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Artigo de Revisão 
 
ACIDENTES DE TRABALHO E BIOSSEGURANÇA NO AMBIENTE 
HOSPITALAR 
 
WORK ACCIDENTS AND BIOSECURITY IN THE HOSPITAL 
ENVIRONMENT 
 
RESUMO 
Os profissionais de saúde correm riscos de contrair diversas 
infecções no ambiente hospitalar. A magnitude ocupacional 
depende de diversas variáveis, como a prevalência das 
doenças transmissíveis na população atendida, informações 
adequadas sobre os mecanismos de transmissão e prevenção 
e as condições de segurança. O objetivo deste estudo foi 
analisar os acidentes de trabalho por material biológico e sua 
relação com a biossegurança no ambiente hospitalar. Tal 
objetivo foi alcançado através de uma revisão bibliográfica. 
Considera-se o ambiente de trabalho hospitalar insalubre por 
agrupar pacientes portadores de diversas enfermidades 
infectocontagiosas e viabilizar muitos procedimentos que 
oferecem riscos de acidentes e doenças para os trabalhadores 
da saúde. Além de cuidar dos pacientes, cabe ao hospital 
proteger seus funcionários, racionalizar custos e manter uma 
qualidade de excelência em seus serviços. Alcançar essa 
"excelência" significa, basicamente, atingir níveis ótimos para a 
biossegurança e o controle das infecções. Todas as medidas 
possíveis devem ser adotadas para minimizar os riscos de 
acidentes ocupacionais devendo haver uma concentração de 
esforços e recursos para reconhecimento dos riscos no 
ambiente de trabalho, treinamento e conscientização de 
práticas seguras e fornecimento de forma contínua e uniforme 
dos dispositivos de segurança aos trabalhadores da área da 
saúde. 
Palavras-chave: acidentes ocupacionais, biossegurança, 
ambiente hospitalar 
 
ABSTRACT 
Health professionals are prone to contracting various infections 
in the hospital environment. The occupational magnitude 
depends on several variables, such as the prevalence of 
diseases in the assisted population, adequate information on 
the mechanisms of transmission and prevention and the 
conditions of security. This study aims at analyzing the 
accidents at work involving biological material and their 
relationship to the biosecurity of the hospital environment. This 
objective was reached through a literature review. The work 
environment in a hospital is considered to be unhealthy once it 
concentrates groups of patients with various infectious 
Ana Paula Brandão dos Santos1 
Mônica Machado Vilas Novas1 
Grasiella Oliveira Paizante1 
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 Faculdade do Futuro 
 
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diseases; moreover, it is where many procedures that offer 
risks of accidents and disease contraction to health workers 
take place. In addition to taking care of patients, it is in charge 
of the hospital to protect their employees, streamline costs and 
maintain the quality of excellence in their services. Reaching 
this "excellence" means, basically, reaching optimum levels for 
the biosecurity and infections control. All possible measures 
should be taken to minimize the risk of work accidents and 
special attention should be given to concentrating efforts and 
resources on the risk recognition at the work environment, on 
the training and consciousness of safe practices and on the 
continuous and uniform supplying of safety devices to health 
workers. 
Key-words: work accidents, biosecurity, hospital environment 
 
