenção o quadro abaixo . 
 
 
 
 No século XIX, o sociólogo Karl Marx, responsabilizava a estrutura do 
sistema econômico capitalista como causadora das desigualdades sociais e da 
pobreza. Para ele, as leis de desenvolvimento populacional não eram naturais e 
seguiam os padrões históricos de cada sociedade. 
 
 Marx apresentou a idéia de superpopulação relativa, que significa a 
necessidade histórica para o capitalismo de um excesso populacional. Essa 
situação facilitaria a reposição de mão-de-obra, o rebaixamento de salários e o 
aumento das taxas de lucro. 
 
 Os seguidores de Marx, ao contrário dos malthusianos, defendiam que 
cabia ao Estado, em um novo tipo de sociedade, o papel de redistribuir a riqueza e 
exercer o combate à fome e à miséria. 
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DESIGUALDADES NA DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO 
 
 A desigualdade na distribuição populacional se deve em grande parte, aos 
ritmos desiguais de crescimento e aos fatores históricos e econômicos. 
 
 Enquanto a Europa e parte da Ásia (Rússia) levaram cem anos para duplicar a 
sua população, o sudeste asiático e a África levaram sessenta anos, quarenta anos 
a América Latina, trinta anos. Os países africanos, americanos e do sudeste asiático 
foram colônias européias. 
 As primeiras civilizações desenvolveram-se ao longo dos rios, nas planícies 
onde havia solos úmidos e férteis e clima favorável para determinados produtos 
agrícolas conhecidos na época. Com o aparecimento da técnica na maneira de 
produzir, surgiram excedentes alimentares e começou o desenvolvimento do 
comércio. Essas áreas passaram a atrair e fixar inúmeras pessoas. Com o aumento 
da população, os povos aumentaram os seus territórios, conquistando e marcando 
definitivamente os seus espaços territoriais. Por essas razões o sul e o sudeste da 
Ásia são áreas mais povoadas, seguidas dos países europeus, como podemos 
observar no mapa a seguir. 
 
 No mapa você poderá visualizar, superficialmente, onde se encontram as 
maiores concentrações populacionais e no quadro, como se distribuem por 
continente. Podemos observar que num continente existem áreas superpovoadas 
como sudeste asiático- formando um verdadeiro formigueiro humano e ao lado,, 
imenso vazio demográfico (áreas pouco povoadas). 
 
 No interior dos países populosos também há desigualdades na distribuição 
espacial da população. Há regiões e áreas superpovoadas e outras pouco 
povoadas. 
 
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POPULAÇÃO 
ABSOLUTA- é o 
total de habitantes de 
uma área. 
POPULAÇÃO RELATIVA OU 
DENSIDADE DEMOGRÁFICA – 
indica o número de habitantes por 
quilômetro quadrado (Km2). A 
população relativa indica se uma 
região é muita ou pouco povoada.Observando o mapa do 
Brasil ao lado, percebemos 
o litoral densamente 
povoado e o interior, 
notadamente a região Norte, 
pouco povoada. Por razões 
históricas, políticas e 
econômicas a população 
sempre esteve concentrada 
no litoral. 
 
 
 
Para você 
Pensar ... 
POPULOSO SIGNIFICA 
POVOADO? 
O termo 
populoso refere-se a 
população absoluta ou 
número total de habitantes 
de um país. Por exemplo, o 
Brasil é o quinto país mais 
populoso do planeta, com aproximadamente 164 milhões de habitantes, mas pouco 
povoado, possuindo apenas 19,18hab./km2 . Portanto, povoado refere se a 
concentração de habitantes por quilômetro quadrado, ou seja, a população relativa 
de uma área, região ou país. 
 
 Para calcular a densidade demográfica de uma área, divide-se o número de 
habitantes por sua extensão territorial. 
 
Densidade 
Demográfica = 164.000.000 = 
19,18hab./Km2 
No Brasil 8.500.000 
 
 
 
 
 
 
 
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OBSERVE COM ATENÇÃO O QUADRO A SEGUIR: 
 
 
 Para analisar a qualidade de vida da população ou a economia de um país, 
estado ou região em relação a sua população, esses conceitos devem ser 
revitalizados. Por exemplo, os Países Baixos (Holanda), Bélgica e Japão, apesar de 
serem densamente povoados com mais de 300 hab./Km*, não são considerados 
superpovoados, porque possuem uma estrutura econômica e serviços públicos que 
atendem às necessidades dos seus cidadãos. Enquanto que o Brasil, mesmo 
possuindo uma baixa população relativa é “muito povoado” ou superpovoado, devido 
à carência de serviços públicos, de empregos com salários dignos, habitações, etc. 
o nível de desenvolvimento socioeconômico e tecnológico de suas populações em 
relação a área de seus territórios é muito baixo. 
 
