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PSF e campanhas

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
REGIONAL CATALÃO
CURSO DE PSICOLOGIA
ÉRICA CASTRO MORAIS
HANIELLY CRISTINNY MENDES CARVALHO
INVESTIGAÇÃO E MÉTODOS EM PSICOLOGIA: PROCESSOS CLÍNICOS
CATALÃO (GO)
2015
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
REGIONAL CATALÃO
CURSO DE PSICOLOGIA
TRABALHO DE CAMPO: PSF E CAMPANHAS
Trabalho avaliativo da disciplina de Investigação e Métodos em Psicologia: Processos Clínicos, ministrada pela professora Dra. Renata Wirthmann Gonçalves Ferreira, no curso de Psicologia da Universidade Federal de Goiás, Regional Catalão. 
CATALÃO (GO)
2015
1. INTRODUÇÃO
	Este relatório tem como objetivo apresentar o trabalho de campo realizado durante o primeiro semestre de 2015. Nossa principal preocupação é apresentar aos leitores as instituições que visitamos, bem como relatar as entrevistas realizadas com uma profissional da Psicologia atuante na Estratégia de Saúde da Família e com outros profissionais que atuam nessa estratégia, mas que não contam com a presença de um psicólogo.
	Antes de apresentar os resultados obtidos e as nossas considerações sobre essa atuação, propomos discutir teoricamente o que é um PSF, quais as campanhas que ele realiza quais suas políticas para o profissional da psicologia, enfim, apresentar um pouco de seu contexto teórico. Depois, apresentaremos os relatos das entrevistas mesclados com um pouco da teoria.
Para a realização deste trabalho nos orientamos, principalmente, pelo Guia Prático do PSF, elaborado pelo Ministério da Saúde no ano de 2001. E, o que podemos adiantar como conclusão, é que a política do PSF ainda não prevê a inclusão do profissional da Psicologia em sua estrutura. 
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O Programa de Saúde da Família (PSF) caracteriza-se como estratégia que possibilita a integração e promove a organização das atividades em uma área definida territorialmente com o propósito de enfrentar e resolver os problemas identificados. Ele pode ser designado também como Unidade de Saúde da Família (USF) e Estratégia de Saúde da Família (ESF). Alguns profissionais, como a psicóloga entrevistada, preferem a designação ESF, já que programa refere-se a um trabalho com começo e fim e a estratégia é um trabalho contínuo. 
De acordo com artigos lidos, o governo nem sempre visou o bem-estar da população. Foi somente em 1988, com a promulgação da nova Constituição Brasileira que se estabeleceu o lema: “Saúde é direito de todos e dever do Estado”. Ou seja, todo brasileiro tem garantido por lei o acesso às ações de prevenção, promoção e recuperação da saúde. Nesse processo, foi idealizado o Sistema Único de Saúde (SUS) que tem por base os princípios doutrinários da universalidade, equidade e integralidade.	Segundo alguns autores, como Rosa e Labate (2005) e De França e Viana (2006), apoiados na cartilha do Ministério da Saúde (2001), o PSF teve início quando o Ministério da Saúde formula em 1991 o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) com a finalidade de contribuir para a redução das mortalidades infantil e materna. A partir dessa experiência de bons resultados acumulada no Ceará com o PACS, o Ministério da Saúde percebeu a importância dos agentes nos serviços básicos de saúde nos municípios e começou a enfocar a família como unidade de ação programática de saúde, não mais enfocando somente o indivíduo, mas introduzindo a noção de cobertura por família.
Assim, de acordo com Oliveira et al (2007), o Programa de Saúde da Família, foi implementado em 1994 no Brasil, no governo de Itamar Franco (1992-94), representando uma estratégia de reorganização da atenção básica com vistas a resgatar os princípios de equidade, universalidade e integralidade do SUS e garantir o acesso da população de risco a ações em saúde. Em 1994, foi implantado o PSF nos vinte e seis Estados mais o Distrito Federal, contando, para isso, com o grupo inicial de duas mil e quinhentas equipes a beneficiar dois milhões de famílias. A implantação deste programa no Brasil levou em conta o desenvolvimento de tal modelo de assistência no Canadá, Cuba, Suécia e Inglaterra, que serviram de referência para a formulação do programa brasileiro.
Segundo Rosa e Labate (2005), este programa surgiu como uma proposta de mudança do modelo centrado no médico e no hospital para um modelo centrado no usuário (família) e na equipe. O modelo que tínhamos antes era muito tecnicista, dava mais atenção à cura do que à prevenção das doenças e, não atendia mais à emergência das mudanças do mundo moderno e, nem às necessidades de saúde das pessoas. Assim, o PSF se apresentou como uma nova maneira de trabalhar a saúde, tendo a família como centro de atenção e não somente o indivíduo doente. Seu objetivo, portanto, é tratar o indivíduo como sujeito dentro da sua comunidade sócio-econômica e cultural. Essa nova visão de assistência à saúde não espera a população chegar para ser atendida, pois age preventivamente sobre ela.
O Guia Prático do PSF (2001), formulado pelo Ministério da Saúde, traz que no modelo tradicional, a função dos centros de saúde, ou postos de saúde, se caracteriza pela passividade. Sem vínculo efetivo com as pessoas, sem responsabilidade maior com a saúde da comunidade, essas unidades se limitam a abrir suas portas e a esperar que cheguem as crianças para serem vacinadas ou pacientes para serem encaminhados a hospitais.
Já a USF trabalha dentro de uma nova lógica, com maior capacidade de ação para atender às necessidades de saúde da população de sua área de abrangência. A função da USF é prestar assistência contínua à comunidade, acompanhando integralmente a saúde da criança, do adulto, da mulher, dos idosos, enfim, de todas as pessoas que vivem no território sob sua responsabilidade. Assim, 
“O programa Saúde da Família faz parte de uma estratégia desenvolvida para promover mudanças no atual modelo de assistência à saúde do País, que dá mais atenção à cura do que à prevenção das doenças [...] os profissionais de saúde vão estar em contato com a comunidade, para orientar cada família a evitar doenças, fazer seu tratamento, quando for o caso, e ajudar a construir um ambiente saudável; [...] com isso, será possível humanizar o atendimento e, ao mesmo tempo, criar uma relação de confiança entre as equipes de saúde e a população” (Brasil, 1994, p. 01).
	A USF integra o sistema local de saúde e faz parte da rede municipal de saúde. Para sua implantação, os municípios devem analisar bem a situação da área onde vai funcionar cada USF. Ainda sob referências do Guia Prático do PSF (2001), a implantação do PSF, na maioria das cidades começa nas áreas de maior risco ou mais carentes de atenção básica à saúde. Essas áreas normalmente ficam na periferia, distantes do centro da cidade, onde não costumam chegar os serviços de saúde. As pessoas dessa área costumam ser pouco informadas sobre cuidados básicos com a saúde. Às vezes essas periferias não contam nem com rede de saneamento básico. Por razões desse tipo é que a maioria das prefeituras escolhe a periferia para começar a implantação do PSF. 
	Em relação aos grandes centros urbanos, Escoronel et al (2007) trazem que a implementação do PSF tem sido lenta, pois deparou-se com questões de maior complexidade relacionadas à concentração demográfica, ao elevado grau de exclusão no acesso aos serviços de saúde, a agravos de saúde característicos das grandes cidades e metrópoles e a uma oferta consolidada em uma rede assistencial desarticulada e mal distribuída. 
	O Guia Prático do PSF (2001) traz ainda que, ao ser implementada em um município, a Unidade de Saúde da Família requer a existência de tecnologia e equipamentos que permitam a solução dos problemas de saúde mais comuns numa comunidade. Em sua estrutura mínima, a USF deve ter: uma sala de recepção; um local para os arquivos e registros; um local para cuidados básicos de enfermagem, como curativos e outros pequenos procedimentos; uma sala de vacinação, de acordo com asnormas recomendadas pelo Programa Nacional de Imunização; um consultório médico; um consultório de enfermagem; sanitários; um espaço para atividades de grupo (por exemplo, de gestantes, de hipertensos) e para educação permanente da ESF; uma clínica odontológica com equipamentos, instrumentais e materiais necessários para o atendimento a saúde bucal, quando incorporado a saúde da família. Normalmente, o PSF é implantado em uma casa que é reformada para atender suas necessidades, mas o certo seria a construção de um espaço mais propício.
Fermino et al (2009) atenta que o funcionamento do PSF se dá mediante a implantação de equipes multiprofissionais em Unidades Básicas de Saúde (UBS), as quais são responsáveis pelo acompanhamento de um número definido de famílias, localizadas em uma área geográfica delimitada. As equipes atuam com ações de promoção da saúde, prevenção, recuperação, reabilitação de doenças e agravos mais frequentes, e na manutenção da saúde desta comunidade.
Escoronel et al (2007), pautados nos dados do Ministério da Saúde, definem que cada equipe deve conhecer as famílias do seu território de abrangência, identificar os fatores determinantes do processo saúde/doença do indivíduo, das famílias e da comunidade, elaborar um programa de atividades para enfrentar os determinantes do processo saúde/doença, desenvolver ações educativas e intersetoriais relacionadas com os problemas de saúde identificados e prestar assistência integral às famílias garantindo o funcionamento do PSF. 
Novamente, citamos o Guia do PSF (2001), que aponta que os candidatos para preenchimento de vagas dessas equipes devem ser avaliados por sua aptidão, postura e vivência, mediante situações de problemas da comunidade. O processo seletivo se inicia com o recrutamento e termina com a aprovação dos candidatos. Mas os municípios fazem essa seleção através de concursos ou contratos, que podem ser revogados a qualquer momento e os profissionais podem ser “trocados”. Isso pode ser um empecilho quanto ao trabalho em equipe do PSF, pois a troca excessiva dos membros das equipes por motivos políticos impossibilita o estabelecimento de vínculos e o avanço das ações e a relação equipe-família-comunidade. 
