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Introdução à Economia

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ECONOMIA
Caderno de Estudos
Prof. André Luiz Kopelke
Editora GRUPO UNIASSELVI
2011
Educação a Distância
NEAD
GRUPO
Editora UNIASSELVI
Copyright  Editora UNIASSELVI 2011
Elaboração:
Prof. André Luiz Kopelke
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci - UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
Grupo UNIASSELVI – Indaial.
330 
K83e Kopelke, André Luiz.
 Economia / André Luiz Kopelke. Indaial :
 UNIASSELVI, 2011.
 
 221 p. : il.
 
 Inclui bibliografia.
 ISBN 978-85-7830-387-7
 1. Economia. 2 Ciências Econômicas. 
 I. Centro Universitário Leonardo da Vinci. 
 Ensino a Distância. II. Título.
ECONOMIA
APRESENTAÇÃO
Como as riquezas e os recursos produtivos são quantificados em valores monetários, 
tem-se a impressão de que a economia trata apenas de índices de inflação, de emprego, de 
crescimento de valorização de ações etc.
A Economia não se resume a índices. Embora muitas pessoas possam pensar que ela 
seja um amontoado de números indecifráveis é, na verdade, uma Ciência Social, portanto, 
envolve pessoas. Particularmente, a Economia estuda o processo de organização social para 
fins de produção e distribuição de riquezas. E pretende, com esse estudo, verificar quais são 
os pontos positivos e negativos de cada modelo de organização do processo produtivo com 
vistas à utilização desse conhecimento para a promoção do bem-estar social. 
A Economia surge oficialmente como ciência em 1776, com a publicação da obra “A 
Riqueza das Nações”, por Adam Smith, considerado hoje o “Pai da Economia”. Inicialmente a 
ciência econômica tinha um enfoque eminentemente microeconômico, ou seja, preocupava-
se em entender o comportamento dos agentes econômicos (empresários e consumidores) e 
suas relações no mercado.
Adam Smith foi um dos grandes disseminadores da ideia de que a atividade econômica 
caminha pelas próprias pernas e não necessita de ajuda do estado. Com a sua famosa ideia 
da “mão invisível” do mercado, afirmava que este se autoajustava, tendendo a entrar num 
equilíbrio de pleno emprego, não havendo, portanto, a necessidade de intervenção estatal.
Ele estava, em parte, certo. O capitalismo experimentou um grande crescimento à luz 
de suas ideias, porém as questões sociais ficaram em segundo plano. 
Foram justamente as graves consequências sociais do liberalismo econômico no século 
XIX que deram margem ao afloramento dos grandes críticos desse modelo de organização 
econômica. Destaca-se nesse campo a figura de Karl Marx.
Contudo, apesar das crises e dos problemas sociais, o capitalismo continuou o seu 
avanço até o início do século XX, quando é forçado a se reestruturar de forma radical. Essa 
reestruturação é baseada nas ideias de um eminente economista britânico chamado John 
Maynar Keynes, que parte do princípio de que empresários e consumidores sozinhos não 
conseguem mais coordenar as atividades econômicas de forma adequada numa sociedade 
cada vez mais complexa.
Torna-se cada vez mais necessária a participação de outro agente econômico, o Estado, 
para evitar crises, direcionar e dimensionar o ritmo do crescimento econômico, estimular o 
consumo privado, corrigir os desvios do mercado, resolver problemas sociais e evitar abusos 
por parte de determinados agentes sobre outros.
iii
ECONOMIA iv
UNI
Oi!! Eu sou o UNI, você já me conhece das outras disciplinas. 
Estarei com você ao longo deste caderno. Acompanharei os seus 
estudos e, sempre que precisar, farei algumas observações. 
Desejo a você excelentes estudos! 
 UNI
Nesse contexto, encontramo-nos hoje numa situação em que o ambiente econômico é 
muito influenciado (de forma positiva e também negativa) pela intervenção estatal. 
Como exemplo, podemos citar o fato de que muitos negócios podem se tornar inviáveis 
economicamente se o Estado aumentar ainda mais a carga tributária. Por outro lado, foram 
os investimentos públicos em infraestrutura que viabilizaram a industrialização brasileira ao 
longo do século XX.
Muitos empresários que atuam com exportação ficam alarmados com a valorização da 
moeda nacional, pois isso prejudica o retorno com a venda de mercadorias ao exterior. Mal 
sabem eles que a valorização do câmbio é uma consequência do regime de taxas cambiais 
adotado pelo país e a escolha por esse regime foi feita para evitar males maiores, como os 
chamados ataques especulativos. 
Por outro lado, a classe empresarial reclama, justamente, das elevadas taxas de juros 
praticadas no Brasil. E pedem às lideranças que baixem os juros sem saber das possíveis 
consequências dessa ação. 
Todo empresário que quiser ter uma compreensão mínima do funcionamento do mercado 
e antecipar muitas das ações tomadas pelo Estado de forma a orientar seus negócios para 
que estes não venham a ser prejudicados pelas flutuações e instabilidades do capitalismo 
contemporâneo, precisará ter um bom conhecimento dos fundamentos econômicos. 
Nenhuma empresa é uma ilha. Ela mantém relações com fornecedores, clientes, 
funcionários, sociedade civil, Estado e outros países. Ela está mergulhada num ambiente 
macroeconômico que a afetará profundamente. 
O mundo globalizado é um mundo de concorrência acirrada e de turbulências 
econômicas. O conhecimento de economia se assemelha a uma bússola para navegar nesse 
mar cada vez mais revolto. 
André Luiz Kopelke
ECONOMIA v
SUMÁRIO
UNIDADE 1 – O QUE É ECONOMIA, AGENTES ECONÔMICOS E SISTEMAS 
ECONÔMICOS .......................................................................................... 1
TÓPICO 1 – O QUE É ECONOMIA .................................................................................. 3
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 3
2 O QUE É ECONOMIA .................................................................................................... 4
2.1 ECONOMIA SEGUNDO O “SENSO COMUM” ........................................................... 5
2.2 ECONOMIA COMO “ATIVIDADE ECONÔMICA” ........................................................ 5
2.3 ECONOMIA COMO “CIÊNCIA ECONÔMICA” ............................................................ 6
2.4 A CIÊNCIA DA ESCASSEZ ......................................................................................... 7
2.5 OS PROBLEMAS ECONÔMICOS FUNDAMENTAIS ................................................. 9
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................... 10
RESUMO DO TÓPICO 1 ................................................................................................. 12
AUTOATIVIDADE ........................................................................................................... 13
TÓPICO 2 – AGENTES ECONÔMICOS ........................................................................ 15
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 15
2 AS EMPRESAS ........................................................................................................... 15
3 AS FAMÍLIAS ............................................................................................................... 16
4 O MERCADO ............................................................................................................... 16
5 O TERCEIRO AGENTE ECONÔMICO: O ESTADO ................................................... 186 O RESTO DO MUNDO ................................................................................................ 20
RESUMO DO TÓPICO 2 ................................................................................................. 21
AUTOATIVIDADE ........................................................................................................... 22
TÓPICO 3 – SISTEMAS ECONÔMICOS ....................................................................... 23
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 23
2 CAPITALISMO ............................................................................................................. 23
3 SOCIALISMO ............................................................................................................... 25
3.1 FUNDAMENTOS IDEOLÓGICOS ............................................................................. 25
3.2 A EXPERIÊNCIA SOVIÉTICA .................................................................................... 26
3.3 A EXPERIÊNCIA CHINESA ....................................................................................... 28
4 CONVERGÊNCIA DOS SISTEMAS ECONÔMICOS .................................................. 28
RESUMO DO TÓPICO 3 ................................................................................................. 31
AUTOATIVIDADE ........................................................................................................... 32
TÓPICO 4 – FUNCIONAMENTO DE UM SISTEMA ECONÔMICO CAPITALISTA ....... 33
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 33
2 FLUXO REAL E FLUXO MONETÁRIO ....................................................................... 34
3 INTER-RELAÇÃO DOS FLUXOS REAL E MONETÁRIO .......................................... 35
4 VAZAMENTOS E INJEÇÕES NO FLUXO CIRCULAR DA RENDA ........................... 38
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................... 41
RESUMO DO TÓPICO 4 ................................................................................................. 43
ECONOMIA vi
AUTOATIVIDADE ........................................................................................................... 44
TÓPICO 5 – EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ECONÔMICO ....................................... 45
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 45
2 PRÉ-HISTÓRIA E ANTIGUIDADE CLÁSSICA ........................................................... 45
3 IDADE MÉDIA .............................................................................................................. 47
4 MERCANTILISMO ....................................................................................................... 48
5 ESCOLA FISIOCRATA ................................................................................................ 49
6 ESCOLA CLÁSSICA ................................................................................................... 50
7 SOCIALISMO E MARXISMO ....................................................................................... 54
8 ESCOLA NEOCLÁSSICA (MARGINALISTA) ............................................................. 57
9 KEYNESIANISMO ....................................................................................................... 58
10 NEOLIBERALISMO ................................................................................................... 61
RESUMO DO TÓPICO 5 ................................................................................................. 64
AUTOATIVIDADE ........................................................................................................... 67
AVALIAÇÃO .................................................................................................................... 68
UNIDADE 2 – MACROECONOMIA ................................................................................ 69
TÓPICO 1 – NOÇÕES DE CONTABILIDADE SOCIAL ................................................. 71