 
SUPERPOPULAÇÃO É MELHOR QUE O SUPERPOVOAMENTO? 
 
 Nesse contexto, a superpopulação é o termo 
utilizado para expressar apenas a quantidade de 
indivíduos que habitam um determinado espaço 
geográfico. Essa expressão também é utilizada 
para os estudos de plantas ou animais. Portanto 
podemos definir a população como conjunto de 
indivíduos de uma mesma espécie, que vive num 
mesmo espaço geográfico, ao mesmo tempo. 
 
 
 
 
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 O superpovoamento leva em conta a análise das condições socioeconômicas 
da população. 
 
 Uma área ou um país só é considerado superpovoado quando sua população 
é maior que os recursos disponíveis, isto é, quando a população ultrapassa um limite 
a partir do qual começa a baixar significativamente o nível de vida, prevalecendo a 
fome e a difusão de moléstias infecto-contagiosas. 
 
 Nas áreas superpovoadas a população vive em condições que levam à 
pobreza absoluta. 
 
Ao analisar a distribuição da população mundial na superfície terrestre, 
percebemos que nem sempre as áreas mais povoadas, de maior concentração 
demográfica, são aquelas que apresentam problemas socioeconômicos, como foi 
citado anteriormente, o exemplo dos Países Baixos em relação ao Brasil. 
 
 Alguns países que no passado foram considerados superpovoados hoje não 
mais o são, apesar de possuírem uma população maior que antes. Mas, a maioria 
dos países que foram colônias no passado hoje são considerados superpovoados. 
 
 Veja o caso da China, que em 1953 era considerado a área mais 
superpovoada do planeta, com 550 milhões de habitantes apresentando um padrão 
alimentar deficiente, baixa produtividade, altas taxas de mortalidade, analfabetismo, 
desemprego e outros inúmeros problemas. Após uma profunda reforma social e 
econômica, com o objetivo de construir uma sociedade mais igualitária melhorou 
sensivelmente a qualidade de vida dos chineses: a taxa de mortalidade passou a ser 
uma das mais baixas do mundo, elevou-se o padrão alimentar, houve crescimento 
na produção e o desemprego é quase inexistente. Diante disso não é mais 
utilizado o termo “superpovoamento” quando se refere à população chinesa, apesar 
de ter ultrapassado um bilhão e duzentos milhões de habitantes. 
 
No período em que o governo chinês 
estabeleceu rígidos regulamentos para o 
planejamento familiar houve uma redução das 
taxas de natalidade e continua reduzindo (44 em 
1995 e 18 em 1995). Mas isso se deu mais como 
decorrência natural da melhoria da qualidade de 
vida: do aumento dos índices de alfabetização e 
da elevação do custo de formação do indivíduo (a 
obrigatoriedade de colocar os filhos na escola, 
restrições ao trabalho infantil, etc.). 
 
 Um país que pode ser comparado com esse 
exemplo é a Índia, onde houve um controle de 
natalidade muito mais intenso, chegando a práticas desumanas, mas continua a ser 
um país superpovoado, porque não foi acompanhado de alterações sócio-
econômicas. 
 
 Esta é uma das provas de que é melhor investir na educação das massas e na 
sua conscientização. 
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TOME NOTA!!! 
 
O superpovoamento é sempre relativo, ou seja, ele depende muito mais das 
condições sócio-econômicas que do tamanho do território e da população. 
 
OS ELEMENTOS DA DINÂMICA POPULACIONAL 
 
Como foi visto anteriormente, as teorias buscam estabelecer relações entre o 
crescimento da população e as condições de vida, mas não suficientes para 
esclarecer a questão. 
 
Muito mais que teorias, os governantes, os empresários e as comunidades 
precisam desenvolver políticas sociais e planejar atividades econômicas tanto no 
âmbito local, estadual ou nacional quanto no mundial. Para que o planejamento e a 
realização sejam adequados à população é fundamental que tenham em mãos 
recursos numéricos e dados e dados estatísticos. Entre esses recursos, destacam-
se os indicadores demográficos, as pirâmides etárias e os indicadores sociais. 
 
No mundo globalizado em que vivemos, esses recursos são importantes, não 
só para os dirigentes da nação, mas para toda a sociedade se informar e se inteirar 
das condições socioeconômicas e das transformações ocorridas em diferentes 
lugares. 
 
COMO ENTENDER OS INDICADORES DEMOGRÁFICOS? 
 
