curso 50275 aula 05 v1

Livro Eletrônico Aula 05 Noções de Direito Penal p/ PC-DF 2018 (Escrivão) Renan Araujo, Time Renan Araujo 61316884600 - Flavio Santos Prof. Renan Araujo www. estr ateg iaco ncur sos. com.b r 1 de 10 D IRE IT O P ENAL P / PC - DF (20 1 8 ) Ð E SCRIVÌO Teoria e que st\u203aes Au la 05 Ð Pro f. R enan Arau jo A ULA 0 5 : DOS CRIMES CONTRA A PESSOA. SUMçRIO 1 DOS CRIMES CONTRA A PESS OA ........................................................................... 3 1.1 Dos cr imes co ntra a vida ................................................................................ 3 1.1.1 Homic\u2019 dio ...................................................................................................... 3 1.1.1.1 Homic \u2019dio simples .................................................................................... 5 1.1.1.2 Homic \u2019dio privi legia do (¤1¡ ) ...................................................................... 6 1.1.1.3 Homic \u2019dio qualif icado ............................................................................... 7 1.1.1.4 Homic \u2019dio culposo .................................................................................. 10 1.1.1.5 Homic \u2019dio majorado ............................................................................... 11 1.1.1.6 Perd\u2039o Judi cial ...................................................................................... 11 1.1.2 Instiga\u2022\u2039o ou aux\u2019lio ao suic\u2019dio ..................................................................... 12 1.1.3 Infantic\u2019dio .................................................................................................. 14 1.1.4 Aborto pr ovocado pela gestante ou co m seu consentim ento ............................... 14 1.1.5 Aborto pr aticado por terceiro sem o consenti mento da gest ante ......................... 15 1.1.6 Aborto pr aticado com o consentimento da gestante .......................................... 15 1.1.7 A\u2022\u2039o Penal .................................................................................................. 17 1.2 Das l es\u203aes corporai s .................................................................................... 17 1.3 Da per icli ta\u2022\u2039o da vida e sa \u0153de ................................................... ................. 21 1.3.1 Perigo de Cont\u2021gio ven\u017dreo ............................... ............................................ 22 1.3.2 Perigo de cont\u2021gio de mol\u017dstia grave .............................................................. 23 1.3.3 Perigo para a vida ou sa\u0153de de outrem ........................................................... 24 1.3.4 Abandono de i ncapaz ................................... ................................................. 24 1.3.5 Exposi\u2022\u2039o ou abandono de rec \u017dm - nascido ....................................................... 25 1.3.6 Omiss\u2039 o de s ocorro ...................................................................................... 26 1.3.7 Maus - tratos ................................................................................................ . 29 1.3.8 A\u2022\u2039o penal .................................................................................................. 30 1.4 Da ri xa ...................................................................................................... ... 30 1.5 Crimes contr a a honra .................................................................................. 