Essas equipes são compostas por: médico generalista, enfermeiro, auxiliar de enfermagem, assistente de saúde bucal, odontólogo, agentes comunitários de saúde, podendo, de acordo com necessidades particulares definidas pelos municípios, absorver outras categorias profissionais. É condição essencial, para o êxito da Saúde da Família, que todos eles trabalhem 8 horas por dia, o que dá 40 horas por semana. É recomendado que se tenha três equipes de saúde em cada USF, cada qual é responsável por cerca de 600 a 1 000 famílias (2 400 a 4 500 habitantes).
Dentre as principais responsabilidades e campanhas a serem executadas pelas equipes de saúde da família estão: ações de Saúde da Criança (exemplo: vacinação), ações de Saúde da Mulher (prevenção de câncer de mama e de colo de útero), ações de Saúde do Adulto, ações de Saúde do Idoso, controle da hipertensão, controle da Diabetes Melittus, controle da Tuberculose, eliminação da Hanseníase, ações de Saúde Bucal, controle do Tabagismo, Tratamento da Ansiedade, distribuição de medicamentos da farmácia popular para indivíduos regularmente cadastrados, prevenção e distribuição de camisinhas para eliminar os riscos de DSTs, controle e prevenção contra a Dengue. Algumas dessas campanhas são realizadas a nível nacional, como por exemplo, a do Tabagismo, a da Saúde da Mulher; já outras se realizam a nível municipal, de acordo com a demanda da população.
Rosa e Labate (2005), baseados nos dados do Ministério da Saúde, ressaltam que as equipes, funcionando adequadamente, são capazes de resolver 85% dos problemas de saúde em sua comunidade, prestando atendimento de bom nível, prevenindo doenças, evitando internações desnecessárias e melhorando a qualidade de vida da população.	Para realizar as ações propostas, as equipes devem fazer o cadastramento das famílias. O cadastramento dos usuários deve ser realizado pelos agentes comunitários, no próprio domicílio, por meio de entrevista durante a visita à família. É fundamental que os dados provenientes do cadastramento tenham a melhor qualidade possível. Com isso é feito um cartão da família que contém o endereço da residência da família, o nome agente comunitário da região e o nome de cada membro da família seguido pelo sexo e idade. Ao procurar sua unidade de saúde da família para um atendimento, o usuário deve apresentar esse cartão da família e também o cartão nacional do SUS, este último é emitido na Secretaria Municipal de Saúde. 
Os profissionais citados acima que compõem a equipe devem trabalhar de forma interdisciplinar, para quebrar a costumeira divisão do processo de trabalho em saúde, onde cada profissional atua isoladamente.	Rosa e Labate (2005), trazem que no processo de transformação do modelo assistencial, o trabalho em equipe interdisciplinar e a inclusão da família como foco de atenção básica, ultrapassando o cuidado individualizado focado na doença, podem ser ressaltados como progressos da atenção à saúde e como contribuição do PSF para modificar o modelo biomédico de cuidado em saúde. 
Nas pesquisas de Oliveira et al (2007), os entrevistados acreditam que a inserção de outros profissionais, como psicólogos, assistentes sociais e nutricionistas na ESF, poderia favorecer uma atuação mais integral, a adoção de novas formas de trabalho que compartilhassem saberes distintos e de outros campos do conhecimento.
Atualmente, poucos são os psicólogos que se encontram realizando atividades junto à atenção básica à saúde. Segundo Da Costa e Olivo (2009), o debate acerca da importância da inserção do psicólogo nos serviços públicos de saúde vem crescendo nos últimos anos. Em 2006, o Conselho Federal de Psicologia discutiu sobre as contribuições que a psicologia pode oferecer à saúde pública, visando ampliar e fortalecer a presença do psicólogo nas diversas áreas da saúde: postos, ambulatórios, hospitais, capacitação e gestão de pessoal ou na direção de serviços “porta” do sistema. 
Ainda que não tenha uma política que fale sobre as funções de um psicólogo no PSF, é possível buscar em alguns autores, através de suas pesquisas e vivências, que o psicólogo tem algumas tarefas dentro do PSF. Para Da Costa e Olivo (2009) a primeira seria a de uma atuação visando à integralidade da atenção, através de uma atuação interdisciplinar entendida como um processo em constante construção e interação entre os profissionais de saúde (equipe) e a comunidade. O psicólogo deve ser o vetor de articulação entre os demais profissionais da equipe de saúde, buscando trabalhar conflitos e angústias inerentes ao processo de trabalho em equipe e com a saúde, estimulando a reflexão e a troca de informações sobre a população atendida, de modo a facilitar sua avaliação e evolução clínica. Ele deve mostrar à equipe que sua participação é fundamental na compreensão do processo psicodinâmico do paciente e da família, resgatando a importância de sua inclusão e a valorização na atenção básica. Acima de tudo, o psicólogo deve atuar em parceria com os agentes comunitários, pois estes são como facilitadores de práticas interdisciplinares, pois estão carregados de informações sobre as famílias, sendo os que mais mantêm contato com tais. 
Cardoso e Silva (2004), após a realização de um projeto de extensão em um PSF em Vespasiano (MG), trazem que o psicólogo assim como qualquer outro profissional deve realizar atendimentos individuais, visitas domiciliares, grupos de psicoterapia, grupos temáticos, teatro informativo, participação em reuniões de equipe multidisciplinar de saúde e grupos informativos. Devem, também, atuar junto à comunidade, difundindo informações sobre saúde mental e fazendo uma identificação das pessoas com comprometimentos emocionais que demandem assistência psicológica. 	Com a implantação da Psicologia no PSF a saúde mental seria também incluídana atenção básica, visto que ela vem sendo negligenciada. Embora a atenção à saúde mental seja parte importante das necessidades de saúde, e se configure como demanda cada vez mais frequente, a equipe do PSF não integra o profissional psicólogo em sua composição, ficando as demandas que requerem atuação específica deste campo sob tutela de profissionais de outras áreas da saúde. 
Firmino et al (2009) aponta que os psicólogos que atuam em programas públicos de saúde mental, no nível da atenção básica, o fazem por meio de sua vinculação aos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). Na maioria das vezes, é através dos CAPS que se desenvolve a articulação entre a atenção à saúde mental da população e as equipes do PSF, onde este último encaminha as demandas psicológicas que batem a sua porta ao CAPS e, diante disso, o CAPS se sobrecarrega com tantas funções. 
A Psicologia é importante no PSF, pois além de dar assistência e apoio ao CAPS com tantas demandas, ajuda as famílias a lidarem melhor com os “ex-usuários do manicômio”. Com a reforma psiquiátrica, segundo França e Viana (2006), houve a desconstrução da psiquiatria manicomial, por meio da humanização do serviço e desinstitucionalização dos usuários, implicando maior participação da família e mesmo da sociedade no tratamento destes usuários. O PSF, frente à reforma psiquiátrica, possibilita ao psicólogo trabalhar questões referentes à prevenção e à promoção da saúde mental da população de maneira geral e a reabilitação daqueles que sofreram déficits e sequelas, proporcionando a possibilidade de saírem da condição de loucos, alienados, para a condição de atores do próprio processo de saúde e doença, e, em consequência, favorecendo a construção da cidadania.
Através dos artigos estudados observamos que o psicólogo não tem um incentivo do governo e nem do Ministério da Saúde para atuar na atenção básica. Aqueles que atuam nesse serviço têm vínculo empregatício precário, grande sobrecarga de tarefas e baixos salários. Mas isso se estende aos outros profissionais também, que tem carga horária maior e salário menor, comparados ao profissional médico, por exemplo.
As dificuldades e resistências que os psicólogos vêm enfrentando quando inseridos em serviços de atenção básica à saúde são inúmeras. Primeiro, está sua prática, que é centrada nos modelos de consultórios particulares. Depois vem a dificuldade de aceitação por parte dos outros profissionais. Através de textos lidos, percebemos que os autores trazem a deficiência dos ensinos superiores frente à prática dos psicólogos diante da saúde pública e coletiva. A maioria dos textos traz que o profissional da psicologia está fechado ao consultório clínico e não sabe atuar diante de questões coletivas.
 Fermino et al (2009) também concordam com as colocações acima de que as limitações decorrem pela formação acadêmica, pois esta ainda não capacita os futuros psicólogos a transcender o foco de atuação individual, no contexto clínico, para uma abordagem voltada à saúde coletiva, e pela inserção incipiente do profissional psicólogo na equipe de saúde básica, o que dificulta sua capacitação continuada e a legitimidade de seu trabalho nesse contexto. Deparamo-nos, então, com a necessidade de pensarmos os modos de atuação do psicólogo em contextos que diferem daquele que estamos acostumados a fazer, que é a prática clínica privada e individualista. 
Por fim, acreditamos, de acordo com França e Viana (2006), que este profissional da psicologia deve delinear seu espaço, seus limites e suas possibilidades. O psicólogo apresenta pelas habilidades e competências capaz de acolher, escutar e diagnosticar, encaminhando aos serviços de referência os casos mais complexos ou que necessitam de reabilitação e ele deve mostrar isso à comunidade e à equipe de saúde com qual pode atuar. 
3. ENTREVISTAS E DISCUSSÃO
Para a realização deste trabalho de campo, fomos atrás de PSFs que possuíam o profissional da psicologia. Não foi fácil encontrar, principalmente porque como relatado, esse profissional não está politicamente inserido neste contexto. Visitamos instituições que possuem o profissional da psicologia e outras que não possuem e comparamos os resultados na questão da melhoria da saúde quando este profissional está presente. Os nomes, estrutura e criação das instituições visitadas serão descritos no decorrer dessa etapa do trabalho. A entrevista realizada com a psicóloga Paula Nogueira Faria se deu no dia 23 de Abril de 2015 às 15h00min na Unidade Básica de Saúde João Moreira de Castro, no Bairro São João em Catalão, Goiás. Paula se formou na Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC) no ano de 2006 e atua em Unidades Básicas de Saúde (UBS) trabalhando com campanhas da Estratégia de Saúde da Família (ESF).
