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PRÉ 2 LITERATURA mpas 2º ano

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ROMANTISMO
1- Introdução
O Arcadismo expressava os interesses da burguesia, classe social que iria promover a Revolução Francesa. Fundamentalmente, limitou-se a eliminar os exageros do Barroco e a retomar os modelos do Classicismo do século XVI. O movimento subseqüente, o Romantismo, criou uma linguagem mais direta e comum, identificada com os padrões mais simples de vida da classe média e da burguesia., dando início a uma nova etapa na literatura voltada aos assuntos de seu tempo e ao cotidiano do homem burguês do século XIX. 
 2- Contexto histórico:
EUROPA:
O Romantismo está ligado a dois acontecimentos: a Revolução Francesa e a Revolução Industrial, responsáveis pela formação da sociedade burguesa. A Revolução Industrial gerou novos inventos que buscavam solucionar os problemas técnicos decorrentes do aumentos de produção, provocando a divisão de trabalho e o início de especialização da mão-de-obra. Após a Revolução Francesa, o absolutismo entrou em crise, cedendo lugar ao liberalismo ( doutrina fundamentada na crença da capacidade individual do homem ). A economia da época estimula a livre iniciativa, a livre empresa. O individualismo tornou-se um valor básico da sociedade da época.
"Metamos o martelo nas teorias, nas poéticas, nos sistemas. (. . .) Nada de regras nem de modelos". (Víctor Hugo)
BRASIL:
O país assistiu, no início do século XIX, com a vinda da família real para o Rio de Janeiro, a uma série de transformações sociais e econômicas que visavam a possibilitar o funcionamento da administração do reino português aqui no Brasil.
O surto do café provocou o deslocamento da atividade econômica para São Paulo. Minas Gerais, que era antiga metrópole cultural e econômica, cedeu lugar ao Rio de Janeiro e a São Paulo.
Durante todo o período de permanência da corte portuguesa no Brasil (l808-l82l), o país progrediu muito.. Aos poucos, o sentimento anticolonialista do povo brasileiro começa a se fazer perceber, gerando a independência política, em l822.
3- Características gerais:
O Romantismo literário surgiu na Alemanha, por volta de l800, conquistou a Inglaterra, a França e, posteriormente, todas as literaturas européias e americanas.
Como nas demais artes, as características da literatura romântica estão relacionadas a uma visão de mundo centrada no indivíduo. Essa visão se expressa por meio do(a):
Liberdade de criação: a proposta romântica era não aceitar nenhum modelo
Sentimentalismo: O romântico analisa e expressa a realidade por meio dos sentimentos.. 
Mal do século: O romântico busca sempre a perfeição, no entanto, ao perceber que isso não é possível, sente-se insatisfeito e frustrado. Gera-se um estado de tédio e angústia, assim como, uma obsessiva atração pela morte.
Evasão: O mecanismo de evasão processa-se em três níveis: evasão no tempo, evasão no espaço, evasão na morte. 
	A evasão no tempo está associada à busca de situações ideais por meio do passado histórico (história) ou individual (infância).
	A evasão do espaço conduz o romântico a paisagens novas, estranhas e primitivas que provoquem atração e inspiração. A natureza idealizada, vista como um lugar ainda não corrompido pelo homem, é sobretudo um lugar de refúgio para o solitário. 
	A evasão na morte é a solução radical e definitiva para o mal-do-século.
Eleição de heróis grandiosos: o herói criado pelo escritor romântico não se contenta com o mundo em que vive. Por isso, volta-se contra a sociedade, contra o destino e até contra Deus. O destino do herói romântico, portanto, é feito de revolta e solidão, pois ele se julga diferente dos outros homens.
Senso de mistério: O romântico valoriza as coisas misteriosas, inexplicáveis, fantásticas, sobrenaturais.
Valorização do amor: O amor é considerado a coisa mais importante da vida e, como tal, constitui o tema mais freqüente do Romantismo. A perda do amor leva a três conseqüências básicas: a morte, o suicídio e a loucura. 
Subjetivismo: o artista romântico age de uma forma pessoal, retratando a realidade parcialmente.
Idealização:. O artista romântico idealiza vários elementos, isto é, trata-os não da maneira como são, mas como deveriam ser segundo sua ótica pessoal: a pátria é sempre perfeita; a mulher é vista como virgem, delicada, frágil, submissa e inatingível; o índio é tratado como herói nacional, cheio de boas virtudes. 
Egocentrismo: o espírito romântico está voltado para o próprio eu, numa atitude tipicamente narcisista.
Medievalismo:, verifica-se o interesse dos românticos pelas origens de seu próprio país, de seu povo e de sua língua. Na Europa, há uma busca do mundo medieval e de seus valores; no Brasil, há a valorização do índio .
Indianismo: o índio representa o elemento nativo, as próprias origens do país. Ao mesmo tempo, encarna o ideal do "bom selvagem" de Rousseau, que exerceu grande influência sobre o Romantismo brasileiro.
Religiosidade: significa uma nítida reação ao racionalismo materialista do século anterior. A vida espiritual é enfocada como ponto de apoio ou válvula de escape diante das frustrações do mundo real. Deus é colocado como confidente do homem romântico. Os temas da vida clerical e do celibato são abordados pelo Romantismo, que procura refletir sobre até que ponto as leis da Igreja podem se contrapor às leis do coração.
Byronismo: relacionada ao poeta inglês Lord Byron, traduz-se num estilo de vida boêmia, noturna, voltada para o vício, para o prazeres da bebida, do fumo e do sexo. Sua forma de ver o mundo é egocêntrica, narcisista, pessimista, angustiada e principalmente satânica.
Condoreirismo: corrente de poesia político-social, influenciada pelo escritor francês Victor Hugo. Os poetas condoreiros defendem a justiça social e a liberdade. Na Europa, defendem a classe operária da exploração; no Brasil, luta-se pelo fim da escravidão e pela república.
4- As gerações da poesia romântica:
Tradicionalmente há três gerações de escritores românticos. Essa divisão, contudo, engloba principalmente os autores de poesia. Os prosadores não se enquadram muito bem nessa divisão, uma vez que suas obras podem apresentar traços de mais de uma geração.
Assim, as três gerações de poetas românticos brasileiros são:
Primeira geração: nacionalista, indianista e religiosa. Destacam-se os poetas Gonçalves Dias e Gonçalves de Magalhães.
Segunda geração: marcada pelo "mal-do-século", apresenta o egocentrismo exacerbado, pessimismo, satanismo e atração pela morte. Destacam-se os poetas Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Fagundes Varela e Junqueira Freire.
Terceira geração: formado pelo grupo condoreiro, desenvolve uma poesia de cunho político e social. A maior expressão desse grupo é Castro Alves.
5- Principais autores e obras:
POESIA ROMÂNTICA
GONÇALVES DE MAGALHÃES
Embora tenha cultivado a poesia religiosa, como deixa transparecer em Suspiros Poéticos e Saudades, Gonçalves de Magalhães tinha preferência pela poesia indianista de caráter nacionalista, como o poema épico A confederação dos Tamoios, obra que lhe valeu agitada polêmica com José de Alencar, relativa à visão de cada autor sobre o índio. Suas poesias são tidas pela crítica literária como fracas; sua importância advém do fato de ter sido o introdutor do Romantismo no Brasil.
GONÇALVES DIAS
Se a Gonçalves de Magalhães deve-se a introdução do Romantismo no Brasil, é a Gonçalves Dias que se deve sua consolidação. De fato, o poeta maranhense trabalhou de forma brilhante todos os temas iniciais do Romantismo, como o indianismo, a natureza pátria, a religiosidade, o sentimentalismo, o espírito de brasilidade.
Considerando-se uma espécie de síntese do brasileiro, pois em suas veias corria o sangue dos três elementos formadores do povo de sua terra - seu pai era português e sua mãe, mestiça de negro e índio -cantou-os em suas poesias. O português aparece em Sextilhas de frei Antão e em vários outros poemas; o africano em,por exemplo, "A escrava", que fala de uma escrava tomada de saudade do Congo, sua terra natal; e o índio é tema relevante em toda a sua obra.
TEXTO 1:
CANÇÃO DO EXÍLIO
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas, 
Nossas várzeas têm mais flores, 
Nossas flores têm mais vida
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar - sozinho, à noite -
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra 
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores 
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Gonçalves Dias
TEXTO 2:
CANTO DE REGRESSO À PÁTRIA
Minha terra tem palmares*
Onde gorjeia o mar
Os passarinhos daqui
Não cantam com os de lá
Minha terra tem mais rosas
E quase que mais amores
Minha terra tem mais ouro
Minha terra tem mais terra
Ouro terra amor e rosas
Eu quero tudo de lá
Não permita Deus que eu morra 
Sem que eu volte pra São Paulo
Sem que eu veja a rua 15
E o progresso de São Paulo
Oswald de Andrade
* palmares: vastas regiões do Nordeste, cobertas por palmeiras; também é o nome do famoso quilombo fundado nessas regiões no século XVII.
ÁLVARES DE AZEVEDO
Álvares de Azevedo foi responsável pelos contornos definitivos do mal-do-século, produzindo uma obra influenciada por Lord Byron, de quem herdou as características ultra-românticas. Suas poesias falam de amor e de morte, de um amor sempre idealizado, povoado de donzelas ingênuas, virgens sonhadas, filhas do céu, mulheres misteriosas, que habitam seus sonhos adolescentes, mas nunca se materializam. Daí a frustração, o sofrimento, a dor só acalmada pela lembrança de mãe e da irmã. 
TEXTO 1: 
MEU BEM-QUERER
Meu bem-querer
É segredo, é sagrado
Está sacramentado
Em meu coração
Meu bem-querer
Tem um quê de pecado
Acariciado pela emoção
Meu bem-querer, meu encanto,
Tô sofrendo tanto
Amor
E o que é o sofrer
Para mim que estou 
Jurado pra morrer de amor.
Djavan
TEXTO 2: 
Ah! Vem, pálida virgem, se tens pena
De quem morre por ti, e morre amando,
Dá vida, em teu alento à minha vida,
Une os lábios meus minh'alma à tua!