32 1.5.1 Cal\u0153ni a ............................................ ........................................................... 32 1.5.2 Difama\u2022 \u2039o .................................................................................................. 35 1.5.3 Inj\u0153ria ........................................................................................................ 36 1.5.4 Dispos i\u2022\u203aes comuns ..................................................................................... 38 1.6 Dos cr imes co ntra a lib erdade i ndivi dual ................................................... ... 39 1.6.1 Constr angimento i legal ................................................................................. 39 1.6.2 Amea\u2022a ...................................................................................................... 40 1.6.3 Sequestro e c\u2021rcere pr ivado .......................................................................... 41 1.6.4 Redu\u2022\u2039o \u02c6 condi\u2022\u2039o an\u2021l oga \u02c6 de escravo . ...................................................... 42 1.6.5 Tr\u2021fic o de pessoas ....................................................................................... 43 61316884600 - Flavio Santos Prof. Renan Araujo www. estr ateg iaco ncur sos. com.b r 2 de 10 D IRE IT O P ENAL P / PC - DF (20 1 8 ) Ð E SCRI VÌO Teoria e que st\u203aes Au la 05 Ð Pro f. R enan Arau jo 1.6.6 Dos crimes contra a inviol abili dade do domic\u2019l io, da correspond\u2022ncia e dos segredos 46 2 DISPOSITIV OS LEGAIS IMPORTAN TES ................................ ............................... 53 3 SòMULAS PERTINENTES ................................ ..................................................... 65 3.1 S\u0153mul as do STF ................................ ............................................................ 65 3.2 S\u0153mulas do STJ ................................................................ ............................ 65 4 JURISPRUDæ NCIA CORRE LATA ........................................................................... 65 5 RESUMO ................................................................................................ .............. 66 6 EXERCêCIOS PARA PRAT ICAR ................................ ............................................. 72 7 EXERCêCIOS COMENTADO S ................................................................................. 82 8 GABARITO ................................................................ ........................................ 107 Ol\u2021, meus amigos! Devorando os papiros? Hoje vamos estudar os crimes contra a pessoa , que representam o T\u2019tulo I da Parte Especial do CP, e compreendem os arts. 121 a 154-B do CP. Nossa aula j\u2021 inclui a recente altera\u2022\u2039o promovida pela Lei 13.344/16 , que incluiu o art. 149-A ao CP, tipificando o crime de Òtr\u2021fico de pessoasÓ. Bons estudos! Prof. Renan Araujo 61316884600 - Flavio Santos Prof. Renan Araujo www. estr ateg iaco ncur sos. com.b r 3 de 10 D IRE IT O P ENAL P / PC - DF (20 1 8 ) Ð E SCRI VÌO Teoria e que st\u203aes Au la 05 Ð Pro f. R enan Arau jo 1 ! DOS CRIMES CONTRA A PE SSOA Os crimes contra a pessoa est\u2039o previstos no T\u2019tulo I da Parte Especial do CP e podem ser divididos em seis grandes grupos: ü ! Crimes contra a vida; ü ! Les\u203aes corporais; ü ! Periclita\u2022\u2039o da vida e sa\u0153de; ü ! Da Rixa; ü ! Crimes contra a honra; ü ! Crimes contra a Liberdade Individual Vamos estudar cada um destes subgrupos de crimes contra a pessoa isoladamente. 