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A Compreensão do Ciúme Romântico Sob o Enfoque Analítico Comportamental

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A Compreensão do Ciúme Romântico Sob o Enfoque 
Analítico Comportamental 
Autores: Iara de França Santos Nayara Júlia Barbosa Leite da Silva Tamara Firmino 
Cavalcante Valdiane Pereira da Silva | Publicado na Edição de: Abril de 2015 
Categoria: Comportamental 
Resumo: O artigo em questão trata-se de um trabalho experimental, o 
mesmo foi realizado no ano de 2013, respaldado na pesquisa realizada no 
Buss Lab (1992). Fundamentado nos pressupostos da Análise do 
Comportamento, considerando as contingências filogenéticas, ontogenéticas e 
culturais. A saber, o ciúme é um evento privado, inacessível à observação 
pública direta, que sinaliza perdas de consequências reforçadoras para os 
indivíduos na relação. Contudo as expressões de sentimentos são produtos da 
comunidade verbal na qual interagimos. Ademais, o ciúme foi selecionado para 
garantir a sobrevivência, evitando a perda de reforços. O experimento de forma 
individual com 15 homens e 15 mulheres voluntários entre a faixa etária de 22 
a 28 anos, sendo universitários de diferentes cursos. Inicialmente solicitamos 
que cada participante pensasse sobre uma estória na qual estivesse envolvido 
num relacionamento romântico sério que tivera no passado, ou que ainda 
gostaria de ter. Posteriormente o pesquisador foi guiando a estória com 
traições físicas e emocionais, enquanto outro pesquisador observava seus 
comportamentos verbais, pressão arterial e batimentos cardíacos, com o uso 
de um aparelho de monitoramento de pressão arterial digital, gerando gráficos 
a partir dos dados colhidos para análise posterior. Ao final foi perguntado, em 
que situação o indivíduo sentia-se mais afetado. Homens e mulheres regiram 
de forma diferente o que comprovou o experimento realizado anteriormente por 
Buss. 
Palavras-chave: Contingências: Filogênese, Ontogênese e Cultura, 
Análise do Comportamento, Ciúme romântico. 
1. Introdução 
Dentre as várias concepções de ser humano e as diversas discussões 
acerca dos fenômenos psicológicos, uma das que mais ganha destaque pelo 
caráter científico de suas propostas é a Análise do Comportamento. 
Respaldada na filosofia do behaviorismo radical, teve como principal 
proponente e norteador B. F. Skinner (1904-1990). Esta abordagem psicológica 
possui como foco o comportamento humano que é estudado a partir da 
interação entre organismo e ambiente. A atenção é assim dirigida para as 
condições ambientais em que determinado organismo se encontra, para a 
reação desse indivíduo a essas condições, para as consequências que essa 
reação lhe traz e para os efeitos que essas consequências produzem - 
processo denominado "tríplice contingência", unidade funcional dessa ciência. 
Nesse sentido o comportamento é entendido como uma relação interativa de 
transformação mútua entre o organismo e o ambiente que o cerca na qual os 
padrões de conduta são naturalmente selecionados em função de seu valor 
adaptativo. 
Trata-se de uma aplicação do modelo evolucionista de Charles Darwin ao 
estudo do comportamento que reconhece três níveis de seleção que segundo 
Skinner (2003) irão atuar como conjunto de variáveis que determinarão o 
comportamento humano sendo eles: o nível filogenético, ontogenético e 
cultural. A saber, a filogênese modela padrões de comportamentos comuns à 
espécie, pois, boa parte dos comportamentos de seleção dos parceiros para a 
perpetuação genética é influenciada por este conjunto de variáveis. A 
ontogênese é um conjunto de variáveis que estão associadas à história de 
vida, dizendo respeito às aprendizagens que se processam ao longo da vida do 
organismo, que modelam os comportamentos. A cultura é o bloco de variáveis 
ligadas ao ambiente social, estes conjuntos de variáveis não funcionam de 
forma estanque e isolada, mas de modo que interagem e em conjunto 
determinam o comportamento. “A estrutura genética, a história de vida e os 
estímulos ambientais presentes, em uma gama de relações entre si, 
condicionam o comportamento do organismo” (GUIMARÃES, 2003, p.62). 
Entendemos que uma parte importante dos comportamentos são privados 
e uma fração deles chamamos de sentimentos. As expressões de sentimentos 
são produtos da comunidade verbal na qual interagimos. Dessa forma, as 
respostas verbais apresentadas por sujeitos demonstram a função que a 
comunidade verbal exerce ao estabelecer processo de discriminação de 
determinados aspectos do ambiente, fazendo com que certos eventos privados 
tornem-se públicos. 