Para compreender melhor o crescimento da 
população mundial, suas desigualdades e sua 
distribuição populacional. É necessário entender certos 
indicadores que explicam a dinâmica da população, tais 
como: taxa de natalidade, de mortalidade, do crescimento 
natural ou vegetativo, de fecundidade e de mortalidade 
infantil e a expectativa de vida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tome nota. 
Expectativa de vida ou esperança de vida ao nascer: é o número de 
anos que um recém-nascido poderá viver, levando-se em conta os 
recursos alimentares, médico-hospitalares, condição de higiene, etc. 
 
LUCCI, Elian A. O homem no espaço global p.163 
 
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VEJA O QUADRO A SEGUIR. 
 
 
 No quadro acima encontram-se, como exemplo, países subdesenvolvidos 
emergentes e desenvolvidos. Quanto mais desenvolvido for o país menor é a taxa 
de crescimento demográfico, de mortalidade infantil , de fecundidade e maior é a 
expectativa de vida. Essa ocorrência confirma o que já foi visto. Onde o padrão de 
vida é elevado, há um controle de natalidade e conseqüentemente a mortalidade 
infantil é menor e a expectativa de vida em virtude da melhoria da qualidade de 
vida. 
 
 É importante lembrar que nos indicadores demográficos os dados são uma 
média entreos habitantes de determinado espaço ou país. Se formos analisar a 
realidade com certos detalhes veremos que há diferenças. Os países em 
desenvolvimento e os subdesenvolvidos apresentam grandes desigualdades tanto 
regionais como entre a grande maioria e uma minoria ( a elite dominante ). 
 
 Podemos exemplificar com os dados do quadro a seguir. Por exemplo, a 
expectativa da população da região Sul é bem maior que a do Nordeste. 
 
 Isso não quer dizer que todas as pessoas da região Sul possuem o mesmo 
padrão de vida. Como em todos os lugares, há uma parcela da população vivendo 
em péssimas condições, quase subumanas, a maioria se enquadra no padrão 
razoável e uma minoria possuindo alto nível de vida. 
 
 
 
 
 
 
 
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VEJA COM ATENÇÃO O QUADRO A SEGUIR 
 
GRANDES 
REGIÕES 
Esperança de vida ao 
nascer (anos) 1998 
Taxa de mortalidade 
infantil por mil – 1998 
 Homens Mulheres 
Norte 65,1 71,1 35,2 
Nordeste 62,1 68,2 57,91 
Sudeste 64,8 73,8 24,76 
Sul 66,9 74,5 22,39 
Centro-Oeste 65,8 72,4 25,09 
Brasil 64,3 72,1 36,1 
Fonte :IBGE/ Fundo da População das Nações Unidas 
 
 Com certeza , para que a dinâmica demográfica entre em equilíbrio é 
necessário o enfrentamento, em primeiro lugar, das questões sociais e econômicas. 
 Apesar de estar aumentando o número de pessoas que vivem na miséria e 
passam fome em virtude do sistema político-econômico vigente, o crescimento 
vegetativo ou natural está decrescendo. 
 
LEIA COM ATENÇÃO O TEXTO A SEGUIR 
 
“Atualmente, o que se verifica é uma queda global dos índices de natalidade 
e mortalidade. Essa está relacionada principalmente ao êxodo rural e suas 
conseqüências no comportamento demográfico”: Maior custo para criar os filhos 
– é muito mais caro e difícil criar filhos na cidade, pois é necessário adquirir maior 
volume de alimentos básicos, que são mais cultivados pela família. 
 Além disso o ingresso dos dependentes no mercado de trabalho urbano 
costuma acontecer mais tarde que no campo e as necessidades gerais de 
consumo com vestuário, lazer, medicamentos, transportes, energia, saneamento e 
comunicação aumentam substancialmente; 
 
 Acesso a métodos anticoncepcionais – com a urbanização, as pessoas 
passaram a residir próximo às farmácias, hospitais, postos de saúde, tomando 
contato com a pílula anticoncepcional, os preservativos, os métodos de 
esterilização; 
 
 Trabalho feminino extradomiciliar – no meio urbano, aumenta sensivelmente 
o percentual de mulheres que trabalham fora de casa e desenvolvem carreiras 
profissionais. Para essas mulheres, a gravidez sucessiva passa a significar queda 
no padrão de vida e comprometimento de sua atividade profissional; 
 
 Aborto – é ilegal na esmagadora maioria dos países os índices de abortos 
clandestinos são conhecidos. Sabe-se, porém que a urbanização levou bastante a 
sua ocorrência, contribuindo para uma queda da natalidade. 
Acesso a tratamento médico, saneamento básico e programas de vacinação – 
esses fatores justificam um fenômeno: nas cidades, a expectativa de vida é maior 
que no campo. Portanto, com a urbanização, principalmente nos países 
subdesenvolvidos, caem as taxas de mortalidade. Mas isso não significa que a 
população esteja vivendo melhor. Está apenas vivendo mais”. 
 SENE, Eustaquio de e. p.340-1 
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 A partir da década de 80, principalmente nos países capitalistas desenvolvidos, 
onde há presença marcante da mulher no mercado de trabalho e o modo de vida 
baseado na preservação da individualidade, está ocorrendo um novo fenômeno: a 
implosão demográfica, índices de crescimento negativos. 
 