1.1 ! Dos crimes contra a vida Os crimes contra a vida s\u2039o aqueles nos quais o bem jur\u2019dico tutelado \u017d a vida humana. A vida \u017d o bem jur\u2019dico mais importante do ser humano. N\u2039o \u017d \u02c6 toa que os crimes contra a vida s\u2039o os primeiros crimes da parte especial do CP. A vida humana, para efeitos penais, pode ser tanto a vida intrauterina quanto a vida extrauterina , de forma que n\u2039o s\u2014 a vida de quem j\u2021 nasceu \u017d tutelada, mas tamb\u017dm ser\u2021 tutelada a vida daqueles que ainda est\u2039o no ventre m aterno (nascituros). Os arts. 121 a 123 cuidam da tutela da vida EXTRAUTERINA (D e quem j\u2021 nasceu), enquanto os crimes dos arts. 124/127 tratam da tutela da vida INTRAUTERINA (D os nascituros). 1 Vamos come\u2022ar ent\u2039o! 1.1.1 ! Homic\u2019dio O art. 121 do CP diz: Homic\u2019di o si mples Art. 121. Matar alguem: Pena - reclus\u2039o, de seis a vinte anos . Caso de di minui\u2022\u2039o de pena ¤ 1¼ Se o agente comete o crime impel ido por mo tivo de relevant e valor social ou moral , ou sob o dom\u2019nio de viole nta emo\u2022\u2039o, logo em seguida a injust a prov oca\u2022 \u2039o da v\u2019tima, ou juiz pode r eduzir a pena de um sexto a um t er\u2022o. Homic\u2019di o qual ifi cado ¤ 2¡ Se o homic\u2019di o \u017d cometido: I - mediant e paga ou promessa de rec ompensa, ou por outr o motivo torpe ; II - por motivo futil; 1 PRADO, Luis Regis. Curso de Direito Penal Brasileiro. Volume 2. 5¼ edi\u2022\u2039o. Ed. Revista dos Tribunais. S\u2039o Paulo, 2006, p. 58 61316884600 - Flavio Santos Prof. Renan Araujo www. estr ateg iaco ncur sos. com.b r 4 de 10 D IRE IT O P ENAL P / PC - DF (20 1 8 ) Ð E SCRI VÌO Teoria e que st\u203aes Au la 05 Ð Pro f. R enan Arau jo III - com emprego de venen o, fogo, explosivo, a sfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; IV - \u02c6 trai\u2022\u2039o, de em boscada, ou media nte dissimula\u2022\u2039o ou outro recurso que dif iculte ou torne impossivel a defesa do ofendi do; V - para assegurar a execu\u2022\u2039o, a oculta\u2022\u2039o, a impunidade ou vantagem de outro crime: Feminic\u2019dio (Inclu\u2019do pela Lei n¼ 13.104, de 2015 ) VI - contra a mulher po r raz\u203aes da condi\u2022\u2039o de sexo feminino: (Inclu\u2019do pela Lei n¼ 13.104, de 2015) VII Ð contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constitui\u2022\u2039o Federal , integrante s do sis tema prisional e da For\u2022a Nacional de Seguran\u2022a P\u0153blica, no e xerc\u2019cio da fun\u2022\u2039o ou em decorr\u2022n cia del a, ou contr a se u c\u2122njuge, companheiro ou parente consangu\u2019neo at\u017d terceiro grau, em raz\u2039o dessa con di\u2022\u2039o: (Inclu\u2019do pela Lei n¼ 13.142, de 2015) Pena - reclus\u2039o, de doze a trinta anos. ¤ 2o - A Considera - se que h\u2021 raz\u203aes de condi\u2022\u2039o de sexo feminino quando o crime envolve: (Inclu\u2019do pela Lei n¼ 13.104, de 2015) I - viol\u2022ncia dom\u017dstica e familiar; (Inclu\u2019do pela Lei n¼ 13.104, de 2015) II - menos prez o ou discri min a\u2022\u2039o \u02c6 condi \u2022\u2039o de mulhe r. (Inclu\u2019do pela Lei n¼ 13.104, de 2015) Homic\u2019di o cul poso ¤ 3¼ Se o homic\u2019di o \u017d culposo: (Vide Lei n¼ 4. 