Eu quero ao pé de ti sentir o mundo
Na tua alma infantil, na tua fronte
Beijar a luz de Deus, nos teus suspiros
Sentir as virações do paraíso;
E a teus pés, de joelhos, crer ainda
Que não mente o amor que um anjo inspira,
Que eu posso na tua alma ser ditoso,
Beijar-te nos cabelos soluçando
E no teu seio ser feliz morrendo!
Álvares de Azevedo
Exercício
1) Julgue os itens, considerando-os C (certo) ou E (errado):
0. ( ) O texto 1 é evidentemente contemporâneo, entretanto podem-se observar nele algumas características românticas.
1. ( ) O texto 1 é marcado pelo subjetivismo, que se manifesta através da linguagem emotiva ou expressiva utilizada pelo poeta.
2. ( ) O egocentrismo é uma característica que se manifesta somente no texto 2.
3. ( ) Nos dois textos, percebe-se que à medida que o sentimentalismo se aprofunda em direção ao "eu", cultivando o individualismo, perde-se a consciência do todo, do coletivo, do social.
4. ( ) O sofrimento é um tema abordado pelos dois textos, no entanto, é somente no texto 2 que ele produz um estado de frustração e tédio.
5. ( ) No Romantismo, a idéia de amor está sempre ligada à idéia de sofrimento e à de morte. Característica marcante também no texto contemporâneo.
6. ( ) A mulher, no Romantismo, é divinizada, cultuada, pura, aparecendo às vezes envolta em mistério. Esta idealização da mulher não foi explorada no texto 1.
7. ( ) É comum o homem prestar uma "vassalagem amorosa" à mulher, assumindo um comportamento que se assemelha aos dos cavaleiros medievais. Pode-se constatar tal característica nos versos 5 e 9 do texto 2.
8. ( ) A religiosidade, especialmente uma proposta do cristianismo medieval, também se recupera nos textos românticos como volta ao passado. A religião é encarada como uma possibilidade de integrar o homem a Deus. O poeta faz alusão a esta característica no verso 7 do texto 2.
9. ( ) O texto 1 não faz nenhuma inferência à religião.
10. ( ) Com relação á mesma temática abordada pelos dois textos, podemos afirmar que há uma certa equivalência semântica entre o último verso de cada texto.
Respostas
0 - C		1- C		2 -C
3 - C		4 – E		5 - C
6– E		7 – C		8 - C
9 – E		10 - C
CASIMIRO DE ABREU
A poesia de Casimiro de Abreu é caracterizada por temas já gastos, ritmo fácil, rima pobre e repetitiva, linguagem simples e uso cansativo de pleonasmos. Entretanto, justamente pelas características apontadas, é um dos mais populares poetas da literatura brasileira. Em nada seus temas apresentam originalidade: cantou o saudosismo em todas as situações. Um saudosismo nacionalista, que segue os passos de Gonçalves Dias; uma saudade nostálgica da infância pura, acrescida da fixação sentimental na mãe e na irmã, característica também marcante na poesia de Álvares de Azevedo. De toda a sua produção poética, reunida em um volume intitulado As primaveras, publicado em l859, indiscutivelmente a poesia mais popular é a poesia abaixo:
MEUS OITO ANOS
Oh! Que saudades que tenho
Da aurora da minha vida
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
Como são belos os dias
Do despontar da existência!
( Respira a alma inocência
Como perfumes a flor.
O mar é ( lago sereno.
O céu ( um manto azulado.
O mundo ( um sonho dourado.
A vida ( um hino d'amor!
FAGUNDES VARELA
Fagundes Varela cultivou em sua obra poética todos os temas do Romantismo: da exaltação e do amor à natureza, pelo byronismo, enveredou pela poesia patriótica e social, falou da América livre e da abolição, para cair numa profunda religiosidade mística. Por isso, Varela é entendido como um poeta de transição entre a segunda e a terceira geração romântica, anunciando os primeiros acordes do condoreirismo.
Podemos dividir sua obra em duas fases: a primeira engloba as produções da década de 60, onde se misturam o mal-do-século, o patriotismo, a luta abolicionista, a natureza, a morte; a Segunda representa sua produção do início da década de 70 e se caracteriza pelo misticismo religioso. Essa segunda fase é conseqüência de uma série de perdas: a morte de dois filhos, da esposa e da maior parte de seus amigos, entre eles, Castro Alves. A religião aparece, então, como a última tábua de salvação, uma espécie de redenção; são desta fase os livros Diário de Lázaro, Cantos religiosos e Anchieta ou O evangelho nas selvas, poema em dez cantos no qual Fagundes Varela coloca o jesuíta contando a vida de Cristo aos índios, num trabalho de catequese. Merece ser destacada a elegia escrita por ocasião da morte de seu primeiro filho, Emiliano, de apenas três meses. Um poema perfeito, em versos decassílabos brancos, com forte lirismo. Faça uma analogia entre o poema de Varela e o de Chico Buarque:
TEXTO 1:
CÂNTICO DO CALVÁRIO
Eras na vida a pomba predileta
Que sobre um mar de angústias conduzia
O ramo da esperança. Eras a estrela
Que entre as névoas do inverno cintilava
Apontando o caminho ao pegureiro. 
Eras a messe de um dourado estio.
Eras o idílio de um amor sublime.
Eras a glória, a inspiração, a pátria.
O porvir de teu pai! ( Ah! No entanto.
Pomba, ( varou-te a flecha do destino!
Astro, ( engoliu-te o temporal do norte!
Teto, ( caíste! ( Crença, já não vives!
Correi,correi, oh! Lágrimas saudosas,
Legado acerbo da ventura extinta,
Dúbios archotes que a tremer clareiam
A lousa fria de um sonhar que é morto!
São mortos para mim da noite os fachos
Mas Deus vos faz brilhar, lágrimas santas,
E à vossa luz caminharei nos ermos
Estrelas do sofrer, gotas de mágoa,
Brando orvalho do céu! ( Sede benditas!
Oh! Filho de minh'alma! Última rosa
Que neste solo ingrato vicejava!
Minha esperança amargamente doce!
Fagundes Varela
TEXTO 2:
PEDAÇO DE MIM
Oh! Pedaço de mim
Oh! Metade afastada de mim
Leva o teu olhar,
Que a saudade é o pior tormento.
É pior do que o esquecimento
É pior do que se entrevar.
Oh! Pedaço de mim
Oh! Metade exilada de mim
Leva os teus sinais
Que a saudade dói.
Como um barco
Que aos poucos
Despede um arco
Que evita atracar no cais.
Oh! Pedaço de mim.
Oh! Metade arrancada de mim
Leva o vulto teu
Que a saudade é um revés de um parto
A saudade é arrumar o quarto
Do filho que já morreu
Oh! Pedaço de mim
Oh! Metade amputada de mim
Leva o que há de ti
Que a saudade dói latejável
E assim como mão fisgada
Dum membro que já perdi.
Oh! Pedaço de mim
Oh! Metade adorada de mim
Lava os olhos meus
Que a saudade é o pior castigo
E não quero levar comigo
A mortalha do amor
Adeus.
Chico Buarque e Zizi Possi
CASTRO ALVES
 
	Participou ativamente da campanha abolicionista que lhe forneceu todos os dados necessários para o desenvolvimento dessa temática social , caracterizada pela exaltação e pelo tom retórico, cujo objetivo era emocionar e convencer as platéias por meio de um estilo arrebatado da poesia que foi chamado de “condoreirismo”. Por ter desenvolvido esse tema, transformou-se no “poeta dos escravos”.
	Destacam-se em sua obra os poemas: “O navio negreiro” e “Vozes d’África”. 
	“O navio negreiro” é o exemplo mais emocionante da poesia condoreira, utilizado pela campanha abolicionista, pois revela a indignação com a situação dos escravos no país.
O fragmento abaixo é a transcrição da penúltima parte do poema:
“Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura... se é verdade
Tanto horror perante os céus...
Ó mar! Por que não apagas
Co’a esponja de tuas vagas
De teu manto este borrão?...
Astros! Noites! Tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!...
Quem são estes desgraçados,
Que não encontram em vós,
Mais que o rir calmo da turba
Que excilta a fúria do algoz?
Quem são?... Se a estrela se cala,
Se a vaga à pressa resvala
Como um cúmplice fugaz,
Perante a noite confusa...
Dize-o tu, severa musa,
Musa libérrima, audaz!
São os filhos do deserto
Onde a terra esposa a luz,
Onde voa em campo aberto
A tribo dos homens nus...
São os guerreiros ousados,
Que com os tigres mosqueados
Combatem na solidão...
Homens simples, fortes, bravos...
Hoje míseros escravos 
Sem ar, sem luz, sem razão...
São mulheres desgraçadas
Como Agar o foi também,
Que sedentas, alquebradas, 
De longe... bem longe vêm...
Trazendo com tíbios passos
Filhos e algemas nos braços,
N’alma – lágrimas e fel.
Como Agar sofrendo tanto
Que nem o leite do pranto
Têm que dar para Ismael.
Mosqueado: salpicado de manchas ou pintas;
Agar: personagem bíblica, escrava e comcubina rediada por Abraão e mandada para o deserto, com seu filho Ismael. Deus promete a este uma grande descendência, o povo árabe.
�
PROSA ROMÂNTICA
A prosa romântica cultivou o mesmo nacionalismo da poesia, a idealização do índio, a perfeita harmonia com a natureza da primeira fase . No entanto, a prosa não se limitou somente a isso; nas primeiras três décadas de evolução, diversificou os seus temas, num grande esforço para criar uma nova versão literária. 
JOAQUIM MANUEL DE MACEDO
Boa parte da crítica literária aponta Joaquim Manuel de Macedo como um cronista que descreve a vida social e familiar num estilo despretensioso carregado de um certo humor e um bom senso de observação. Embora tenha tido boa aceitação do público, muitos criticaram o seu gosto popular , as suas personagens e, sobretudo, as suas narrativas, que não evoluíram tecnicamente já que repetia sempre os mesmos esquemas.
O principal romance de Macedo, A Moreninha, apresenta um painel da vida carioca de sua época numa crítica sutil dos costumes da sociedade.