País 
Taxa média anual 
de crescimento 
no período 90-95 
(%) 
País 
Taxa média anual 
de crescimento 
no período 90-95 
(%) 
França 0,4 Dinamarca 0,2 
 
Hungria 0,5 Espanha 0,2 
 
Bélgica 0,3 Itália 0,1 
 
Romênia 0,3 Portugal 0,1 
 
Bulgária 0,6 Reino Unido 0,3 
 
 
Em quase todos os países europeus têm ocorrido índices de crescimento 
próximos de zero. Portugal e Espanha são pouco industrializados em relação às 
economias mais desenvolvidas do continente, apresentam taxas negativas. 
 
 
Obs.: as taxas de natalidade e de mortalidade também são expressas em 
porcentagem. Assim, baseando-se nos dados dos exemplos anteriores: 
Taxa de natalidade: 1,4%. 
Taxa de mortalidade: 0,6% 
 
 
♦ Taxa de crescimento vegetativo: diferença entre a taxa de natalidade e a taxa 
de mortalidade. Conforme os exemplos de taxas de natalidade e mortalidade 
anteriores 
Taxa de natalidade: 14% 
Taxa de mortalidade: -6% 
Crescimento vegetativo: 8% ou 0,8% 
Obs.: A taxa de crescimento vegetativo é também denominada taxa de crescimento 
natural. 
 
 
Tome Nota!!! 
Além dos fatos mencionados, “as novas descobertas e a diversificação dos 
métodos anticoncepcionais permitiram à mulher separar a sua sexualidade da sua 
capacidade reprodutiva”. 
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♦ Taxa de fecundidade: número médio de filhos por mulher em idade de procriar, 
que, por convenção, tem entre 15 e 49 anos. 
♦ Taxa de mortalidade infantil: relação entre o número de óbitos de crianças com 
menos de um ano, multiplicado por mil, e o número de crianças nascidas vivas 
durante o ano civil. 
 
TAXAS 
♦ Taxa de natalidade: número de nascidos vivos registrados em um ano por mil 
habitantes. É portanto a relação entre os nascimentos e a população total, 
expressa por mil habitantes. 
Exemplo: 
Nascimentos anuais: 775.000. 
População total: 55.173.000 habitantes. 
Taxa de natalidade: 775.000 x1000=14% 
 55.173.000 
Ou seja, para cada grupo de 1000 habitantes, nasceram 14 crianças vivas num ano. 
♦ Taxa de mortalidade: número de óbitos registrados em um ano por mil 
habitantes. É calculada a partir da relação entre óbitos anuais, multiplicados por 
mil, e a população total. 
Exemplo : 
Óbitos anuais: 335.000. 
População Total: 55.173.000 habitantes. 
Taxa de mortalidade: 335.000x1000=6% 
 55.173.000 
Ou seja, para cada grupo de 1000 habitantes, morreram 6 pessoas num ano . 
 
Por Que as Pessoas Migram? 
 
Observe o mapa a seguir: 
 
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 18 
 Nos países subdesenvolvidos, de uma forma geral, embora as taxas de 
natalidade e de mortalidade venham declinando, a taxa de crescimento vegetativo 
continua elevada, acima de 1,8%. 
 
 
 
Emigração X Migração ou Migrações Externas 
 
 
 Na escala internacional, o principal 
motivo das migrações (emigração e 
imigração) é o econômico e o 
crescimento populacional. As pessoas se 
deslocam de um país para outro em 
busca de oportunidades de trabalho e de 
melhores condições de vida. 
 
 Os países ou regiões que 
apresentam um crescimento superior a 
sua capacidade de crescimento 
econômico costuma apresentar o 
fenômeno da emigração, isto é, seus 
habitantes saem em direção à outras 
regiões. Estas áreas transformam-se em pólos de repulsão. Inversamente, quando 
as regiões ou países têm um crescimento econômico superior ao da população, se 
tornam pólos de atração e provocam o fenômeno da imigração. 
 
 Um dos maiores pólos de atração no início da década de 90 foi a União 
Européia. Com o aprofundamento das relações econômicasentre os países 
europeus e a necessidade de competir com as economias americana e asiática 
esses países se uniram e criaram uma nova realidade – a livre 
circulação de pessoas no interior da União Européia. Nessa 
época intensificou-se a imigração na Europa, pois muitas 
pessoas aproveitaram a economia em ascensão e emigraram 
de seus países em busca de oportunidades de 
trabalho e também, fascínio pelo primeiro 
mundo. 
 