611, de 1965) Pena - deten\u2022\u2039o, de um a tr \u2022s anos. Aumento de pena ¤ 4o No homic\u2019dio culposo, a pena \u017d aum entada de 1/3 (um ter\u2022o), se o crime resulta de inobserv\u2030nci a de regra t\u017dcnica de profiss\u2039o, arte ou of\u2019cio, ou se o agente deixa de prestar imediat o s ocorro \u02c6 v\u2019ti ma, n\u2039o procura diminuir as conseq\u0178\u2022ncias do seu ato, ou foge para evitar pris\u2039o em flagrante. Sendo doloso o homic\u2019dio, a pena \u017d aumentada de 1/3 (um ter\u2022o) se o crime \u017d praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. (Reda\u2022\u2039o dada pela Lei n¼ 10.741, de 2003) ¤ 5¼ - Na h ip\u2014tese de ho mic\u2019dio culpo so, o juiz poder\u2021 deix ar de apli car a pena, se a s conseq\u0178\u2022ncias da infra\u2022\u2039o atingirem o pr\u2014prio agente de forma t\u2039o grave que a san\u2022\u2039o penal se tor ne desnecess\u2021ria. (Inclu\u2019do pela Lei n¼ 6.416, de 24.5.1 977) ¤ 6¼ A pena \u017d aumentada de 1/ 3 (um ter\u2022o) at\u017d a metade se o crime for praticado por mil\u2019cia privada, sob o pretexto de presta\u2022\u2039o de servi\u2022o de seguran\u2022a, ou por grupo de exterm\u2019nio. (Inclu\u2019do pela Lei n¼ 12.720, de 2 012) ¤ 7o A pena do feminic\u2019dio \u017d aum entada de 1/3 (um ter\u2022o) at\u017d a m etade se o crime for pr aticado: (Inclu\u2019do pela Lei n¼ 13.104, de 2015) I - durante a gesta\u2022\u2039o ou nos 3 (tr\u2022s) meses posteriores ao parto; (Inclu\u2019do pela Lei n¼ 13.104, de 2015) II - contra pessoa menor d e 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos ou com defici\u2022ncia; (Inclu\u2019do pela Lei n¼ 13.104, de 2015) III - na presen\u2022a de descendente ou de ascendente da v\u2019tima. (I nclu\u2019do pela Lei n¼ 13.104, de 2015) O bem jur\u2019dico tutelado, como disse, \u017d a vida humana. O Homic\u2019dio, entretanto, pode ocorrer nas seguintes modalidades: 61316884600 - Flavio Santos Prof. Renan Araujo www. estr ateg iaco ncur sos. com.b r 5 de 10 D IRE IT O P ENAL P / PC - DF (20 1 8 ) Ð E SCRI VÌO Teoria e que st\u203aes Au la 05 Ð Pro f. R enan Arau jo a) Homic\u2019dio Simples; b) Homic\u2019dio privilegiado (¤1¡); c) Homic\u2019dio qualificado (¤2¡); d) Homic\u2019dio culposo (¤3¡); e) Homic\u2019dio culposo majorado (¤4¡, primeira parte); f) Homic\u2019dio doloso majorado (¤4¡, segunda parte e ¤¤ 6¼ e 7¼); 1.1.1.1 ! Homic\u2019dio simples \u0192 aquele previsto no caput do art. 121 (Òmatar algu\u017dmÓ) . O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa f\u2019sica , bem como qualquer pessoa f\u2019sica pode ser sujeito passivo do delito . Entretanto, se o sujeito passivo for o Presidente da Rep\u0153blica, do Senado Federal, da C\u2030mara dos Deputados ou do STF, e o ato possuir cunho pol\u2019tico, estaremos diante de um crime previsto na Lei de Seguran\u2022a Nacional (art. 29 da Lei 7.710/89). 2 O tipo objetivo (conduta descrita como incriminada) \u017d TIRAR A VIDA DE ALGU\u0192M . Mas para isso, precisamos saber quando se inicia a vida humana. A vida humana se inicia com o in\u2019cio do parto. Para a maioria da Doutrina, o in\u2019cio do parto (que gera in\u2019cio da vida) se d\u2021 com o in\u2019cio do processo de parto, no qual o feto passa a ter contato com a vida extrauterina 3 . N\u2039o h\u2021 necessidade de que o feto seja vi\u2021vel 4 , bastando que fique provado que nasceu com vida, basta isso! Assim, se for tirada a vida de algu\u017dm que ainda n\u2039o nasceu (ainda n\u2039o h\u2021 vida extrauterina, n\u2039o h\u2021 homic\u2019dio, podendo haver aborto). Semelhantemente, se o fato for praticado por quem j\u2021 n\u2039o tem mais vida (cad\u2021ver), estaremos diante de UM CRIME IMP OSSêVEL (Por absoluta impropriedade do objeto). O homic\u2019dio pode ser praticado de forma livre (disparo de arma de fogo, facada, pancadas, etc.), podendo ser praticado de forma comissiva (a\u2022\u2039o) o u omissiva (omiss\u2039o). Como assim? Isso mesmo, pode ser que algu\u017dm responda por homic\u2019dio sem ter agido, mas tendo se omitido. 