INTRODUÇÃO 
As condições de trabalho oferecidas pelos hospitais, as peculiaridades das 
tarefas de enfermagem, a crise econômica advinda da globalização, as dificuldades 
do setor de saúde, a carência de recursos humanos e materiais e a constante 
preocupação com o processo de atualização objetivando acompanhar os avanços 
técnico-científicos são fatores que contextualizam a situação de trabalho do pessoal 
de enfermagem em vários países (Royas e Marziale 2001). 
Para Nishide e Benatt (2004), as instituições hospitalares brasileiras 
começaram a se preocupar com a saúde dos trabalhadores no início da década de 
70, quando pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) enfocaram a saúde 
ocupacional de trabalhadores hospitalares. 
Estudando a saúde ocupacional, observou-se que em 1971 ocorreram 4.468 
acidentes de trabalho em estabelecimentos hospitalares brasileiros, sugerindo a 
necessidade de procedimentos preventivos para o controle dos riscos ocupacionais 
(Nishide e Benatt 2004). 
Os profissionais de saúde correm riscos de contrair diversas infecções no 
ambiente hospitalar. A magnitude ocupacional depende de diversas variáveis, como 
a prevalência das doenças transmissíveis na população atendida, informações 
adequadas sobre os mecanismos de transmissão e prevenção e as condições de 
segurança. A redução do perigo de exposição aos diversos agentes infecciosos 
constitui um dos objetivos do programa de trabalho dos profissionais de saúde, que 
freqüentemente tem sido auxiliado pela Comissão de Controle de Infecção 
Hospitalar (CCIH) (Veronesi e Focaccia 2002). 
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Primeiramente há que se conhecerem os riscos, quais os seus tipos, onde 
eles são maiores estabelecendo um mapeamento e considerando duas medidas: as 
precauções universais e adoções de técnicas. O Manual do Estado de São Paulo 
(1998) diz que essas medidas foram revisadas para reduzir o risco de transmissão 
de microorganismos a partir de fontes conhecidas ou não em hospitais. Tais 
medidas compreendem o uso combinado ou não dos equipamentos de proteção 
individual (EPI) (luvas, aventais, máscaras, protetores oculares e propés) para 
proteger áreas do corpo expostas ao contato com materiais hospitalares. 
A manutenção da saúde em atividades de riscos na aquisição de doenças 
ocupacionais corresponde a um conjunto de normas e procedimentos considerados 
seguros e adequados. Para Teixera e Valle (1996), biossegurança refere-se a uma 
vida livre de perigos e tudo aquilo que trás segurança em muitas das nossas 
atividades, inclusive na vida profissional. 
O objetivo deste trabalho foi analisar os acidentes de trabalho por material 
biológico e sua relação com a biossegurança no ambiente hospitalar. 
 
ACIDENTES DE TRABALHO 
As doenças profissionais e os acidentes de trabalho constituem um 
importante problema de saúde pública em todo o mundo. O ambiente de trabalho 
hospitalar é considerado insalubre por agrupar pacientes portadores de diversas 
enfermidades infectocontagiosas e viabilizar muitos procedimentos que oferecem 
riscos de acidentes e doenças para os trabalhadores da saúde. Os funcionários 
potencialmente expostos aos riscos precisam estar informados e treinados para 
evitar problemas de saúde, e métodos de controle devem ser instituídos para 
prevenir acidentes (Nishide e Benatt 2004). 
A instrução Normativa nº 78 de 2002 define o acidente do trabalho como o 
”exercício da atividade a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos 
segurados especiais, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause 
a morte ou a perda ou a redução, permanente ou temporária, da capacidade para o 
trabalho”. O art. 216 desta mesma instrução normativa classifica os acidentes 
ocupacionais em três tipos. O tipo 1 é classificado como acidente típico que ocorre 
pelo exercício do trabalho a serviço da empresa; o tipo 2 como doença profissional 
 
