Buscar

Meu Brasil brasileiro aula 80

Prévia do material em texto

80
A U L A
Meu Brasil brasileiro
80
A U L A
- Socorro! Ai minha perna! Me ajude, por favor.
- O que aconteceu? Eu estava dormindo. Olha o Jair, acho que ele ainda estÆ
dentro do ônibus.
- Cuidado. Nªo mexa nele. Eu aprendi num curso sobre primeiros socorros que
nesses casos Ø melhor esperar o socorro especializado.
- O pessoal jÆ sinalizou a estrada. O motorista de uma carreta prometeu avisar
a polícia rodoviÆria. Vamos conferir a lista dos passageiros.
- É preciso avisar os companheiros lÆ de Belo Horizonte. Nós jÆ devíamos estar
quase chegando.
- Calma. Primeiro vamos cuidar dos feridos. Depois a gente toma as outras
providŒncias.
Enquanto isso, na sede da confederaçªo, alguns voluntÆrios da equipe de
recepçªo aos congressistas estavam agitados. A œltima delegaçªo tinha uma chegada
prevista para trŒs horas atrÆs. Com certeza, perderiam a abertura dos trabalhos da
convençªo nacional.
- Pessoal, vamos ter ...
O telefone tocando nªo permitiu que ninguØm ouvisse o resto da frase.
- Alô, sim, pode falar. Como? O senhor tem certeza? Nªo morreu ninguØm?
Transfusªo de sangue? Qual o tipo de sangue? Sei, estou anotando... RH negativo.
TÆ, muito obrigado.
MÓDULO 24
Cenatexto
80
A U L A- Vamos pro Pronto Socorro. No caminho eu conto tudo .
 No setor de politraumatismos, o mØdico ia acalmando a todos com suas
explicaçıes: “Agora ele estÆ bem, mas eu só nªo posso permitir que ele saía daqui
da observaçªo porque se a hemorragia recrudescer, teremos de operÆ-lo. Isso vai
levar no mínimo de trŒs a quatro dias.”
- Que pena! O Jair ia, inclusive, mostrar uma surpresa no final. Ele nªo quis
contar pra ninguØm. Só disse que era uma tradiçªo que ele sabia que acompanhava
sua família. Sei atØ que aquela viagem que ele fez no fim de semana foi pra buscar
alguma coisa no interior.
- Sei, a caixa ... Por falar nela, alguØm dÆ notícia?
- Se vocŒs quiserem perguntar alguma coisa pra ele, aproveitem agora, porque
ele vai ficar sedado por causa das dores.
- Entªo eu vou lÆ. Me esperem aqui.
Quando saíram do hospital, dirigiram-se ao hotel para um banho rÆpido. As
palavras do mØdico tinham ajudado o grupo a resolver que nªo permitiriam que nada
diminuísse o brilho daquela grande festa. O Jair mesmo, antes de pegar no sono, tinha
feito um pedido para que todos comparecessem e, ainda mais, queria assistir às
gravaçıes. O tempo corria inexoravelmente e, quando chegaram ao estÆdio, foi a
conta de sentarem. A festa jÆ estava começando.
- AlguØm se lembrou de substituir o nome do Jair pelo meu? Ele me explicou
exatamente o que tenho que fazer. VocŒs vªo adorar.
- JÆ comunicamos o fato à coordenaçªo.
O que se viu naquela noite de abertura era o prenœncio de um encontro que
jamais sairia da memória dos que lÆ estiveram. Cada delegaçªo trazia consigo e
derramava ali, sobre aquele pœblico, um pedaço do que aos poucos foi-se definindo
como um painel de brasilidade.
No final, trŒs dias mais tarde, os anfitriıes tiveram a honra de encerrar
aquele evento. No palco, começavam a se organizar para cantar a composiçªo de
um tambØm mineiro, Ary Barroso. JÆ se ouviam os primeiros acordes de Aqua-
rela do Brasil, quando, no telªo, todos viram projetada a imagem do sonho de
Jair. LÆ do hospital, com certeza, ele acompanhava o desempenho do seu amigo que
o substituía no manejo do realejo que reproduzia uma gravaçªo do canto do
Uirapuru. De uma caixinha, um passarinho acabara de levantar uma ficha onde
se lia: Nosso cØu tem mais estrelas... Nossa vida mais amores. O estÆdio
inteiro cantava em uníssono: Brasil, meu Brasil brasileiro. Meu mulato
inzoneiro... Terra de Nosso Senhor...
Na Cenatexto aparece uma palavra formada por um radical grego: No setor
de politraumatismos o mØdico ia acalmando a todos com suas explicaçıes.
