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Revolução Inglesa

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REVOLUÇÃO INGLESA 
Cromwell, Revolução Puritana e Revolução Gloriosa 
 
 
Cromwell em retrato do século 17 
No início dos anos 1600, a Inglaterra apresentava-se como um país em 
desenvolvimento e expansão. Nos reinados do século anterior, de Henrique 8º e 
Elizabeth 1ª, o território foi unificado, a nobreza foi colocada sob controle, a 
ingerência do para e da Igreja católica fora afastada pela criação da Igreja anglicana. 
Desse modo, os britânicos já disputavam com os espanhóis os domínios coloniais na 
América Central e Caribe. 
 
No entanto, Elizabeth 1ª, da dinastia Tudor, não deixou descendentes e subiu ao 
trono, em 1603, Jaime 1º, da dinastia escocesa Stuart, unindo as coroas da Inglaterra, 
da Irlanda e da Escócia. O rei, entretanto, pretendia governar sem o Parlamento, a 
quem cabia o poder de direito, de acordo com a Carta Magna de 1215. No entanto, o 
rei podia convocá-lo somente quando julgasse necessário e, assim, exercia o poder de 
fato. 
 
Sua justificativa para exercer o poder absoluto baseava-se na teoria da origem divina 
do poder real (absolutismo). Nesse sentido, Jaime 1º ressalta os aspectos católicos do 
anglicanismo que corroboram essa teoria. Quanto ao Parlamento (Câmara dos 
Comuns), que reunia a burguesia urbana e os produtores rurais progressitas - setores 
de crescente importância econômica ignorados pela Coroa -, aderiu em sua maioria ao 
puritanismo, uma seita calvinista (protestante). 
O rei versus o Parlamento 
Foram constantes o confronto entre o rei e o Parlamento, em especial no que se refere 
aos impostos criados pela Coroa, havendo ainda questões sob a forma de ocupação da 
Irlanda e as perseguições religiosas. Destas últimas resultou o início da emigração 
para a América do Norte. 
 
Em 1625, Jaime 1º foi sucedido por seu filho Carlos 1º que, com a Inglaterra envolvida 
em guerras externas, viu-se forçado a convocar um Parlamento que já lhe era de 
antemão hostil. Este, em troca de seu apoio, exigiu o controle da política financeira, o 
comando do exército, bem como a regularidade na convocação do Parlamento. 
 
Em retaliação, o rei dissolveu o Parlamento e passou a governar com o apoio da 
Câmara Estrelada (tribunal formado por nobre de sua confiança). Além disso, reprimiu 
os dissidentes - em especial religiosos - o que aumentou a emigração para a América. 
Para submeter a todos, promovendo uma união religiosa, procurou impor o 
anglicanismo também à Escócia. Os escoceses se rebelaram e invadiram o norte da 
Inglaterra. 
A Revolução Puritana 
A crise forçou o rei a convocar o Parlamento em 1640. Este destituiu a Câmara 
estrelada, despojou o rei de sua autoridade e aprovou uma lei que tornava obrigatória 
a sua convocação a cada três anos, independentemente de determinação do 
monarca. No ano seguinte, uma revolta na Irlanda católica foi o estopim da Revolução 
Inglesa. 
 
O Parlamento se recusou a entregar o comando do exército destinado à reconquista 
da Irlanda a Carlos 1º. Este não se conformou em perder o comando das forrças 
armadas: com um grupo de apoiadores, invadiu o Parlamento e tentou prender os 
líderes da oposição. Não conseguiu. Foi forçado a se retira de Londres e refugiou-se 
em Oxford, onde reuniu um exército de 20 mil homens, formado por uma parte da 
burguesia financeira, que temia qualquer desordem, e por aristocratas que ainda 
usufruíam dos benefícios feudais. 
 
Os "cabeças redondas" e a República 
Teve início uma guerra civil que iria durar de 1642 até 1645. No Parlamento, surgiu um 
líder político e militar que se destacaria na história da Grã-Bretanha e que ainda hoje 
desperta paixões e polêmicas no país: Oliver Cromwell. Originário dos grupos de 
produtores reais progressistas, puritano, homem de personalidade forte e carismática, 
Cromwell organizou o exército do parlamento segundo um novo modelo ("New Model 
Army"). 
 
Tratava-se de uma organização mais democrática, em que a ascenção se dava por 
mérito e os soldados participavam de comitês que tomavam decisões. Eram os 
chamados "cabeças redondas", devido ao modelo de elmo que usavam. No rastro do 
Novo Exército, surgiu também um partido, os niveladores ("levellers"), pequenos 
proprietários que defendiam a república, o direito de voto e de representação no 
Parlamento a todos os homens livres, o fim dos monopólios reais, isto é, o livre 
comércio, a separação entre a Igreja e o Estado. 
 
