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UNIVERSIDADE PAULISTA GABRIEL TAVARES LUCIO MORGANA MAGALHÃES DI ZACRI DE OLIVEIRA PRISCILA SANTA ROSA PALASON RODRIGO DOS SANTOS CITOLINO A SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL SÃO PAULO 2017 1 FICHA CATALOGRÁFICA 2 GABRIEL TAVARES LUCIO MORGANA MAGALHÃES DI ZACRI DE OLIVEIRA PRISCILA SANTA ROSA PALASON RODRIGO DOS SANTOS CITOLINO A SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL Trabalho de conclusão de curso para obtenção do título de graduação em Engenharia Civil apresentado à Universidade Paulista – UNIP. Orientador: Prof.: José B. Sacomano SÃO PAULO 2017 3 GABRIEL TAVARES LUCIO MORGANA MAGALHÃES DI ZACRI DE OLIVEIRA PRISCILA SANTA ROSA PALASON RODRIGO DOS SANTOS CITOLINO A SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL Trabalho de conclusão de curso para obtenção do título de graduação em Engenharia Civil apresentado à Universidade Paulista – UNIP. Aprovado em: BANCA EXAMINADORA _______________________/__/___ Prof. Universidade Paulista – UNIP _______________________/__/___ Prof. Universidade Paulista – UNIP _______________________/__/___ Prof. Universidade Paulista UNIP 4 RESUMO Sendo a engenharia civil grande responsável pelo consumo de materiais e energia no planeta, tornou-se interessante um estudo sobre as formas de responsabilidade ambiental. Dentre elas estão às certificações ambientais. Certificações são conjuntos de normas e regras baseadas em um senso comum de boas maneiras para uma relação saudável em comunidade. Na construção civil, há os “Selos Verdes”, certificações concedidas às empresas ou empreendimentos que visão a melhoria da relação obra versus meio ambiente. Porém já mais valores envolvidos nessa forma de certificação além do âmbito ambiental, assim sendo a sustentabilidade uma das condições a ser levada em consideração para se obter um destes selos, como será demonstrado no caso da certificação LEED (Leadership in Energy Environmental Design). O termo sustentabilidade tem sido comumente ligado ao meio ambiente e seu trato, porém apresentaremos neste projeto uma visão ampla de seu conceito, além de um exemplo prático aplicado ao desenvolvimento do projeto e construção do Sistema Anchieta-Imigrante, obra esta de responsabilidade da empresa Ecovias. 5 ABSTRACT Being the great civil engineering responsible for the consumption of materials and energy in the planet, a study on the forms of environmental responsibility became interesting. Among them are environmental certifications. Certifications are sets of rules based on a common sense of good manners for a healthy relationship in community. In civil construction, there are the "Green Stamps", certifications granted to companies or constructions that vision the improvement of the relation work versus the environment. However, there are already more values involved in this form of certification than the environmental scope, so sustainability is one of the conditions to be taken into consideration to obtain one of these stamps, as will be demonstrated in the case of LEED (Leadership in Energy Environmental Design) certification. The term sustainability has been commonly linked to the environment and its treatment; however we will present in this project a broad vision of its concept, as well as a practical example applied to the development of the Anchieta-Imigrante System project and construction, which is the responsibility of the company Ecovias. 6 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO........................................................................................................8 1.1 Considerações iniciais.......................................................................................8 1.2. As formas de sustentabilidade........................................................................10 1.2.1 Sustentabilidade econômica.............................................................................10 1.2.2 Sustentabilidade ambiental...............................................................................11 1.2.3 Sustentabilidade social.....................................................................................12 2. OBJETIVOS..........................................................................................................14 2.1 Objetivo geral....................................................................................................14 2.2 Objetivo específico...........................................................................................14 3. JUSTIFICATIVA...................................................................................................15 4. METODOLOGIA...................................................................................................16 5. SUSTENTABILIDADE CONSTRUTIVA...............................................................17 5.1 O desenvolvimento de construções sustentáveis.........................................17 5.1.1 Triple Bottom Line............................................................................................19 5.2 Normas e a garantia da qualidade...................................................................21 6. MODELO DE CERTIFICAÇÃO LEED...................................................................24 6.1 Benefícios da certificação.................................................................................25 7. REFERÊNCIAL TEÓRICO....................................................................................31 7.1 Materiais sustentáveis.......................................................................................31 7.1.1 Materiais de mudança de fase..........................................................................33 7.1.2 Ecoprodutos..................................................................................................35 7.2 Madeira................................................................................................................36 7.3 Energia..............................................................................................................38 7.4 Água.....................................................................................................................39 7.5 Espaços especiais na área externa..........................................................40 7.6 A importância da ecologia, do meio ambiente e da sustentabilidade para a construção civil.......................................................................................................40 7.7 Resíduos............................................................................................................42 7 7.8 Certificação na construção civil (Ecoconstrução)....................................44 8 ESTUDO DE CASO....................................................................................50 8.1 Visita Ecovias – 13 de maio de 2017................................................................50 8.2 Grupo EcoRodovias................................................................................50 8.3 Comitêde ética........................................................................................51 8.4 Objetivos – Código de conduta................................................................51 8.5 Sistema Anchieta-Imigrantes...................................................................52 8.6 Detalhamento dos impactos na fase da construção.................................54 8.7 Construção da pista descendente – processo AIA/EIA.............................55 8.7.1 Critérios das etapas das leis ambientais .................................................55 8.7.2 Visões e impactos e suas mitigações......................................................57 9 APÊNDICE......................................................................................................64 10 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA..................................................................68 8 1. INTRODUÇÃO Esse trabalho tem por interesse transcorrer sobre a sustentabilidade na construção civil, mas para isso se faz necessário apresentar algumas informações sobre a importância desse tema, bem como sobre as diversas formas de sustentabilidade. 1.1 Considerações Iniciais A engenharia civil é uma das profissões mais antigas que se tem registro, antes mesmo que fosse chamada por este nome. Ela tem papel fundamental na formação das sociedades desde o seu inicio. O desenvolvimento humano se deu através da transformação do meio que o cerca para atender suas necessidades, essas transformações foram a evolução. Desde os primórdios, o ser humano utiliza dos recursos naturais para seu desenvolvimento, fazendo com que essa evolução social através da Engenharia civil tenha grande responsabilidade na deterioração do meio ambiente até os dias atuais. Por meio da Engenharia civil, entre muitas outras contribuições, se deu o favorecimento da evolução da sociedade, contribuiu com o crescimento da densidade demográfica e possibilitou a evolução das sociedades do passado, até chegarmos à nossa sociedade contemporânea; Mas ela não fez apenas maravilhas, pois por um longo período de tempo, ela atuou nessa sociedade sem os devidos cuidados com o meio ambiente e com os recursos naturais. Segundo José Goldemberg (2010), presidente do Conselho de Sustentabilidade da Fecomercio, a construção civil é responsável pelo consumo de até 75% dos recursos naturais do planeta e aproximadamente 40% da energia gasta no mundo é destinada a construção e ao funcionamento de casas e apartamentos .Além disso, produzem entulho e lixo em quantidades enormes, não substituem sistemas tradicionais mais caros ou prejudiciais ao ambiente, poluem o solo, geram resíduos, entre outros problemas. Segundo ele, a falta de planejamento e de investimento em projetos são os fatores que mais contribuem para o elevado gasto do setor. 9 As construções em metrópoles consomem cerca de 30 a 50% dos recursos naturais do planeta, mais da metade da energia produzida, produzem entulho e lixo em quantidades enormes, não substituem sistemas tradicionais mais caros ou prejudiciais ao ambiente, poluem o solo, geram resíduos, entre outros problemas. O meio ambiente tem sido o centro das discussões sobre o futuro. Na área da construção o futuro implica em uma “criação”. E no ramo de construção de habitações, as inovações e a criatividade conhecem apenas o limite dos Engenheiros, arquitetos e outros profissionais dedicados à área da construção civil. Profissionais estes que estão acostumados com uma dinâmica altamente rica de desenvolvimentos em termos de designers, projetos, materiais, criações de estilos, e cada vez mais, esses profissionais têm sido também convidados a participarem do desenvolvimento sustentável. A preocupação com o planeta e os recursos ambientais levam as pessoas a procurarem se aproximar mais da natureza e contribuir com sua preservação, de maneira que a preocupação com o ambiente tem se mostrado um dos mais destacados temas de discussões no mundo todo. Ao lado disso, a realidade da escassez de matéria-prima e de recursos naturais leva à criatividade e ao desenvolvimento de novos materiais e projetos que respeitem essa realidade atual. Como se viu acima, construção civil continua sendo uma das maiores responsáveis pelo consumo de recursos naturais na sociedade atual seja através da utilização de materiais, energia, água e outros tantos recursos. Sendo assim, é responsabilidade do engenheiro civil, em suas inúmeras funções, a conscientização para a utilização desses recursos naturais e o descarte de resíduos decorrentes da construção de forma correta, além da sua manutenção e possível prevenção desses excedentes. Toda essa conscientização e mudança de postura para que o uso desenfreado dos recursos não traga cada vez mais danos ao meio, aos seres e suas futuras gerações e ao país como um todo. Atualmente, a engenharia civil vem sendo cada vez mais cobrada no quesito sustentabilidade, não só nos assuntos corriqueiramente tratados como descarte de resíduos e uso consciente dos recursos naturais, mas para que a construção seja 10 tratada como um projeto com responsabilidade ambiental em sua totalidade, incluindo uma vida útil maior, e seus benefícios sociais, econômicos e ambientais. O setor da construção civil tem uma importante função econômica sendo ela representante de 8% do PIB do país, podemos afirmar que sem o crescimento da indústria da construção civil não existe crescimento econômico (Rubens Menin 2017). Com o passar do tempo houve-se a conscientização de que os avanços tecnológicos, econômicos, sociais e construtivos só serão possíveis se possibilitar o ecossistema a manter o seu ciclo natural de regeneração e desenvolvimento. Sendo necessária a constante preocupação com esses recursos bases do meio ambiente, até alcançarmos o equilíbrio na relação do homem com o meio que o cerca. Para que o país continue seu ininterrupto desenvolvimento é preciso que a construção civil esteja focada na responsabilidade ambiental para garantir sua evolução e a melhoria nas condições de vida de toda a sociedade, bem como deve atuar profissionalmente de acordo com a ética e com todas as normas e legislação vigente. Pode-se entender que uma pesquisa que considere a bioconstrução com os novos materiais disponíveis, bem como técnicas e produtos empregados alternativos em construções sustentáveis significa abordar um tema moderno, atual e com futuro em termos de ampliação desse conhecimento. Assim, espera-se com este trabalho apresentar uma linha de pesquisa que possa crescer e se desenvolver com o tempo, oferecendo ao seu autor e a outros a oportunidade de seguir um caminho profissional aberto ao futuro. Para isso, o termo sustentabilidade deve ser aclamado pela sociedade e empreendedores desde agora. 