Para se trabalhar com esse tipo de composiçªo lingüística, Ø preciso consultar
primeiro um elemento em separado:
poli- [ Do gr. pólys.]. Muito.
Com esse radical grego podemos formar muitas palavras, como por exemplo:
poliesportivo. Uma quadra poliesportiva Ø aquela em que se joga vÆrios
tipos de esportes.
poliglota. Uma pessoa que fala vÆrias línguas.
DicionÆrio
80
A U L A Se vocΠprocurar mais palavras com esse mesmo radical poli-, vai descobrir
que em muitos casos ele nada tem a ver com o significado acima. É porque hÆ um
segundo poli- que o dicionÆrio registra do seguinte modo:
poli- [Do gr. pólis, eos.] Cidade.
Neste segundo caso, temos formaçıes de palavras como:
metrópole. Uma cidade grande.
1. Indique quais as palavras vieram da primeira e da segunda forma.
Policromia: ..............................................................................................................
Megalópole: .............................................................................................................
Poligamia: ................................................................................................................
traumatismo. s. m. 1. med. Conjunto das perturbaçıes causadas de
maneira mais ou menos sœbita por um agente físico. 2. Choque violento
capaz de desencadear perturbaçıes somÆticas e psíquicas.
Unindo o radical grego mais essa segunda palavra, chega-se à conclusªo de
que Jair sofreu muitas lesıes no seu organismo devido ao acidente do ônibus.
É por isso que ele estÆ ali, internado aos cuidados de um mØdico que diz:
Eu só nªo posso permitir que ele saia daqui da observaçªo porque, se a hemorragia
recrudescer, temos que operÆ-lo. Observe como a palavra destacada aparece no
dicionÆrio:
recrudescer. [Do lat. recrudescere, ‘voltar a ser cruel’.] v. int. Tornar-se
mais intenso; agravar-se, aumentar, exacerbar-se, recrescer.
Como o mØdico havia dito: Agora ele estÆ bem..., conclui-se que o mØdico nªo
permitiu que o personagem saísse do hospital, porque ainda havia perigo da
hemorragia agravar-se e voltar a sair de controle.
Em decorrŒncia da hemorragia, o mØdico estabeleceu que: ...ele vai ficar
sedado por causa das dores. Observe que a palavra sedado estÆ atribuindo um
estado ao sujeito ele. Para encontrar o significado desta palavra no dicionÆrio,
vocŒ pode ir pelo caminho etimológico, ou seja, procure a palavras sedar,
sedativo que sªo palavras cognatas.
2. Pelo significado que vocΠencontrou de sedar e de sedativo, explique o
que o mØdico quis dizer com a expressªo : ...ele vai ficar sedado ...?
..................................................................................................................................
..................................................................................................................................
80
A U L AUma outra palavra deve ter chamado sua atençªo na Cenatexto: O tempo
corria inexoravelmente. Como vocŒ jÆ sabe, a terminaçªo -mente Ø, nas maioria
das vezes, como nesse caso, um sufixo adverbial. O sufixo -mente serve para
formar advØbios de modo. Para procurar essa palavra no dicionÆrio, Ø preciso
procurÆ-la na sua forma adjetiva. Observe:
inexorÆvel. (z) adj. 2 g. 1. Que nªo se move a rogos; nªo exorÆvel;
implacÆvel, inabalÆvel 2. austero, reto, rígido.
No verbete, o autor chama a atençªo sobre a pronœncia da letra x, ou seja, a
pronœncia z. De acordo com o dicionÆrio, vocŒ ficou sabendo que o tempo corria
implacavelmente, isto Ø, o tempo continuava passando rapidamente.
Observe a passagem: Os anfitriıes tiveram a honra de encerrar aquele evento.
Veja a palavra em destaque num dicionÆrio:
anfitriªo. [ Do antr. anfitriªo, rei de Tebas, personagem da mitologia
grega e de uma comØdia de Plauto.] s. m. 1. Aquele que recebe convivas;
dono da casa. 2. Aquele que dÆ ou dirige um banquete. 3. Aquele que
paga as despesas de uma refeiçªo. [Fem.: anfitrioa e anfitriª.]
Ainda na Cenatexto, hÆ uma informaçªo de que no palco começavam a se
organizar para cantar a composiçªo de um tambØm mineiro, Ary Barroso... Portanto,
se osanfitriıes iam cantar a mœsica de um mineiro, vocŒ estÆ descobrindo que
os donos da casa eram mineiros, ou seja, o congresso estava acontecendo em
Minas Gerais. Infelizmente, Jair, ao sofrer o acidente, ficou impossibilitado de
comparecer àquela festa, mas LÆ do hospital, com certeza, ele acompanhava o
desempenho do seu amigo que o substituía no manejo do realejo que reproduzia uma
gravaçªo do canto do Uirapuru. Confira o significado das palavras em destaque:
realejo.(Œ). s. m. 1. Órgªo portÆtil. 2. Pequeno órgªo adicionado ao
grande para os registros flautados. 3. Instrumento popular, espØcie de
órgªo mecânico portÆtil, cujo fole e teclado sªo acionados por um
cilindro dentado movido a manivela. 4. gír. Piano. (1) 5. bras., N. E.