TEXTO:
Um sarau é o bocado mais delicioso que temos, de telhado abaixo. Em um sarau, todo o mundo tem que fazer. O diplomata ajusta com um copo de champanha na mão, os mais intrincados negócios; todos murmuram e não há quem deixe de ser murmurado. O velho lembra-se dos minuetes e das cantigas do seu tempo, e o moço goza todos os regalos de seu tempo; as moças são no sarau como as estrelas no céu; estão no seu elemento; aqui uma cantando suave cavatina, eleva-se quais surde, às vezes, um bravíssimo inopinado, que solta de lá da sala do jogo, o parceiro que acaba de ganhar sua partida de écarté, mesmo na ocasião em que a moça se espicha completamente, desafinando um sustenido; daí a pouco vão outras pelo braço de seus pares, se deslizando pela sala e marchando em seu passeio, mais a compasso que qualquer de nossos batalhões da Guarda Nacional, ao mesmo tempo que conversam sempre sobre objetos inocentes que movem olhaduras e risadinhas doces que vieram para o chá, e que ela leva aos pequenos que, diz, lhe ficaram em casa. Ali vê-se um ataviado dândi que dirige mil finezas a uma senhora idosa, tendo os olhos pregados na sinhá, que senta-se ao lado. Finalmente, no sarau não é essencial ter cabeça nem boca, porque, para alguns é regra, durante ele, pensar pelos pés é falar pelos olhos. 
(A Moreninha – Joaquim Manuel de Macedo)
Vocabulário:
Sarau: festa noturna em casa particular, clube ou teatro. No século XIX, o sarau em casa de família era uma das principais formas de entretenimento.
Cavatina: pequena peça de música instrumental.
Surdir: surgir, aparecer
Inopinado: inesperado, imprevisto.
“Écarté” – (francês, pronuncia-se “ecartê”) – jogo com cartas, entre dois parceiros.
Dândi: homem que veste com extremo apuro, janota, almofadinha.
JOSÉ MARTINIANO DE ALENCAR
	José de Alencar consolidou o romance na literatura, ampliando e desenvolvendo a prosa de ficção. Devido à sua diversidade temática e a seu estilo próprio, costuma-se dividir a sua obra em quatro grupos:
Romances históricos: valorizam a reconstrução de episódios históricos ou fatos fictícios em épocas passadas, em busca das origens da nossa nacionalidade( O guarani, As minas de prata, A guerra dos Mascates e Alfarrábios).
Romances indianistas – retratam a vida e os costumes indígenas brasileiros; o contato do índio com o colonizador; e a miscigenação com esse mesmo colonizador (Ubirajara e Iracema).
Romances urbanos- revelam indícios de investigação psicológica por meio de dramas morais causados pelo conflito entre as convenções sociais e a sentimentalidade individual (Senhora, Lucíola, Cinco minutos, Diva, A pata da gazela e A viuvinha)
Romances regionalistas – tentam sintetizar diversas regiões do Brasil: o desenvolvimento da narrativa ocorre no pampa sulino (O gaúcho), no interior do Rio de Janeiro (O tronco do ipê) e no interior de São Paulo (O sertanejo).
TEXTO:
	Seixas ajoelhou aos pés da noiva, tomou-lhe as mãos que ela não retirava; e modulou o seu canto de amor, essa ode sublime do coração que só as mulheres entendem, como somente as mães percebem o balbuciar do filho.
	A moça com o talher languidamente recostado no espaldar da cadeira, a fronte reclinada, os olhos coalhados em uma ternura maviosa, escutava as falas de seu marido; toda ela se embebia dos eflúvios de amor, de que ele a repassava com a palavra ardente, o olhar rendido, e o gesto apaixonado. 
( É então verdade que me ama?
( Pois duvida, Aurélia?
( E amou-mesempre, desde o primeiro dia que nos vimos?
( Não lho disse já?
( Então nunca amou a outra?
( Eu lhe juro, Aurélia. Estes lábios nunca tocaram a face de outra mulher, que não fosse minha mãe. O meu primeiro beijo de amor, guardei-o para minha esposa, para ti...
	Soerguendo-se para alcançar-lhe a face, não viu Seixas a súbita mutação que se havia operado na fisionomia de sua noiva. 
	Aurélia estava lívida, e a sua beleza, radiante há pouco, se marmorizara. 
( Ou para outra mais rica! ... disse ela retraindo-se para fugir ao beijo do marido, e afastando-o com a ponta dos dedos.
	A voz da moça tomara o timbre cristalino, eco da rispidez e aspereza do sentimento que lhe sublevava o seio, e que parecia ringir-lhe nos lábios como aço.
( Aurélia! Que significa isto?
( Representamos uma comédia, na qual ambos desempenhamos o nosso papel com perícia consumada. Podemos ter este orgulho, que os melhores atores não nos excederiam. Mas é tempo de pôr termo a esta cruel mistificação, com que nos estamos escarnecendo mutuamente, senhor. Entremos na realidade por mais triste que ela seja; e resigne-se cada uma ao que é: eu, um mulher traída; o senhor, um homem vendido.
( Vendido! Exclamou Seixas ferido dentro d’alma. 
( Vendido sim: não tem outro nome. Sou rica, muito rica, sou milionária; precisava de um marido, traste indispensável às mulheres honestas. O senhor estava no mercado; comprei-o. Custou-me cem contos de réis, foi barato; não se fez valer. Eu daria o dobro, o triplo, toda a minha riqueza por este momento. 
	Aurélia proferiu estas palavras desdobrando um papel, no qual Seixas reconheceu a obrigação por ele passada ao Lemos. 
	Não se pode exprimir o sarcasmo que salpicava dos lábios da moça; nem a indignação que vazava dessa alma profundamente revolta, no olhar implacável com que ela flagelava o semblante do marido.
Senhora – José de Alencar.
MANUEL ANTÔNIO DE ALMEIDA
	Autor de Memórias de um sargento de milícias, Manuel Antônio de Almeida introduz juízos de valor inovadores para a sua época, criando o verdadeiro romance de costumes do Romantismo brasileiro: abandona a burguesia urbana para retratar o povo em toda a sua simplicidade. O romance satiriza o período de D. João VI no Brasil, momento de transformações, da mudança de mentalidade colonial para a vida da corte.
	Leonardo, personagem principal, é o anti-herói ou herói picaresco, aquele que vive à margem da sociedade. Isso se percebe pela sua própria origem: filho de uma pisadela e de um beliscão os quais o abandonaram quando ainda era pequeno. Volta-se a vagabundagens e a escândalos que contrariam os padrões românticos da época.
�
REALISMO – NATURALISMO
Introdução
Em 1857, mesmo ano em que no Brasil era publicado O Guarani, de José de Alencar, na França é publicado Madame Bovary, de Gustave Flaubert, considerado o primeiro romance realista da literatura universal. 
	No Brasil, considera-se 1881 como o ano inaugural do Realismo. Um ano fértil para a literatura brasileira, com a publicação de dois romances fundamentais, que modificaram o curso de nossas letras: Aluísio Azevedo publica O Mulato, o primeiro romance naturalista do Brasil, e Machado de Assis publica Memórias póstuma de Brás Cubas, o primeiro romance realista de nossa literatura. 
	O Realismo-Naturalismo aparece como negação ao subjetivismo e à idealização romântica. Observe que a música abaixo idealiza a bailarina (de forma subentendida), sem deixar a objetividade de lado (característica do Realismo-Naturalismo).
CIRANDA DA BAILARINA
Edu Lobo / Chico Buarque
Procurando bem
Todo mundo tem pereba
Marca de bexiga ou vacina
E tem piriri, tem lombriga, tem ameba
Só a bailarina que não tem
E não tem coceira
Berruga nem frieira
Nem falta de maneira
Ela não tem
Futucando bem
Todo mundo tem piolho
Ou tem cheiro de creolina
Todo mundo tem um irmão meio zarolho
Só a bailarina que não tem
Nem unha encardida
Nem dente com comida
Nem casca de ferida
Ela não tem
Não livra ninguém
Todo mundo tem remela
Quando acorda às seis da matina
Teve escarlatina
Ou tem febre amarela
Só a bailarina que não tem
Medo de subir, gente
Medo de cair, gente
Medo de vertigem
Quem não tem
Confessando bem
Todo mundo faz pecado
Logo assim que a missa termina
Todo mundo tem o primeiro namorado
Só a bailarina que não tem
Sujo atrás da orelha
Bigode de groselha
Calcinha um pouco velha
Ela não tem
O padre também
Pode até ficar vermelho
Se o vento levanta a batina
Reparando bem, todo mundo tem pentelho
Só a bailarina que não tem
Sala sem mobília
Goteira na vasilha
Problema na família
Quem não tem
“O Grande Circo Místico”. Balé de Chico
Buarque e Edu Lobo
Contexto histórico
EUROPA
	O Realismo reflete as profundas transformações econômicas, políticas, sociais e culturais da segunda metade do século XIX.
	A Revolução Industrial, iniciada no século XVIII, entra numa nova fase, caracterizada pela utilização do aço, do petróleo e da eletricidade.
	O capitalismo se estrutura em moldes modernos, com o surgimento de grandes complexos industriais; por outro lado, a massa operária urbana avoluma-se, formando uma população marginalizada, que não partilha dos benefícios gerados pelo progresso industrial.
	Essa nova sociedade gera uma nova interpretação da realidade, carregada de teorias variadas.
BRASIL
	O Brasil também passa por mudanças radicais tanto no campo econômico como no campo político-social, no período compreendido entre 1850 e 1900, embora com profundas diferenças materiais, se comparadas às da Europa.
	A monarquia vive uma progressiva decadência. Ocorre o fim da mão-de-obra escrava e a sua substituição pela mão-de-obra assalariada (imigrantes europeus que vinham trabalhar na lavoura cafeeira)
	Origina-se uma nova economia voltada para o mercado externo.
- Diferenças entre realismo e naturalismo
	Afrânio Coutinho esclarece que o Naturalismo “é o Realismo fortalecido por uma teoria peculiar de cunho científico, uma visão materialista do homem, da vida e o da sociedade; é a teoria de que a arte deve conforma-se com a Natureza, utilizando-se dos métodos científicos de observação e experimentação no tratamento dos fatos e das personagens”.