Em 1645, Carlos 1º foi preso. Setores do Parlamento, porém, assustados com as 
pretensões dos niveladores, que tentavam tomar o controle do exército, resolveram 
se unir ao rei. Este, porém, aproveitou a situação para fugir para a Escócia, em cujo 
Parlamento acreditava obter proteção. Ledo engano: foi entregue aos ingleses, que o 
decapitaram, proclamando a República, em 19 de maio de 1649. 
República de Cromwell 
A República, na Inglaterra, esteve longe de ser democrática. Apoiado pelo exército, 
Cromwell se impôs sobre o Conselho de Estado (poder Executivo) e o Parlamento. 
Não atendeu as pretensões dos niveladores e os derrotou. Em 1653, sob o título de 
Lorde Protetor, transformou-se em ditador vitalício e hereditário. 
 
Sob a ditadura cromwelliana, as estruturas feudais ainda existentes na Inglaterra 
foram eliminadas. As terras dos partidários do rei e da Igreja anglicana foram 
confiscadas e vendidas aos produtores rurais. Legalizou-se a propriedade absoluta da 
terra e o cercamento dos campos para produzir para o mercado. O liberalismo 
econômico entrava em vigor na prática. 
 
Ao mesmo tempo, Cromwell deu impulso ao desenvolvimento comercial e marítimo 
da Inglaterra, manteve a conquista da Irlanda e da Escócia e ampliou o império 
colonial inglês nas Américas, conquistando praticamente a hegemonia inglesa sobre 
os mares. No entanto, após a morte de Cromwell, em 1658, seu filho não conseguir se 
manter à frente do governo, pois não dispunha da mesma autoridade sobre o 
exército. 
Restauração da monarquia 
O novo Parlamento, apoiado por tropas escocesas, houve por bem restaurar a 
monarquia, chamando Carlos 2º, o filho do rei decapitado, para assumir o trono da 
Inglaterra, Escócia e Irlanda. A proximidade deste com o rei da França Luís 14 - o 
protótipo do absolutismo - tornou-o suspeito ao Parlamento, que se dividiu em dois 
partidos: os liberais pró-Parlamento ("whigs") e os conservadores ("tories"), pró-rei. 
Seu reinado, a partir de 1660, durou 25 anos. 
 
Foi sucedido em 1685 por seu irmão Jaime 2º, que procurou restabelecer o 
absolutismo e o catolicismo na Inglaterra. O fato de ser católico o afastava de ambas 
as facções do Parlamento e o conflito entre este e o rei se manifestou durante seus 
três anos de reinado. A questão se agravou quando Jaime 2º teve um filho, pois, até 
então, a herdeira do trono era sua filha Maria Stuart, protestante. 
Revolução Gloriosa 
O Parlamento então passou a conspirar para depô-lo. Em seu lugar assumiriam o 
trono sua filha Maria, casada com Guilherme de Orange, rei dos Países Baixos, que 
desembarcou com suas tropas no país, em 1688. Em que pese pequenos combates, o 
movimento foi essencialmente pacífico, passando à história com o nome de 
"Revolução Gloriosa" ou "Revolução Sem Sangue". 
 
Jaime 2º fugiu para a França. O Parlamento proclamou Guilherme e Maria reis, 
embora aceitando uma Declaração de Direitos, segundo a qual: 
Os reis não podiam cancelar as leis do Parlamento; 
O Parlamento decidiria a sucessão ao trono e 
O Parlamento votaria o orçamento anual; 
As contas reais seriam controladas por inspetores; 
O Tesouro seria dirigido por funcionários. 
 
Desse modo, criou-se a monarquia parlamentarista inglesa que vigora até os dias de 
hoje. O predomínio dos produtoresrurais progressistas e da burguesia urbana e 
mercantil no Parlamento criou as condições necessárias para o avanço do capitalismo 
e o advento da industrialização no século seguinte. 
Triunfo do liberalismo 
As revoluções Puritana, de 1640, e a Gloriosa, de 1688, podem ser consideradas como partes de um mesmo 
processo de conflito entre o absolutismo e o liberalismo, entre o poder do rei e o do 
Parlamento, tendo como resultado o estabelecimento da monarquia parlamentar. 
Nesse sentido, os historiadores tendem a considerá-la como um fenômeno único: a 
Revolução Inglesa. 
 
Vale lembrar que ela é o primeiro movimento revolucionário contra o absolutismo, 
antecedendo em quase um século a Revolução Francesa, da mesma maneira que 
semeou, na América do Norte, as idéias e as condições políticas que levariam à 
Revolução Americana e à Independência dos Estados Unidos em 1776. 
Antonio Carlos Olivieri* é escritor e jornalista, diretor.

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