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 71
2 CONTAS NACIONAIS ................................................................................................. 71
3 MÉTODO DO VALOR ADICIONADO .......................................................................... 72
4 PIB VERSUS PNB ....................................................................................................... 75
5 O PIB COMO MEDIDA DE BEM-ESTAR .................................................................... 76
6 PIB REAL VERSUS PIB MONETÁRIO ....................................................................... 79
RESUMO DO TÓPICO 1 ................................................................................................. 82
AUTOATIVIDADE ........................................................................................................... 83
TÓPICO 2 – O PAPEL DO ESTADO NA ATIVIDADE ECONÔMICA ............................. 85
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 85
2 O PAPEL DO ESTADO NOS TEMPOS ATUAIS ......................................................... 85
3 METAS CONJUNTURAIS E METAS ESTRUTURAIS ................................................ 88
3.1 METAS ESTRUTURAIS ............................................................................................ 89
3.2 METAS CONJUNTURAIS ......................................................................................... 90
RESUMO DO TÓPICO 2 ................................................................................................. 93
AUTOATIVIDADE ........................................................................................................... 94
TÓPICO 3 – POLÍTICA ECONÔMICA ............................................................................ 95
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 95
2 POLÍTICA FISCAL ....................................................................................................... 96
3 POLÍTICA MONETÁRIA .............................................................................................. 98
4 POLÍTICA CAMBIAL E COMERCIAL ....................................................................... 102
5 POLÍTICA DE RENDAS ............................................................................................. 105
LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................................ 106
RESUMO DO TÓPICO 3 ................................................................................................ 110
ECONOMIA vii
AUTOATIVIDADE .......................................................................................................... 111
TÓPICO 4 – OS GASTOS PÚBLICOS E DÍVIDA PÚBLICA ........................................ 113
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 113
2 DÍVIDA LÍQUIDA DO SETOR PÚBLICO .................................................................... 115
2.1 TAXA DE JUROS SELIC .......................................................................................... 116
2.2 RELAÇÃO ENTRE A TAXA DE JUROS E A DÍVIDA PÚBLICA ................................ 117
3 RESULTADO PRIMÁRIO VERSUS RESULTADO NOMINAL ................................... 119
4 DÍVIDA EXTERNA .....................................................................................................122
RESUMO DO TÓPICO 4 ............................................................................................... 124
AUTOATIVIDADE ......................................................................................................... 125
TÓPICO 5 – MOEDA E INFLAÇÃO ............................................................................. 127
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 127
2 BREVE HISTÓRICO DA EVOLUÇÃO DA MOEDA .................................................. 127
2.1 PADRÃO OURO ...................................................................................................... 130
3 FUNÇÕES DA MOEDA .............................................................................................. 131
3.1 MOTIVOS PARA RETER MOEDA .......................................................................... 132
4 AGREGADOS MONETÁRIOS ................................................................................... 133
5 INFLAÇÃO ................................................................................................................. 134
5.1 CONSEQUÊNCIAS DAS ELEVADAS TAXAS DE INFLAÇÃO ............................... 138
RESUMO DO TÓPICO 5 ............................................................................................... 141
AUTOATIVIDADE ......................................................................................................... 142
TÓPICO 6 – SETOR EXTERNO E BALANÇO DE PAGAMENTOS ............................ 143
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 143
2 BALANÇO DE PAGAMENTOS ................................................................................. 144
3 BALANÇA COMERCIAL ........................................................................................... 144
4 BALANÇA DE SERVIÇOS ........................................................................................ 146
5 SALDO EM TRANSAÇÕES CORRENTES ............................................................... 148
6 MOVIMENTOS DE CAPITAIS AUTÔNOMOS ........................................................... 150
RESUMO DO TÓPICO 6 ............................................................................................... 153
AUTOATIVIDADE ......................................................................................................... 154
AVALIAÇÃO .................................................................................................................. 155
UNIDADE 3 – MICROECONOMIA ............................................................................... 157
TÓPICO 1 – A LEI DA PROCURA E DA OFERTA ....................................................... 159
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 159
2 LEI DA PROCURA ..................................................................................................... 159
3 LEI DA OFERTA ........................................................................................................ 161
4 A INTERAÇÃO DA PROCURA E DA OFERTA: O PREÇO DE EQUILÍBRIO .......... 162
5 A FUNÇÃO DOS PREÇOS NOS SISTEMAS ECONÔMICOS .................................. 164
LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................................ 165
RESUMO DO TÓPICO 1 ............................................................................................... 168
AUTOATIVIDADE ......................................................................................................... 169
ECONOMIA viii
TÓPICO 2 – CONCEITO DE ELASTICIDADE ............................................................. 171
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 171
2 A ELASTICIDADE DA PROCURA ............................................................................ 171
3 TIPOS DE ELASTICIDADE-PREÇO DA PROCURA ................................................ 172
4 FATORES QUE INFLUENCIAM A ELASTICIDADE-PREÇO DA PROCURA .......... 173
5 A ELASTICIDADE DA OFERTA ................................................................................ 173
6 TIPOS DE ELASTICIDADE-PREÇO DA OFERTA .................................................... 174
7 FATORES QUE INFLUENCIAM A ELASTICIDADE-PREÇO DA OFERTA .............. 175
RESUMO DO TÓPICO 2 ............................................................................................... 176
AUTOATIVIDADE ......................................................................................................... 177
TÓPICO 3 – O CONSUMIDOR: A MAXIMIZAÇÃO DA SATISFAÇÃO DE SUAS 
NECESSIDADES .......................................................................................................... 179
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 179
2 O PRINCÍPIO DA UTILIDADE MARGINAL DECRESCENTE ................................... 179
3 UTILIDADE MARGINAL DECRESCENTE E PREÇOS DIFERENCIADOS ............. 183
4 CURVAS DE INDIFERENÇA ..................................................................................... 185
5 RESTRIÇÕES ORÇAMENTÁRIAS ........................................................................... 187
6 RESTRIÇÕES ORÇAMENTÁRIAS COM ALTERAÇÕES NOS NÍVEIS DE PREÇO 
E RENDA ...................................................................................................................... 190
RESUMO DO TÓPICO 3 ............................................................................................... 197
AUTOATIVIDADE ......................................................................................................... 198
TÓPICO 4 – A UNIDADE PRODUTORA: RECEITAS, CUSTOS E LUCROS ............. 199
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 199
2 RECEITA TOTAL E RECEITA MARGINAL ............................................................... 199
3 CUSTOS FIXOS, CUSTOS VARIÁVEIS E CUSTOS TOTAIS ................................... 201
4 CUSTOS MÉDIOS E CUSTOS MARGINAIS ............................................................ 204
5 MAXIMIZAÇÃO DO LUCRO ...................................................................................... 205
RESUMO DO TÓPICO 4 ............................................................................................... 210
AUTOATIVIDADE .......................................................................................................... 211
TÓPICO 5 – ESTRUTURA DE MERCADO .................................................................. 213
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 213
2 CONCORRÊNCIA PERFEITA ................................................................................... 213
3 COMPETIÇÃO IMPERFEITA OU MONOPOLISTA ................................................... 214
4 OLIGOPÓLIO ............................................................................................................. 214
5 MONOPÓLIO ............................................................................................................. 215
RESUMO DO TÓPICO 5 ............................................................................................... 217
AUTOATIVIDADE ......................................................................................................... 218
AVALIAÇÃO .................................................................................................................. 219
REFERÊNCIAS .............................................................................................................221
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UNIDADE 1
O QUE É ECONOMIA, AGENTES 
ECONÔMICOS E SISTEMAS 
ECONÔMICOS
ObjETIvOS DE AprENDIzAGEM
 A partir desta unidade, você será capaz de:
	diferenciar os vários entendimentos da palavra economia;
	identificar os agentes econômicos e compreender os seus papéis 
dentro da atividade econômica;
	comparar as características dos diferentes sistemas econômicos 
atualmente em funcionamento;
	demonstrar o funcionamento do Fluxo Circular da Renda no Sistema 
Econômico Capitalista.