1.2 As formas de sustentabilidade 1.2.1 Sustentabilidade econômica Sustentabilidade econômica não deve mais ser tratada como uma concepção utópica ou uma mera ideologia. Ela é uma ação socioeconômica focada em um 11 empreendimento de baixo custo e sem danos ao meio, que gere retorno rápido a aquele que o implementa, ao usuário e a toda sociedade que o cerca. Buscando inclusive alterar certos fatores da realidade que vivemos tornando o futuro mais próspero para as gerações futuras. Ao tratar de gerações futuras, interligamos medidas de outras abrangências, como por exemplo, a sustentabilidade ambiental. A definição desustentabilidade econômica leva certos fundamentos considerados básicos, como medidas que buscam um desenvolvimento estável da economia, evitando os assombrosos picos econômicos a qual nosso país constantemente enfrenta, e que visa uma baixíssima, senão nula taxa de inflação por ano. Além disso, também contam com fatores essenciais: a boa gestão dos recursos naturais, principalmente no quesito da geração de energia, buscando a utilização de fontes renováveis no lugar das não renováveis. Um grande problema enfrentado para a aplicação dos conceitos da sustentabilidade econômica e sua busca por fontes de energias renováveis dos países em desenvolvimento são as suas cautelas com os investimentos financeiros, que no primeiro momento podem apresentar certo risco econômico. Entretanto com a economia sustentável possibilita-se também a melhora de outros setores sociais e ambientais. Uma vez que a sociedade daquele meio torna-se livre da escravidão aos recursos disponíveis e importações. É importante ressaltar que a sustentabilidade econômica, como o próprio nome já diz, é a base para a conquista de uma sociedade estável e mais justa, além disso, ela viabiliza o desenvolvimento sustentável do país como um todo. 1.2.2 Sustentabilidade ambiental Garantir o desenvolvimento a partir da preservação do ambiental é o que rege as ações que visam garantir a sustentabilidade ambiental. Ela consiste na manutenção dos componentes do ecossistema e de suas funções, de modo sustentável, que busquem medidas realista para os setores de atividades humanas. O grande objetivo é garantir, em todos os campos, o desenvolvimento. Sem que seja necessário a agressão e até possível destruição do meio ambiente. A melhor forma de alcançarmos este objetivo da sustentabilidade ambiental é usando da inteligência nos recursos naturais, garantindo que eles se mantenham 12 para o futuro, ou seja, sua longevidade. Por isso definimos a sustentabilidade ambiental como a capacidade de manter o ambiente natural viável para as pessoas e para as espécies através da manutenção de suas condições de vida. A sustentabilidade ambiental garante a qualidade de vida para o homem, tendo a habilidade, a beleza e a função do ambiente como fonte de energias. A adoção dessas medidas sustentáveis garante de médio a longo prazo um planeta com condições para o desenvolvimento das muitas formas de vida, inclusive a humana, gerando a manutenção dos recursos naturais necessários para que as próximas gerações tenham qualidade de vida, e possibilitando o continuo desenvolvimento. No quesito das energias renováveis um dos exemplos de ações sustentáveis que recai sobre ele é a procura de um substituto ecologicamente correto para o petróleo, que atualmente é grande responsável pela poluição e tende a esgotar-se ainda mais rápido por conta do aumento do seu consumo ao longo dos séculos. Por isso a busca por uma alternativa do chamado biocombustível vem sendo cada vez mais pesquisada no Brasil. As importantes ações sustentáveis que deve-se ter atenção é: a exploração dos recursos vegetais de florestas e matas, deve-se garantir o seu replantio, a preservação de áreas verdes, sendo essas não destinadas à exploração econômica, e o uso de fontes de energia, controlando-se o consumo de agua, evitando seu desperdício, além da busca por medidas que visem a não poluição dos recursos hídricos, entre outras. Pode-se perceber que assumir um compromisso com a sustentabilidade ambiental é uma característica de toda pessoa ou instituição que se importe com a continuidade da vida. 1.2.3 Sustentabilidade social A sustentabilidade social é definida por um conjunto de ações que visam a melhor qualidade de vida da população, através da diminuição da desigualdade social, ampliação dos direitos e garantia de serviços como educação e saúde, possibilitando a todas as pessoas o acesso a cidadania. Sendo essas ações de importância não somente para aqueles menos favorecidos, pois quando são 13 efetivamente colocas em pratica, possibilitam a qualidade de vida de toda população, indiscriminadamente. Vale ressaltar que não é possível a existência de uma sociedade igualitária ou justa sem que o mercado e as empresas participem da mesma. A definição de desenvolvimento sustentável prevê que cada cidadão, como consumidor, membro de empresa ou do governo, deve adotar praticas em seu comportamento que fortaleça a sustentabilidade de todos os processos sociais, políticos, econômicos e ambientais. As companhias devem ter ciência de que a comunidade que a cerca e todos os seus funcionários, devem, por direito, gozar de uma vida com qualidade. Assim como os seus processos internos e as empresas com quem negocia devem estar de acordo com as boas práticas. Após a aprovação da Norma ISO 2600, em 2010, para a implementação e manutenção de um Sistema de Gestão da Sustentabilidade e Responsabilidade Social (SGRS). O comprometimento com a responsabilidade e a sustentabilidade social foram grandemente valorizadas nas empresas. Para a certificação do SGRS, deve-se, essencialmente, demonstrar o atendimento às normas legais e sociais ligadas ao trabalho forçado, ao trabalho infantil, à saúde ocupacional e segurança, ao direito de negociação e de associação coletiva, à discriminação, às práticas disciplinares, à jornada de trabalho e aos salários. 14 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo geral Este trabalho objetiva estudar e compreender os conceitos e práticas da sustentabilidade na construção civil. O objetivo geral do trabalho é apresentar um estudo sobre os atuais projetos de construção baseadas na ecossustentabilidade, economia de recursos naturais e utilização de materiais que respeitam o meio ambiente, com finalidade de análise da sua viabilidade em termos de gestão de processos de trabalhos e resultados financeiros. A conscientização da importância e os benefícios das construções sustentáveis e a garantia de sua qualidade através das atuais e possíveis certificações disponíveis para comprovação da responsabilidade ambiental das empresas através das normas vigentes. 2.2 Objetivo específico Indicar as vantagens da construção de obras ecossustentáveis sobre a construção convencional buscando incentivar e acelerar a utilização da construção sustentável para que haja a conscientização da possibilidade de conquista de construções que garantam o futuro e o continuo desenvolvimento da profissão e do país. Analisar construções existentes no ponto de vista de suas vantagens econômicas e de gestão de processos de trabalho. O embasamento necessário das normas direcionadas a construções sustentáveis para a conquista das certificações. Os benefícios da conquista de certificações ligadas a engenharia sustentável e seus benefícios através do atendimento das normas vigentes referentes a engenharia civil e a garantia da qualidade para a empresa, economia e futuro do país. 15 3. JUSTIFICATIVA A escolha do tema foi através do interesse em construções sustentáveis. Visto que a sustentabilidade tem sido cada vez mais aclamada pela economia, política e sociedade do país. Sendo a engenharia civil grande responsável pela utilização de recursos naturais e suas fontes de energias, torna-se então de seu interesse as tratativas e uso consciente desses recursos que nos cercam e servem diariamente para o crescimento do país. A conscientização pública da sustentabilidade em seus três pilares (TripleBottom Line) é indispensável para melhoria da sociedade em geral, seja no âmbito construtivo, social e ambiental. A ampliação, abrangência e fiscalização das normas e certificações voltadas à sustentabilidade devem ser levadas a rigor para garantia de uma sociedade com melhor qualidade de vida. 16 4. METODOLOGIA O desenvolver do presente estudo se deu principalmente através de pesquisa bibliográfica. Assim, a pesquisa foi desenvolvida tendo por base livros físicos e digitais. A coleta de dados também foi colhida através de artigos, teses e periódicos publicados na integra no Brasil no período de 2005 a 2017, a fim de analisar e esclarecer o estudo através da vivencia dos autores especialistas no tema pesquisado. De inicio realizou-se pesquisas sobre referido tema, depois realizou-se leitura específica e pormenorizada e na sequencia seguiu para a fundamentação. Em um segundo momento será apresentado uma pesquisa de campo realizado na Empresa Ecovias. Dados do projeto e detalhes da empresa foram apresentados pelo engenheiro responsável, a fim de um comparativo do projeto inicial e depois das alterações a fim de que se tornasse mais sustentável. Assim, além do conhecimento conceitual da sustentabilidade na construção civil, foi possível vivenciar a realidade de um projeto aprimorado na busca por uma empresa mais sustentável. Quanto à estrutura do trabalho primeiramente realizou a introdução e suas considerações iniciais quanto ao que concerne à sustentabilidade. Na sequencia apresentou-se o desenvolvimento das construções sustentáveis, normas, certificações e etapas e também o modelo LEED. Depois destas considerações apresentou-se o referencial teórico, onde buscou-se conhecer a opinião de especialistas da engenharia civil, relevando a importância da ecologia, sustentabilidade para a engenharia civil. Por ultimo será apresentada as conclusões finais sobre o conhecimento adquirido. 17 5. SUSTENTABILIDADE CONSTRUTIVA Uma construção será considerada sustentável quando as diversas dimensões do desenvolvimento sustentável forem ponderadas desde a fase de projeto. A construção, em sua concepção e baseia-se na avaliação da pressão ambiental e de aspectos funcionais (relacionados com as normas e regulamentos de construção e com as características sociais dos utilizadores) e na análise dos custos relativos ao seu ciclo de vida. A construção sustentável procura uma maior compatibilidade entre os ambientes artificial e natural sem, contudo, comprometer os requisitos funcionais dos mesmos, assim como a viabilidade económica do produto. 