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Universidade Federal de Goiás Escola de Engenharia Elétrica, Mecânica e Computação – EMC Mestrado em Engenharia Elétrica Igor Lopes Mota Análise de Alternativas de Proteção Anti-Ilhamento de Geradores Síncronos Distribuídos Goiânia 2015 Igor Lopes Mota Análise de Alternativas de Proteção Anti-Ilhamento de Geradores Síncronos Distribuídos Dissertação apresentada à Escola de Engenharia Elétrica, Mecânica e Computação da Universidade Federal de Goiás para o preenchimento dos requisitos de obtenção do título de Mestre em Engenharia Elétrica. Área de Concentração: Sistemas de Energia Elétrica Orientador: Prof. Dr. Igor Kopcak Co-Orientador: Prof. Dr. Antônio César Baleeiro Alves Goiânia 2015 Ficha catalográfica elaborada automaticamente com os dados fornecidos pelo(a) autor(a), sob orientação do Sibi/UFG. Lopes Mota, Igor Análise de Alternativas de Proteção Anti-Ilhamento de Geradores Síncronos Distribuídos [manuscrito] / Igor Lopes Mota. - 2015. CXXV, 125 f.: il. Orientador: Prof. Dr. Igor Kopcak ; co-orientador Dr. Antônio César Baleeiro Alves . Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Goiás, Escola de Engenharia Elétrica (EEEC) , Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica e de Computação, Goiânia, 2015. Bibliografia. Anexos. Apêndice. Inclui siglas, gráfico, tabelas, lista de figuras, lista de tabelas. 1. Geração Distribuída. 2. Detecção de Ilhamento. 3. Proteção de Sistemas de Distribuição. I. , Igor Kopcak, orient. II. , Antônio César Baleeiro Alves, co-orient. III. Título. Para minha esposa Mariana e aos meus pais Hugo e Meire por todo amor, paciência e incentivo. AGRADECIMENTOS Aos professores Igor Kopcak e Antônio César Baleeiro Alves pela orientação, incentivo, amizade e bons exemplos dedicados neste período. A todos os profissionais envolvidos no programa de Pós-Graduação da Escola de Engenharia Elétrica, Mecânica e Computação da Universidade Federal de Goiás pelo programa de Mestrado que muito contribui à sociedade goiana e brasileira. RESUMO Nesta dissertação de mestrado apresenta-se um estudo das principais técnicas de detecção de ilhamento de geradores distribuídos considerando dados reais de 3 acessantes com diferentes capacidades de geração e diferentes tensões de conexão com o sistema interligado. Visa definir soluções de composição de sistemas de proteção capazes de garantir a detecção do ilhamento baseados em técnicas locais passivas, que apresentam custos mais reduzidos com relação às técnicas remotas, como por exemplo, a teleproteção. O objetivo deste trabalho é alcançar, por meio de associação de várias técnicas de detecção de ilhamento, um grau de confiabilidade adequado do sistema de proteção de geradores síncronos distribuídos. Dentre as técnicas existentes, foram estudadas as funções de proteção de sub e sobrefrequência (ANSI 81 o/u), taxa de variação de frequência (ROCOF ou ANSI 81 df/dt), salto de vetor (ANSI 78) e direcional de potência reativa (ANSI 32Q). Constatou- se que a função 32Q, para cargas com fator de potência indutivo e menor que um, complementa as funções baseadas em frequência justamente na faixa onde estas são insensíveis a ilhamentos, sendo que o limite para a operação deste relé depende da potência equivalente da carga consumida localmente. Para os casos de ilhamento provocado pela abertura intencional do alimentador de distribuição, a detecção de ilhamento para cargas com fator de potência indutivo poderá ser garantida com a utilização das técnicas locais passivas sem a necessidade de se onerar a instalação dos sistemas de proteção de geradores síncronos distribuídos. Apesar de que na prática é muito improvável um circuito de distribuição possuir um fator de potência unitário, a associação das referidas funções de proteção surge como uma boa solução para a detecção de ilhamentos de geradores síncronos distribuídos. Palavras Chave: Geração distribuída. Detecção de ilhamento. Proteção de sistemas de distribuição. ABSTRACT In this dissertation, we present a detailed study of techniques for islanding detection of distribution systems in the presence of distributed generators in various forms of access and connection. The aim is to set up protection system solutions capable of ensuring the detection of the islanding based on local passive techniques, which have lower costs with respect to remote techniques, for example, the transfer trip. The objective of this work is to achieve through the association of several islanding detection techniques in order to achieve adequate reliability of distributed synchronous generators protection system. Among the existing techniques, the protection functions studied were the overfrequency and underfrequency (ANSI 81 o/u), rate of change of frequency (ROCOF or ANSI 81 df/dt), vector jump (ANSI 78) and directional reactive power (ANSI 32Q). It was found that the 32Q function for loads with inductive power factor less than one complements the functions based on frequency precisely in the range where these are insensitive to islanding, wherein the threshold for operation of this relay depends on the equivalent load power consumed locally. For cases of islanding caused the intentional opening of the distribution feeder, the islanding detection for loads with a inductive power factor can be guaranteed with the use of passive local techniques without the need to burden the installation of synchronous generators protection systems distributed. Although in practice it is very unlikely a distribution circuit has a unity power factor, the association of these protective functions arises as a good solution for the detection of islanding of distributed synchronous generators. Keywords: Distributed generation. Detection of islanding. Protection of distribution system. LISTA DE FIGURAS Figura 2.1: Diagrama unifilar de proteção para conexão de Gerador Síncrono ao sistema de BT da CELG ................................................................................................................................................23 Figura 2.2: Diagrama unifilar de proteção para conexão de gerador síncrono em MT na CELG .........24 Figura 2.3: Diagrama unifilar de proteção para conexão de gerador síncrono em MT na CEMIG .......25 Figura 2.4: Diagrama unifilar de proteção para conexão de gerador síncrono em MT na COPEL .......25 Figura 2.5: Aumento da corrente de curto-circuito devido a presença de GD .....................................29 Figura 2.6: Perda de Coordenação e Seletividade na Distribuição devido a presença de GD - Alimentadores ...................................................................................................................................30 Figura 2.7: Alimentador com a presença de GD ................................................................................34 Figura 2.8: Diferença de potencial entre a rede da concessionária e a GD em um pré-religamento ...34 Figura 2.9: Forma de onda da corrente do gerador após um religamento fora de fase .......................35 Figura 2.10: Conjugado eletromagnético no gerador após um religamento fora de fase .....................36 Figura 2.11: Zonas de Proteção de Distância da PCH Ilha da Luzno sistema Escelsa – Espírito Santo .........................................................................................................................................................42 Figura 2.12: Perfil de tensão de uma GD durante o ilhamento da CGH Capitão Mor .........................43 Figura 2.13: Ligação dos TPs para medição da tensão 3V0 para o relé 59N .....................................44 Figura 2.14: Comportamento do relé de frequência ...........................................................................46 Figura 2.15: Circuito equivalente de um gerador síncrono em paralelo com a rede ............................49 Figura 2.16: Fasores de Tensão do Gerador: (a) antes do ilhamento; (b) após o ilhamento ...............49 Figura 2.17: Comportamento do relé de salto de vetor ajustado em 10° ............................................51 Figura 2.18: Característica da Proteção Direcional de Potência Reativa – ANSI 32Q.........................52 Figura 2.19: Proteção e seletividade auxiliada pela tecnologia IEC 61850 .........................................57 Figura 3.1: Bloco do gerador síncrono utilizado nas simulações – Synchronous Machine ..................61 Figura 3.2: Bloco do controle de excitação utilizado nas simulações – IEEE type DC1A do SimPowerSystems ............................................................................................................................61 Figura 3.3: Bloco do transformador de potência utilizado nas simulações – Three-Phase Transformer (Two Windings) do SimPowerSystems ..............................................................................................62 Figura 3.4: Bloco de carga estática utilizado nas simulações – Three-Phase Dynamic Load do SimPowerSystems ............................................................................................................................63 Figura 3.5: Bloco da linha de distribuição utilizado nas simulações – Three-Phase Pi Section Line do SimPowerSystems ............................................................................................................................64 Figura 3.6: Modelo do relé de salto de vetor – ANSI 78 .....................................................................65 Figura 3.7: Modelo do relé direcional de potência reativa – ANSI 32Q ...............................................66 Figura 3.8: Modelo do relé de sobre e sub frequência – ANSI 81 o/u .................................................66 Figura 3.9: Modelo do relé de taxa de variação de frequência – df/dt .................................................67 Figura 4.1: Caso 1 - GD de 2,25 MVA conectado em 13,8 kV ............................................................70 Figura 4.2: Caso 1 - Sistema de Proteção da GD 2,25 MVA conectada em 13,8 kV ..........................71 Figura 4.3: Caso 1 - Tempo de atuação da proteção de sobrefrequência versus ΔP: carga tipo impedância constante com excesso de geração (PG > PC) ................................................................73 Figura 4.4: Caso 1 - Tempo de atuação da proteção de sobrefrequência versus ΔP: carga tipo impedância constante com déficit de geração (PG < PC) ....................................................................74 Figura 4.5: Comportamento da frequência em ilhamentos com excesso e déficit de geração para cargas com fator de potência 0,92 indutivo e 1 .............................................................................................75 Figura 4.6: Caso 1 - Tempo de atuação da proteção ROCOF versus ΔP: carga tipo impedância constante com excesso de geração (PG > PC)....................................................................................76 Figura 4.7: Caso 1 - Tempo de atuação da proteção ROCOF versus ΔP: carga tipo impedância constante com déficit de geração (PG < PC) .......................................................................................77 Figura 4.8: Caso 1 - Tempo de atuação da proteção de salto de vetor versus ΔP: carga tipo impedância constante com excesso de geração (PG > PC) ...................................................................................78 Figura 4.9: Caso 1 - Tempo de atuação da proteção de salto de vetor versus ΔP: carga tipo impedância constante com déficit de geração (PG < PC) .......................................................................................78 Figura 4.10: Caso 1 - Tempo de atuação da proteção direcional de potência reativa versus ΔP: carga tipo impedância constante e fator de potência 0,92 indutivo ..............................................................79 Figura 4.11: Caso 1 - Tempo de atuação do sistema de proteção considerando a sobreposição das funções 81 o/u, ROCOF, 78 e 32Q versus ΔP: carga tipo impedância constante ..............................81 Figura 4.12: Caso 2 - GD de 9,125 MVA conectado em 34,5 kV ........................................................83 Figura 4.13: Caso 2 - Sistema de Proteção da GD 9,125 MVA conectada em 34,5kV........................85 Figura 4.14: Caso 2 - Tempo de atuação da proteção ANSI 81 o/u versus ΔP: carga tipo impedância constante com excesso de geração (PG > PC) ...................................................................................87 Figura 4.15: Caso 2 - Tempo de atuação da proteção ANSI 81 o/u versus ΔP: carga tipo impedância constante com déficit de geração (PG < PC) .......................................................................................88 Figura 4.16: Caso 2 - Tempo de atuação da proteção ROCOF versus ΔP: carga tipo impedância constante com excesso de geração (PG > PC) ...................................................................................89 Figura 4.17: Caso 2 - Tempo de atuação da proteção ROCOF versus ΔP: carga tipo impedância constante com déficit de geração (PG < PC) .......................................................................................89 Figura 4.18: Caso 2 - Tempo de atuação da proteção salto de vetor versus ΔP: carga tipo impedância constante com excesso de geração (PG > PC) ...................................................................................90 Figura 4.19: Caso 2 - Tempo de atuação da proteção salto de vetor versus ΔP: carga tipo impedância constante com déficit de geração (PG < PC) .......................................................................................91 Figura 4.20: Caso 2 - Tempo de atuação da proteção ANSI 32Q versus ΔP: carga tipo impedância constante ..........................................................................................................................................92 Figura 4.21: Caso 2 - Tempo de atuação do sistema de proteção considerando a sobreposição das funções 81 o/u, ROCOF, 78 e 32Q versus ΔP: carga tipo impedância constante ..............................94 Figura 4.22: Caso 3 - GD de 22,5 MVA conectado em 88 kV.............................................................96 Figura 4.23: Caso 3 - Sistema de Proteção da GD 22,5 MVA conectada em 88 kV ...........................97 Figura 4.24: Caso 3 - Tempo de atuação da proteção ANSI 81 o/u versus ΔP: carga tipo impedância constante com excesso de geração (PG > PC) ...................................................................................99 Figura 4.25: Caso 3 - Tempo de atuação da proteção ANSI 81 o/u versus ΔP: carga tipo impedância constante com déficit de geração (PG < PC) .......................................................................................99 Figura 4.26: Caso 3 - Tempo de atuação da proteção ROCOF versus ΔP: carga tipo impedância constante com excesso de geração (PG > PC) .................................................................................100 Figura 4.27: Caso 3 - Tempo de atuação da proteção ROCOF versusΔP: carga tipo impedância constante com déficit de geração (PG < PC) .....................................................................................101 Figura 4.28: Caso 3 - Tempo de atuação da proteção salto de vetor versus ΔP: carga tipo impedância constante com excesso de geração (PG > PC) .................................................................................102 Figura 4.29: Caso 3 - Tempo de atuação da proteção salto de vetor versus ΔP: carga tipo impedância constante com déficit de geração (PG < PC) .....................................................................................102 Figura 4.30: Caso 3 - Tempo de atuação da proteção ANSI 32Q versus ΔP: carga tipo impedância constante ........................................................................................................................................104 Figura 4.31: Caso 3 - Tempo de atuação do sistema de proteção completo versus ΔP: carga tipo impedância constante e fator de potência 1 e 0,92 ..........................................................................106 LISTA DE TABELAS Tabela 2.1: Requisitos mínimos de proteção em função da potência instalada previstos pelo Módulo 3 do PRODIST .....................................................................................................................................22 Tabela 2.2: Funções exigidas pela ANEEL (Módulo 3 - PRODIST), IEEE (IEEE Std 1547), CEMIG, CELG e COPEL ................................................................................................................................26 Tabela 2.3: Recomendações de ajustes das proteções das concessionárias CELG, CEMIG e COPEL .........................................................................................................................................................27 Tabela 4.1: Caso 1 - Dados do Gerador ............................................................................................70 Tabela 4.2: Caso 1 - Ajustes de Proteção .........................................................................................72 Tabela 4.3: Limites de desbalanços de potência para detecção de ilhamento em 500 ms pela proteção de frequência ANSI 81 o/u ................................................................................................................72 Tabela 4.4: Caso 1 - Limites de desbalanços de potência para detecção de ilhamento em 500 ms pela proteção df/dt ....................................................................................................................................75 Tabela 4.5: Caso 1 - Limites de desbalanços de potência para detecção de ilhamento em 500 ms pela proteção de salto de vetor .................................................................................................................77 Tabela 4.6: Caso 1 – Ajustes de proteção finais ................................................................................80 Tabela 4.7: Caso 1: Limites de desbalanços de potência para detecção de ilhamento em 500 ms pelo sistema de proteção ..........................................................................................................................81 Tabela 4.8: Caso 2 - Dados do Gerador de 9,125 MVA ....................................................................84 Tabela 4.9: Caso 2 - Ajustes de proteção definidos ...........................................................................86 Tabela 4.10: Caso 2 - Limites de desbalanços de potência para detecção de ilhamento em 500 ms pela proteção de frequência ANSI 81 o/u ..................................................................................................87 Tabela 4.11: Limites de desbalanços de potência para detecção de ilhamento em 500 ms pela proteção df/dt ..................................................................................................................................................88 Tabela 4.12: Caso 2 - Limites de desbalanços de potência para detecção de ilhamento em 500 ms pela proteção salto de vetor ......................................................................................................................90 Tabela 4.13: Caso 2 - Ajustes de proteção definidos ........................................................................93 Tabela 4.14: Caso 2 - Limites de desbalanços de potência para detecção de ilhamento em 500 ms pelo sistema de proteção completo ...........................................................................................................93 Tabela 4.15: Caso 3 - Dados do Gerador de 22,5 MVA ....................................................................96 Tabela 4.16: Caso 3 - Ajustes de Proteção .......................................................................................98 Tabela 4.17: Caso 3 - Limites de desbalanços de potência para detecção de ilhamento em 500 ms pela proteção de frequência ANSI 81 o/u ..................................................................................................98 Tabela 4.18: Caso 3 - Limites de desbalanços de potência para detecção de ilhamento em 500 ms pela proteção df/dt ..................................................................................................................................100 Tabela 4.19: Caso 3 - Limites de desbalanços de potência para detecção de ilhamento em 500 ms pela proteção salto de vetor ....................................................................................................................101 Tabela 4.20: Caso 3 - Limites de desbalanços de potência para detecção de ilhamento em 500 ms pela proteção direcional de potência reativa com excesso de geração ....................................................103 Tabela 4.21: Caso 3 - Ajustes de proteção definidos ......................................................................105 Tabela 4.22: Caso 3 - Limites de desbalanços de potência para detecção de ilhamento em 500 ms pelo sistema de proteção completo .........................................................................................................105 Tabela A.1: Caso 1 - Parâmetros do bloco do gerador síncrono ......................................................117 Tabela A.2: Caso 1- Parâmetros do bloco do controle de excitação.................................................117 Tabela A.3: Caso 1 - Parâmetros do bloco de carga ........................................................................118 Tabela A.4: Caso 1 - Parâmetros do bloco do transformador ...........................................................118 Tabela A.5: Caso 1 - Parâmetros do bloco da linha de distribuição ..................................................118 Tabela A.6: Caso 1 - Parâmetros do bloco do equivalente do sistema elétrico .................................118 Tabela A.7: Caso 2 - Parâmetros do bloco do gerador síncrono ......................................................119 Tabela A.8: Caso 2 - Parâmetros do bloco do controle de excitação ................................................119 Tabela A.9: Caso 2 - Parâmetros do bloco de carga ........................................................................120 Tabela A.10: Caso 2 - Parâmetros do bloco do transformador .........................................................120 Tabela A.11: Caso 2 - Parâmetros do bloco da linha de distribuição 1 e 2 .......................................120 Tabela A.12: Caso 2 - Parâmetros do bloco do equivalente do sistema elétrico ...............................120 Tabela A.13: Caso 3 - Parâmetros do bloco do gerador síncrono ...................................................121 Tabela A.14: Caso 3 - Parâmetros do bloco do controle de excitação ..............................................121 Tabela A.15: Caso 3 - Parâmetros do bloco de carga......................................................................122 Tabela A.16: Caso 3 - Parâmetros do bloco do transformador .........................................................122 Tabela A.17: Caso 3 - Parâmetros do bloco da linha de distribuição 1 e 2 .......................................122 Tabela A.18: Caso 3 - Parâmetros do bloco do equivalente do sistema elétrico ...............................122 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica BT Baixa Tensão CELG Centrais Elétricas de Goiás CEMIG Centrais Elétricas de Minas Gerais CGH Central de Geração Hidrelétrica COPEL Companhia Paranaense de Energia DER Distribute Energy Resources DSV Dispositivo de Secionamento Visual GD Geração Distribuída MCH Micro/Minicentral Hidrelétrica MT Média Tensão PCH Pequena Central Hidrelétrica PLCC Power Line Carrier Communication PRODIST Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico pu Por Unidade ROCOF Rate of Change of Frequency SCADA Supervisory Control and Data Acquisition Nacional TC Transformador de Corrente TDD Transferência de Disparo Direto TP Transformador de Potencial SUMÁRIO Capítulo 1 Introdução ....................................................................................................................17 Capítulo 2 A Presença da GD em Sistemas de Distribuição: Normatização, Impactos, Proteção e Detecção de Ilhamento .....................................................................................................................21 2.1. Introdução ................................................................................................................21 2.2. Regulamentação e Normas ......................................................................................21 2.3. Impactos da Geração Distribuída nos Sistemas de Distribuição................................27 2.3.1. Alteração dos níveis de curto-circuito ...............................................................27 2.3.2. Sistemas de Proteção ......................................................................................28 2.3.3. Tipo de Aterramento da Fonte .........................................................................30 2.3.4. Estabilidade Transitória ...................................................................................32 2.3.5. Operação e Despacho .....................................................................................32 2.3.6. Religamento fora de fase .................................................................................33 2.4. Detecção de Ilhamento e os Relés de Proteção .......................................................36 2.4.1. Relé de Sobrecorrente - ANSI 50/51 ................................................................39 2.4.2. Relé de Sobrecorrente Direcional - ANSI 67 ....................................................40 2.4.3. Relé de Distância - ANSI 21 ............................................................................41 2.4.4. Relé de Subtensão - ANSI 27 ..........................................................................42 2.4.5. Relé de Sobretensão de Neutro – ANSI 59N ....................................................43 2.4.6. Relé de Sub e Sobre frequência - ANSI 81 o/u ................................................45 2.4.7. Relé de Variação de Frequência – ROCOF (df/dt) ...........................................47 2.4.8. Relé de Salto de Vetor – ANSI 78 ....................................................................48 2.4.9. Relé Direcional de Potência Reativa – ANSI 32Q .............................................51 2.4.10. Relé de Fator de Potência Associado ao Relé de Subtensão – ANSI 55 ..........53 2.4.11. Técnica Remota: Teleproteção – ANSI 85 .......................................................54 2.4.12. Relé de Verificação de Sincronismo (ANSI 25).................................................54 2.4.13. Mudanças para a Proteção nas Subestações das Concessionárias .................55 2.5. Considerações Finais ...............................................................................................58 Capítulo 3 Metodologia .................................................................................................................60 3.1. Plataforma de Simulação – Modelagem no SimPowerSystems ................................60 3.1.1. Gerador Síncrono ............................................................................................60 3.1.2. Controle de Excitação - AVR............................................................................61 3.1.3. Controle de Velocidade ....................................................................................62 3.1.4. Transformador .................................................................................................62 3.1.5. Cargas Elétricas ..............................................................................................62 3.1.6. Linha de Distribuição .......................................................................................64 3.1.7. Relé de Salto de Vetor – ANSI 78 ....................................................................64 3.1.8. Relé Direcional de Potência Reativa – ANSI 32Q .............................................65 3.1.9. Relé de Sobre e Sub Frequência – ANSI 81 o/u...............................................66 3.1.10. Relé de Taxa de Variação de Frequência – ANSI 