TÓPICO 1 – O QUE É ECONOMIA
TÓPICO 2 – AGENTES ECONÔMICOS
TÓPICO 3 – SISTEMAS ECONÔMICOS
TÓPICO 4 – FUNCIONAMENTO DE UM SISTEMA 
ECONÔMICO CAPITALISTA
TÓPICO 5 – EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO 
ECONÔMICO
pLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em cinco tópicos. No final de cada 
um deles, você encontrará atividades que o(a) ajudarão a fixar os 
conhecimentos estudados.
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O QUE É ECONOMIA
1 INTRODUÇÃO
TÓPICO 1
UNIDADE 1
Num país como o Brasil, dois assuntos parecem ser de domínio público e são discutidos 
nos mais variados locais, desde as mesas de bar até os pontos de ônibus. Esses assuntos 
são futebol e economia.
O futebol, apesar de ter sido inventado pelos ingleses, foi um esporte absorvido de 
tal forma pela população nacional que se transformou numa característica peculiar da cultura 
brasileira.
Da mesma maneira, a economia é um assunto comentado nas mais variadas esferas 
sociais, dos bancos universitários aos ambientes de trabalho, às vezes, com propriedade, 
porém, na maior parte dos casos, de forma superficial e parcial.
Por que motivo a economia atrai tanto o cidadão brasileiro? Muito provavelmente isso 
se deve ao fato de que o Brasil já foi palco de muitos experimentos econômicos nas últimas 
décadas e boa parte deles não foram bem-sucedidos, pelo menos do ponto de vista da população 
brasileira, que continua tendo que enfrentar elevados índices de desemprego, arrocho salarial 
e uma queda frequente da qualidade de vida.
Essa preocupação do brasileiro com a economia é um reflexo da importância que essa 
disciplina tem para o seu dia a dia, embora muitas vezes essa relação não esteja muito clara. 
Todavia, no fundo todo trabalhador e todo empresário sabe, mesmo que por intuição ou por 
experiência prática, que as decisões governamentais (muitas delas com reflexo na economia 
brasileira) vão afetar a sua vida. 
Ele percebe que paga muitos impostos, mas não vê uma contrapartida adequada por 
parte do poder público. Muito pelo contrário, ele se escandaliza quando percebe que o dinheiro 
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que foi pago em impostos é desviado na corrupção das esferas governamentais, ou quando 
esse dinheiro é mau empregado ou desperdiçado em obras mal projetadas ou em serviços 
públicos de qualidade extremamente precária.
Embora as notas oficiais do governo afirmem que a inflação está sob controle, o brasileiro 
continua percebendo a elevação dos preços nos supermercados e sente que seu salário não 
é mais suficiente para comprar as mesmas mercadorias que ele comprava no passado.
Muitos trabalhadores lutam para manter o seu emprego e por isso se esforçam para 
conseguir uma melhor qualificação profissional, pois sabem que o risco de desemprego é 
elevado. Outros estão preocupados com sua aposentadoria, pois sabem que o governo não 
pode lhes garantir uma boa previdência pública.
Muitos empresários têm medo de abrir novos negócios, pois não sabem se terão clientes 
para os seus produtos, ou se terão condições de pagar todos os impostos exigidos pelo governo. 
Ao mesmo tempo, não sabem se poderão exportar ou importar, pois parece não haver tipo de 
política de longo prazo no tratamento das questões econômicas. E, assim, um negócio que 
pode ser rentável hoje, pode dar prejuízo daqui a dois ou três anos. Essa incerteza quanto ao 
futuro prejudica os investimentos, o emprego, a renda, a qualidade de vida etc.
Em suma, a economia é um assunto do interesse geral em função da sua forte 
influência no cotidiano de empregadores, empregados e desempregados. Mesmo pessoas 
que eventualmente não gostem de economia têm as suas vidas afetadas por vários aspectos 
da economia do país. 
Todas as pessoas, empresários, trabalhadores, estudantes, donas de casa etc., que 
quiserem ter reduzidas suas incertezas (referentes ao emprego, ao salário, a lucratividade do 
negócio etc.) frente ao mercado terão de se preocupar em absorver algumas noções sobre 
economia.
2 O QUE É ECONOMIA
Podemos encontrar pelo menos três significados distintos para essa palavra. 
Primeiramente, economia pode ser interpretada segundo a percepção que as pessoas 
normalmente têm dessa palavra, ou seja, o senso comum. Além disso, podemos distinguir 
a economia como sendo uma “Atividade Econômica”. E, finalmente, a economia pode ser 
entendida como uma “Ciência Econômica”.
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2.1 ECONOMIA SEGUNDO O “SENSO COMUM”
2.2 ECONOMIA COMO “ATIVIDADE ECONÔMICA”
Segundo o senso comum, ou seja, de acordo com a percepção intuitiva que a maioria das 
pessoas tem a respeito da palavra “economia”, ela significa economizar. Isto é, ela é entendida 
como um sinônimo da palavra “poupar”, ou seja, abrir mão do consumo presente, guardando 
e acumulando recursos para realizar um consumo maior no futuro. Fazer economia, nesse 
sentido, significa fazer um bom uso dos seus recursos pessoais, contendo ou moderando os 
gastos, de forma a evitar desperdícios desnecessários.
A palavra economia também pode ser entendida como Atividade Econômica, ou seja, 
o conjunto de ações desenvolvidas pelos seres humanos no sentido de criar as condições 
materiais para a sua sobrevivência. 
A atividade econômica é toda ação dos seres humanos destinada a produzir, distribuir 
ou consumir riquezas, e dessa forma satisfazer determinadas necessidades com o objetivo 
final de criar condições para a perpetuação da espécie humana e de sua sociedade. 
Assim, é possível afirmar que todo trabalhador, empresário, consumidor, estudante 
ou dona de casa realizam atividades econômicas, mesmo que não gostem de ler as páginas 
de economia do jornal. Toda pessoa que trabalha, está produzindo algo (um bem ou serviço), 
que terá uma utilidade (em maior ou menor grau), e que servirá para satisfazer a necessidade 
(prioritária ou supérflua) de alguém.
No mundo atual, mesmo as pessoas desempregadas realizam atividades econômicas, 
pois para sobreviver elas precisam consumir alimentos, e a maioria desses alimentos foi 
deliberadamente produzida por alguém para a venda no mercado. Atualmente, pouquíssimos 
são os alimentos que podem ser simplesmente coletados da natureza, sem nenhum custo 
para o consumidor. 
A atividade econômica remonta aos primórdios da civilização. Desde que os seres humanos 
começaram a se organizar para efetivamente produzir o seu alimento, ao invés de simplesmente 
coletá-lo da natureza, a atividade econômica propriamente dita já existia. Obviamente, as técnicas 
de cultivo das primeiras civilizações eram extremamente precárias, porém possibilitaram o 
surgimento de sociedades sedentárias que começaram a acumular os excedentes de produção 
e comercializá-lo, criando condições para o aprimoramento cultural e tecnológico.
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Hoje em dia, praticamente toda a humanidade realiza algum tipo de atividade econômica, 
apoiada no maior ou menor uso de tecnologias sofisticadas. O volume da atividade econômica 
é medido de diversas formas nos diferentes países. O indicador mais famoso para a medição 
dovolume da atividade econômica de um país é o PIB, ou Produto Interno Bruto. 
É comum vermos manchetes, em jornais, com expressões do tipo: “a economia brasileira 
está em recessão”, ou “a economia francesa está se recuperando”, ou ainda “a economia 
chinesa cresceu quase 10% no ano passado”. Nessas frases, a palavra economia é empregada 
como “atividade econômica”.
2.3 ECONOMIA COMO “CIÊNCIA ECONÔMICA”
A palavra economia atualmente também é utilizada como sinônimo de Ciência Econômica. 
Toda ciência tem por objetivo aprimorar o conhecimento humano sobre determinados fenômenos 
por meio do uso de métodos racionais de investigação, indução e dedução. A Filosofia, que 
é considerada a mãe de todas as ciências foi a primeira tentativa da humanidade de explicar 
seus problemas sem fazer uso de crenças religiosas ou mitológicas.
Da mesma maneira, a atividade econômica começou a ser objeto de estudo de um 
grupo de cientistas sociais insatisfeitos com as explicações dadas pelo senso comum aos 
problemas econômicos. Foi então que surgiram, no século XVII, na Europa, os primeiros 
textos de economia e as primeiras tentativas de compreender, de forma lógica e racional, o 
que estava acontecendo. Em termos econômicos, aquele continente passava pelo que hoje 
chamamos de Mercantilismo.
Isso não quer dizer que a economia não tenha sido estudada antes do século XVII. Na 
verdade, a economia já tinha sido objeto de preocupação de filósofos da Grécia Antiga, mas 
ela não tinha ainda a condição de uma ciência independente. A criação da palavra Economia 
é atribuída a Xenofontes (431-355 a.C.), contemporâneo de Sócrates, que escreveu várias 
obras, entre ela uma intitulada “Econômico”, um tratado prático sobre como bem administrar 
o Oikos (casa). Ou seja, na época, a economia era entendida como um conjunto de princípios 
de gestão doméstica.