Destarte nossos comportamentos podem ser privados e públicos, o ciúme, 
por exemplo, é um comportamento privado com muitos aspectos públicos. De 
acordo com Skinner os eventos privados possuem a mesma natureza dos 
eventos públicos, e no que tange seus estudos merece igual atenção devido a 
seu grau de importância que permeiam de forma igualitária. De modo que: 
[...] Skinner considera que os eventos privados têm a mesma natureza que os eventos 
públicos, isto é, ambos são físicos; como afirma, há um mundo no interior do indivíduo, 
mas este é tão físico quanto o mundo exterior (MOROZ e RUBANO, 2005, p.121). 
Ora se partirmos da premissa referendada por Moreira: “Em algum 
momento da evolução das espécies (DARWIN, 1859), ter determinadas 
respostas emocionais em função da apresentação de alguns estímulos mostrou 
ter valor de sobrevivência” (MOREIRA, 2007, p.26-27). Revendo 
Skinner: “Quase todos os seres vivos agem buscando livrar-se de contatos 
prejudiciais... Provavelmente, esse tipo de comportamento desenvolve-se 
devido ao seu valor de sobrevivência” (SKINNER, 1983, p.24 apud MOREIRA, 
2007, p.63, Itálico do autor). O ciúme enquanto comportamento privado tem 
valor de sobrevivência e por isso foi selecionado na evolução das espécies. 
2. O Ciúme Enquanto Comportamento Privado 
O ciúme é considerado um comportamento privado que pode se entrelaçar 
a comportamentos públicos e logo segue a lógica de seleção por consequência 
que “[...] é um modo causal encontrado unicamente em coisas vivas ou em 
máquinas feitas por elas. Foi primeiramente reconhecida na seleção natural, 
mas explica, também, a modelagem e a manutenção do comportamento do 
indivíduo e a evolução das culturas” (SKINNER, 1981, p.129). O 
comportamento ciumento produz alterações corporais públicas e privadas. 
Revendo Almeida (2008) observamos que o ciúme romântico seria o que 
ocorre entre casais, terminologia usada para diferenciar de outras 
manifestações dessa natureza. 
Como evento privado, o ciúme é produto tanto de condicionamento reflexo como operante 
(SKINNER, 1989-1991). O condicionamento reflexo explicaria as reações fisiológicas que 
são sentidas quando um indivíduo descreve estar com ciúme, por exemplo, um aperto no 
peito, sensação de nó na garganta ou sensação de perda de controle. Já o 
condicionamento operante permite entender como se estabelece a relação entre o que 
ocorre fisiologicamente com o indivíduo e o que ele faz quando está diante dessa 
sensação, assim como por que faz o que faz (COSTA, 2005, p.08). 
Imaginemos um casal que sai para passear estão conversando quando 
passa uma mulher que possui qualidades “atrativas” (reforçadoras) ao homem, 
a namorada percebe que ele deu uma olhada diferente, concomitantemente 
sua amígdala aciona um sinal de alerta, enviando sinais a outras áreas como 
áreas frontais do encéfalo que pode inibir efetuando comportamentos de 
agressividade ou raiva. Conforme Buss (2011), isso acontece porque o 
indivíduo percebe que há riscos de perder o seu parceiro (reforço). 
O ciúme romântico seria uma resposta que visa impedir a infidelidade, com 
a função de preservar uma relação. Ao que tudo indica há diferenças entre o 
ciúme para homense mulheres. É mais aversivo a infidelidade sexual para os 
homens, mas para as mulheres a infidelidade sentimental apresenta maior 
desconforto. A maior preocupação do homem está ligada a garantia de que os 
filhos gerados em um relacionamento são seus, essa garantia se faz 
necessária para investir recursos. A mulher precisa evitar a divisão dos 
recursos, assim o foco volta-se para laços sentimentais que poderiam levar o 
homem a desprender recursos. 
Quanto à genealogia do ciúme o psicólogo David Buss explica que, apesar de suas 
manifestações potencialmente perigosas, o ciúme teve um imprescindível valor adaptativo. 
Numa época onde homens e mulheres dependiam exclusivamente uns dos outros para 
sobrevivência o ciúme atendia esta função de manutenção do relacionamento 
estabelecido. Por meio dele, homens ciumentos preservariam com uma maior 
probabilidade seus valiosos elos afetivos tentando assegurar-se que os filhos daquela 
relação eram de fato seus, garantindo assim a sua linhagem genética. No que diz respeito 
às mulheres, o ciúme seria um importante fator diferencial que poderia assegurar-lhes um 
mantenedor para si e para sua prole. Com isso, a infidelidade representa o desvio parcial 
de valiosos recursos evolutivos. Logo, acredita-se que a vinculação humana careceu de 
proteção e cuidados delegados ao ciúme (ALMEIDA, 2008, p.03). 