	É possível estabelecer, portanto, semelhanças e diferenças entre o Realismo e Naturalismo:
Os realistas são grandes narradores que captam o drama dinâmico da vida, na sua realidade global;
 os realistas-naturalistas, negando, no fundo, a liberdade humana, submetem a vida a determinismos estáticos. Em suas obras, abordam quase sempre os mesmos temas: miséria, adultério, crime, desequilíbrio, aberração sexual, etc. Nos romances naturalistas, há protagonistas e vítimas; não existem heróis ou líderes.
Características
	As características do Realismo estão intimamente ligadas ao momento histórico, refletindo, dessa forma:
( a postura do positivismo de August Comte, preocupado com o real-sensível, o fato;
( o socialismo científico de Marx e Engels, definindo o materialismo histórico e defendendo a luta de classes; 
( o evolucionismo de Charles Darwin e sua teoria da origem das espécies, negando a origem divina defendida pelo cristianismo.
	Surge, portanto, uma nova temática voltada ao objetivismo e ao materialismo. O objetivismo aparece como negação do subjetivismo romântico e nos mostra o homem voltado para aquilo que está diante e fora dele, o não-eu; o personalismo cede terreno ao universalismo. O materialismo leva à negociação do sentimentalismo.O Realismo só se preocupa com o presente, o contemporâneo. 
	O avanço das ciências influencia sobremaneira os autores da nova estética, principalmente os naturalistas. Ideologicamente, os autores assumem uma defesa clara do ideal republicano; negam a burguesia a partir da célula-mãe da sociedade, a família; são anticleriais, destacando-seos padres corruptos e a hipocrisia das beatas.
Resumindo as características da estética realista-naturalista, temos:
( observação e análise da realidade;
( preocupação com a objetividade e interesse pela sociedade e pelas leis científicas;
( o mundo real substitui o mundo ideal;
( interesse pelo presente e contemporâneo;
( temas universais: universalismo;
( preferência por personagens populares e vulgares;
( idealismo republicano, antimonárquico;
( tendência anticlerial.
Autores e obras
MACHADO DE ASSIS
	Costuma-se dividir a obra de Machado de Assis em duas fases distintas:
( fase romântica ou de amadurecimento;
( fase realista ou de maturalidade. Machado foi romancista, cronista, contista, poeta e crítico literário, além de deixar algumas peças de teatro. 
A Prosa de Machado 
de Assis
Primeira fase
	Pertencem à primeira fase os romances Ressurreição, A mão e a luva, Helena e Iaiá Garcia.
Machado de Assis foi um ótimo crítico literário, principalmente de sua própria obra. Portanto, ninguém melhor do que o próprio autor para reconhecer a diversidade de caminhos trilhados; 
	Veja a seguir uma “advertência” de Machado para a reedição de 1905 do romance Helena.
Advertência
	Esta nova edição de Helena sai com várias emendas de linguagem e outras, que não alteram a feição do livro. Ele é o mesmo da data em que o compus e imprimi, diverso do que o tempo me foi depois, correspondendo assim ao capítulo da história do meu espírito, naquele ano de 1876.
	Não me culpes pelo que lhe achardes romanesco. Dos que então fiz, este me era particularmente prezado. Agora mesmo, que há tanto me fui a outras e diferentes páginas, ouço um eco remoto ao reler estas, eco de mocidade e de ingênua. É claro que, em nenhum caso, lhes tiraria a feição passada; cada obra pertence ao seu tempo.
 (ASSIS, Machado de. In: Obra completa. Rio de Janeiro, Aguilar, 1986. P. 272 v. 1.)
	Observa-se, portanto, que Machado nos dá a dimensão exata das fases de sua obra, assumindo uma posição paternal ao comentar e se desculpar das obras da primeira fase, nostalgicamente relembradas como uma época de “fé ingênua”, ingenuidade essa perdida ao trilhar “diferentes páginas”, ou seja, páginas realistas.
	No entanto, apesar de romanescos, os textos da primeira fase já indicavam algumas características das obras da maturidade: o amor contrariado, o casamento por interesse, uma ligeira preocupação psicológica e uma sutil ironia.
A Prosa de Machado 
de Assis
Segunda fase
	A esta fase pertencem as obras-primas do romancista e contista. A análise psicológica dos personagens, o egoísmo, o pessimismo, o negativismo, a linguagem correta, clássica, as frases curtas, a técnica dos capítulos curtos e da conversa com o leitor são as principais características dos textos realistas ao lado da análise da sociedade e da crítica aos valores românticos.
Principais obras
Memórias póstumas de Brás Cubas é uma obra inovadora sob todos os aspectos; um livro revolucionário a partir da sua própria estrutura: o narrador, já morto, rememora sua vida, constituindo, dessa forma, uma narração em primeira pessoa. O defunto-autor narra sua vida com total isenção, totalmente desvinculado de qualquer relação com a sociedade, com a própria vida. 
TEXTO:
Curto, mas alegre
(...)
	Talvez espante ao leitor a franqueza com lhe exponho a minha mediocridade; advirto que a franqueza é a primeira virtude de um defunto. Na vida, olhar da opinião, o contraste dos interesses, a luta das cobiças obrigam agente a calar os trapos velhos, a desfarçar os rasgões e os remendos, a não estendes ao mundo as revelações que faz à conscicência; e o melhor da obrigação é quando, à força de embaçar os outros, embaça-se um homem a si mesmo, porque em tal caso poupa-se o vexame, que é uma sensação penosa, e a hipocrisia, que é um vício hediondo. Mas, na morte, que diferença! que desabafo! que liberdade! Como a gente pode sacudir fora a capa, deitar ao fosso as lentejoulas, despregar-se, despintar-se, desafeitar-se, confessar lisamente o que deixou de ser! Porque, em suma, já não há vizinhos, nem amigos, nem inimigos, nem conhecidos,nem estranhos; não há platéia. O olhar da opinião, esse olhar agudo e judicial, perde a virtude, logo que pisamos o território da morte; não digo que ele se não estenda para cá, e nos examine e julgue; mas a nós é que não se nos dá do exame do julgamento. Senhores vivos, não há nada tão incomensurável como o desdém dos finados.
		(ASSIS, Machado de. In: Obra completa. Rio de Janeiro, Aguilar, 1986. P. 546-6 v. 1)
	O fragmento acima constitui uma das páginas mais interessantes do romance Memórias Póstumas de Brás Cubas. Machado de Assis analisa o comportamento humano em toda a sua dimensão, ou seja, a criação de um defunto-autor, um narrador livre e sincero. Brás Cubas, o defunto-autor, pode “confessar lisamente o que foi e o que deixou”.
Quincas Borba, romance narrado em terceira pessoa, é uma análise da desagregação psicológica e financeira de Rubião, humilde professor do interior de Minas Gerais, que recebe a herança de Quincas Borba, criador de um sistema filosófico chamado Humanitismo. A desagregação de Rubião – personagem raro em Machado, pois é bom, honesto e decente – até a loucura e a miséria absoluta é, na prática, o Humanitismo em toda a sua essência (o personagem Quincas Borba e teoria do Humanitismo já apareceram em Memórias Póstumas de Brás Cubas). Rubião morre pobre e louco, acreditando ser Napoleão; no auge da loucura, atinge a plena lucidez: sua última frase encerra toda a sociedade e o Humanitismo – “Ao vencedor, as batatas...”.
Dom Casmurro é um retorno de Machado de Assis à narração em primeira pessoa; Bentinho/ D. Casmurro é o personagem-narrador que tenta “atar as duas pontas da vida, e restaurar na velhice a adolescência”. À primeira vista, o romance parece girar em torno de um provável adultério: Bentinho é casado com Capitu; desconfia que Ezequiel, o filho, seja de Escobar, amigo do casal; o ciúme doentio de Betinho leva à dissolução do casamento. Entretanto, isso serve para confecção de brilhantes perfis psicológicos e análises de comportamento.
	Esaú e Jacó e Memorial de Aires completam os romances realistas de Machado.
RAUL POMPÉIA
	Raul d’Ávila Pompéia nasceu em 1863, em Angra dos Reis, Rio de Janeiro. Aos 10 anos de idade, transfere –se com a família para a cidade do Rio de Janeiro, onde é matriculado no Colégio Abílio, dirigido pelo Dr. Abílio César Borges, Barão de Macaúbas. Em 1881 muda-se para São Paulo, matriculando-se na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco. Participa ativamente da campanha abolicionista e engaja-se na causa republicana. Em 1888, Raul Pompéia publica O Ateneu, em folhetim, na Gazeta de notícias. Leva vida agitada, com várias polêmicas, inimizades e crises depressivas. Abandonado pelos amigos e caluniado nos meios jornalísticos, Pompéia suicida-se no dia de Natal de 1895.
	Raul Pompéia, a exemplo de Manuel Antônio de Almeida, entrou para a literatura graças a um único livro: O Ateneu. Suas experiências anteriores se perdem diante da importância desse livro.
O Ateneu – Crônica de saudades, como o próprio subtítulo indica, é um livro de memórias: a narrativa é feita em primeira pessoa (o que permite ao autor entrar no complexo mundo das revelações que só se fazem à consciência); Sérgio, o personagem-narrador, já adulto, narra seu tempo de aluno interno no Ateneu. E mais: traça-se de um romance com fortes traços autobiográficos; a fronteira entre ficção e realidade é muito frágil. As identidades são claras: Sérgio é Raul Pompéia; o Dr. Aristarco, diretor do colégio, é na realidade o Dr. Abílio; o Ateneu é o Colégio Abílio.
	O Ateneu é uma obra que permite duas leituras: uma no campo individual, fruto da convivência de Sérgio/Raul Pompéia como interno em um colégio de estrutura cruel ( o homossexualismo, inevitável num internato só de meninos; atirania do diretor; as frustações e complexos que essa sociedade fechada provoca), e outra no campo político-social, pois, se ampliarmos esse universo poderemos ver o Ateneu como a própria representação da Monarquia e Aristarco, como na personificação do governo. Ambas as leituras, no entanto, não podem ser vistas isolada e idependentemente; ao contrário, elas se fundem, se interpenetram, se complementam. Ao final do livro, Raul Pompéia destrói o Ateneu: um dos meninos provoca um incêndio; é a destruição daquele mundo cruel e de seu criador, Aristarco; é a destruição daquela decadente representação da monarquia. Segundo Mário de Andrade, trata-se da “vingança” de Raul Pompéia.