 Em menor dimensão, as pessoas saem 
do país por motivo de perseguição religiosa, 
política ou retorno ao seu país de origem. 
 
 
 
 
 As desigualdades na evolução econômica e na distribuição da população mundial ou regional 
aliadas ao crescimento vegetativo sempre resultaram em deslocamentos humanos ou migrações. As forças 
propulsoras dessas migrações são as áreas de atraçãoáreas de atraçãoáreas de atraçãoáreas de atração e as áreas de repulsãoáreas de repulsãoáreas de repulsãoáreas de repulsão. 
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 19 
High Tech ou hi-tech – 
abreviatura do inglês high 
tecnology, alta tecnologia 
refere-se a produtos ou 
processos de produção de 
tecnologia de ponta, ou seja, 
a tecnologia mais avançada 
em dado momento histórico. 
 
 Importante . A população 
de um país ou região pode 
crescer através do 
crescimento vegetativo ou 
natural e por imigração. 
Texto de apoio: A nova Pátria 
 
 A imigração de judeus “russos” , sob estímulo do governo israelense, não pára 
de crescer. O êxodo de judeus do antigo bloco soviético para Israel iniciou-se em 
1989. Só no ano passado vieram 54 mil imigrantes e para este ano, até o final de 
dezembro estima-se em 60 mil. No ano 2000 atingiu cerca de 1 milhão de “russos” 
em Israel, ou um sexto da população do país (5,9 milhões de habitantes). 
 
 Em Israel, fundaram uma espécie de pequena Rússia, com partidos políticos 
próprios e representantes no governo e no parlamento, além de jornais em russo. Os 
funcionários da imigração falam em russo. A música de fundo é russa. Os 
israelenses riem da piada: “O hebraico está se tornando a segunda língua em 
Israel”. 
 
 Os “russos” em Israel não se submetem, como os imigrantes etíopes ou 
marroquinos – impõem-se. Também não se integram, mas conquistam direitos. 
 
 Geralmente esses imigrantes depois de cadastrados (banco de dados) 
recebem do governo israelense uma carteira de identidade, seis meses de 
assistência médica gratuita, ajuda imediata em dinheiro e mais um carnê para a 
retirada mensal em bancos que ainda inclui benefícios para o primeiro ano em Israel. 
Para cada família de quatro pessoas, são destinados US$540,00 na hora e o 
equivalente a US$ 10 mil em 12 meses. Aos aposentados , aposentadoria, doentes, 
e hospitalização. Para todos, cursos intensivos de hebraico. A única condição para 
ser aceita como imigrante é a de ser judeu. 
 
A revoada de “russos” está russificando 
Israel. Eles influenciam muito e de várias formas 
na cultura israelense. Por exemplo, 
impulsionaram a economia principalmente por 
oferecer um grande número de profissionais 
altamente qualificados. Tornou possível um 
enorme do setor highTech. 
 
 “Nas cidades em desenvolvimento do deserto do Neguev e da Galiléia, uma 
situação totalmente diferente está criada, pois 25% de sua população é de novos 
imigrantes. Eles pesam nas decisões sobre educação, esportes e vida cultural”. 
 Revista Época 19/10/98 
 Como você acabou de ver, Israel teve um crescimento populacional por 
imigração. Outros países podem ter um declínio na sua população por motivo de 
emigração ou perdas (mortes) numa guerra. 
O Brasil já foi um país de imigrantes, ao lado 
dos Estados Unidos e dos outros países americanos. 
Para suprir a necessidade de mão-de-obra nas 
lavouras vieram europeus de todas as nacionalidades. 
Nesse período, a Europa atravessava uma série de 
dificuldades: desemprego em massa, perseguição 
religiosa, conflitos internos, etc. 
 
 
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 20 
TOME NOTA Xenofobia – 
aversão a tudo o que não é 
nacional. 
Neo-Nazismo – Doutrina 
semelhante em alguns aspectos 
ao nazismo. O Nazismo defendia 
a superioridade dos brancos 
europeus e particularmente dos 
alemães, a inferioridade dos 
negros e judeus. Os neo-nazistas 
são muito mais radicais, agridem 
os imigrantes de países pobres, 
queimam suas residências, fazem 
manifestações ruidosas e 
defendem a expulsão dos 
estrangeiros. 
 
 Para o Brasil de início vieram os portugueses e africanos (escravos). No 
auge da cultura cafeeira vieram os imigrantes espontâneos. Os principais grupos 
que entram no Brasil foram os portugueses, italianos, espanhóis, alemães e 
japoneses. 
 