5 EXEMPLO: M\u2039e que, mesmo sabendo que o padrasto ir\u2021 matar seu filho, nada faz para impedi-lo, ainda que pudesse agir para evitar o crime sem pr eju\u2019zo de sua integridade f\u2019sica. Neste caso, se o padrasto vem a praticar o homic\u2019dio, e ficar provado que a m\u2039e sabia e nada fez para impedir, ela responder\u2021 por HOMICêDIO DOLOSO (mesmo sem ter praticado qualquer ato!), na qualidade de crime omissivo IMPRîPRIO (recomendo a leitura do art. 13, ¤2¼ do CP ). 2 Caso a inten\u2022\u2039o seja destruir, no todo ou em parte, grupo nacional, \u017dtnico, racial ou religioso, teremos o delito de homic\u2019 dio g enocida, pr evisto no art. 1¼, a, da Lei 2.889/56. 3 Por in\u2019cio do parto entenda - se o in\u2019cio da opera\u2022\u2039o, no caso de cesariana, ou o in\u2019cio da s contra\u2022\u203aes expulsivas, no caso de parto normal. PRADO, Luis Regis. Op. Cit., p. 58 4 Feto vi\u2021vel pode ser entendi do como aquele que n\u2039o possui quaisquer doen\u2022as cong\u2022nitas capazes de impossibilita r a continu idade da v ida extraut erina, como os anenc \u017dfalos, por e xemplo. 5 PRADO, Luis Regis. Op. Cit ., p. 60/61 61316884600 - Flavio Santos Prof. Renan Araujo www. estr ateg iaco ncur sos. com.b r 6 de 10 D IRE IT O P ENAL P / PC - DF (20 1 8 ) Ð E SCRI VÌO Teoria e que st\u203aes Au la 05 Ð Pro f. R enan Arau jo CUIDADO! O homic\u2019dio pode ser praticado, ainda, por meios psicol\u2014gicos, n\u2039o sendo obrigat\u2014rio o uso de meios materiais. 6 O elemento subjetivo \u017d o dolo, n\u2039o se exigindo qualquer finalidade espec\u2019fica de agir (dolo espec\u2019fico). Pode ser dolo direto ou dolo indireto (eventual ou alternativo). O crime se consuma quando a v\u2019tima vem a falecer, sendo, portanto, um crime material. Como o delito pode ser fracionado em v\u2021rios atos ( crime plurissubsistente ), existe a possibilidade de tentativa, desde que, iniciada a execu\u2022\u2039o, o crime n\u2039o se consume por circunst\u2030ncias alheias \u02c6 vontade do agente. O homic\u2019dio simples, ainda quando praticado por apenas uma pessoa , MAS EM ATIVIDADE TêPICA DE GRUPO DE EXTERMêNIO (CHACINA, POR EXEMPLO), \u0192 CRIME HEDIDONDO (art. 1¼, I d a Lei 8.072/90). 1.1.1.2 ! Homic\u2019dio privilegiado (¤1¡) O Homic\u2019dio privilegiado possui as mesmas caracter\u2019sticas do homic\u2019dio simples, com a peculiaridade de que a motiva\u2022\u2039o do crime, neste caso, \u017d NOBRE . Ou seja, o crime \u017d praticado em circunst\u2030ncias nas quais a Lei entende que a conduta do agente NÌO \u0192 TÌO GRAVE . Pode ocorrer em tr\u2022s situa\u2022\u203aes 7 : ¥ ! Motivo de relevante valor social Ð Por exemplo, matar o estuprador do bairro. ¥ ! Motivo de relevante valor MORAL Ð Por exemplo, matar por compaix\u2039o (eutan\u2021sia) 8 . ¥ ! Sob o dom\u2019n io de violenta emo\u2022\u2039o, LOGO APîS injusta provoca\u2022\u2039o da v\u2019tima Ð Agente pratica o crime dominado por um sentimento de violenta emo\u2022\u2039o , imediatamente ap\u2014s a cria\u2022\u2039o desse sentimento pela pr\u2014pria v\u2019tima 9 . Ex.: Imagine que Jos\u017d chegue em casa e veja sua esposa ca\u2019da e machucada, pois acabara de ter sido