TEXTO:
	“ Vais encontrar o mundo”, disse-me meu pai, à porta do Ateneu. “coragem para a luta!”
	Bastante experimentei depois a verdade deste aviso, que me despia, num gesto, das ilusões de criança educada exoticamente na estufa de carinho que é o regime do amor doméstico, diferente do que se encontra fora, tão diferente, que parece o poema dos cuidados maternos um artifício sentimental, com a vantagem única de fazer mais sensível a criatura à impressão rude do primeiro ensinamento, têmpera brusca da vitalidade na influência de um novo clima rigoroso. Lembrando-nos, entretanto, com saudade hipócrita, dos felizes tempos; como se a mesma incerteza de hoje, sob outro aspecto, não nos houvesse perseguido outrora e não viesse de longe a enfiada das decepções que nos ultrajam.
	Eufenismo, os felizes tempos, eufemismo apenas, igual aos outros que nos alimentam a saudade dos dias que ocorreram como melhores. Bem considerando, a atualidade é a mesma em todas as datas. Feitas a compensação dos desejos que variam, das aspirações que se transformam, alentadas perpetuamente do mesmo ardor, sobre a mesma base fantástica de esperanças, a atualidade é uma. Sob a coloração cambiante das horas, um pouco de ouro mais pela manhã, um pouco mais de púrpura ao crepúsculo – a paisagem é a mesma de cada lado beirando a estrada da vida.
	Eu tinha onze anos.
(POMPÉIA, Raul. O Ateneu – Crônicas de saudades. 4 ed. São Paulo, Ática, 1976. P. 11.)
	O fragmento acima é o início da narrativa de O Ateneu. A frase do pai do menino Sérgio, o personagem-narrador, dita à porta do colégio interno é muito significativa. De fato, o menino encontrou um mundo, muito particular com regras, vícios e comportamentos próprios; um mundo, ou melhor, um microcosmo que exige de seus habitantes muita coragem para a luta. Outro aspecto importante a ser destacado é o choque provocado pelo confronto da educação familiar, descrita como “estufa de carinho” (portanto, um local onde se cria um clima artificial; uma planta criada em estufa dificilmente resiste ao ambiente externo), com a vida no colégio interno.
Atente, também, para o surpreendente estilo de Raul Pompéia, que é capaz de, numa mesma frase, alternar uma observação profundamente amarga e realista com um irônico eufenismo: “Lembramo-nos, entretanto, com saudade hipócrita, dos felizes tempos”. Note ainda que Raul Pompéia, assim como Machado de Assis das Memórias Póstumas, tem uma preocupação constante: desmascarar o comportamento hipócrita da sociedade.
ALUÍSIO DE AZEVEDO
Aluísio Tancredo Gonçalves de Azevedo chocou a sociedade maranhense ao publicar O mulato, primeiro romance naturalista de nossa literatura. 
Aluísio produziu uma obra propositalmente(pois queria profissinalizar-se como autor) diversificada: de um lado, os romances naturalistas, chamados de “ artísticos”, de consumo fácil, seguindo a tradicional receita folhetinesca. Ao segundo grupo, entre outros, pertencem os três romances maiores de Aluísio: O mulato, O Cortiço e Casa de pensão. 
O autor escreve romances de tese, com clara conotação social. Percebe-se nitidamente a preocupação com as classes marginalizadas da sociedade, a crítica ao conservadorismo e ao clero e a defesa do ideal republicano.
Destaque para sua postura tipicamente naturalista ao valorizar sobremaneira os instintos naturais, comparando constantemente seus personagens a animais, ou em outras passagens, atribuindo comportamentos humanos aos animais: uma mulher tem “ ancas de vaca do campo”; um homem morre” estrompado com uma besta”; outro tem uma “ verdadeira satisfação de animal no cio”; os trabalhadores produziam um rumor como “ uma exalação de animais cansados”; por outro lado, os papagaios, a “ à semelhança dos donos, cumprimentavam-se ruidosamente”; para citar alguns exemplos retirados de O cortiço.
TEXTO:
O CORTIÇO
(FRAGMENTO DO CAPÍTULO I)
O Miranda rebentava da raiva.
- Um cortiço! Exclamava ele, possesso. Um cortiço! Maldito seja aquele vendeiro de todos os diabos! Fazer-me um debaixo das janelas!... Estragou-me a casa, o malvado!
E Vomitava pragas, jurando que havia de vingar-se, e protestando aos berros contra o pó que lhe invadia em ondas as salas e contra o infernal barulho dos pedreiros e carpinteiros que levavam a martelar de sol a sol.
(...)
Noventa e cinco casinhas comportou a imensa estalagem.
Prontas, João Romão mandou levantar na frente, nas vinte braças que separavam a venda do sobrado do Miranda, um grosso muro de dez palmos de altura, coroado do cacos de vidro e fundo de garrafa, e com grande portão no centro, onde se dependurou uma lanterna de vidraças vermelhas, por cima de uma tabuleta amarela, em que se lia o seguinte, escrito a tinta encarnada e sem ortografia:
“Estalagem de São Romão. Alugam-se casinhas e tinas para lavadeiras”.
(...)
E aquilo se foi constituindo numa grande lavandeiria, agitada e barulhenta, com as suas cercas de vara, as suas hortaliças verdejantes e os seus jardinzinhos de três e quatro palmos, que apareciam como manchas alegres por entre a negrura das limosas tinas transbordantes e o revérbero das claras barracas de algodão cru, armadas sobre os lustrosos bancos de lavar. E os gotejantes jiraus, cobertos de roupa molhada, cintilavam ao sol, que nem lagos de metal branco.
E naquela terra encharcada e fumegante, naquela umidade quente e lodosa, começou a minhocar, a esfervilhar, a crescer, um mundo, uma coisa viva, uma geração, que parecia brotar espontânea, ali mesmo, daquele lameiro, a multiplicar-se como larvas no esterco.
( AZEVEDO, Aluísio. O Cortiço. Rio de Janeiro, B. L Garnier, 1890. P 26-7.)
O cortiço, é o grande personagem do romance O cortiço. A narrativa nos apresenta o “nascimento, vida, paixão e morte” do cortiço. O trecho acima trata exatamente do nascimento do cortiço ( no final da narrativa, o cortiço “ morre”, ou seja, é destruído por um incêndio).
O trecho nos apresenta também, dois personagens que se rivalizam durante toda a narrativa: o Miranda, português abastado, e João Romão, português que ascende da posição de empregado de uma venda a proprietário da venda , da estalagem e de uma pedreira. O ponto final da carreira ambiciosa de João Romão era a posição social de Miranda; de fato, ao final da narrativa, João Romão casa-se com Zulmira, filha de Miranda.
Finalmente, atentar para o estilo naturalista, sua linguagem característica e a constante zoomorfização dos personagens. O último parágrafo é exemplar.
EXERCÍCIOS
1) (Fund. Carlos Chagas) Em alguns romances de Machado de Assis, a narração é feita em 1ª pessoa, por um narrador que participa do enredo como personagem. É o que sucede em:
	a) Helena
	b) Iaiá Garcia
	c) Dom Casmurro
	d) Esaú e Jacó
2) (Fund. Carlos Chagas) Entre os contos de Machado de Assis, o que interroga sobre os limites entre a normalidade e a loucura é:
	a) Missa do Galo
	b) Noite de almirante
	c) Uns braços
	d) O alienista
	e) O espelho
	
3) ( CESCEM - SP) Machado de Assis, na sua obra de ficção narrativa:
a) Começou romântico e como tal se manteve na idealização com que descreve as personagens de suas obras.
b) Condenou o Romantismo e introduziu no Brasil o Realismo, que só trocou pelo Naturalismo.
c) Centrou suas críticas na sociedadede sua época; por isso está hoje ultrapassado: o homem moderno não pode ver-se em suas personagens.
d) Investigou em profundidade o homem universal nas personagens cotidianas,, indo além da crítica à sociedade.
e) Norteou-se pelos princípios do Naturalismo, ressaltando sempre os fatores biológicos do comportamento humano.
4) (Fund. Carlos Chagas) Mesmo retratando objetivamente a vida, o Realismo dá-lhe sentido, interpreta-a. O romancista acumula fatos, a fim de documentar a realidade sobre a qual escreve, e a própria seleção que empreende tem por objetivo conferir o encadeamento lógico entre um fato e outro. Assim, podemos concluir que, no romance realista,
a) há tendência do predomínio da narração sobre a descrição.
b) há tendência de predomínio da descrição sobre a narração.
c) o autor interfere a todo instante para explicar o significado do que narrou.
d) a descrição é amplamente usada, a fim de conferir à narração um caráter sempre mais verossímil.
e) a narração está reduzida a limites mínimos.
5) ( Vassouras - RJ) “ Por que será que nenhuma dessas caprichosas me fez esquecer a primeira amada do meu coração?” - pergunta-se Bento, saudoso e casmurro.
“Talvez porque nenhuma tinha os olhos de ressaca, nem os de cigana oblíqua e dissimulada” - responde-se ele próprio. Identifique a “primeira amada”:
	a) Capitu
	b) Virgília
	c) Ana Terra
	d) Iracema
	e) Sofia
	
6) ( Fun. Carlos Chagas) “Análise em profundidade do mundo psicológico; redução dessa análise a sínteses muito claras; observação do ambiente humano que envolva o mesmo mundo psicológico (o Rio imperial); procura do universo, do perene humano desse ambiente e busca da máxima perfeição construtiva e expressiva.”
O texto refere-se à obra de:
	a) Inglês de Sousa.
	b) Álvares de Azevedo.
	c) Júlio Ribeiro.
	d) Adolfo Caminha.
	e) Machado de Assis.
	
7) (PUC_RJ) Qual dessas afirmações não se aplica a Machado de Assis?
a) Seguiu estritamente as normas do Realismo-Naturalismo.
b) Uma parte de sua obra tem influências nítidas do Romantismo.
c) Foi o primeiro escritor completo brasileiro, escrevendo tanto teatro como crônicas, romances, contos, poesias e críticas.
d) Influenciou até a literatura moderna brasileira.
e) Um dos seus temas era que a verdade é relativa e muda de acordo com o ponto de vista.