No entanto, foi a partir do século XVIII, mais precisamente no ano de 1776, que a 
Economia adquire o caráter de ciência independente, com a publicação da obra “A Riqueza das 
Nações: investigação sobre sua natureza e suas causas”, por Adam Smith, o mais eminente 
teórico da Economia Clássica, considerado hoje o “Pai da Economia”.
A Ciência Econômica é, portanto, a ciência que estuda as diferentes maneiras pelas 
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2.4 A CIÊNCIA DA ESCASSEZ
Vários são os conceitos dados por economistas para essa ciência ao longo do tempo. Um 
conceito relativamente recente, e aparentemente menos influenciado por sistemas ideológicos, 
foi dado pelo economista inglês Lionel Robbins, na obra “Um ensaio a respeito da natureza e do 
significado da Ciência Econômica”, publicado em 1932. Robbins a definiu da seguinte maneira: 
“Economia é, pois, a ciência que estuda as formas do comportamento humano resultantes 
da relação existente entre as ilimitadas necessidades a satisfazer e os recursos que, embora 
escassos, se prestam a usos alternativos”. (ROBBINS, apud ROSSETTI, 1997, p. 52).
Hoje em dia a Ciência Econômica se preocupa em estudar a atividade produtiva dando 
especial atenção à questão do uso mais eficiente dos recursos materiais disponíveis, de forma 
a evitar desperdícios desnecessários, visto que esses recursos produtivos são considerados 
escassos. Nesse sentido, a preocupação da Ciência Econômica nos dias atuais tem relação 
com a noção dada pelo senso comum à palavra economia, como visto anteriormente. 
Para compreender o conceito anterior, temos que ter claro que em economia as 
necessidades humanas são consideradas ilimitadas. É bem verdade que as pessoas, de modo 
geral, podem sobreviver muito bem sem ter acesso a automóveis de luxo, jatinhos executivos, 
iates ou ilhas particulares. Essas pretensas necessidades são na verdade mercadorias 
supérfluas. Existem necessidades que não podem ser atendidas pelo campo econômico, como 
é o caso das necessidades espirituais e afetivas.
Contudo, existem outras necessidades, cujo atendimento é fundamental para a 
sobrevivência do indivíduo, como é o caso da alimentação, do vestuário e da habitação. E, 
de modo geral, depois que uma pessoa tem as suas necessidades básicas atendidas, outras 
surgem no seu lugar, mantendo o ser humano permanentemente insatisfeito, querendo consumir 
cada vez mais. Por isso, muitos brasileiros sonham com um padrão de consumo equivalente 
ao da sociedade norte-americana, a mais consumista do mundo, mas isso não significa que 
os americanos estejam satisfeitos. Na verdade, eles consideram que suas necessidades ainda 
não foram plenamente atendidas e, portanto, querem consumir ainda mais.
Essas necessidades são atendidas, em sua maioria, por um conjunto de bens e 
serviços colocados à disposição da sociedade. Contudo, esses bens e serviços precisam ser 
produzidos, e a sua produção depende de vários recursos produtivos ou fatores de produção, 
quais as sociedades se organizam e se relacionam para produzir, distribuir e consumir riquezas 
de modo a atender às necessidades humanas e, com isso, garantir a sua sobrevivência e 
perpetuação como espécie e como organização social.
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que foram primeiramente classificados pelo economista francês Jean-Baptiste Say em três 
diferentes categorias: terra (terras cultiváveis, florestas, minas), trabalho (mão de obra) e 
capital (máquinas, equipamentos, instalações). Atualmente, alguns economistas acreditam que 
cada insumo consiste num tipo particular de recurso produtivo, mesmo aqueles considerados 
intangíveis, como a ciência e a tecnologia além da organização empresarial. 
Esses recursos produtivos são considerados escassos, o que nos impede de produzir 
bens e serviços suficientes a atender todas as necessidades humanas. 
Muitas pessoas poderão se perguntar: será a mão de obra um recurso escasso, pois 
vemos tantas pessoas desempregadas? Em termos econômicos, sim, pois é preciso pagar 
para ter acesso a ele. Em economia só não é considerado escasso algo que existe em tamanha 
abundância na natureza, que não pode ser objeto de compra e venda. Como exemplo, temos 
o ar que respiramos (pelo menos por enquanto). 
Todo objeto que seja ligeiramente escasso torna-se um objeto econômico e por isso 
pode ser comprado e vendido, mesmo que por um preço baixo. Assim sendo, a mão de obra 
de baixa qualificação, por ser pouco escassa (ou relativamente abundante) tende a ter uma 
remuneração baixa. Já a mão de obra qualificada, por ser mais escassa, passa a ter um valor 
mais elevado no mercado.
De modo similar, podemos falar dos outros insumos (recursos) produtivos como a 
tecnologia e a energia. Embora tenhamos a percepção de que vivemos num ambiente rodeado 
pela tecnologia e de que ela avança dia a dia, os trabalhadores de modo geral são apenas usuários 
da tecnologia. Elas não desenvolvem a tecnologia. Muitas pessoas utilizam um computador sem 
saber exatamente como ele funciona. Muitos motoristas dirigem um automóvel sem entender os 
princípios básicos dos motores de combustão interna. Os usuários da tecnologia dificilmente têm 
condições de aprimorá-la. Por isso, a tecnologia também é escassa, e as empresas que quiserem 
ter acesso a ela terão que pagar. E quanto mais avançada for a tecnologia, mais cara ela será.
E de nada servem máquinas e equipamentos se não for possível ligá-los e acioná-los 
com o uso da energia, seja elétrica, térmica, mecânica etc. Está ficando cada vez mais claro 
para a sociedade mundial que as fontes energéticas são limitadas e, portanto, escassas. Os 
preços internacionais do petróleo (a principal fonte energética do mundo) têm experimentado 
uma forte volatilidade na primeira década do século XXI. Particularmente, entre 2004 e 2008 
os preços dispararam nomercado mundial, chegando a quase US$ 150,00 o barril em julho 
de 2008. Essa alta é atribuída às crescentes dificuldades em adequar a capacidade produtiva 
ao crescimento da demanda mundial. 
Em suma, os recursos são escassos e por isso não podem ser desperdiçados. O seu 
uso deve ser muito bem planejado, pois o seu esbanjamento nos dias atuais pode comprometer 
o crescimento econômico das gerações futuras.
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2.5 OS PROBLEMAS ECONÔMICOS FUNDAMENTAIS
Se por um lado as necessidades humanas são consideradas ilimitadas e, de outro, os 
recursos produtivos necessários para a elaboração dos bens e serviços (que irão satisfazer 
essas necessidades) são escassos, temos um problema a ser resolvido. 
Nem todas as pessoas da sociedade terão suas necessidades plenamente satisfeitas. 
Em função da escassez dos recursos, cada sociedade terá que eleger prioridades e definir 
quais necessidades (e as necessidades de quem) serão atendidas primeiro.
Essas questões a serem resolvidas são chamadas em economia de “Problemas 
Econômicos Fundamentais” e compreendem três tipos principais:
O que e quanto produzir: que tipos de mercadorias, bens e serviços serão produzidos. 
Será dada preferência a artigos de luxo ou a gêneros de primeira necessidade? Dar-se-á ênfase 
aos artigos destinados aos consumidores ou ao setor militar? 
Como produzir: que técnicas e tecnologias serão adotadas. Quais os insumos a serem 
utilizados. As técnicas produtivas serão intensivas no uso de capital (máquinas e equipamentos) 
ou no uso da mão de obra? 
Para quem produzir: a quem se destinam as mercadorias produzidas? Às classes 
sociais mais abastadas ou às mais carentes? Normalmente, bens e serviços são produzidos 
para quem tem renda para pagar por eles.
De forma simplificada, podemos representar a preocupação principal da Ciência 
Econômica e os Problemas Econômicos Fundamentais decorrentes da seguinte maneira:
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FONTE: O autor
LEITURA COMPLEMENTAR
A CEGUEIRA DAS CIVILIZAÇÕES
Jared Diamond diz que o sucesso de sociedades do passado não as deixou ver o perigo 
ambiental criado por elas próprias. Ele teme que isso se repita.
Por Diogo Schelp
O homem nunca tirou tanto do meio ambiente como nos últimos cinquenta anos. O 
avanço acelerado sobre a natureza é o efeito colateral do nosso sucesso. Vista pela perspectiva 
dos avanços relativos de cada civilização, a nossa exibe brilho sem igual. A fartura inédita de 
alimentos, a tecnologia para salvar vidas e colocar foguetes na Lua e a compreensão científica 
dos fenômenos naturais nunca foram maiores. A contrapartida preocupante são a perda 
acelerada de biodiversidade e a degradação do meio ambiente, a pressão sobre os estoques 
de água potável, o excesso de pesca nos oceanos e indícios de mudanças climáticas causadas 
pela ação do homem. O que esse processo mostra é que os recursos naturais podem estar 
sendo consumidos em velocidade maior que a de reposição do planeta. Há o risco de não 
sobrar o suficiente para as gerações futuras. 