EspØcie de acordeªo (1). 6. bras. V. uirapuru (1).
uirapuru. [Do tupi wirapu’ru.] s.m. bras. Designaçªo comum a vÆrias
espØcies de aves passeriformes, da família dos piprídeos, especialmente
as mais coloridas dos gŒneros. Seu canto, que só se ouve uns 15 dias por
ano (quando constrói o ninho) e, ademais, apenas durante 5 a 10
minutos, ao amanhecer, Ø tido como particularmente melodioso, musi-
cal e diverso do que o de outra ave qualquer, a ponto de , segundo a
lenda, os outros pÆssaros todos se calarem para escutÆ-lo.
O sentido em que a palavra realejo aparece na Cenatexto Ø o de nœmero
3. É interessante notar que o próprio verbete nos remete para a palavra
uirapuru.
3. Comparando o verbete realejo com o verbete uirapuru, procure explicar o
motivo pelo qual os nordestinos costumam chamar o instrumento pelo
nome do pÆssaro e vice-versa.
..................................................................................................................................
80
A U L A Ao final da Cenatexto, os personagens de nossa história estªo cantando a
mœsica de Ary Barroso, Aquarela do Brasil: Brasil, meu Brasil brasileiro. Meu
mulato inzoneiro... Esta composiçªo Ø um verdadeiro clÆssico do nosso canci-
oneiro popular e talvez seja o œnico uso que se tenha dessa palavra. Mesmo a
título de curiosidade vale a pena conferi-la:
inzoneiro. [De inzona + -eiro.] adj. bras.. pop. 1. Mexeriqueiro intrigante;
mentiroso. 2. Sonso; manhoso.
Neste œltimo módulo de aulas de Língua Portuguesa, com o qual encerra-
mos nosso curso, vocΠteve a oportunidade de dar um passeio pelo Brasil e ver,
com base na mœsica popular e nos costumes de nossa gente, como somos tªo
ricos e variados. O povo brasileiro tem grandes diferenças que se estendem de
norte a sul, de leste a oeste. Ao mesmo tempo, porØm, desconhecemos esta
variedade cultural, social e econômica. Mas pior do que esse desconhecimento
Ø o esquecimento. Pois quando esquecemos, tratamos as coisas com indiferen-
ça. Nªo seja indiferente ao usos e costumes de sua língua e sua cultura. Tome
gosto pelas coisas de seu país!
Pense um pouco na imensa importância de conhecer melhor seu idioma,
nªo apenas com o objetivo de melhor enfrentar os problemas do dia-a-dia, mas
tambØm de melhor conhecer a cultura de seu povo. Uma cultura feita de
valores variados. Por exemplo: as comidas típicas deste Brasil, os ritmos e as
mœsicas, a literatura, a história, os monumentos e a arquitetura, as brincadei-
ras, as danças, as frutas, as roupas e sua padronagens. No conjunto de tudo isso
forma-se a identidade de um povo, e o organizador dessa identidade Ø sua
língua. Respeitando e conhecendo sua língua, vocŒ estarÆ conhecendo e
respeitando a cultura de sua gente.
A melhor maneira de aprender a respeitar sua cultura, seus valores e seu
povo Ø aprender a lidar com a diversidade, a variaçªo, as diferenças dos usos
de nossa própria língua. Foi por isso que tanto insistimos em fazer as mesmas
coisas sempre de modo diverso. Faça de sua língua um grande instrumento de
luta pelos seus direitos, cumprindo a parte que lhe cabe.
Com certeza, vocŒ vai precisar muito da Língua Portuguesa para escrever
uma carta, para mandar um recado ao amigo, para dar um telefonema ali na
esquina, para argumentar junto ao seu chefe pedindo aumento de salÆrio ou
expondo sua situaçªo na procura de um emprego e muitas outras situaçıes que
vocΠconhece. Neste curso vocΠtreinou como enfrentar muitas dessas situa-
çıes. Mas este Ø apenas um começo. Agora vocŒ vai ter que continuar seu
trabalho. Nªo pare! A vida inteira Ø um tempo de aprendizagem.