81 df/dt ................................67 3.2. Avaliação do Comportamento das Funções de Proteção por Meio de Estudos de Casos 67 3.3. Simulação ................................................................................................................68 Capítulo 4 Estudos de Casos ........................................................................................................69 4.1. Caso 1: Gerador de 2,25 MVA conectado em 13,8 kV ..............................................69 4.2. Caso 2: Gerador de 9,125 MVA conectado em 34,5 kV ............................................83 4.3. Caso 3: Gerador de 22,5 MVA conectado em 88 kV .................................................95 Capítulo 5 Conclusões e Proposta para Trabalhos Futuros .........................................................107 Referências Bibliográficas ...............................................................................................................112 Apêndice A.1 – Dados do Estudo de Caso 1 ...................................................................................117 Apêndice A.2 – Dados do Estudo de Caso 2 ...................................................................................119 Apêndice A.3 – Dados do Estudo de Caso 3 ...................................................................................121 Apêndice B – Publicações em Eventos Científicos durante o Mestrado ...........................................123 Apêndice C – Demais Produções ....................................................................................................124 17 Capítulo 1 Introdução A geração distribuída vem se tornando, cada vez mais, uma alternativa importante na utilização das fontes de energia renováveis que englobam hidráulica, solar, eólica, biomassa ou cogeração qualificada (ANEEL, 2014). Tal fato se fortalece devido à conscientização da preservação ambiental, do aumento contínuo da demanda, aos avanços tecnológicos e à reestruturação do setor de energia elétrica. No Brasil, a utilização das fontes de energia renováveis ganhou força devido às recentes crises climáticas, que provocaram uma grande diminuição dos níveis dos reservatórios de água das principais hidrelétricasdo país responsáveis por mais de 70% da energia gerada, associadas ao aumento de tarifa de energia elétrica fruto da maciça utilização das termelétricas. Outro fator que contribui com a disseminação da geração distribuída no Brasil é a Resolução Normativa número 482/2012 da ANEEL (2012), que estabeleceu as condições para o consumidor brasileiro poder gerar sua própria energia a partir das fontes distribuídas e inclusive fornecer o excedente para a rede de distribuição local, estabelecendo contratos de compensação de energia com a concessionária (ANEEL, 2012). A utilização da geração distribuída potencializa a redução de emissão de gases, principalmente o CO2, maior eficiência energética e diversificação das fontes de energia (Jenkins et al., 2000). Outros benefícios que justificam os estímulos à geração distribuída são a postergação de investimentos em expansão nos sistemas de distribuição e transmissão, a redução no carregamento das redes, a redução de perdas, a diversificação da matriz energética, a redução dos custos de implantação pois a geração pode ser localizada próxima às cargas reduzindo os custos de transmissão, além da maior facilidade de se encontrar locais para a instalação de pequenos geradores (Jenkins et al., 2000; ANEEL, 2014). Contudo, a utilização da geração distribuída não possui somente vantagens. Sua implantação provoca importantes modificações na rede elétrica convencional, sendo necessários estudos e análises mais elaborados para a manutenção da confiabilidade do fornecimento da energia elétrica e segurança operativa na presença de geradores distribuídos. Entre os problemas provocados na rede de distribuição devido à inclusão de geradores distribuídos, destacam-se o aumento dos níveis de curto-circuito da rede, perda da seletividade dos religadores e elos fusíveis da rede de distribuição, 18 possibilidade de formação de subsistemas ilhados, riscos para as equipes de manutenção devido a tensões transferidas, possibilidade de religamento fora de fase e interferência na qualidade de energia elétrica (Jenkins et al., 2000). Neste trabalho serão discutidos os problemas relacionados à proteção de redes de distribuição na presença de geradores distribuídos, mais especificamente, na investigação de alternativas de detecção de ilhamento através de funções de proteção locais e passivas para geradores síncronos, onde se pode pontuar as proteções de frequência, taxa de variação de frequência, salto de vetor e direcional de potência reativa. As análises serão realizadas por meio de levantamento de curvas de desempenho das funções de proteção anti-ilhamento que objetivam especificar o tempo necessário para a detecção de ilhamento em função da diferença entre as potências ativa gerada pela GD (PG) e consumida pela carga local (PC). Neste trabalho, será adotado o termo “desbalanço” para referir-se a esta diferença entre potências ativa que será calculada em pu por (PG - PC) / PG ou 100.(PG - PC) / PG em percentual. Esta dissertação apresenta um estudo sistemático por meio de estudos de casos reais de geração distribuída de diferentes tipos (hidrelétrica, biomassa e termelétrica a vapor) e conectadas em diferentes níveis de tensão de distribuição ou subtransmissão (13,8 kV, 34,5 kV e 88 kV) onde se buscou a garantia da detecção de ilhamento com a aplicação das proteções locais e passivas que possuem um menor custo de implantação se comparada com as técnicas remotas com o uso de telecomunicações. O objetivo do trabalho é avaliar as funções de proteção locais e passivas diante da obrigatoriedade da detecção do ilhamento, determinando as limitações de cada função para cada estudo de caso e a sugestão de funções de proteção para se detectar a formação de subsistemas ilhados, tal como a proteção direcional de potência reativa. A proposta de estudos de casos reais proporcionará uma maior abrangência dos resultados e uma maior proximidade da realidade tornando uma comparação entre os desempenhos das funções de detecção de ilhamento mais confiável. O tipo de carga e seu fator de potência também são variáveis importantes que serão discutidas neste trabalho com o objetivo de se analisar seus impactos no desempenho das funções de proteção. Mesmo quando não houver a garantia da 19 detecção de ilhamentos por meio das técnicas locais e passivas, ainda há outras alternativas para que se possa viabilizar a conexão da GD de forma confiável. Esta dissertação de mestrado está organizada da seguinte maneira: Capítulo 2: A Presença da GD em Sistemas de Distribuição: Normatização, Impactos e Proteção. Esse capítulo apresenta os requisitos de conexão de algumas concessionárias de energia no que tange ao sistema de proteção e detecção de ilhamento, além de recomendações de normas técnicas de concessionárias de energia elétrica brasileiras e IEEE 1547. Os impactos que a presença de GD no sistema de distribuição provocam são discutidos e contextualizados com as exigências das concessionárias de energia. Diversas técnicas de detecção de ilhamento são apresentadas nesse capítulo, com as funções de proteção aplicáveis na detecção de ilhamento, sua eficácia e restrições que devem ser analisadas quando do estudo de proteção de uma GD. Com objetivo de diminuir as limitações das funções de proteção na detecção de ilhamento, associações de duas ou mais funções são sugeridas. Capítulo 3: Metodologia. Neste capítulo é apresentada a plataforma de simulação utilizada no desenvolvimento deste trabalho, bem como os modelos dos equipamentos de um sistema de distribuição, tais como, geradores síncronos, controladores de excitação, transformadores de potência, cargas estáticas e relés de proteção. Estes modelos são utilizados nas simulações do capítulo 4. A maneira que as simulações foram realizadas é apresentada nesse capítulo. Capítulo 4: Estudos de Caso. Esse capítulo apresenta uma série de simulações de três casos reais de sistemas de distribuição na presença de GD quanto ao comportamento das funções de proteção, sua eficácia e limitações na detecção do ilhamento. Através da associação de várias funções de proteção, a garantia na detecção do ilhamento é almejada para todos os casos estudados, que podem ser ampliados para uma generalização da aplicação do conjunto de funções. Optou-se pela diversificação de casos de GD, alternando tipo de geração (hidrelétrica, biomassa e termelétrica a vapor) e níveis de tensão de conexão (13,8 kV, 34,5 kV e 88 kV). 20 Capítulo 5: Considerações Finais e Conclusões. Nesse capítulo, os resultados são discutidos e são apresentadas as conclusões e as principais contribuições deste trabalho de mestrado. Também são feitas algumas sugestões para o desenvolvimento de trabalhos futuros para o complemento das ideias iniciadas nesta dissertação. 21 Capítulo 2 A Presença da GD em Sistemas de Distribuição: Normatização, Impactos, Proteção e Detecção de Ilhamento 2.1. Introdução Neste capítulo apresenta-se uma revisão bibliográfica relacionada a geração distribuída em seus vários aspectos, incluindo a regulamentação por meio das resoluções da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), normatização do acesso ao sistema de distribuição das concessionárias CELG, CEMIG e COPEL. A presença de GD provoca uma série de modificações no sistema acessado por ela, o que, inevitavelmente, trará impactos ao sistema elétrico. Estas perturbações serão discutidas neste capítulo, bem como, as diversas técnicas de detecção de ilhamento existentes e o desempenho das funções de proteção. 