	A psicóloga atualmente atua na Estratégia de Saúde da Família (ESF) Américo Machado no Distrito de Santo Antônio do Rio Verde, e nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) Prefeito Divano Elias Da Silva e João Moreira de Castro, ambas situadas em Catalão Goiás. Nessas duas UBSs, Paula faz um trabalho com campanhas que se insere no âmbito do PSF. 
	Como visto na teoria, o PSF pode funcionar em uma estrutura de Unidade Básica de Saúde. A diferença entre UBS e PSF está no fato de que o primeiro atende demandas da atenção primária e secundária de saúde, necessitando de profissionais especializados em diferentes áreas. O PSF, por sua vez, volta-se à atenção primária da saúde, contando com um menor número de profissionais e atende uma população adstrita. Assim, como relatado por Paula, é possível realizar tarefas do PSF, como as campanhas, dentro de uma UBS. 
	A Estratégia de Saúde da Família (ESF) Américo Machado fica no Distrito de Santo Antônio do Rio Verde a 70 km de Catalão e é endereçada na Rua Juracy R. Pontes, s/n. Santo Antônio do Rio Verde é um distrito do município de Catalão, no estado de Goiás. O povoado foi fundado em 1830 e localiza-se a oeste do referido município. É um importante produtor de grãos, sobretudo soja e milho. O distrito tem aproximadamente cinco mil habitantes.
 Essa unidade de ESF foi modernizada recentemente, no ano de 2012, e é uma casa que foi reformada e adquiriu um caráter de UBS/ESF. Depois da reforma de 2012, conta com espaços mais amplos e definidos, como: recepção, sala de curativos e vacinação, consultórios médico e odontológico, sanitários, cozinha, sala de esterilização, de serviços gerais, enfim espaços mais organizados. O que nos chamou atenção é que nesta ESF a psicóloga possui uma sala que é somente sua. Isso não acontece nas outras unidades visitadas. 
 Paula está atuando desde 2013 nessa instituição. Lá ela atende a demanda do Distrito, ou seja, crianças, adolescentes, adultos, idosos, demanda das escolas entre outras. Tudo isso sobrecarrega sua jornada de trabalho diária. Até Janeiro de 2015 era psicóloga exclusiva do Distrito e ficava de segunda a sexta no mesmo. Porém por problemas na gestão e pela saída de outros psicólogos ela foi designada a desempenhar outros programas do município em novas unidades de saúde. De acordo com o Guia do PSF, a troca contínua desses profissionais pode ser um empecilho para ao trabalho em equipe do PSF, causando impossibilidades de estabelecimentos de vínculos, afetando também o avanço das ações e a relação equipe-família-comunidade.
Sobre seu trabalho realizado no Distrito, a psicóloga disse que acompanha alguns programas como, por exemplo, o Hiperdia que é um programa de prevenção, controle e tratamento da Hipertensão Arterial e Diabetes e, realizava outros programas como o das gestantes e o do grupo de pais, que têm filhos de quatro a 17 anos, para orientá-los frente à saúde da criança e do adolescente. 
	Indagada sobre as demandas do Distrito ela diz que as mais apresentadas vêm da escola, e está relacionada à dificuldade de aprendizagem e ansiedade das crianças. De acordo com a psicóloga isso se dá por ser uma população rural, a maioria dos pais trabalha o dia todo nas plantações e não tem tempo de acompanhar tais criançasem seu dia-a-dia e em suas tarefas escolares. Algumas das crianças ajudam seus pais no trabalho. Assim, as crianças têm uma criação mais “solta” e muitas delas apresentam indisciplina no contexto escolar. Os professores intitulam essa indisciplina como dificuldade de aprendizagem e ou ansiedade.
Apesar de ter a psicanálise como abordagem, ela relata a grande dificuldade em trabalhar apenas com ela na sua área de atuação. Segundo ela, é difícil realizar seu trabalho de maneira que enfoque somente o indivíduo em sua particularidade. A partir disso podemos refletir, embasados teoricamente, sobre a insuficiência dos ensinos superiores frente à prática dos psicólogos, onde na maioria das vezes focam muito na prática restrita ao consultório. Quando o profissional se depara com obstáculos de se aplicar tal prática no contexto de serviços de saúde pública e coletiva, ele se vê com grandes dificuldades de atuar diante de questões coletivas.
Assim, a psicóloga utiliza-se de diferentes técnicas de atendimento para cada contexto e demanda como veremos mais a frente. No Distrito ela realiza a psicoterapia breve, pois além de ser mais rápida, garantindo melhor adesão do paciente, o atendimento grupal não funcionou, por ser uma região muito pequena onde todos eram conhecidos ou parentes, os indivíduos não se sentiam a vontade para falar. Portanto, foi mais viável a prática de atendimentos mais específicos como a orientação de pais, por exemplo. Porém, seus programas não são realizados só individualmente como supracitado.
Sobre seu trabalho na UBS João Moreira de Castro ela relata estar atuando desde o início deste ano todas as quintas-feiras. Seu horário é das 11h00min as 17h00min. A UBS João Moreira de Castro não é tida como um PSF, mas conta com os programas deste que são desempenhados pelas psicólogas. Essa unidade é praticamente uma casa que acomoda instalações de uma unidade de saúde, é um espaço amplo, porém, as áreas não são muito bem divididas, mas conta com recepção, consultórios médicos, sala de curativos, sala de pesagem de gestantes entre outras. Essa unidade conta com duas psicólogas a Paula que trabalha com o tabagismo e a Flávia que trabalha com programas de ansiedade e depressão. 
Nesta unidade a psicóloga não tem uma sala própria para o atendimento, assim quando um atendimento é agendado a outra psicóloga fica de sobreaviso e deixa a sala liberada para que o atendimento possa ocorrer ou ele é realizado em outra sala que esteja disponível. Paula afirma que existiam duas salas exclusivas para o programa do tabagismo, mas que uma foi readaptada e atualmente está sendo realizada a pesagem de gestantes. Percebemos que isso pode gerar certo desconforto tanto para o profissional quanto para o paciente que em cada dia é atendido em um lugar diferente, além disso, pode surgir uma maior dificuldade de adesão ao tratamento por não se adaptarem ou reconhecerem o lugar onde estão. O profissional pode se sentir menos valorizado do que outros que tem sua própria sala e não necessitam ficar a procura de uma.
Sobre as campanhas da unidade ela cita as de ansiedade e do tabagismo. A campanha da ansiedade é uma realização do município já a do tabagismo é do Governo Federal. Sobre o trabalho realizado na campanha do tabagismo ela afirma realizar orientação e apoio com as pessoas que querem para de fumar e que esta tem demanda livre, ou seja, o atendimento não é realizado apenas com pacientes marcados e encaminhados. 
Os atendimentos são realizados em grupo e individualmente. O individual é direcionado para as pessoas que estão apresentando maior dificuldade para parar de fumar, que tem alguma comorbidade como depressão e ansiedade, por exemplo. Em alguns casos mais complicados é viável comunicar e conversar com a família do paciente. Para as pessoas que apresentam menor dificuldade o atendimento é realizado em grupo.
São realizadas quatro reuniões grupais obrigatórias, depois disso, o paciente passa pelo médico para pegar sua receita e consequentemente sua medicação e, as reuniões não se tornam mais obrigatórias. Alguns vão de mês em mês, de 15 em 15 dias, outros toda semana, isso depende muito do paciente, o que torna os frequentantes do programa uma população flutuante. 
De acordo com ela a instituição apresenta todo o apoio necessário para o público da campanha desde a distribuição de remédios, como o BUP que é um remédio controlado, adesivos, goma de mascar, consulta com médicos, com nutricionistas, até a distribuição de livretos e materiais ilustrativos de como tomar os medicamentos, como parar de fumar, etc. De acordo com a psicóloga o programa realmente funciona.
	O seu trabalho na UBS Prefeito Divano Elias Da Silva são todas as quartas-feiras e também atua desde o início deste ano. O público dessa unidade se dá a partir de encaminhamentos e demanda livre. Os atendimentos são para controle de ansiedade e depressão leve e se dá para “desafogar” o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS). Como vimos muitas vezes o CAPS se sobrecarrega com tantas demandas e funções, então, alguns programas são criados na intenção de diminuir essa sobrecarga como, por exemplo, o da ansiedade e depressão leve.
Sobre essas campanhas de ansiedade e depressão geralmente as pessoas não chegam tão bem informadas quanto na campanha do tabagismo. 
	Depois de conversarmos sobre cada local de trabalho da psicóloga, focamos um pouco no profissional de psicologia. Sobre a inserção do psicólogo na ESF ela afirma ser tudo muito recente, mas que acha muito importante. 
 Sobre a aceitação do seu trabalho pela equipe essa é vista por ela como um pouco conflituosa. Pela comunidade ela não vê tanta dificuldade, apenas com uma população específica de professores da rede municipal. Ela grifa ser um público que tem dificuldade de aceitar o nosso trabalho: “São as pessoas que mais encaminham alunos e são as que menos aceitam nossas orientações”. 
 Além disso, ela relata o pouco conhecimento e o preconceito que as pessoas ainda têm com o profissional da nossa área. Segundo ela isso vem principalmente dos profissionais da saúde e justifica essa atitude com a falta de entendimento deles sobre a nossa função. Isso apenas reafirma a dificuldade de aceitação dos psicólogos por parte de outros profissionais como expomos teoricamente.