8) (PUC-RS) “ A arte que nos pinta a nossos próprios olhos, para nos conhecermos, para que saibamos se somos verdadeiros ou falsos, para condenar o que houver de mau na nossa sociedade”, é:
	a) o Romantismo.
b) o Realismo.
c) o Simbolismo.
d) o Impressionismo.
e) o Modernismo
9) (PUC-RS) O romance de Machado de Assis que apresenta o triângulo amoroso Bentinho - Capitu - Escobar é:
a) A mão e a luva.
b) Esaú e Jacó.
c) Memórias póstumas de Brás Cubas.
d) Quincas Bordas.
e) Dom Casmurro.
10) (PUC-RS) O aspecto mais significativo do Realismo é:
a) A visão determinante e mecanicista da vida.
b) A apresentação da verdade, a análise da sociedade.
c) A preponderância da disiologia sobre a psicologia.
d) A oposição ao conceito religioso do homem.
e) A amplitude dos interesses temáticos.
11) (UFRGS) “ Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria.”
O texto acima é:
a) O final do testamento de Quincas Borda, que faz de Rubião seu herdeiro, sob a condição de que cuide de seu cachorro.
b) Um comentário de Bentinho, o protagonista de D. Casmurro, cujo temperamento azedo e melancólico lhe valeu o apelido.
c) A conclusão pessimista de Dr. Bacamarte, ao final do conto O alienista, após dedicar sua vida ao estudo da “patologia cerebral”.
d) O desabafo do “defunto-autor” das Memórias póstumas de Brás Cubas, ao final do delírio.
e) A refleção do conselheiro Aires ao encerrar a narrativa do drama de flora, em Esaú e Jacó.
12) (PUC-RS) No período do Naturalismo brasileiro, há um romance polêmico que na época suscitou violentas reações, pois agredia preconceitos sociais de São Luís do Maranhão. Chama-se... e é de autoria de...:
a) A normalista - Adolfo Caminha
b) Casa de Pensão - Aluísio de Azevedo
c) O missionário - Júlio Ribeiro
d) A carne - Júlio Ribeiro
e) O mulato - Aluísio de Azevedo
13) ( CESCEM-SP) “Nós nos apoiamos na fisiologia, nós tomamos o homem isolado das mãos do fisiólogo para continuar a pesquisa do problema e resolver cientificamente a questão de saber como se comportam os homens, desde que se encontrem em sociedade.”
Essa profissão de fé, que exerceu influência em autores brasileiros, é um dos postulados do:
	a) Romantismo
	b) Naturalismo
	c) Parnasianismo
	d) Simbolismo
	e) Modernismo
	
14) (PUC-RS) Foi no romance... que Aluísio de Azevedo atinou de fato com a fórmula que se ajustou ao seu talento. Não montou um enredo em função de pessoas, mas de cenas coletivas de tipos psicologicamente primários.
	a) A mortalha de Alzira
	b) O Homem
	c) Uma lágrima de mulher
	d) O cortiço
	e) O livro de uma sogra
	
15) (Vitória-ES) Sérgio, Aristarco, D. Ema, Dr. Cláudio, Bento Alves e Ângela são alguns dos personagens do romance:
	a) O sertanejo
	b) O Ateneu
	c) Senhora
	d) Dom Casmurro
	e) Helena
	
16) (CESCEM-SP)
E horas sem conta passo, mudo, 
o olhar atento,
A trabalhar longe de tudo
O pensamento.
Assim procedo. Minha pena
Segue esta norma,
Por te servir , Deusa serena,
Serena Forma!
As estrofes acima elegem a forma e a contínua dedicação do escritor como fundamentos da criação poética. Essas palavras traduzem os ideais estéticos de seu autor, o poeta:
a) Castro Alves
b) Cruz e Sousa
c) Manuel Bandeira
d) Alphonsus de Guimaraens
e) Olavo Bilac
GABARITO
	1
	D
	2
	D
	3
	D
	4
	D
	5
	A
	6
	E
	7
	A
	8
	B
	9
	E
	10
	B
	11
	D
	12
	E
	13
	B
	14
	D
	15
	B
	16
	E
PARNASIANISMO
Introdução
O parnasianismo é uma estética preocupada com a “arte pela arte”, ou com a “arte sobre a arte”, baseada no binômio objetivamente/culto da forma, numa evidente postura anti-romântica.; a natureza não mais é interpretada como uma extensão do poeta, e sim como algo a ser descrito de forma precisa, objetiva e impessoal. Retoma-se a Antigüidade clássica, com seu racionalismo e formas perfeitas; desenvolve-se uma poesia de meditação, filosófica, mas artificial.
Entretanto, o traço mais característico da poética parnasiana é o culto da forma: o soneto, a métrica alexandrina (12 sílabas poéticas), a rima rica, rara e perfeita. Tudo isso contrapondo-se aos versos livres e brancos dos românticos. 
Características
Podemos sintetizar assim as principais características dessa escola:
( Culto à forma.
( Linguagem correta.
( Emprego superficial de figuras.
( Musicalidade dos versos.
( Emprego de rimas raras.
( Fuga dos sentimentos.
( Visão do real.
( Riqueza vocabular.
( Rima rica 
( Condenação de hiatos.
( Ênfase descritiva de pequenos objetos: vasos, estatuetas, alfaias, flautas, taças, etc.
( Culto da beleza escultural.
( Simplicidade artística.
( Culto da arte pela arte.
( Preferência pelo soneto.
Autores e obras
OLAVO BILAC
Olavo Bilac foi notadamente fiel à produção poética esteticamente parnasiana: a perfeição formal, a preocupação de escrever versos alexandrinos e sonetos. Suas obras podem ser assim caracterizadas:
Em Panóplias, o poeta se encontra voltado à Antigüidade clássica, particularmente para Roma. Na obra, Via Láctea, há 35 sonetos marcados pelo lirismo, responsáveis pela grande popularidade do poeta. Em Sarças de fogo permanece o lirismo acrescentado pelo sensualismo. Em Alma inquieta e viagens, os temas filosóficos apresentam-se ao gosto dos parnasianos. 
O poeta mostra-se também descritivo e profundamentenacionalista. No entanto, o que mais chama a atenção do leitor é a consciência da proximidade da morte.
TEXTO 1:
VIA LÁCTEA
SONETO XIII
“ Ora (direis) ouvir estrelas! Certo 
Perdeste o senso!” Eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda a noite, enquanto
A via láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: “Tresloucado amigo”!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?”
E eu vos direi: “Amai par entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.”
(BILAC, Olavo. In: Olavo Bilac - Poesia.
2 ed. Rio de Janeiro, AGIR, 1963 p. 47-8)
Esse é um dos mais populares sonetos de Olavo Bilac. Obedece à forma parnasiana (soneto decassílabo rimado) ; entretanto podemos notar uma temática lírico-amorosa que nos remete ao Romantismo. 
TEXTO 2:
A UM POETA
(DO LIVRO TARDE)
Longe do estéril turbilhão da rua,
Beneditino, escreve! No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego,
Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!
Mas que na forma disfarce o emprego
Do esforço; e a trama viva se construa
De tal modo, que a imagem fique nua,
Rica mas sóbria, como um templo grego.
Não se mostre na fábrica o suplício
Do mestre. E, natural, o efeito agrade,
Sem lembrar os andaimes do edifício:
Porque a Beleza, gêmea da Verdade,
Arte pura, inimiga do artifício,
É a força e a graça na simplicidade.
(BILAC, Olavo. Op. Cit. P. 92.)
“A um poeta” é um poema metalingüístico, ou seja, é um poema sobre o próprio ato de escrever poemas, segundo a estética parnasiana. È um soneto decassílabo, com rimas ricas, que exalta o trabalho do poeta parnasiano. No quarto verso do primeiro quarteto, temos um belo exemplo de polissíndeto (repetição das conjunções): “Trabalha, e teima, e teima, e sofre, e sua!”.
Alberto de Oliveira
Em 1924, já em pleno Modernismo e sob o impacto da Semana de Arte Moderna, o parnasiano Alberto de Oliveira é eleito Príncipe dos Poetas, no lugar deixado vago por Bilac ( os “príncipes” sempre foram parnasianos).
Embora tenha numa época de profundas transformações políticas, econômicas, sociais, além de literárias, Alberto de Oliveira sempre permaneceu fiel ao Parnasianismo, considerado realmente o mais perfeito dos parnasianos.
Sua temática restringiu-se a uma poesia descritiva, que abrangia desde a natureza até objetos, exaltando-lhes a forma (como nos sonetos sonetos “Vaso chinês”, “A estátua”). A linguagem é extremamente trabalhada chega, às vezes, ao rebuscamento.
TEXTO:
SONETO
Um canto ainda, antes que a noite desça
E este sol, que é o da vida, apague e suma!
A árvore, antiga embora, inda ressuma
Cheiroso bálsamo, e talvez floresça.
Que importa já me alveje na cabeça
Neve dos anos, como em cerro a bruma?
A alma me vai no canto, como a espuma
Na vaga, até que ao sol desapareça.
Ainda um canto! E vá no canto a vida,
Vão os meus sonhos mortos e a perdida
Morta esperança, a flutuar dispersos!
Como cansado arbusto os ares olha,
Sem mais ver primavera, e folha a folha
Se esfaz em folhas – Eu me esfaço em versos.
(OLIVEIRA, Alberto de . In: Alberto de 
Oliveira – poesia. 2. Ed. Rio de Janeiro, AGIR, 1969. P. 76-8)
O soneto acima apresenta um tom melancólico, com imagens propositalmente ambíguas: o sol que se apaga pode ser entendido como o próprio poeta, ou como a forma poética do soneto.
Raimundo Corrêia
Raimundo Correia estreou como romântico, publicando o livro Primeiros sonhos. Como parnasianano, surgiu na obra Sinfonias, que reúne os mais famosos sonetos: “As pombas”, “ Mal Secreto”, “Anoitecer”, “ A cavalgada”. 
	Sua temática é a da moda da época: a natureza, a perfeição formal dos objetos, a cultura clássica e a poesia filosófica de meditação, marcada pela desilusão e por um forte pessimismo. Há de se destacar, também, a força lírica de Raimundo Correia, principalmente ao cantar a natureza.