Pense um pouco em tudo o que vocŒ aprendeu neste curso. Uma das idØias
que sempre voltava a cada aula foi a de que, em geral, hÆ mais de uma maneira
de dizer a mesma coisa, hÆ mais de uma maneira de entender uma frase ou de
organizar o seu argumento. Usar bem a Língua Portuguesa Ø estar preparado
para enfrentar essa enorme variaçªo de usos dentro desse Brasil tªo diversifi-
cado e cheio de surpresas. Nªo Ø fÆcil escolher a palavra certa para o lugar certo.
Mas jÆ que vocŒ estÆ no meio do caminho e teve a coragem de chegar atØ aqui...
prossiga!
Bom trabalho, cidadªo!
Reflexªo
80
A U L ARetomemos o final da Cenatexto: De uma caixinha, um passarinho acabara
de levantar uma ficha onde se lia: Nosso cØu tem mais estrelas... Nossa vida
mais amores.
Muito provavelmente vocΠreconheceu esses versos, afinal quem de
nós nunca cantou o Hino Nacional Brasileiro? Talvez esteja aí na letra do
nosso hino um dos mais antigos exemplos de intertextualidade na litera-
tura brasileira.
Embora vocŒ jÆ conheça o poema Cançªo do Exílio, do poeta Gonçal-
ves Dias, leia-o mais uma vez, antes de fazer o trabalho proposto.
Cançªo do exílio
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiÆ;
As aves, que aqui gorjeiam,
Nªo gorjeiam como lÆ.
Nosso cØu tem mais estrelas,
Nossas vÆrzeas tŒm mais flores,
Nossos bosques tŒm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lÆ;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o SabiÆ.
Minha terra tem primores,
Que tais nªo encontro eu cÆ;
Em cismar - sozinho, à noite -
Mais prazer encontro eu lÆ;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o SabiÆ.
Nªo permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lÆ;
Sem que desfrute os primores
Que nªo encontro por cÆ;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o SabiÆ.
Fonte: Gonçalves Dias, Poesia. 9ª. ed, Rio de Janeiro, Agir, 1979, pÆg.11.
Redaçªo
no ar
&
&
&
&
&
&
&
80
A U L A O que mais chama a atençªo nesse poema Ø o fato de o autor ter feito uma
descriçªo da terra brasileira sem usar sequer um adjetivo. Os versos em destaque
tanto aparecem nessa composiçªo romântica quanto no Hino Nacional.
O que se observa em comum nas duas composiçıes Ø que elas tŒm um
carÆter nacionalista. O ufanismo - aquela atitude, posiçªo ou sentimento dos
que, influenciados pelo potencial das riquezas brasileiras e pelas belezas
naturais do país, dele se vangloriam desmedidamente - sempre permeou as
manifestaçıes literÆrias brasileiras. VocŒ se lembra do primeiro texto datado
do Brasil, aquela carta que dizia de nosso país: Em se plantando tudo dÆ...?
Pois aí estÆ a sua redaçªo final deste curso. VocŒ vai escrever uma nova
versªo da Carta de Pero Vaz de Caminha. VÆ ao seu livro de História do Brasil
ou entªo à Aula 3 deste curso e releia um trecho da Carta. Mas cuidado! Naquela
Øpoca foi um colonizador que aqui chegou e viu as nossas coisas com os olhos
dele, com sua maneira de pensar e sentir. Era um estranho, que aqui chegava e
invadia. Agora, vocŒ, com os seus olhos, vai se dirigir ao povo de Portugal para
contar notícias de sua terra. DŒ um título à sua carta, escolha os temas, a
linguagem mais adequada e, entªo, escreva.
No momento em que vocŒ Ø um cidadªo com o nível de escolaridade de
2º Grau e com os olhos mais abertos para a realidade brasileira, faça uso da
palavra para dizer exatamente o que vocŒ pensa. A palavra Ø toda sua!
............................................................................................................................... ..........
.........................................................................................................................................
............................................................................................................................... ..........
............................................................................................................................... ..........
............................................................................................................................... ..........
............................................................................................................................... ..........
............................................................................................................................... ..........
............................................................................................................................... ..........
............................................................................................................................... ..........
............................................................................................................................... ..........
............................................................................................................................... ..........
............................................................................................................................... ..........
............................................................................................................................... ..........
............................................................................................................................... ..........
............................................................................................................................... ..........
............................................................................................................................... ..........
............................................................................................................................... ..........
............................................................................................................................... ..........
............................................................................................................................... ..........
............................................................................................................................... ..........
............................................................................................................................... ..........
............................................................................................................................... ..........
............................................................................................................................... ..........
............................................................................................................................... ..........
............................................................................................................................... ..........
............................................................................................................................... ..........
............................................................................................................................... ..........
............................................................................................................................... ..........
............................................................................................................................... ..........

Continue navegando