2.2. Regulamentação e Normas Devido aoaumento da necessidade de se desenvolver e diversificar as fontes renováveis de energia e a preservação do meio ambiente, a geração distribuída tornou-se área de estudo de grande interesse em todo o mundo. No Brasil não está sendo diferente. A consequência natural de desenvolvimento e utilização de um sistema elétrico com vários agentes é a sua normatização, onde regras e padrões são criados para que o convívio entre as diversas fontes de geração e consumo seja harmonioso e o fornecimento de energia tenha sempre um grau de confiabilidade adequado. No Brasil, o sistema de distribuição de energia elétrica é regulamentado pelo PRODIST (Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional), criado em 2008 pela ANEEL com o objetivo de estabelecer as condições de acesso de unidades consumidoras ou geradoras ao sistema de distribuição. Em linhas gerais, o tema proteção para conexão de centrais geradoras também é abordado pelo PRODIST Módulo 3 (ANEEL, 2012). Ainda em caráter regulatório, a ANEEL publicou a Resolução 482 de 2012, onde se estabeleceu as condições gerais 22 para o acesso de micro e minigeração distribuída aos sistemas de distribuição de energia elétrica, através de um sistema de compensação de energia elétrica (ANEEL, 2012). Em consequência da regulamentação estabelecida pela ANEEL, as concessionárias de energia elétrica no Brasil foram obrigadas a elaborar normas para o acesso de GD aos seus sistemas. Dentre as diversas concessionárias brasileiras, foram observadas a CELG (CELG, 2012), CEMIG (CEMIG, 2012 e 2013) e COPEL (COPEL, 2013) para uma breve análise do que é exigido em termos de proteção para o acesso de GD. Como referência normativa técnica internacional foi tomada a IEEE Std 1547 (2008). Segundo o Módulo 3 do PRODIST (ANEEL, 2012), as proteções mínimas para o acesso de GD devem seguir a Tabela 2.1. Dependendo de especificidades do sistema, a concessionária local pode exigir outras funções de proteção mediante justificativas técnicas. Para centrais geradoras com capacidade acima de 10 MW, devem ser previstas as funções de proteção de sub e sobretensão ajustadas em comum acordo com a concessionária acessada, objetivando o mínimo impacto sobre o sistema existente. Quanto às perturbações externas, tais como variação de tensão Tabela 2.1: Requisitos mínimos de proteção em função da potência instalada previstos pelo Módulo 3 do PRODIST Equipamento Potência Instalada Até 100 kW 101 kW a 500 kW >500 kW Elemento de desconexão Sim Sim Sim Elemento de interrupção Sim Sim Sim Transformador de acoplamento Não Sim Sim Proteção de sub e sobretensão Sim Sim Sim Proteção de sub e sobrefrequência Sim Sim Sim Proteção contra desequilíbrio de corrente Não Não Sim Proteção contra desbalanço de tensão Não Não Sim Sobrecorrente direcional Não Não Sim Sobrecorrente com restrição de tensão Não Não Sim Relé de sincronismo Sim Sim Sim Anti-Ilhamento Sim Sim Sim Estudo de curto-circuito Não Sim Sim Medição Bidirecional 4 Quadrantes 4 Quadrantes Ensaios Sim Sim Sim Fonte: (ANEEL, 2012) 23 ou frequência decorrentes de rejeição de carga, por exemplo, a proteção da GD deve permanecer em operação sem atuação de proteção, sendo necessário para isso a realização de testes e ensaios específicos. Quando for permitida a operação ilhada da GD para centrais com capacidade acima de 300 kW, estudos de qualidade de energia elétrica devem ser realizados a fim de se determinar a possibilidade deste tipo de operação associada a micro rede estabelecida no ilhamento (ANEEL, 2012). Porém, apesar de abordado o assunto da permissão de operação ilhada de uma GD, raros são os casos em que é observado a operação ilhada. Quando a operação ilhada não for permitida, a abertura do disjuntor da GD deve ser realizada de forma automática, através das técnicas de detecção de ilhamento e ajustadas conforme características da GD e do sistema local (Jenkins et al., 2000; Luiz, 2012; ANEEL, 2012; COPEL, 2013; CEMIG, 2012; CEMIG, 2013). A norma NTC-71 da CELG (2012) exige as funções de proteção previstas pela IEEE 1547 (2008), com algumas ressalvas, tanto para conexão em baixa tensão quanto para conexão em média tensão. As funções de sobrecorrente (ANSI 50/51 e 50N/51N) são destinadas à proteção contra curtos-circuitos e sobrecargas, enquanto que as funções de frequência (ANSI 81o/u), tensão (27, 59) e salto de vetor (ANSI 78) têm a finalidade principal de detectar ilhamentos. Para o controle e intertravamento de manobras de dispositivos de secionamento em sistemas com mais de uma fonte é importante a presença do relé de verificação de sincronismo (ANSI 25). A Figura 2.1 Figura 2.1: Diagrama unifilar de proteção para conexão de Gerador Síncrono ao sistema de BT da CELG Gerador Síncrono 3xTC 3xTP 81u 81o 27 50/ 51 50/ 51N 1xTP 59 25 Painel de Proteção 78 Rede de Distribuição Fonte: (CELG, 2012) 24 apresenta o diagrama unifilar de proteção simplificado para a conexão de um gerador síncrono ao sistema CELG de baixa tensão. A conexão em média tensão é apresentada na Figura 2.2. Figura 2.2: Diagrama unifilar de proteção para conexão de gerador síncrono em MT na CELG Gerador Síncrono 3xTC 3xTP 81u 81o 27 1xTP 59 25 Painel de Proteção 78 50/ 51N 50/ 51 Rede de Distribuição Fonte: (CELG, 2012) Na Figura 2.2 observa-se que a conexão do transformador no lado de média tensão possui conexão do tipo delta. Para este tipo de conexão, não haverá proteção por parte da GD para faltas à terra no sistema de distribuição, pois a ligação delta do transformador não permite passagem da corrente de sequência zero para o sistema. Logo, a proteção 50/51N não terá eficácia para faltas à terra no sistema de distribuição da concessionária de energia elétrica. O mesmo pode ser observado na Figura 2.3, relativa à norma da CEMIG (2012 e 2013). Já na norma da COPEL (2013), está prevista a proteção de sobretensão residual (ANSI 59N) para o caso de conexão em média tensão onde o transformador da GD possui ligação delta, conforme Figura 2.4. Do ponto de vista de detecção de ilhamento, a norma CEMIG (2012 e 2013) apresenta exigências menores quando comparadas à outras normas, visto que somente as funções de frequência (ANSI 81o/u) e tensão (27, 59) são previstas na norma da concessionária. Já para conexão no sistema de distribuição da CELG (2012), há a inclusão da proteção de Salto de Vetor (ANSI 78), que é uma função 25 dedicada a detecção do ilhamento e com resultados importantes (Freitas, Huang e Xu, 2005; Freitas e Xu, 2004). Enquanto que para a COPEL (2013), as funções indicadas Figura 2.3: Diagrama unifilar de proteção para conexão de gerador síncrono em MT na CEMIG Gerador Síncrono 3xTC 3xTP 81u 81o 27 1xTP 59 25 Painel de Proteção 50/ 51 50/ 51N Rede de Distribuição Fonte: (CEMIG, 2013) Figura 2.4: Diagrama unifilar de proteção para conexão de gerador síncrono em MT na COPEL Gerador Síncrono 3xTC 3xTP 81u 81o 27 1xTP 59 25 Painel de Proteção 78 3xTP 59N 81 dfdt 37 46 Trafo de Potência Rede de Distribuição 50/ 51 50/ 51N Fonte: (COPEL, 2013) 26 pelas principais referências bibliográficas (IEEE 1547, 2008; Benhrendt,2002; Freitas, Huang e Xu, 2005; Vieira et al., 2006; Afonso et al., 2005; Vieira, 2006; Freitas e Xu, 2004) são todas exigidas. Desta forma, é conclusivo dizer que a norma da COPEL (2013) é mais completa dentre as três concessionárias analisadas, podendo servir de referênciapara melhorias futuras nas normas da CELG (2012) e CEMIG (2012 e 2013). Embora seja a norma de referência amplamente utilizada em todo o mundo, a IEEE 1547 (2008) preconiza uma menor exigência que a norma da COPEL (2013), visto que somente nesta última a proteção de salto de vetor (ANSI 78) é exigida. Tabela 2.2: Funções exigidas pela ANEEL (Módulo 3 - PRODIST), IEEE (IEEE Std 1547), CEMIG, CELG e COPEL Funções de proteção exigidas Normas Módulo 3 PRODIST IEEE 1547 CEMIG CELG COPEL Subtensão (27) x x x x x Sobretensão (59) x x x x x Sobretensão de neutro (59N) x x x Frequência (81 o/u) x x x x x Salto de Vetor (78) x x ROCOF (df/dt) x Sobrecorrente direcional (67) x x x * x * Sobrecorrente direcional de neutro (67N) x x x * x * Sobrecorrente (50/51) x x x x * Sobrecorrente com restrição de tensão (51V) x x x * Sincronismo (25) x x x x Direcional potência reativa (32Q) Direcional potência ativa (32P) x x * Desbalanço de corrente de seq. negativa (46+37) x x x * * Exigidas somente para conexão em média tensão Estas normas ainda citam ajustes para as funções de proteção, para servir de referência, como pode ser observado na Tabela 2.3, porém, alguns destes ajustes podem não satisfazer a condição de isolar a GD antes do primeiro ciclo de religamento do alimentador acessado, sob pena de provocar danos aos geradores, transitórios de tensão e sobrecorrentes (Willinston e Finney, 2011). Como os ajustes da função de religamento automático não são padronizados entre as concessionárias, é possível afirmar que não se deve seguir ajustes típicos ou de referência e sim realizar simulações e definir caso a caso o melhor ajuste. 