Porém, mesmo com o peso da filogênese, a maior parte das mulheres 
ocidentais não aceitam sexo extraconjugal de seus companheiros com muita 
facilidade. Do mesmo modo homens não encaram com bom grado um 
relacionamento sentimental extraconjugal de suas companheiras. Os aspectos 
culturais e ontogenéticos possuem um peso enorme na modelagem dos 
comportamentos. Mas, precisamos compreender todas as dimensões do 
comportamento e não é correto isolar certo conjunto de variáveis para 
posteriormente entender este conjunto como os únicos determinantes do 
comportamento. 
Neste sentido, o presente estudo contribuiu com a literatura disponível ao 
facilitar a compreensão do ciumento romântico. Quais os fatores estão ligados 
ao ciúme? O objetivo deste estudo foi compreender o ciúme romântico e 
discriminar certos aspectos deste, e como funcionam as respostas a 
infidelidade sexual e sentimental para os diferentes sexos. Observando as 
relações entre as bases filogenéticas, ontogenéticas e culturais do 
comportamento ciumento nos propomos a verificar como as infidelidades 
sexuais e sentimentais estão relacionadas. 
3. Método 
3.1 Participante 
Os sujeitos selecionados para pesquisa foram trinta participantes, quinze 
homens e quinze mulheres, respectivamente que estudam na UFAL – 
Universidade Federal de Alagoas, os participantes cursam: Arquitetura, 
Ciências da Computação, Física, Matemática e Química. E as participantes 
cursavam o primeiro período do curso de Psicologia. A média de idade variou 
entre dezoito e vinte e dois anos. 
3.2 Ambiente e material 
As atividades da pesquisa foram realizadas em uma instituição pública 
(UFAL), que oferece serviços de ensino, contando com uma clínica escola de 
Psicologia. A sala experimental utilizada foi da clínica escola. Havia no 
ambiente uma mesa, duas poltronas, um armário, um tapete, almofadas e ar 
condicionado. Sendo equipada com gravador que ficava ao lado do 
participante, e antes de começarmos a narrar as estórias colocamos o aparelho 
de monitoramento dos batimentos cardíacos e de pressão arterial digital no 
braço esquerdo do participante. Foram utilizados caneta e papéis para 
anotações dos pesquisadores. 
4. Procedimentos 
A pesquisa foi divulgada durante uma semana nesta instituição de ensino, 
em que os participantes se voluntariaram para a realização da pesquisa. 
Agendamos os horários das entrevistas entre os participantes e os 
pesquisadores. Foi apresentado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 
(TCLE) para que pudessem assinar. O documento continha cláusula a respeito 
do sigilo das informações, da garantia do anonimato do participante, da 
presença do gravador e da permissão para divulgação dos resultados do 
estudo em revista ou eventos científicos. 
Outrossim, narramos uma estória onde foram mostradas situações em que 
o sujeito da pesquisa passa por infidelidade sexual e/ou infidelidade 
sentimental. Uma pesquisadora ficou responsável por registrar os batimentos 
cardíacos e a pressão arterial do participante, e a outra por narrar as estórias. 
Cada entrevista efetivou-se de modo individual, na sala ficaram dois 
pesquisadores com cada participante. Ao final era perguntado, em que situação 
o indivíduo sentia-se mais afetado. Nosso experimento é uma réplica da 
pesquisa realizada no Buss Lab, onde sujeitos heterossexuais de vários países 
foram submetidos ao tal questionamento, a novidade era a observação das 
respostas fisiológicas: 
Por favor, pensem num relacionamento romântico sério que tiveram no passado, que 
ainda têm ou gostaria de ter. Suponham então que a pessoa com a qual estiveram 
seriamente envolvidos se interessasse por outra. O que as abalaria ou entristeceria mais: 
a) imaginar seu parceiro criando um forte vínculo emocional com aquela pessoa ou b) 
imaginar seu parceiro em pleno ato sexual prazeroso com aquela pessoa? (BUSS, 2011, 
p.94). 
A reaplicação do experimento com novos instrumentos de observação e 
num ambiente cultural diferenciado nos trará novas informações como veremos 
nos resultados. 