5.1 O desenvolvimento de construções sustentáveis O mundo corporativo vive se reinventando, e de tempos em tempos criam paradigmas que vão alterando significativamente o comportamento das empresas com relação a seus públicos e a sociedade em geral. No passado, a relação Produção versus Tempo era a característica de destaque por entre os concorrentes. Posteriormente, a necessidade de humanização das companhias surgiu, dando-se importância a sua imagem e relação com seus usuários e consumidores. Atualmente, o atributo aclamado tem sido a sustentabilidade. Podendo ser observado o tamanho esforço das organizações para a promoção de suas ações através de anúncios, logomarcas, propagandas e embalagens através da divulgação da poderosa palavra sustentabilidade. Hoje sabemos que a sustentabilidade não está mais apenas relacionada ao meio ambiente. Por muito tempo acreditou-se que, embora ainda importantes, apenas seguir projetos de preservação à natureza, reflorestamento, proteção às espécies, entre outras ações, seriam válidas para a garantia da sustentabilidade, porém hoje eles não representam o amplo conceito de desenvolvimento sustentável. Os três principais pilares que formam a ideia do Triple Bottom Line são: social, econômico e ambiental. Uma empresa que queira se desenvolver de forma sustentável, deve desenvolver suas atividades de forma que esses três pilares coexistam e interajam de forma harmoniosa entre si. 18 O pilar social trata do capital humano relacionado às atividades da empresa, seja direta ou indiretamente. Isso inclui não apenas os seus funcionários, bem como seus clientes e consumidores, fornecedores e até a comunidade a seu entorno e a sociedade em geral. Isso significa que desenvolver ações sociais não se trata apenas do cuidado com seus funcionários a partir de férias e benefícios. As ações sociais englobam o cuidado com um ambiente que estimule a criação de relações legitimas e saudáveis no meio de trabalho, e principalmente favorecer o desenvolvimento dos envolvidos, seja pessoal ou coletivo, direta ou indiretamente. O pilar econômico busca a economia sustentável através da capacidade de produzir, distribuir e oferecer seus produtos e serviços de forma justa na relação de competitividade com os demais concorrentes do mercado. O desenvolvimento econômico não deve existir através do desequilíbrio do ecossistema ao seu redor. Se a organização lucra a partir da degradação do meio ambiente e de más condições de trabalho dos funcionários, podemos afirmar que ela não esta tendo um desenvolvimento econômico sustentável, pois não existe harmonia nas relações estabelecidas pela empresa. O pilar ambiental refere-se às corretas condutas com o impacto ambiental no meio ambiente para o desenvolvimento ambientalmente sustentável, a curto, médio e longo prazo. 19 Fluxograma 1: Tripé da sustentabilidade Fonte: Ecologic Construcoes – Tijolo Ecológico Muitas empresas promovem medidas mitigatórias, adotando, por exemplo, o plantio de arvores após a emissão de gases poluidores, com o intuito de que uma coisa compense a outra. Porém o desenvolvimento sustentável busca primeiramente a minimização dos impactos ambientais na produção industrial, com foco em sua causa. Caso o objetivo seja essas medidas de compensação, então estaremos falando de estratégias de marketing, e não em sustentabilidade de fato. Não se garante um desenvolvimento sustentável de um dia para o outro. A sustentabilidade precisa de planejamento, acompanhamento e avaliações diariamente. Os três pilares devem caminhar conjuntamente com os objetivos da empresa, e não devem ser baseados em ações pontuais e/ou compensatórias. Sua conquista é consequência do respeito mútuo e consciência de que somos um único ecossistema formado por empresas, comunidades, pessoas e demais seres. Devendo haver equilíbrio entre as partes. Entendendo que mesmo sendo uma pequena parte do todo, pequenas ações podem afetar o universo infinitamente maior a qual estamos inseridos. 20 5.1.1 Triple Bottom Line Torna-se cada vez mais frequente as perguntas relacionadas a ideia da sustentabilidade para os negócios em geral. Empresas e empreendimentos visam ações contemporâneas no mercado e na sociedade, já que cada vez mais os consumidores exigem conhecer o impacto ambiental, econômico e social de seu consumo a partir dos produtos que escolhe. O conceito do Triple Bottom Line, foi formulado por Elkington (1994), que no inglês é conhecido por 3P (People, Planet e Profit) e no português, seria PPL (Pessoas, Planeta e Lucro), assim as pessoas geram lucros através do planeta e esse vai contra a sustentabilidade que se analisado de forma separada se tem aEconômico, cujo propósito é a criação de empreendimentos viáveis, atraentes para os investidores; o Ambiental, cujo objetivo é analisar a interação de processos com o meio ambiente sem lhe causar danos permanentes e o Social, que se preocupa com o estabelecimento de ações justas para trabalhadores, parceiros e sociedade (ELKINGTON, 1994). Juntos, no entanto, estes três pilares se relacionam de tal forma que a interseção entre dois pilares resulta em viável, justo e vivível, e dos três, resultaria no alcance da sustentabilidade. Cabe ressaltar que, recentemente, mais um pilar foi incorporado aos Bottom lines: o pilar cultural. No entanto, este pilar ainda não foi totalmente incorporado pelas organizações como forma de análise para a sustentabilidade (ROMANEL, 2013). No mundo globalizado que vivemos, com tanto desmatamento, poluição, um empreendimento sustentável é fundamental, pois com ele se tem muitas vantagens, aproveitando da melhor maneira possível todos os recursos que a natureza tem a nos oferecer, em um futuro bem próximo este tipo de empreendimento será obrigado a todas as empresas aderirem para que a vida no planeta continue (JOHN, 2000). Enquanto o empreendedorismo tem seu foco na criação de valor econômico, o empreendedorismo sustentável amplia este objetivo e engloba também o desenvolvimento sustentável e seus benefícios sociais e ambientais. O conceito do empreendedorismo sustentável na construção civil envolve, portanto, a identificação, criação e exploração de novos negócios que possibilitem ao empreendedor obter lucros a partir da solução de um problema ambiental e social (JOHN, 2017). 21 Organizações na Europa e Estados Unidos já têm acolhido a ideia da sustentabilidade e buscado apresentar seus resultados em triplo critério, são estes três setores: ambiental, econômico e social. Este tripé da sustentabilidade, ou Triple Bottom Line, também conhecido como os 3 Ps (People, Planet e Profit, em português, PPL, Pessoas, Planeta e Lucro). Fazendo com que estes três conceitos interajam de maneira que os resultados de gato atribuam a empresa o título de sustentável. Dados apontam quem 68% das multinacionais da Europa Ocidental fazem seus relatórios, medindo seus resultados nesses três termos sociais, econômicos e ambientais, enquanto nos EUA a porcentagem é de 41%. Ainda não existe a obrigatoriedade por lei de que sejam apresentados os resultados dessa maneira, é a própria organização comprometida com o desenvolvimento sustentável que toma essa escolha. Buscar medir a "sustentabilidade" de uma empresa e a através de resultados mensuráveis para se comprovar seu crescimento de forma sustentável, não é uma tarefa simples. O responsável por esse quadro conceitual que é o Triple Bottom Line é o norte-americano John Elkington. No artigo "O tripé da sustentabilidade: O que é e como funciona?" (originalmente escrito em inglês e chamado "The triple bottom line: What is it and how does it work?"), o doutor e Diretor de Análise Econômica do Centro de Pesquisa em Negócios de Indiana, Timothy F. Slaper, e a Analista de Pesquisa em Economia, Tanya J. Hall (ambos da Universidade de Indiana de Negócios Kelley) se aprofundou no assunto. Os autores tratam a importância de Elkington na construção de um método pragmático e eficaz na medição da sustentabilidade no ambiente corporativo. "John Elkington se esforçou para fazer 'medições' de sustentabilidade em meados dos anos 1990 englobando um novo esquema conceitual. Esse esquema foi além de métodos tradicionais que mediam lucros, retorno sobre investimento e valor para o acionista, incluindo fatores ambientais e dimensões sociais", afirmam os estudiosos no artigo. A questão aqui é ver a sustentabilidade e sua mensuração como a análise do impacto das atividades da empresa, organização ou nação no mundo ao seu redor. 22 5.2 Normas e a garantia da qualidade A história do desenvolvimento da qualidade no setor da Construção Civil se deu devido às empresas em sua adaptação ao cenário de competitividade na economia do país. Antigamente, na década de 1990, a construção civil tinha uma imagem de pouco desenvolvimento em seu setor, marcada por mão de obra pouco qualificada, mal-uso de tecnologia de mecanização e automação e altos índices de desperdícios. Fatores estes que levavam a produtos de má qualidade, gerando insatisfação dos usuários finais destas construções. Após esta época de desvalorização e insatisfação com a indústria de construção civil, a década de 90 foi marcada pelo despertar da consciência pela busca de melhoria da qualidade no setor. Devido às mudanças na economia, com a abertura de mercado para empresas multinacionais, viu-se a necessidade de melhorar a imagem da construção civil brasileira, respeitando e promovendo o uso racional dos recursos, a modernização e a gestão das organizações diante do novo cenário econômico globalizado. As empresas de construção começaram movimentos pela melhoria da qualidade e produtividade, marcando este processo de modernização do setor através de grandes investimentos em novas tecnologias construtivas e em programas de gestão da qualidade, além da busca pela certificação ISO 9000, com reconhecimento internacional. A NBR ISO 9004:2000 é um complemento da NBR ISO 9001 e introduz ela mesma como “orientação para apoiar qualquer organização que esteja operando dentro de um ambiente complexo e exigente, e sempre em mudança, a alcançar o sucesso sustentado, através de uma abordagem de gestão da qualidade. ”O sucesso sustentado de uma organização é alcançado através da sua habilidade em atender as necessidades e expectativas dos seus clientes e demais partes interessadas, a longo prazo e de forma equilibrada. O sucesso sustentado pode ser alcançado pela gestão eficaz da organização, através da consciência do ambiente organizacional, elo aprendizado e pela introdução de melhorias ou inovações, ou ambas. ” 23 Fluxograma 2: Modelo ampliado baseado em um processo de sistema de gestão da qualidade Fonte: NBR ISSO 9001 (ABNT, 2008) 24 6. MODELO DE CERTIFICAÇÃO LEED No Brasil são fornecidos quatro certificações a Green Building – LEED, o selo do INMETRO – PROCEL, o AQUA e o método IPT. LEED é um certificado influenciado pelas diretrizes inglesas que tem conceitos semelhantes aos dos Estados Unidos, apresentando uma lista de critérios que inclui energia, materiais, água, ambientes internos e ambientes sustentáveis. Este selo verde indica que o empreendimento foi construído levando em conta medidas socioambientais seguras, além do projeto apresentado conseguir atender os requisitos da construção sustentável e reunir colaboradores para ações realizadas na comunidade em que está inserida. Certificado pela Green Building Council (GBC), entidade do World Green Building Council que trabalha na difusão de novas tecnologias e melhores práticas adotadas, iniciou a certificação LEED no ano de 2000, e chegou ao Brasil em 2007. Seu papel é de um órgão regulador e estimulador de iniciativas, criação de novas tecnologias, debates sobre a questão da sustentabilidade, e operações sustentáveis de construção civil. De acordo com o Green Building Council Brasil, aproximadamente 80% dos custos durante a vida útil dos edifícios vêm de operação e manutenção predial, essas duas etapas podem ser modificadas para uma realidade na sustentabilidade. A certificação tem a missão de transformar o projeto, obra e a operação em uma realidade mais sustentável.No Brasil há poucos casos de investimentos em certificações, apenas grandes investidores conseguem esta qualificação atualmente. Nos empreendimentos de grande porte: 9% a 11% dos investimentos são para certificações. Este sistema de certificação foca o empreendimento por inteiro, desde a geração do projeto até a construção final e sua manutenção. Para isso, leva em consideração questões de implantação, uso moderado de água, eficiência energética, escolha dos materiais, qualidade ambiental interna, estratégias e questões de prioridade regional. Além disso, o LEED certifica todos os tipos de edificações com diferentes tipos de avaliação, sendo aplicável a todos em qualquer fase de sua vida. 25 Os sistemas de avaliação são atualizados frequentemente para responder à novas tecnologias e mudanças no setor da construção. O LEED v4, nova versão da certificação, possui requisitos de sustentabilidade organizados em 9 categorias, com pré-requisitos (obrigatórios) e créditos, são recomendações que quando atendidas garantem pontos. Um empreendimento conquista a certificação LEED quando alcança 40 pontos. A pontuação determinará o nível de sustentabilidade, ou o nível de certificação, que é definido entre Certified (Básico), Silver, Gold e Platinum. INTEGRATIVE PROCESS (Projeto Integrado) – Sugere que o projeto seja desenvolvido por profissionais de diversas áreas, desde a concepção da ideia do projeto. LOCATION AND TRANSPORTATION (Localização e Transporte) – Incentiva a localizados de terrenos em áreas urbanas já bem desenvolvidas e adensadas. SUSTAINABLE SITES (Espaço Sustentável) – Encoraja minimizar o impacto no ecossistema durante a implantação do empreendimento. WATER EFFICIENCY (Eficiência do uso da água) – Promove inovações com foco na redução do consumo de água potável e alternativas de tratamento; reuso dos recursos. ENERGY & ATMOSPHERE (Energia e Atmosfera) – Promove empreendimentos com eficiência energética por meio de estratégias simples e inovadoras. MATERIALS & RESOURCES (Materiais e Recursos) – Incentiva o uso de materiais de baixo impacto ambiental e reduzir a geração de resíduos, e promover o descarte consciente. INDOOR ENVIRONMENTAL QUALITY (Qualidade ambiental interna) – Promove a qualidade ambiental interna do ar, conforto térmico e priorização de espaços com vista externa e luz natural. INNOVATION (Inovação e Processos) – Incentiva a busca de conhecimento sobre Green Buildings e a criação de medidas projetuais não descritas nas categorias do LEED. REGIONAL PRIORITY (Créditos de Prioridade Regional) – Incentiva os créditos definidos como prioridade regional para cada país, de acordo com as diferenças ambientais, sociais e econômicas existentes. 