27 Tabela 2.3: Recomendações de ajustes das proteções das concessionárias CELG, CEMIG e COPEL Ajustes das Funções de Proteção Código ANSI Descrição dos Relés CELG CEMIG COPEL Ajuste Tempo Ajuste Tempo Ajuste Tempo 27 Subtensão 0,80 pu 5 s 0,80 pu 5 s 0,70 pu 2 s 59 Sobretensão 1,10 pu 5 s 1,10 pu 5 s 1,10 pu 10 s 50 Sobrecorrente instantâneo Conforme Seletividade 51 Sobrecorrente temporizado 81 o Sobrefrequência 60,5 Hz 5 s 60,5 Hz 5 s 62/66 Hz 30 s/Inst. 81 u Subfrequência 59,5 Hz 5 s 59,5 Hz 5 s 58,5/56,5 Hz 10 s/Inst. Fonte: Adaptado de (CELG, 2012); (COPEL, 2013); (CEMIG, 2012); (CEMIG, 2013) 2.3. Impactos da Geração Distribuída nos Sistemas de Distribuição A geração distribuída (GD), definida como sendo a conexão de geradores na rede de distribuição de energia elétrica e, geralmente, próximos aos centros de carga, já é uma realidade no cenário energético brasileiro e mundial. A presença das fontes distribuídas nos alimentadores tem implicado no aumento da complexidade de sistemas de distribuição, principalmente no âmbito da proteção de sistemas elétricos. O sistema de distribuição de energia elétrica no Brasil foi concebido para operar numa configuração onde o fluxo de corrente e potência é unidirecional, ou seja, em um alimentador de distribuição somente haverá fonte de energia do lado da concessionária, com o fluxo de corrente e potência somente no sentido da subestação de distribuição para as cargas. Com a inserção de GD, a configuração unidirecional deixa de existir e o sistema passa a ser alimentado não só pela concessionária, mas, também, pelos geradores distribuídos (Mota et al., 2014). Durante curtos-circuitos, os geradores distribuídos também poderão contribuir para a falta, elevando os níveis de corrente de falta (Jenkins et al., 2000). 2.3.1. Alteração dos níveis de curto-circuito Muitas unidades de geração distribuída são compostas por geradores síncronos que contribuem com corrente de curto-circuito. Consequentemente, a rede acessada por estes geradores terá seu nível de curto-circuito elevado. Tal situação pode representar para os equipamentos instalados uma superação de sua capacidade de curto-circuito, o que implica na necessidade de substituição por equipamentos que sejam compatíveis com os novos níveis de curto-circuito ou a inserção de limitadores 28 de corrente de curto-circuito. A substituição de equipamentos de distribuição com maior capacidade de curto-circuito representará custos muito elevados, podendo inviabilizar os empreendimentos de geração distribuída. Contudo, a contribuição dos geradores pode ser reduzida através da instalação de reatores ou transformadores entre a GD e a rede de distribuição, porém, além do aumento dos custos de implantação, haverá um aumento das perdas no sistema (Jenkins et al., 2000). Por outro lado, após a formação de uma ilha energizada, os níveis de curto- circuito da mesma serão reduzidos consideravelmente, pois a concessionária de energia deixará de contribuir para o defeito. Isso provocará, inevitavelmente, perda de seletividade entre as proteções remanescentes no circuito ilhado, onde os dispositivos de proteção tenderão a ter tempos de atuação mais elevados devido à redução da corrente de curto-circuito (Vieira, 2006). 2.3.2. Sistemas de Proteção A presença de GD provoca uma série de mudanças no sistema de proteção das redes de distribuição. Devido à contribuição para a corrente de curto-circuito por parte dos geradores da GD há uma redução da sensibilidade na detecção de falta e na velocidade de operação das proteções do alimentador quando conexões são realizadas por meio de uma derivação em um ponto qualquer do alimentador, também conhecidas como TAP, são efetuadas, principalmente quando se utiliza a proteção de distância, onde este efeito, definido como “infeed” (Ziegler, 2011), pode ainda provocar subalcances. Apesar de não ser comum em distribuição, é de conhecimento do autor deste trabalho a utilização da proteção de distância para a conexão de GD, como é o caso da PCH Ilha da Luz, conectada em 13,8 kV no sistema Escelsa, atualmente, EDP Energia na cidade de Cachoeiro do Itapemirim, estado do Espírito Santo. O aumento dos níveis de curto-circuito do alimentador de distribuição acessado por GD impactará na coordenação e seletividade entre as proteções pré-existentes. Por exemplo, um alimentador radial cuja proteção é feita por um religador (AL1) na saída da subestação e elos fusíveis em derivações é ilustrado na Figura 2.5. Ocorrendo um curto-circuito no ponto indicado, a corrente que passará pelos elos fusíveis será acrescida da contribuição do GD (IS+IGD), o que implicará em diminuição dos tempos de atuação e, provavelmente, na perda da coordenação e seletividade do circuito de distribuição. 29 Um esquema de coordenação muito utilizado no Brasil em distribuição de energia entre os religadores e elos fusíveis consiste em ajustar o religador para atuar instantaneamente no primeiro ciclo de religamento, mais rápido que os elos fusíveis, enquanto nos demais ciclos a atuação será mais lenta. Após a atuação do primeiro ciclo e decorrido o primeiro tempo morto, geralmente 0,5 s, religa-se o alimentador. Caso a falta seja transitória, o religamento terá sucesso. Já no caso da falta ser permanente, o religador atuará mais lentamente que o elo fusível, que isolará o defeito mantendo as demais cargas alimentadas, desenergizando uma pequena parte do circuito que está defeituoso, ao invés de interromper todo o alimentador. Figura 2.5: Aumento da corrente de curto-circuito devido a presença de GD AL1 GD 52-GD ALx Carga 1 Carga 2 Elo Elo IS IS+IGD IS+IGD IGD Subestação IS Fonte: Próprio autor Com a contribuição de corrente do GD, o elo fusível do circuito mais próximo da carga poderá atuar mais rápido que o religador isolando permanentemente o trecho do circuito protegido por ele, atéque a equipe de manutenção chegue ao local para substituir o elo fusível. Acontece que a falta poderia ser transitória, o que quer dizer que poderia ser auto extinguida durante o tempo morto do primeiro ciclo de religamento. Com a ruptura do elo fusível devido ao aumento de corrente, o trecho protegido terá um tempo de interrupção maior, prejudicando os consumidores e os índices de qualidade de energia da concessionária. Conforme ilustrado na Figura 2.6, dependendo da contribuição de curto-circuito da GD, seu impacto pode ser tão significativo que poderá provocar até a atuação do religador AL1 para defeitos em alimentadores adjacentes, tais como os religadores ALx. Ainda, o próprio alimentador adjacente ALx, devido ao aumento do nível de curto- circuito (IS+IGD), poderá perder sua coordenação com os elos fusíveis a jusante. 30 Figura 2.6: Perda de Coordenação e Seletividade na Distribuição devido a presença de GD - Alimentadores Subestação AL1 GD 52-GD ALx Carga 1 Carga 2 Elo EloIGD IS+IGD IGDIS Fonte: Próprio autor 2.3.3. Tipo de Aterramento da Fonte O tipo de aterramento da conexão da GD pode representar mais uma importante influência no comportamento do sistema ilhado a ser formado. Na maioria das vezes, as unidades de GD geram energia em níveis de tensão diferentes dos níveis nominais do sistema de distribuição, logo, necessitam de um transformador elevador. O tipo de conexão deste transformador (estrela isolada, estrela-aterrada ou delta) afeta diretamente o comportamento do sistema de distribuição que poderá ser formado no caso de um ilhamento. O intuito é garantir que uma unidade de GD possa operar com segurança em paralelo com a rede ou isolada, através de um ilhamento, mesmo que durante poucos milissegundos. Os sistemas não-aterrados (estrela isolada ou delta) são uma escolha muito utilizada em sistemas de distribuição para os transformadores de cargas e GD, pois a contribuição de corrente de sequência zero (3I0) da GD para faltas a terra no sistema de distribuição é eliminada devido à conexão delta (CELG, 2012; CEMIG, 2012 e CEMIG, 2013). Mas esta escolha para a GD pode não ser a mais adequada se existir a possibilidade de operação ilhada de forma permanente. Uma falta fase-terra em um sistema não-aterrado pode não ser percebida pelos relés de proteção de sobrecorrente e permanecer em falta durante um período de tempo, o que pode provocar a falha no isolamento das fases sãs e, consequentemente, provocar uma falta entre fases que pode vir a ter maiores proporções. Ainda, há a possibilidade de um transitório de tensão em níveis 31 destrutivos durante o chaveamento fase-terra de um circuito com falta fase-terra (IEEE 1547, 2008). Nas condições atuais do sistema de distribuição de energia elétrica no Brasil, onde não é permitida a operação ilhada da GD (ANEEL, 2015; CELG, 2012; CEMIG, 2012; CEMIG, 2013; COPEL 2013), os problemas de sobretensão poderão ser mitigados restringindo-se a operação de GD ilhada a um curto intervalo de tempo, que conforme IEEE 1547 (2008), deverá ser inferior a 2 segundos quando o ilhamento for intencional (abertura intencional do disjuntor da concessionária) ou inferior ao tempo morto do primeiro ciclo de religamento, que varia entre 0,24 a 15 segundos (Luiz, 2012) quando o ilhamento for não-intencional (abertura do disjuntor da concessionária pela atuação de proteção). A proteção da GD com conexão não-aterrada deverá utilizar esquemas baseados em tensão de deslocamento de neutro, pois não haverá contribuição de corrente de sequência zero, característica de falta para a terra. Este tipo de proteção (ANSI 59N) utiliza transformadores de potencial (TP) conectados no circuito primário para detectar sobretensões fase-terra e de sequência zero (Behnrendt, 2002). Os sistemas aterrados (conexão estrela aterrada) possuem uma série de vantagens, tais como: Segurança de pessoas e equipamentos que serão expostos a sobretensões inferiores àquelas dos sistemas não-aterrados; Aumento da confiabilidade no fornecimento de energia, já que entre 70% e 95% das faltas em sistemas de distribuição são do tipo monofásicas e transitórias que serão restabelecidas pelo esquema de religamento automático (IEEE 1547, 2008); Localização de faltas no alimentador será facilitada (IEEE 1547, 2008). Com a conexão do transformador aterrado (AT estrela aterrada e BT delta), mesmo com um ilhamento, quando o disjuntor do alimentador da concessionária é aberto (por qualquer razão), o sistema de distribuição permanecerá com referência de terra. Em sistemas onde houver o interesse da operação ilhada de uma GD, a conexão aterrada é a mais indicada. Por outro lado, a GD com conexão possui algumas desvantagens, pois contribui com um aumento dos níveis de curto-circuito para a terra do alimentador existente, 32 dificulta a coordenação e a seletividade entre as proteções do alimentador e os circuitos seccionadores com elos fusíveis e religadores intermediários e reduz o alcance e a sensibilidade dos relés nos barramentos da concessionária, efeito chamado de infeed (IEEE 1547, 2008; Ziegler, 2011). 