FIGURA 1 – PROBLEMAS ECONÔMICOS FUNDAMENTAIS
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A respeito disso, vale a pena prestar atenção no que diz o americano Jared Diamond. 
[...] Diamond estudou o declínio e o sucesso de várias sociedades do passado e acredita ter 
encontrado um padrão na catástrofe: o desastre ambiental provocado por elas foi decisivo no 
próprio declínio. A queda de um povo nunca é o resultado de um único fator, diz o geógrafo. 
Ele pode simplesmente ser aniquilado por um invasor poderoso. Outras vezes, o colapso é 
provocado pela perda de uma conexão vital – um freguês tradicional para seu único produto 
de exportação, por exemplo. Pode ocorrer uma mudança climática ou um desastre natural. 
O elemento isolado mais poderoso, contudo, pelo menos nos exemplos estudados, foi a 
degradação ambiental. Quando a população cresce, em decorrência do sucesso da sociedade, 
a pressão por alimento se torna excessiva para os recursos naturais. O resultado é a fome, 
que leva à desagregação social e a guerra civil. 
De qualquer forma, no seu entender, a questão mais importante é o modo com que a 
sociedade reage aos quatro problemas citados. O sucesso pode cegar as pessoas para os 
riscos de seu próprio comportamento. Os mesmos valores que permitiram a ascensão daquele 
povo podem igualmente levá-lo à ruína. O exemplo dessa situação, apresentado pelo geógrafo, 
não é do passado, e sim dos nossos dias. A cultura do consumo permitiu a criação do grau de 
riqueza da sociedade moderna. O risco é o de que os recursos naturais não dêem conta de 
atender à demanda, fazendo com que a sociedade volte atrás. [...]
O paradoxo é que a mesma eficiência em explorar – e, por consequência, danificar – os 
recursos naturais foi o que permitiu à humanidade atingir o padrão atual de conforto. Nunca o 
ser humano levou uma vida tão boa. Nas últimas quatro décadas, a renda per capita mundial 
triplicou. A proporção de pobres diminuiu. Jamais uma parcela tão grande da população mundial 
teve igual acesso a serviços básicos de saúde, alimentação e moradia. A expectativa média 
de vida passou de 50 para 79 anos em um século. Entre 1960 e 2000, a população mundial 
dobrou (de 3 para 6 bilhões) enquanto a economia cresceu seis vezes. Duas forças exercem 
maior pressão sobre o planeta: o crescimento da população global e a melhoria no nível de 
vida dos moradores dos países pobres. A ONU estima que, em 2050, atingiremos o ápice 
populacional, com 8,9 bilhões de pessoas.
FONTE: SCHELP, Diogo. A cegueira das civilizações. Veja, São Paulo, n. 1921, set. 2005. Disponível 
em: <http://veja.abril.com.br/070905/p_102.html>. Acesso em: 16 jan. 2011.
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RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você viu que:
•	 A Economia, quando tratada informalmente, é um assunto que atrai muito os brasileiros, 
pois eles percebem que muitos dos seus problemas pessoais, financeiros e profissionais 
são afetados pela economia brasileira e mundial.
•	 No sentido popular a palavra, economia é considerada como um sinônimo de poupar.
•	 A palavra economia pode ser entendida como “Atividade Econômica”, ou seja, todas as 
ações humanas destinadas a produzir, distribuir e consumir riquezas.
•	 A Economia surge como ciência a partir da publicação da obra de Adam Smith “A Riqueza 
das Nações”, em 1776.
•	 A economia pode ser entendida como a Ciência da Escassez.
•	 As necessidades humanas são consideradas ilimitadas.
•	 Os recursos produtivos são considerados escassos.
•	 As sociedades precisam fazer escolhas para bem administrar os seus recursos produtivos 
escassos de forma a evitar desperdícios e preservar a capacidade de crescimento do sistema 
econômico para as gerações futuras.
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1 Você considera o entendimento da economia importante para a sua vida pessoal? 
De que maneira sua vida é afetada pela economia brasileira e mundial?
2 Explique o que se entende por atividade econômica.
3 Como e quando a economia se transforma numa ciência independente?
4 Qual é o objetivo da ciência econômica?
5 Por que os recursos produtivos são considerados escassos? Explique.
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AGENTES ECONÔMICOS
1 INTRODUÇÃO
2 AS EMPRESAS
TÓPICO 2
UNIDADE 1
No tópico anterior foi visto que toda sociedade precisa fazer algumas escolhas 
econômicas em função da escassez dos recursos produtivos. Como não é possível produzir 
tudo o que as pessoas precisam ou desejam, torna-se necessárioeleger prioridades dando 
ênfase na produção de determinados bens e serviços em detrimento de outros.
Cabe agora perguntar: quem toma essas decisões econômicas? Tais decisões são 
tomadas pelos agentes econômicos. Os principais agentes econômicos são: as empresas, as 
famílias e o Estado. Se considerarmos que nenhum país é uma ilha, ou seja, que, no mundo 
globalizado, ele precisa se relacionar com outras economias, o resto do mundo pode ser 
considerado um quarto agente econômico.
As empresas são agentes econômicos responsáveis por parte das decisões tomadas 
pela sociedade para resolver seus problemas econômicos. Os empresários, responsáveis 
pela condução das empresas, são os detentores das máquinas e equipamentos. E é das 
instalações dessas empresas que sairá a maior parte das mercadorias, dos bens e serviços 
que irão abastecer a sociedade e saciar boa parte das suas necessidades.
São os empresários que realizarão os investimentos produtivos para ampliar a sua 
capacidade produtiva, para contratar e treinar trabalhadores, mas a empresa não atua de forma 
isolada. Ela não pode tomar decisões de forma independente. Suas decisões normalmente são 
tomadas levando em consideração o padrão de comportamento e os desejos e necessidades de 
outro agente econômico: as famílias, que atuam como consumidores dos produtos produzidos 
pelas empresas.
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3 AS FAMÍLIAS
4 O MERCADO
Nas economias capitalistas, as famílias, ao exercerem o seu papel de consumidores, 
têm um papel fundamental. Ao adquirir uma mercadoria (bem ou serviço), o consumidor está 
referendando a decisão de produção tomada pelo empresário. Todo ato de compra funciona 
como um voto a favor de uma determinada mercadoria cuja produção depende do empresário. 
Caso o consumidor venha a reduzir o volume de compras, ou mesmo deixe de adquirir o 
produto ou serviço que o empresário está oferecendo, este último deve interpretar o fato como 
um descontentamento do cliente, e por isso deve procurar alterar as qualidades do produto, 
de forma a se ajustar as novas necessidades dos compradores. Como o empresário conhece 
o poder do consumidor, dificilmente ele lança uma nova mercadoria sem antes fazer um teste 
de aceitação no mercado. 
Sabendo do poder exercido pelas famílias consumidoras na economia capitalista, muitas 
empresas têm direcionado vultosos recursos aos departamentos de marketing. Marketing é uma 
palavra de origem inglesa. Convertendo-a para o português teríamos o termo mercadologia, que 
significa o estudo do mercado, ou seja, do mercado consumidor. Nesse sentido, o marketing 
nada mais é do que todo um conjunto de ações tomadas pelas empresas no sentido de facilitar 
a aceitação pelos consumidores das mercadorias produzidas pelas empresas, ações essas 
que vão da pesquisa de mercado à propaganda, e do desenvolvimento de novos produtos ao 
estabelecimento de novos canais de distribuição. 
Nenhum empresário lançará uma nova mercadoria sabendo de antemão que ela não 
será vendida. No capitalismo, nenhum projeto é iniciado se ele tiver perspectiva de prejuízo. 
O lucro é fundamental. E para atingir o lucro, muitas vezes, os departamentos de marketing 
“criam” novas necessidades por meio de campanhas publicitárias fazendo o consumidor desejar 
mercadorias que antes ele julgava desnecessárias.
A relação entre empresas e famílias, ou seja, entre empresários e consumidores ocorre 
no mercado. O Mercado é todo local, físico ou não, onde existe um processo de compra e venda, 
uma troca de mercadoria por dinheiro. O mercado é o local onde comprador e vendedor, onde 
consumidores e empresários se encontram e definem o preço de venda da mercadoria.
É bem verdade que existem diferentes tipos de mercado. Existem mercados onde o 
consumidor exerce grande influência. Por outro lado, existem mercados onde o empresário 
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reina absoluto e o consumidor só tem a opção de comprar a mercadoria ou deixar de comprá-
la. Contudo, isso será analisado com mais profundidade quando estudarmos a Estrutura de 
Mercado em parte posterior desse Caderno de Estudos.