TEXTO:
MAL SECRETO
Se a cólera que espuma, a dor que morra
N’alma, e destrói cada ilusão que nasce,
Tudo o que punge, tudo o que devora
O coração, no rosto se estampasse;
Se pudesse, o espírito que chora,
Ver através da máscara da face;
Quanta gente, talvez, que inveja agora
Nos causa, então piedade nos causasse!
Quanta gente que ri, talvez, consigo
Guarda um atroz, recôndito inimigo,
Como invisível chaga cancerosa!
Quanta gente que ri, talvez existe,
Cuja ventura única consiste
Em parecer aos outros venturosa!
(CORREIA, Raimundo. In: Raimundo Correia – poesia. Rio de Janeiro, AGIR, 1958 p. 25.)
“ Mal secreto” é um típico soneto de acentuada desilusão e forte pessimismo que marca uma poesia de meditação. O poeta discute a ilusão representada pelo mundo das aparências. Nesse período literário, a maior parte dos autores está preocupada em desmascarar certos comportamentos hipócritas da sociedade.
SIMBOLISMO
Introdução
O único movimento literário no Brasil que começou quase simultaneamente com o europeu foi o Simbolismo. Isso graças à genialidade de Cruz e Sousa, que soube captar o ideário de Mallarmé e implantá-lo de pronto em nossa terra.
O Simbolismo no Brasil foi bastante efêmero, como na Europa. Mas é importante salientar que o Simbolismo não veio para concluir a escola antecedente – realista/naturalista/parnasiana – e nem terminou com o início da escola seguinte (o Pré-modernismo). Só o Modernismo, em 1922, viria para traçar rumos novos e definitivos.
Características
As primeiras características foram sintetizadas por Arnold Hauser assim:
“O Simbolismo representa, por um lado, o resultado final da evolução iniciada pelo Romantismo, isto é, pela descoberta da metáfora, célula germinal da poesia e que conduziu à riqueza da imaginária impressionista; mas não só repudia o Impressionismo pelo seu ponto de vista materialista e o Parnaso pelo seu formalismo e racionalismo, como também repudia o Romantismo pelo seu emocionalismo e o convecionalismo de sua linguagem metafórica. Na realidade, o Simbolismo pode considerar-se a reação contra toda a poesia anterior; descobre qualquer coisa que o nunca se conhecera ou a que nunca até aí se dera relevo: a poesia pura - a poesia que surge do espírito irracional, não-conceptual, da linguagem, que é contrária a toda interpretação lógica. Para o Simbolismo, a poesia é apenas a expressão daquelas relações e correspondências que a linguagem, deixada a si própria, cria entre o concreto e o abstrato, o material e o ideal, e entre as diferentes esferas dos sentidos. Mallarmé pensa que a poesia é a anunciação de imagens suspensas, oscilantes, e constatemente evanescentes; afirma que nomear um objetivo é destruir três quartos do prazer que reside no adivinhar gradual da sua verdadeira natureza. O símbolo implica, porém não apenas a evasão a dar um nome diretamente, mas a expressão indireta de um significado que é possível dar diretamente, que é essencialmente indefinível e inesgotável.”
(Hauser, Arnold, História social da literatura e da arte. São Paulo, Mestre Jou, s.d t. II p. 1076-8)
Autores e obras
ALPHONSUS DE GUIMARÃES
Sua temática é lírica e religiosa, tendo como dois pólos de atração de seu interesse a mulher e Deus. A mulher é vista como prisma idealizado de uma manifestação terrena de Deus.
Foi inegavelmente um dos maiores poetas do Brasil. O seu verso simples, natural, musical e religioso é cheio de ternura, delicadeza e melancolia.
Se Cruz e Sousa fundou o simbolismo no Brasil, Alphonsus de Guimarães foi aquele que o consagrou e o enriqueceu espiritualmente.
TEXTO:
A CATEDRAL
Entre brumas, ao longe, surge a aurora,O hialino orvalho aos poucos se evapora,
Agoniza o arrebol.
A catedral ebúrnea do meu sonho
Aparece, na paz do céu risonho,
Toda branca de sol.
E o sino canta em lúgubres responsos:
“Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!”
O astro glorioso segue a eterna estrada.
Uma áurea seta lhe cintila em cada
Refulgente raio de Luz.
A catedral ebúrnea do meu sonho,
Onde os meus olhos tão cansados ponho,
Recebe a bênção de Jesus.
E o sino clama em lúgubres respondo:
“Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!”
Por entre lírios e lilases desce
A tarde esquiva: amargurada prece
Põe-se a lua a rezar.
A catedral ebúrnea do meu sonho
Aparece, na paz do céu tristonho,
Toda branca de luar.
E o sino chora em lúgubres responsos:
“Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!”
O céu é todo trevas: o vento uiva.
Do relâmpago a cabeleira ruiva
Vem açoitar o rosto meu.
E a catedral ebúrnea do meu sonho
Afunda-se no caos do céu medonho
Como um astro que já morreu.
E o sino geme em lúgubres respondo:
“Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!”
Melo, Gladstone Chaves de. Alphonsus de Guimaraens. Poesias. 2 ed. Rio de Janeiro, Agir, 1963 p. 82-3 (Col. Nossos clássicos)
CRUZ E SOUSA
João da Cruz e Sousa nasceu em Santa Catarina, em 1861, e morreu em Minas Gerais, em 1898. Filho de escravos alforriados, teve uma vida cheia de padecimentos. Abolicionista, professor e jornalista, foi barrado em suas aspirações de ascensão social, devido ao preconceito de cor. Não teve, assim, profissão certa. Fixou residência no Rio de Janeiro, vivendo na miséria e de pequenos empregos. Juntou-se ao grupo simbolista da Folha Popular. Ainda que seu valor não tenha sido sempre reconhecido, mais tarde foi elogiado pelos modernistas, sendo considerado um dos grandes nomes da poesia universal.
Apresenta em sua obras sinais evidentes de formação naturalista e parnasiana, combinados a elementos simbolistas. Cruz e Sousa utilizou o poder sugestivo e evocador de sons, aromas, toques e cores. Deu ênfase também a metáforas imprecisas e ousadas. Sua temática está voltada ao pessimismo materialista e sua técnica, ao perfeccionismo formal.
TEXTO:
ANTÍFONA
O Formas alvas, brancas, Formas claras
de luares, de neves, de neblinas!...
Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas...
Incensos de turíbulos das aras...
Formas de Amor, constelarmente puras,
de Virgens e de Santas vaporosas...
Brilhos errantes, mádidas frescuras
e dolências de lírios e de rosas...
Indefiníveis músicas supremas
harmonias da Cor e do Pretume...
Horas do Ocaso, trêmulas, extremas,
Réquiem do Sol que a Dor da luz resume...
Visões, salmos e cânticos serenos,
surdinas de órgãos flébeis, soluçantes...
Dormências de volúpicos venenos
sutis e suaves, mórbidos, radiantes...
Infinitos espíritos dispersos,
inefáveis, edêmicos, aéreos,
fecundai o Mistério destes versos
com a chama ideal de todos os mistérios.
Cruz e Sousa. Antífona. In: Antônio Cândido e Castello, José Aderaldo. Presença da Literatura Brasileira 3.ed. São Paulo. Difusão Européia do livro. 1968.v.II p. 298.
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EXERCÍCIOS
1) (Fund. Carlos Chagas) “ As novas posturas de espírito almejam a apreensão direta dos valores transcedentais, o Bem, o Belo, o Verdadeiro, o Sagrado situam-se no pólo oposto da “razão” calculista e anônima. As suas armas vão ser as da paixão e do sonho, forças incônscias que a Arte deveria suscitar magicamente.” Pode-se ver, em umas das seguintes meditações sobre a morte, a concretização dessas tendências e conceitos:
a) Uma invisível mão as cadeias dilui; frio, inerte, ao abismo um corpo 
[morto rui: acabara o sacrifício e acabara o [homem.
b) Eu deixo a vida como deixa o tédio do deserto, o poento caminhoneiro -como as horas de um longo
	[pesadelo
que se desfaz ao dobre de um sineiro;
c) Erguer os olhos, levantar os braços para o eterno silêncio dos Espaços
e no silêncio emudecer olhando.
d) Verme que sobre podridões 
	[refervem,
plantinha que a raiz meus olhos
	[terra,
em vós minha alma e sentimentos e 
	[corpo
irão em partes agregar-se à terra.
e) Eis fechada a cova. Lá ficaste... 
	[ A enorme 
noite sem aurora todo amortalhou-te.
Nem caminho deixam para quem lá 
	[ dorme,
para quem lá fica e que não volta
	[nunca...
2) (Fund. Carlos Chagas)
“Foi bem rápido o instante em que de [neve se fez a rósea cor daquele rosto, que a morte em arbusto bafejou de leve.
Disse a minha alma: - Por que tal [desgosto? A lastimá-la morta quem se atreve? Quem tem pena do sol porque ele é [posto?”
Nestes versos do simbolista Alphonsus de Guimaraens, encontra-se um dos seus temas prediletos, que é:
a) a sublimação da morte da mulher amada.
b) O desespero diante da enfermidade humana.
c) A imortalização da beleza do ser amado.
d) A contemplação da natureza eterna.
e) A configuração da cor branca como símbolo da morte.
3) (Fund. Carlos Chagas)
“Nasce a manhã, a luz tem cheiro...
	[ Ei-la que assoma
Pelo ar sutil...Tem cheiro a luz, a manhã
			[nasce...
Oh sonora audição colorida do aroma!”
A linguagem poética, em todas as épocas, foi e é simbólica; o Simbolismo recebeu seu nome por levar essa tendência ao paroximo. Os versos acima atestam essa exuberância, pela fusão de imagens auditivas, olfativas e visuais, constituindo rico exemplo de:
	a) Eufemismo.
	b) Sinestesia.
	c) Antítese.
	d) Polissíndeto.
	e) Paradoxo.
	
4) (FUVEST- SP)
“ Só, incessante, um som de flauta
		[chora,
Viúva, grácil, na escuridão tranqüila,
- Perdida voz que de entre as mais se 
	[exila,
- Festões de som dissimulado a
	[hora.”