v\u2019tima de um estupro, praticado por Paulo. Jos\u017d sai e encontra Paulo num bar, bebendo como se nada tivesse acontecido. Dominado pela violenta emo\u2022\u2039o, Jos\u017d mata Paulo. Neste caso, Jos\u017d responde pelo crime de homic\u2019dio, mas haver\u2021 a aplica\u2022\u2039o da causa de diminui\u2022\u2039o de pena prevista no ¤1¼ do art. 121 do CP. 6 EXEMPLO : Imagine que a filha, desejosa de ver sua m \u2039e mort a, a fim de herdar seu patrim\u2122nio, e sabendo que a m \u2039e possui problemas card\u2019acos, simula uma situa\u2022\u2039o de sequestro de seu irm\u2039o ca\u2022ula. A m\u2039e, ao receber a liga\u2022\u2039o, tem um infarto do mioc\u2021rdio, fulminante, vindo a \u2014bito. Nesse caso, a cond uta dolo sa e pla nejada da filha pode ser considerada homic\u2019dio, pois o meio foi h\u2021bil para alcan\u2022ar o resultado pretendido. 7 PRADO, Luis Regis. Op. Cit ., p. 61 8 PRADO, Luis Regis. Op. Cit ., p. 61/62 9 CUNHA, Rog\u017drio Sanches. Manual de Direito Penal. Parte Especial . 7¼ e di\u2022\u2039o. Ed. Juspodivm. Salvador, 2015, p. 51/52 61316884600 - Flavio Santos Prof. Renan Araujo www. estr ateg iaco ncur sos. com.b r 7 de 10 D IRE IT O P ENAL P / PC - DF (20 1 8 ) Ð E SCRI VÌO Teoria e que st\u203aes Au la 05 Ð Pro f. R enan Arau jo Mas quais as consequ\u2022ncias do crime privilegiado? A pena, nesse caso, \u017d diminu\u2019da de 1/6 a 1/3 . CUIDADO! Se o crime for praticado em concurso de pessoas, a circunst\u2030ncia pessoal (violenta emo\u2022\u2039o) n\u2039o se comunica entre os agentes, respondendo por homic\u2019dio simples aquele que n\u2039o estava sob violenta emo\u2022\u2039o . 10 1.1.1.3 ! Homic\u2019dio qualificado O homic\u2019dio qualificado \u017d aq uele para o qual se prev\u2022 uma pena mais grave (12 a 30 anos) , em raz\u2039o da maior reprovabilidade da conduta do agente. O homic\u2019dio ser\u2021 qualificado quando for praticado: ¥ ! Mediante paga ou promessa de recompensa ou OUTRO MOTIVO TORPE Ð Aqui se pune mais severamente o homic\u2019dio praticado por motivo torpe, que \u017d aquela motiva\u2022\u2039o repugnante, abjeta 11 , dando-se, como exemplo, a realiza\u2022\u2039o do crime mediante paga ou promessa de recompensa. Trata-se do mercen\u2021rio. Na modalidade de ÒpagaÓ, o pagamento acontece antes. Na modalidade Òpromessa de recompensaÓ, o pagamento dever\u2021 ocorrer depois do crime, mas a sua efetiva concretiza\u2022\u2039o (do pagamento) \u017d IRRELEVANTE . Aqui h\u2021 o chamado concurso necess\u2021rio , pois \u017d imprescind\u2019vel que pelo menos duas pessoas participem (quem paga ou promete e quem executa). Havia diverg\u2022ncia a respeito da comunicabilidade da qualificadora para o mandante. O STJ, no informativo 575 , decidiu que se trata de circunst\u2030ncia de car\u2021ter pessoal. Assim, o homic\u2019dio, para o mandante, n\u2039o ser\u2021 necessariamente qualificado (a menos que o mandante esteja agindo por motivo torpe, f\u0153til, etc.) 12 . A Doutrina diverge sobre a natureza da ÒrecompensaÓ, mas prevalece o entendimento de que deva ter natureza econ\u2122mica 13 , embora a recompensa de outra natureza tamb\u017dm possa ser enquadrada como Òoutro motivo torpeÓ ( H\u2021 interpreta\u2022\u2039o ANALîGICA aqui ). A Òvingan\u2022aÓ pode ou n\u2039o ser considerada motivo torpe, isso depende do caso concreto (posi\u2022\u2039o dos Tribunais). ¥ ! Por motivo f\u0153til Ð Aqui temos o motivo banal, aquele no qual o agente retira a vida de algu\u017dm por um motivo bobo, rid\u2019culo, ou