	Quando indagada sobre os principais desafios que enfrenta para a realização do seu trabalho ela afirma que o principal é mostrar para os outros profissionais a importância do psicólogo, o nosso papel e em seguida para a população. Afirma ainda que muitas vezes a população é mais esclarecida sobre isso do que os próprios profissionais da saúde. Segundo ela isso pode ser mudado com a postura do próprio profissional de psicologia, e que não devemos deixá-los nem nos deixar acomodar, e sim mostrar a toda a equipe o valor e a importância da ação do psicólogo naquele ambiente.
	Pensando nisso o trabalho interdisciplinar pode ser de forte potencial para a quebra dessa cristalização de papéis. Ela comenta que o trabalho interdisciplinar pode contribuir muito para o seu trabalho, pois “quando o outro profissional entende o nosso papel, ele começa a ver com outros olhos o que o psicólogo pode fazer por aquele ser humano”. Além disso, os profissionais conseguem pensar no que pode ser feito juntos para ampliar o serviço, e o que pode ser feito no sentido de prevenção. Ela exemplifica com o programa do tabagismo, que é um programa que poderiam ampliar bastante, pensando todos juntos nas possibilidades de atuação.
 De acordo com ela quando profissionais de diversas áreas pensam juntos dá uma dimensão diferente para o trabalho. “Quando o outro profissional não encara muito bem e não sabe o que você faz ele acaba ficando acomodado, ele não te insere no trabalho e consequentemente não expande tanto o programa. Não promovem pensamentos de levar os programas para a comunidade, e de como o psicólogo poderia estar atuando nas reuniões de equipe como coadjuvante, por exemplo”.
O trabalho do psicólogo nessa equipe multidisciplinar seria,para ela, como de qualquer outro profissional. Portanto ela afirma que quando se fala em trabalho interdisciplinar não é cada um desempenhando seu papel, ou seja, o psicólogo realiza sua função de psicólogo, a enfermeira faz o seu papel de enfermeira, o farmacêutico de farmacêutico, o médico de médico, mas sim todos pensando juntos, e com isso pensarmos e fazermos uma nova ação. Assim o trabalho interdisciplinar para ela não é visto como uma possibilidade de prejudicar o trabalho, mesmo que ocorram embates, mas sim como uma contribuição para o mesmo.
Questionamos também se ela considera as atividades que realiza preventiva e de promoção de saúde. De acordo alguns autores, em relação à prevenção, o psicólogo poderia agir com orientação, planejamento familiar, orientação à terceira idade e a sexualidade dos adolescentes; lazer, acompanhamento ao desenvolvimento infantil, tendo em vista à detecção precoce e intervenção em problemas e ou atrasos, acompanhamento a grupos de gestantes, acompanhamento à clientela de programas e subprogramas de saúde de adulto em problemas específicos de saúde tais como: hipertensos, hansenianos, diabéticos, desnutridos, dentre outros. Sobre isso ela afirma que considera sua prática como de promoção de saúde, pois auxilia na evolução do paciente que chega com a saúde abalada. Mas considera não preventiva, pois a população procura a psicologia quando seu estado já esta agravado. Existe uma tentativa de uma prática preventiva, mas de acordo com ela as pessoas ainda não conseguem ver o psicólogo para a prevenção, elas vêem o psicólogo como um remediador da situação.
Perguntamos se o trabalho que desempenha preenche suas expectativas em relação a sua formação e porque ela escolheu essa área de atuação. Ela afirma que gosta de trabalhar no setor público, e que desde a graduação foi para a área pública.
 Sobre as expectativas ela diz que não preencher tanto, e que quando somos estudantes realizamos mais trabalhos voltados à prevenção, pois somos mais motivados, mais engajados, mais estimulados e temos mais vontade. Depois, quando estamos atuando, lidamos diretamente com as dificuldades e perdemos todo o gás que nos estimula. Aponta também que isso não ocorre apenas com os psicólogos, mas com a maioria do serviço público.
Sobre a prevenção ela afirma que esta fica restrita às campanhas de vacinação e que existem muitas campanhas preventivas no serviço público, mas que muitas não são postas em prática. Sobre as campanhas de vacinação ela explica que não existe uma procura pelo profissional de psicologia e que muitas vezes nem são chamados para tal. 
Sobre as campanhas executadas por ela perguntamos se alguma já partiu do seu interesse ou se ela só executa as mandadas pelo governo e município. Sobre isso ela diz que não se tem tanta liberdade para criar algo novo. O que se pode é fazer algo novo dentro daquilo que é dirigido. Exemplifica com o programa do tabagismo, ele é um programa do Governo Federal “você tem que executá-lo, mas a forma que você vai executar é você quem decide”. 
Diz ainda não ter vontade de criar um programa até porque nunca lhes foi dada essa hipótese. Acredita que tudo que tinha que ser feito e criado em questão de programas referente à saúde existe no Programa de Saúde da Família, então o que tem que ser feito já existe. O que difere é forma de desempenhar de cada profissional.
Nas campanhas a forma de execução é livre e existe todo um apoio do Ministério da Saúde quanto a materiais para realizá-las. O Ministério da Saúde e o SUS são programas excelentes no papel, a prática dele que não é, mas se forem usados como auxiliares em campanhas dá para fazer muita coisa. 
Releva ter vontade de fazer um programa de orientação sexual para adolescentes, mas é uma coisa muito complicada. Conta que no Distrito de Santo Antônio do Rio Verde começou a realizar esse trabalho e foi obrigada a tirar férias um mês antes do previsto, por não ter aceitação da população. Essa não foi a primeira vez que tentou realizar um trabalho amparado pelo Ministério da Saúde e não foi bem aceito, como o programa de drogas, por exemplo. Ela alega que esses são temas muito tabus ainda, mas que apesar disso gosta muito de trabalhar com esses temas por ser um grande desafio. Porém, frisa que não são programas com temas criados por ela, eles já existem.
Sobre seu reconhecimento profissional e financeiro afirma que pelo seu trabalho no PSF é pouco em comparação com outros profissionais. Caminhando para o fim da entrevista a psicóloga nos forneceu cartilhas e materiais da campanha do tabagismo desempenhada por ela.
Realizamos outras três entrevistas em locais que funcionam como PSF, mas que não contam com o profissional da Psicologia. Uma dessas entrevistas foi com Graciele, formada em enfermagem na PUC-GO há sete anos e atuante como coordenadora do PSF CAIC (unidade mista - UBS/PSF). Ela trabalha nesse local há quatro anos e meio. O PSF CAIC situa-se à Rua Tenente Coronel João Cerqueira Neto, no Jardim Primavera, em Catalão–GO. O local fica junto à Escola CAIC. Possui uma estrutura diferente dos demais locais visitados, mas conta com um espaço amplo. 
A outra entrevista foi com Raquel, também formada em enfermagem há 13 anos pela UNIPAC de Araguari. Raquel também é coordenadora da UBS/PSF Paulo Tarso Salviano, na qual está atuando há sete meses. Esta unidade localiza-se à Rua Ricardo Paranhos, bairro Pio Gomes, Catalão-Go. A estrutura dessa instituição também se compara muito a de uma casa que foi reformada para implantação de um sistema de saúde pública. 
	Por fim, a última entrevista foi realizada com uma estagiária do curso de enfermagem da UFG que atua na UBS/ESF Albino da Silva Barbosa, situada na Rua Antônio Horácio Pereira, 1710, setor Ipanema, em Catalão-GO. Esta unidade se difere das outras em sua estrutura. Enquanto as outras são casas reformadas, esta é uma construção própria para realização de atendimentos em saúde, contando com espaços amplos e arejados, sala de vacina, cozinha, banheiros, sala de curativos, consultório medico e odontológico, sala de esterilização, recepção, sala propicia para ações de prevenção em saúde da mulher, tudo o que o Guia Prático do PSF (2001) traz como necessário à estrutura de um PSF. 
	Essas três unidades são mistas, ou seja, funcionam como UBS e ESF. Graciele nos informou que Catalão hoje conta com 11 unidades mistas, mas de acordo com nossas pesquisas, as que mais atuam no contexto de ESF são as dos setores: Ipanema (UBS/ESF Albino da Silva Barbosa), Jardim Primavera (PSF CAIC), Pio Gomes (UBS/ESF Paulo Tarso Salviano) e São João (João Moreira de Castro). Assim mesmo, essa última não é tida como ESF, mas a psicóloga entrevistada trabalha com campanhas da ESF nesta unidade. 
	Nessas três unidades de saúde da família que não conta com um psicólogo, percebemos, nos discursos das entrevistadas, que elas sentem falta de um psicólogo, porém dão maior importância à presença de um fisioterapeuta e um nutricionista. 
	Todas essas unidades contam com um médico, odontólogo, técnicos de enfermagem e agentes de saúde. Para Graciele, é um número reduzido de profissionais para atender toda a demanda que aparece, ela diz que precisaria de pelo menos mais uma equipe de profissionais. O certo, segundo o Guia Prático do PSF (2001) seria necessário pelo menos três equipes em cada unidade. Mas na prática, observamos que isso não acontece, e as equipes se sobrecarregam atendendo tanta demanda ou não dão conta de atender a todos. 
	Raquel nos informou que a unidade em que atua não é só ESF, pois não atendem uma população adstrita, limitada. De acordo com o que expomos na teoria, para ser considerado uma ESF deve-se promover atividades em uma área definida territorialmente. Essa unidade atende cerca de nove bairros, e destes, apenas quatro tem o benefício de receber um agente comunitário em suas casas. A unidade conta com quatro agentes que se responsabilizam por assistir 706 famílias. Respaldadas novamente pelo Guia, cadaequipe pode atender de 600 a mil famílias, então, nesse caso, não fugiu das regras, mas a equipe de agentes comunitários de saúde (ACS) deve ser composta por seis integrantes. 