O mercado tem vantagens e desvantagens. Uma das principais vantagens do mercado 
é que ele permite uma descentralização das decisões econômicas. Onde existem consumidores 
em potencial para determinada mercadoria, existe um mercado a ser explorado por um 
empresário. Como todo empresário busca o sucesso do seu negócio, ele sabe que precisa 
vender as mercadorias que ele está disposto a produzir. Portanto, ele fica constantemente a 
procura de um mercado lucrativo. 
No capitalismo nenhum mercado tende a ficar inexplorado por muito tempo, pois os 
empresários logo vislumbram a possibilidade de lucro e tratam de explorá-lo oferecendo 
determinado tipo de bem ou serviço. Isso a princípio representa uma vantagem, pois há uma 
tendência de que, havendo consumidores para certa mercadoria, haverá empresários dispostos 
a oferecê-la, desde que exista a possibilidade de lucro na operação. Ou seja, as decisões 
econômicas (de “o que” e “quanto”, “como” e “para quem” produzir) são descentralizadas. Não 
existe a necessidade de um órgão centralizador para a tomada dessas decisões.
Por outro lado, a grande desvantagem do mercado é que a sociedade não é feita só de 
consumidores. O consumidor é aquele que tem condições de consumir, ou seja, tem renda para 
gastar. Todo cidadão que não tiver renda suficiente para consumir as mercadorias oferecidas 
pelos empresários fica excluído do “paraíso do consumo” da sociedade capitalista. Portanto, 
as relações de mercado entre empresários e consumidores são limitadas e não atendem ao 
interesse de toda a sociedade, principalmente numa sociedade como a brasileira, que tem 
dificuldades em gerar renda para todos os seus cidadãos. 
Se ficássemos apenas na dependência do mercado, teríamos a nossa disposição 
apenas bens e serviços ofertados pelo setor privado em setores onde o lucro fosse garantido. 
Por exemplo, se a construção de estradas dependesse apenas do mercado, elas somente 
seriam abertas onde houvesse motoristas dispostos a pagar pedágio em número suficiente para 
custear a implantação e manutenção da rodovia. De modo similar, se o serviço de segurança 
fosse fornecido apenas pelo mercado, somente as pessoas com renda suficiente para pagar 
um agente de segurança ou para instalar dispositivos antifurto em suas propriedades poderiam 
conviver com um mínimo de tranquilidade. Todos os demais seriam forçados a conviver numa 
sociedade de extrema criminalidade. 
Para superar as deficiências do mercado e tentar corrigir os seus desvios, surge o 
terceiro Agente Econômico: o Estado.
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5 O TERCEIRO AGENTE ECONÔMICO: O ESTADO
Na sociedade capitalista moderna, o Estado desempenha um papel fundamental para 
corrigir as deficiências do mercado. Atualmente, o Estado é um dos mais importantes agentes 
econômicos e ele detém poder de interferir nas relações de mercado, entre empresários e 
consumidores.
Nem sempre foi assim. Mencionamos no tópico anterior que a Economia adquiriu o 
status de Ciência em 1776, com a publicação da obra “A Riqueza das Nações”, de Adam Smith. 
Nessa época, os economistas clássicos (dos quais Smith é o principal) defendiam o Liberalismo 
Econômico, a livre concorrência e a não intervenção do Estado na atividade econômica. Smith 
e os demais clássicos julgavam que a interferência excessiva do Estado era prejudicial aos 
negócios. Nos dias atuais, muitos empresários e consumidores, ao verem os escândalos de 
corrupção e desvio de recursos públicos no Governo, acreditam que Smith continua certo.
Todavia,para Smith não havia necessidade de intervenção do Estado na Economia 
porque ela se autoajustava. Em função da descentralização das decisões econômicas, Smith 
acreditava que as forças do mercado, reguladas pela livre concorrência, não apenas eram 
suficientes para atender a todas as necessidades da sociedade como também acreditava que 
elas forneceriam o melhor conjunto possível de bens e serviços. Qualquer interferência, por 
menor que fosse, prejudicaria o equilíbrio do mercado, e consequentemente a alocação ótima 
de recursos produtivos.
O liberalismo econômico defendido por Smith representa uma situação em que os 
agentes econômicos (empresários e consumidores) são livres para fazer o que bem entendem. 
Os empresários são livres para decidir o que irão produzir, para quem irão produzir, que preço 
irão cobrar, que salário irão pagar ao trabalhador, que jornada de trabalho diária irão impor a 
ele. E, por outro lado, o consumidor também tem a sua liberdade; a liberdade de comprar a 
mercadoria ou não. E o trabalhador tem a liberdade de aceitar os baixos salários e as condições 
subumanas de trabalho que lhe são impostas ou ficar desempregado e, consequentemente, 
sem renda.
É evidente que nesse jogo de liberdades o poder de barganha do empresário tende 
a ser muito maior do que o de consumidores e trabalhadores. Como resultado, o liberalismo 
econômico fez suas vítimas. Degradou a condição de vida dos trabalhadores europeus durante 
o século XIX. Havia casos extremos de jornadas de trabalho que chegavam a 18 horas diárias. 
Não existia nenhum tipo de assistência ou previdência social.
Além disso, o capitalismo sem controle do Estado gerou uma tendência à concentração 
de renda que levou a economia europeia a enfrentar constantes crises de superprodução. Tal 
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situação é gerada quando os consumidores não têm renda suficiente para adquirir as mercadorias 
que são produzidas pelos empresários. Gera-se um excesso de oferta, as mercadorias ficam 
paradas nos estoque, os empresários deixam de produzir, demitem funcionários, e estes, sem 
renda, deixam de consumir, aprofundando a crise. Ou seja, em função da extrema concentração 
de renda, boa parte da sociedade não tem condições de consumir num volume suficiente para 
garantir os lucros das empresas. Não existe demanda suficiente para consumir tudo o que é 
produzido.
Cria-se uma situação em que a extrema concentração de renda não prejudica apenas 
os consumidores e trabalhadores, mas também os próprios empresários, que não conseguem 
vender suas mercadorias, e, portanto, realizar os seus lucros. Essa é a grande deficiência 
da sociedade de livre mercado, ou do liberalismo econômico. Por esse motivo o Estado 
incrementou o seu papel na sociedade, ampliando a sua interferência nas questões econômicas, 
transformando-se num agente econômico ativo. 
A maior crise econômica pela qual o capitalismo já passou foi a Grande Depressão 
dos anos 30 do século XX. Essa Grande Depressão teve o seu estopim na queda da Bolsa de 
Valores de Nova Iorque, em 24 de outubro de 1929. Naquela ocasião, como os economistas e 
os líderes políticos acreditavam que o mercado se autoajustava, nada fizeram para pôr fim à 
crise. Na verdade, eles nem sabiam o que poderia ser feito para aplacar os efeitos devastadores 
da Grande Depressão. Quando muitas empresas começaram a fechar as portas, a arrecadação 
tributária do governo norte-americano começou a cair. Para manter o orçamento equilibrado, 
ele elevou os impostos, aprofundando ainda mais a crise.
A solução foi dada por um economista inglês chamado John Maynard Keynes, que em 
1936 publicou um livro intitulado “A Teoria Geral do Emprego do Juro e da Moeda”. Nessa obra 
Keynes defendia, entre outras coisas, o incremento da participação do Estado na condução dos 
assuntos econômicos dos países. Keynes argumentava que os empresários sozinhos não teriam 
condições de tirar os países da depressão. Por isso, a participação do Estado era fundamental. 
Para Keynes. O Estado deveria assumir o papel de estímulo à Demanda Agregada, ou seja, 
ao consumo total do país. Ele faria isso tomando empréstimos e realizando gastos públicos. 
Durante o final dos anos 30, as ideias de Keynes não tiveram muita aceitação entre os 
governantes da época, porque no fundo eles acreditavam que ele estava errado. Os líderes 
políticos continuavam acreditando em Adam Smith e nos seus seguidores, e ficaram esperando 
que o mercado se autoajustasse. Enquanto isso, várias pessoas morriam de fome por causa 
da depressão. 
A Segunda Guerra Mundial trouxe de sopetão a solução keynesiana. Com o início da 
conflagração entre as potências mundiais, os governos desses países começaram a investir 
pesadamente na indústria de armas, fato esse que acabou com o desemprego.
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Após o término da II Guerra, todos os países capitalistas passaram a adotar, em maior 
ou menor medida, as ideias de Keynes. Dos anos 40 até os dias atuais, o papel do Estado 
na condução dos assuntos econômicos só tem aumentado. Hoje se espera que o governo 
combata a inflação, crie condições para a geração de empregos, forneça saúde, segurança e 
educação pública de qualidade, saneamento, construção e pavimentação de rodovias, reduza 
a desigualdade social etc.