seja, h\u2021 uma despropor\u2022\u2039o gigante entre o motivo do crime e o bem lesado 10 PRADO, Luis Regis. Op. Cit ., p. 63. PRADO, Luis Regis. Op. Cit ., p. 52 11 Um outro exempl o \u017d a GANåNCIA. CUNHA, Rog\u017dri o Sanches. Op. Cit ., p. 67 12 Ò O reconheciment o da qual ifica dora da " paga ou pr omessa de recompensa" (incis o I do ¤ 2¼ do ar t. 121) em rela\u2022\u2039o ao executor do crime de hom ic\u2019dio mercen\u2021rio n\u2039o qualifica automaticamente o delito em rela\u2022\u2039o ao m andante, nada obstante este possa incidir no referido dispositivo caso o motivo que o tenha levado a empreitar o \u2014bito alheio seja torpe.Ó ( REsp 1.209.852 - PR , Rel. Min. R ogerio Schietti Cruz, julgado em 15/12/ 2015, DJe 2/ 2/2016 ) Na Doutri na existe DIVERG æNCIA, havendo, inclusive, certa predom in\u2030ncia d a tese CONT RçRIA, no sentido de que somente o executor responderia pela forma qualifi cada. 13 CUNHA, Rog\u017drio Sanches. Op. Cit., p. 54 61316884600 - Flavio Santos Prof. Renan Araujo www. estr ateg iaco ncur sos. com.b r 8 de 10 D IRE IT O P ENAL P / PC - DF (20 1 8 ) Ð E SCRI VÌO Teoria e que st\u203aes Au la 05 Ð Pro f. R enan Arau jo (vida). MOTIVO INJUSTO \u0192 DIFERENTE DE MOTIVO FòTIL . O motivo injusto \u017d inerente ao homic\u2019dio (se fosse justo, n\u2039o seria crime). A Doutrina majorit\u2021ria entende que o crime praticado ÒSEM MOTIVO ALGUM Ó (aus\u2022ncia de motivo) tamb\u017dm \u017d qualificado. O STJ , entretanto, vem firmando entendimento no sentido contr\u2021rio, ou seja, de que seria homic\u2019dio simples 14 . ¥ ! Com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum Ð Aqui temos mais uma hip\u2014tese de INTERPRETA\u201aÌO ANALîGICA , pois o legislador d\u2021 uma s\u017drie de exemplos e no final abre a possibilidade para que outras condutas semelhantes sejam punidas da mesma forma. Temos aqui, n\u2039o uma qualificadora decorrente dos MOTIVOS DO CRIME , mas uma qualificadora decorrente dos MEIOS UTILIZADOS para a pr\u2021tica do delito. A Doutrina entende que a qualificadora do Òemprego de venenoÓ s\u2014 incide se a v\u2019tima NÌO SABE que est\u2021 ingerindo veneno 15 ; Se souber, o crime poder\u2021 ser qualificado pelo meio cruel. CUIDADO! MUITO CUIDADO! MAS MUITO CUIDADO MESMO! A utiliza\u2022\u2039o de tortura como MEIO para se praticar o homic\u2019dio, qualifica o crime. Entretanto, se o agente pretende TORTURAR (esse \u017d o objetivo), mas se excede (culposamente) e acaba matando a v\u2019tima, NÌO Hç HOMICêDIO QUALIFICADO PELA TORTURA, mas TORTURA QUALIFICADA PELO RESULTADO MORTE (art. 1¡, ¤3¡ da Lei 9.455/97). ¥ ! Ë trai\u2022\u2039o, de emboscada, ou qualquer outro meio que dificulte ou torne imposs\u2019vel a defesa do ofendido Ð Nesse caso, o crime \u017d qualificado em raz\u2039o, tamb\u017dm, DO MEIO UTILIZADO , pois ele dificulta a defesa da v\u2019tima. CUIDADO ! A idade da v\u2019tima (idoso ou crian\u2022a, por exemplo), n\u2039o \u017d MEIO PROCURADO PELO AGENTE , logo, n\u2039o qualifica o crime, embora, no caso concreto, torne mais dif\u2019cil a defesa, em alguns casos. ¥ ! Para assegurar a execu\u2022\u2039o, oculta\u2022\u2039o, a impunidade ou vantagem de out ro crime Ð Aqui h\u2021 o que chamamos de conex\u2039o objetiva , ou seja, o agente pratica o homic\u2019dio para assegurar alguma vantagem referente a outro crime, que pode consistir na execu\u2022\u2039o do outro crime, na oculta\u2022\u2039o do outro crime, na impunidade do outro crime ou na vantagem do outro crime. A conex\u2039o objetiva pode ser teleol\u2014gica (assegurar a execu\u2022\u2039o FUTURA de outro crime) OU consequencial (assegurar a oculta\u2022\u2039o, a impunidade ou a vantagem do outro crime, que Jç OCORREU ). O Òoutro crimeÓ NÌO PRECISA SER PRATICADO OU TER SIDO PRATICADO PELO AGENTE , pode ter sido praticado por outra pessoa. 