2.3.4. Estabilidade Transitória Para geração distribuída, cujo objetivo é gerar kWh por meio de novas fontes de energia renovável, considerações a respeito de estabilidade transitória tendem a não ter grande importância. Se ocorrer uma falta em algum ponto da rede de distribuição, a proteção do alimentador isola a concessionária e a GD tende a uma sobrevelocidade (aceleração da máquina e sobrefrequência) e um TRIP pode ser inevitável. Tudo que se perde é um pequeno período de geração da GD, definido pelo tempo de restabelecimento de energia por parte da concessionária local (Jenkins at al., 2000). Na maioria dos casos, nas instalações de GD também existem cargas. Dependendo da criticidade do processo que estas cargas estão inseridas, por exemplo um sistema de vapor e caldeira, mais cuidado é necessário para tentar assegurar que o gerador não dispare para faltas externas, em redes remotas. Porém, como a inércia de geradores síncronos distribuídos é normalmente baixa (Jenkins at al., 2000), pode não ser possível garantir a estabilidade para todas as faltas na rede de distribuição, mesmo para os casos de cargas próprias da GD de alta criticidade onde se almeje a manutenção do gerador em operação para suprimento das cargas internas após a abertura de seu disjuntor. Um incômodo para a estabilidade é o TRIP de relés ROCOF (Rate of Change of Frequency), que são ajustados sensivelmente para detectar ilhamentos, mas, em um evento de maior perturbação, como a perda de uma fonte importante do sistema a montante, pode ter uma falsa operação. O efeito disso é a piora da frequência do sistema que já havia sido impactada pela própria perturbação (Jenkins et al., 2000). 2.3.5. Operação e Despacho Para a operação do sistema de distribuição, a presença de GD traz importantes consequências, pois o alimentador poderá estar energizado por diversos pontos. Isso implica em políticas mais cuidadosas de isolação e aterramento antes do trabalho ser 33 realizado por equipes de manutenção. Também, torna-se mais difícil obter interrupções para manutenções planejadas e, assim, reduz-se a flexibilidade para trabalho na rede com GD conectada (Jenkins et al., 2000). A GD pode vir a operar ilhada da fonte principal e alimentar as cargas locais do circuito acessado por ela. Se esta operação for permitida pela concessionária acessada, a GD deve garantir que a tensão e a frequência fornecidas aos consumidores permaneçam dentro dos limites regulamentados(Katiraei, Abbey, 2007). Caso não seja permitida a operação ilhada, a GD deve ser desconectada do sistema. Neste contexto, o sistema de proteção deve estar bem ajustado e definido para distinguir, dentro dos limites de tempo pré-estabelecidos, as perturbações do sistema (rejeição de carga, por exemplo) de curtos-circuitos, diferenciar e detectar se a operação da GD está sincronizada com a rede ou se está ilhada. Com o aumento da penetração de GD, o despacho de carga do sistema elétrico como um todo será impactado pois a carga demandada pelo sistema será aparentemente menor devido às gerações locais, o que influenciará nas solicitações aos agentes de geração do sistema. 2.3.6. Religamento fora de fase Uma grande preocupação com a presença de GD é o religamento da rede da concessionária de energia fora de fase com o subsistema ilhado alimentado pela GD. Problemas em todos os níveis do sistema de distribuição podem ser gerados, tanto na própria rede de distribuição quanto nos geradores e demais cargas conectadas no mesmo sistema. Esta preocupação é destacada em Willinston e Finney (2011), onde os efeitos do religamento fora de fase são investigados. Considerando uma GD conectada a um alimentador de distribuição, como na Figura 2.7, a diferença de potencial entre o subsistema ilhado e a rede da concessionária que irá surgir após um religamento fora de fase pode ser calculado por (2.1), discutida em Willinston e Finney (2011), onde VBKR é a diferença de potencial entre as fontes, VEPS é a tensão do sistema, VDG é a tensão do gerador distribuído e δ é a defasagem entre as fontes. Traçando um gráfico da tensão entre os sistemas em função da defasagem entre as duas fontes, observa-se que pode-se atingir até 2 pu de diferença de potencial, quando a defasagem entre os sistemas chegar ao valor máximo de 180°, conforme mostra a Figura 2.8 (Willinston e Finney, 2011). 34 Vୖ = ඥ(|Vୗ|ଶ + |Vୈୋ|ଶ − 2 .√Vୗ . |Vୈୋ| . cos δ) (2.1) Figura 2.7: Alimentador com a presença de GD XEPS Carga Xalimentador XDGTX XDG IINRUSH PL, QL PDG Religador Subestação+ VEPS - + VDG - Fonte: Adaptado de Willinston e Finney (2011) Como exemplo numérico da diferença de potencial pré-religamento após um ilhamento que surge entre a GD e a rede da concessionária, adotando a recomendação da IEEE 1547 (2008) para atuação da proteção de subfrequência com um ajuste de 59,3 Hz em 160 ms, um alimentador com tempo morto do primeiro ciclo de religamento de 500 ms, a defasagem angular entre a GD e a rede da concessionária alcança 40,3° após um ilhamento o que, de acordo com (2.1) e a Figura 2.8, representa 0,68 pu de diferença de potencial entre as fontes (Willinston e Finney, 2011). Figura 2.8: Diferença de potencial entre a rede da concessionária e a GD em um pré-religamento Fonte: Próprio autor 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4 1,6 1,8 2 0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360 |V BK R| (p u) δ (°) 0,68 pu 40,3° 35 O efeito da diferença de potencial entre as fontes em um religamento fora de fase é o surgimento de sobrecorrente comparáveis aos níveis de curto-circuito. Em Vieira (2006) é apresentado um exemplo de um gerador de 30 MVA sendo religado com a concessionária fora de fase onde foram observadas sobrecorrentes próximas de 12 pu, provocadas pela diferença de potencial, que podem causar danos físicos aos equipamentos envolvidos e ainda provocar atuações de proteções, como pode ser observado na Figura 2.9. Figura 2.9: Forma de onda da corrente do gerador após um religamento fora de fase Fonte: (Vieira, 2006) Os equipamentos existentes em um sistema, tais como transformadores, disjuntores e religadores, geradores distribuídos e cargas, são submetidos a riscos de danos decorrentes do inrush, provocado pelo religamento fora de fase que provoca esforços eletromecânicos de deslocamento de condutores, desgastes na isolação, esforços torcionais e sobrecorrentes. Estes efeitos são cumulativos e reduzem a vida útil dos equipamentos. Em geradores, é recomendado um desvio máximo de fase de ±10° para que o transitório provocado pelo religamento fora de fase não possa causar danos de acoplamento ou falha de isolação (Willinston e Finney, 2011). Conforme apresentado em Willinston e Finney (2011), o torque transitório pode chegar de 2 a 3 pu em um religamento fora de fase. Este torque impõe estresse mecânico tanto no gerador quanto na máquina primária, onde o valor máximo 36 acontece para uma defasagem de 120°, enquanto que para 180° ocorre a máxima corrente de inrush (Willinston e Finney, 2011). Em Vieira (2006), os esforços torcionais alcançaram valores superiores a 5 pu, conforme Figura 2.10, o que confirma que o religamento fora de fase é extremamente danoso ao gerador podendo levar à ruptura do eixo mecânico da máquina. Figura 2.10: Conjugado eletromagnético no gerador após um religamento fora de fase Fonte: (Vieira, 2006) Os efeitos do religamento fora de fase para cargas dependem do tipo de carga. Para cargas passivas, tais como aquecimento e iluminação, a corrente de inrush não produz nenhum efeito. Já para o caso de motores, que permanece em sincronismo com o subsistema ilhado formado pela GD, no instante do religamento fora de fase, um torque transitório proporcional a defasagem entre as fontes surge no eixo dos motores, que pode danificá-los. Em Willinston e Finney (2011) são apresentados os limites dos esforços torcionais em motores. Para as cargas, os motores certamente sofrerão esforços torcionais que podem provocar problemas tanto no equipamento quanto aos processos em que estão submetidos (Willinston e Finney, 2011). 