	Em relação às campanhas, essas três unidades trabalham com campanhas de vacinação, saúde da mulher, da criança, campanhas contra dengue, entre outras. Essas campanhas são realizadas principalmente pelas enfermeiras-chefes. Os agentes de saúde são responsáveis pela divulgação de tais campanhas e por trazer os casos mais extremos que necessitam de uma visita a domicílio pela equipe médica. Neste trecho da entrevista percebemos a importância de estabelecer um contato maior com os agentes comunitários de saúde, pois como discutimos na fundamentação teórica, estes são os que têm mais contato com a população e sabe de suas demandas, podendo também informá-la das campanhas oferecidas pelo PSF.
	Em relação ao trabalho em equipe, todas as entrevistadas dizem ter um trabalho em equipe satisfatório. Todas as unidades relataram a realização de reuniões mensais para expor problemas e conflitos entre a equipe e entre esta e a população.
	As demandas psicológicas que aparecem nessas unidades são encaminhadas para o CAPS. Graciele diz ter sorte do CAPS ser próximo do PSF CAIC e, por isso, diz não sentir tanta falta de um profissional ali na unidade para atender à população. Ela sente falta desse profissional na organização interna, principalmente para fazer um trabalho com as recepcionistas, pois segundo ela são as que mais precisam de um apoio, sendo que tem dias que são agredidas verbalmente. Algumas choram, outras se estressam e entram no bate-boca com o paciente. Essas questões já foram levadas as reuniões várias vezes, mas sentem a necessidade de um psicólogo para acolher as recepcionistas. Sente falta desse profissional também nas visitas a domicílio que realizam. Alguns pacientes necessitam que esse profissional chegue até ele, como é o caso de uma moça de 20 anos, que Graciele citou e que está com leucemia. Essa está com uma autoestima baixíssima, seu discurso é que não tem mais vontade de viver. Em outro caso que Graciele sente falta do psicólogo é na promoção de oficinas ou grupos, este profissional poderia orientar uma conversa entre os demais profissionais e os pacientes, e a cada semana poderia promover uma oficina diferente. 
	Raquel diz sentir muita falta de um psicólogo na unidade, pois quando atuava em Três Ranchos em uma ESF, além do psicólogo contava também com o auxílio do fisioterapeuta e do nutricionista. A equipe, sempre que necessário, discutia o caso de um paciente em conjunto e isso evitava um trabalho individualizado e desfocado, como é o que acontece nas unidades. Novamente respaldadas pela teoria, acreditamos que os profissionais que compõem a equipe devem trabalhar de forma interdisciplinar, para quebrar a costumeira divisão do processo de trabalho em saúde, onde cada profissional atua isoladamente.
	Para as entrevistadas a presença de um psicólogo nessas unidades melhoraria tanto a atuação e interação da equipe multiprofissional, como também ajudaria os pacientes que viessem à procura e que não são poucos. O profissional que adentrar o contexto do PSF deve ser flexível, atender a demanda individual e promover grupos de discussão sobre saúde, deve participar das visitas a domicílio 
	Todas também relataram que um psicólogo seria bem recebido nas unidades, e que a equipe trabalharia melhor com o auxílio deste, visando cada vez mais um atendimento humanizado na saúde pública. 
	Quando indagadas sobre como vêem o psicólogo seus discursos pareceram confusos. Elas não sabiam bem as ações de um psicólogo, elas concentraram em dizer que o psicólogo poderia ajudar a promover diálogos entre a equipe e entre esta e a população. Através desses discursos concordamos com França e Viana (2006) que dizem que o psicólogo deve conquistar seu espaço demonstrando na prática as ações que pode realizar dentro da saúde pública para melhorar tal. 
	Pautadas na teoria, acreditamos que o psicólogo inserido nessas unidades visitadas acima teria o papel de favorecer uma atuação mais integral, a adoção de novas formas de trabalho que compartilhassem saberes distintos e de outros campos do conhecimento. Ele deve mostrar à equipe que sua participação é fundamental na compreensão do processo psicodinâmico do paciente e da família, resgatando a importância de sua inclusão e a valorização na atenção básica. Deve realizar atendimentos individuais, visitas domiciliares, grupos de psicoterapia, grupos temáticos, teatro informativo, participação em reuniões de equipe multidisciplinar de saúde e grupos informativos. Atuar junto à comunidade, difundindo informações sobre saúde mental e fazendo uma identificação das pessoas com comprometimentos emocionais que demandem assistência psicológica.
4. CONCLUSÃO
	Pudemos perceber durante a realização deste trabalho e das entrevistas realizadas a grande dificuldade de se encontrar o profissional de psicologia no contexto do PSF. Além disso, sua inserção nesse contexto não é prevista pelo Ministério Público da Saúde. Apenas no ano de 2006 o Conselho Federal de Psicologia colocou em pauta a discussão sobre a atuação desse profissional na atenção básica à saúde.	
	O psicólogo ainda tem dificuldades de reconhecer quais suas funções nesse contexto, isso porque há pouco tempo vêm se fazendo discussões sobre sua atuação na atenção básica à saúde. 
	Outro problema que encontramos foi o trabalho individualizado e desfocado dos profissionais, isso dificulta ainda mais um trabalho humanizado e com uma equipe que trabalhem de maneira interdisciplinar. Acreditamos que esse trabalho interdisciplinar é de suma importância no âmbito do PSF, porque este surge como elemento que visa transformar as antigas práticas curativas em ações mais abrangentes de promoção e prevenção em saúde, acionando e articulando os diversos campos de saberes e atuação e, que podem vir a integrar a equipe mínima desse programa. 
Além disso, a falta de uma equipe completa pode deixar a desejar no atendimento dos seus pacientes, aqui nota-se a necessidade de inclusão de outros profissionais para garantir a integralidade das ações e para um melhor atendimento. Percebemos ainda que muitas ESFs não têm a presença do psicólogo e, este ao ser inserido nessas unidades trabalharia juntamente com a equipe, os pacientes e seus familiares promovendo saúde e um quadro de profissionais menos desfocado, realizando orientações em grupo e individual, participando ativamente nas campanhas.
	Já no contexto da ESF que tem o profissional de psicologia, sentimos falta de um trabalho maior do psicólogo com a família do paciente, acreditamos que esse trabalho é de suma importância, pois a família também deve ser trabalhada e não só o paciente em sua individualidade. Esta deve ser trabalhada por ser e estar a mais próxima do paciente. A família e paciente sofrem juntos quando surge um problema, doença ou vício. O psicólogo tem papel de informá-los, instruí-los e ouvi-los, atendendo e ajudando-os nesse momento de adaptação e transição. É importante então considerar não apenas o paciente, mas ampliar essa atenção à família. Muitas vezes a família só é chamada em casos de maior dificuldade do paciente de adesão ao tratamento. Isso mostra também que nem sempre existe um tratamento humanizado e que o tripé do trabalho do psicólogo – família, paciente e equipe – fica, simplesmente, inexistente e se volta apenas para o paciente.
	Percebemos também que a psicologia ainda é vista com olhares duvidosos e preconceituosos, cabe aqui ao profissional de psicologia construir o seu lugar dentro da instituição e se constituir no campo. Isso é possível, como relatado no exemplo citado por Raquel sobre a médica Cubana, que não era aceita por alguns profissionais e pela população, porém quando esta demonstrou sua capacidade na prática e os benefícios que poderia trazer à população com seu conhecimento, fez com que os mesmos a vissem com outros olhos e com respeito.Assim deve ser o profissional de psicologia, deve sempre lutar pelo seu espaço e reconhecimento. 
	Concluímos que a implantação do profissional de psicologia no contexto da atenção básica à saúde deve ser mais discutida em universidades, em conselhos para que os poucos que já atuam nessa área não fiquem perdidos quanto a sua função e não se acomodem frente às situações de preconceito. Quanto mais acomodados ficarmos, mais daremos chances de sermos criticados. Temos que abrir novos campos de saberes para nossa atuação e, principalmente, temos que aprender a trabalhar em equipe, em conjunto com outros profissionais, garantindo melhorias na saúde pública e aceitação e divulgação do nosso trabalho. 
6. ANEXOS
 6.1 QUESTIONÁRIOS DAS ENTREVISTAS
ANEXO A: Entrevista com a psicóloga Paula Nogueira Faria
Realizada dia 23/04/2015 às 15hrs30min
1-Onde e quando se formou?
“Formei-me quando ainda era Universidade Católica de Goiás UCG em 2006”.
 
2- Sua atuação é no PSF?
“Sim. Uma das minhas atuações é no ESF (Estratégia de Saúde da Família), hoje em dia não se fala mais PSF. Atuo também com programas da ESF na UBS São João, e na do Setor Universitário”. 
3- Há quanto tempo está atuando em cada uma destas unidades?
“Na ESF do distrito estou trabalhando desde o ano de 2013. Até Janeiro deste ano trabalhava lá todos os dias, agora vou só nas terças-feiras. Na UBS do setor São João e na UBS do setor Universitário atuo desde o início deste ano de 2015. Sendo que aqui na São João atendo todas as quintas das 11hrs às 17hrs. Na UBS lá do Universitário atendo nas quartas.” 
4-Qual sua abordagem?
“Minha abordagem é a psicanálise, mas na saúde pública não dá para trabalhar com ela, tem que ser a psicoterapia breve. É difícil realizar seu trabalho de maneira que enfoque somente o indivíduo em sua particularidade. Eu tentei muito fazer atendimento grupal no Distrito, mas por ser uma área pequena de população rural, todos se conheciam entre si, dificultando a fala dos integrantes do grupo”.
5- Dentro dessas atividades que você realizada no ESF, você poderia citar algumas para nós? 