5. Análise dos dados 
Todas as sessões foram registradas em gravador, após o termino deste 
estudo na UFAL transcrevemos o material gravado. Posteriormente produzimos 
gráficos contendo a resposta verbal de cada participante diante das estórias de 
infidelidade sentimental e sexual. Os dados obtidos com os batimentos 
cardíacos e pressão arterial emitido diante da infidelidade sentimental e sexual 
foram analisados e estão expostos no formato de gráficos contendo a resposta 
fisiológica diante das duas situações. 
O experimento teve como variável dependente o aumento ou diminuição 
das reações fisiológicas provocadas pelo ciúme quanto à infidelidade sexual e 
sentimental. A variável independente foi, com sujeitos sendo heterossexuais, a 
descrição da infidelidade sexual e sentimental. 
6. Resultados 
A figura 1 apresenta as respostas verbais dos homens diante de cada 
estória. Tendo como percentual 100% a infidelidade sexual sendo mais 
aversiva do que a sentimental, já a figura 2 apresenta as reações fisiológicas 
(batimentos cardíacos e pressão arterial) dos participantes, com percentual de 
80% na infidelidade sexual e com percentual de 20% da infidelidade 
sentimental. 
 
Os homens apresentaram praticamente as mesmas respostas verbais e 
fisiológicas na apresentação das infidelidades, mostrando que a infidelidade 
sexual é muito mais aversiva, como mostrou a pesquisa realizada por David 
Buss (1992). 
A figura 3 apresenta as respostas verbais das mulheres na estória 
supracitada, 67% das mulheres apresentaram verbalmente como mais aversiva 
a situação da infidelidade sexual e 33% apresentou ser mais aversiva a 
infidelidade sentimental. A figura 4 apresenta as respostas fisiológicas 
(batimentos cardíacos e pressão arterial) das participantes. O percentual de 
aumento foi de 40% na infidelidade sexual, 46% na infidelidade sentimental e 
14% mantiveram as mesmas reações fisiológicas diante da infidelidade sexual 
e sentimental. 
 
As mulheres tiveram respostas verbais diferentes das respostas 
fisiológicas. Verbalizaram ser mais aversiva a infidelidade sexual, porém as 
respostas fisiológicas diferiam das respostas verbais, mostrando que a situação 
que representa maior perigo (aversiva) é a infidelidade sentimentalcomo 
mostrou a pesquisa realizada por David Buss (1992). 
7. Discussão 
O comportamento ciumento é causador de muito transtorno para os casais 
e para a comunidade, muitos relacionamentos não são prolongados por causa 
desses comportamentos que causam constrangimentos, desconfiança, 
agressões, mortes e vários outros problemas. Tragédias resultantes de 
comportamentos de ciúme são vistas todos os dias: 
Tanto homens quanto mulheres podem sofrer de ciúme patológico, porém são elas as 
vítimas mais frequentes de agressões de parceiros ciumentos. De acordo com a Pesquisa 
DataSenado 2011, em 27% dos casos de violência doméstica registrados no Brasil a 
agressão foi motivada pelo ciúme (COSTA, MARINO e ROCHA, 2012, p. 05). 
O ciúme, por vezes, é reforçado, sabendo que o reforço é compreendido 
como sendo “um tipo de consequência do comportamento que aumenta a 
probabilidade de um determinado comportamento voltar a ocorrer” (MOREIRA, 
2007, p. 51), tanto pelo parceiro ou parceira quanto pela comunidade verbal, 
desta maneira é de suma importância compreender como ele se desencadeia e 
qual as possíveis diferenças para homens e mulheres. 
Sendo preciso considerar como a evolução da espécie selecionou cada 
comportamento, por seu valor de sobrevivência, e de que maneira as 
estruturas cerebrais se desenvolveram na evolução e assim se formaram. Com 
a evolução das espécies nosso cérebro desenvolveu três componentes que 
foram se sobrepondo, são eles o arquepálio ou cérebro primitivo, o paleopálio 
ou cérebro intermediário que tem as estruturas do sistema límbico e o neopálio 
ou cérebro superior ou racional. 
O sistema límbico é considerado o lugar das emoções: 
É ele que comanda certos comportamentos necessários á sobrevivência de todos os 
mamíferos. Que também cria e modula funções mais específicas, as quais permitem ao 
animal distinguir entre o que lhe agrada ou desagrada. Aqui se desenvolvem funções 
afetivas, como a que induz as fêmeas a cuidarem atentamente de suas crias, ou a que 
promove a tendência desses animais a desenvolverem comportamentos lúdicos (gostar de 
brincar). Emoções e sentimentos, como ira, pavor, amor, paixão, ódio, alegria e tristeza, 
são criações mamíferas, originadas no sistema límbico (AMARAL e OLIVEIRA, 1998). 