26 6.1 Benefícios da certificação: Econômicos • Redução dos custos operacionais • Redução dos riscos regulatórios • Valorização do imóvel para revenda ou arrendamento • Aumento na velocidade de ocupação • Modernização e menor desgaste na edificação Sociais • Mais segurança e melhoria na saúde dos trabalhadores e habitantes • Incentivo do senso de comunidade e Inclusão social • Capacitação profissional • Conscientização ambiental para os todos envolvidos • Mais produtividade dos funcionários da obra, dos alunos em caso de obras escolares, melhor recuperação dos pacientes em hospitais, aumento no impulso de compra em comércios. • Incentivo a fornecedores com maiores responsabilidades socioambientais • Bem estar e satisfação dos usuários • Apoio a políticas públicas ligadas a Construção Sustentável Ambientais • Uso moderado e redução do consumo dos recursos naturais • Redução do consumo de água e energia • Implantação consciente e ordenada • Alivio dos efeitos das mudanças climáticas • Uso de materiais e tecnologias de baixo impacto ambiental • Tratamento, reuso e redução dos resíduos da operação e construção. Custos e Impactos 27 O custo de um empreendimento aumenta de 5% a 10% com a certificação ambiental, para obras maiores acaba não impactando tanto no orçamento. Esse custo acaba sendo recuperado com a econômica de materiais, energia e água ao longo da vida útil do empreendimento. Cada nível de certificação gera um custo diferente para o empreendimento. Um projeto com certificação ambiental pode levar até 30% mais do tempo que um projeto sem a certificação. Isso ocorre pela necessidade de haver uma maior retenção na concepção e na execução dos projetos. Estudos da Poli-USP indicam que um Green Building pode chegar a 20% a mais no valor de venda, e seu condomínio tem uma redução media de 30%, em cálculos que leva em conta a redução do consumo de energia, água e do custo operacional do edifício. Já estão sendo aprovados projetos para a redução dos IPTUs (Imposto Predial e Território Urbano) e facilidade de financiamento para construções que implemente esse crédito. Um empreendimento sustentável pode reduzir 35% das emissões de CO2, 30% o consumo de energia, 50% o consumo de água, e até 70% do descarte de resíduos. No Brasil, os principais edifícios com a certificação ambiental são os edifícios corporativos o qual seus locatários são grandes empresas que querem vincular sua marca a sustentabilidade, e que conhecem mais o beneficio de uma certificação ambiental. A certificação é conferida quando o candidato solicita um ou mais dos oito diferentes tipos de LEED, a saber: • LEED NC: Esse selo dado às novas construções e grandes projetos de renovação de edificações já existentes. • LEED ND: Selo para projetos com o objetivo de desenvolvimento de bairros inteiros. • LEED CS: O selo CS se destina a projetos de entorno das edificações e também para a parte central. • LEED Retail NC e CI: Foi criado para lojas de varejo. • LEED Healthcare: Trata-se da opção de edificações desenvolvidas para 28 abrigar unidades de saúde. • LEED EB_OM: Criado para iniciativas de manutenção de edifícios existentes. • LEED Schools: Foi desenvolvido para escolas e centros de ensino. • LEED CI: Para projetos de interior ou edifícios comerciais. Nos Gráficos 1 e 2 abaixo podemos analisar quais categorias da certificação são usualmente requeridas nos empreendimentos brasileiros e suas tipologias. Gráfico 1: Crescimento no Brasil. 29 Gráfico 2: Tipologia adotando sustentabilidade O Gráfico 3 abaixo nos apresenta o crescimento dos registros e certificações LEED no Brasil. 30 Gráfico 3: Crescimento dos Registros e Certificações LEED O gráfico 4 abaixo nos mostra a porcentagem de crescimento dos registros apresentados nos estados brasileiros. Gráfico 4: Crescimento dos Registros por Estado 31 7. REFERENCIAL TEÓRICO 7.1 Materiais Sustentáveis Na última década a construção civil experimentou um grande crescimento na demanda para construção de novos empreendimentos e habitações. Isso fez com que gerasse uma crise na área da construção que levou cerca de 30% dos compradores de imóveis a ingressarem em juízo contra as construtoras. (ESTADÃO, 2010) A explicação é que não há racionalidade nas construções, e embora a demanda seja alta, a execução é lenta e perde-se em qualidade quando deve-se atender uma alta demanda. Na verdade os atrasosna entrega de imóveis sempre foram um problema inerente à construção, em função de modificações da economia, com o surgimento de planos econômicos heterodoxos, dificuldades no planejamento, limitação de linhas de crédito bancário, operacionalização e mão-de-obra, e na oferta e procura de materiais para construção. A escassez ou mesmo falta de insumos ou equipamentos para a construção é o dos problemas que tem afetado e contribuído para a demora na entrega dos imóveis. Mas, mais do que esse problema, o custo das construções de habitações vem inviabilizando projetos feitos por profissionais de Engenharia e realizados por construtoras que respeitem e tenham acesso a bons materiais e produtos sustentáveis, que saibam instalar e empregar na construção e, sobretudo que consigam bons preços. Além da demora, a aquisição de materiais de construção tem uma implicação especial, pois sendo a base da construção, sua essência, e sendo impossível descartar o seu uso, as construtoras têm que arcar com as alterações de preço, que afetam diretamente o custo da obra. A sustentabilidade empresarial é uma prática das empresas de construção atualmente e as certificações através das normas ISO são uma boa garantia de que o material da construção terá qualidade, resistência e que será adequado ao fim que se propõe. Mais recentemente se desenvolveu a ISO 26000 que é uma norma de não- certificação, uma norma voltada para o impacto dos negócios no meio ambiente e 32 sobre a Responsabilidade das organizações sobre esses impactos. Como é uma norma não certificadora a ISO 26000 se adequa as eco construtoras, pois produz um comportamento voltado para a sustentabilidade e que leva em conta as expectativas das partes. (SANTOS, 2011). Estudar a sustentabilidade da construção civil é uma das maneiras de gerar economia, não só para os construtores, mas também para os compradores de imóveis. E, é uma maneira de contribuir com a preservação ambiental, ajustando as necessidades sociais aos custos ambientais do aumento de construções. Ultrapassando-se a construção da estrutura, os materiais de acabamento vêm sendo cada vez mais preferidos. Os ecoprodutos artigos de origem artesanal ou industrializada, que sejam não -poluentes, atóxicos, benéficos ao meio ambiente e á saúde dos seres vivos, contribuindo para o desenvolvimento sustentável.) apresentam grandes vantagens, especialmente para as pessoas que estão envolvidas com os problemas ambientais globais. A diferença de clima, de região, ou de localização dentro de uma mesma região não era considerada na escolha dos materiais até há alguns anos, em virtude de não se haver alternativas. Atualmente as tecnologias, materiais, equipamentos e produtos empregados na construção oferecem a vantagem de serem mais eficientes, como é o caso do uso de painéis solares para redução do consumo de energia, a cobertura verde para o telhado que é mais barata e reduz custos de obra (telhado verde), paredes de superadobe (são estes definidos pela Graciane Martins [2016] como uma técnica de autoconstrução ecológica e sustentável, onde é possível construir uma casa com poucos recursos usando sacos de polipropileno amarrados com arame, preenchidos com terra argilosa e moldado através do apiloamento(compactação de material) por processo artesanal ou semi- industrial, através de pistões), entre muitas outras escolhas que podem ser feitas. De outro lado, deve-se avaliar também que o tema é novo, e que os projetos de construção ainda estão em desenvolvimento, sofrendo experimentações que irão ajudar muito no futuro a entender as especificações de aplicação e emprego de cada um deles. Certamente não se faz essa experimentação de modo aleatório, uma vez que uma das maneiras mais eficientes de avaliação dos materiais tem sido as 33 certificações e o desenvolvimento de normas ISO, como por exemplo a ISO 14046 que trata da pegada Hídrica e a ISO 14067 que define a pegada de carbono, e que são maneiras ideais de se trabalhar. Para os projetistas e também para os construtores a determinação correta de uso dos materiais é essencial. Outrossim, os construtores e donos das habitações ainda carecem de maior profundidade e alcance das informações sobre o uso, emprego, descarte e armazenamento de elementos utilizados nas construções sustentáveis. A construção de cidades com planejamento urbano é um plano avançado que atualmente não tem ainda previsão ajustada às ideias da sustentabilidade. O que significa que muitas construções dentro de cidades que se nomeiam como planejadas podem estar utilizando algumas poucas tecnologias, mas não ainda de maneira suficiente para contribuir com a sustentabilidade econômica ou social das construções civis. 7.1.1 Materiais de Mudança de Fase A procura de materiais mais econômicos aliada à ideia da sustentabilidade tem conseguido bons resultados com o emprego de materiais ecológicos, especialmente no acabamento das construções. Os Materiais de Mudança de Fase (sigla PCM – Phase Change Material, em inglês) são em si sustentáveis. Pertencem a esta classe de materiais as argamassas que tem desempenho térmico melhorado (Ligante, agregados, PCM). Os PCMs são materiais capazes de aumentar a inércia térmica em edifícios sem aumentar a espessura das paredes. Os dois grupos de PCMs mais comuns são os compostos orgânicos (p. ex., ceras parafínicas, ácidos gordos e ésteres de ácidos gordos) e os compostos inorgânicos (p. ex., sais hidratados). Em comparação com outros materiais para o armazenamento térmico, tais como o betão e a água, os PCMs apresentam uma densidade de armazenamento de energia muito elevada. Desta forma, pode-se atingir o mesmo objetivo com menos material. Por outro lado, os PCMs também permitem o armazenamento e libertação de energia térmica a uma temperatura quase constante. O suod e PCMS é pois especialmente interessante no projeto de edifícios solares passivos. (UNIVERSIDADE DE AVEIRO, 2011, s.p.). Os MMF ou PCM são hidrocarbonetos (C2H2n+2) que têm como relevância a elevada entalpia. Na sua estrutura, pode-se observar uma camada polimérica 34 protegendo o coração de 1 a 60 ץm, que possui as seguintes propriedades, segundo Aguiar e Monteiro (2004): • Armazenam calor • Libertam calor até solidificar • Mudam de fase a temperatura constante • Absorvem calor do ambiente, liquefazendo-se • Podem ser programados para mudar de fase a uma temperatura determinada • A sua densidade de armazenamento de energia é o triplo da água e o sêxtuplo da pedra. As argamassas tradicionais são produzidas na obra, que necessita de espaço para guardar as matérias-primas e também para misturá-las, ocupando a mão-de-obra com o doseamento e preparo. Já as industriais exigem menos mão-de-obra, menos espaço, e tema maior possiblidade de incorporação de adições, além da qualidade garantida. (AGUIAR; MONTEIRO, 2004). A argamassa PCM também pode ser usada em: • Estrutura de betão armado; • Recobrimento de tubagens de aquecimento colocadas no pavimento; • Em sistemas de aquecimento solar; • Em materiais de construção: telhas, blocos. • Em rebocos. A substituição da areia por PMC tem também vantagens, pois a resistência aumenta dependendo do ligante, a mistura do PCM é neutra, não reagindo com o ligante e porque o PCM é leve. Além dessas, outras vantagens, já na fase pós construção são importantes para o clima no Brasil: • Durante o dia quando a temperatura sobe, passando a temperatura de fusão, há a fusão do PCM, retirando calor do ambiente; • Durantea noite, quando a temperatura desce o PCM liberta o calor retido até solidificar; • Um sistema de ventilação natural poderá aumentar o efeito regularizador dos PCM’s. 35 7.1.2 Ecoprodutos Atualmente uma casa ecológica pode ser feita em diferentes regiões, com emprego de materiais diferentes que serão mais bem adaptados ao local. Além disso, diferenças de luminosidade, de aproveitamento solar e de isolamento térmico, são considerados na utilização dos ecoprodutos como parte da regulação do clima no interior da construção. Os materiais de construção são uma componente importante numa casa ecológica. Existem diversos materiais aconselhados, de baixo impacte ambiental na produção e ao longo da vida útil: cerâmica, isolamentos naturais (feitos de fibras vegetais, cânhamo e celulose), tintas biológicas, cal, vidro, ferro, cobre, plásticos ecológicos e pedra. (FÓRUM DA CONSTRUÇÃO, 2014, s.p.). A bioconstrução lida também com o aproveitamento do meio natural, aplicando a tecnologia dos materiais ecológicos para a realização de projetos que buscam diminuir resíduos, poupar energia, otimizar temperaturas e outras funções que esses materiais cumprem, tais como apresenta o Fórum da Construção (2014): • Iluminação Zenital: As lajes da casa ecológica são produzidas com um dispositivo inédito de iluminação Zenital. Por ser acoplado às luminárias dispostas no teto da residência, este processo, reflete os raios solares sobre a superfície de globos leitosos, propiciando uma iluminação natural durante o dia, economizando energia despendida com lâmpadas convencionais. • Energia limpa: Há duas formas mais fáceis de conseguir energia limpa, uma delas é a energia eólica, energia que provém do vento. A energia eólica pode ser considerada uma das mais promissoras fontes naturais de energia, principalmente porque é renovável, ou seja, não se esgota, limpa, amplamente distribuída globalmente e, se utilizada para substituir fontes de combustíveis fósseis, auxilia na redução do efeito estufa. A energia eólica transforma a rotação das ventoinhas em energia mecânica. A força da rotação é enviada para um gerador que transforma por sua vez energia mecânica em energia elétrica. 