Os versos acima são marcados pela presença ... e pela predominância de imagens auditivas, o que nos sugere a sua inclusão na estética... .
Assinale a alternativa que completa os espaços.
a) da comparação – romântica
b) da aliteração – simbolista
c) do paralelismo – trovadoresca
d) da antítese – barroca
e) do polissíndeto – modernista
5) (CESPE-PE) “ O ... está para o Parnasianismo, assim como a ... está para o Simbolismo.
A alternativa que não preencha as lacunas é:
a) Verso de ouro – dimensão mística
b) Artesanato da palavra – liturgia
c) Culto da forma – musicalidade
d) Lirismo exacerbado – realidade chã
e) Perfeccionismo métrico – flexibilidade
6) (PUC-RS) Na poesia de Cruz e Sousa, encontramos constantemente:
a) dor e ódio
b) sofrimento e esforço de superação
c) sonho e sentimentalismo
d) dor e alegria
e) desânimo e derrota
7) (UFV-MG) Assinale a alternativa em que todas as características de estilo são do Simbolismo.
a) impassibilidade, vida descrita objetivamente, ecletismo.
b) hermetismo intencional, alquimia verbal, musicalidade.
c) favor da forma, expressões ousadas, fidelidade nas observações
d) atmosfera de imprecisão, realismo cru, religiosidade.
e) Complexidade, ressurreição dos valores humanos, materialismo pornográfico.
8) (PUC-RS) A temática de Cruz e Sousa, além da busca do transcedente, envolve de maneira nítida:
a) a religiosidade angustiada.
b) O sentimento trágico da existência.
c) O anseio pela vida eterna.
d) A lembrança mística da mulher amada.
e) Os sonhos líricos e sentimentais.
GABARITO
	1
	C
	2
	A
	3
	B
	4
	B
	5
	D
	6
	B
	7
	B
	8
	B
	
	
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A VANGUARDA ARTÍSTICA
EUROPÉIA
Introdução
“Entende-se, com este termo – vanguarda – um movimento que investe um interesse ideológico na arte, preparando e anunciando deliberadamente uma subversão radical da cultura e até dos costumes sociais, negando em bloco todo o passado e substituindo a pesquisa metódicapor uma ousada experimentação na ordem estilística e técnica.” ( Giulio Carlo Argan)
Contexto histórico
O final do século XIX caracterizou-se por duas situações antagônicas, mas complementares:
- a euforia exagerada diante do progresso industrial e dos avanços técnico- científicos;
- e as conseqüências desses avanços no processo burguês-industrial.
Essa contradição gera um clima propício para efervescência artística, favorecendo o aparecimento de várias tendências preocupadas com uma nova interpretação da realidade. A essa multiplicidade de tendências, podemos destacar o Futurismo, o Expressionismo, o Cubismo, o Dadaísmo e o Surrealismo.
Futurismo
O primeiro manifesto futurista, assinado por Filippo Tommaso Marinetti, em 1909, apresentava a exaltação da vida moderna, da máquina, da eletricidade, do automóvel, da velocidade e uma inevitável ruptura com os modelos do passado. Em 1912, o Manifesto Técnico da Literatura Futurista, propôs “ a destruição da sintaxe, dispondo os substantivos ao acaso, como nascem”, o uso de símbolos matemáticos e musicais e o menosprezo pelo adjetivo, pelo advérbio e pela pontuação.
Trechos do primeiro manifesto:
“Nós queremos cantar o amor ao perigo, o hábito à energia e à temeridade.”
“Os elementos essenciais de nossa poesia serão a coragem, a audácia e a revolta.”
“Tendo a literatura até aqui enaltecido a imobilidade pensativa, o êxtase e o sono, nós queremos exaltar o movimento agressivo, a insônia febril, o passo ginástico, o salto perigoso, a bofetada e o soco.”
“Nós queremos demolir os museus, as bibliotecas, combater o moralismo, o feminismo e todas as covardias oportunistas e utilitárias.”
Expressionismo
O Expressionismo surgiu na Alemanha em 1910, voltado para as manifestações do mundo interior e com um forma de expressá-las, daí o próprio nome. Expressionismo vem de expressão, ou seja, da materialização numa tela, numa folha de papel, nascida do mundo interior do artista, pouco se importando com o belo ou feio. 
Por suas características, o Expressionismo desenvolveu-se mais na pintura. Na literatura brasileira, suas manifestações são esporádicas e são mais comuns na poesia de Augusto dos Anjos ( que você irá estudar no próximo capítulo).
Cubismo
O Cubismo desenvolveu-se inicialmente na pintura, valorizando as formas geométricas(cones, esferas, cilindros) ao revelar um objeto em seus múltiplos ângulos. Na verdade, o Cubismo propôs a liberdade para decompor e recompor a realidade a partir de seus elementos geométricos.
Na literatura, o Cubismo preocupou-se com a construção do texto, ressaltando a importância dos espaços em branco e em preto da folha de papel e da impressão tipográfica.
Apollinaire, um dos líderes do Cubismo, defendia as “palavras em liberdade” e a “invenção de palavras” e propunha a “destruição das sintaxes já condenadas pelo uso”; criando um texto marcado por substantivos soltos, jogados de forma anárquica, e pelo total menosprezo aos verbos, adjetivos e pontuação. Negava também a estrofe, a rima e a harmonia.
Dadaísmo
É o mais radical dos movimentos da vanguarda européia. Iniciou-se em 1916 na Suiça, com o propósito de negar o passado, o presente e o futuro. A própria palavra dadá, escolhida ao acaso para batizar o movimento, não significa nada relacionado às idéias do grupo.
O Dadaísmo é a total falta de perspectiva diante da realidade; é contra as teorias, as ordenações lógicas, pouco se importando com o leitor. 
TEXTO:
Para fazer um poema dadaísta
Pegue um jornal.
Pegue a tesoura. 
Escolha no jornal um artigo do tamanho que você deseja dar a seu poema.
Recorte o artigo.
Recorte em seguida com atenção algumas palavras que formam esse artigo e meta-as num saco.
Agite suavemente.
Tire em seguida cada pedaço um após o outro.
Copie conscienciosamente na ordem em que elas são tiradas do saco.
O poema se parecerá com você.
E ei-lo um escritor infinitamente original e de uma sensibilidade graciosa, ainda que incompreendido do público.
(Tristan Tzara)
Surrealismo
Em 1924, André Breton lançou o primeiro manifesto surrealista em Paris. O Surrealismo foi um movimento iniciado no período entre guerras, ou seja, da I Guerra Mundial e sobre a experiência acumulada de todos os outros movimentos.
Suas origens estão bem próximas do Expressionismo, sondando o mundo interior, em busca da liberação do inconsciente e da valorização do sonho. São temas marcantes do movimento: o sexo (e todas as suas atribulações, angústias, medos, frustrações, traumas), a memória, o sono e o sonho.
PRÉ-MODERNISMO
Contexto histórico
BRASIL
Nos primeiros anos do século XX, ocorreram fatos importantes que merecem registro para o nosso estudo:
( época áurea da economia cafeeira no sudeste; 
( momento da entrada de grandes levas de imigrantes, notadamente os italianos; 
( esplendor da Amazônia, com o ciclo da borracha; 
surto de urbanização de São Paulo.
Toda essa prosperidade vem acentuar cada vez mais os primeiros gritos de revolta de Canudos, tema de Os Sertões, de Euclides da Cunha.
Em 1904, o Rio de Janeiro viveu uma rápida e intensa revolta popular, sob o pretexto aparente de lutar contra a vacinação obrigatória idealizada por Oswaldo Cruz; na realidade, tratou-se de uma revolta contra o alto custo de vida, o desemprego e os rumos da República.
Em 1910, houve outra importante rebelião, conhecida como a Revolta da Chibata, as classes trabalhadoras ,sob orientação anarquista, iniciam os movimentos grevistas por melhores condições de trabalho.
Essas agitações são sintomas da crise na “República do café-com-leite”, que se tornaria mais evidente na década de 1920, servindo de cenário ideal para os questionamento da semana de Arte Moderna.
Características
O Pré-Modernismo não constitui uma “escola literária” de fato, mas apresenta individualidades muito fortes, com estilos variados e, às vezes, antagônicos. Pode-se perceber alguns pontos comuns às principais obras pré-modernistas:
- ruptura com o passado: o uso de termos apoéticos de Augusto dos Anjos contraria totalmente os parnasianos e os simbolistas.
- denúncia da realidade brasileira: o Brasil não-oficial do sertão nordestino, dos caboclos interioranos, dos subúrbios.
 regionalismo, montando-se um vasto painel brasileiro: o Norte e o Nordeste com Euclides da Cunha; o Vale do Paraíba e o interior paulista com Monteiro Lobato; o Espírito Santo com Graça Aranha; o subúrbio carioca com Lima Barreto.
tipos humanos marginalizados: o sertanejo nordestino, o caipira, os funcionários públicos, os mulatos.
- distância entre a realidade e a ficção. São exemplos: Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto ( retrata o governo de Floriano e a Revolta da Armada); Os sertões, de Euclides da Cunha ( um relato da Guerra de Canudos); Cidades Mortas, de Monteiro Lobato ( mostra a passagem de café pelo vale do paraíba paulista); e Canaã, de Graça Aranha ( um documento sobre a imigração alemã no Espirito Santo).
- Como se observa, essa “descoberta do Brasil”, é a principal herança desses autores para o movimento modernista.
Autores e obras
EUCLIDES DA CUNHA
Euclides da Cunha deve ser estudado como um pré-modernista pela denúncia que faz da realidade brasileira, mostrando as verdadeiras condições de vida do nordeste brasileiro. Daí o caráter revolucionário de Os sertões, que aborda a campanha de Canudos, documento vivo dos contrastes entre o Brasil que “vive parasitamente à beira do Atlântico” e aquele outro Brasil dos “ extraordinários patrícios” do sertão nordestino; ao mesmo tempo, Canudos é símbolo dos erros cometidos pela república, ao avaliar de forma equivocada os problemas nacionais – a revolta no sertão baiano foi considerada um foco monarquista que colocava em risco a vida republicana.
A denúncia do extermínio de aproximadamente 25 000 pessoas no interior

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