 Embora tenha estabelecido a Lei das Cotas (1934) que restringia a imigração a 
números bastante modestos, com exceção dos portugueses, o Brasil continuou 
recebendo imigrantes. Com a Segunda Guerra Mundial muitos judeus, poloneses, 
japoneses, chineses, entre outros, vieram para cá em busca de oportunidades e 
melhores condições de vida. 
 
 Da década de 70 até os dias atuais, tem ocorrido o inverso, o Brasil 
transformou-se em um país de emigração. Com a expansão da soja na região sul do 
país aliada à concentração de terras e às empresas agropecuárias, mais de 300 mil 
brasileiros passou a viver em terras paraguaias – são os brasiguaios, que 
representam cerca de 6,5% da população daquele país. 
 
Principais grupos de Imigrantes no Brasil (1800-1970)
5% 4%
17%
13%
30%
31%
Alem ães
Japoneses
Outras
Espanhóis
Italianos
Portugueses
 
 Na década de 80, a recessão mundial 
afetou principalmente o mundo subdesenvolvido, 
o que intensificou a saída de brasileiros em 
direção aos Estados Unidos, Paraguai, Japão e 
países europeus. Estima-se que, atualmente, 
1,5 milhão de brasileiros estejam vivendo no 
exterior. 
 
ONDE ESTÃO OS BRASILEIROS? E OS 
IMIGRANTES SÃO BEM - VINDOS? 
 
Embora a emigração tenha autorização 
ou até incentivos por parte do governo, sempre 
há uma rejeição natural dos grupos nacionais 
devida a instabilidade que ela causa. Essa 
instabilidade pode ser causada pela 
competitividade no trabalho, no emprego, na 
habitação, etc. De certa forma há choque cultural – ambos terão que aceitar as 
mudanças. Como por exemplo, a Alemanha teve que passar a conviver com uma 
acentuada migração interna quando houve a unificação. 
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 21 
 
O índice de desemprego chegou a 30% da população economicamente ativa 
em 1993. Faltava à Alemanha mais 7 milhões de empregos. Essa conjuntura foi 
favorável ao surgimento de um nacionalismo extremado de alguns grupos, cuja 
ideologia estava alicerçada na xenofobia e no neonazismo. 
 
 Os países do leste europeu passaram a constituir uma zona de repulsão, as 
pessoas tentaram recomeçar suas vidas no capitalismo já consolidado no Ocidente. 
A transição do socialismo para a economia de mercado (capitalismo) causou 
problemas maiores do que os políticos e economistas previam. Nos países 
socialistas, como a economia era controlada pelo Estado, houve defasagem 
tecnológica e conseqüentemente, ineficiência na produção de bens de consumo. 
Com a abertura para o capital estrangeiro, as multinacionais levaram consigo 
equipamentos e tecnologia do Ocidente e não absorveram toda mão-de-obra 
existente nas empresas estatais. Essa transição econômica gerou desordem e 
marginalização em boa parte da sua população (deserdada pela nova estrutura 
política, que abandonou a políticado pleno emprego). 
 
Por isso muitas pessoas saíram de seus países para a Europa Ocidental 
(Área de atração) em busca de melhores perspectivas. 
 
 Os imigrantes vindos do leste europeu, foram rejeitados, marginalizados e até 
hostilizados. Ao contrário dos “russos” imigrantes de Israel, como foi visto no texto 
que se impuseram na cultura israelita. 
 
 De todas as migrações, as mais preocupantes são as multidões sem rumo ou 
refugiados de guerra no mundo contemporâneo. 
 
 No Brasil vivem 2.280 estrangeiros refugiados, devido à perseguição ou às 
guerras: 
 
Angola: 1254 Sérvia 49 Bósnia: 17 
Libéria: 264 Peru: 36 Chile: 16 
Congo: 163 Líbano: 24 Irã: 16 
Cuba: 90 Vietnã: 22 Outros: 238 
Iraque: 70 Croácia: 21 Fonte: Ministério da 
Justiça/Conare 
 
 Além desses estrangeiros cadastrados moram, no Brasil, muitos 
imigrantes que vieram clandestinamente por inúmeros motivos. 
 
 
 Responda em seu caderno. 
 
 
1- Você conhece alguma família nessas condições, que entraram 
clandestinamente no Brasil? 
 
2- Com o conhecimento que você obteve até agora de Geografia, faça uma 
análise sobre os motivos que os imigrantes saíam de seus países no século 
XVIII e os motivos que hoje as pessoas migram ou se refugiam para outros 
países. 
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 22 
 
 Observe no quadro a seguir que, muitos deles foram violentamente 
desterritorializados e não conseguiram mais um território fixo. 
 
 
Os refugiados de guerras e conflitos se espalham pelo mundo. 
 Migrações forçadas: refugiados de guerra e conflitos desde l980. 
 