Nos países Europeus criou-se o chamado “Estado do Bem-Estar Social”, ou seja, 
um estado que fornece praticamente todos os serviços ao cidadão, de forma que ele tenha 
condições dignas de vida, mesmo que não tenha renda suficiente para contratar esses serviços 
da iniciativa privada. Nesses países, o Estado passou a ser um concorrente da iniciativa privada 
e, em muitos setores, passou a monopolizar os serviços, ou seja, ele passou a ser o único 
fornecedor, não dando condições para que o setor privado atuasse. 
6 O RESTO DO MUNDO
Atualmente, com o crescimento das relações comerciais entre os vários países, 
decorrente do processo de globalização, o Resto do Mundo pode ser visto como um quarto 
agente econômico. Os mercados externos podem atuar como consumidores das mercadorias 
produzidas pelo país. Ao mesmo tempo, as famílias de um país podem consumir mercadorias 
produzidas no exterior. 
Existem países que orientam boa parte das suas atividades produtivas para o 
atendimento de consumidores externos. Ao longo de sua história, o Brasil se caracterizou por 
produzir gêneros agrícolas para exportação nos mercados europeus, e importar bens de luxo 
para uma pequena classe abastada. Gradualmente, esse perfil do Brasil está mudando, mas 
nosso país ainda é muito dependente da importação de mercadorias de alta tecnologia e de 
elevado valor agregado.
Estudaremos o setor externo com mais detalhes em parte posterior desse Caderno de 
Estudos.
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RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você viu que:
•	 As decisões de caráter econômico da sociedade são tomadas pelos agentes econômicos.
•	 Existem quatro principais agentes econômicos: empresas, famílias, estado e resto do 
mundo.
•	 As relações econômicas entre empresas e famílias ocorrem no mercado.
•	 Durante muito tempo, pensou-se que as relações no mercado seriam suficientes para prover 
a sociedade de bens e serviços de forma a garantir uma boa qualidade de vida para as 
famílias.
•	 No entanto, o maior poder de barganha das empresas nas relações de mercado levou a 
abusos por parte destas, prejudicando a qualidade de vida das famílias, estivessem elas na 
condição de consumidores ou de fornecedores de mão de obra, ou seja, trabalhadores.
•	 Estas distorções do mercado levaram a uma crescente concentração de renda que culminavaem crises de superprodução, levando o capitalismo a um crescimento instável e cheio de 
sobressaltos.
•	 A partir dos anos 30 do século XX, o Estado passou a assumir um papel crescente na 
condução das atividades econômicas, interferindo nas relações de mercado, regulamentando 
vários setores, de forma a evitar abusos, e fornecendo serviços, em complemento à Iniciativa 
Privada de forma a atender as classes sociais de baixa renda, não atrativas às empresas.
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1 Quem são os responsáveis pelas decisões econômicas em um país?
2 De que maneira as decisões das famílias como consumidoras influenciam as decisões 
de produção das empresas?
3 As relações de mercado são adequadas para promover a oferta de bens e serviços 
para a sociedade?
4 Por que a participação do Estado nas decisões econômicas cresceu tanto a partir 
dos anos 30 do século XX?
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SISTEMAS ECONÔMICOS
1 INTRODUÇÃO
2 CAPITALISMO
TÓPICO 3
UNIDADE 1
No tópico anterior, estudamos quais são os agentes econômicos. Vimos que as relações 
econômicas entre empresas e famílias ocorrem no mercado. Vimos também que as relações 
de mercado estão sujeitas a distorções que podem levar a abusos de determinados agentes 
sobre outros. E para controlar esses abusos, a participação do Estado tem sido cada vez mais 
importante. 
Agora cabe perguntar, qual a importância relativa de cada agente econômico. O grau 
de importância de cada agente econômico irá depender de como a atividade econômica é 
organizada em cada país, do tipo de propriedade adotado, dos processos de circulação das 
mercadorias, dos níveis de desenvolvimento tecnológico, do grau de divisão do trabalho além 
de vários outros fatores. Não existe uma regra geral. Cada país tem suas peculiaridades e 
particularidades. 
 
A esse conjunto de características particulares de cada economia é dado o nome de 
Sistema Econômico. Os economistas de orientação marxista, seguidores de Karl Marx, utilizam 
a expressão “Modo de Produção” para designar a estrutura econômica da sociedade. Existem 
várias classificações de sistemas econômicos, mas atualmente se reconhece a existência de 
dois sistemas econômicos distintos: o capitalismo e o socialismo.
O Capitalismo é o principal sistema econômico adotado pelas nações desenvolvidas e 
pelos países em desenvolvimento.
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Ele é caracterizado entre outras coisas, pela propriedade privada dos meios de produção 
(máquinas e equipamentos), pelo trabalho assalariado, por uma relativa liberdade dos agentes 
econômicos, pela existência da livre iniciativa empresarial etc.
Sua origem está ligada ao declínio da nobreza europeia empobrecida com os gastos 
das cruzadas e ao surgimento da classe burguesa durante a Idade Média. Essa nova classe 
social foi surgindo a partir de mercadores que, por volta do século XIII, compravam mercadorias 
de artesãos e posteriormente as revendiam com uma pequena margem de lucro. Com o 
passar do tempo, esses mercadores descobriram que poderiam lucrar mais se criassem 
manufaturas e contratassem artesãos para produzir as mercadorias. E assim foi criado o 
trabalho assalariado.
Posteriormente, várias transformações sociais na Europa ajudaram a disseminar os 
valores da sociedade burguesa, fortalecendo o seu poder político, em detrimento da nobreza 
e do clero. Entre essas transformações podemos citar a Reforma Protestante de 1517, na 
Alemanha, a Revolução Puritana de 1640 e a Revolução Gloriosa de 1688, ambas na Inglaterra, 
e a Revolução Francesa de 1789. Tais revoluções firmaram os mecanismos políticos, jurídicos e 
ideológicos que garantiram à burguesia o desenvolvimento das relações capitalistas de produção 
e o exercício da dominação social e da hegemonia política sobre os demais segmentos da 
sociedade.
Paralelamente às reformas sociais, ocorreu um conjunto de transformações tecnológicas 
a partir de meados do século XVIII conhecidas como Revolução Industrial. Essa revolução 
consolidou o capitalismo, pois a inserção da máquina no processo produtivo acelerou a 
produção, reduziu muitos custos e ampliou os lucros da classe burguesa, fortalecendo ainda 
mais o seu poder. 
De meados do século XVIII até o início do século XX, o capitalismo foi caracterizado 
pelo liberalismo econômico, ou seja, uma situação na qual a interferência do governo nos 
assuntos econômicos é mínima. Nos anos 30 do século XX foi implementada a maior mudança 
estrutural realizada no capitalismo em tempos recentes. Essa mudança consistia na ampliação 
da participação do Estado na condução dos assuntos econômicos, como já foi mencionado 
anteriormente. Tal participação foi necessária, pois a iniciativa privada sozinha não tinha 
condições de tirar o capitalismo da Grande Depressão. O Estado passou a atuar no sentido 
de estimular a demanda agregada, realizando gastos públicos, criando empregos, gerando 
renda e estimulando o emprego. Desde então, o papel do Estado nas sociedades capitalistas 
só tem crescido. Na verdade, o crescimento do Estado chegou a tal ponto em alguns países e 
onerou a tal ponto os orçamentos públicos que muitos líderes políticos atualmente defendem 
o seu “enxugamento” por meio de um processo de privatizações, ou seja, repasse à iniciativa 
privada de muitas de suas atividades.
O capitalismo é hoje o principal sistema econômico em atividade, embora ainda 
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existam alguns poucos países que adotem um sistema econômico alternativo conhecido por 
Socialismo.
3 SOCIALISMO
3.1 FUNDAMENTOS IDEOLÓGICOS
Como já foi visto em tópico anterior, a filosofia liberal foi difundida na Europa pelas ideias 
dos economistas clássicos (Adam Smith e seus seguidores) favoreceram a classe burguesa, 
proprietária dos meios de produção. No entanto, os abusos do livre mercado fomentaram ideias 
a respeito de uma nova organização social. Se o capitalismo era um modelo de estruturação 
econômica que explorava boa parte da classe trabalhadora, não lhe garantindo condições 
adequadas de vida, muitas pessoas começaram a se perguntar se não haveria um modelo 
melhor de organização econômica.
Várias pessoas já haviam imaginado um modelo de sociedade ideal. Um dos pioneiros 
nesse campo foi o inglês Thomas Morus que escreveu, em 1516, a obra “Utopia”. Nessa obra 
Morus descreve uma sociedade imaginária administrada por um Estado ideal, pautado pela 
razão pura, livre de contradições internas e incapazes de realizar injustiças aos seus membros. 