36 • Painéis solares: Basicamente, dispositivos utilizados para converter a energia da luz do Sol em energia elétrica. O dispositivo também é conhecido como “Painel Solar Fotovoltaico”. A composição de um painel solar consiste em células fotovoltaicas, com a propriedade de ter sensibilidade de absorver a energia solar e gerar a eletricidade em duas camadas opostas. • Energia solar para aquecer a água: com essa “mini usina” caseira gasta-se 30% menos energia elétrica. Custa em torno de R$ 7.000,00 (sete mil reais) a mais em construções novas. Com a economia na conta de luz, o investimento se paga em dois anos. Uma ressalva: o sistema não dá conta das baixas temperaturas, quando é necessário recorrer ao aquecimento elétrico. 7.2 Madeira Para algumas construções o uso da madeira tem se mostrado o material principal para encaixe perfeito nas exigências do modelo ecológico. (…) o uso da madeira, como principal material de construção, encaixa perfeitamente nas exigências deste novo modelo, mudando radicalmente as bases da indústria, ao estar baseada na queima de energias fósseis: a matéria-prima é de origem natural, e a árvore para produzir madeira, empregando energia solar. Além do mais, ao ser um material leve emprega menores quantidades de energia para a sua manipulação e transporte, assim como para a sua mecanização e transformação. Permite poupar cimentações e melhorar a produtividade, apenas produz resíduos que se podem reciclar várias vezes e no final da sua vida útil transporta energia limpa. (HABITAÇÕES DE MADEIRA, 2014, s.p). A madeira pode ser empregada em várias partes da casa como janelas, divisórias, pisos, vigas, paredes e outros. O tipo mais empregado atualmente é a madeira reflorestada. Em geral essa madeira é fruto de árvores que são cultivadas em área própria e são do tipo pinus elliotti ou eucalipto, que substitui madeiras nativas ou nobres, raras ou em extinção. Esse tipo de madeira reflorestada possui um selo desde 2009 para reconhecimento do seu uso ecologicamente correto. (LOPES, CALIFICE, MAESTRI, 2012). O uso da madeira na construção de habitações ou móveis está ameaçando florestas. São cerca de 1,7 milhões de habitações com estruturas 37 tradicionais de madeira, aço e concreto consumindo a mesma quantidade de energia que o aquecimento e a refrigeração de 10 milhões de habitações por ano, de acordo com a Sociedade de Pesquisa sobre Materiais Industriais Renováveis. (FÓRUM DA CONSTRUÇÃO, 2014). A construção sustentável oferece hoje materiais renováveis, naturais e disponíveis no local da construção, que tendem a reduzir os custos da construção em médio prazo, além da redução da poluição e da depredação dos recursos naturais. Para se produzir concreto vários materiais podem ser empregados. Sua resistência será proporcional à dureza dos produtos usados. Um exemplo de concreto reciclado é substituir a brita por caco de vidro, bolinhas de cerâmica, pó de pneu ou pó de pedras para fazer o contra piso. Usando a imaginação, aliada a alguns testes, podemos reutilizar muitas coisas que iriam para o lixo. A construção sustentável, também chamada de natural, oferece uma maneira de construir uma casa com materiais renováveis, naturais e disponíveis localmente, ao contrário dos produtos industriais ou artificiais. Esses materiais permitem reduzir os custos em médio prazo, e por consequência, a poluição é também reduzida. (ARASAKI, 2014, s.p.) O emprego de materiais alternativos à madeira, além de oferecer mais facilidade de aplicação, custo e a condição ecológica correta, proporciona melhores resultados após a aplicação, pois torna a construção mais leve, o ambiente mais fresco e podem ser um diferencial no uso da energia, pois certos materiais, ao proporcionarem condições mais frescas evitam o uso de ventiladores e ar condicionado. (ARASAKI, 2014). Ainda, segundo, Arasaki (2014) o uso de embalagens de Tetrapack na fabricação de placas e telhas na construção civil é considerado um grande avanço na técnica de construir telhados. [Projeto] Desenvolvido pela própria Tetra Pak, as pesquisas tiveram como objetivo estimular a reciclagem das embalagens e valorizar a cadeia de reciclagem como forma de gerar emprego e renda. Com isso, toneladas de material plástico, papel e alumínio deixam de ser jogados em aterros sanitários. Começando pelas cooperativas de catadores, que têm uma fonte de renda, também funcionam como uma forma de diminuir a exclusão social da população, ao mesmo tempo que reduz o impacto ambiental na sociedade. (ARASAKI, 2014). 38 O uso dessas embalagens como isolante térmico tem sido mais pesquisado nos últimos tempos. Segundo Pagani (2001) essas embalagens usadas como isolantes térmicos podem minimizar o problema do superaquecimento de moradias, especialmente as moradias de baixa renda. As coberturas feitas de cimento-amianto em escolas são particularmente problemáticas, pelo calor insuportável que geram, introduzindo uma variável no ambiente educativo, que tem sido percebido por professores como capaz de reduzir o desempenho escolar e atingir a saúde das crianças. (PAGANI, 2001). Aplicada em telhados essas embalagens podem refletir 95% da irradiação infravermelha do sol e produzir perto de 90 C a menos na temperatura ambiente. Coberturas de cimento-amianto são comuns também em escolas, submetendocrianças e professores a um calor insuportável, a alterações de humor e a problemas no rendimento escolar e de saúde. O aproveitamento do material também assegura, nas noites de inverno, o fim do gotejamento nas telhas, causado pela condensação da umidade relativa do ar (respiração e vapor desprendido das panelas no fogão). (PAGANI, 2001). 7.3 Energia A questão da energia tem sido uma das principais preocupações na bioconstrução. A energia solar já há alguns anos vem sendo estudada e experimentada como um meio eficiente de captação de luminosidade e fonte renovável. O sistema de captação de energia proveniente do sol é geralmente implantado no teto das habitações e esse pode ser classificado como direto ou indireto. Chamamos de sistema de captação direto quando o sol atinge a célula fotovoltaica criando assim a energia elétrica, ou quando o sol atinge uma superfície escura gerando calor e aquecendo a água. E indireto, quando é necessária mais de uma transformação de energia para ser reutilizada. (LOPEZ, CALIFICE, MAESTRI, 2012, p. 5). A energia solar é vista como abundante e uma fonte limpa. As áreas em que ela é melhor aproveitada são aquelas próximas à linha do Equador, devido a 39 intensidade do sol naquela área. Nas bioconstruções essa energia tem diferentes aplicações, especialmente a de iluminação e aquecimento. Para captação é necessário um reservatório térmico para armazenamento da água que é aquecida e para garantir a incidência de radiação solar em dias de baixa luminosidade natural. Esse reservatório pode ser colocado dentro da casa, preferentemente próximo a um fogão adaptado para uso com luz solar. A desvantagem desse sistema é o seu custo. 7.4 Água O armazenamento de água da chuva tem sido um método empregado, especialmente pelo seu baixo custo. O fluxo de água da chuva é captado para uma cisterna por calhas e reservatórios e pode ser reaproveitada para irrigação de plantas, jardins e hortas, lavagens de higiene da casa e de carros.(LOPEZ, CALIFICE, MAESTRI, 2012) Em regiões onde a frequência de chuvas é baixa esse sistema é bastante eficiente, sendo muito comum encontrarem-se cisternas em regiões semiáridas, que em geral ficam fora da casa e servem a muitas finalidades. As águas cinza, como são conhecidas aquelas que provem do uso em tanques de lavagem de roupas, máquinas de lavar, chuveiros e pias também servem para a reutilização. Esse tipo de reciclagem exige que seja utilizado um filtro biológico. (...) dividido em três etapas. Na primeira etapa, a água passa por uma camada de pedras de carvão e areia, que servem para a retirada de gorduras pesadas e de resíduos orgânicos mais densos, respectivamente. Na segunda etapa, após a água passar pela areia, ela atravessa raízes de plantas de banhado, como a Taboa e os Papiros. Após encher, o sistema transborda, passando para a terceira etapa. Na última fase do processo, a água apenas circula por plantas aquáticas, plantas superficiais e, após isso, é bombeada livre de resíduos. (LOPEZ, CALIFICE, MAESTRI, 2012). A qualidade da filtragem é tão maior quanto maior a dimensão da porosidade do material usado. Depois de filtrada, é liberada em um açude, onde 40 pode haver piscicultura. 7.5 Espaços especiais na área externa As habitações ecológicas e outros tipos, mesmo tradicionais, que podem criar hortas para cultivo de chás, frutas, ervas e legumes são ambientes que devem ser pensados. A luminosidade, a intensidade e tempo de exposição ao sol, a proximidade de tanques ou cisternas, o espaço, enfim, tudo o que pode ser benéfico para a plantação deve ser pensado. As hortas têm também a função de produzir lixo orgânico reaproveitável. 7.6 A importância da ecologia do meio ambiente e da sustentabilidade para a construção civil O Green Brands Global Survey identificou que no Brasil 73% das pessoas planejam aumentar gastos com produtos e serviços verdes e 28% querem gastar até 30% mais nesses produtos e serviços. (FIGUEIREDO, 2014). No setor da construção civil a realização de projetos e objetivos sustentáveis foi sentida como um dos compromissos mais sérios a ser assumido pelo governo, empresas e profissionais em razão de ser o setor que gera impactos consideráveis ao ambiente dentro das atividades humanas Reconhecidamente, o setor da construção civil tem papel fundamental para a realização dos objetivos globais do desenvolvimento sustentável. O Conselho Internacional da Construção – CIB aponta a indústria da construção como o setor de atividades humanas que mais consome recursos naturais e utiliza energia de forma intensiva, gerando consideráveis impactos ambientais. Além dos impactos relacionados ao consumo de matéria e energia, há aqueles associados à geração de resíduos sólidos, líquidos e gasosos. Estima-se que mais de 50% dos resíduos sólidos gerados pelo conjunto das atividades humanas sejam provenientes da construção. Tais aspectos ambientais, somados à qualidade de vida que o ambiente construído proporciona, sintetizam as relações entre construção e meio ambiente. (BRASIL/MMA, 2015, s.p.) Dentre os desafios para o setor da construção, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) sintetizou alguns que consistem basicamente na redução e na 41 otimização de consumo de materiais e energia, redução de resíduos gerados nas construções, preservação do ambiente natural e melhoria da qualidade do ambiente construído, recomendando ações que podem ser elencadas como no Quadro abaixo. Quadro 1 - Desafios do setor de construção (MMA, 2015). 1. Mudança dos conceitos da arquitetura convencional na direção de projetos flexíveis com possibilidade de readequação para futuras mudanças de uso e atendimento de novas necessidades, reduzindo as demolições; 2. Busca de soluções que potencializem o uso racional de energia ou de energias renováveis; 3. Gestão ecológica da água; 4. Redução do uso de materiais com alto impacto ambiental; 5. Redução dos resíduos da construção com modulação de componentes para diminuir perdas e especificações que permitam a reutilização de materiais. 