14 (AgRg no REsp 1289 181/SP, Re l. Ministra LA URITA V AZ, QUIN TA TURMA, julgado em 17/10/2013, DJe 29/10/2013)Ó 15 PRADO, Luis Regis. Op. Cit ., p. 69 61316884600 - Flavio Santos Prof. Renan Araujo www. estr ateg iaco ncur sos. com.b r 9 de 10 D IRE IT O P ENAL P / PC - DF (20 1 8 ) Ð E SCRI VÌO Teoria e que st\u203aes Au la 05 Ð Pro f. R enan Arau jo ¥ ! FEMINICêDIO Ð Aqui teremos um homic\u2019dio qualificado em raz\u2039o de ter sido praticado contra mulher, em situa\u2022\u2039o denominada de Òviol\u2022ncia de g\u2022neroÓ. N\u2039o basta, assim, que a v\u2019tima seja mulher, deve ficar caracterizada a viol\u2022ncia de g\u2022nero. Mas como se caracteriza a viol\u2022ncia de g\u2022nero? O ¤2¼ -A do art. 121, tamb\u017dm inclu\u2019do pela Lei 13.104/2015, estabelece que ser\u2021 considerada viol\u2022ncia de g\u2022nero quando o crime envolver viol\u2022ncia dom\u017dstica e familiar ou menosprezo ou discrimina\u2022\u2039o \u02c6 condi\u2022\u2039o de mulher. ¥ ! CONTRA AGENTES DE SEGURAN\u201aA E DAS FOR\u201aAS ARMADAS Ð O homic\u2019dio tamb\u017dm ser\u2021 considerado ÒqualificadoÓ quando for praticado contra integrantes das For\u2022as Armadas (Marinha, Ex\u017drcito e Aeron\u2021utica), das for\u2022as de seguran\u2022a p\u0153blica (Pol\u2019cias federal, rodovi\u2021ria federal, ferrovi\u2021ria federal, civil, militar e corpo de bombeiros militar), dos agentes do sistema prisional (agentes penitenci\u2021rios) e integrantes da For\u2022a Nacional de Seguran\u2022a. Contudo, n\u2039o basta que o homic\u2019dio seja praticado contra alguma destas pessoas para que seja qualificado, \u017d necess\u2021rio que o crime tenha sido praticado em raz\u2039o da fun\u2022\u2039o exercida pelo agente. Se o crime n\u2039o tem qualquer rela\u2022\u2039o com a fun\u2022\u2039o p\u0153blica exercida, n\u2039o se aplica esta qualificadora ! Al\u017dm dos pr\u2014prios agentes, o inciso VII relaciona tamb\u017dm os parentes destes funcion\u2021rios p\u0153blicos (c\u2122njuge, companheiro ou parente consangu\u2019neo at\u017d terceiro grau). Assim, o homic\u2019dio praticado contra qualquer destas pessoas, desde que guarde rela\u2022\u2039o com a fun\u2022\u2039o p\u0153blica do agente, ser\u2021 considerado qualificado. 16 CUNHA, Rog\u017drio Sanches. Op. Cit., p. 58 ü ! E se houver mais de uma circunst\u2030ncia qualificadora (meio cruel motivo torpe, por exemplo)? Nesse caso, n\u2039o existe crime DUPLA OU TRIPLAMENTE QUALIFICADO . O crime \u017d apenas qualificado. Se houver mais de uma qualificadora, uma delas qualifica o crime, e a outra (ou outras) \u017d considerada como agravante gen\u017drica (se houver previs\u2039o) ou circunst\u2030ncia judicial desfavor\u2021vel 16 (art. 59 do CP), caso n\u2039o seja prevista como agravante. POSI\u201aÌO ADOTADA PELO STF . ü ! E se o crime for, ao mesmo tempo, privilegiado e qualificado (praticado por relevante valor moral e mediante emprego de veneno, por exemplo)? Nesse caso, temos o chamado homic\u2019dio qualificado-privilegiado . Mas, CUIDADO! Isso s\u2014 ser\u2021 poss\u2019vel se a qualificadora for objetiva (relativa ao meio utilizado), pois a 61316884600 - Flavio Santos

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