 
 
 Tanto a emigração como imigração entre os países são migrações externas 
ou internacionais. Existem outros movimentos dentro de uma região ou país, são as 
migrações internas . 
 
 Os movimentos de migração interna e externa podem ocorrer simultaneamente 
ou por algumas razões vistas anteriormente, as áreas de imigração tornarem-se de 
emigração. 
 
 O povoamento de Paraná é um exemplo típico das constantes migrações. 
 
 
 
 
 
EX- IUGUSLÁVIA: 
 3,7milhões de pessoas foram deslocadas de suas moradias pela guerra civil de 1992-1995. 
EUROPA OCIDENTAL : 
 Abriga mais 5 milhões de refugiados. 
ORIENTE MÉDIO 
 A agência que cuida dos refugiados palestinos tem sob sua responsabilidade 2,8 milhões deles. 
SERRA LEOA E LIBÉRIA 
 As guerras civis forçaram 1 milhão de pessoas a se exilar na Guiné e Costa do Marfim. 
MOÇAMBIQUE 
 6 milhões de pessoas começaram a voltar ao país a partir de 1992. 
SUDÃO E ERITRÉIA 
 Guerras civis produziram 1,6 milhões de refugiados. 
RUANDA E BURUNDI 
 2,2 milhões de exilados estão sob a proteção da ONU nos dois países, dilacerados por 
sangrentos conflitos étnicos. 
EX-UNIÃO SOVIÉTICA 
 Há 1,5 milhão de pessoas flutuando entre a Armênia , Geórgia e Azerbaijão. 
AFEGANISTÃO 
 Três milhões de cidadãos estão no Paquistão e no Irã. 
SRI LANKA 
 30 mil cidadãos se refugiam na Índia. 
MIANMA (EX- BIRMÂNIA) 
 Há 250 mil refugiados do país em Bangladesh. 
VIETNÃ 
 Há 40 mil exilados vietnamitas espalhados pelo Sudeste Asiático. 
 
 Dentro de dez anos o número de refugiados em todo o mundo terá duplicado para 60 milhões, 
segundo previsão da Cruz Vermelha Internacional. Além disso, na China há 120 milhões de 
desempregados no campo e dentro de 35 anos o país não poderá alimentar todos os seus habitantes. Já 
hoje, no chamado Chifre da África, há 71 milhões de pessoas sem comida. A cada ano 143 mil pessoas 
são mortas em conflitos em todo o mundo e 5 milhões ficam sem casa (Fonte: Jornal da Tarde, 
02 Junho de 1996). 
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 23 
 
MIGRAÇÕES INTERNAS 
 
 Em todos os lugares existem deslocamentos ou migrações internas. As 
migrações pelo território brasileiro estão associadas a fatores econômicos desde o 
tempo da colonização. Com a crise na população de açúcar no Nordeste e início do 
ciclo do ouro em Minas Gerais, houve um enorme deslocamento de pessoas e um 
intenso processo de urbanização no novo centro, econômico do país. Mais tarde, 
como o processo de industrialização, a região Sudeste pôde se tornar efetivamente 
o grande pólo de atração de migrantes, que saíam da sua região em busca de 
emprego ou de melhores condições de vida e salários. 
 
 Note que, é natural que qualquer região do país que receba investimentos 
produtivos públicos ou privados, aumentando a oferta de emprego, receba também 
pessoas dispostas a preencher novos postos de trabalho. Como você pode ver no 
mapa abaixo. 
 
 
 
 De 1940-70, os estados do Centro-Sul constituíram –se pólo de atração. Na 
década de 60, a construção da atual capital brasileira (Brasília) também contribuiu 
para a expansão do Centro-Oeste. 
 
 Somente a partir da década de 70, juntamente com o processo de 
descentralização da atividade industrial, a migração em direção ao Sudeste 
apresentou uma queda significativa. 
Outros fatores atraíram migrantes de várias regiões para Amazônia foram : 
 
♦ A construção de grandes rodovias; 
♦ Implantação de projetos agropecuários; 
♦ Os incentivos ao desenvolvimento das atividades de mineração; 
♦ Os programas de venda de pequenos lotes de terras coordenados pelo INCLA 
(Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária). 
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 24 
 
 
TOME NOTA. 
 