6. Gerenciamento de ambiente com base no ciclo de vida. Fonte: MMA, 2015. O equacionamento dessas ações e decisões depende em parte da existência de pesquisas em tecnologias alternativas que possam reestruturar os materiais e tecnologias vernáculas com uso de materiais alterativos, como pedra, bambu, palha, e outros materiais naturais e pouco processados. E, ainda, depende de que empresários invistam esforços em empreendimentos de cunho ecológico e sustentável adquirindo certificações, e avançando no processo de experimentação controlada de novas tecnologias e materiais. (BRASIL/MMA, 2015). No quadro dessas ações e decisões a Administração Municipal tem um papel importante, pois elas podem fomentar e levar a construção de boas práticas por meio da legislação e código de edificações, incentivos tributários e 42 convênios com concessionárias de serviços públicos. O MMA recomenda que haja adaptação à topografia local, com redução da movimentação da terra, além de preservação de espécimes nativas de plantas e árvores, planejamento quanto a ruas e caminhos que tenham no pedestre e no ciclista seu foco, preservação de espaços comuns para integração comunitária e uso de solo diversificado que possa minimizar os deslocamentos. (BRASIL/MMA, 2015) Em relação a edificações o MMA (2015) recomenda: • Adequação do projeto ao clima do local, minimizando o consumo de energia e otimizando as condições de ventilação,iluminação e aquecimento naturais; • Previsão de requisitos de acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida ou, no mínimo, possibilidade de adaptação posterior; atenção para a orientação solar adequada, evitando-se a repetição do mesmo projeto em orientações diferentes; • Utilização de coberturas verdes; e a suspensão da construção do solo (a depender do clima). Muito importante é a questão do material de construção que será empregado. A utilização de materiais que estão disponíveis no local da construção que sejam não tóxicos, pouco processados e potencialmente recicláveis são recomendações que vão junto com o cuidado de sempre evitar uso de materiais químicos prejudiciais à saúde ou ao meio ambiente, como amianto, CFC, HCFC, formaldeído, policloreto de vinila (PVC), tratamento de madeira com CCA, entre outros. (BRASIL/MMA, 2015). Os resíduos são outro problemas para as construções, e a recomendação do MMA é de que devam ser reduzidos e dispostos adequadamente para reciclagem ou reuso. 7.7 Resíduos Segundo Romanel (2013) a construção civil pode trazer problemas ambientais sérios, se essa não for tratada com foco na sustentabilidade, pois os resíduos sólidos dessas construções muitas vezes são eliminados de forma errônea, materiais esses que podem ser 43 reaproveitáveis de forma a realizar uma gestão ambiental com foco na sustentabilidade. Os resíduos da construção civil estão visíveis no dia a dia das cidades, as quais muitas vezes estão expostos na passagem de pedestres, poluindo o meio ambiente e em alguns momentos levando a população a doenças respiratórias, trazendo impactos ambientais, sociais e físicos, não só para aqueles que participam como profissionais da construção civil, mas para as pessoas que residem próximo a essas. Como forma de minimizar os problemas gerados pelos resíduos da construção civil, se pode citar a reciclagem pode-se acrescentar que este processo de reaproveitamento de materiais é, do ponto de vista ambiental, o método mais indicado para o tratamento dos resíduos. Segundo Colavitti (2003) apud (ÂNGULO et.al. 2017): A reciclagem, apesar de também gerar resíduos e exigir grande investimento, é o melhor destino para 30% dos detritos que acabam em lixões e aterros. [...] Trata os resíduos sólidos como matéria-prima. Entre as vantagens do método estão a diminuição da quantidade de lixo enviada a aterros, da extração de recursos naturais, do consumo de energia e da poluição. Também contribui para limpeza da cidade, conscientização ambiental e geração de empregos. (p.41) O processo está intimamente ligado ao sistema de coleta seletiva, o qual visa à reciclagem e o esclarecimento da comunidade envolvida. A reciclagem, na visão de Teixeira (2007) apud (ÂNGULO et.al. 2017) desmistifica a ideia de que os resíduos não têm utilidade, pelo contrário: Em nosso país, por exemplo, estima-se que técnicas como a reciclagem pode fazer com que as 44 milhões de toneladas anuais de lixo produzam pelo menos 30% da energia gerada na Hidrelétrica Binacional de Itaipu. [...] a reciclagem desses resíduos sólidos geraria um invejável incremento de R$ 10 bilhões na economia e criaria um milhão de empregos, além, é claro, de proporcionar o reaproveitamento de produtos para a fabricação de novos utensílios, o que representa economia de matéria prima e de energia. (p.02). A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), Lei 12.305/2010, que em seu artigo 13, incisos I e II, classifica-os quanto à origem e periculosidade. Quanto à origem (inciso I, alínea C), de acordo com a referida Lei, os resíduos sólidos urbanos são classificados em: 44 domiciliários (os originários de atividades domésticas em residências urbanas) e resíduos de limpeza urbana (os oriundos da varrição, limpeza de logradouros e vias públicas e outros serviços de limpeza urbana), e quanto à periculosidade, os resíduos sólidos urbanos são classificados em detrimento às suas características físico-químicas. 7.8 Certificação na construção civil (Eco construção) O século XXI tem testemunhado a depreciação do meio ambiente, com destaque para o desflorestamento de grandes áreas verdes e a redução drástica de recursos naturais essenciais a sobrevivência, como a água. A preocupação com o desflorestamento não toca apenas os países onde essas práticas são cometidas, mas de modo geral envolve todo o planeta em um destino catastrófico. As discussões sobre o desflorestamento e o impacto causado ao meio ambiente tem preocupado diversos ambientalistas e estudiosos, levando-os a pesquisarem alternativas para este assunto. Apesar das diferentes abordagens com que têm sido tratadas essas questões, todos os enfoques apontam para a necessidade de políticas públicas voltadas para o meio ambiente. E, para além da construção de políticas públicas eficazes, que realmente sejam capazes de ferir os problemas ambientais de modo a solucioná-los, essas políticas precisam ser acompanhadas de projetos de realização viáveis a curto, médio e longo prazo. Hoje há várias empresas especializadas em consultoria ambiental, que atuam junto a órgãos ambientais no sentido de regularizar a situação de clientes que precisam de licenças de construção e para seus negócios. Algumas destas empresas fornecem também certificações e são especialistas em legislação ambiental. É essencial que as empresas de construção mudem seus rumos para contemplar uma nova visão da construção e possam planejar essa mudança com visão das dificuldades que são enfrentadas no cotidiano da construção no que se refere às normas ambientais e de sustentabilidade na construção. 45 Planejamento é um processo intencional de mudança organizacional, mediante o qual uma organização, partindo da análise do ambiente externo e de sua situação interna, define sua missão e determina seus objetivos e metas, bem como as estratégias e meios para alcançá-los num certo espaço de tempo. (BORGES E ARAUJO, 2001, p. 64). Dessa forma o planejamento força a empresa a definir melhores seus objetivos e políticas e leva a uma melhor coordenação de seus esforços, oferecendo padrões de desempenho mais claros para controle. Isto se deve ao fato de que o planejamento com vistas às futuras aprovações e licenciamentos de projeto pode ser o instrumento mais eficaz para dirigir os esforços em uma direção segura que possa garantir o sucesso de uma construtora. Borges & Araújo (2001) consideram que “o planejamento é um poderoso instrumento de intervenção na realidade e que, se bem utilizado, constitui ferramenta fundamental para o desenvolvimento das organizações”. (BORGES&ARAÚJO, 2001, p. 65). Para fazer face à competitividade no setor de construção civil as empresas devem planejar suas ações, mudar sua organização de forma a poder atender basicamente as exigências técnicas e legais, com destaque para as que se voltam para a garantia “verde”, percebendo oportunidades e ameaças que possam vir no que respeita ao licenciamento e autorizações para liberação das construções. Neste sentido também é importante que a empresa tenha o seu alicerce bem fundamentado, ou seja, bem definido em relação ao seu propósito. O propósito é a mola – mestra que manifesta o desejo que a empresa tem de ser e de agir, e abrange a missão, a visão, os princípios e os valores da empresa, que viabiliza a otimização da relação da empresa com seu ambiente. A importância do planejamento recai sobre um ajuste estratégico entre os objetivos, habilidades e recursos de uma organização.Uma maneira de as empresas começarem um processo de inovação via sustentabilidade é por meio da busca pela certificação de seus produtos e serviços. Os chamados selos verdes normalmente estabelecem exigências que promovem a diferenciação e a fácil 46 identificação por parte dos consumidores. Em meio a tantas informações e, muitas vezes, desinformação movida pela maquiagem verde, os selos e atestados são a garantia de que o produto passou por avaliações e está em conformidade com critérios e normas nacionais e internacionais. Contudo, deve-se estar alerta para os “pseudos” selos, sem consistência, apenas informativos e classificatórios que não avaliam as condições de salubridade, qualidade e desempenho e responsabilidade social e ambiental, entre outros itens. Pesquisa da Accenture, Mudanças Climáticas para os Consumidores Finais, também aponta a preferência do consumidor por produtos e serviços sustentáveis, revelando que 98% dos brasileiros alegam que trocariam de fornecedor se um produto fosse certificado, com o objetivo de impactar menos as mudanças climáticas, ante 90% no mundo. (FIGUEIREDO, 2014, s.p.) Dessa visão estratégica decorrem as certificações. Tanto a conquista destas quanto o ajuste da organização às novas demandas do mercado, a adequação a legislação, o conhecimento dos problemas ambientais no mundo, os acordos e tratados assinados entre os países e as decorrencias administrativas municipais, estaduais e federais. Certificação significa cumprimento de metas e leis, normas e definições que respeitem às boas práticas no setor, e que venham a contribuir com o meio ambiente social e humano. Uma arquitetura sustentável demanda atualmente conhecimento, e uso planejado de meios e estratégias que evitem choque ambiental na construção de uma edificação, implica em um desenvolvimento contínuo de ideias criativas que permitam diversificar recursos tecnológicos e lidar com uma realidade cotidiana. Trata-se de criar projetos que buscam renovar o espaço, aproveitar ao máximo, usar energia limpa e contribuir com sua economia, ajustar construções antigas a padrões modernos, identificar matéria-prima e saber empregar recursos renováveis, entre outras ações “verdes”. Muitos conceitos empregados para certificações se derivam dos documentos normativos para o meio ambiente sustentável, como o Relatório Brundtland (1987) que recomdenda para uma construção sustentavel que haja, entre outras, eficiência energética, qualidade do ar, uso e reaproveitamento de água, emprego de recursos naturais locais na construção, conforto e qualidade 47 nos ambientes internos, gestão de resíduos (reciclagem e redução), uso de materiais renováveis, permeabilidade do solo. (MOTA, 2011) A Certificação ISO para construção civil apresenta alguma normas que são aplicáveis a ecoconstrução, como a ISO 9000 que é uma série de normas que implicam rigoros controle de processos de construção, admnistrativos, de planejamento da obra, de treinamento e qualificação dos trabalhadores, bem como se estende ainda a administração das vendas. Segundo Mattei (1998) há alguns processos de planejamento e qualidade que são mais importantes de serem observados, conforme explana: 1. O corpo diretivo-gerencial das empresas tem formação majoritariamente técnica, mais precisamente em engenharia. Esse fator não representa um problema, ao contrário; mas deve ser considerado, pois a tendência do engenheiro é a de buscar soluções em tecnologia. Quando se trata de Sistema de Gestão da Qualidade, as soluções são gerenciais e necessariamente passam pelas pessoas. 2. O relacionamento chefe/subordinado nos canteiros não é, normalmente, propício à participação dos funcionários no processo (cultura do setor e desnível social). 