Posteriormente, muitas pessoas voltaram a defender mudanças na organização econômica, 
entre elas o inglês Robert Owen e os franceses Charles Fourier e Saint-Simon. Estes pensadores 
ficaram conhecidos como socialistas utópicos.
Karl Marx e Friedrich Engels são os fundadores do socialismo científico. Partiram de 
um aprofundado estudo das relações capitalistas de produção para propor a sua destruição 
por meio da ação revolucionária dos trabalhadores. Eles se autointitulavam comunistas, para 
que fossem diferenciados dos socialistas utópicos, pois estes, ao invés da tomada do poder 
pela força por meio de uma revolução, acreditavam que a sociedade poderia ser gradualmente 
reformada por meios legais. 
De modo geral, Marx acreditava que o capitalismo era um modelo injusto e ultrapassado 
de organização econômica da sociedade. A fonte das injustiças dentro do capitalismo estava 
na propriedade privada dos meios de produção, ou seja, das máquinas e equipamentos. Essa 
propriedade privada das máquinas e equipamentos garantia ao capitalista um elevado poder 
nas relações trabalhistas. O trabalhador, por nãodeter a propriedade de nenhum meio de 
produção (instrumento de trabalho), não tem como produzir riquezas, portanto, não tem como 
garantir o seu sustento sozinho, por isso ele fica à mercê do capitalista. O trabalhador vende ao 
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capitalista a sua única propriedade, que é a sua força de trabalho, os seus músculos, em troca 
de um salário. Assim, ao utilizar os meios de produção do capitalista, o trabalhador cria valor 
ao empresário, mas este não o remunera de forma integral. O salário pago pelo empresário ao 
trabalhador será apenas o montante necessário para a sua reprodução, ou seja, a reprodução 
da força de trabalho. Consequentemente, apenas parte da riqueza gerada pelo trabalhador 
no ambiente de trabalho lhe é devolvida na forma de trabalho. O excedente é apropriado pelo 
capitalista. A esse valor criado pelo trabalhador e não pago a ele, Marx chamou de Mais-Valia. 
É dessa mais-valia que o capitalista extrai o seu lucro. Para Marx, a expropriação da mais-
valia é um roubo. Portanto, o capitalismo, na visão de Marx, é injusto na sua essência. E esse 
modelo injusto de sociedade deve ser destruído justamente por aqueles que são oprimidos 
por ela. Marx termina seu Manifesto Comunista com a seguinte frase: “Proletários de todos os 
países, uni-vos!” (MARX, 2002, p. 105).
Para Marx, já existiam em 1848, época da publicação do Manifesto Comunista, condições 
técnicas e materiais para a implementação de um modelo mais justo e superior de sociedade. O 
proletariado seria o agente dessa mudança. Por meio de sua união, os trabalhadores tomariam 
à força o aparelho do Estado e o utilizariam para a destruição das instituições capitalistas. 
Posteriormente, seria realizada a coletivização dos meios de produção, e, finalmente, após 
a implantação de uma sociedade igualitária sem classes sociais, a figura do Estado poderia 
desaparecer uma vez que não haveria mais tensões sociais a serem controladas.
3.2 A EXPERIÊNCIA SOVIÉTICA
As ideias de Marx inspiraram Lênin, que, em outubro de 1917, após a retirada da 
Rússia da Primeira Guerra Mundial, implementou a Revolução Socialista e colocou em 
prática a primeira experiência socialista do mundo. A Revolução Russa efetivamente destruiu 
as instituições capitalistas daquele país, porém ela nunca chegou a se completar a ponto do 
Estado desaparecer, como previa Marx. O que se verificou, na realidade, foi um processo de 
fortalecimento do estado, no qual este passou a absorver todas as atividades antes realizadas 
pela iniciativa privada. 
Criou-se um modelo de economia planificada, no qual todas as decisões econômicas 
passaram a ser centralizadas nos gabinetes do Estado. Nesse modelo econômico, a iniciativa 
privada foi eliminada. Toda a produção, toda oferta de empregos ficou a cargo do Governo 
Central. Tal modelo econômico teve o mérito de transformar uma economia eminentemente 
agrária em 1917 em uma potência militar e tecnológica, capaz de colocar satélites no espaço 
apenas 40 anos depois (O Sputnik I, lançado em 4 de outubro de 1957, sendo o primeiro satélite 
artificial da humanidade).
 
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Todavia, os avanços produzidos na área militar e espacial não tiveram reflexo na 
indústria de bens de consumo. Os economistas que defendem o livre mercado afirmam que 
ele possibilita uma alocação ótima dos recursos produtivos. Os críticos do mercado apontam 
para suas distorções, mostrando que na prática essa alocação ótima não existe. O modelo de 
economia planificada se propôs a corrigir e superar tais distorções. Entretanto, quando aplicado 
na prática, a eficiência prometida pelo planejamento central não se concretizou.
Na segunda metade dos anos 70 do século XX, começou a ficar evidente que a promessa 
socialista de uma sociedade igualitária e sem injustiças estava muito distante da realidade. 
Muitas empresas continuavam funcionando, mesmo apresentando prejuízos; a agricultura 
não conseguia abastecer o país, ficando a União Soviética na dependência da importação 
de alimentos dos países capitalistas, a produtividade média do trabalhador soviético era 50% 
inferior a do trabalhador norte-americano, o absenteísmo era frequente e o alcoolismo alarmante. 
Estima-se que 40 milhões de soviéticos eram alcoólatras. 
Na União Soviética, como muitas metas de produção eram fixadas de forma arbitrária, 
sem levar em consideração a existência de consumidores e suas necessidades particulares, 
existiam muitos desperdícios de recursos produtivos.
Desperdício estava acontecendo na economia não apenas com a força de trabalho, 
mas com os fundamentos materiais – técnica, energia, combustíveis, matérias-primas, 
material de trabalho etc. A imprensa soviética está cheia de exemplos de perdas sensíveis de 
materiais preciosos. Assim, há uma perda média de 20% do cimento, de mais de um quarto 
dos produtos agrícolas e de mais da metade da produção de madeira. Em muitas empresas 
acumulam-se máquinas e equipamentos novos, na espera de entrarem em funcionamento. 
Devido ao armazenamento inadequado, as máquinas tornam-se muitas vezes inúteis e têm 
que ser removidas sem terem jamais funcionado. Essa pílula é ainda mais amarga quando 
se trata de máquinas importadas, compradas com divisas. (SASLAWSKAJA apud KURZ, 
1993, p. 101).
A partir de 1985, com a ascensão de Mikhail Gorbatchev à Secretaria Geral do Partido 
Comunista Soviético são iniciadas na antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas 
(URSS) várias reformas políticas e administrativas, no sentido de tornar a administração 
centralizada mais transparente e o aparato econômico mais eficiente. Essas reformas ficaram 
conhecidas pelas expressões Perestroika (reestruturação político-econômica) e Glasnost 
(transparência). 
Em agosto de 1991, lideranças conservadoras do partido comunista, contrárias às 
mudanças, tentaram realizar um golpe de estado para a retomada do poder. O golpe foi 
frustrado por Bóris Yeltsin, que saiu fortalecido da situação, enquanto Gorbatchev teve seu 
poder esvaziado. Até dezembro daquele ano, as antigas repúblicas soviéticas se tornariam 
independentes e a União Soviética desapareceria. A Rússia, governada por Yeltsin, passou a 
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adotar o capitalismo como sistema econômico. A experiência socialista na URSS, que havia 
durado 74 anos, estava terminada.
3.3 A EXPERIÊNCIA CHINESA
4 CONVERGÊNCIA DOS SISTEMAS ECONÔMICOS
A China adotou o modelo de economia coletivista de planificação centralizada em 
1949, quatro anos após o término da Segunda Guerra Mundial. O processo revolucionário foi 
liderado por Mao Tse-Tung. Nos primeiros anos, o modelo de economia planificada Chinesa 
foi completamente inspirado no modelo soviético. 
A evolução do socialismo na China apresenta dois períodos marcantes. O primeiro foi 
o “Grande Salto para Frente”, implementado entre 1958-60 e que tinha por objetivo acelerar 
a industrialização, enfatizando a produção de bens de produção e armas. O segundo foi a 
Revolução Cultural, entre 1966-69, que tinha por objetivo criar uma sociedade realmente 
igualitária por meio da eliminação de todos os símbolos de poder e de privilégios da sociedade 
chinesa.
Em 1978, após a morte de Mo Tse-Tung e com a ascensão ao poder de Deng Xiaoping, 
iniciou-se um processo liberalizante de abertura para a iniciativa privada, dando maior 
autonomia às empresas e incentivando a competição. Tal abertura trouxe reflexos imediatos na 
produtividade do trabalhador chinês e foi fundamental para que o destino da economia chinesa 
fosse muito diferente do da soviética. 
Por outro lado, desde 1978 até os dias atuais, a China vive

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