	
“O ESF que trabalho se chama Américo Machado e fica no Distrito de Santo Antônio do Rio Verde e, é uma população rural que conta com cerca de cinco mil habitantes. Lá eu atendo a demanda do distrito, então eu atendo crianças, adolescentes, adultos, idosos, demandas vindas das escolas, entre outras. Trabalho na perspectiva da ESF nas UBS João Moreira de Castro e na Divano Elias.” 
6- Na ESF do distrito de Santo Antônio do Rio Verde você trabalha com alguma campanha? Quais?
“Atualmente trabalho só com a campanha do Hiperdia, mas já trabalhei com outras. Até Janeiro desse ano eu ficava todos os dias lá, eu era psicóloga exclusiva do Distrito, mas por problemas na gestão, questões da prefeitura, eu fui designada para outros programas do município, pois saíram outros psicólogos e fui obrigada a assumir outras unidades de saúde. A partir de então, passei a frequentar o Distrito um dia por semana e ficou difícil acompanhar e realizar as campanhas que realizava. Mas eu acompanhava os programas de Hiperdia, controle e tratamento da Hipertensão Arterial e Diabetes e um programa com as gestantes também. Havia também o programa com um grupo de pais de crianças de 4 até 17 anos, para orientá-los em relação à saúde da criança e do adolescente. Cada dia da semana era designado a um desses programas. Hoje, o dia em que me encontro lá, atendo a demanda que chega.”
7-Então seus programas não eram só individuais? 
 
“Não, eu também realizava atividades grupais. Esse grupo com os pais, por exemplo, era em grupo. A maioria dos outros programas não aderiram bem ao atendimento grupal, então realizava atendimento individual com estes.”
 
8-Quais as demandas mais apresentadas? 
“As demandas da escola, sem dúvidas. A escola manda os alunos intitulando-os como alunos com dificuldade de aprendizagem e ansiosos. Mas o que percebi é que eles tinham certa dificuldade, pois o estudo não era tão cobrado por parte dos pais. Boa parte das crianças ajudava seus pais na plantação e tarefas domésticas. Na verdade o problema é a falta de interesse, a falta de estímulos que vem também em conjunto com a indisciplina de alguns.”
9-Agora, em relação a esta instituição, onde nos encontramos agora (UBS São João), é um PSF ou uma UBS? 
“Aqui no São João é basicamente uma UBS, pois abrangemos uma população que não é limitada, mas realizamos programas da ESF. Eu mesmo atuo aqui como psicóloga da ESF, trabalhando com campanhas do Ministério da Saúde do Governo Federal. Aqui realizo a campanha do Tabagismo. Tem outra psicóloga aqui, a Flávia que trabalha com a campanha do município, a de ansiedade e depressão leve”.
10-E como é feito o trabalho na campanha do tabagismo? É feita em grupo ou individual? 
“Aqui fazemos orientação e apoio com as pessoas que querem para de fumar. Tem o atendimento em grupo e tem o atendimento psicológico individual. O individual é direcionado para as pessoas que estão apresentando uma dificuldade maior para parar de fumar, que são aquelas que tem alguma comorbidade como depressão, ansiedade. Distribuímos medicamentos como o Bup (bupropiona) que é um remédio controlado, adesivos, goma de mascar, tudo isso para controlar a vontade de voltar a ser fumante. Oferecemos também, através dessa campanha, consulta com médico e, com nutricionista caso algum paciente comece a engordar. Em relação a consulta médica, eles tem direito a essa após participar de 4 reuniões com o grupo, depois é marcado a consulta, e o atendimento psicológico é realizado conforme a sua necessidade. Distribuímos livretos e materiais, os quais os participantes utilizam como base de suas discussões em grupo. Esses livros são de caráter informativo, ensinam a tomar os medicamentos, a como parar de fumar etc. Então, todo o apoio necessário eles encontram aqui. Este programa realmente funciona.”
11-Você realiza algum trabalho conjunto com a família desses tabagistas? 
“Sim, quando aparece à demanda é realizado o trabalho com a família. Hoje mesmo atendi a irmã de uma paciente. A paciente não pode voltar a fumar de maneira alguma e está tendo algumas recaídas. Essa irmã solicitou um apoio, pois não estava mais aguentando o nervosismo e a ansiedade da sua irmã pela falta do cigarro.” 
12-Você relatou que também atua na UBS Divano Elias, do setor universitário. Há quanto tempo trabalha lá e, também realiza alguma campanha da ESF? 
	
“Lá realizo só atendimento para controle de ansiedade e depressão leve. É uma campanha do município e o atendimento é totalmente individual. Essa campanha tem como intuito desafogar o CAPS.”
13-As pessoas que vêm à procura dessas campanhas específicas, como a do tabagismo, elas já chegam à unidade informadas sobre tais campanhas? 
“Sim, nos programas do tabagismo as pessoas já chegam informadas. Agora, na campanha da ansiedade e depressão leve elas são encaminhadas. Mas normalmente, as unidades que contam com os agentes comunitários, estes têm a responsabilidade de informar sobre tais campanhas”. 
14-Mas o paciente tem que vir de um encaminhamento para ser atendido por você em relação a essas campanhas? 
“Não, a demanda, em ambas as campanhas, é livre. Atendo por encaminhamento e por quem chega procurando por ajuda. Na UBS do setor Universitário, por ser muito próximo a UFG a população procura muito pelo atendimento psicológico.”
15-Como você vê a inserção do psicólogo no ESF?
“É tudo muito recente, mas eu acho isso muito importante, as pessoas na verdade ainda não tem muito conhecimento. Com a minha experiência no Distrito, percebi que as pessoas têm um pouco de preconceito ainda. Principalmente os profissionais da saúde. Eles ainda não entendem muito bem o papel do psicólogo.”
16-Você considera as atividades que você realiza preventivas e de promoção de saúde?
“Não. Isso fica só na teoria, na prática não acontece muito não. A gente tentafazer isso, mas as pessoas ainda não conseguem ter/ver o psicólogo para a prevenção, elas vêm ao psicólogo quando a situação já está crítica, para remediar a situação e não de prevenir.”
17-O trabalho que você desempenha preenche suas expectativas em relação a sua formação? Porque você escolheu essa área de atuação? 
“Olha, eu gosto de trabalhar no setor público, eu sempre gostei, desde a graduação eu fui para essa área pública. Mas não preenche tanto as minhas expectativas. Quando somos estudantes realizamos mais essa questão da prevenção, por exemplo, pois temos mais poder para isso pelo fato de estarmos nesse meio acadêmico, somos mais estimulados e temos mais vontades. Depois, quando estamos atuando lidamos diretamente com as dificuldades e perdemos todo o gás que nos estimula. A prevenção ficou restrita as campanhas de vacinação, das quais não participamos, nem somos chamados a participar.”
18-Quais os maiores desafios que você enfrenta na realização do seu trabalho?
“A não aceitação do nosso trabalho por parte de outros profissionais da saúde, principalmente pelos médicos. Eu vejo o a população mais esclarecida sobre o nosso papel do que os profissionais da saúde”. 
19-Como você acha que isso pode ser mudado? 
“Com a nossa postura. Porque ficamos acomodados ao longo de nossa carreira, fica muito na questão ‘você faz o seu e eu faço o meu’. Não podemos cair no comodismo e temos que mostrar nosso valor aos outros profissionais, conquistando cada vez mais nosso espaço.”
20- Há um trabalho interdisciplinar nas unidades que você atua com a ESF? Se sim, como é trabalhar de maneira interdisciplinar? 
“O foco de todas as unidades seria o trabalho interdisciplinar, mas na realidade não vejo acontecendo muito. Eu vejo esse trabalho funcionar muitas vezes com enfermeiros e os técnicos de enfermagem, que estão sempre informando sobre a situação psicológica de algum paciente e pedindo auxílio. Às vezes também com alguns médicos, mas só às vezes e só com alguns.”
21-Em que aspectos você acha que esse trabalho interdisciplinar pode contribuir para o desenvolvimento do seu trabalho? E você acha que esse trabalho interdisciplinar pode prejudicar de alguma forma a sua atuação?
“Quando o outro profissional entende o nosso trabalho, ele pode ver que podemos juntos fazer muito mais pelo paciente, para ampliar o serviço, o que podemos fazer no sentido de prevenção. Por exemplo, o programa o tabagismo é um programa que podemos ampliar bastante, então a gente pode pensar juntos o que pode ser feito. Quanto mais profissionais de diversas áreas pensam juntos, isso dá uma dimensão diferente para o trabalho. Quando o outro profissional não encara muito bem e não sabe o que você faz ele acaba ficando acomodado, ele não te insere no trabalho e não expande tanto o programa de levar para a comunidade, de como o psicólogo poderia estar atuando nas reuniões como coadjuvante, por exemplo. E de maneira alguma o trabalho em equipe interdisciplinar pode prejudicar, só tem a favorecer para todos os envolvidos.”
22-Como seria a atuação do psicólogo numa equipe interdisciplinar? 
“Como a de qualquer outro profissional. Quando se fala em interdisciplinar não é cada um desempenhando seu papel, ou seja, eu faço o meu papel de psicólogo, a enfermeira faz o de enfermeiro, o farmacêutico de farmacêutico, o médico de médico... são todos pensando juntos, e juntos pensamos e fazemos uma nova coisa.”
23-Como é a aceitação do seu trabalho pela equipe e pela comunidade? 
“Pelos profissionais não é tão fácil. Pela comunidade eu não vejo tanta dificuldade não, só em uma população específica: os professores da rede municipal. São as pessoas que mais encaminham alunos e são as que menos aceitam nossas orientações, eles querem logo laudos que comprovem que o aluno possui algum déficit cognitivo.”
24-O que você acha do seu reconhecimento financeiro? 