3. O setor está começando a ser exposto à concorrência internacional. Essa exposição, se traz os custos sociais da globalização, traz também os benefícios do crescimento profissional e pessoal. Nos segmentos que já têm experiência de operar no mercado global, aspectos como certificação da mão-de-obra, preocupação com a rotatividade, índices de desempenho "classe mundial", gerenciamento da cadeia de fornecedores e padronização são bastante conhecidos e difundidos. 4. Na maioria das empresas, o processo construtivo não é padronizado, mas sim improvisado. O histórico número, muitas vezes divulgado, que indica um desperdício da ordem de 30% nos processos construtivos é, certamente, exagerado, se considerarmos como desperdício somente os materiais não utilizados e perdidos. Mas é tímido, se considerarmos como desperdício uma série de perdas que são entendidas como parte do processo: retrabalho, re-programações, paradas por falta ou recebimento de materiais, excesso de estoque (intermediários inclusive), falta de qualidade dos materiais fornecidos, horas improdutivas nos canteiros etc. (MATTEI, 1998, s.p.) 48 A implantação da norma também guarda algumas dificuldade, entre as quais Mattei (1998) indica: 1. Depositar a responsabilidade pela implantação em uma única pessoa, por exemplo, o gerente da qualidade. O programa deve ser "da empresa" e conduzido por todos os gerentes, como parte de suas responsabilidades; 2. Criar um pequeno comitê para discutir os assuntos relacionados com o programa, e tomar decisões. As pessoas que conduzem os processos devem estar à frente do projeto, participando de discussões e soluções, garantindo assim seu compromisso; 3. Não definir prazo para concluir o projeto, incluindo a não definição de prazos intermediários, onde seja possível aferir o progresso da implantação; 4. Focar a empresa "por departamentos" em vez de "processos"; 5. Começar o programa escrevendo procedimentos (departamentais) de "como deveria ser" a empresa. O primeiro passo deve ser "planejar" o sistema da qualidade e definir as estratégias de como ele será "aculturado" definitivamente; 6. Acreditar que o programa termina com a certificação. Na verdade, o processo de melhoria contínua será colocado em marcha após a certificação, quando efetivamente começará o programa; 7. Criar expectativas não realistas; 8. A diretoria da empresa não patrocinar o projeto, ou deixar de patrociná-lo durante seu desenvolvimento. Um projeto desse porte, que envolve mudanças culturais, não é realizado rapidamente e precisa do apoio incondicional da direção; 9. Não aplicar recursos de forma adequada, com especial atenção aos recursos humanos envolvidos e disponíveis para o programa; 10. Não ter metodologia comprovadamente eficaz, que seja capaz de fornecer a disciplina e os métodos necessários para romper com a antiga forma de raciocínio. Há ainda, as normas ISO 9000-1 que está ligada a conceitos de qualidade e fornecimento de diretrizes para seleção e uso das normas da família NBR ISO 9000, e a normas ISO 26000, mais recente que está voltada para a Responsabilidade Sociais e impactos da construção no meio ambiente. Outras Certificações que são bem atuais são as que atestam o cumprimento 49 das exigências legais e normativas sobre o impacto ambiental da construção. Elas são chamadas de “Selos verdes”. Desde a década de 1990 que diversos países da Europa e América do Norte se mostravam preocupados com as metas mundiais em termos de energia, água e clima, desflorestamento e outros problemas ambientais que eram gerados pelas construções. Estes países, então, desenvolveram metodologias que geravam pontos para os empreendedores que considerassem e realizassem construções ecologicamente corretas.Atualmente há um grupo de países que emitem “selo verde”, certificados que as empresas de construção podem adquirir em função de sua realização segundo os critérios e metas relativas ao meio ambiente. Na tabela 1 abaixo se encontra uma relação de Certificações segundo o país que emite. Tabela 1 - Selo Verde. Emissão internacional PAÍS CERTIFICADO África do Sul SBAT Austrália BGRS Canadá Green Globes China HK Bean Estados Unidos LEED França Habitat e environment NF Batiments Tertiaires Japão CASBEE Noruega Ecoprofile Portugal Lider A Reino Unido BREEM Suécia Ecoefect Internaciona GBTOOL BRASIL Green Building – LEED INMETRO – PROCEL AQUA Método IPT Fonte: SENAI/SP, 2010. 50 8 ESTUDO DE CASO 8.1 Visita Ecovias – 13 de maio de 2017 A Ecovias, empresa do Grupo EcoRodovias, administra o SAI (Sistema Anchieta Imigrantes) , formado pelas rodovias Anchieta, Imigrantes, Padre Manoel da Nóbrega e Cônego Domenico Rangoni. Na construção e no projeto da Nova Imigrantes, o Sistema de Gestão Ambiental considera as restrições impostas ao projeto, produto ou serviço, por órgãos ambientais, como desafios para a inovação e a criação de soluções, que vão propiciar um desenvolvimento sustentável. Os especialistas através de estudos resolveram a complexa equação envolvendo o aspecto ambiental versus o impacto ambiental, cuja solução produz o desenvolvimento sustentável. Enfatizaram a importância e o papel das etapas do processo de AIA (Avaliação de Impacto Ambiental), EIA (Estudo de Impacto Ambiental) e RIMA (Relatório de Impacto ao Meio Ambiente) que sucedem a aprovação do projeto, em particular a etapa de acompanhamento da construção da pista descendente da rodovia dos Imigrantes, que afeta diretamente o ecossistema, onde foi utilizado para confirmar o alcance da AIA na prevenção e redução de impactos ambientais negativos, principalmente na fase de implantação do projeto. Os dados obtidos em observações de campo e monitoramento da qualidade da água permitiram o reconhecimento de impactos não previstos no EIA. 8.2 Grupo EcoRodovias 8.2.1 EcoRodovias Infraestrutura e Logística A EcoRodovias é uma Companhia de infraestrutura logística integrada, que opera ativos de logística intermodal, concessões rodoviárias e serviços correlatos, de forma sustentável e socialmente responsável. A missão da Companhia é empreender negócios sinérgicos e sustentáveis em infraestrutura logística, integrando as empresas com seus valores, práticas de gestão e governança. 51 A EcoRodovias conta hoje com sete concessões rodoviárias, dezesseis unidades de logística controladas pela Elog, distribuídas no Sul e no Sudeste do país, além do terminal portuário Ecoporto Santos, localizado no maior porto do país, em Santos (SP). Seus ativos compõem uma cadeia logística intermodal crescentemente integrada, oferecem sinergias operacionais e econômicas e estão estrategicamente localizados nos principais corredores de exportação/importação e de circulação de bens para o mercado interno, de produção, de consumo e de turismo do país. A EcoRodovias é uma empresa de capital aberto registrada na CVM (Comissão de Valores Mobiliários) desde 2003, e com ações negociadas na BMF&Bovespa desde 1º de abril de 2010. 8.3 Comitê de ética O Comitê de Ética tem a função, dentre outras, de avaliar e decidir sobre infrações cometidas por colaboradores da empresa ao Código de Conduta. Para tanto, recebe denúncias, comentários ou sugestões de colaboradores e de outras pessoas que se relacionem com a empresa. Todas as informações enviadas ao Comitê de Ética são tratadas com absoluto sigilo, inclusive a identidade do remetente. Os integrantes do Comitê de Ética são designados pelo Conselho de Administração da EcoRodovias entre os membros da alta direção. A Comissão de Apuração do Comitê de Ética é composta por: -DiretorSuperintendente - Ouvidora - Assessor Jurídico Local 8.4 Objetivos – Código de conduta O Código de Conduta comprova publicamente o empenho da EcoRodovias em honrar seus compromissos com os colaboradores, investidores, clientes, usuários e demais públicos de relacionamento. Por meio desse documento, é 52 possível conhecer as atitudes e comportamentos esperados de seus colaboradores e parceiros e também seus direitos na empresa. Além de uma demonstração de transparência e respeito, o Código de Conduta é mais uma das contribuições para o melhor desempenho da Companhia e, consequentemente, de uma sociedade mais justa e responsável. Principais objetivos: • Definir e consolidar os princípios e as normas de conduta que orientam a atuação de seus administradores e profissionais. • Disciplinar os relacionamentos internos e externos com os diversos públicos envolvidos, evitando conflitos de interesses individuais versus empresariais; • Proteger o patrimônio físico e intelectual dos acionistas; • Alavancar a imagem da empresa como sólida, confiável, consciente de sua responsabilidade social e empresarial, que persegue resultados de maneira honesta, justa, legal e transparente. 8.5 Sistema Anchieta-Imigrantes O Sistema Anchieta-Imigrantes (SAI) é a principal ligação entre a região metropolitana de São Paulo e o Porto de Santos – o maior da América Latina –, o Pólo Petroquímico de Cubatão, as indústrias do ABCD e a Baixada Santista. Desde 1998, o trecho é administrado pela empresa Ecovias dos Imigrantes, sob o edital de licitação nº 015/CIC/97, de lote 22, junto ao Governo do Estado de São Paulo e regulamentado pela Agência de Transportes do Estado de São Paulo – Artesp. A partir disto, cabe a empresa a exploração e manutenção do sistema rodoviário de 176,8 km de extensão, além da prestação de serviço aos mais de 30 milhões de veículos recebidos no Sistema Anchieta-Imigrantes anualmente. Trechos que compõe o SAI: • SP 150 - Rodovia Anchieta, do KM 9, mais 700 metros, até o km 65, mais 600 metros. Um total de 55,90 quilômetros; • SP 160 - Rodovia dos Imigrantes, do KM 11, mais 460 metros, até o KM 70. Um total de 58,54 quilômetros; 53 • SP 040/150 – Interligação Planalto. Tem 8 km de extensão, ligando as rodovias Anchieta e Imigrantes no alto da Serra, altura do KM 40; • SP 059/150 - Interligação Baixada. Tem 1,8 quilômetros de extensão, ligando as rodovias Anchieta, altura do KM 59, com a Imigrantes, altura do KM 62; • SP 248/55 – Rodovia Cônego Domênico Rangoni, mais conhecida como Piaçaguera-Guarujá, com 30,6 quilômetros – do KM 270 ao KM 248 de Cubatão e do KM 1 ao KM 8, no Guarujá; • SP 055 – Rodovia Padre Manoel da Nóbrega, com 21,60 quilômetros do KM 270 de Cubatão ao KM 292 da Praia Grande. A avaliação de impacto ambiental de uma rodovia se inicia no planejamento, continua na fase de implantação e construção, até a fase operacional quando a qualidade de sua manutenção tem grandes implicações. No Brasil, ainda é precária a fase de operação, sendo pouco ou nada exigido pela legislação. A pista descendente da rodovia dos Imigrantes inicia-se, em São Bernardo do Campo, região do ABC paulista, no km 40, junto à interseção com a SP-041 (interligação Imigrantes-Anchieta, no Planalto), atravessa o desnível de 730m até seu término, no cruzamento com a SP-59 (interligação Imigrantes-Anchieta, na Baixada Santista), na altura do km 63, no município de Cubatão. É denominado Rodovia dos Imigrantes (SP-160), um dos principais acessos ao litoral paulista. A obra de construção dessa pista iniciou-seem setembro de 1998 e foram concluídas em dezembro de 2002. A Concessionária Ecovias consumiu 300 milhões de dólares na realização do empreendimento, com financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES, agências que também impõem condições de controle ambiental à liberação de verbas. O restante foi oriundo de investimento da empresa, sendo 30% procedente da receita do pedágio. A capacidade do SAI passou, com a conclusão da nova pista, de 8.500 para 14.000 veículos por hora. Essa pista constitui-se por seções de terraplenagem nos trecho Baixado e Planalto. O trecho Serra é transposto, quase que exclusivamente por túneis entremeados, a viadutos de pequena extensão e movimentos de terra pouco expressiva. Nesta demanda de obra, estiveram presentes no Parque Estadual da Serra do Mar (PESM) cerca de 5.000 profissionais, tendo sido consumidos 420 mil m3 de 54 concreto, 25 mil toneladas de aço, 600 mil m2 de fôrmas e escavados 800 mil m3 de solo e 1.200 mil m3 de rocha. A adoção de práticas de gestão ambiental durante a construção foi fundamental para que o meio pudesse suportar um projeto dessa demanda. Imagens: Vista da Rodovia dos Imigrantes descendente e o cruzamento das pistas. Fonte: Material cedido pela Ecovias. 8.6 Detalhamento dos impactados na fase da construção. Os impactos físicos avaliados durante a fase de construção foram separados qualitativamente, e considerando as alterações ao meio biótico e socioeconômico, este que avançou de forma consideravel a economia local, nos pontos positivo e negativo: Positivos: Sócio econômico – Estabilidade de encostas em cortes. – Circulação de veículos de carga; – Fixação temporária de mão-de-obra; – Circulação de veículos e pedestres (trecho Planalto); – Circulação de veículos e pedestres (trecho de Baixada); – Criação de empregos. 