2.4. Detecção de Ilhamento e os Relés de Proteção Uma vez conectada ao sistema de distribuição, a geração distribuída precisa garantir os requisitos mínimos de proteção exigidos pelo Módulo 3 do PRODIST, IEEE 1547 e pelas normas técnicas da concessionária, de forma a não prejudicar a 37 qualidade e a confiabilidade no fornecimento de energia. Para tanto, as funções de proteção devem ser aplicadas corretamente de maneira a se atingir uma confiabilidade operativa adequada, não trazendo prejuízos ao sistema e aos consumidores pré-existentes. A inserção de GD no sistema de distribuição tradicional (radial) introduz alterações na corrente de falta que irá requerer mudanças na filosofia das funções de proteção do sistema pré-existente, tais como (Tholomier, Yip e Lloyd, 2009): Proteção do sistema contra impactos da GD quando faltas ocorrerem no alimentador de distribuição; Coordenação e seletividade dos elos fusíveis com os religadores, considerando o aumento dos níveis de curto-circuito provocado pela contribuição da GD; Proteção do gerador da GD contra faltas no sistema e do religamento automático do alimentador sem verificação de sincronismo; Proteção do transformador de interconexão da GD quando faltas ocorrerem em seu secundário. Espera-se que a proteção da GD seja capaz de proteger seus equipamentos contra qualquer tipo de distúrbio, tais como sobrecarga e curtos-circuitos, e que seja seletiva com o sistema de proteção dos alimentadores e elos fusíveis locais. Além disso, a proteção deve ser capaz de detectar a condição de ilhamento operando antes que se inicie a primeira tentativa de religamento do alimentador acessado e que desconecte a GD do sistema no caso de faltas internas. Em um ilhamento é importante que a GD seja rapidamente desconectada da rede para se garantir a desenergização do alimentadorpara a segurança dos eletricistas de manutenção/operação, para a prevenção de suprimento de energia com baixa qualidade de energia elétrica, prevenção de religamento do alimentador sob condições de falta de sincronismo podendo levar o gerador a danos devido a diferença de potencial e/ou esforços torcionais. Existem várias técnicas para detecção de ilhamento, definidas como remotas ou locais. As técnicas de detecção de ilhamento remotas utilizam sistemas de comunicação entre a subestação alimentadora da concessionária e o gerador distribuído. Esta técnica apresenta elevada eficácia, porém, os custos de implantação podem inviabilizar o empreendimento de geração distribuída de baixa potência de 38 geração (Vieira, 2006). Em IEEE Std 1547 (2008) é sugerido um esquema de proteção anti-ilhamento baseado em técnicas remotas, para os casos onde a carga mínima do alimentador for menor que duas (2) vezes a potência da GD, em alguns casos, até um terço desta potência. São exemplos de técnicas remotas as tecnológicas SCADA (Supervisory Control and Data Acquisition), PLCC (Power Line Carrier Communication) e redes de comunicação entre os dispositivos. As técnicas de detecção de ilhamento locais utilizam medidas de tensão e corrente no ponto de interconexão do gerador distribuído. Estas técnicas são divididas em técnicas passivas e ativas. Vieira (2006) afirma que as técnicas passivas mais difundidas são baseadas nas medições de frequência e tensão, em que, se houver grandes variações nestas grandezas, um ilhamento pode ter ocorrido. A aplicação de técnicas passivas é bastante atrativa, de uma maneira geral, visto que requerem baixo investimento e são de fácil instalação. Como desvantagem, seu desempenho é prejudicado quando houver pequenas diferenças entre a geração e a carga da ilha. As técnicas ativas utilizam de injeção de sinais na rede elétrica que provocam pequenos distúrbios no sistema elétrico, cujo comportamento se diferenciará quando a operação estiver interligada e sincronizada com a concessionária de quando houver um ilhamento. Neste trabalho serão discutidas as várias formas de detecção de ilhamento pelas técnicas locais passivas, destacando-se as funções baseadas nas medições de tensão, frequência e potência reativa exportada pelo gerador distribuído. Os estudos aqui desenvolvidos visam analisar a eficácia de cada uma destas proteções no aspecto da detecção de ilhamento dentro de limites pré-estabelecidos junto a concessionária de energia acessada. A combinação de várias funções de proteção na mesma unidade GD é um dos objetivos deste trabalho, que visa o complemento da eficácia de várias funções e na análise dos melhores ajustes, destacando-se que não se objetiva desenvolver novos métodos de detecção de ilhamento, mas sim, analisar a eficácia e a segurança que as técnicas disponíveis podem trazer para o empreendimento. Entre as funções existentes, serão analisadas a proteção de sub e sobrefrequência (ANSI 81), taxa de variação de frequência (df/dt ou ROCOF), salto de vetor (ANSI 78), direcional de potência reativa (ANSI 32Q). Estas funções de proteção devem garantir a detecção de ilhamento, independente das condições do 39 sistema quanto ao aterramento, contribuição de curto-circuito, capacidade de geração e nível de desbalanço de potência entre a geração e a carga ilhada. Quando não for possível garantir a detecção de ilhamento por meio de técnicas locais passivas, deve- se sugerir a aplicação de técnicas remotas e ou técnicas ativas. 2.4.1. Relé de Sobrecorrente - ANSI 50/51 A função de sobrecorrente é aplicada na GD para a proteção contra sobrecarga e curto-circuito dentro e fora da GD (Tholomier, Yip e Lloyd, 2009; IEEE 1547, 2008). Os relés de sobrecorrente operam quando o valor da corrente ultrapassa um valor pré-fixado ou ajustado, podendo atuar de forma instantânea ou temporizada. Os elementos temporizados possuem característica de acordo com curvas tempo versus corrente obtidas por (2.2). t = α ൬ II୮൰ஒ − 1 . DT (2.2) Sendo: t o tempo de operação do relé; α e β as constantes que definem o tipo de curva; DT o multiplicador de tempo ou dial; I a corrente instantânea do sistema; Ip a corrente de partida ou pickup da proteção. De acordo com a norma IEC 60255-151 (IEC, 2009), as curvas disponíveis são: Normal Inversa (NI – α = 0,14 e β = 0,02); Muito Inversa (MI – α = 13,5 e β = 1); Extremamente Inversa (EI – α = 80 e β = 2); Tempo Longo Inversa (TLI – α = 120 e β = 1); Tempo Definido (TD). Na ocorrência de um curto-circuito, a proteção de sobrecorrente da GD poderá ser sensibilizada devido à contribuição dos seus geradores e, de acordo com os ajustes, irá operar em um determinado tempo, que poderá ser instantâneo ou temporizado com característica de tempo inverso. 40 Devido à coordenação e seletividade esperada, a GD não poderá operar para qualquer curto-circuito no sistema. Espera-se que a proteção de sobrecorrente da GD opere quando faltas ocorrerem no alimentador em que ela esteja conectada e, por outro lado, que não opere quando faltas ocorrerem em alimentadores adjacentes. A proteção de sobrecorrente não possui alcance definido como a proteção de distância (Ziegler, 2011), pois a contribuição de corrente de curto-circuito de usinas de geração de energia depende de vários fatores, tais como a quantidade de geradores em operação no instante da falta, a localização e a impedância de falta, influências de fontes conectadas no mesmo circuito, etc. Na condição de ilhamento e considerando que a carga do alimentador seja superior à capacidade de geração da GD, haverá uma sobrecorrente em seus terminais quando a característica majoritária das cargas for do tipo potência constante, por exemplo, motores. Esta situação pode sensibilizar a proteção de sobrecorrente da GD fazendo-a operar. Diante deste contexto, associar uma correta seletividade da proteção de sobrecorrente da GD, na situação de curto-circuito no próprio alimentador ou adjacente, com a detecção de ilhamento torna-se uma tarefa complexa. Devido a característica da proteção de sobrecorrente de não ter alcance definido, a sensibilidade terá uma indesejável dualidade, onde poderá ser sensível o suficiente para detectar um possível ilhamento, o que, provavelmente, acarretará em perda de seletividade com a proteção dos alimentadores, levando a GD ser desconectada para faltas em alimentadores adjacentes. Portanto, a função de sobrecorrente não traz garantias à proteção da GD quanto à detecção de ilhamento. Logo, pode-se dizer que esta função deverá ser aplicada somente para a proteção de sobrecarga e curtos-circuitos. 2.4.2. Relé de Sobrecorrente Direcional - ANSI 67 A proteção de sobrecorrente direcional possui as mesmas características da proteção de sobrecorrente convencional, com a diferença de poder ser ajustada para atuar em um determinado sentido de corrente. Assim, esta função terá as mesmas aplicações da proteção não direcional. A vantagem no uso da direcionalidade da proteção de sobrecorrente na GD é a facilidade de coordenação com o alimentador acessado e os adjacentes. Como se 41 trata de uma geração de energia, faltas externas terão contribuição de corrente da GD que será diferente da contribuição de corrente da rede para faltas internas as instalações da GD. Logo, poderá ser aplicado um ajuste para o sentido exportação (faltas externas) e outro ajuste para o sentido importação (faltas internas), facilitando a coordenação e seletividade. 2.4.3. Relé de Distância - ANSI 21 A proteção de distância pode ser aplicada em
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