 “Atualmente nota-se um processo simultâneo de desmetropolização e 
metropolização. São Paulo e Rio de Janeiro são capitais que menos crescem. O 
modelo de desenvolvimento social e econômico adotado no Brasil e a formação de 
um mercado nacional integrado formaram aglomerações urbanas com mais de um 
milhão de habitantes, chamadas cidades milionárias, e multiplicaram-se as cidades 
pequenas e médias. A expansão industrial acelerou a constituição das cidades 
milionárias, para as quais afluíram os principais investimentos e as atividades 
modernas, transformando-se em importantes pólos de desenvolvimento e atração 
populacional”. 
 (MOREIRA, Igor. O Espaço geográfico p. 408) 
 
 
 Além das migrações regionais que acabamos de estudar existem outras 
importantes, como : êxodo rural, pendular, transumância e urbana- urbana. 
 
 
DO ÊXODO RURAL À MIGRAÇÃO PENDULAR 
 
 A modernização e mecanização na agricultura e a concentração de terras no 
campo provocaram um intenso êxodo rural, isto é, a saída de pessoas do campo 
em direção às cidades. 
 
 Como as cidades não receberam investimentos públicos em obras de infra-
estrutura urbana (habitação, saneamento básico, saúde, educação, transportes 
coletivos, lazer e abastecimento), passaram a crescer em direção à periferia, onde 
eram construídas enormes favelas e loteamentos clandestinos, sobretudo ao redor 
dos bairros industriais. Esse processo provocou o surgimento de metrópoles – Um 
conjunto de cidades interligadas, onde ocorre uma migração diária entre os 
municípios, fenômeno conhecido como Migração pendular. Para a população que 
realiza esse movimentodiário, o transporte coletivo metropolitano é de suma 
importância. 
 
 
 Segundo a estimativa do IBGE, no ano 2000, 84% da população brasileira 
passará a viver nas cidades. 
 
 
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 25 
 
 
TRANSUMÂNCIA 
 
 A transumância é um movimento populacional sazonal, ou seja que ocorre em 
certos períodos do ano e que se repete. No Brasil, já é considerada histórica a 
transumância da população que mora no polígono das secas, nas regiões Nordeste. 
Os órgãos públicos responsáveis pelo combate à seca atendem prioritariamente aos 
interesses dos latifundiários, excluindo os despossuídos do acesso freqüente a 
açudes e sistemas de irrigação. 
 A conseqüência é óbvia e previsível – quando pára de chover no Sertão 
(março), os pequenos e médios proprietários são obrigados a migrar para o Agreste 
ou para Zona da Mata, em busca de ocupação que lhes permita sobreviver até 
dezembro e quando volta a chover no Sertão eles retornam então às suas 
propriedades. 
 Também é comum a transumância praticada pelos bóias-frias volantes, 
que não têm residência fixa. O trabalho volante é temporário, só ocorre durante o 
período do plantio, da colheita ou do corte da cana-de-açúcar, por exemplo. Tal 
situação obriga os trabalhadores a migrarem de cidade em cidade atrás do serviço. 
A partir da década de 80 , nas regiões do país em que os sindicatos rurais se 
fortaleceram, esse movimento periódico passou a ser programado com 
antecedência, de forma a manter os bóias-frias com ocupação ao longo de todo o 
ano, em locais preestabelecidos. 
 
MIGRAÇÃO URBANA-URBANA 
 
 Atualmente, nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, é significativa a saída 
de população das metrópoles em direção à cidades médias do interior. A causa 
desse movimento é que as metrópoles estão completamente inchadas, com 
precariedade no atendimento de praticamente todos os serviços públicos, altos 
índices de desemprego e criminalidade. Já as cidades do interior desse estados, 
além de estarem passando por um período de crescimento econômico, oferecem 
melhor qualidade de vida à população. 
 
 
(SENE, Eustáquio de e. Espaço Geográfico e globalizado p 360.-2) 
 
 
RESPONDA EM SEU CADERNO. 
 
 
 
3. Explique a teoria de Malthus e justifique se ela é ou não correta. 
4. Observando o mapa da página 09 responda: Qual é o continente mais povoado 
da Terra e o menos povoado? 
5. Por quê atualmente ocorre uma queda global dos índices de natalidade e 
mortalidade? 
6. O que é crescimento natural ou vegetativo? 
7. Qual a diferença entre êxodo rural e migração pendular? 
8. O que é migração interna? O que faz com determinada região se torne pólo de 
atração de migrantes. 
 
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 26 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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ELABORADO PELA 
 
EQUIPE DE GEOGRAFIA CEESVO 2004 
 
Deise Quevedo Bertaco 
Jaime Aparecido da Silva 
Maria de Fátima Pinto 
 
 
 
COLABORAÇÃO 
 
Luiz Gustavo Cerqueira Ferreira 
Júlia de Oliveira Rodrigues Vieira 
Neiva Aparecida Ferraz Nunes 
 
 
 
 
DIREÇÃO 
 
Elisabete Marinoni Gomes 
Maria Isabel R. de C. Kupper 
 
APOIO. 
 
Prefeitura Municipal de Votorantim

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