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ou do trabalho, e o tipo 3, como acidente de trajeto, que ocorre no percurso do local 
de residência para o trabalho ou desse para aquele, considerando a distância e o 
tempo de deslocamento compatíveis com o percurso do referido trajeto (Brasil 
2002). 
As estimativas da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que revelam 
a ocorrência anual de 160 milhões de doenças profissionais, 250 milhões de 
acidentes de trabalho e 330 mil óbitos, baseiam-se somente em doenças não 
transmissíveis (Zocchio 2000). 
De acordo com o Anuário Estatístico da Previdência Social, em 2005 
ocorreram cerca de 491 mil acidentes de trabalho e doenças ocupacionais 
notificadas, quase meio milhão de pessoas, e 2,7 mil mortes (Lobo e Andrade 2007). 
Em relação aos anos anteriores, o número de acidentes de trabalho está 
aumentando. Em 2004, foram cerca de 466 mil acidentes, 24 mil a menos que 2005, 
e em 2003 foram cerca de 399 mil, quase 90 mil acidentes a menos. Somente em 
junho deste ano, segundo o Boletim Estatístico da Previdência Social, foram pagos 
29.290 benefícios acidentários, entre aposentadoria por invalidez (264), auxílio-
doença (28.208) e auxílio-acidente de trabalho (818). O valor total pago apenas no 
mês de junho com problemas relacionados aos acidentes de trabalho soma R$ 20,7 
milhões (Lobo e Andrade 2007). 
Os índices de acidentes de trabalho no Brasil ainda são bastante 
preocupantes, deixando vítimas, provocando seqüelas graves aos trabalhadores, 
perdas materiais para as organizações, enormes encargos sociais à Nação e 
grandes sofrimentos as famílias das vítimas (Dela Coleta 1991). 
As razões para explicar o elevado número de ocorrências dos acidentes são 
as mais diversas, envolvendo falhas nos projetos dos sistemas de trabalho, dos 
equipamentos, das ferramentas, deficiências nos processos de manutenção dos 
diversos elementos componentes do trabalho. No lugar de destaque como causa 
dos acidentes de trabalho, encontra-se o fator humano, compreendendo 
características psicossociais do trabalhador, atitudes negativas para com as 
atividades prevencionista, entre outras (Di Lascio 2001). 
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Um acidente, de acordo com Geller (1994), nunca tem origem em apenas 
uma causa, mas em diversas, as quais vão se acumulando, até que uma última 
precede o ato imediato que ativa a situação do acidente. 
As causas dos acidentes dividem, em causas humanas, materiais e fortuitas. 
As causas humanas assentam em ações perigosas criadas pelo homem, cuja 
origem pode residirem diversos fatores tais como, incapacidade física ou mental, 
falta de conhecimento, experiência, motivação, stress, incumprimento de normas, 
regras e modos operatórios, dificuldade em lidar com a figura de autoridade, dentre 
outras (Geller 1994). 
As causas materiais fundamentam-se em questões técnicas e físicas 
perigosas, apresentadas pelo meio ambiente quer natural, quer construído e ainda 
por defeitos dos equipamentos. Causas fortuitas são as mais raras, mas que por 
vezes constituem a causa única dos acidentes, nada tendo a ver com causas 
humanas e técnicas (Geller 1994). 
O fator humano é condicionado pelo meio ambiente interno, influindo e 
afetando o comportamento dos indivíduos considerados isoladamente e em grupo. 
Diversos estudos demonstram que muitos acidentes são atribuíveis a estes 
condicionamentos, separadamente, ou na maior parte das vezes, acumulados 
(Léplat e Xavier 2000). 
Silva (1998) analisou 1.506 acidentes de trabalho no Hospital das Clínicas da 
USP, e identificou casos de lacerações e ferimentos, contusões e torções como as 
mais freqüentes causas de afastamento do trabalho. Para Rosa (2007), os riscos 
para os profissionais de saúde estão associados à punção de Fístula Arteriovenosa 
(FAV) onde é mais comum espetar o dedo ao puncionar ou desprezar a agulha e 
espirrar sangue em olho e boca pela alta pressão da FAV. Além disso, o sangue 
também pode espirrar ao manipular cateter de dupla luz e durante o 
reprocessamento de dialisadores e linhas de sangue onde existe a necessidade de 
lavagem e manipulação para retirar coágulos, mais uma vez colocando o profissional 
em risco. 
Os riscos ocupacionais identificados pelos trabalhadores de enfermagem 
aparecem em maior número quando relacionados ao cuidado direto aos pacientes e 
às próprias características de pacientes críticos. Dentre estes riscos, estão: 
 
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presença de sangue, secreções, fluidos corpóreos por incisões, sondagens, 
cateteres, expondo os trabalhadores a esse contato; elevado número de 
procedimentos e intervenções terapêuticas que necessitam utilizar materiais 
perfurocortantes e equipamentos; dependência dos pacientes, que exige esforço 
físico dos trabalhadores; investigação diagnóstica devida a patologias diversas, 
expondo os trabalhadores a infecções e doenças não confirmadas. Este mesmo 
autor afirmou que essa realidade condiz com estudo em que verificaram que os 
riscos ocupacionais da equipe intensivista estão inter-relacionados com os riscos de 
seus pacientes. 
 