Com essas explicações podemos compreender que os indivíduos são 
seres complexos e que seus comportamentos surgem a partir da interação do 
organismo com o meio, desta maneira, podemos entender que nem todas as 
reações do nosso organismo são apresentadas publicamente do mesmo modo 
como são acionados no seu primeiro momento. A partir das consequências 
podemos negar ou mesmo “fingir” comportamentos, apresentando-os da 
maneira que é mais reforçadora. Skinner diz que temos os comportamentos 
públicos e os privados, e que temos a capacidade de nos comportar de 
diferentes maneiras, pois, como já vimos, possuímos três conjuntos de 
variáveis que determinam o comportamento (a filogênese, ontogênese e 
cultura). 
As diferenças de respostas entre homens e mulheres apresentadas aqui 
ilustram muito bem essa relação de conflito que possuímos na emissão de 
nossos comportamentos públicos e no controle destes submetidos a muitas 
variáveis culturais e ontogenéticas. Todos os homens responderam 
verbalmente e fisiologicamente não aceitar a infidelidade sexual. A maioria das 
mulheres respondeu verbalmente não aceitar a infidelidade sexual, não 
obstante os batimentos cardíacos dizem outra coisa. As mulheres tiveram 
aumento dos batimentos cardíacos e da pressão sanguínea ao ser 
apresentadas a segunda situação, ou seja, a infidelidade sentimental. 
O aumento dos batimentos cardíacos e da pressão sanguínea representa a 
ativação do sistema simpático, que está presente no sistema nervoso 
autônomo, onde o sistema simpático é ativado em situações de perigo e o 
indivíduo pode fugir ou enfrentar uma situação perigosa. 
Em determinadas circunstâncias, todo o sistema simpático é ativado, produzindo 
uma descarga em massa na qual a medula da supra-renal é também ativada, lançando no 
sangue a adrenalina que age em todo o organismo. Temos, assim, uma reação de alarme, 
que ocorre em certas manifestações emocionais e situações de emergência (síndrome de 
Cannon), em que o indivíduo deve estar preparado para lutar ou fugir (to fight or to 
flight, segundo Cannon). Como exemplo, poderíamos imaginar um indivíduo que é 
surpreendido no meio do campo por um boi bravo que avança contra ele. Os impulsos 
nervosos resultantes da visão do boi são levados ao cérebro resultando uma forma de 
emoção, o medo. Do cérebro, mais especialmente do hipotálamo, partem impulsos 
nervosos que descem pelo tronco encefálico e medula, ativando os neurônios pré-
ganglionares simpáticos da coluna lateral, de onde os impulsos nervosos ganham os 
diversos órgãos, iniciando a reação de alarme. Esta visa preparar o organismo para o 
esforço físico que será necessário para resolver a situação, o que, no exemplo, significa 
fugir ou brigar com o boi (MACHADO. 2006.p. 136) 
Sendo assim podemos afirmar que em nossa pesquisa a maior parte das 
mulheres tiveram o seu sistema simpático ativado durante a hipótese de 
infidelidade sentimental, visto que indica uma situação de risco, em que há a 
perda de reforços e de uma maior efetividade na sobrevivência de sua prole. 
Contudo, faz-se necessário elucidarmos que as influências da ontogênese, 
como sendo um processo particular da vida do sujeito, e da cultura, como 
aquela que modela padrões comportamentais de grupos, que devem ser 
replicados, as mulheres responderam verbalmente não aceitar a infidelidade 
sexual. As mulheres apresentaram o relato verbal em que a infidelidade física 
era mais aversiva (diferentemente da pesquisa realizada por BUSS em 1992), 
porém seus batimentos cardíacos e pressão arterial aumentavam quando a 
estória foi guiada pela infidelidade emocional (compatível com BUSS). Já os 
homens afirmaram que a infidelidade mais aversiva seria a física, sendo os 
dados obtidos pelo monitor de pressão arterial e batimentos cardíacos 
compatíveis. Os resultados indicam a possibilidade de certos comportamentos 
verbais, que se acreditava estarem sob controle de eventos privados, estarem 
na verdade sob o controle de variáveis culturais, sem, no entanto alterar 
padrões de respostas orgânicos (eventos privados) modelados 
filogeneticamente. 
Estes aspectos não surpreendem quando entendemos que o ciúme foi 
selecionado como uma forma de garantir a sobrevivência (evitar a perda de 
reforços), nada mais natural que se apresente de forma variada em homens e 
mulheres em função de contingências culturais, ontogenéticas e filogenéticas. 
 
Fonte: https://psicologado.com/abordagens/comportamental/a-compreensao-do-ciume-
romantico-sob-o-enfoque-analitico-comportamental © Psicologado.com

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