“Que é pouco em comparação com outros profissionais. E a carga horária é puxada”.
25-Algumas campanhas executadas já partiram do seu interesse ou você só executa as elaboradas pelo governo/município? 
“Não temos tanta liberdade de criar algo novo. Podemos fazer algo novo dentro daquilo que nos é mandado. Por exemplo, esse programa do tabagismo, ele é um programa do Governo Federal você tem que executá-lo, mas a forma que você vai executar é você quem decide. Mas criar um programa, até onde sei, não podemos.”
26-Mas você tem essa vontade de poder criar? 
“Criar um programa... não sei se tenho essa vontade, até porque nunca nos foi dada essa hipótese. Acho que tudo que tinha que ser feito e criado em questão de programas referente à saúde existe no Programa de Estratégia Saúde da Família, então o que tem que ser feito existe já, mas a forma de executar é diferente e vai depender de cada profissional. Existe todo um subsídio onde o Ministério da Saúde dá um apoio quanto a materiais para as campanhas, dá para criarmos muitas ideias a partir disso. Uma coisa que eu comecei a fazer e sempre tive vontade é um trabalho de orientação sexual para adolescentes, mas ele já existe, mas a forma de executar que é livre. Comecei a realizá-lo no Distrito e fui obrigada a tirar férias um mês antes do previsto, pois os pais dos adolescentes não aprovaram e, não foi a primeira vez que tentei realizar um trabalho amparado pelo Ministério e não foi bem aceito, como o programa de drogas, por exemplo. Esses são temas muito tabus ainda, mas apesar disso eu gosto muito de trabalhar com esses temas porque é um desafio. Porém, reforçando não são programas com temas que eu criei, eles já existem.”
27-Aqui você atende um dia na semana e só trabalha com tabagismo? 
“Sim, exclusivo com tabagismo. Todos os lugares que estou é exclusivo com alguma campanha um dia na semana. Eu fico terça feira o dia todo em Santo Antonio do Rio Verde na ESF, na quarta feira fico o dia todo no Divano Elias. E Aqui na unidade eu fico as quintas das 11h00min as 17h00min. Esta unidade (São João) conta com o trabalho de outra psicóloga, que realiza a campanha da ansiedade e depressão leve e faz atendimentos individuais.”
28-Você tem uma sala própria em todos os locais que trabalha? 
“Em Santo Antonio eu tenho minha própria sala. Mas aqui geralmente não, acontece de ter que procurar sala quando está agendado com algum paciente ou a Flávia (outra psicóloga) que já fica de sobreaviso sai da sala, ou vou para outras, a gente tinha duas salas exclusivas do tabagismo, mas agora em uma está realizando a pesagem das gestantes. Na do setor universitário também tenho sala”.
29-Em média atende quantas pessoas? 
“Aqui é população flutuante. São quatro sessões/reuniões obrigatórias e depois disso não tem obrigação de vir fixo, tem gente que vem uma vez por mês, de 15 em 15 dias, toda semana, depende muito do paciente.”
ANEXO B: Entrevista com a enfermeira/coordenadora do PSF CAIC – Graciele
Realizada dia 14/05/2015 às 13hrs30min
1-Estamos realizando um trabalho de campo para conhecer a atuação de um psicólogo no Programa de Saúde da Família. Também queremos saber de como é um PSF sem a presença desse profissional. Primeiramente, aqui é uma UBS ou um PSF?
“Aqui é uma Unidade mista, tanto PSF quanto UBS, mas trabalhamos no contexto do PSF, somos mais voltados à saúde da família. Em Catalão temos 11 ESF que funcionam na mesma instituição da UBS. Há alguns anos atrás possuíamos apenas 5 UBS que atuavam também como PSF, dentre elas é a do Distrito de Santo Antônio do Rio Verde, a do Ipanema, aqui no CAIC, e acho que a do distrito de Pires Belo.”
2-Qual sua formação e há quanto tempo atua aqui?
“Formei-me em enfermagem na PUC em Goiânia há 7 anos. Trabalho em Catalão, especificamente nesse Programa de Saúde da Família há 4 anos e meio, mas me ausentei por um tempo por licença maternidade, voltei há aproximadamente um ano.”
3-Quais as ações/tarefa realiza?
“Bom, desde que entrei aqui, entrei como coordenadora da unidade. Realizo ações mais na parte administrativa,mas como enfermeira chefe sou responsável por acompanhar o médico nas visitas e nestas, eu quem realizo algum procedimento, como curativo, aplicação de medicamento, entre outros.”
4-Quais os demais profissionais atuam aqui?
“Aqui temos um médico, odontólogo, técnicos de enfermagem e agentes de saúde. Ainda temos um número reduzido de profissionais, para atender toda a demanda que nos aparece precisaríamos de pelo menos mais uma equipe de profissionais. Demandamos também principalmente pela presença de um fisioterapeuta e um nutricionista, para ter uma equipe multidisciplinar completa.”
5-Vocês trabalham com algum tipo de campanha de prevenção e promoção à saúde? Quais? Por quem são executadas?
“Sim, trabalhamos com os programas do Ministério da Saúde. Dentre as principais campanhas temos as de vacinação, desenvolvimento e acompanhamento da criança, saúde da mulher e da gestante. Essas são as que mais nos ocupamos, mas também trabalhamos com as campanhas Outubro Rosa, saúde do idoso, campanha contra dengue, tuberculose, entre outras. Normalmente, as de vacinação ficam a cargo dos técnicos de enfermagem. A campanha da saúde da mulher é responsabilidade minha e do médico, mas envolve os técnicos de enfermagem também. Os agentes comunitários de saúde são responsáveis pela divulgação dessas campanhas às famílias, já que possuem um contato mais próximo com estas.”
6-Como é o trabalho em equipe?
“Temos realizado um trabalho bem satisfatório. A equipe se dá super bem. Fazemos reuniões mensais para discutir problemas internos e realizar melhorias.”
 
7-O que fazem com a demanda psicológica que chega até aqui?
“É tudo encaminhado para o CAPS. Temos sorte do CAPS ser próximo daqui, aí há uma espécie de troca de favores, atendemos pacientes de lá, quando eles solicitam e eles atendem os que mandamos.”
8-Sentem falta do profissional da Psicologia? Por quê?
“Olha, na verdade, em relação aos pacientes que chegam com essa demanda não sentimos tanto a falta desse profissional. Sempre contamos com a ajuda do CAPS. Sentimos falta mesmo deste profissional em nossa organização interna, principalmente para fazer um trabalho com as recepcionistas. Elas são as que mais precisam de um apoio, tem dias que são agredidas verbalmente. Algumas choram, outras se estressam e entram no bate-boca com o paciente. Já levamos essas questões para as reuniões várias vezes, mas sentimos a necessidade de um psicólogo para acolhê-las nessa questão. Sentimos falta desse profissional nas visitas a domicílio que realizamos. Alguns pacientes necessitam que esse profissional chegue até ele, como é o caso de uma moça de 20 anos aqui do bairro que está com leucemia. Ela está com uma autoestima baixíssima, seu discurso é que não tem mais vontade de viver, já comunicamos à Secretaria da Saúde sobre este caso para pedir o acompanhamento de um psicólogo para ela, mas até hoje nada foi feito. Em outro caso que sentimos falta do psicólogo é na promoção de oficinas ou grupos, este profissional poderia orientar uma conversa entre os demais profissionais e os pacientes, e a cada semana poderíamos promover uma oficina diferente, eu queria que um dia isso se realizasse, principalmente, uma oficina voltada para gestantes.”
9-O que melhoraria com a presença desse profissional? Quais ações você acha que cabe a esse profissional realizar dentro do PSF?
“Eu acho que melhoraria tanto a atuação e interação da equipe multiprofissional, como também ajudaria os pacientes que viessem à procura, que não são poucos. Agora o profissional que adentrar o contexto do PSF deve ser flexível, atender a demanda individual e promover grupos de discussão sobre saúde, e como já disse, acho indispensável que este profissional atue também nas visitas domiciliares.”
10-Alguns psicólogos reclamam da falta de reconhecimento dentro da equipe multiprofissional, principalmente, por parte dos médicos. Você acha que aqui o psicólogo seria bem recebido e reconhecido? Como você vê o profissional da psicologia?
	
“Creio que aqui não teríamos problemas quanto a isso. Os profissionais daqui são bem abertos e com certeza a favor da vinda deste profissional. Até porque nesta unidade há alguns anos atrás já tivemos uma psicóloga. Eu não estava aqui nesta época, mas a equipe que estava conta que era muito legal, só que o trabalho dessa psicóloga era voltado para os alunos da escola aqui do lado. Ela não atendia os pacientes. Eu vejo o psicólogo como um profissional que tem muito a contribuir para o Programa de Saúde da Família, com ele a equipe poderia se sentir mais segura em suas ações.
ANEXO C: Entrevista com a enfermeira/coordenadora da UBS/ESF Paulo Tarso Salviano – Raquel
Realizada dia 18/05/2015 às 10hrs00min
1-Estamos realizando um trabalho de campo para conhecer a atuação de um psicólogo no Programa de Saúde da Família. Também queremos saber de como é um PSF sem a presença desse profissional. Primeiramente, aqui é uma UBS ou um PSF?
“Aqui atuamos como uma UBS, mas temos também a Estratégia de Saúde da Família. Como abrangemos cerca de 9 bairros (Pio Gomes, Vila Liberdade, Margon I – II e III, Alto da Boa Vista, Jardim Brasília, Jardim Paraíso, Parque das Mangueiras e Paineiras) e, como não temos uma população adstrita, entra o contexto do trabalho da UBS. E, consideramos como ESF, pois temos 4 agentes comunitários que passam por alguns bairros de nossa abrangência assistindo as famílias. Esses agentes assistem cerca de 706 famílias.”