55 Negativos: Meio físico – Estabilização de massas de tálus; – Problemas de escavação dos túneis; – Erodibilidade; – Quebra de continuidade dos substratos; – Aquáticos e ruptura dos fluxos de alimentos e água salgada; – Poluição sonora; – Poluição atmosférica; – Desmatamentos – Danos sobre a qualidade das nascentes, córregos e rios e áreas de bota-fora; – Áreas de bota-fora. Meio Biótico – Barreiras ao deslocamento de espécies móveis; – Soterramento de vegetação e de mangue e atulhamento de talvegue; – Soterramento de áreas de mangue; Sócio econômico – Ocupação da área lindeira (trecho de baixada); – Circulação de veículos e pedestres (trecho de baixada); – Sobrecarga das conexões com as rodovias e sistema viário da Baixada Santista 8.7 Construção pista descendente – processo AIA/EIA. 8.7.1 Critérios das etapas das leis ambientais. As etapas do licenciamento ambiental estruturam-se, dê acordo com o Decreto 99.274/90, em Licença Prévia (LP), Licença de Instalação (LI), Licença de Operação (LO). A concessão da LP para um empreendimento representa apenas que sua concepção e localização são ambientalmente viáveis. Entretanto, sua construção somente é autorizada mediante a obtenção da LI, para a qual terão que ser atendidas, pelo empreendedor, todas as exigências formuladas na etapa anterior 56 do processo. Procedimento similar é adotado para o alcance da LO, que possibilita a operação da rodovia. A LP da segunda pista da rodovia dos Imigrantes foi concedida à Dersa, em 1989, pelo DAIA, com base na Deliberação Consema 038/89 que aprovou o EIA (TRÂNSITO, TRANSPORTES E COMUNICAÇÕES – TTC, 1988) e as conclusões do parecer técnico DAIA, de 30/10/89, da SMA referente à análise da viabilidade ambiental do empreendimento. Como essa pista interfere em áreas legalmente protegidas, a LP tem que ser autorizada pela Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo. Assim, a permissão para desafetar o trecho do Parque Estadual Serra do Mar, atravessado pelo traçado e para construção da obra foi referendada pela Lei 9.444/96. A Ecovias ficou responsável pela obtenção da LI. As características técnicas da pista descendente associadas ao planejamento da logística da obra e às variáveis ambientais do meio, sobretudo fatores do meio físico, implicaram pedidos de LI por segmentos do empreendimento. Os trechos Planalto e baixada, foram os primeiros submetidos à solicitação da LI. Parte do terraplenagem, no planalto, havia sido concluída concomitantemente à finalização da pista ascendente. A consolidação do projeto básico para os viadutos da Baixada encontrava-se em estágio mais adiantado do que no trecho Serra, cujo detalhamento do traçado iria requerer estudos complementares. Além disso, ambos os trechos estão localizados nos extremos do empreendimento e em regiões com fácil acesso, não necessitando do uso da estrada de serviço para sua execução. O trecho Serra, foi o último a ser licenciado, uma vez que carecia de uso de infraestrutura mais complexa e da recuperação da estrada de serviço, utilizada na construção da pista ascendente. O segmento também na Baixada, compreendido entre o km 59 e km 63, em que parte do terraplenagem havia sido realizada anteriormente, foi o último a ser licenciado. A construção deste trecho, que seria executada pelo Estado (DER), foi repassada à Concessionária Ecovias, somente no início de 2002, sendo as licenças concedidas, após análise de relatórios técnicos. 57 8.7.2 Visões dos impactos e suas mitigação: Para se adaptar às novas exigências da legislação ambiental, foi necessária a utilização de tecnologia de ponta e métodos construtivos mais atualizados, reduzindo em 40 vezes o impacto ambiental causado à Mata Atlântica, em relação à construção da primeira pista na década de 70. De acordo com ECOVIAS (2012) por toda a extensão da Rodovia foi utilizado o pavimento rígido de concreto, que possui maior resistência ao desgaste em relação ao pavimento flexível asfáltico, reduzindo assim a necessidade de manutenção e, consequentemente, de obras de conservação que prejudicam o tráfego. Os três túneis construídos totalizaram 8,23 quilômetros, e dentre estes, encontra-se o maior túnel rodoviário do Brasil (TD1), com 3.146 metros de comprimento, assim foi possível reduzir apenas sete pontos a interferência com a floresta nativa às três entradas e saídas dos túneis e uma “janela” utilizada para agilizar a construção do TD1. O túnel que observamos na Figura 01/02 abaixo serviu como saída operacional, em caso de emergência. 58 Fig 01: TD1- Em dias atuais. Fonte: Material cedido pela Ecovias. Fig: 02 “Janelas” Saída de emergência. Fonte: Material cedido pela Ecovias. Na crista da Serra do Mar próximo ao planalto, local de maior dificuldade técnica, o viaduto inicialmente previsto com 1.490m e alguns pilares com mais de 59 90m de altura, foram substituídos por três viadutos menores e pilares com as fundações mais próximas, em função do ajuste do eixo do traçado, ampliando assim o vão padrão de 45m, para 90m, conforme figuras 03/04 abaixo, reduzindo os impactos necessários de abertura de clareiras e escavações para as fundações visando diminuir os impactos locais. Fig: 03: Ilustra o vão do projeto original, com 45m de comprimento. Fonte: Material cedido pela Ecovias.60 Fig: 04: Ilustra o vão do novo projeto, com o dobro do comprimento. Fonte: Material cedido pela Ecovias. Houve conforme mencionado pela Ecovias à eliminação de dois viadutos planejados, para minimizar a interferência a montante da captação de água. Uma grande racionalização de instalações de apoio também foi efetivada, onde anteriormente contava com 16 canteiros, passou a contar com apenas dois integralmente inseridos em áreas degradadas aproveitadas da construção da primeira pista. 61 Fig: 05: Ilustra a construção da tubulação na parte interna do Túnel. Fonte: Material cedido pela Ecovias Fig: 06: Ilustra a tubulção da parte externa para captação de liquidos na pista. Fonte: Material cedido pela Ecovias. Buscando atender as exigências ambientais, foi também realizado a tubulação da caixa de coleta da captação do túnel, onde o material coletado fica 62 armazenado, aguardando que uma empresa especializada faça a retirada, evitando o lançamento no meio ambiente, conforme figura 07 abaixo. Fig: 07: Ilustra caixa coletora de materiais perigosos. Fonte: Material cedido pela Ecovias. Um dos fatores que mais gerou impacto na obra da pista descendente foi a água de infiltração dos túneis que saiam por emboques contaminada com pó de pedra das atividades de perfuração, e concreto, foram tratadas por cinco estações especialmente projetadas, com aplicação de floculantes químicos e procedimentos de correção do pH. Conforme Figura 08/09 a mesma representou a contaminação da água nos rios Pilões a Cubatão com a incrustação carbonática. Após o tratamento as águas eram lançadas com características similares às verificadas nos cursos d água receptora. 63 Fig: 08/09: Fotos ilustram resíduos de contaminação da água nos Rios Pilões e Cubatão. Fonte: Material cedido pela Ecovias. Assim, considera-se, como o principal impacto sobre o meio físico da fase de instalação da pista descendente, a alteração da qualidade da água (poluição e assoreamento). Esse impacto foi decorrente, principalmente, das atividades de escavação e concretagem dos túneis. As atividades de escavação e concretagem dos viadutos, o uso de áreas de apoio e tráfego de máquinas pela estrada de serviços e vias de acesso também contribuíram para a ocorrência desse impacto, embora em menor proporção. Sua forma de manifestação deu-se por meio do escoamento das águas superficiais, das áreas submetidas a escavações, e concretagens extensas nas quais eram conduzidas caldas ou natas de cimento, sedimentos e pó de pedra. A deflagração de processos erosivos e de escorregamento pode ser considerada como um dos impactos mais representativos quanto à frequência de ocorrência. Esse impacto foi ocasionado, sobretudo, nos períodos iniciais da construção (atividades de desmatamento e abertura de frentes de obra) e durante a escavação dos trechos em corte. 64 9. APENDICE Imagem 1: Ecovias Imagem 2: Membro do grupo em visita 65 Imagem 3: Central de monitoramento EcoVias Imagem 4: Rodovia dos Imigrantes e posto avançado da EcoVias 66 Imagem 5: Pátio e caixa d’agua EcoVias 67 Imagem 6: Grupo da Unip em visita à EcoVias 68 10. CONCLUSÃO O presente trabalho teve como principal foco, ampliar o conhecimento quanto ao que concerne à sustentabilidade na construção civil e todo seu campo abrangência. Conhecer um projeto como o da Ecovias permitiu que a parte teórica pesquisada pudesse ser visualizada na pratica. É fato que a sustentabilidade carrega inúmeros benefícios em qualquer área de aplicação e por igual na construção civil os benefícios são oferecidos para todos os envolvidos no sistema, tanto quanto para todos em geral. Os clientes cada vez mais exigem novas tecnologias e buscam benefícios a curto e longo prazo que a sustentabilidade possa lhe oferecer a economia que ele terá com a implantação de filosofias e práticas sustentáveis nas edificações. Ademais, as corporações se beneficiam cada vez mais e fazem da sustentabilidade sua propaganda e ideologia, objetivando que a longo prazo, o custo elevado para a implantação, se reverte em elevação de ganhos. Fato é que o maior vencedor neste prisma é o meio ambiente e as gerações vindouras, pois ideologias unidas com praticas de sustentabilidade contribuem para um futuro saudável de todo o planeta. As certificações e selos sustentáveis são marcas predominantes no mercado e referente a esse assunto, foi fundamental a análise exploratória deste tema. A certificação LEED, entre outros selos, carrega variadas medidas sustentáveis a serem adotadas, que permitem que as empresas possam construir uma gigantesca história e tornar a engenharia civil com um tom mais “verde”. No entanto, quando se analisa a base teórica a respeito da sustentabilidade, percebe-se que este não deveria ser um fator que acresce valor do empreendimento. Quando um projeto é revisto as concepções de proteção do projeto e pensadas antecipadamente, estas, geram um grande proveito energético. Em um empreendimento, simples posicionamentos para adequação de aproveitamento de luz, a titulo de exemplo, é uma medida considerada pequena, porém, se pensada antecipadamente, pode proporcionar enorme economia em longo prazo. Em relação ao estudo de caso na Ecovias, é bastante relevante ressaltar que os gastos com a execução para adequações/reforma da edificação, podem elevar custos que, se observados desde a concepção do projeto, poderiam ser evitados. Diante das pesquisas e análise realizadas durante o desenvolver deste trabalho, conclui-se que o caminho a percorrer para a sustentabilidade ainda é longo, permeado de novas descobertas, pesquisas e aperfeiçoamentos, porém, ainda pequena, é uma realidade que vem crescendo e aponta como uma inclinação de prática crescente no futuro. Assim, a história deixada pela sustentabilidade realizada na atualidade, será resultado que as próximas gerações colherão frutos, bem como todo o planeta, pois acredita-se que a sustentabilidade e preservação do ambiente será assunto disseminado e reconhecido nas gerações vindouras. 69 11 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA Sustentabilidade nas obras e nos projetos – Questões práticas para profissionais e empresas – editora pini 2012 Gestão de Materiais de construção Roberto de Souza e Marcos Roberto Tamaki – O nome da Rosa, 2004 AGUIAR, J. Barroso de; MONTEIRO, José M. Argamassas para reboco interior com propriedades térmicas melhoradas. Concreta 2004. 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Os impactos físicos avaliados durante a fase de construção foram separados qualitativamente, e considerando as alterações ao meio biótico e socioeconômico, este que avançou de forma consideravel a economia local, nos pontos positivo e negativo: Positivos: Sócio econômico – Estabilidade de encostas em cortes. – Circulação de veículos de carga; – Fixação temporária de mão-de-obra; – Circulação de veículos e pedestres (trecho Planalto); – Circulação de veículos e pedestres (trecho de Baixada); – Criação de empregos. Negativos: Meio físico – Estabilização de massas de tálus; – Problemas de escavação dos túneis; – Erodibilidade; – Quebra de continuidade dos substratos; – Aquáticos e ruptura dos fluxos de alimentos e água salgada; – Poluição sonora; – Poluição atmosférica; – Desmatamentos – Danos sobre a qualidade das nascentes, córregos e rios e áreas de bota-fora; – Áreas de bota-fora. Meio Biótico – Barreiras ao deslocamento de espécies móveis; – Soterramento de vegetação e de mangue e atulhamento de talvegue; – Soterramento de áreas de mangue; Sócio econômico – Ocupação da área lindeira (trecho de baixada); – Circulação de veículos e pedestres (trecho de baixada); – Sobrecarga das conexões com as rodovias e sistema viário da Baixada Santista 8.7 Construção pista descendente – processo AIA/EIA. 8.7.1 Critérios das etapas das leis ambientais.