REGISTRO DE ACIDENTES DE TRABALHO 
Para a Inbravisa (2007), os protocolos de registro, avaliação, 
aconselhamento, tratamento e acompanhamento de exposições ocupacionais que 
envolvam patógenos de transmissão sanguínea devem ser implementados nas 
diferentes unidades de saúde. 
Os acidentes de trabalho deverão ser registrados com informações, sobretudo 
das condições do acidente (data e hora da ocorrência, tipo de exposição, área 
corporal atingida no acidente, material biológico, utilização ou não de EPI, avaliação 
do risco, causa, descrição e local do acidente); dados do paciente-fonte 
(identificação, dados sorológicos e/ou virológicos, dados clínicos); dados do 
profissional de saúde (identificação, ocupação, idade, datas de coleta e os 
resultados dos exames laboratoriais, dentre outros) (Moraes et al. 2007). A recusa 
do profissional para a realização do teste sorológico ou para o uso das 
quimioprofilaxias específicas deve ser registrada e atestada pelo profissional. 
Portanto, o formulário específico de comunicação de acidente de trabalho deve ser 
preenchido para devido encaminhamento (Inbravisa 2007). 
 
BIOSSEGURANÇA 
A biossegurança pode ser definida segundo Hinrichsen (2004), como um 
conjunto de ações voltadas para a prevenção, minimização ou eliminação de riscos 
inerentes as atividades de pesquisa, produção, ensino, desenvolvimento tecnológico 
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e prestação de serviços que possam comprometer a saúde do homem, dos animais, 
do meio ambiente ou a qualidade dos trabalhos desenvolvidos. 
Além de cuidar dos pacientes, cabe ao hospital proteger seus funcionários, 
racionalizar custos e manter uma qualidade de excelência em seus serviços. 
Alcançar essa "excelência" significa, basicamente, atingir níveis ótimos para a 
biossegurança e o controle das infecções. Esta obra interessa a todos os 
profissionais envolvidos no dia-a-dia de um hospital (Hinrichsen 2004). 
Legalmente, a Biossegurança está vinculada à Lei Nº 8974, de 5 de janeiro de 
1995 (Presidência da República - Ministério da Ciência e Tecnologia) que trata do 
uso das técnicas de Engenharia Genética dos Organismos Geneticamente 
Modificados (OGM’s). O Decreto Nº 1.752/95, acompanhando esta Lei, cria a 
Comissão Técnica Nacional de Biossegurança, ligada ao Ministério da Ciência e 
Tecnologia que responde pela regulação,controle e fiscalização dos OGM’s em todo 
território. Por outro lado, existe todo um campo em aberto denominado 
Biossegurança Praticada que o Setor de Biossegurança Hospitalar, vinculado ao 
Departamento de Epidemiologia do Centro de Pesquisa do Hospital Evandro 
Chagas, vem implementando desde o mês de junho de 1999. 
O hospital é um estabelecimento que presta serviços específicos à população 
em geral e apresenta uma variedade de ações de saúde que expõe seus 
trabalhadores a uma ou mais cargas, dentre as quais destacam-se a exposição à 
doenças infecto-contagiosas e aquelas em contato direto com pacientes e/ou com 
artigos e equipamentos contaminados com material orgânico. A diversidade de 
serviços existentes no âmbito hospitalar como: administrativos, lavanderia, refeitório, 
manutenção, caldeiras, transporte, almoxarifado, laboratório, centro cirúrgico, raio-x, 
isolamento, unidade de terapia intensiva; impõe uma antecipada tomada de posição 
face a possibilidade de ocorrência de acidentes e doenças (Starling 2000) . 
 
BIOSSEGURANÇA E ACIDENTE COM MATERIAL BIOLÓGICO 
O trabalhador de saúde em seu ambiente de trabalho precisa sentir que há 
um profissional (ou uma equipe) ao seu lado para lhe dar também um suporte 
psicossocial, que defenda seus interesses, principalmente, quando ele mais 
precisar, quando estiver mais vulnerável e frágil (Brandão Júnior 2001). 
 