 
2-Qual sua formação e há quanto tempo atua aqui?
“Eu sou enfermeira, tenho 13 anos de formada. Formei-me na UNIPAC. E tem sete meses que atuo aqui, mas com o Programa de Saúde da Família tenho experiência de quase oito anos, pois atuava em uma ESF da cidade de Três Ranchos”.
3-Quais as ações/tarefa realiza?
“Bom a minha principal tarefa é coordenar, mas alem disso estou sempre ajudando nos curativos e sempre participo das visitas a domicílio, que é uma responsabilidade minha e da médica daqui”. 
4-Quais os demais profissionais atuam aqui?
“Aqui contamos com uma médica cubana que atende todos os dias e tem um outro médico que atende todas as segundas-feiras pela manhã. Contamos com odontólogo, agentes comunitários, técnicos de enfermagem e tem as recepcionistas.” 
5-Vocês trabalham com algum tipo de campanha de prevenção e promoção à saúde? Quais? Por quem são executadas?
“Vocês falam em relação à ESF, ‘né’? Então, quando entrei aqui não havia basicamente nenhum programa, por causa do que expliquei que a população que é atendida aqui é muito grande. Mas quando entrei nós começamos as visitas domiciliares nos bairros que são assistidos pelos agentes comunitários, pois estes traziam e trazem os casos que necessitam esse atendimento. Estamos acompanhando principalmente, pacientes com hiperdia e diabetes, e pretendemos montar um grupo com estes uma vez por semana, para que se instruam diante de suas doenças. Normalmente tem também as campanhas de vacinação e a da saúde da mulher. Essas campanhas são realizadas em conjunto com toda a equipe, mas demanda mais da medica, de mim, e dos agentes comunitários”. 
6-Como é o trabalho em equipe?
“No início, quando a médica cubana chegou, vindo do Programa Mais Médico, tínhamos alguns conflitos, pois alguns dos profissionais não a aceitavam e isso se alastrou pela população, mas com o tempo a médica foi mostrando sua capacidade e conquistou o respeito dos demais profissionais e também da população atendida aqui. Hoje em dia realizamos reuniões e expomos os problemas internos, propomos soluções e é assim que a equipe tem funcionado.” 
7-O que fazem com a demanda psicológica que chega até aqui?
	
“Fomos aconselhados, desde que a psicóloga saiu daqui, a mandar a demanda para uma instituição chamada Saúde Mental da Infância e Adolescência. E assim fazemos, encaminhamosessas demandas para esse local.”
8-Sentem falta do profissional da Psicologia? Por quê?
“Eu sinto muita falta, pois lá em Três Ranchos, alem do psicólogo contava também com o auxílio do fisioterapeuta e do nutricionista. A equipe, sempre que necessário, discutia o caso de um paciente em conjunto. Isso evitava um trabalho individualizido e desfocado, como é o que acontece aqui”. 
9-O que melhoraria com a presença desse profissional? Quais ações você acha que cabe a esse profissional realizar dentro do PSF?
“Melhoraria a atuação multidisciplinar. O trabalho aqui não ficaria com um caráter individual. Pois aqui como não temos alguns profissionais, encaminhamos estes a outras unidades que tem, e depois disso não sabemos se este foi atendido. Isso me causa uma aflição, particularmente. Com uma equipe completa, que abranja mais profissionais da saúde proporcionaríamos à população um atendimento mais humanizado. Creio que as ações de um psicólogo dentro de uma ESF seria trabalhar orientando a população, promovendo grupos de terapia e atendendo aqueles que necessitem de um acompanhamento individual.”
10-Alguns psicólogos reclamam da falta de reconhecimento dentro da equipe multiprofissional, principalmente, por parte dos médicos. Você acha que aqui o psicólogo seria bem recebido e reconhecido? Como você vê o profissional da psicologia?
“Acho que esse não reconhecimento vem por parte dos médicos mais velhos, que acham que os psicólogos vão tomar o seu lugar. Mas creio que aqui esse profissional seria muito bem aceito sim, principalmente por mim, que acredito num trabalho multidisciplinar como o melhor para a saúde pública. Eu vejo o psicólogo como um profissional a contribuir para a melhor recuperação de um paciente, assim como qualquer outro profissional da saúde.”
ANEXO D: Entrevista com uma estagiária de enfermagem da UFG na UBS/ESF Ipanema.
Realizada dia 27/04/2015 às 16hrs00min
Observação 1: a entrevistada pediu para que seu nome não fosse citado.
1-Estamos realizando um trabalho de campo para conhecer a atuação de um psicólogo no Programa de Saúde da Família. Também queremos saber de como é um PSF sem a presença desse profissional. Primeiramente, aqui é uma UBS ou um PSF?
“Aqui são as duas em um só. Mas normalmente, somos mais conhecidos como ESF”.
 
2-Qual sua formação e há quanto tempo atua aqui?
“Eu sou estagiária de enfermagem da UFG. Estou aqui desde o início do ano letivo”.
3-Quais as ações/tarefa realiza?
“Eu acompanho as técnicas de enfermagem e a enfermeira chefe em seus trabalhos, aplico vacinas, faço coleta de sangue, procedimentos como curativos e, também participo das visitas a domicílio”. 
4-Quais os demais profissionais atuam aqui?
“Temos o médico, enfermeira, técnicas de enfermagem, odontólogos e auxiliares de odontologia, alem dos agentes comunitários (que são seis), recepcionistas e a senhora da cozinha e da limpeza. Ah, temos também eu e outra estagiária da enfermagem lá da UFG. Mas já discutimos a grande necessidade de um fisioterapeuta”. 
5-Vocês trabalham com algum tipo de campanha de prevenção e promoção à saúde? Quais? Por quem são executadas?
“Trabalhamos com várias campanhas: vacinação, de saúde da mulher, saúde da criança, do adolescente, adulto e idoso e, também realizamos as visitas domiciliares. As campanhas são coordenadas ou pelo médico ou pela enfermeira, mas quem executa mesmo somos nós, estagiárias e técnicas de enfermagem”. 
6-Como é o trabalho em equipe?
“Aqui todos nós nos atentamos para promover um atendimento multidisciplinar, que vise um atendimento humanizado à saúde. A relação entre a equipe é maravilhosa, principalmente por causa do médico, que não é arrogante como tantos que conhecemos por aí.” 
 
7-O que fazem com a demanda psicológica que chega até aqui?
	
“Como não temos um psicólogo aqui, encaminhamos tudo para o CAPS ou para a clínica lá da UFG”.
8-Sentem falta do profissional da Psicologia? Por quê?
“Sim, tem muita demanda aparecendo ultimamente, seria maravilhoso a presença deste profissional aqui”. 
9-O que melhoraria com a presença desse profissional? Quais ações você acha que cabe a esse profissional realizar dentro do PSF?
“Melhoraria o atendimento multidisciplinar à população. O psicólogo poderia realizar atendimentos individuais e fazer grupos de orientação às gestantes, até mesmo porque anda aparecendo meninas muito novas grávidas, um atendimento psicológico a elas seria de grande ajuda, pois chegam desinformadas e assustadas, vergonhosas e, muitas vezes vem uma vez e não retornam na próxima consulta marcada, não levam a serio as orientações médicas”.
10-Alguns psicólogos reclamam da falta de reconhecimento dentro da equipe multiprofissional, principalmente, por parte dos médicos. Você acha que aqui o psicólogo seria bem recebido e reconhecido? Como você vê o profissional da psicologia?
“Sim, esse profissional seria bem reconhecido aqui, pois entendemos a importância deste dentro do contexto em que trabalhamos. Eu vejo a psicologia como uma possibilidade de trazer mais interação entre equipe-equipe, equipe-paciente, ele pode promover mais diálogo entre os profissionais e entre estes e a população atendida”.
Observação 2: Foi-nos informado que neste mês de fevereiro alguns estagiários da psicologia estão realizando atendimento nesta UBS/ESF todas as quintas-feiras. 
5. REFERÊNCIAS 
BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia prático do Programa de Saúde da Família. Brasília: Ministério da Saúde, 2001.
BRASIL. Ministério da Saúde/Fundação Nacional de Saúde. Programa de Saúde da Família: Saúde dentro de Casa. Brasília: DF, 1994, 18p.
CARDOSO, C. L., & Silva, I. M. M. (2004). Inserção do psicólogo no Programa Saúde da Família: vislumbrando um percurso. Anais do, 7.
DA COSTA, D. F. C., & Olivo, V. M. F. (2009). Novos sentidos para a atuação do psicólogo no Programa Saúde da Família. Ciência & Saúde Coletiva,14(5), 1385-1394.
DE FRANÇA, A.C.P., & Viana, B. A. (2006). Interface psicologia e programa saúde da família–PSF: reflexões teóricas. Psicologia ciência e profissão, 26(2), 246-257.
ESCOREL, S., Giovanella, L., Mendonça, M. D., & Senna, M. D. C. M. (2007). O Programa de Saúde da Família e a construção de um novo modelo para a atenção básica no Brasil. Rev Panam Salud Publica, 21(2), 164-76.
FERMINO, J. M., Patrício, Z. M., Krawulski, E., & Sisson, M. C. (2009). Atuação de psicólogos no Programa de Saúde da Família: o cotidiano de trabalho oportunizando repensar a formação e as práticas profissionais. Aletheia, (30), 113-128.
OLIVEIRA, I. F. D., Silva, F. L., & Yamamoto, O. H. (2007). A psicologia no Programa de Saúde da Família (PSF) em Natal: espaço a ser conquistado ou um limite da prática psicológica?. Aletheia, (25), 05-19.
ROSA, W. D. A. G., & Labate, R. C. (2005). Programa saúde da família: a construção de um novo modelo de assistência. Revista Latino-Americana de Enfermagem, 13(6), 1027-10.

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