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A real adoção das medidas de Biossegurança assume uma importância vital 
para a melhoria da qualidade da assistência à saúde, criando um ambiente seguro, 
tanto para o profissional, quanto para o usuário dos serviços de saúde. O surgimento 
da Aids coloca em relevância este fato, visto que existe uma possibilidade de 
contaminação profissional, mesmo que este risco seja baixo (Granato 1997). 
O risco médio de se adquirir o HIV é de, aproximadamente, 0,3% após 
exposição percutânea, e de 0,09 % após exposição mucocutânea. Esse risco foi 
avaliado em situações de exposição a sangue; o risco de infecção associado a 
outros materiais biológicos é inferior, ainda que não seja definido. O risco de 
transmissão após exposição da pele íntegra a sangue infectado pelo HIV é estimado 
como menor do que o risco após exposição mucocutânea (Inbravisa 2007). 
Atualmente, o uso combinado de anti-retrovirais é recomendado pela sua 
possibilidade de maior eficácia na redução do risco de transmissão ocupacional do 
HIV, embora isto ainda não tenha sido comprovado em estudos clínicos (Inbravisa 
2007). 
A probabilidade de infecção pelo vírus da hepatite B após exposição 
percutânea é, significativamente, maior do que a probabilidade de infecção pelo HIV, 
podendo atingir até 40% em exposições onde o paciente-fonte apresente sorologia 
HBsAg reativa. Para o vírus da hepatite C, o risco médio é de 1,8%; dependendo do 
teste utilizado para diagnóstico de hepatite C, o risco pode variar de 1 a 10% 
(Inbravisa 2007). É importante ressaltar que não existe intervenção específica para 
prevenir a transmissão do vírus da hepatite C após exposição ocupacional (Inbravisa 
2007). 
 
EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL 
A Norma Regulamentadora (NR-6) através da portaria nº 3214 de 08 de junho 
de 1978 considera o Equipamento de Proteção Individual (EPI), todo “dispositivo ou 
produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos 
suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho”. 
É obrigatória a utilização desses equipamentos de proteção na execução de 
qualquer atividade que envolva o manuseio de reagentes químicos e soluções, 
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movimentação e transporte de materiais perigosos e também na circulação em 
áreas externas, consideradas de risco (Almeida-Muradian 2000). 
De acordo com a NR-06/78 do Ministério do Trabalho, a empresa é obrigada 
a fornecer os EPI’s aos empregados gratuitamente, adequadamente às situações de 
riscos e em perfeito estado de conservação e funcionamento. Em contrapartida, a 
mesma Norma Regulamentadora obriga o trabalhador a usar o EPI adequado para a 
finalidade a que se destina. 
O EPI deve ser inspecionado periodicamente e substituído, quando 
apresentar sinais de deterioração que comprometam por pouco que seja, a 
segurança de quem vai usá-lo. Por outro lado, os recursos técnicos, educacionais e 
psicológicos, devidamente aplicados, são imprescindíveis para que os EPI’s 
correspondam ao grau de eficiência, que deles se espera na segurança do trabalho 
(Silva 2005). Este mesmo autor também relata que o EPI deve ser usado como 
medida de proteção quando não for possível eliminar o risco através da utilização de 
equipamentos de proteção coletiva; quando for necessária complementar a proteção 
individual; e em trabalhos eventuais e em exposições de curto período. 
O Setor de Segurança e Saúde da Telemig Celular (2004) enfatiza que os 
equipamentos de proteção individual não evitam acidentes. Eles têm a função de 
proteger o usuário das lesões da ocorrência de acidentes de trabalho e de doenças 
ocupacionais. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 A realização deste trabalho permitiu compreender melhor a importância da 
biossegurança no ambiente hospitalar para nortear ações preventivas relacionadas 
aos riscos de acidentes de trabalho. 
 Foi observado que os riscos estão relacionados, principalmente, aos 
procedimentos de assistência ao paciente e também aos riscos ocupacionais 
existentes no ambiente laboral. 
 Portanto todas as medidas possíveis devem ser adotadas para minimizar os 
riscos de acidentes ocupacionais devendo haver uma concentração de esforços e 
recursos para reconhecimento dos riscos no ambiente de trabalho, treinamento e 
 
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conscientização de práticas seguras e fornecimento de forma contínua e uniforme 
dos dispositivos de segurança aos trabalhadores da área da saúde. 
 
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